PUB PUB ÍNDICE 20 Editorial Zoom RH Evento «UPW 2010 – Unleash the Power Within» Múltiplos Olhares/ Ver e Vencer Paulo Abrantes Perspectiva Gestão da performance Lançamento «E3 – Executive Expertise for Engineers», do ISQ Flash Interview Álvaro Nascimento Primeira Opinião Sónia Rosa Responsabilidade Social Roberta Medina e o «Rock in Rio» (tema de capa) Dupla Expressão Manuela Cruz/ Artur Fernandes Em Análise Como o Benfica chegou à liderança Crónica Formação Marca pessoal, por Lúcio Lampreia Em Foco Conferência internacional «e-Learning ’2010» Crónica Saúde e Segurança no Trabalho De onde partimos e onde estamos, por João Ribeiro 30 02 38 Case Study 04 42 Crónica RH e Novas Tecnologias 44 Especial 50 Visto de Fora 52 Espaço RH 62 As Minhas Escolhas 64 Lifestyle 72 Crónica Woman 10 12 18 20 28 30 36 67 Projecto de recrutamento e selecção na Aquapura Douro Valley Desmaterialização de processos e descentralização de tarefas, por Paulo Lemos Trabalho temporário Manuel González Oubel (Espanha)/ Denize Athayde Dutra (Brasil) Em Síntese/ Agenda Coaching João Alberto Catalão/ Sites/ Livros Team Building «Choir Team Building» Opinião Luís Bento/ Legislação Grandeza no Dia-a-Dia Mário Ceitil Rosa Silva Viagem Turquia Restaurante Enigma Carro Honda Jazz Artes Montra JUNHO 10 12 1 EDITORIAL Nº18 – Junho 10 Director António Manuel Venda 961 219 532, [email protected] Editora Executiva Ana Leonor Martins, 969 691 975, [email protected] Música e futebol Colaboradores Artur Fernandes, Carlos Antunes, Denize Athayde Dutra, Humberto Silva, Jorge Araújo, Luís Bento, Manuel González Oubel, Manuela Cruz; Mário Ceitil (nesta edição) Alexandre Gomes, Andrea Nunes, Carlos Bernardo, Carla Marques, Catarina Pinto, César Santos, Clara Sofia Matos, Célia Agostinho, Filipa Lopo Cajarabille, João Alberto Catalão, João Costa, João Ferreira Bogalho, João Ribeiro, João Sevilhano, Leonor Carvalho, Lúcio Lampreia, Márcio Silva, Mário Figueira, Nelson Rocha, Patrícia Santos, Paulo Lemos, Rosa Cunha, Rúben Antunes, Rui Silva, Sandra Santos, Sara Sousa Brito, Sofia Fernandes, Sónia Rosa, Teresa Dias, Vânia Pina Projecto Gráfico e Paginação Design e Forma, [email protected] Fotografia Fernando Piçarra ([email protected]), Fotolia, João Andrés ([email protected]), Paulo Barbosa e Vítor Gordo – Syncview, Teresa Dias Directora Comercial e de Marketing Sónia Maia, 961 219 531, [email protected] Assinaturas [email protected] Impressão Peres – SocTip, SA E.N. 10, KM 108,3 2135-114 Samora Correia Distribuição VASP, MLP – Media Logistics Park – Quinta do Grajal Venda Seca 2739 – 511 Agualva Cacém Nº de Registo na ERC 125537 Nº de Depósito Legal 286.699/08 Tiragem 15.000 exemplares JUNHO 10 Periodicidade Mensal 2 Propriedade e Edição Just Media, Lda Rua de São José, Nº 149/159, 1º Dto. 1150-322 Lisboa Tel. 210 939 695 www.human.pt A música e o futebol preenchem grande parte desta edição da «human». São os temas de duas das peças principais, sendo que uma delas acaba mesmo por ser o destaque da capa. Escolhemos a música, a propósito da realização do «Rock in Rio», para mostrarmos como um grande evento nessa área pode contribuir para a construção de um mundo melhor, pelas iniciativas de responsabilidade social que promove. A responsável do evento, Roberta Medina, que aparece na capa numa fotografia feita durante os trabalhos de preparação do recinto, explica todas essas iniciativas. Quanto ao futebol, a nossa escolha foi o Benfica. Um trabalho sobre como o clube chegou à liderança. Aqui, quando se fala em chegar à liderança, a ideia não é a de chegar ao primeiro lugar, como aconteceu com a equipa principal de futebol esta época no campeonato nacional. É mais do que isso, é a de chegar a um nível em que se pode dizer claramente que existe no futebol do clube uma verdadeira liderança. Uma liderança que permite, depois, ganhar campeonatos. Foi para tentar perceber isso que ouvimos quatro profissionais de recursos humanos, todos eles benfiquistas, perceber o que esteve na base da grande transformação que o Benfica conheceu esta época. Já agora, e sobre este trabalho do Benfica, uma nota. Os temas na «human» não são escolhidos apenas por mim. Mas neste caso a lembrança foi minha. Escolhi o tema, com grande pena, tenho de admitir, porque preferia que a revista publicasse um trabalho © JA Redacção Irina Pedro, Mário Sul de Andrade António Manuel Venda Director [email protected] sobre liderança centrado no meu clube e não no Benfica. Infelizmente, pelos motivos que se conhece, não foi possível. Tendo em conta o que aconteceu esta época, só mesmo se publicássemos uma edição sobre o que não se deve fazer em gestão, sobre o desleixo, o desinteresse e o desmazelo, só assim é que poderíamos tomar o meu clube como exemplo. Um mau exemplo, que espero possa vir a mudar o mais depressa possível. Sob pena de o meu clube cair num poço sem fundo de onde será difícil recuperá-lo. Se publicássemos o trabalho sobre a má gestão, e se lhe déssemos o maior destaque, eu até sei, obviamente, quem seria a figura de capa. PUB ZOOM RH EVENTO «UPW 2010» MÚLTIPLOS OLHARES Como vê as críticas crescentes às remunerações dos gestores em Portugal? JUNHO 10 4 Nota: informação sobre as inscrições no «UPW 2010 – Unleash the Power Within» a partir de Portugal, através da SP Coaching (telm. 918 036 666; e-mail [email protected]). João Sevilhano Director Pedagógico da Escola Europeia de Coaching «Compreendo as razões que levam algumas pessoas a criticar, especialmente na fase turbulenta em que vivemos. Por outro lado, acredito que o trabalho deve ser recompensado, nomeadamente o bom trabalho, que no caso dos gestores vejo como estando ligado à obtenção de resultados, normalmente com metas previamente acordadas. Não me é difícil entender a dinâmica entre resultados, performance e remuneração. Contudo, a situação leva-me a colocar algumas perguntas, que julgo serem de resposta complexa, sobretudo para os próprios gestores: Serão razoáveis e/ ou éticos os valores acordados e auferidos? Será o trabalho efectuado para servir ou para servirse? O que terão de distintivo estes gestores que são escolhidos/ indicados para ocupar tais cargos?» © JA © JA Realiza-se em Itália, na cidade de Roma, de 24 a 27 de Junho. O «UPW 2010 – Unleash the Power Within», com Anthony Robbins, tem no nosso país a representação da SP Coaching, podendo as inscrições ser efectuadas através desta empresa, com condições especiais. Anthony Robbins é um profissional de grande influência internacional no campo do desenvolvimento pessoal, do ‘coaching’ e da motivação de alto impacto e máximo rendimento. Autor de vários ‘best-sellers’, criador do sistema «Personal Power II» e dinamizador de seminários um pouco por todo o mundo (mais de dois milhões de pessoas já assistiram), foi assessor e ‘coach’ pessoal de personalidades como Bill Clinton, a princesa Diana, Nelson Mandela, Michael Jordan, André Agassi, entre outras. De assinalar que a SP Coaching corporiza o sonho de Sandra Pereira, a sua fundadora, sonho que se traduz na missão partilhada pela sua equipa: «Iluminar o caminho de cada indivíduo levando-o à descoberta da sua verdadeira essência e contribuindo assim para uma sociedade assente no respeito e na aceitação». As áreas de actuação são as seguintes: formação certificada em ‘coaching’; formação certificada em programação neurolinguística (PNL), ‘coaching’ executivo, ‘coaching’ empresarial, ‘coaching’ de equipas, ‘coaching’ de vida e supervisão em ‘coaching’. © JA Texto: MSA Filipa Lopo Cajarabille Directora de Recursos Humanos da Bacardi-Martini Portugal «Na realidade empresarial, uma função de gestão é remunerada de acordo com a sua contribuição directa ou indirecta para os resultados da organização. A avaliação desta contribuição não passa por opiniões externas, mas sim por aquilo que a entidade empregadora define, reconhece e aceita como valor a pagar por um serviço prestado. Não faz muito sentido criticar as remunerações dos gestores em Portugal, a partir do momento em que qualquer entidade empregadora assume à partida qual o valor a pagar pelo contributo profissional de um gestor, a fim de obter um retorno financeiro claramente superior. O valor que cada organização está disposta a pagar aos seus gestores apenas diz respeito a estas duas partes e não pode, nem deve, ser alvo de discussão por terceiros.» Rúben Antunes Business Partner do INEDEM «Terá de haver fortes e corajosas mudanças a este nível, pois uma política salarial só poderá ser económica e socialmente justa se, além de premiar o mérito, for suficientemente redistributiva. Se defendemos que o sucesso de uma empresa se faz pela motivação, pelo empenho e pelo objectivo comum de todos quantos dela fazem parte, não é possível que a consciência colectiva destas estruturas viva saudável em tão afrontosas e incoerentes assimetrias. Num plano mais alargado, a questão é mais grave, e não se trata de ricos contra pobres ou neoliberais contra socialistas; uma sociedade subsiste naquilo que significa em si: ‘sociedade’. Enquanto profissional, contribuinte e cidadão, tenho dificuldade em aceitar a tal ‘sociedade’ em que alguns dos ‘sócios’ acumulam num ano o equivalente a mais de 40 anos de trabalho de outros. Será o valor do trabalho assim tão assimétrico?» ZOOM RH VER E VENCER Paulo Abrantes Para ajudar as pessoas a viver melhor Criada há seis anos por Paulo Abrantes, a Decisões e Soluções tem cerca de 100 agências e mais de 800 profissionais distribuídos por todo o território nacional, incluindo as ilhas. um pouco por todo o país. Para motivar os seus colaboradores, a Decisões e Soluções aposta na evolução pessoal e profissional, «através de uma forte política de incentivos, para reconhecer o mérito das pessoas que mais se vão destacando ao longo do ano», clarifica Paulo Abrantes. E exemplifica: «Realizamos eventos internos com bastante regularidade, nomeadamente o almoço dos campeões, que acontece mensal e trimestralmente, com quem mais se evidenciou em determinado aspecto. Anualmente também se realiza o jantar de aniversário da empresa, com todos os colaboradores e os seus familiares, com parceiros de negócio e com muitos outros convidados. Para além destes eventos, estamos sempre a lançar prémios e incentivos, para premiar os melhores e todos aqueles que atingem os objectivos propostos, nomeadamente viagens a capitais europeias e às Caraíbas ou cruzeiros.» Para este empresário do norte, «um bom líder tem que ser alguém com a capacidade de envolver e motivar todo um conjunto de pessoas, num objectivo colectivo que beneficie muitas mais pessoas.» E, passados seis anos da sua aposta, o balanço que faz é «muito positivo». Já ajudámos muitas pessoas e muitas famílias a pagarem menos pelos seus financiamentos e a viverem um pouco melhor», assegura. «Temos uma equipa de excelentes profissionais, um pouco por todo o país; somos a maior rede de consultadoria financeira e mediação de seguros, a nível nacional; em 2009, tivemos o melhor ano de sempre da Decisões e Soluções, tendo prestado aconselhamento a um volume de crédito de 740 milhões de euros.» Paulo Abrantes revela ainda que este ano a empresa prevê prestar aconselhamento a um volume de crédito superior a mil milhões de euros, bem como terminar o ano com cerca de 150 agências e mais de mil colaboradores. «O nosso objectivo é continuar a crescer de uma forma sustentada, aumentando o número de agências e de colaboradores, para chegar a cada vez mais