1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GERÊNCIA DE PROJETOS - DESENVOLVENDO UM PROJETO Nilço Mauro da Silva Moura Orientador Prof (a) Fabiane Rio de Janeiro 2 2006 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GERÊNCIA DE PROJETOS - DESENVOLVENDO UM PROJETO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Logística Empresarial Por. Nilço Mauro da Silva Moura 3 AGRADECIMENTOS A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA ...Dedico este trabalho ao meu filho, minha vida, minha alma-gêmea, minha mãe e a todas as pessoas que me querem bem. 5 RESUMO As empresas de regime permanente, caracterizada por um fluxo contínuo de atividades, não possuem como objetivo principal do seu negócio o gerenciamento de projeto. Mesmo que elas implementem em momentos esporádicos esta técnica ela não faz parte de seu escopo de estratégia como empresa. No entanto, estas organizações necessitam mudar de forma rápida e efetiva para acompanhar as tendências de mercado, atendendo e superando as expectativas e demandas dos consumidores através da otimização da relação custo x benefício de seus produtos e serviços. Para isto, necessitam lançar novos produtos antes da concorrência – ou aprimorar - e alcançar os melhores níveis de desempenho relacionados à qualidade e produtividade, o que envolve agilidade e rapidez nos processos de mudanças ou adaptações. Pra atingir estes níveis de desempenho, estas organizações devem implementar ou estruturar adequadamente o seu gerenciamento de projetos, aumentando assim a sua competitividade no mercado. Este trabalho de monografia apresenta um modelo já conceituado e consolidado em inúmeras bibliografias e por empresas nas suas estratégias organizacionais, mas que na prática é pouco utilizado pelo mundo corporativo ou por desconhecimento ou pela sua prática por profissionais pouco sensibilizados pelo seu real valor como uma ferramenta importante para o desenvolvimento das organizações. Por conclusão temos que o gerenciamento de projeto surgiu como uma ferramenta extremamente útil e necessária para que uma empresa poça implementar mudanças ou adaptações em sua estrutura. É uma metodologia que possui fundamentos cientificamente comprovados. 6 METODOLOGIA De acordo com Demo (1994), este estudo se caracteriza como teórico. A pesquisa teórica está orientada para a (re) construção de teorias, quadros de referências, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões pertinentes, não implicando imediata intervenção na realidade. Segundo GIL, (2002), “A pesquisa exploratória têm como objetivo geral proporcionar maior familiaridade com o problema, com o objetivo de torná-lo mais explícito ou construir hipóteses. Pode-se dizer que o objetivo principal é o aprimoramento de idéias ou descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilita dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso”. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - HISTÓRIA E CONCEITO 10 CAPÍTULO II· - O PMBOOK 29 CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO 41 CONCLUSÃO 51 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52 ÍNDICE 54 FOLHA DE AVALIAÇÃO 56 8 INTRODUÇÃO A existência das organizações deve-se às necessidades da sociedade por produtos e serviços. Para que as organizações atinjam os seus objetivos, necessitam de capital financeiro, Know how, mão-de-obra, matériaprima, energia, etc., caracterizados aqui como recursos. Uma organização caracteriza-se, portanto, como um agente transformador, fazendo com que recursos, oriundos da sociedade, voltem para a própria sociedade em forma de produtos ou serviços. Com o passar dos anos, a disputa pelos mercados passou a ser cada vez mais acirrada, em função do elevado número de concorrentes e do aumento das exigências dos clientes em termos de qualidade, custo e desempenho. Para sobreviver neste novo ambiente, as organizações tiveram que passar por verdadeiras revoluções administrativas. Deixaram de ditar as características dos seus produtos e passaram a atender as reais necessidades dos seus clientes ou até mesmo superar as suas expectativas. Deixaram, também, de ter estruturas pesadas e excessivamente burocratizadas para atuar com estruturas leves e ágeis, frente ao dinamismo do mercado atual. Há organizações cuja principal atividade não é a realização de projetos, portanto definidas como “empresas de regime permanente” – caracterizada por um nível de atividade contínuo ou próximo disso, definido apenas pelo ano fiscal. Porém elas precisam implementar mais agilidade para fazer frente às necessidades de um mercado globalizado e altamente dinâmico. É um fator estratégico. A falta de habilidade em trabalhar com projetos neste tipo de empresa pode ser tão prejudicial quanto não utilizá-la. Este trabalho tem por objetivo geral descrever os principais aspectos relacionados ao Gerenciamento de projetos nas Organizações e, também, demonstrar um modelo de gerenciamento de projetos já consolidado pelas diversas bibliografias consultadas. 9 Como objetivo específico, este trabalho pretende descrever os principais aspectos relacionados à execução de projetos, enfatizando-se as atividades de planejamento e estruturação organizacional, conforme bibliografia estudada. Levantar práticas de gerenciamento de projetos nas organizações e estabelecer premissas básicas para um gerenciamento de projetos efetivo nas organizações, segundo o PMI. O trabalho está estruturado da seguinte forma: O capítulo 1 aborda vários aspectos históricos do conceito de projeto e as diversas formas de estruturações organizacionais. Faz uma análise da condução de projetos através da WBS – Work Breakdown Structure (ou Estrutura de divisão do trabalho), demonstra o impacto da liderança na condução de um projeto e finaliza com o ciclo de vida do projeto. O capítulo 2 faz uma demonstração passo-a-passo no desenvolvimento de um projeto utilizando a metodologia do PMI 2000 (Project Management Institute). O capítulo 3 traz um estudo de caso baseado numa Empresa de tecnologia no momento do planejamento do lançamento de um novo produto voltado ao mercado corporativo e governamental. 10 CAPÍTULO I HISTÓRIA E CONCEITO 1.1 – História do Gerenciamento de Projeto Projetos vêm sendo realizados desde os primórdios da civilização. A construção das Pirâmides do Egito, por exemplo, foi um grande projeto. Projetos têm sido planejados e executados pelas organizações para criar novos produtos / serviços e introduzir mudanças e inovações em seus processos. Voltando ainda, no tempo, temos que na última metade do século XIX, houve um crescente aumento na complexidade dos novos negócios em escala mundial surgindo assim os princípios da gerencia de projetos. A Revolução Industrial alterou profundamente a estrutura econômica do mundo ocidental e teve como uma das suas principais conseqüências o desenvolvimento do capitalismo industrial. As relações de produção foram drasticamente modificadas e iniciou-se assim, uma cadeia de transformações que tornou cada vez mais exigentes a tarefa de gerir as novas organizações econômicas. Conseqüentemente, a partir daí surgiu uma grande necessidade de sistematizar e orientar a forma de gerir estas organizações. Nos EUA, a primeira grande organização a praticar tais conceitos foi a Central Pacific Railroad, que começou suas atividades no início da década de 1870, com a construção da estrada de ferro transcontinental. De repente os líderes do negócio se depararam com a difícil tarefa de organizar as atividades de milhares de trabalhadores, a manufatura e a montagem de quantidades não previstas de matéria-prima. 11 Frederick Taylor (1856-1915), no início do século XX, iniciou seus estudos de formas detalhada sobre trabalho. Ele aplicou raciocínio científico para mostrar que o trabalho pode ser analisado e melhorado focando em suas partes elementares. Ele aplicou sua teoria às atividades encontradas na indústria do aço, Por exemplo, carregar areia, levantar areia. Taylor ocupa um lugar importante na história da gerencia de projetos na medida em que ele demonstra que exigir dos trabalhadores mais horas de trabalho não era a única maneira de melhorar a produtividade. Também de acordo com a escritura em seu túmulo “o pai do gerenciamento científico”. O sócio de Taylor, Henry Gantt (1861 –1919), estudou detalhadamente a ordem de operações no trabalho. Seus estudos de gerenciamento focaram na construção de um navio durante a II Guerra Mundial. Gantt construiu diagramas com barras de tarefas e marcos, que esboçam a seqüência e a duração de todas as tarefas em processo. Os diagramas de Gantt provaram ser uma ferramenta analítica tão poderosa para gerentes que se mantiveram virtualmente inalterados por quase cem anos. Não foi realizada alteração até antes dos anos 90, quando linhas de ligação foram adicionadas às barras de tarefa que descrevem dependências mais precisas entre elas. Taylor e Gantt ajudaram a desenvolver o processo de gerencia como uma função distinta de negócio que requer estudo e disciplina. Nas décadas seguintes à II Guerra Mundial, outras ciências foram se incorporando ao gerenciamento do negócio, tais como Marketing, a psicologia industrial e as relações humanas. Elas começaram a ser partes integrantes da administração das empresas. Desta forma, a complexidade dos projetos demandou novas estruturas organizacionais. Complexos diagramas de rede, chamados de gráficos de PERT (Program Evaluation and Review Technique) e o método do caminho crítico (Critical Path Method – COM) foram introduzidos, oferecendo aos gerentes maior controle sobre os projetos. No início dos anos 60, o gerenciamento de projetos foi formalizado como ciência. Os negócios e outras organizações começaram a enxergar o benefício do trabalho organizado em torno dos projetos e a entender a necessidade crítica 12 para comunicar e integrar o trabalho através de múltiplos departamentos e profissões. Em 1969, no auge dos projetos espaciais da NASA, um grupo de cinco profissionais de gestão de projetos, da Filadélfia, Pensilvânia, nos EUA, se reuniu para discutir as melhores práticas e Jim Snyder fundou o Project Management Institute – PMI (EUA). Hoje o gerenciamento de projetos vem se fortalecendo cada vez mais. As organizações sabem que precisam gerenciar projetos para obterem maior sucesso. O PMI estima que aproximadamente 25% do PIB mundial são gastos em projetos e que cerca de 16,5 milhões de profissionais estão envolvidos diretamente com gerência de projetos no mundo (Site oficial do PMI: www. pmi.org). 