clientes e aumentar o volume de negócios da empresa, de ano para ano, como temos feito até agora.» JUNHO 10 Aos 35 anos de idade, Paulo Abrantes decidiu criar a Decisões e Soluções, uma empresa de consultadoria financeira que agora tem já seis anos de existência. O empreendedor conta que, como já tinha 17 anos de experiência profissional ao nível da gestão de recursos humanos, cinco dos quais na área financeira, achou que estava na altura de criar uma empresa onde pudesse aplicar toda a sua experiência profissional e que tivesse um serviço útil para a população, ajudando as pessoas a viverem melhor. «Constatei na altura que em Portugal fazia falta um serviço de aconselhamento financeiro, a particulares e empresas, em operações de crédito bancário, e foi nesse contexto que surgiu a Decisões e Soluções», partilha. Desde esse dia que «o principal desafio foi, numa primeira fase, conseguir gerir de uma forma personalizada os processos de todos os clientes, que felizmente logo desde o início foram imensos. Numa segunda fase – continua –, foi conseguir gerir e apoiar todos os colaboradores, que estavam distribuídas por todo o país, mas as soluções apareceram e os resultados estão aí», congratula-se. Actualmente, a Decisões e Soluções tem cerca de 100 agências e mais de 800 profissionais distribuídos por todo o território nacional, incluindo as ilhas. O director-geral assegura que têm vindo a crescer de forma sustentada e tendo sempre como preocupação «estar cada vez mais perto dos clientes e da população em geral», motivo pelo qual o número de agências e de colaboradores tem aumentado. «Temos uma estrutura de apoio constituída, actualmente, por um coordenador nacional e sete coordenadores regionais que prestam apoio a todas as agências», esclarece. «Depois, cada agência tem um ou dois directores, responsáveis por toda a equipa de trabalho da agência, nomeadamente os consultores financeiros e os gestores de clientes.» Existe ainda um programa de gestão, desenvolvido pela própria empresa, cujo acesso é feito por todos os colaboradores, via Internet, permitindo acompanhar os resultados e o trabalho que está a ser desenvolvido por todas as pessoas e todas as agências, servindo também para transmitir notícias e novidades à rede. Este programa de gestão tem ainda incorporado um canal de televisão interno – denominado «DS WebTV» –, onde as pessoas que colaboram com a Decisões e Soluções podem ver filmes, com os vários eventos que a empresa vai tendo ao longo do ano, com intervenção das pessoas que mais se vão destacando © Decisões e Soluções Texto: Ana Leonor Martins 5 ZOOM RH PERSPECTIVA Gestão da performance ‘Helping you push harder’ © JA Elsa Maria Dinis, da PricewaterhouseCoopers, e a gestão da performance. Algo que, na sua opinião, «implica simplesmente, definir uma meta ou um destino, estabelecer um rumo e orientações de navegação para aí chegar e clarificar qual o papel que cada um de nós deve desempenhar na travessia». Texto: EMD As actuais práticas de gestão e o contexto económico em que hoje desenvolvemos actividade conduzem-nos à necessidade de resultados e performance superiores. A gestão da performance é perspectivada como boa prática a seguir, a partir de organizações reconhecidas pela elevada capacidade de concretização e entrega de resultados. Olhar para a gestão da performance como um sistema de gestão, um modelo de práticas a seguir, tornou-se frequente, aparentemente sem que a questão-chave sobre o seu sucesso seja tratada de forma directa e mais profunda. Na Human Capital Advisory Services da PricewaterhouseCoopers (PwC) temos reflectido sobre o sucesso da gestão de performance, que entendemos que passa por transformar a estratégia em resultados através das pessoas. Na prática, conseguir o alinhamento estratégico em torno dos objectivos da organização, implementar sofisticados siste- JUNHO 10 Gerir performance é, cada vez mais, definir e comunicar objectivos, orientar, envolver e integrar as pessoas no caminho para o seu cumprimento e passar a noção do contributo individual para os resultados. 6 Elsa Maria Dinis é ‘manager’ de Human Capital Advisory Services da PricewaterhouseCoopers mas de gestão da performance e garantir a sua articulação com outras práticas de gestão de capital humano da organização não contribuem, por si só, para que uma organização atinja performances superiores. É o envolvimento das pessoas neste processo, muitas vezes negligenciado, que constitui a chave para alcançar resultados superiores. Procurando desconstruir e simplificar as abordagens ao tema, temos reflectido sobre o conceito de gerir performance enquadrado numa metáfora associada à navegação. Com efeito, gerir performance implica, simplesmente, definir uma meta ou um destino, estabelecer um rumo e orientações de navegação para aí chegar e clarificar qual o papel que cada um de nós deve desempenhar na travessia. Criar o modelo de navegação aparenta grande simplicidade e qualquer ‘benchmark’ de práticas de gestão nos pode ajudar neste contexto. Mas o segredo do sucesso do bom timoneiro está na comunicação da sua estratégia de navegação e na capacidade de envolvimento das equipas. Gerir performance, hoje mais do que em outros momentos, tem de passar pela capacidade para levar outros a compreender o rumo que pretendemos seguir e por quê. Alinhar estrategicamente uma organização significa definir o caminho e as razões subjacentes à escolha. O envolvimento das pessoas neste rumo passa pela clarificação da necessidade de seguir estas e não outras direcções – ninguém contribui com todo o seu potencial para o cumprimento de um objectivo se não tiver muito clara a sua relevância e qual o contributo que pode dar no percurso. Gerir performance é, cada vez mais, definir e comunicar objectivos, orientar, envolver e integrar as pessoas no caminho para o seu cumprimento e passar a noção do contributo individual para os resultados. Na prática, trata-se de um conjunto de acções de relação que fazem sobressair o melhor que existe em cada um de nós. Gerir performance é fazer com que cada pessoa, na sua relação com a organização, possa fazer mais pelos nossos resultados. A questão-chave da nossa reflexão terá de ser ‘who (e não ‘what’) helps you push harder’. ZOOM RH LANÇAMENTO «E3 – Executive Expertise for Engineers» Uma nova aposta do ISQ Marta Branquinho Garcia, ‘brand manager’ da «E3 – Executive Expertise for Engineers», assinala que esta nova submarca do ISQ visa «a excelência e ser referência no mercado da formação de engenheiros». Nota: mais informações sobre o «E3 – Executive Expertise for Engineers» pode ser obtida por ‘e-mail’ ([email protected]). dos das várias pós-graduações (actualmente, cerca de 180 alunos), além de tentar minimizar o esforço feito depois de oito ou mais horas de trabalho; - o acesso gratuito mediante reserva às instalações desportivas do ISQ (pavilhão, campo de ténis e ‘squash’); - acesso a parqueamento subterrâneo; - canal de comunicação aberto entre a equipa E3 , os formadores/ coordenadores técnicos e os formandos, através de uma plataforma ‘on- line’; - aumento da carga horária das pós-graduações dedicadas à parte prática e a casos reais (visitas aos vários laboratórios); - grande parte das pós-graduações feitas em parceria com entidades ligadas à Engenharia (nas suas várias vertentes) e à Saúde, universidades, escolas superiores e inclusive com equivalências de estrutura curricular para continuação para mestrado; - dada a alteração do perfil dos formandos das pós-graduações a nível nacional (que tende a ser cada vez de idade mais baixa), foi feita a opção por soluções de financiamento bancário com taxas mais atractivas para os formandos. Segundo Marta Branquinho Garcia, «além das pós-graduações foi alargado o espaço de actuação a seminários e outros eventos, com temáticas cuja tónica incide sempre na inovação, na tecnologia e na engenharia». Isto tendo em conta o facto de a nova sub-marca do ISQ visar «a excelência e ser referência no mercado da formação de engenheiros , com a sua génese na grande marca de Engenharia que é o ISQ». JUNHO 10 A Direcção de Formação do ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade lançou recentemente uma submarca, o «E3 – Executive Expertise for Engineers», cujo objectivo é prosseguir «um trabalho de elevada notoriedade que o ISQ presta já há mais de 20 anos na formação pósgraduada», assinala a ‘brand manager’, Marta Branquinho Garcia (na foto). Com a criação do «E3 – Executive Expertise for Engineers», a responsável acredita que «foi elevada a fasquia, com a oferta de um serviço integrado de inovação e de excelência complementar à formação prestada». Nesta sub-marca são trabalhados três serviços: «Tertúlias Técnicas», «Seminários» e «Pós-graduações». Em relação às pós-graduações (estão nove actualmente a decorrer), foram acrescentadas inovações, nomeadamente ao nível do serviço prestado: - através de uma actividade de boas-vindas, normalmente ‘outdoor , complementada com uma acção de ‘team building’ (por exemplo, uma aula de ‘surf’ para os formandos, seguida da acção de ‘team building’ ainda na praia), ou uma sessão de formação em massagens ou mesmo uma sessão de formação em culinária, com o apoio de algumas marcas de relevo, visando criar um primeiro contacto e a interacção num outro registo entre a equipa E3 , os formadores, os coordenadores técnicos e os formandos; - refeições ‘gourmet’ diárias, por um lado para enriquecer o produto «Pós-graduações» com um serviço de qualidade e de requinte, e por outro permitir a interacção dos forman- © FP Texto: Mário Sul de Andrade 7 ZOOM RH FLASH INTERVIEW Álvaro Nascimento, director da eGe – Atlantic Business School «A lusofonia congrega um enorme espaço de oportunidades para os negócios.» Texto: Ana Leonor Martins JUNHO 10 Num contexto de concorrência cada vez mais feroz, e à escala global, como encara a importância da formação dos quadros superiores? A inovação é apontada como um dos factores-chave de sucesso empresarial mas raramente é associada à gestão empresarial propriamente dita, seja no que respeita à forma da organização empresarial, seja às melhores práticas e aos melhores mecanismos para obter o compromisso dos trabalhadores e o alinhamento com as estratégias da empresa. Inovar na gestão requer profissionais qualificados, capazes de compreenderem a organização nas suas múltiplas dimensões e na sua relação com a envolvente. Os programas de formação de executivos servem o propósito de criar um ambiente propício ao empreendedorismo na gestão, condutor de inovações que aumentam a competitividade e permitem a liderança das empresas num mundo cada vez mais global. 