1.2 – Estruturas Organizacionais Para o efetivo gerenciamento de um projeto, a equipe que irá executá-lo necessita estar organizada segundo uma estrutura. É esta estrutura que irá definir a sistemática de trabalho do grupo com o objetivo de entregar os resultados do projeto ao cliente no prazo previsto, dentro do custo programado e segundo as características técnicas definidas inicialmente. 1.2.1 – A estrutura funcional A estrutura funcional coloca o projeto a ser executado dentro de um dos departamentos técnicos da empresa. Com isso o responsável pelo projeto passa a ser o gerente funcional deste departamento (PATAH 2002). A figura 1 apresenta um exemplo de estrutura funcional. 13 Diretor Industrial Gerente de Produção Gerente do Projeto A Gerente do Projeto B Figura 1 – Exemplo de estrutura funcional (Fonte: Patah, 2002). 1.2.1.1 – Vantagens da estrutura funcional: Existe uma grande flexibilidade no uso dos recursos humanos necessários ao projeto; Especialistas em determinados assuntos podem ser utilizados em diferentes projetos; Os especialistas de um mesmo departamento podem ser facilmente reunidos para compartilhar conhecimentos e experiências; O departamento funcional é a base para a continuidade do conhecimento tecnológico, no caso de um indivíduo deixar o projeto ou até mesmo a empresa; 14 O departamento funcional proporciona um caminho natural para o crescimento dos indivíduos cuja especialidade está na área funcional; Existe facilidade de controle do orçamento e dos custos do projeto; Possibilidade de um melhor controle técnico; Flexibilidade no uso da mão-de-obra; Grande disponibilidade de mão-de-obra; Possibilidade de um grande controle sobre os funcionários, uma vez que cada funcionário possui somente uma pessoa a quem se reportar; Os canais de comunicação são verticais e bem estabelecidos; 1.2.1.2 – Desvantagens da estrutura funcional O cliente não é o foco das atividades do departamento que gerencia o projeto; O departamento funcional tende a ser orientado em direção às suas atividades particulares; A responsabilidade total do projeto não é delegada a nenhum funcionário específico; As respostas às necessidades dos clientes são lentas; Existe uma tendência de subestimar o projeto; A motivação das pessoas alocadas no gerenciamento do projeto tende a ser pequena em relação ao mesmo; Este tipo de estrutura organizacional não facilita uma abordagem holística em relação ao projeto; Esta estrutura não provê uma ênfase orientada a projetos necessária para acompanhar as atividades de projeto; A coordenação torna-se complexa e é necessário um lead time adicional para aprovação de decisões; As decisões normalmente são tomadas em favor dos grupos funcionais mais fortes; Não há foco nos clientes; 1.2.2 – A estrutura projetizada Há 50 anos atrás, as empresas podiam sobreviver com somente uma ou talvez duas linhas de produto. Com isso, a estrutura funcional satisfazia as necessidades de controle dos projetos. Com o passar dos anos, as empresas descobriram que sua sobrevivência dependia de uma diversificação de seus produtos, isto é, possuir múltiplas linhas de produtos, e uma grande integração das tecnologias. Conforme a complexidade das organizações aumentava, os gerentes descobriram que as atividades de projeto não estavam sendo integradas de maneira efetiva. Com isso iniciou-se a procura por novas estruturas 15 organizacionais com o intuito de permitir uma maior integração. Era o surgimento da estrutura projetizada (PATAH, 2002). A maior vantagem da estrutura projetizada é que um único indivíduo, o gerente de projetos, mantém a autoridade completa sobre o projeto como um todo. No entanto, este tipo de estrutura cria divisões dentro da empresa. A figura 2 apresenta um exemplo simplificado de estrutura projetizada Diretor de Projetos Gerente do Projeto A Gerente do Projeto B Gerente do Projeto C Figura 2 – Exemplo de estrutura Projetizada (Fonte: Patah, 2002). 1.2.2.1 – Vantagens da estrutura Projetizada O gerente do projeto tem total autoridade sobre o mesmo; Todos os membros do projeto encontram-se sob a responsabilidade do gerente do mesmo; As comunicações são facilitadas em comparação à estrutura funcional; Os membros do time do projeto possuem uma forte identidade com o mesmo; A possibilidade de se tomar uma decisão rápida é maior; Existe uma unidade de comando dentro do projeto; Estruturas projetizadas são estruturalmente simples e flexíveis, e relativamente mais fácil de se compreender e implementar; Esta estrutura tende a permitir uma abordagem holística ao projeto; Os canais de comunicação são fortes; Uma rápida resposta aos clientes é proporcionada; Existe flexibilidade na determinação de tempo, custo e performance; 16 1.2.2.2 – Desvantagens da estrutura Projetizada Quando a organização tem vários projetos, é comum que vários novos grupos sejam criados, isto pode ocasionar duplicidade de trabalho; As pessoas com conhecimento específico sobre determinados assuntos tendem a serem alocados aos projetos quando elas estão disponíveis e não quando elas são necessárias para o projeto; Para projetos de alta tecnologia, o fato dos especialistas “pertencerem” aos setores funcionais é um grande problema para os gerentes de projeto, pois ele precisa do trabalho destes especialistas constantemente; Existe uma considerável incerteza sobre o que irá acontecer com os membros da equipe do projeto quando o mesmo acabar; O custo de manter esta estrutura pode ser proibitivo devido à duplicação de esforços, facilidades e pessoal; O controle dos especialistas funcionais requer a coordenação da alta gerencia; Há uma falta de continuidade de carreira e oportunidades para as pessoas que trabalham em projetos. 1.2.3 – A estrutura Matricial A estrutura matricial combina as estruturas funcionais e projetizadas formando uma estrutura híbrida com características das duas. Em paralelo a estrutura funcional, sob a responsabilidade dos gerentes funcionais. São criados grupos de projeto, sob a responsabilidade dos gerentes de projeto. Os grupos de projeto utilizam as mesmas pessoas que pertencem aos setores funcionais. Estes passam a ter dois tipos de trabalho, um relativo ao seu setor funcional e outro relativo ao projeto do qual estão participando. E dois “chefes” diferentes, o gerente funcional e o gerente de projeto (PATAH, 2002). A estrutura matricial pode apresentar-se sob diversas formas. A primeira delas é a estrutura matricial fraca que é mais parecida com a estrutura funcional e os gerentes funcionais possuem um maior poder em comparação aos gerentes de projetos. Outro tipo é a estrutura matricial forte. Este tipo de estrutura aproxima-se mais da estrutura projetizada, onde os gerentes de projeto possuem uma maior influência sobre os funcionários da empresa do que os gerentes 17 funcionais. Uma terceira estrutura matricial é a equilibrada, onde os gerentes de projeto e os funcionais possuem o mesmo nível de influência sobre o trabalho e as pessoas. A figura 3 apresenta um exemplo de estrutura matricial. Diretor Industrial Gerente de Produção Gerente Financeiro Gerente Marketing GERENTE DO PROJETO A Figura 3 – Exemplo de estrutura Matricial (Fonte: Patah, 2002). 18 1.2.3.1 – Vantagens da estrutura Matricial Existe um responsável pelo projeto como um todo: o gerente do projeto; Devido ao fato do projeto estar distribuído ao longo da cadeia funcional, ele pode aproveitar toda a capacidade técnica da mesma; Existe uma ansiedade menor sobre o que irá ocorrer com as pessoas envolvidas com o projeto, ao fim da mesma; As necessidades dos clientes são atendidas com maior velocidade; A estrutura matricial é flexível; O projeto possui representantes das unidades administrativas da empresa; Devido ao fato de, normalmente, ocorrerem vários projetos simultaneamente nas empresas, a estrutura matricial permite uma maior otimização do uso dos recursos da empresa; O gerente de projeto tem a possibilidade de ter o máximo controle sobre o projeto e os recursos necessários ao mesmo, incluindo custos e membros do projeto; Políticas e procedimentos podem ser definidos independentemente para cada projeto; Devido ao fato, dos recursos serem compartilhados, os custos são minimizados; Uma base técnica pode ser desenvolvida; Autoridade e responsabilidade são compartilhadas; O stress á compartilhado por todo o time e os gerentes funcionais. 