8 Mas a própria formação ter-se-á que adaptar a novas exigências. Será que vai continuar a haver espaço para a formação tradicional? Os vários níveis de formação correspondem a diferentes ambições em termos de percursos profissionais. Actualmente, as licenciaturas de Bolonha colocam ênfase numa abordagem mais conceptual. Esta mudança no ensino reclama trabalhar adicionalmente nos alunos as suas competências transversais – as ‘soft skills’. Ao mesmo tempo, exige que as universidades se aproximem das empresas e da comunidade externa. Os mestrados actualmente têm um carácter Álvaro Nascimento assinala que os dois MBAs da EGE – o «MBA Internacional» e o «MBA Atlântico» –, «ao fomentarem a inovação na gestão, permitem a construção de uma rede de diplomacia económica que ajuda as empresas a expandirem-se além fronteiras». © EGE Acreditando na importância crescente da formação especializada em contexto internacional, a EGE – Atlantic Business School está a privilegiar interligações empresariais cada vez mais estreitas, nomeadamente entre países lusófonos em expansão económica, como o Brasil e Angola, e também com a vizinha Espanha. Assim, disponibiliza o «MBA Internacional» e o «MBA Atlântico», que nas palavras de Álvaro Nascimento, director da EGE, «permitem a construção de uma rede de diplomacia económica que ajuda as empresas a expandir-se além fronteiras, reforçando as suas vantagens competitivas e aumentando a probabilidade de sucesso». mais especializado e, com percursos mais abertos a montante, funcionam como espaços para a preparação de técnicos qualificados em determinadas áreas específicas, preparando profissionais mais capazes do que as licenciaturas tradicionais, ainda que com um espaço de abrangência mais restrito. É neste sentido que a formação ao longo da vida ganha uma nova perspectiva e reclama das escolas de negócios uma necessidade de serem capazes de integrar o conhecimento acumulado na universidade e nos percursos profissionais. Têm dois MBAs focados num contexto internacional. Que especificidades os distinguem? O «MBA Internacional» é um MBA executivo, em regime pós-laboral e com duração de 15 meses, que permite formar quadros de empresas enquanto se mantêm na sua vida profissional. Este programa aposta na internacionalização por duas vias, através da ESADE Business School, de Barcelona, e através das duas missões internacionais ao estrangeiro – no Brasil, com ZOOM RH De que forma podem estes MBAs ajudar a tornar as empresas portuguesas mais competitivas? Ao fomentarem a inovação na gestão, os dois MBAs permitem a construção de uma rede de diplomacia económica que ajuda as empresas a expandirem-se além fronteiras, reforçando as suas vantagens competitivas e aumentando a probabilidade de sucesso. As empresas integram o conselho de orientação estratégica da escola, auxiliando no seu posicionamento e explicitando as suas necessidades. Por seu lado, os empresários encontram na escola um espaço que dá eco às suas preocupações e que os pode auxiliar no reforço dos seus factores de competitividade – a inovação na gestão. O facto de termos como um dos parceiros a Associação Empresarial de Portugal (AEP) contribui para este objectivo. Por quê a aposta no espaço da lusofonia? Porque nos pareceu natural, dadas as ligações com os nossos parceiros universitários, e o facto de entendermos que havia uma oportunidade por explorar. A lusofonia congrega um enorme espaço de oportunidades para os negócios. O passado histórico comum e a partilha da mesma língua são o maior activo que pode ser explorado. Numa visão moderna do mundo, a cooperação entre estes três países, que como tem sido frequentemente referido integram o triângulo virtuoso do Atlântico, tem condições para se desenvolver e para afirmar a pujança das respectivas economias. JUNHO 10 a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e em Espanha, com a ESADE. O «MBA Atlântico» é um programa em ‘full-time’. O facto de acolhermos alunos com disponibilidade de tempo permite-nos colocá-los em diferentes ambientes – a Católica no Porto, em Portugal, a Católica de Angola e a Pontifícia Católica, no Brasil – e, por essa via, construir um capital de conhecimento e intercâmbio que de outro modo seria impossível alcançar. 9 PRIMEIRA OPINIÃO Gestão do compromisso © Altran As empresas do século XXI necessitam de novos modelos para motivar o talento Sónia Rosa Directora de Recursos Humanos da Altran [email protected] Num ambiente muito mais competitivo, onde a oferta supera em larga escala a procura, as empresas têm que diferenciar-se, não só em relação à captação de clientes mas também, e especialmente, no que à retenção do talento dos seus profissionais diz respeito. Hoje, as empresas necessitam de contar com profissionais comprometidos, com grande capacidade de adaptação, conhecedores da respectiva organização e do seu mercado, e que contribuam com ideias, criatividade, inovação… Ou seja, contar com os melhores profissionais, alinhados e capazes de uma contribuição eficaz. Contudo, para que isso aconteça, não basta ter profissionais que saibam e possam fazer o seu trabalho, é preciso que eles queiram fazê-lo e «queiram fazê-lo na nossa empresa». É Não se trata simplesmente de comprometer o talento intelectual, mas alcançar um vínculo emocional com o projecto. Para isso, as empresas devem trabalhar na implementação de medidas que satisfaçam as necessidades pessoais dos trabalhadores, em função de variáveis como vinculação, conciliação e desenvolvimento pessoal. É preciso que os profissionais sintam o projecto como seu. Por isso, há que fazer com que participem na cultura, nos objectivos, nas acções e, em definitivo, em tudo o que ocorre na organização, não só de modo informativo, mas fomentando a participação e a implicação. Para isso é necessário uma comunicação transparente e bidireccional entre empresa e trabalhadores, que fomente valores de respeito, participação e trabalho em equipa. JUNHO 10 Não basta ter profissionais que saibam e possam fazer o seu trabalho, é preciso que eles queiram fazê-lo e «queiram fazê-lo na nossa empresa». 10 aqui que entram os conceitos de motivação e de gestão do compromisso, como reptos principais para a direcção de pessoas. Os novos profissionais (muitos deles da chamada Geração Y) contam com maior nível de formação e exigência, além de um novo sistema de valores, no qual não tem influência apenas o salário mas sim conceitos como qualidade e experiência de vida, ou o chamado «salário emocional». Se dúvidas existissem, não vale a pena tratar a pessoa como apenas mais um «parafuso» da engrenagem; as pessoas desejam (e ganharam o direito de) ser tratadas como «pessoas únicas». Como se consegue melhorar o grau de compromisso dos colaboradores com a respectiva empresa? As empresas do século XXI necessitam de novos modelos para motivar o talento. Para estabelecer um óptimo sistema de gestão de compromisso é fundamental agir sobre as chaves do mesmo: os factores estruturais. Recomenda-se pois um estilo de direcção e uma cultura de empresa centrada e baseada em valores, que partam de uma visão global mas desenvolvida de forma personalizada, como base de um compromisso sustentável. Por outro lado, é necessário estabelecer medidas de conciliação da vida pessoal com a vida laboral, desde o ponto de vista do equilíbrio, em se conjuga os objectivos empresariais com os pessoais, tratados de forma individual e única para cada trabalhador. Medidas como sistemas de autorizações, horários personalizados ou teletrabalho ajudarão a uma melhor gestão do tempo e a um aumento da produtividade. Se juntarmos isto à implementação de planos de apoio ao desenvolvimento pessoal através de programas de formação, oportunidades de melhoria, mobilidade, programas de incentivos e retribuição flexível, etc, conseguiremos, com o tempo, colaboradores mais comprometidos, o que terá reflexo nos resultados globais. As empresas, todas as organizações, devem esforçar-se por procurar este equilíbrio, entre elas próprias e os profissionais, com base na fórmula ‘win-win’. Só assim serão capazes de renovar o compromisso com eles, para sobreviver às contínuas mudanças de mercado. Já agora, convém não esquecer que o compromisso se cria diariamente e se renova também diariamente. PUB JUNHO 10 RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA 12 RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA «Rock in Rio» Música por um mundo melhor Seis anos depois da sua primeira edição em Lisboa, o «Rock in Rio» volta à capital portuguesa para a quarta edição. A decorrer até dia 30 de Maio, reúne não só dezenas de artistas e milhares de pessoas, como volta a promover várias acções sociais. A vice-presidente executiva, Roberta Medina, fala de um evento que, muito mais do que música, procura promover um mundo melhor. Texto: Ana Leonor Martins Fotos: Vítor Gordo – Syncview Mundo Melhor». Tinha dois objectivos concretos: tocar ao mercado e às pessoas. «Ao mercado porque o ‘marketing’ social não era de todo usado no Brasil; e, por outro lado, criar uma provocação na cabeça do público, nem que fosse pela repercussão da frase ‘por um mundo melhor’ todos os dias», pois primeiro é preciso despertar para a ideia de que isso pode existir e só depois tentar mudar atitudes e mentalidades. Tem que ser aos poucos», faz notar Roberta Medina. E é por isso que tudo o que fazem em comunicação é «de forma o mais natural possível e sem pretensões didácticas; muito mais pela emoção, pela vivência e pelo exemplo, usando o que temos como ferramenta, que é a música, o ‘glamour’ dos artistas e o mediatismo do projecto», diz. A estratégia usada com o projecto social é a mesma usada para o festival em si – criar, ao longo do tempo, vários acontecimentos, pequenos, que lhe vão dando visibilidade. «E quanto mais forte for a marca do evento, mais forte é o projecto social, e vice-versa», reconhece, sublinhando ainda que não se trata de solidariedade, mas sim de uma estratégia de comunicação, de ‘marketing’, que aproveita um determinado negócio para promover algo mais; é um evento comercial que dedica uma parte ao social. E a postura assumida é divulgar, contar, para que os outros copiem. É a nossa forma de fazer e a forma como podemos contribuir, através da comunicação.» Aposta cada vez com mais força Em Portugal, o projecto social do «Rock in Rio» começou a ganhar maior expressão a partir do momento em que a marca foi ficando mais forte. Roberta Medina salienta que o que conseguiram fazer nesta quarta edição, a decorrer até dia 30 de Maio, nem se JUNHO 10 Roberta Medina lembra que quando chegaram a Portugal, em 2004, perguntaram quais eram os maiores problemas sociais do país e a resposta foi o trânsito e os transportes. Por isso, na primeira edição do «Rock in Rio Lisboa» 50% dos recursos foram para fora do país, para a «Plan International Childreach». Em 2001, na terceira edição do evento no Brasil, Roberto Medina criou o conceito «Rock in Rio Por um Mundo Melhor». É aí que se encontra a génese da aposta na área da responsabilidade social, tendo sido então que Roberta Medina, filha do mentor do projecto e sua actual vice-presidente executiva, bem como presidente da Dream Factory, começou a interessar-se por esta temática. «Apercebi-me de que tudo o que passa pelo social ainda está sempre na decisão de alguém, ou seja, é uma motivação pessoal», acredita. E foi assim que o «Rock in Rio» se tornou no «Rock in Rio Por um Mundo Melhor», devida a «uma motivação do Roberto, um homem da comunicação para quem fazer só um evento de música deixou de fazer sentido, porque o ‘stress’ é muito grande, o risco financeiro enorme, a responsabilidade gigantesca», conta. «A ideia era fazer um evento que promovesse o convívio, usando a música como ícone de paz e que servisse de ferramenta para justificar o investimento das marcas. Mas tornou-se em algo contrário a esse espírito, e por isso decidiu deixar de o fazer.» Só que no Brasil o «Rock in Rio» é uma marca muito forte, «é como se fosse o Woodstock para o mundo», diz Roberta Medina, «tornou-se um ícone para uma geração, porque a primeira edição surgiu quando estávamos a eleger o presidente através de voto directo pela primeira vez», recorda. «Passou assim