1.2.3.2 – Desvantagens da estrutura Matricial Podem existir dúvidas quanto à responsabilidade pela tomada de uma decisão dentro do projeto, isto pode acarretar atraso no projeto; Funcionários e gerentes são mais suscetíveis à ambigüidade de papéis e status em comparação a estrutura funcional; Dificuldade na monitoração e controle; Existe um grande potencial para a ocorrência de conflitos; Os objetivos da gerencia funcional diferem dos objetivos do projeto; Prioridades são alteradas continuamente; Existem fluxos de informação e trabalho multidimensionais; Pode haver dualidade no comando, pois o funcionário possui dos gerentes: o gerente de projeto e o gerente funcional; É necessário que o gerente de projeto tenha habilidade especial em negociar recursos com os gerentes funcionais; Os diferentes gerentes de projeto podem “competir” pelos recursos técnicos disponíveis da 19 empresa, fazendo com que o uso dos mesmos deixe de ser realizado de maneira otimizada; 1.3 – Fator Humano Apesar de dificilmente ser colocado em primeiro lugar à atenção aos aspectos humanos é fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho em qualquer tipo de organização e em qualquer assunto que envolva pessoas. Assim, não é diferente no gerenciamento de projetos. Muitas vezes as dificuldades em projetos são causados por omissão, lapsos de comunicação, incompetência, erros de gerenciamento, planejamento deficiente, estimativas ruins e times mal montados. Muitos destes problemas têm origem no comportamento humano e a sua solução deverá estar, portanto, nas próprias pessoas. O bom desempenho de um sistema de gerenciamento de projetos passa pelo atendimento às necessidades e aspirações individuais e de grupo das pessoas envolvidas nos processos. No gerenciamento de projeto o fator humano deve ter um tratamento cuidadoso para que o desempenho dos envolvidos não seja afetado negativamente. Na literatura relativa a projetos foi dado, inicialmente, muito peso para a utilização de ferramentas científicas e na criação de sistemas para auxílio às etapas de planejamento e controle. Um completo sistema de gerenciamento de projetos incorpora políticas de trabalho, planejamento e sistemas de controle. A aplicação correta destas ferramentas sistêmicas como o PERT/COM, diagramas de correlação, etc. têm a sua devida importância no alcance de resultados em projetos. No entanto, por mais perfeitas que sejam estas ferramentas e sistemas, elas não substituem a atenção aos aspectos relacionados ao comportamento humano. Aliás, é do equilíbrio destes dois esforços, relacionado ao desenvolvimento de sistemas e o ligado ao comportamento humano, é que vai se obter os melhores resultados dentro do gerenciamento de projetos. O sistema ideal para gerenciamento de projetos continua em desenvolvimento e as equipes 20 de projetos necessitam, muitas vezes, utilizar mais artifícios práticos informais do que sistêmicos para atingir os seus objetivos. Embora não seja um aspecto mensurável, é plenamente aceitável que pessoas motivadas e bem orientadas influenciam positivamente nos resultados de produtividade e qualidade. Entre alguns benefícios de se investir no lado humano destacam-se: Efeito sinérgico: O efeito sinérgico pode ser resumido como o resultado da interação positiva entre os integrantes de uma equipe. Através do trabalho em equipe obtêm-se um resultado maior do que se cada indivíduo tivesse trabalhado isoladamente. Como as habilidades de cada integrante completam-se mutuamente há a tendência de desaparecer os pontos fracos ou minimizá-los ao máximo; Atendimento às expectativas: consiste no atendimento às expectativas mútuas, o que a empresa espera do indivíduo e vice-versa. Na medida em que estas expectativas são mais bem atendidas melhoram também os resultados; Gerenciamento de projeto mais efetivo: a principal razão de se estar investindo no lado humano em projetos é pelo simples fato de que é a maneira mais efetiva para alcançar os objetivos. Esta efetividade repousa em que todos os problemas de projetos podem resolvidos por pessoas. 1.3.1 – O Gerente de Projetos O Gerente de projetos é um “homem de frente”, um integrador que trabalha com as diversas áreas internas da empresa, com outras empresas (fornecedores, consorciados e etc), e também com o cliente final de modo a alcançar o sucesso dos objetivos do projeto. O gerente de projetos é a peça chave para o sucesso dos projetos. Para desempenhar este papel, exige-se que ele tenha competência nas seguintes habilidades: 21 Possuir compreensão geral sobre a tecnologia envolvida no projeto; Ter habilidades interpessoais que promovam um ambiente cultural para os envolvidos, refletindo confiança, lealdade, comprometimento e respeito; Compreender os processos gerenciais e suas aplicações no projeto; Ser capaz de tomar e implementar decisões a cerca do projeto; Ter visão do contexto sistêmico do projeto; O Gerente de projetos representa, entre outras coisas, os anseios e desejos dos Diretores, dos membros da alta cúpula administrativa e dos acionistas da empresa. Basta verificar o que basicamente interessa a estas pessoas: retorno sobre o capital investido e garantia de longevidade. O retorno está intimamente associado ao fluxo de caixa e à margem de lucro, enquanto que a garantia de longevidade está relacionada aos resultados do projeto e principalmente à satisfação do cliente, tanto no quesito qualidade do produto/serviço como no atendimento dos prazos em questão, os quais certamente ajudarão a empresa a manter-se em destaque no mercado. Sob esta visão faz com que o gerente de projetos possua um espírito empreendedor, interpretando o projeto como um empreendimento completo e cujo resultado contribuirá para a sustentação da empresa no mercado. 1.3.2 – O Gerente de Projetos – Como profissão A rápida mudança no comportamento das organizações e do mundo teve um efeito profundo das práticas de gerenciamento de projetos. Este comportamento tem resultado numa globalização dramática da disciplina de gerenciamento e ressaltado a sua importância. Uma profissão requer do profissional conhecimento especial e habilidades (como mencionado anteriormente) para alcançar o nível de profissionalismos compatível com a função que é desempenhada. Ele necessita do aprendizado de conceitos básicos, técnicas e ferramentas de gerenciamento bem como a sua prática. Geralmente, as profissões requerem um certificado profissional que é viabilizado através de preparação longa e intensiva. O certificado profissional 22 deve englobar conhecimento, ética, competência e leis. O profissional certificado deve ser examinado pelo seu conhecimento, competência e práticas dentro de um ambiente ético e legal. O ambiente legal deve apresentar o propósito de qualquer autoridade credenciada como protetora dos interesses públicos em geral. No entanto, segundo Dansmore e Cavalieri (2003), o lugar que o gerenciamento de projetos ocupa dentro das universidades, como campo de pesquisa, a maioria da América do Norte, prova que gerenciamento de projetos ainda não é considerado uma disciplina discreta e é tida desta forma como uma profissão acidental. Antigamente, pessoas se tornavam gerente de projetos depois de ter sido designado a elas responsabilidade e atividades de gerenciamento de projetos. Até hoje, freqüentemente não é atribuído ao gerente de projetos o conhecimento de como executar projetos de forma sistemática e sim na base da tentativa-erro, o que por sua vez pode acarretar desdobramentos nocivos ao projeto. Estes profissionais recebem pouca ou nenhuma preparação formal para o trabalho, tendo que reinventar muitas vezes os preceitos fundamentais de gerenciamento de projetos. Nos últimos 20 anos, esta “profissão” emergente tem se fortalecido para seu reconhecimento. Padrões e certificados tem sido fornecidos por associações profissionais, trabalhando na definição do campo de pesquisa e no reconhecimento de gerenciamento de projetos como uma profissão. 1.4 – Ciclo de vida de um Projeto Segundo Vargas (2002 pag11): “O ciclo de vida de um projeto pode ser dividido em um conjunto de fases, normalmente fixadas para todos os tipos de projeto, contendo uma série de passos principais do processo de contextualizar, desenhar, desenvolver e colocar em operação uma determina necessidade do projeto. Essas fases, por sua vez, são subdivididas em estágios ou etapas 23 específicas, de cada natureza do projeto [...]. Esses estágios são, então, subdivididos em atividade ou tarefas específicas de cada projeto”. Como mostra a figura a seguir: GENÉRICO PARA TODOS OSPROJETOS FASES Macrovisão ESPECÍFICO DA NATUREZA DO PROJETO ESPECÍFICO DE CADA PROJETO ESTÁGIO S ATIVIDA DES Microvisão Figura 4 – Visão do ciclo de vida do projeto (Vargas, 2002). De acordo com Vargas (2002), o ciclo de vida do projeto pode ser dividido em 4 fases: conceituação, planejamento, implementação e conclusão. O autor 24 também observa que “todo projeto passa pelas quatro fases do ciclo de vida, mas projetos diferentes podem ter curvas do ciclo de vida um pouco diferentes”. A fase de conceituação, também chamada iniciação “é a fase inicial do projeto, quando uma determinada necessidade é identificada e transformada em um problema a ser resolvido por ele” (Vargas, 2002). Nesta fase é definida a missão e o objetivo do projeto. Decidindo-se pela execução, na fase de planejamento, são identificadas e selecionadas as melhores estratégias para a abordagem do projeto. Vargas, 2002, sinaliza que: “Nesta segunda fase, a preocupação central é com a estruturação e viabilização operacional do projeto. Nela, a proposta de trabalho, já aprovada, é detalhada por meio de um plano de execução operacional”. A fase de implementação, também chamada execução, “é a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado anteriormente. Qualquer erro cometido nas fases anteriores fica evidente durante esta fase. Grande parte do orçamento e do esforço do projeto é consumida nessa fase”. (Vargas, 2002). Nesta fase também são necessários vários ajustes ao longo do desenvolvimento dos serviços, tendo sempre como objetivo o atendimento ao plano inicial no que se refere a prazos e orçamento. A fase de conclusão, também chamada finalização. De acordo com Vargas (2002), ‘é a fase quando a execução dos trabalhos é avaliada através de uma auditoria interna ou externa, os livros e documentos do projeto são encerrados e todas as falhas ocorridas durante o projeto são discutidas e analisadas”, o que pode evitar erros similares em novos projetos por meio do processo de aprendizagem. Vargas (2002), acrescenta, ainda, ao ciclo de vida uma quinta fase: a fase de controle. “É a fase que acontece paralelamente ao planejamento operacional e a execução do projeto [...]