a estar ligado a um movimento de liberdade e a fazer parte da história cultural do ‘show business’ no país. Passados 10 anos, as pessoas ainda continuavam a pedir, a perguntar pelo evento, e foi o que fez o Roberto promover outra edição, mas encontrando uma nova motivação, para ele próprio.» E foi assim que voltou o «Rock in Rio», agora «Por um 13 JUNHO 10 RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA 14 compara com a primeira. Lembra que quando chegaram a Portugal, em 2004, para a primeira edição do «Rock in Rio» em solo europeu, perguntaram a algumas pessoas que foram conhecendo, «que obviamente tinham uma vida estável», quais eram os maiores problemas sociais de Portugal e a resposta foi o trânsito e os transportes. Por isso, na primeira edição, 50% dos recursos foram para fora do país, para a «Plan International Childreach», porque não sabiam quais os problemas sociais em Portugal, e os outros ficaram com a SIC Esperança, entidade com a qual estabeleceram uma parceria para os ajudar nesta matéria. Definiram apenas que se privilegiasse as crianças carenciadas. «Na segunda edição já fizemos algo mais consistente e só trabalhámos com instituições portuguesas, com a ACAPO [Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal] e as CERCIS [Cooperativas de Educa- ção e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados]», recorda Roberta Medina. «O problema muitas vezes não é falta de recursos, mas sim a visibilidade, e nós conseguimos isso.» Também nesse ano foram contactados pela eValue e aderiram à iniciativa CarbonoZero. Em 2008 surgiu o projecto «Escola Solar», envolvendo todos os distritos, com «uma mobilização regional enorme», e por isso a iniciativa foi repetida este ano. «Tem sido um sucesso e prova que a estratégia de usar o festival como atractivo para os jovens se envolverem funciona», garante. «Tivemos mais de três mil jovens a participar e o agradecimento de professores, dizendo que alunos difíceis, que não se interessam por nada, participaram para poder ganhar um bilhete para o ‘Rock in Rio’. Temos noção de que foi por isso que a maior parte dos alunos participou, mas tiveram que estudar para fazer o projecto, e alguma coisa teve que entrar, e isso já é muito bom.» Em 2010 foi estabelecida também uma parceria com o Ministério dos Transportes para a campanha «Vá de transportes públicos», com a Secretaria de Estado da Igualdade para a promoção de acções contra a discriminação na «Cidade do Rock», onde também vai haver, por exemplo, mensagens de sensibilização para o consumo responsável, da responsabilidade da DECO, a passar nos ecrãs durante o evento, e a Sociedade Ponto Verde e a Operação Nariz Vermelho também vão interagir com as pessoas, para «de forma lúdica passar mensagens importantes», e vão recolher guitarras assinadas pelos artistas RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA para depois leiloar. Há ainda o livro «Rockinho, Por Um Mundo Melhor!», projecto ao qual cederam os ‘royalties’. É da autoria de Gilda Nunes Barata, que teve a ideia de «criar uma personagem que pudesse servir de canal de comunicação com as crianças para falar do conceito do social». Para Roberta Medina, outro passo importante dado este ano foi o lançamento do prémio «Rock in Rio Atitude Sustentável», sendo precisamente a sustentabilidade o tema desta edição, para distinguir projectos ou atitudes, pessoas, empresas ou instituições, sustentáveis, em três áreas: social, ambiental e económica. «Foram convidadas figuras notáveis, como Jorge Sampaio, com informação e conhecimento sobre a matéria a nível nacional, para fazer as nomeações, tendo depois sido o público a votar», explica. «A intenção foi dar visibilidade a coisas que valem a pena e não eleger a melhor.» Apesar da adesão do público, Roberta Medina lamenta que tenha tido pouca repercussão em termos de ‘media’, mas já é quase o patamar onde querem estar, que é «ter a marca ‘Rock in Rio’ a ser usada como plataforma de comunicação de algo mais; nós funcionámos só como mobilizador de pessoas e quem deu a cara foi quem percebe e conhece profundamente o tema», ressalva. «O caminho é esse – continua Roberta Medina –, quanto mais forte conseguirmos que o projecto social seja, mais acções podemos promover, cada vez mais interessantes e apelativas para os ‘media’, que ainda não pegam nestes temas. Não temos a pretensão de mudar o mundo, mas são projectos bons. E queremos que sejam divulgados, não só para criar valor para a marca, que é obviamente importante, mas sobretudo para dar voz a causas importantes. E é muito bom que figuras públicas dêem a cara porque são exemplo e as pessoas copiam, é assim que a sociedade funciona. É preciso comunicar da forma como a sociedade pensa.» Pequenos passos para um fim maior Na opinião da vice-presidente executiva do «Rock in Rio», há ainda um grande desconhecimento do que é a responsabilidade social, não por falta de informação, mas por falta de uma eficiente comunicação, que «tem que ser diferente e mais interessante, provocativa; estamos habituados a fazer de outra forma, por isso temos que ser estimulados a fazer diferente», defende. «Só há duas formas de mudar, ou porque fomos obrigados pelas circunstâncias, como quando foi o apagão no Brasil e aí as pessoas tiveram mesmo que reduzir o consumo de energia, ou tentando criar motivações ou algum beneficio imediato. Crescemos a ser educados na ideia de que quanto mais se tem, melhor; e de repente alguém diz que é ao contrário, que tendo muita coisa somos pessoas piores, mas não é assim. O ser humano e a sociedade não funcionam assim», sublinha. Roberta Medina não vê nenhum problema em que empresas usem a responsabilidade social como ferramenta de ‘marketing’, para promoverem a sua imagem. «Antes pelo contrário, tenho pena que não façam mais, porque seja qual for a motivação, estão a fazer. Não há mal nenhum em apostar na visibilidade, e se todas as empresas fizessem isso o mundo JUNHO 10 A vice-presidente executiva do «Rock in Rio» trabalha com uma equipa fixa de 12 pessoas, número que sobe para cerca de 300 quando se aproxima o evento. Não é responsável directa pela contratação, mas privilegia a boa energia, o empreendedorismo, a dedicação e o optimismo. 15 RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA Algumas acções de 2010 16 Fotos: Agência Zero JUNHO 10 Dando continuidade ao projecto iniciado em 2008 (que adoptou como tema «Alterações Climáticas»), em 2010 o «Rock in Rio» apostou na consciencialização da sociedade portuguesa para a «Sustentabilidade», pretendendo demonstrar que pequenas mudanças de atitude e comportamento no dia-a-dia têm impacto no futuro do planeta. E as acções promovidas em 2010 no âmbito do projecto social do «Rock in Rio» foram as seguintes: - «Rock in Rio Escola Solar» – concurso dirigido às escolas de todo o país, que apresentaram projectos que conjugam benefícios de carácter sustentável e social com aplicabilidade nas suas comunidades. Às 20 escolas vencedoras foram oferecidos mil bilhetes para o «Rock in Rio Lisboa», ‘t-shirts’, certificados de participação e sistemas fotovoltáicos. A energia solar captada por estes painéis vai ser vendida à rede pública, revertendo 25% do valor para a escola e os restantes 75% para a SIC Esperança. - Doação de parte das receitas de bilheteira à SIC Esperança, que irá seleccionar as instituições portuguesas que irão receber as verbas recolhidas através do projecto social do evento, assegurando, posteriormente, a sua correcta implementação. - Troféus «Rock in Rio Atitude Sustentável», criados com o intuito de homenagear pessoas e organizações (públicas e privadas) que se distingam pelo comportamento e pelo empenho na melhoria da qualidade de vida da comunidade, ao nível local e/ ou nacional, em torno do desenvolvimento sustentável e tendo como base três pilares – o ambiental, o social e o económico. - Campanha «Vá de Transportes Públicos ao Rock in Rio-Lisboa». - Projecto «Rockinho. - Colaboração com a Secretaria de Estado da Igualdade, numa acção de sensibilização contra as discriminações, com artistas do Chapitô. - Colaboração no lançamento do livro «Rockinho, Por Um Mundo Melhor!». - Plano de redução de emissões de gases com efeito de estufa. - «Evento 100R», sendo todos os resíduos de embalagem produzidos durante o evento recolhidos e reciclados posteriormente, numa parceria com a Sociedade Ponto Verde e com a iniciativa CarbonoZero, com compensação de todas as emissões de carbono inevitáveis. - «Manual de Boas Práticas» para fornecedores e parceiros. RESPONSABILIDADE SOCIAL – TEMA DE CAPA «Há ainda um grande desconhecimento do que é a responsabilidade social, não por falta de informação, mas por falta de uma eficiente comunicação», assinala Roberta Medina. Quanto à responsabilidade social interna, para com a equipa que trabalha consigo, Roberta Medina brinca dizendo que os colaboradores «estão mais para circo do que para empresa», no sentido de não serem «super organizados». Explica… «A filosofia é a de que temos de ser felizes, porque fazemos um projecto para as pessoas serem felizes. Trabalhamos muitas horas, mas todas as pessoas que se envolvem no projecto fazem-no por paixão, senão também não aguentavam. Cada um é responsável por gerir o seu tempo e o ambiente, e apesar do ‘stress’ e da adrenalina serem elevados acaba por ser muito bom.» Roberta Medina trabalha com uma equipa fixa de 12 pessoas, número que sobe para cerca de 300 quando se aproxima o evento. Não é responsável directa pela contratação, mas privilegia a boa energia, o empreendedorismo, a dedicação e o optimismo. Conta com dois directores que vieram do Brasil, «muito bons líderes e que sabem envolver as pessoas, e depois há os coordenadores». Considera que o desafio é um bom planeamento, contratar bem e saber delegar. Depois do evento, segue-se a fase da desmontagem, as férias e o regresso, «cheios de força» e com «novas ideias para ajudar, ainda que com pequenos gestos, a construir um mundo melhor». JUNHO 10 estaria resolvido», diz. Não tem dúvidas de que «há muitos interesses do mercado que atrasaram estas discussões», mas defende que não se pode desvalorizar pequenos passos, só porque não são perfeitos. Dá um exemplo: «Desenvolvemos um plano de redução das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, com a eValue, para um evento temporário da dimensão do ‘Rock in Rio’ não há muito que se possa fazer. Se quisesse trocar a iluminação do Palco Mundo para LEDs ia custar 200 mil euros a mais. Financeiramente não é viável e ninguém me pode exigir que faça isso.» «No fim é preciso pagar as contas», faz notar Roberta Medina, por isso tem que ser uma actividade lucrativa. «Fazemos o que está ao nosso alcance, que é assumir um compromisso de doação de dois a cinco por cento da venda de bilhetes à SIC Esperança, que decide quais os projectos apoiar e assume o compromisso de os acompanhar», clarifica. «Dois por cento é um valor mínimo, já está previsto no ‘break-even’, e mesmo podendo não atingir esse limite é um compromisso que assumimos, porque achamos que é o mínimo da nossa responsabilidade, e depois, à medida que vendemos mais, damos mais», esclarece. Por exemplo, em Espanha «o cenário não está fantástico» e fizeram um investimento alto para poder garantir transporte público gratuito para toda a gente, para promover a redução da poluição dos automóveis privados». Não conseguindo fazer um balanço entre o que dão e o que recebem da sociedade, Roberta Medina acha que não é pelos projectos sociais do «Rock in Rio» que vendem mais bilhetes. Mas admite que contribui para a força da marca e para conseguir alguns patrocinadores, além de que em termos de credibilidade, sem dúvida nenhuma, isso gera resultados. De qualquer forma, enquanto no Brasil continuam a ser a marca ‘top of mind’ associada à música, cá trata-se apenas de um produto forte. 17 DUPLA EXPRESSÃO © Paulo Marques Conta a lenda que Nasrudin tinha tanta coisa contra o seu jumento, ao ponto de pensar que o mais óbvio a fazer seria vendê-lo para poder arranjar outro. Com esse objectivo, foi ao mercado, encontrou um leiloeiro e entregou-lhe o jumento para que fosse vendido. Quando o animal foi exposto para venda, lá estava Nasrudin com toda atenção. «E o próximo lote», anunciou o leiloeiro, «é este soberbo, inigualável, maravilhoso jumento! Quem dá o primeiro lance e oferece cinco moedas de ouro?» «Só cinco moedas de ouro por um jumento?», impressionou-se Nasrudin. E perante isto, ele próprio abriu o leilão. À medida que o preço subia, com o leiloeiro a 18 Ao Cristiano Ronaldo, o seu mérito JUNHO 10 Manuela Cruz Administradora da Célula 2000 [email protected] senvolvidos por cada sujeito para superar as dificuldades ou vencer os obstáculos. Estes esforços tornam a pessoa bem vista e estimável perante os outros e transmitem-lhe auto-estima. Temos de ter em atenção que o mérito é um atributo que não depende da avaliação de terceiros. Portanto, teremos ou não mérito decorrente dos nossos feitos, das nossas capacidades e da demonstração pública dos mesmos. Na sua vida profissional, o leitor pode afirmar que já tentou tudo? Já fez tudo e mais alguma coisa e não consegue ter mérito? Quantas tentativas frustradas já fez para ter sucesso? Quantas vezes já responsabilizou os outros pela sua falta de sorte? Quantas O Makukula talvez acredite que o Cristiano Ronaldo nasceu abençoado, que tem sorte na vida e que ele, Makukula, ainda não conseguiu a tal oportunidade. apregoar a cada licitação as maravilhas daquele jumento, Nasrudin ficava mais e mais ansioso por comprá-lo. No fim, a disputa concentrou-se em Nasrudin e num agricultor. Assim que se alcançou a licitação de 40 moedas de ouro, o leiloeiro bateu o martelo e o jumento foi arrematado por Nasrudin. Pagou ao leiloeiro a comissão de um terço e ficou com a parte do dinheiro que correspondia ao vendedor. E então, tomou posse do jumento conforme cabia ao comprador fazê-lo. O jumento talvez valesse umas 20 moedas de ouro. Ou seja, Nasrudin ficou sem um tostão – mas tinha comprado um jumento, cujos méritos ignorara (conforme agora se dava conta) até terem sido tão brilhantemente retratados pelo leiloeiro da cidade. «Nunca perco um bom negócio», disse Nasrudin a si mesmo, enquanto voltava para casa com seu prémio. Esta passagem foi adaptada do livro «Histórias de Nasrudin», das edições Dervish. *** O mérito é um valor moral, que deve ser considerado em função dos esforços de- vezes deixou escapar uma oportunidade? Em mês do Mundial de Futebol na África do Sul, acham que o Cristiano Ronaldo (Real Madrid) sabe algum segredo a que o Makukula (emprestado ao Kayserispor pelo Benfica) não tenha acesso. Talvez o Makukula jamais tenha lido um livro de técnicas de ataque, ou não saiba trabalhar em equipa, ou não tenha as noções mínimas sobre gerir o ‘stress’, enquanto o Cristiano Ronaldo saberá com certeza explicar e sobretudo aplicar «os métodos e as técnicas eficazes para pessoas altamente rentáveis». Mesmo não sendo fã, não posso deixar de reconhecer: o Cristiano Ronaldo tem mérito. E, ao que parece, tal como Nasrudin, também não perde um bom negócio. O Makukula talvez acredite que o Cristiano Ronaldo nasceu abençoado, que tem sorte na vida e que ele, Makukula, ainda não conseguiu a tal oportunidade. Está à espera que oportunidade lhe bata à porta? Ou de se transformar de repente num profissional de mérito? Então, espere sentado. Ou esforce-se. Votos de um mundial de ouro para a selecção de todos os portugueses! DUPLA EXPRESSÃO Artur Fernandes Advogado e Consultor de Recursos Humanos [email protected] JUNHO 10 tuação?» O debate que se seguiu não foi no sentido de saber como cada um poderia contribuir para resolver o problema. Não foi sequer ventilado. Em vez disso, a plateia dividiu-se em três grupos: os que diziam que a culpa era dos governos, os que culpavam os trabalhadores e os que diziam que os maus da fita eram os empresários. Não se chegou a consenso, nem era espectável que se chegasse, pois a culpa sempre foi da falta de cidadania dos portugueses e do seu laxismo egoísta. Essa mesma falta de cidadania e esse mesmo laxismo egoísta que não nos irá deixar sair tão depressa do buraco em que nos metemos. Vejamos dois sintomas: - primeiro, com a publicação do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), logo se organizaram grupos de trabalho formais e informais para estudar a melhor maneira de lhe «dar a volta»; - segundo, o ministro da Economia lança campanhas de «compre português» enquanto se faz transportar num BMW produzido no Seixal (ai não é lá que os produzem?). Faça-se justiça ao homem – pelo menos anda num carro produzido por quem nos sustenta os vícios. Se acredito que nos vamos safar desta? Sempre nos safámos, mas em troca de valores muito elevados como a liberdade, a independência ou a honra. Não sei o que teremos que dar em troca desta vez, mas que ninguém nos vai salvar pela cor dos nossos olhos, disso podem ter a certeza. Sou pessimista? Não. Isso era em 2002. Agora sou realista. © PG Pelo menos tenho os meus milhares de alunos que sabem que ando desde 2002 a dizer que isto ia acabar mal. Desde essa data que, com base a elementos disponíveis na Internet, para qualquer leigo, se adivinhava que a nossa economia não aguentaria muito mais. Não sou economista, mas não é preciso ser muito inteligente para ver que o regabofe dos carros de luxo, dos juros baixos e de 60% da população a viver à conta do orçamento, não podia durar. Era só até os alemães deixarem. Pois os alemães fartaram-se e … Estourou!!! Agora a culpa é das agências de ‘rating’. Como de costume, mata-se o mensageiro. Em 2004 fui convidado para fazer uma conferência na Universidade Católica para umas centenas de chefias da Administração Pública e apresentei os tais números que ninguém queria ver, mas que faziam adivinhar a catástrofe. Os participantes só não adormeceram porque fui contando umas anedotas pelo meio, mas, tirando isso, não senti ninguém preocupado ou interessado nos nossos reduzidos índices de produtividade, nos altíssimos índices de consumo, no incomportável nível de endividamento e no baixo nível de educação (das piores do mundo). Na fase de debate que se seguiu, a preocupação dos intervenientes era apenas uma: saber de quem era a culpa. Ninguém estava preocupado em saber como tínhamos chegado à situação catastrófica que já se vivia, mascarada pela euforia do euro. A única pergunta recorrente era: «De quem é a culpa de estarmos nesta si- Estourou!!! O ministro da Economia lança campanhas de «compre português» e faz-se transportar num BMW produzido no Seixal (ai não é lá que os produzem?). 19 20 © Sport Lisboa e Benfica JUNHO 10 EM ANÁLISE EM ANÁLISE Como o Benfica chegou à liderança Texto: António Manuel Venda JUNHO 10 Quando no título deste trabalho se fala em chegar à liderança, a ideia não é a de chegar ao primeiro lugar, como aconteceu com a equipa principal de futebol do Benfica esta época no campeonato nacional. É mais do que isso, é a de chegar a um nível em que se pode dizer claramente que existe no futebol do clube uma verdadeira liderança. E é essa liderança que permite, depois, ganhar campeonatos. Quatro profissionais de recursos humanos, todos eles benfiquistas, ajudam-nos a perceber o que esteve na base da grande transformação que o Benfica registou esta época. 21 EM ANÁLISE – COMO O BENFICA CHEGOU À LIDERANÇA Carlos Perdigão «O que mais me impressionou foi a coesão do grupo e o seu grau de motivação.» A primeira opinião que ouvimos sobre a grande transformação do futebol do Benfica esta época foi de Carlos Perdigão, actualmente a exercer advocacia mas com uma longa carreira profissional ligada à gestão de recursos humanos. O advogado fala da mudança que o Benfica conheceu esta época em termos de resultados desportivos da equipa principal de futebol da seguinte forma: «O Benfica percebeu uma coisa relativamente simples – com uma grande equipa de futebol e com o apoio associativo de que dispõe, sem paralelo em qualquer parte do mundo, as ambições Carlos Perdigão 22 © Fernando Piçarra JUNHO 10 «Vem dos tempos da escola primária e dos campeões europeus da década de 1960 a minha relação com o Benfica, e cedo se tornou numa imensa paixão. Aos 18 anos ingressei no quadro redactorial do jornal do clube, pela mão de Paulino Gomes Júnior (dirigente histórico e autor do hino do Benfica) e de Vasco Santos (então chefe da redacção do jornal), ambos já falecidos. Foi uma relação que perdurou muitos anos, 10 dos quais (1973/ 1983) com grande intensidade e com uma presença semanal muito significativa nas páginas do jornal. Foi um tempo de muitas amizades e tertúlias e de uma vivência única nos meandros do clube, em particular do seu futebol. Na altura, o enviado especial do jornal seguia na comitiva com dirigentes e jogadores. A relação que então pude estabelecer com muitos dos grandes vultos do futebol do Benfica foi especialmente estreita. Tive o raro privilégio de transportar muitas dessas vivências para os livros sobre o historial do clube em que participei e que são hoje geralmente reconhecidos como o melhor que se produziu em termos da bibliografia do Sport Lisboa e Benfica. Continuo a colaborar com o clube sempre que a minha contribuição pode ser útil. Tenho lugar cativo no estádio; aliás, vivo a escassos minutos da ‘Catedral’ (uma opção que não aconteceu por mero acaso...). O Benfica tem-me proporcionado alguns dos momentos mais empolgantes da minha vida. Para citar Artur Portela Filho, é de facto uma das raras solidariedades possíveis.» não têm limites. A estrutura dirigente trabalhou no sentido de formar uma equipa altamente competitiva e todas as decisões que tomou nesse sentido primaram pela excelência. Os jogadores que reforçaram o plantel são de excepcional qualidade e a escolha do timoneiro não poderia ter sido mais conseguida, porque Jorge Jesus é um treinador de recursos absolutamente confirmados. E Rui Costa soube estabilizar e disciplinar o futebol profissional do clube. Este é o grande mérito da liderança de Luís Filipe Vieira, uma liderança carismática, reflectida na interacção com os seus pares e na forma como é seguido e respeitado dentro da organização.» Carlos Perdigão afirma que o que mais o impressionou ao longo da época, «para além da qualidade dos espectáculos produzidos, foi a coesão do grupo e o seu grau de motivação». Cita mesmo uma frase que alguém disse, com graça, «o êxito para um novo treinador significa manter os cinco jogadores que o odeiam afastados dos seis que ainda não decidiram odiá-lo», para depois referir que «ao longo da época viu-se um grupo muito unido, coeso e motivado e esse é um crédito que deve ser reconhecido a Jorge Jesus e a toda a estrutura do futebol liderada por Rui Costa, sem esquecer que as opções foram assumidas pelo presidente Luís Filipe Vieira». Nesse sentido – conclui –, «são muito notórias as diferenças em