. O objetivo do controle é comparar o status do projeto 25 com o status previsto pelo planejamento, tomando ações corretivas em caso de desvios”. 1.5 – Work Breakdown Structure (W.B.S) A ferramenta utilizada para o detalhamento do escopo é a estrutura analítica do trabalho (traduzido do inglês Work Breakdown Struture). Após ser elaborada e aprovada, ela passa ser à base da referência do escopo do projeto. Esta ferramenta, conjuntamente ao cronograma (prazos) e a programação de desembolso (custos) constituem as principais ferramentas de controle para a obtenção do sucesso do projeto. O PMBOOK 2000 traz consolidado o seu conceito e define: “um agrupamento de elementos componentes do projeto, orientado a deliverables (resultados principais, subprodutos), que organiza e define o escopo do trabalho de um projeto”. A W.B.S é uma estrutura hierárquica que pode ser representada como uma lista endentada ou na forma gráfica. Existem ferramentas específicas para cada caso e algumas concatenadas e que são excelentes ferramentas de apoio ao gerente do projeto. Segundo Xavier (2005) a W.B.S possui as seguintes características: Decompõe o escopo do projeto, dividindo o trabalho em termos de subprodutos (deliverables); Pode apresentar o processo do ciclo de vida do projeto, em termos das fases apropriadas para a sua execução; É a base para o estabelecimento de todos os esforços (atividades)/custos a serem despendidos para a criação dos deliverables; É uma entrada (input) importante para os esforços de gerenciamento de riscos; Dá suporte à atribuição de responsabilidade para a execução e coordenação do trabalho do projeto, ao permitir relacionar os itens 26 da W.B.S aos elementos organizacionais da empresa, por meio de uma matriz de responsabilidades. A importância da W.B.S fez com que o PMI (Project Management Institute) editasse publicação específica com os conceitos, características, benefícios e passos para a criação de uma W.B.S. O PMI costuma se referir à W.B.S como sendo “a fundação sobre a qual o projeto é construído”. Em Xavier (2005), ele nos cita (utilizando uma dose de humor) os dez mandamentos para se criar uma W.B.S: Cobiçaras a W.B.S do próximo: Aprender com o passado é uma habilidade importante do gerente de projetos. Antes de iniciar a elaboração de uma W.B.S do seu projeto, verifique como foi estruturado o escopo de projetos semelhantes; Explicitarás todos os subprodutos, inclusive os necessários ao gerenciamento do projeto: O subproduto que não estiver na W.B.S não faz parte do escopo do projeto. Assim não deixe nenhum de fora. Se algum membro estiver trabalhando em uma atividade que não esteja contribuindo para algum subproduto da W.B.S, ele estará trabalhando fora do escopo do projeto, portanto desperdiçando recursos de tempo e custo. Não usarás os nomes em vão: Não utilize nomes vagos para os elementos da W.B.S, que gerem dúvidas semânticas acerca de que subproduto está sendo representado. Não indique seu processo de geração, mas sim o resultado desse processo. Dessa forma ao invés de usar “testar o equipamento” use “teste de equipamento”. Em vez de “elaborar o manual do equipamento” utilize “manual do equipamento”; Guardarás a descrição dos pacotes de trabalho no dicionário da W.B.S: Os pacotes de trabalho devem ser claramente definidos no dicionário da W.B.S para que fique explícito o trabalho a ser realizado; 27 Decomporás até o nível de detalhe (pacote de trabalho) que permita o planejamento e controle necessário para a entrega do subproduto: O planejamento e controle incluem: Escopo (verificação e controle de mudanças), tempo (definição das atividades), custo (planejamento de recursos, estimativa de custos e orçamento) e risco (planejamento do risco); Não decomporás em demasia, de forma que o custo/tempo de planejamento e controle não traga o benefício correspondente: Só decomponha em demasia em projetos com altos níveis de riscos e incertezas; Honrarás o pai: cada elemento da W.B.S deve ser um componente do subproduto do elemento pai ao qual está subordinado. O fato de um treinamento depender de um manual do equipamento, não quer dizer que faça parte do treinamento a elaboração do manual; Decomporás de forma que a soma dos subprodutos dos elementos componentes (filhos) corresponda ao subproduto do elemento pai (mandamento dos 100%): lembre-se de que a soma dos subprodutos deve ser equivalente ao subproduto que foi decomposto; Não decomporás em somente um subproduto: um elemento da W.B.S não deve ter somente um componente (filho). Se um elemento tem somente um componente, ele é igual ao pai. Por que representálo duas vezes? Não repetirás o mesmo elemento como componente de mais de um subproduto: não podemos ter um elemento como (filho) componente de mais de um subproduto (pai). Por exemplo, se para ministrarmos dois treinamentos utilizarmos a mesma apostila, não devemos colocá-la como subproduto dos dois treinamentos. 1.6 – Avaliando as atividades 28 Quando se cria uma atividade e desdobra-se ela quando necessário, precisamos verificar a real necessidade e função desta atividade. Precisamos verificar se a atividade realmente está agregando valor ao escopo do projeto para que não haja desperdício de recursos. Existem algumas ferramentas ao qual podemos fazer uma “espécie” de check-list desta atividade. Uma destas ferramentas é conhecida como 5W+1H. Esta ferramenta é muita conhecida na administração de processos e serve como uma lista de verificação das definições que devem ser consideradas para a realização dos mesmos. Pode se dizer que esta ferramenta é muito prática a nível operacional, pois ajuda a definir e entender o trabalho a ser realizado por meio das seguintes questões: 1. WHAT – O que? Indica exatamente o que tem que ser feito; 2. WHO – Quem? Indica exatamente quem irá realizar a tarefa; 3. WHEN – Quando? Indica exatamente o tempo de início da tarefa; 4. WHY – Por que? Indica exatamente os motivos da tarefa existir; 5. WHERE – Onde? Indica exatamente em que local será feita a tarefa; 6. HOW – Como? Indicam exatamente quais os procedimentos operacionais que serão utilizados para a realização da tarefa Embora esta ferramenta possa “indicar exatamente” as reais definições da atividade, deve-se levar em conta as características e necessidades de cada projeto. O gerente do projeto deve ter flexibilidade necessária para adequar às soluções ao projeto. 29 CAPÍTULO II PMBOOK O universo de conhecimento em gerencia de projetos é uma denominação que representa todo o somatório de conhecimento dentro da profissão de gerencia de Projeto. Este conjunto completo de conhecimento em gerencia de projetos inclui os conhecimentos já comprovados através de práticas tradicionais que são amplamente utilizadas, assim como conhecimento de praticas mais inovadoras e avançadas que tem tido uma aplicação mais limitada. 2.1 – O que é um Projeto? As organizações executam trabalho. O trabalho envolve serviços continuados e/ou projetos. Serviços continuados e projetos possuem muitas características comuns. Por exemplo: ambos são executados por pessoas, 30 restringidos por recurso limitados, são planejados, executados e controlados. Projetos são freqüentemente implementados como meio de realizar o plano estratégico da organização. Serviços continuados e projetos diferem principalmente porque enquanto os primeiros são contínuos e repetitivos, os projetos são temporários e únicos. Assim um projeto pode ser definido em termos de suas características distintas. Um projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ou serviço único. Temporário significa que ele tem um começo e fim bem definido. Único significa que o produto ou serviço produzido é de alguma forma diferente de todos os outros serviços e produtos semelhantes. 2.2 – O que é Gerência de Projetos? Segundo o PMBOOK (2000) é a aplicação de conhecimentos, técnicas e habilidades para projetar atividades que visem atingir os requerimentos do projeto. O gerenciamento do projeto é acompanhado através do uso de processos tais como: Iniciação, Planejamento, execução, controle e encerramento. A equipe do projeto gerencia o trabalho do projeto e o trabalho tipicamente envolve. 