relação ao passado recente». Como pontos fortes da actual liderança do futebol do Benfica, Carlos Perdigão destaca a coesão, a motivação, o respeito, a lealdade e a cooperação. «Tudo num contexto de muito maior exigência, rigor e profissionalismo. A administração da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) assumiu publicamente que, concluído o período de construção das infra-estruturas desportivas e de consolidação do Grupo Benfica, a prioridade ia por inteiro para o relançamento do futebol. E os resultados não se fizeram esperar.» Já no que diz respeito a pontos que poderão ainda ser desenvolvidos, o seu comentário é de que se atingiu «um patamar que é preciso manter, sendo que essa manutenção constitui por si só um enorme desafio». Ou seja: «É necessário que o Benfica consolide a sua posição no panorama do futebol português, mas é também necessário que o clube regresse aos bons velhos tempos na Europa. Nesta década já esteve nos quartos-de-final da Liga dos Campeões e em idêntica fase da Liga Europa, obteve mesmo os dois últimos melhores registos de equipas portuguesas em provas da UEFA, mas há que ser mais ambicioso e procurar ir mais além. Nesse aspecto, o discurso de Jesus é muito avisado e assertivo.» Os três principais rostos da liderança no clube, Jorge Jesus, Rui Costa e Luís Filipe Vieira (treinador, director de futebol e presidente, respectivamente) são vistos da seguinte forma pelo jurista: «Luís Filipe Vieira já está, por mérito próprio, entre os grandes presidentes da história do clube. Relançou o Benfica num momen- EM ANÁLISE to de grandes dificuldades e está a colocá-lo a um nível que há bem pouco tempo se julgava impossível. É um visionário e um gestor de alto calibre. E percebeu que tinha em mãos o destino de uma colectividade ímpar, capaz de empresas impossíveis, constituída por gente de uma dedicação e de uma generosidade sem limites. A forma com que devolveu o clube aos sócios e potenciou esse capital de esperança e de emoção fazem dele um líder de forte carisma e grande interacção com a massa associativa. Rui Costa serenou e estabilizou o Departamento de Futebol Profissional, onde há muito não se via um sector de prospecção com os méritos do actual. Jorge Jesus fez aquilo por que há muito os benfiquistas ambicionavam e que era adiado de ano para ano: formou uma equipa e colocou-a no relvado a exibir um futebol de alta qualidade e extremamente competitivo, ilustrado por resultados excepcionais.» Uma última pergunta que colocámos teve a ver com o nome que vem imediatamente à cabeça quando se fala em líder, em futebol e em Benfica. Carlos Perdigão diz que «seria fácil, neste momento, responder Jorge Jesus», mas ainda assim julga «dever prevalecer o nome de Luís Filipe Vieira». Afinal, «é ele, em última instância, o responsável pela contratação de Jorge Jesus e pelo desenho organizacional do futebol profissional do Benfica». Na opinião do advogado, «o que merece ser sublinhado é o espírito de grupo reinante, porque ninguém ganha nada sozinho, por muito forte que possa ser a sua liderança». Daí concluir que «o compromisso, a partilha de responsabilidades e o espírito de lealdade e cooperação que foram instituídos foram a chave do sucesso». Carlos Perdigão é advogado da LCA – Abalada Matos, Lorena de Sèves, Cunhal Sendim e Associados. Pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Lusíada de Lisboa e pela Universidade de Salamanca, integra os corpos sociais da Associação Portuguesa dos Gestores e técnicos dos Recursos Humanos (APG). Desempenhou cargos de topo em várias empresas, em gestão de recursos humanos. Maria Vieira «Esta liderança foi mais estável, mais determinada e menos sujeita a influências externas.» Outra especialista com quem falámos foi Maria Vieira, que integra a consultora Ideias & Desafios, sendo aí a ‘partner’ responsável pela área de Dinamização Empresarial. Apaixonada pela leitura de livros de ‘marketing’, gestão e motivação pessoal, tem participado em acções de formação com personalidades como Jay Levinson, Anthony Robbins, Jake Canfield e Jeffrey Guitomer. Lidera programas de Dinamização Empresarial que apoiam a performance de empresas e equipas. Para Maria Vieira, na mudança que o Benfica conheceu esta época em termos de resultados desportivos da equipa principal de futebol, o papel da liderança «foi decisivo, pois com a sua dinâmica, a estabilidade e a persistência deu aos jogadores a capacidade de acreditarem e de não se desmotivarem». A actual liderança, em paralelo com aquilo que existia no clube em épocas anteriores, é vista pela consultora como «mais estável, mais determinada e menos sujeita a influências externas», o que levou a que a equipa de futebol estivesse «mais coesa, enfrentando os adversários de uma forma muito mais consistente em termos de performance», sendo que «as vitórias foram contagiando os jogadores e os adeptos e o título foi sempre uma certeza e não um talvez». Persistência, determinação e não se deixar abalar por nada são os pontos fortes referidos por Maria Vieira, que acha que pode haver melhorias ao nível da comunicação, nomeadamente «ser mais fluida com os ‘media’ por parte do treinador e haver mais empatia com o público». Maria Vieira fala também dos papéis de Jorge Jesus, Rui Costa e Luís Filipe Vieira, assinalando que são «obviamente de relevo» e fazendo notar que «existe uma grande sinergia entre os três, o que ajuda não só os jogadores mas também os adeptos a estabelecerem um elo ainda mais forte com o clube». Quanto a um nome que lhe venha imediatamente à cabeça ao JUNHO 10 «A minha relação com o Benfica é de espectadora curiosa desde há muitos anos. Não sendo adepta acérrima de futebol, gosto no entanto de apreciar certos jogos, o comportamento dos jogadores dentro e fora do campo, os treinadores e a sua capacidade de gerir uma equipa e conseguir que atinjam os objectivos. Além disso, é interessante ver como uma equipa se move em campo e como consegue estar focada. No fundo, tem muito a ver com as empresas e podem criar-se paralelismos muito engraçados. A motivação para uma meta ambicionada há muito tempo, ser campeão nacional. A criação de âncoras fortes e símbolos duradouros, pois o Benfica é uma instituição que vai além fronteiras, sendo o maior clube nacional em número de sócios. Depois, temos os jogadores e o treinador. Este campeonato foi a prova de que um bom clube tem de ser a envolvência perfeita entre os jogadores e o líder. Foi possível com determinação, focalização e muita motivação fazer um campeonato excelente, com poucas falhas e sempre com a força de se acreditar, o que anima os adeptos e a equipa em si. Foi ainda possível ver que cada jogador teve um papel fundamental no trabalho de equipa e que houve mais coesão entre todos – só um grande líder consegue potenciar as características positivas de cada um e evidenciá-las de modo a todos beneficiarem disso mesmo.» © Fernando Piçarra Maria Vieira 23 EM ANÁLISE – COMO O BENFICA CHEGOU À LIDERANÇA falar-se-lhe em líder, em futebol e em Benfica, a consultora refere outra pessoa que não estas três: Eusébio. Na sua opinião, o Pantera Negra é «um ícone do futebol nacional e obviamente do Benfica» que, «sem nunca ter sido treinador e por isso sem nunca ter sido um líder em funções, é um líder de motivação e uma imagem extremamente positiva do clube». Rodolfo Begonha «Uma lagarta com pouco fôlego, feia e lenta transformou-se numa fantástica borboleta que soube voar.» A frequentar um doutoramento, o gestor Rodolfo Begonha assinala vários aspectos que condicionam os resultados e a mudança, incluindo «a gestão, toda a máquina profissional que tem de estar bem oleada e obviamente a política de contratações, entrando aqui inequivocamente o treinador, que influencia de forma determinante a liderança e a mudança». Vê Jorge Jesus como «uma força da natureza que instituiu uma relação muito especial com a equipa do Benfica» e considera que «a liderança protagonizada pelo treinador foi fundamental», sobretudo pelos seguintes aspectos: «certificar-se de que a comunicação é bem entendida, recorrendo se necessário em momentos cruciais a alguma dureza em nome dos objectivos; obtenção da legitimidade da liderança por parte do Rodolfo Begonha 24 © Fernando Piçarra JUNHO 10 «Recordo ainda os finais da carreira do fantástico Eusébio, em tempos cintilantes do Benfica, mas ‘cinzentos’ do nosso país. Tornei-me conscientemente benfiquista quando comecei a frequentar o antigo Estádio da Luz, partilhando com o meu avô materno uma cadeira no camarote número 83, teria eu talvez oito anos. Depois, fui acompanhando sempre as evoluções do clube como apoiante incondicional, com maior ou mais distanciamento conforme a vida académica, profissional e/ ou pessoal foram permitindo. Muitas alegrias e algumas decepções histórias marcam a minha vida de adepto e de sócio número 12.676 (há mais de 30 anos).» grupo, necessária para assimilar as orientações e para as mesmas serem cumpridas; incutir disciplina, rigor e rotinas desenhadas conforme as capacidades dos jogadores; conseguir uma atitude competitiva, de não desistência, de luta, de ambição, o que só se consegue com uma dinâmica muito orientada para a vitória e com uma forte motivação; obtenção de rendimento por parte dos jogadores, em alguns casos com mais polivalência, outros ajustando-os a lugares onde possuem maior rendimento, outros ainda conseguindo desempenho acrescido, outros refreando tendências individualistas e colocando as suas capacidades com sucesso ao serviço da equipa; os jogadores cumprem a sua missão durante todo o jogo, dando a ideia de o fazerem com gosto, no fundo eles jogam; a equipa está entrosada, acerta passes, faz jogadas, joga bem, marca golos, conquista os adeptos e enche o estádio, situação que não se verificava». Posto isto, ser campeão foi «um corolário lógico para a época que a equipa fez». Tendo presente o que aconteceu noutras épocas, Rodolfo Begonha diz que agora se afigura como básico que «a liderança é um aspecto decisivo, que se compreende perfeitamente atendendo aos resultados obtidos pelo Benfica e à mudança fundamental da performance, incluindo jogadores que já integravam o plantel». Metaforicamente, arrisca dizer que «a liderança proporcionada pelo timoneiro Jesus proporcionou uma metamorfose, que transformou uma lagarta com pouco fôlego, feia, lenta, sem se coordenar, sem se acertar, sem resultados, numa fantástica borboleta que soube voar, com graciosidade, com velocidade, com ritmo, simultaneamente com força e beleza, conquistando a assistência como há bastante tempo não ocorria». Destaca ainda que «o público correspondeu muito positivamente e constitui-se como reforço do bom clima gerado e que qualquer crítico mais ou menos isento reconhecerá a metamorfose verificada, porque se trata de um processo que salta à vista». E acaba por deixar duas perguntas: «Não será uma possível prova disso o facto de eu ter recebido felicitações – devidas em face da recente vitória – de amigos que são adeptos do Futebol Clube do Porto? Apesar do excelente e surpreendente desempenho do Braga, ficarão dúvidas quanto à justiça da vitória do Benfica?» Sobre os pontos que se destacam na actual liderança, o gestor opta por aquilo que classifica como «pequenos e simples exemplos», que devem ser entendidos em sintonia com o que anteriormente focou: «a formulação de grandes expectativas leva a uma onda motivadora e a grandes resultados, por oposição à falta de ambição; a liderança é legitimada pelos liderados, tendo em vista aquilo que vêem, aquilo que sentem, tendo pela frente um treinador firme, com carácter forte, com ideias determinadas, mas que já trazia um bom trabalho no seu currículo e que a nível técnico sabe de futebol; contribui para a afirmação EM ANÁLISE entende-se que o Benfica tem de encarar todas as provas como potencial candidato, o que provavelmente exige sacrifícios acrescidos e uma gestão diferente da equipa.» Pensando nos papéis de Jorge Jesus, Rui Costa e Luís Filipe Vieira, nos cargos que desempenham, Rodolfo Begonha não tem dúvidas de que Jorge Jesus é «de momento o astro, por tudo o que já se disse e se compreende». Quanto a Rui Costa, «pelo seu passado e pelo reconhecimento do profundo amor ao Benfica, é uma figura muito querida e geradora de uma certa sensação de estabilidade e credibilidade, exigindo-se que consiga gerir com equilíbrio a sua posição, o que nem sempre se afigura como fácil». Já Luís Filipe Vieira «tem estado a trabalhar para esta vitória, que obviamente também é dele». Rodolfo Begonha acha que o presidente «tem procurado melhorar a gestão do seu nível de envolvimento no futebol e a sua estratégia de comunicação», salientando que «seria injusto esquecer que é necessário acertar na selecção de novos jogadores que possam assumir-se como reforços, que é fundamental saber negociar e tomar as decisões certas, conseguindo ainda angariar o imprescindível suporte financeiro para tal». No fundo, «são actos de gestão que não podem ser esquecidos e que integram todo um processo», diz, trazendo à liça um exemplo do rival Futebol Clube do Porto, que «comparativamente se reforçou pior do que o Benfica, considerando as saídas de jogadores importantes, e que além disso poderá não ter havido rendimento imediato das novas aquisições». Quanto a um nome que lhe venha imediatamente à cabeça quando se fala em líder, em futebol e em Benfica, tendo até em conta o que afirmou e também «os resultados desportivos e as transformações visíveis operadas no Benfica, e observando o clima de festa que se vive neste momento», Rodolfo Begonha destaca «incontornavelmente o treinador Jorge Jesus». Rodolfo Begonha é director-adjunto da Gradiva Pu- JUNHO 10 de uma boa liderança o reconhecimento pelos liderados de que o treinador sabe o que está a fazer, sabe tirar 100% de rendimento de cada um, maximizando as suas capacidades no terreno, tornando-se respeitado quer na cabine, quer nos treinos, quer durante os jogos». Já em relação a pontos que poderão ainda ser desenvolvidos, alonga-se um pouco mais: «Apesar da inquestionável vitória no campeonato e das inesquecíveis exibições do Benfica, há sempre acertos que têm de ser levados a cabo, e avaliando a época no seu conjunto apercebemo-nos de certas fragilidades que exigem melhorias. Além disso, há que ter em consideração que ocorrerão sempre saídas e entradas de jogadores, pretendendo-se que apesar disso subsista um conjunto harmónico e com a mesma atitude lutadora. Julgo que poderão ser ainda tratados profissionalmente alguns aspectos mais relacionados com a área psicológica, nomeadamente no eixo treinador/ jogadores. Esta ideia ganhou maior intensidade na minha mente após a análise que efectuei das derrotas do Benfica em Liverpool e em casa do Futebol Clube do Porto.» Exemplos de problemas a equacionar são os seguintes: «actuar sobre possíveis excessos de confiança individuais e colectivos; agir ainda sobre algumas réstias de nervosismo dos jogadores; reflectir acerca da enorme emotividade do treinador e da forma como a mesma se processa em campo durante momentos de crise, com alguma possível desorientação e potencial contágio da equipa; a filosofia de não contenção e de contínuo jogo ofensivo, esquecendo que em certos momentos deve haver alguma frieza estratégica e contenção muito racional de jogo, que exige muita auto-disciplina e concentração, pode ter efeitos perversos que são clássicos (por um lado gera enorme satisfação na assistência e pode ser coroada de êxito se os golos aparecerem, todavia as coisas podem correr mal e a equipa pode ser apanhada de surpresa e sofrer golos); se fixarmos o prestígio do clube e os decisivos interesses económicos em jogo, 25 EM ANÁLISE – COMO O BENFICA CHEGOU À LIDERANÇA blicações. Tem quatro livros editados e é doutorando em Sociologia Económica e das Organizações, mestre em Sistemas Sócio-Organizacionais da Actividade Económica e licenciado em Gestão de Empresas (com especialização em Gestão de Recursos Humanos). Helder Figueiredo «Foi muito importante ter uma liderança com visão.» Finalmente, Helder Figueiredo, que dirige actualmente a consultora Smart-LMI, depois de durante vários anos ter sido director de recursos humanos na FNAC e no Grupo Construtora do Tâmega, além de ter trabalhado como consultor de recursos humanos na Accenture (ex-Andersen Consulting) e de ter sido docente do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM) e ainda formador. Para o sucesso do futebol do Benfica, Helder Figueiredo acredita que «foi muito importante ter uma liderança com visão, mas também uma liderança que conseguiu transmitir aos jogadores e aos adeptos a visualização do que seria voltar a ter ‘um Benfica à Benfica’». Essa visualização positiva «foi fundamental para, numa equipa que na sua componente central era a mesma do ano anterior, fazer de forma diferente», afirma, frisando que desde o primeiro jogo que não duvidava que o resultado fosse a vitória no campeonato. «Venceu a persistência e a consistência na forma de encarar cada jogo. Viu-se alegria a jogar e no essencial uma equipa e não estrelas individuais. Ao longo da época, o discurso de todos foi sempre ‘nós’, ‘a equipa’, ‘estou disponível para ajudar a equipa’… Viver este tipo de discurso faz toda a diferença.» Sobre a liderança do clube, e sobretudo da equipa principal de futebol, Helder Figueiredo defende que «cada um dos líderes, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Jorge Jesus, soube interpretar os seus diferentes papéis, sem que se atropelassem», sendo que «a coerência e a consistência nos discursos e nas acções consequentes fizeram acreditar que era possível cumprir o sonho», e depois «a realidade encarregou-se de fazer o resto». Ou seja, «a diferença para as épocas anteriores esteve nos líderes», mesmo que dois deles já viessem de trás. Nesta nova liderança, o consultor destaca «a visão, a consistência, a emoção, a organização, o planeamento, a acção, o espírito de equipa e a gestão do talento». Quanto a pontos que podem ainda ser desenvolvidos, socorre-se de uma personagem do filme «Toy Story» [«é o defeito de ter tantos filhos e ver demasiados filmes infantis», desculpa-se]: «o Buzz diz ‘para o infinito e mais além’, e é isso, é preciso desenvolver em cada um dos jogadores e na equipa no seu todo a capacidade de superação», algo que «transformará o Benfica para ser ainda melhor, com capacidade para vencer a Liga dos Campeões na próxima época». Sobre os papéis de Jorge Jesus, Rui Costa e Luís Filipe Vieira nos respectivos cargos, Helder Figueiredo acha que «cada um soube ocupar o seu lugar», algo que considera ter sido «fundamental para o equilíbrio e a paz de espírito que se viveu ao longo do ano dentro da organização Benfica, no seu todo, entre os adeptos e na relação entre ambos». O mesmo, diz, acontece com as empresas, aí este também é «um aspecto muito importante, cada um saber exactamente qual é o seu papel e saber interpretá-lo». Para acabar, um nome que lhe venha imediatamente à cabeça quando se fala em líder, em futebol e em Benfica? Acaba por se sair com dois, primeiro Jorge Jesus, escolha óbvia, pelo que foi dizendo; e a seguir lembra-se, imagine-se, de José Mourinho. «Também regressará à Luz, não por dinheiro, mas por orgulho. E se ele é orgulhoso…» 26 © Fernando Piçarra JUNHO 10 Helder Figueiredo «Lembro-me da ideia de ser benfiquista aí pela idade da escola primária. Não sendo sócio, faço parte dos outros seis milhões de adeptos. Vibro com os jogos e sofro o suficiente pelo Benfica para saber discutir sobre o tema mais universal de todos. Ainda há cerca de um mês estive num congresso mundial da nossa empresa, nos Estados Unidos, e o tema que serviu de base à maior parte das conversas com colegas de todo o mundo foi o inevitável futebol… E o Benfica, que é muito grande. Os meus heróis têm nomes como Chalana, Nené, Bento, Carlos Manuel, Shéu… Foi essa a geração de futebolistas que comecei a acompanhar.» © SLB © SLB © SLB EM ANÁLISE 20 15 São indiscutivelmente os três protagonistas da liderança do Sport Lisboa e Benfica: o presidente Luís Filipe Vieira, o director do futebol Rui Costa e o treinador Jorge Jesus. Pedimos aos quatros entrevistados deste trabalho para pontuarem de zero (sem importância) a cinco (máxima importância) o contributo de cada um deles para a mudança operada na equipa de futebol do Benfica ao longo da presente época. Nos resultados que obtivemos nota-se uma tendência para repartir os méritos pelos três responsáveis e atribuindo-lhes pontuações elevadas. De qualquer forma, Jorge Jesus acaba por destacar-se, quase atingindo o máximo possível (que seria 20 pontos). Luís Filipe Vieira e Rui Costa ficam um pouco abaixo, os dois ao mesmo nível. Nas justificações para as pontuações atribuídas acaba por ser recorrente a ideia de haver a necessidade de destacar o papel do treinador nos resultados obtidos pela equipa principal do Benfica. MSA JUNHO 10 0 Jorge Jesus – 19 5 Rui Costa – 16 10 Luís Filipe Vieira – 16 Os três protagonistas do Benfica 27 CRÓNICA FORMAÇÃO © LL – Unexpected Marca pessoal JUNHO 10 Lúcio Lampreia Partner da Unexpected designing people [email protected] 28 Posso treinar representação durante anos a fio e seguir à risca os ensinamentos de uma estrela como o Al Pacino, mas nunca serei como ele. O talento não se ensina. O Al Pacino é o Al Pacino, tem a sua fórmula, que resulta… Com ele. Nunca como hoje se observou tanta mudança no mercado do trabalho. De facto, já ninguém sensato tem a expectativa de passar a vida inteira numa única empresa, a desempenhar a mesma função durante anos a fio. Alguns, e não serão poucos, considerarão insegura esta realidade e não hesitarão em descartá-la como emprego precário… Eu prefiro encará-la como o início da implantação de marcas próprias, pessoais e intransmissíveis. É um movimento que definirá uma nova era, a da «Marca pessoal», um tempo de oportunidade para cada um tomar as rédeas da sua própria vida, num momento verdadeiramente mágico. Simultaneamente, este é também um tempo assustador, em que cada um se encontra rodeado de incerteza, agora que estão falidos os modelos em que vínhamos acreditando… E, no entanto, eu estou optimista. Tenho esperança de que, nesta nova economia, as pessoas sintam o enorme poder que ganham quando assumem a responsabilidade pelas suas vidas profissionais, ou melhor, pela sua vida. Se observarmos atentamente o mundo que nos rodeia, rapidamente nos apercebemos de que, progressivamente, a automação e a robótica estão a substituir-nos em todas as actividades repetitivas, nas quais o ser humano não gera mais-valias. É um facto incontornável. E se não quisermos ser substituídos também nas actividades mais complexas, vamos ter de lutar para nos reinventarmos, uma e outra vez. Já no passado, embora com menos frequência, tivemos necessidade de o fazer, quando por exemplo saímos dos campos para a