2.3 – As áreas de conhecimento da Gerencia de Projetos As áreas de conhecimento da gerencia de projetos, descreve os conhecimentos e práticas em gerencia de projeto em termos dos processos que as compõem. Estes processos estão organizados em nove áreas de conhecimento: 31 Gerencia da integração do projeto - descreve os processos necessários para assegurar que os diversos elementos do projeto sejam adequadamente coordenados. Ele é composto pelo: desenvolvimento do plano do projeto, execução do plano do projeto e controle integrado de mudanças. Gerencia do escopo do projeto - descreve os processos necessários para assegura que o projeto contemple todo o trabalho requerido e nada mais que o trabalho requerido para completar o projeto com sucesso. Ele é composto por: iniciação, planejamento do escopo, detalhamento do escopo, verificação do escopo e controle de mudanças do escopo. Gerencia do tempo do projeto - descreve os processos necessários para assegurar que o projeto termine no prazo previsto. Ele é composto de: Definição das atividades, sequenciamento das atividades, estimativa da duração das atividades, desenvolvimento do cronograma e controle do cronograma. Gerencia do custo do projeto - descreve os processos necessários para assegurar que o projeto seja contemplado dentro do orçamento previsto. É composto de: Planejamento dos recursos, estimativa dos custos, orçamento dos custos e controle dos custos. Gerencia da qualidade do projeto - descreve os processos necessários para assegurar que as necessidades que originaram o desenvolvimento do projeto serão satisfeitas. É composto de: Planejamento da qualidade, garantia da qualidade e controle da qualidade. Gerencia dos recursos humanos do projeto - descreve os processos necessários para proporcionar a melhor utilização das pessoas envolvidas no projeto. É composto de: Planejamento organizacional, montagem da equipe e desenvolvimento da equipe. Gerencia das comunicações do projeto - descreve os processos necessários para assegurar que a geração captura, distribuição, armazenamento e pronta apresentação das informações do projeto sejam feitas de forma adequada e no tempo certo. É composto de: Planejamento das comunicações, distribuição das administrativo. informações, relato de desempenho e encerramento 32 Gerencia de riscos do projeto – Descreve os processos que dizem respeito à identificação, análise e resposta a riscos do projeto. É composto de: Planejamento da gerencia de risco, identificação dos riscos, análise qualitativa dos riscos, análise quantitativa dos riscos, desenvolvimento das respostas aos riscos e controle e monitoração dos riscos. Gerencia das aquisições do projeto - descreve os processos necessários para aquisição de mercadorias e serviços fora da organização que desenvolve o projeto. É composto de: Planejamento das aquisições, preparação das aquisições, obtenção de propostas, seleção de fornecedores, administração dos contratos e encerramento dos contratos. 33 Gerência de Projetos Gerencia da integração do projeto Gerencia do escopo do projeto Desenvolvimento do Plano do projeto Execução do plano do projeto Controle de integração Iniciação Planejamento do escopo Detalhamento do escopo Verificação do escopo Controle de mudança do escopo Gerencia dos recursos humanos do projeto Gerencia do tempo do projeto Planejamento organizacional Montagem da equipe Desenvolvimento da equipe Definição das atividades Sequenciamento das atividades Estimativa de duração Desenvolvimento do cronograma Controle do cronograma Gerencia do custo do projeto Gerencia da qualidade do projeto Planejamento dos recursos Estimativa dos custos Orçamento dos custos Controle dos custos Planejamento da qualidade Garantia da qualidade Controle da qualidade Gerencia das comunicações do projeto Gerencia dos riscos do projeto Planejamento da gerencia de risco Identificação dos riscos Análise qualitativa dos riscos Análise quantitativa dos riscos Desenvolvimento de resposta aos riscos Controle e monitoração de riscos Planejamento das comunicações Distribuição das informações Relato de desempenho Encerramento administrativo Gerencia das aquisições do projeto Planejamento das aquisições Preparação das aquisições Obtenção de respostas Seleção de fornecedores Administração dos contratos Encerramento dos contratos Figura 5 – Processos do Gerenciamento de Projeto. Fonte PMBOOK (2000) 34 2.4 – Ciclo de vida do Projeto Segundo o PMBOOK (2000), o ciclo de vida de um projeto serve para definir o inicio e o fim de um projeto. Ele também determina os procedimentos de transição para o ambiente de operação que serão incluídas ao final do projeto, distinguindo-os dos que não serão. Desta forma o ciclo de vida do projeto pode ser usado para ligar o projeto aos processos operacionais contínuos da organização executora. A seqüência de fases, definida pela maioria dos ciclos de vida de projeto geralmente envolve alguma forma de transferência de tecnologia ou handoff. Os subprodutos oriundos de uma fase normalmente são aprovados antes do inicio da próxima fase. Entretanto, quando os riscos são considerados aceitáveis, a fase subseqüente antes da aprovação dos subprodutos da fase precedente. Esta prática de sobreposição de fase é usualmente chamada de fast tracking. Os ciclos de vida dos projetos geralmente definem: Que trabalho técnico deve ser realizado em cada fase (exemplo: o trabalho do arquiteto deve fazer parte da fase de definição ou da fase de execução?); quem deve estar envolvido em cada fase (exemplo: implementadores que necessitam ser envolvido com levantamentos de requisitos e especificação). As descrições dos ciclos de vida dos projetos podem ser genéricas ou detalhadas. Descrições muito detalhadas podem conter uma série de formulários, diagramas e checklists para prover estrutura e consistência. Estas abordagens detalhadas são freqüentemente chamadas de metodologia de gerencia de projeto. A maioria das descrições dos ciclos de vida de um projeto apresentam algumas características em comum: o custo e a quantidade de pessoas integrantes da equipe são baixos no início do projeto, sofre incrementos no decorrer do mesmo e se reduzem drasticamente quando seu termino é vislumbrado; no início do projeto, a probabilidade de terminá-lo com sucesso é 35 baixa e, portanto, o risco e incerteza são altos; normalmente a probabilidade de sucesso vai aumentando à medida que o seu término vai se aproximando. Deve-se tomar cuidado para não confundir ciclo de vida do projeto com o ciclo de vida do produto. Um projeto para lançar no mercado um novo computador de mesa é somente uma fase ou estágio do ciclo e vida do produto. Fase final Fases intermediárias Fase inicial Inicio Fim Tempo Figura 6 - Exemplo de um ciclo de vida genérico, PMBOOK (2000). 2.5 – As partes envolvidas do Projeto As partes envolvidas são indivíduos e organizações diretamente envolvidas no projeto, ou aqueles cujos interesses podem ser afetados, de forma positiva ou negativa, no decorrer do projeto ou mesmo após sua conclusão; podem exercer influência, também, no projeto e seus resultados. A equipe de gerencia do projeto deve identificar as partes envolvidas, conhecer suas necessidades e expectativas, e, então, gerenciar e influenciar os requisitos de forma a garantir o 36 sucesso do projeto. A identificação das partes envolvidas geralmente é uma tarefa difícil. Em todo projeto existem algumas partes envolvidas principais: Gerente do Projeto – Indivíduo responsável pela gerencia do projeto; Cliente – Indivíduo ou organização que fará uso do produto do projeto.Podem existir múltiplas camadas de clientes.Exemplo: os clientes de um novo produto farmacêutico incluem os médicos que os prescrevem, os pacientes que os tomam e as companhias de seguro que pagam por ele; Organização executora – Empresa cujos funcionários estão mais diretamente envolvidos na execução do projeto; Membros da equipe do projeto – grupo que realiza o trabalho do projeto; Patrocinador – indivíduo ou grupo, dentro das organizações executoras, que provê os recursos financeiros para o projeto. Tipo de organização Matricial Funcional Projetizada Características Matriz dos Projetos Matriz fraca equilibrada Matriz forte Autoridade do gerente do Pouca ou De baixa a De moderada De alta a projeto nenhuma limitada moderada a alta quase total % do pessoal da organização executora alocada tempo integral ao Virtualmente projeto nenhum 0-25% 15-60% 50-95% 85-100% Alocação do gerente do Tempo Tempo projeto parcial parcial Tempo integral Tempo integral Tempo integral Designações mais comuns Coordenador Coordenador para o papel do de de Gerente do Gerente do Gerente do gerente do projeto/lider projeto/lider projeto/diretor do projeto/gerente projeto/gerente projeto de projeto de projeto projeto de programa de programa Suporte administrativo ao gerente do Tempo Tempo projeto parcial parcial Tempo parcial Tempo integral Tempo integral Figura 2.7 – Influência da estrutura da Organização nos Projetos. 37 2.6 – Principais habilidades da administração geral A administração geral é um tema amplo que trata de vários aspectos da gerencia de processos continuados de uma empresa. Os principais: Contabilidade desenvolvimento, e finanças, fabricação e marketing distribuição; e vendas, Planejamento pesquisa e estratégico, planejamento tático e planejamento operacional; estruturas organizacionais, comportamento organizacional, administração de pessoal, compensação, benefícios e plano de carreira; gerencia das relações de trabalho através da motivação, delegação, supervisão, desenvolvimento de equipe e gerencia de conflitos; auto gerenciamento, através da gerencia do tempo pessoal, gerencia de stress e outras técnicas; 2.7 – Os processos da Gerência de Projetos Os projetos são compostos por processos. Um processo é uma série de ações que geram um resultado, PMBOOK, 2000. Os processos dos projetos são realizados por pessoas, e normalmente se enquadram em uma das duas categorias: Processos da gerencia de projetos se relacionam com a descrição, a organização e a conclusão do trabalho do projeto; processos orientados ao produto se relacionam com a especificação e a criação do produto do projeto. São definidos pelo ciclo de vida do projeto e variam de acordo com a área de aplicação. 38 2.8 – Grupos de processos Os processos de gerencia de projetos podem ser organizados em cinco grupos, cada um deles contendo um ou mais processos: Processos de iniciação – autorização do projeto ou fase; Processos de planejamento – definição e refinamento dos objetivos e seleção da melhor das alternativas de ação para alcançar os objetivos que o projeto estiver comprometido em atender; Processos de execução – coordenar pessoas e outros recursos para realizar o plano; Processos de controle – assegurar que os objetivos do projeto estão sendo atingidos, através da monitoração regular do seu progresso para identificar variações e, portanto ações corretivas podem ser tomadas quando necessárias; Processos de encerramento – formalizar a aceitação do projeto ou fase e encerrá-lo de uma forma organizada. Os grupos de processos se ligam pelos resultados que produzem - o resultado ou saída de um grupo torna-se entrada para outro. Entre grupos de processos centrais, as ligações são interativas – o planejamento alimenta a execução, no início, com um plano do projeto documentado, fornecendo, a seguir, atualizações ao plano, na medida em que o projeto progride. 2.9 – Interações entre os processos Num grupo de processos, os processos individuais são ligados por suas entradas e saídas. Considerando-se estas ligações, podemos descrever cada processo em termo de: Entradas – Documentos ou itens documentáveis que influenciarão o processo; 39 Ferramentas e técnicas – mecanismos aplicados à s entradas para criar as saídas; Saídas – Documentos ou itens documentáveis resultantes do processo. 2.9.1 – Processos de iniciação Iniciação – Obter o comprometimento da organização para o início da próxima fase do projeto. 2.9.2 – Processos de Planejamento Planejamento do escopo – desenvolver uma declaração escrita doe escopo, como base para futuras decisões no projeto; Detalhamento do escopo – subdividir os principais subprodutos do projeto em componentes menores e mais mensuráveis; Definição das atividades – identificar as atividades específicas que devem ser realizadas para produzir os diversos subprodutos do projeto; Sequenciamento das atividades – identificar e documentar as pendências entre as atividades; Estimativa da duração das atividades – estimar o número de períodos de trabalho que serão necessários para completar as atividades individuais; Desenvolvimento do cronograma – criar o cronograma do projeto a partir da análise da seqüência das atividades, suas durações e as necessidades de recurso; Planejamento da gerencia de risco – decidir com abordar e planejar a gerencia de risco no projeto; 40 Planejamento dos recursos – determinar que recursos devem ser utilizados, em que quantidade, para a realização das atividades do projeto; Estimativa dos custos – desenvolver uma estimativa dos custos dos recursos que são necessários para a realização dos objetivos do projeto; Orçamento dos custos – alocar a estimativa dos custos globais aos pacotes individuais de trabalho; Desenvolvimento do plano do projeto – agregar os resultados dos outros processos de planejamento construindo um documento coerente e consistente; Planejamento da qualidade – identificar os padrões de qualidade relevantes para o projeto e determinar com satisfazê-lo; Planejamento organizacional – identificar, documentar, atribuir papéis, responsabilidades e relações hierárquicas no projeto; Montagem da equipe – conseguir que os recursos humanos necessários sejam designados e alocados ao projeto; Planejamento das comunicações – determinar as necessidades das partes envolvidas quanto à informação e comunicação; Planejamento das aquisições – determinar ‘o que “contratar e” quando ““; 2.9.3 – Processos de Execução Execução do plano do projeto – levar a cabo o plano do projeto através da realização das atividades nele incluídas; Garantida de qualidade – avaliar regularmente o desempenho geral do projeto, com o objetivo de prover confiança de que o projeto irá satisfazer os padrões estabelecidos de qualidade; Desenvolvimento da equipe – desenvolver habilidade das pessoas e da equipe, enquanto grupo, para melhorar o desempenho do projeto; Distribuição das informações – disponibilizar as informações necessárias, e no momento adequado, às partes envolvidas; 41 Pedido de propostas – obter, conforme apropriado em cada situação, as propostas de fornecimento dos produtos ou serviços necessários ao projeto; Seleção de fornecedores – escolher entre possíveis fornecedores; Administração dos contratos – gerenciar os relacionamentos com os fornecedores. 2.9.4 – Processos de Controle Controle integrado de mudanças – coordenar as mudanças através de todo o projeto; Verificação do escopo – aceitar formalmente os resultados do projeto; Controle de mudanças do escopo – controlar as mudanças de escopo do projeto; Controle do cronograma – controlar as mudanças de cronograma do projeto; Controle dos custos – controlar as mudanças nos custos do projeto; Controle da qualidade – monitorar resultados específicos do projeto para determinar se eles atingem padrões adequados de qualidade; Relato de desempenho – coletar e divulgar informações de desempenho; Controle e monitoração dos riscos – acompanhar os riscos identificados. 2.9.5 – Processos de Encerramento Encerramento dos contratos - completar e liquidar com os contratos, incluindo a resolução de itens pendentes; Encerramento administrativo – gerar, reunir e disseminar informações para formalizar o término da fase ou projeto. 42 CAPÍTULO II ESTUDO DE CASO SOBRE A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DO GERÊNCIAMENTO DE PROJETO Inicialmente, em caráter informativo, são apresentadas as informações sobre a empresa e o contexto no qual ela está inserida. Em seguida, apresentase o projeto que executou a implantação, o contexto onde a implantação ocorreu e as principais características do EGP (escritório de Gerenciamento de Projetos). Finalmente apresenta-se como o EGP foi afetado pela junção entre empresas e como o mesmo consolidou-se após esse histórico, sendo o último item o foco deste trabalho acadêmico. A empresa A empresa estudada atua como Operadora de Telefonia Celular e tem abrangência em todo o território brasileiro. Está entre as maiores do hemisfério sul, tendo resultado da junção de operadoras originalmente pertencentes a dois grupos estrangeiros. Os principais serviços oferecidos pela empresa estão relacionados à transmissão de voz e dados. Embora esteja em posição de liderança no mercado nacional, desde 2002 a empresa vem enfrentando desafios para manter essa posição. Para vencê-los, 43 uma das estratégias adotadas foi a consolidação dos sistemas de informação, visando comprimir os ciclos para lançamento de novos produtos e serviços, possibilitar o lançamento de campanhas nacionais, melhorar os índices de atendimento ao cliente e reduzir os custos de manutenção e operação de sistemas. Esses objetivos coincidem com as exigências do mercado atual, que acabaram por fazer com que as organizações se voltassem para o gerenciamento de projetos, segundo. Quanto à estrutura organizacional, pode-se dizer que, analisada globalmente, a empresa possui estrutura funcional, ou seja, a estrutura de poder está nas colunas. Entretanto, visando atender às exigências de mercado, a empresa vem esboçando ensaios de estruturas matriciais ou projetizadas em áreas específicas, para atender às necessidades de projetos estratégicos e complexos. Implantação do EGP A necessidade de consolidação dos sistemas da empresa surgiu do processo de junção, associado ao cenário caracterizado pela escassez de recursos, pela dificuldade de priorização dos projetos e por falhas, em sua maioria relacionadas aos atrasos e aos produtos entregue sem atender às expectativas dos clientes internos. Assim, a estruturação de um programa de consolidação de TI foi o principal fator motivador para a implantação de um EGP, dando origem ao Projeto de Implantação do EGP para o Programa de Consolidação de Sistemas. Desde o início, o EGP foi entendido como elemento facilitador e condutor da mudança para a cultura de gerenciamento de projetos. Por isso, a empresa considerou que a implantação do EGP não seria possível sem o desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos e estabeleceu o Projeto de Formação de Profissionais em Gerenciamento de Projetos. Esse projeto se iniciou antes do Projeto de Implantação do EGP e teve como objetivo disseminar a cultura de gerenciamento de projetos nas áreas da empresa com maior 44 envolvimento em projetos. Para tanto, foram realizados treinamentos formais e aconselhamento em projetos ("mentoração"). Além disso, metade dos colaboradores participantes do programa foi certificada como profissionais de gerenciamento de projetos (PMP – Project Management Professional). Ambos os projetos, Formação de Profissionais em Gerenciamento de Projetos e Implantação do EGP para o Programa de Consolidação de Sistemas, foram formalmente vinculados à estratégia da empresa, garantindo assim o apoio formal da alta administração. Projeto de Implantação do EGP para o Programa de Consolidação de Sistemas A implantação do EGP foi tratada como um projeto, sendo então o primeiro a utilizar a metodologia proposta, ainda em elaboração. Inicialmente foram focadas pelo EGP as atividades operacionais, como forma de garantir a aceitação pela estrutura de poder da empresa, tornando o EGP um aliado ao cumprimento dos objetivos dos projetos conduzidos por essa estrutura. As principais dificuldades encontradas na implantação referem-se à mudança cultural que o EGP representava e à resistência das pessoas devido à alteração da estrutura de poder. Os principais riscos identificados pela empresa ao longo do projeto de implantação e as respectivas estratégias de resposta foram: Ameaça à credibilidade do EGP: sendo o EGP responsável por informar o status dos projetos sob a liderança das diretorias de TI, era imprescindível que estes diretores confiassem no EGP e o tivessem como aliado. Para tanto, foi inserido o papel do Facilitador, uma pessoa de confiança dos diretores, normalmente um gerente funcional que participava dos projetos ao lado dos gerentes e "dividindo" o papel de patrocinador com o Diretor de TI. O EGP tinha uma relação muito estreita com esses Facilitadores, informando-os, em primeira 45 instância, sobre os eventuais problemas, para que tivessem tempo de agir, antes da publicação do status final. Dificuldade em encontrar no mercado profissionais com o perfil adequado ao EGP: como ainda era recente a explosão do gerenciamento de projetos, havia poucos profissionais disponíveis que conheciam as funções de um EGP e alguma metodologia em gerenciamento de projetos. A solução encontrada foi a contratação de um profissional certificado em gerenciamento de projetos e dos serviços de consultoria de terceiros com experiência anterior em EGPs. Assim, a equipe do EGP foi formada por esses profissionais, associados a outros com conhecimento da empresa, porém menos experientes em gerenciamento de projetos. Visando eliminar a eventual dependência da consultoria na fase pósimplantação, durante a fase piloto pesquisaram-se em outras áreas colaboradores dispostos a integrar a equipe. Deste modo, a participação da consultoria reduzia-se à medida que novos integrantes ingressavam na equipe do EGP. Dificuldade para formalizar a estrutura no organograma da empresa: tendo em vista a iminente unificação com outro grupo empresarial, não foi possível a formalização de uma nova estrutura, já que uma alteração muito maior estava por acontecer. Sendo assim, buscou-se fortalecer as funções e responsabilidades do EGP, procurando-se evidenciar a importância dessas atividades para a obtenção de resultados nos principais projetos da empresa. Assim, ao mesmo tempo em que o EGP atuava diretamente comprometido com o sucesso dos projetos, possuía atuação focada na organização e empenhava-se na aplicação da metodologia como ferramenta para direcionar a equipe rumo aos objetivos. Caracterização do EGP O EGP de TI entrou em operação ao término do seu projeto de implantação, com o portfólio restrito aos projetos do Plano de Consolidação de Sistemas. Entre as principais funções do EGP implantado citam-se: 46 Desenvolver e divulgar a metodologia de gerenciamento de projetos, buscando identificar suas melhores práticas; Escolher e implantar as ferramentas definitivas de gestão de projetos, uma vez que durante a fase inicial do projeto foram implantadas somente as ferramentas básicas, enquanto as definitivas aguardavam a consolidação da metodologia; Criar e manter base de dados de gerenciamento dos projetos; Gerenciar o Plano de Comunicação, divulgando informações relevantes sobre os projetos e sensibilizando os patrocinadores para os problemas em que precisavam atuar junto ao gerente de projeto ou ao facilitador; Desenvolver a cultura de gerenciamento de projetos na organização; Garantir o alinhamento dos projetos à estratégia da organização; Antecipar os potenciais problemas, para que os responsáveis de cada projeto pudessem atuar no sentido de cumprir os objetivos do projeto. Da organização interna do EGP, destaca-se que a mesma possuía um único líder e estava subordinada diretamente ao seu patrocinador. Outro papel de destaque no organograma do EGP era o de Coordenador de Programas, responsável por atuar junto aos gerentes de projetos, oferecendo suporte na utilização da metodologia, responsabilizando-se pela atualização dos cronogramas de projetos e eventualmente atuando como mentores. Por sua vez, os gerentes de projetos não faziam parte da organização interna do EGP, o que trazia algumas vantagens, podendo-se destacar: O EGP tornava-se mais ágil, capaz de atuar em diversos projetos, sem ter que aumentar a equipe de forma excessiva; A disseminação da cultura de gerenciamento de projetos era facilitada, pois como o gerente de projetos estava nas áreas funcionais e, na maioria das vezes, era um participante do Programa de Formação de Profissionais em 47 Gerenciamento de Projetos, exercia papel fundamental na formação dos demais membros da equipe funcional; A estrutura de poder foi poupada, uma vez que os gerentes de projetos estavam subordinados às áreas funcionais das Diretorias de TI, estimulando a liderança e participação do diretor e seus gerentes funcionais. Complementarmente, para fazer com que a organização como um todo reconhecesse a função do EGP, mesmo sem estar formalmente no organograma da empresa, foi estabelecida uma sigla de fácil utilização, além de um logotipo, utilizado em todos os documentos e e-mails emitidos pela equipe do EGP. Impactos da junção das empresas na operação do EGP Seis meses após a implantação do EGP, a empresa passou pelo já esperado processo de unificação com outro grupo empresarial. O EGP, que já estava em funcionamento, continuou não sendo formalizado na nova estrutura organizacional. Primeiramente pela dificuldade de absorção de uma estrutura formal de EGP pela nova empresa que estava sendo formada, associada à perda do principal patrocinador do EGP, desligado da empresa, e ao clima de mudança presente em todas as áreas. Apesar disso, a mudança cultural estava consolidada, principalmente pela conclusão do Projeto de Formação de Profissionais em Gerenciamento de Projetos, pela divulgação da metodologia e pelos resultados que vinham sendo obtidos em projetos com a implantação do EGP. Assim, como as funções do EGP foram reconhecidas como essenciais, as lideranças que passaram a se envolver com a unificação da nova empresa buscaram garantir a contínua disseminação destas práticas de gerenciamento. Para tanto, distribuíram a equipe do EGP pelas novas diretorias de TI, especificamente nos projetos de consolidação iniciados logo após a unificação. Deste modo, existiria em cada projeto ao menos um profissional aplicando a metodologia e fornecendo suporte ao gerente de projetos no planejamento e controle do mesmo. Isso se deu porque essas lideranças estavam cientes da 48 necessidade do gerenciamento de projetos para obtenção do sucesso nos projetos do programa de consolidação, que se tornaram ainda mais complexos após a junção das empresas. Com isso, acabaram por suportar o reinício da implantação do EGP, desta vez com as características da nova empresa. Também nesta época foi introduzido o conceito de time principal, também conhecido como core-team. Tratava-se de equipes multidisciplinares cujos membros possuíam as competências necessárias ao projeto, ao mesmo tempo em que representavam as principais áreas envolvidas. Essa estrutura foi proposta visando garantir a distribuição de responsabilidades, necessária no novo ambiente dos projetos que começara a surgir, pois proporcionava a participação formal de diferentes áreas funcionais, ao mesmo tempo em que diminuía a quantidade de canais de comunicação entre a equipe e o gerente do projeto. Além disso, essa forma de organização das equipes possibilitou a disseminação mais rápida da nova forma de trabalho por projetos e a criação de um comportamento voltado para o gerenciamento de projetos e conseqüente cumprimento dos seus objetivos. Uma vez que os objetivos dos projetos de consolidação eram ousados, principalmente na gestão dos prazos, o uso da metodologia de gerenciamento foi um diferencial, uma vez que possibilitava a atuação focada nos objetivos, sendo os resultados percebidos ao longo de todas as fases e gerando confiança das áreas usuárias. Após um ano, foram iniciadas as implantações dos sistemas, todas bem sucedidas, sem impactos às áreas operacionais ou aos clientes finais. Consolidação do EGP Após a implantação dos projetos de consolidação acima mencionados, novos projetos também de consolidação foram incluídos no programa. Tais projetos eram ainda mais complexos e abrangentes, razão pela qual passaram a ser tratado como projetos estruturantes, e não mais como projetos de tecnologia, à medida que pressupunham, na consolidação das plataformas, a alteração da estrutura de processos, produtos e serviços. A existência do EGP, cuja atuação 49 passou a estar além das fronteiras da área funcional de Tecnologia, foi apontada pelos patrocinadores e pelos gerentes desses projetos como garantia de sucesso. Deste modo, a formalização do EGP deu-se principalmente pela existência de projetos tidos como estratégicos. Nessa época, a estrutura organizacional da empresa, embora ainda na sua maior parte funcional, foi flexibilizada para adequar-se à nova realidade, sendo formalizadas duas estruturas de gerenciamento de projetos que permanecem na empresa até a ocasião da realização deste estudo de caso. A primeira é subordinada à área funcional de Tecnologia e com atuação nos projetos desta área. É responsável pela manutenção da metodologia e das ferramentas de gerenciamento de projetos, além de atuar como prestadora de serviços para a segunda estrutura, subordinada a uma das Vice-Presidências Operacionais. Esta vice-presidência é patrocinadora da maioria dos projetos estruturantes e atua especificamente no cumprimento dos objetivos do Programa de Consolidação de Sistemas. No seu âmbito, é uma diretoria de estrutura matricial, tendo nas colunas os líderes dos projetos e, nas linhas, gerentes de função que atuam transversalmente em todos os projetos, desempenhando as funções: Tecnologia, Processos, Implantação e EGP. Essa segunda estrutura está condicionada à duração do Programa, estando os profissionais temporariamente alocados a ela, podendo retornar às suas áreas de origem ao final de cada projeto. Dentre as principais funções exercidas pelo EGP após a Consolidação citam-se: • Garantir a aplicação da metodologia de gerenciamento de projetos; • Integrar os planos dos projetos dentro do próprio Programa e aos outros projetos de tecnologia; • Garantir o alinhamento dos projetos à estratégia da organização; • Atuar de forma preventiva no sentido de preservar o plano de cada projeto e do programa como um todo; 50 • Ressaltar os pontos de risco de cada projeto aos líderes de projetos, aos patrocinadores e aos demais interessados, auxiliando na definição e aplicação de ações preventivas ou corretivas, no sentido de preservar o plano. Um fator crítico para o sucesso desta estrutura foi o fato da mesma ser considerada uma evolução natural de todo o processo de implantação do EGP, podendo contar com todas as ações anteriores de estruturação para implantação de uma nova cultura. A principal dificuldade enfrentada nesta fase está relacionada à forma de trabalho em uma estrutura matricial, onde cada profissional deve aprender a trabalhar com diversos níveis de subordinação e atuar com influência na estrutura funcional para atingir os objetivos do projeto, além de garantir a incorporação das entregas dos produtos dos projetos aos processos operacionais da estrutura funcional. Dentre os resultados atribuídos pela empresa, total ou parcialmente, à implantação do EGP encontram-se: • Crescimento da empresa e atendimento da exigência de mercado em relação ao prazo de lançamento dos novos produtos; • Implantação da metodologia de gerenciamento de projetos, com conseqüente obtenção de sucesso nos mesmos, ou seja, projetos implantados sem causar impacto nas operações da companhia ou ao cliente final. • Mudança de cultura, envolvendo todas as áreas de negócio. RESULTADOS OBTIDOS Na implantação, quando a junção das empresas era iminente e não caberia uma proposta de alteração do organograma. Neste momento, a alternativa adotada foi o investimento na formação dos profissionais e na consolidação da metodologia. 51 Após a junção das empresas, quando se esperava a formalização e a mesma não ocorreu. Como alternativa, investiu-se na aplicação da metodologia e do modelo operacional já estabelecido em projetos estratégicos e complexos, evidenciando o valor do EGP nesses projetos. A equipe do EGP era pequena, ágil e capaz de atuar em diversos projetos simultaneamente, através do papel do Coordenador de Programas; A disseminação da cultura de gerenciamento de projetos foi facilitada pelos gerentes de projetos que haviam participado do Programa de Formação e que foram mantidos nas áreas funcionais, enquanto ajudados pelos Coordenadores de Programa. Neste estudo de caso, foi evidenciada a predisposição da empresa em adaptar sua organização formal à forma de trabalho em projetos. Mesmo antes de alterá-la formalmente, foi possível introduzir conceitos e formas de trabalho que serviram de aprendizado para a posterior formalização. Uma das principais ferramentas utilizadas pelo EGP para ganhar flexibilidade e permeabilidade de suas funções na organização foi o conceito de time principal. Utilizando este conceito, o EGP garantiu a formalidade aos projetos e mostrou à organização a necessidade de se trabalhar com times multidisciplinares, capazes de agregar as competências necessárias aos projetos. Embora a estrutura flexível tenha permitido a consolidação do EGP, a mesma trouxe novas dificuldades, como os diversos níveis de subordinação, a atuação com influência na estrutura funcional para atingir os objetivos do projeto e a garantia das entregas dos produtos dos projetos a esta estrutura funcional. Uma vez que a empresa em questão estava inserida em um ambiente dinâmico, com recursos escassos e metas agressivas, o EGP exerceu papel fundamental escolhendo ferramentas úteis para a equipe e para cada um dos projetos e relacionadas ao cumprimento de seus objetivos. No caso apresentado, o EGP começou atuando em atividades operacionais que não trouxessem riscos à estrutura de poder e assim pôde se estabelecer 52 como um aliado ao cumprimento dos objetivos dos projetos conduzidos por esta própria estrutura. Somente depois disto, começou a atuar em atividades estratégicas, conforme demanda da própria empresa, o que, aliado ao apoio do patrocinador forte, facilitou a atuação do EGP. Ao longo de todo o histórico deste EGP foi possível perceber a importância de um patrocinador. No início o patrocinador era um único executivo, aos poucos, através de todas as estratégias de disseminação da cultura, foi se transformando em vários executivos das principais áreas de negócio, que passaram a apoiar o EGP e suas funções, facilitando, principalmente as funções relacionadas ao planejamento e controle dos projetos. A importância do apoio executivo também ficou evidente quando o mesmo não esteve presente, principalmente no momento de junção das empresas, quando a demarcação de poder era fator decisivo para os executivos e acabou dificultando a formalização do EGP, que foi deixado de lado e perdeu força. Somente no fim dessa fase o EGP obteve apoio executivo e voltou a ser entendido como fator fundamental para a execução de projetos estratégicos. CONCLUSÃO Os resultados obtidos se tornam indícios de que a metodologia apresentada como tema desta monografia são válidas para o caso estudado e, considerando que foram observadas em estudos de caso análogos publicados na forma de artigos, pode servir de exemplo e nortear situações similares, desde que preservadas as características únicas de cada empresa. 53 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA XAVIER, Carlos Magno. da S. Gerenciamento de Projetos : como definir e controlar o escopo do projeto – São Paulo : Saraiva, 2005 CASAROTTO filho, N., FAVERO, José S., CASTRO, José E.E. – Gerência de projetos, engenharia simultânea. São Paulo: Atlas, 1999. OLIVEIRA, Djalma P.R. – Planejamento estratégico: conceitos, metodología e práticas. São Paulo: Atlas, 1993. VASCONCELLOS, Eduardo; HEMSLEY, James R. – Estrutura das organizações ; estruturas tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. São Paulo; Pioneira, 1986. 54 MORAES, Renato de Oliveira – condicionante dos projetos de software e a influência da maturidade em gestão de projetos: Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo, 2004. GIL, Antônio Carlos – Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1987. MAXIMIANO, A.C.A. – Administração de projetos. São Paulo. Atlas, 1997. MORAES, R.O. – Planejamento, programação e controle de projetos de software – Dissertação de mestrado. Universidade Paulista. São Paulo, 1999. PINTO, Sérgio Augusto Órfão – Gerenciamento de projetos: análise dos fatores de risco que influenciam o sucesso de projetos de sistemas de informação – Dissertação de mestrado. FEA/USP. São Paulo, 2002. 55 VERGARA, Sylvia Constant – Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1998. KERSNER, H. – Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre.Bookman, 2002. BASTOS, L.R. – Manual para elaboração de projetos, relatório de pesquisa, Teses, Dissertações e Monografias. Rio de Janeiro: LTC, 2000. CARVALHO, M.M; LAURINDO, F.J.B. – Estratégias para a competitividade. São Paulo. FUTURA, 2003. CASAROTTO, N. F; FÁVERO, J.S; CASTRO, J. E.E. – Gerencia de projetos / engenharia simultânea. São Paulo. Atlas, 1999. PATAH, L., CARVALHO, M.M. – O processo de escolha de estruturas de gerenciamento de projetos. In: IX Simpósio e engenharia de produção, SIMPEP 2002. BAURÚ, 2002. 56 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I HISTÓRIA E CONCEITO 10 1.1 – História do Gerenciamento de Projeto 10 1.2 – Estruturas Organizacionais 12 1.2.1 - A estrutura funcional 12 1.2.2 – A estrutura projetizada 14 1.2.3 – A estrutura matricial 1.3 – Fator Humano 16 18 1.3.1 – O Gerente de Projetos 20 1.3.2 – O Gerente de Projetos: como profissão 21 1.4 – Ciclo de Vida de um Projeto 22 1.5 – Work Breakdown Structure (W.B.S) 24 1.6 – Avaliando as Atividades 27 CAPÍTULO II PMBOOK 29 2.1 – O que é um Projeto? 29 2.2 – O que é Gerência de Projeto? 30 2.3 – As áreas de conhecimento da Gerencia de P. 30 2.4 – Ciclo de vida do Projeto 2.5 – As partes envolvidas do Projeto 33 34 57 2.6 – Principais habilidades da administração geral 36 2.7 – Os processos da Gerencia de Projetos 36 2.8 – Grupos de processos 36 2.9 – Interações entre os processos 37 2.9.1 – Processos de iniciação 38 2.9.2 – Processos de Planejamento 38 2.9.3 – Processos de execução 39 2.9.4 – Processos de controle 40 2.9.5 – Processos de encerramento 40 CAPÍTULO III Estudo de caso sobre a aplicação da metodologia do Gerenciamento de Projeto 41 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52 ÍNDICE 54 FOLHA DE AVALIAÇÃO 56 58 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes Título da Monografia: Pós-Graduação “Lato Senso” Autor: Nilço Mauro da Silva Moura Data da entrega: 05 de Outubro 2006 Avaliado por: Conceito: 59 60