fábrica e depois da fábrica para o escritório. Temos, portanto, capacidade para mudar, mesmo se nem sempre sabemos como. E é aqui que a formação deve assumir um papel muito importante. Quero com isto transmitir que a formação e os seus processos não devem, nem podem, estar alheios à transformação pela qual o mundo do trabalho está a passar. E para um novo mundo, nova formação. Em alguns casos, porém, continuam a fornecer-se soluções antigas para problemas modernos. Ora, o que esta situação provoca são vários danos bastante graves. Aponto dois: o primeiro abate-se justamente sobre aqueles que persistem em manter modelos obsoletos (rapidamente perderão competitividade e sentirão as consequências na sua carteira de clientes); o segundo é aquele que é infligido directamente às pessoas que vêem goradas as suas expectativas de novas e melhores soluções, conduzindo-as irremediavelmente no caminho da frustração. As pessoas já não querem – não suportam – receitas mágicas, panaceias, conceitos óbvios e gastos, revendidos como elixires para todos os males. É certo que, não raras vezes, surgem receitas de gurus que funcionam – mas só com esses gurus... Exemplifico: posso treinar representação durante anos a fio e seguir à risca os ensinamentos de uma estrela como o Al Pacino, mas nunca serei como ele. E sabem por quê? Porque o talento não se ensina. O Al Pacino é o Al Pacino, tem a sua fórmula, que resulta… Com ele. Pode ensinar-se muita coisa, mas talento não. Por tudo isto, hoje é fundamental que se proporcionem experiências formativas que ajudem as pessoas a ser elas próprias, ou seja, a construírem sobre o seu próprio talento, a descobrirem, cada uma, o respectivo «eu» (o «eu-artista», que lhes permite ser – e não fazer – a diferença e a partir do qual podem construir a sua «Marca pessoal»). A formação desta nova economia deve, portanto, dar «possibilidade» e não «receitas». Deve usar exemplos concretos, do dia-a-dia e da realidade das organizações, e não refugiar-se em actividades mais ou menos animadas mas muito distanciadas da realidade, ou em modelos internacionalmente testados e que, com esforço, são transformados para forçar a reflexão – mas que na realidade nada têm a ver com os problemas da pessoa ou da respectiva organização. crónica formação é o melhor instrumento da empresa no alinhamento entre o comportamento das pessoas e a imagem da marca. Para tal, a formação deve ser transformada, pelos seus agentes, num sistema inteligente que se auto-aperfeiçoa à medida que se implementa, um organismo vivo que, para servir melhor, se modifica e adapta, influenciado pelos múltiplos intervenientes, e não apenas pelos formadores. Já não é um a falar para muitos, são muitos a falar para muitos. A velha economia recomenda: faça um plano e respeite-o. Eu sugiro: acostume-se a não estar à vontade, acostume-se a experimentar coisas ousadas. Será certamente mais feliz. A formação deve ser transformada, pelos seus agentes, num sistema inteligente que se auto-aperfeiçoa à medida que se implementa, um organismo vivo que se modifica e adapta, influenciado pelos múltiplos intervenientes, e não apenas pelos formadores. JUNHO 10 Precisamos de um banho de realidade nas sessões de formação. Precisamos de ajudar as pessoas não a esperar um futuro melhor, mas a desenhá-lo. E precisamos que a formação esteja alinhada com a marca. Neste último ponto, as empresas têm uma grande responsabilidade, pois tornaram-se grandes produtoras de excelentes filmes publicitários (imagem), mas com frequência descuram o serviço que prestam aos seus colaboradores e aos seus clientes (comportamento). Ora, a marca não é só a imagem, é também as pessoas (e é o comportamento das pessoas que reflecte a admiração que têm pela empresa em que trabalham ou gostariam de trabalhar). E a 29 EM FOCO CONFERÊNCIA INTERNACIONAL «E-LEARNING ’2010» JUNHO 10 © Kadal – Fotolia.com As novas tecnologias e o desenvolvimento das pessoas 30 A publicação deste trabalho resulta de uma parceria entre a «human» e a Global Estratégias relativa à conferência internacional «e-Learning ’2010», marcada para Lisboa. Na qualidade de ‘media partner’, a revista deu o seu contributo em termos de promoção do evento. E neste número, com distribuição a todos os participantes, apresenta diversos contributos sobre o tema «novas tecnologias e desenvolvimento das pessoas». Patrícia Santos (da CEGOC), Mário Figueira (da Novabase), Márcio Silva (do ISQ), Sara Sousa Brito (da Global Estratégias) e Rui Silva (da RHmais) são os autores. EM FOCO Mais além do e-Learning Texto: Patrícia Santos Por quê Blended? Porque os novos dispositivos de formação orientados para o desenvolvimento de competências profissionais procuram, cada vez mais, redução de custos, flexibilidade da formação, personalização dos percursos e potenciar a interacção social. E só recorrendo a diversas metodologias e tecnologias se consegue responder a estas exigências, melhorando a eficácia do processo de aprendizagem. Entende-se por eficaz um dispositivo centrado no formando, ca- As tecnologias da Web 2.0 já foram adoptadas pela nova geração e cada vez mais estarão integradas nos processos de comunicação e de pesquisa diária de informação. Patrícia Santos é directora de eLearning da CEGOC paz de induzir uma aprendizagem em profundidade, isto é, duradoura e transferível. Pela combinação de metodologias, meios e suportes que o caracterizam, pela flexibilidade que oferece, pela redução de custos que proporciona, o Blended Learning pode ser estrategicamente planeado como meio para atingir resultados pedagógicos e económicos excelentes. Sendo já uma realidade para um grande número de organizações em todo o mundo, desde empresas familiares a multinacionais, de pequenas escolas a grandes universidades, o Blended Learning será cada vez mais a resposta adequada. Quando deixarmos de falar de «e-Learning» terá sido ultrapassada a fase inicial de adopção das tecnologias ‘web’ na formação. Então, estaremos a assistir à «morte» do e-Learning, o qual terá «reencarnado» num processo formativo mais abrangente, diverso e de maior alcance. JUNHO 10 A «morte» do conceito actual de e-Learning? O presente e a antecipação possível do futuro próximo mostram que as tecnologias da Web 2.0 já foram adoptadas pela nova geração e que cada vez mais estarão integradas nos processos de comunicação e de pesquisa diária de informação. A aprendizagem informal e colaborativa através de ‘blogs’, ‘wikis’ e fóruns é uma realidade e a designação «e-Learning» começa a ser redutora para referir este novo paradigma de formação. Por exemplo, o que chamaremos a uma formação que integra formação presencial e o recurso a telemóveis para a visualização de vídeos e realização de testes? As tendências actuais parecem indicar que, no futuro, todos os processos de formação poderão ser categorizados como «Blended». © CEGOC A designação «e-Learning» parece colocar a ênfase na tecnologia («e», de «electronic») e situar o ‘media’ antes da aprendizagem. Mas trata-se apenas de uma ilusão semântica. A aprendizagem vem primeiro. Na verdade, ao estimular o trabalho colaborativo e a aprendizagem contínua, a introdução do e-Learning nos processos formativos acelera de forma decisiva a mudança da abordagem tradicional, que tendia a tratar o formando como um receptor passivo de informação, para uma perspectiva dinâmica da formação, em que o formando é participante activo do processo de aprendizagem. 31 EM FOCO – CONFERÊNCIA INTERNACIONAL «E-LEARNING ’2010» Notas sobre a aprendizagem e a sua relação com as novas tecnologias Texto: Mário Figueira Colocar a tecnologia ao serviço da aprendizagem, nomeadamente a tecnologia ligada à informação e à comunicação, significa eficácia e democratização do acesso ao conhecimento. A Internet é um dos grandes marcos da História, uma vez que colocou os ‘bits’ ao serviço da humanidade, facilitando a comunicação e o acesso às fontes de informação e conhecimento. Quando colocamos estas tecnologias ao serviço da aprendizagem – prefiro o termo «aprendizagem» em vez de «formação» –, abre-se um mundo novo no qual ainda estamos na fase da infância. As tecnologias de informação e comunicação permitem às organizações melhorar a forma como disseminam o conhecimento através da sua codificação e da disponibilização em repositórios digitais. Permitem também o acesso a especialistas ou centros de competência, aos quais podem ser colocadas questões, ou a marcação de uma sessão de trabalho à distância, para resolução de um problema ou a resposta a um desafio da organização. Desta forma, torna-se os processos de aprendizagem mais eficazes por estarem centrados nas necessidades específicas dos aprendentes, isto é, de quem aprende. Numa perspectiva mais global, estamos também a permitir o acesso ao conhecimento a pessoas que não teriam outra forma de acesso, contribuindo decisivamente para a sua democratização. 32 © JA JUNHO 10 Uma aprendizagem mais participativa A minha percepção tem evoluído no sentido da aprendizagem mais colaborativa, mais participativa, em resultado do desenvolvimento das tecnologias Mário Figueira é administrador da Novabase Consulting, responsável pela área de Learning Solutions Falar de e-Learning já está a deixar de fazer sentido. O título do último livro do Marc Rosenberg, um dos gurus mundiais nesta área, é exactamente «Beyond e-Learning». «Web 2.0». Vivemos uma primeira fase, que se iniciou na segunda metade da década de 1990, em que o modelo estava focado na distribuição ‘top-down’ de conteúdos de aprendizagem. Bastava um servidor com uma plataforma de e-Learning com maior ou menor riqueza funcional e um conjunto de conteúdos digitais de aprendizagem para termos um ambiente de aprendizagem preparado. Era a fase do ‘broadcast’ de conteúdos. Nos últimos anos temos assistido ao desenvolvimento de um modelo mais colaborativo, quer na concepção e no desenvolvimento dos conteúdos digitais, quer na dinamização dos processos de aprendizagem. O tutor reaparece a mediar as experiências de aprendizagem proporcionadas pela interacção dos formandos com os conteúdos, com os outros formandos e com o próprio tutor. Estes novos ambientes virtuais de aprendizagem estão a mostrarse ainda mais eficazes. Fará sentido falar de e-Learning? Creio que falar de e-Learning já está a deixar de fazer sentido. O título do último livro do Marc Rosenberg, um dos gurus mundiais nesta área, é exactamente «Beyond e-Learning». Estamos numa fase em que o e-Learning é muito mais do que «e-formação», que se centra nas necessidades do posto de trabalho, em que estamos a redefinir o Blended Learning, a aprendizagem é menos centrada em cursos e mais no conhecimento – aprendizagem mais informal –, em que os percursos de aprendizagem dependem das necessidades de quem aprende. A tecnologia está a assumir um papel secundário, estando cada vez mais embebida nos processos de aprendizagem, pelo que começa a fazer sentido falar de «Learning 2.0» ou simplesmente «Learning», se quisermos utilizar a língua inglesa, ou «Aprendizagem 2.0» em português. EM FOCO e-Learning e Talent Management Márcio Silva é director do ISQ e-Learning único ambiente para relacionar e integrar várias variáveis importantes para uma gestão eficiente e eficaz dos recursos humanos da organização. As abordagens centradas em Talent Management têm de estar alinhadas com a estratégia da organização e com os seus processos implementados no trabalho diário dos recursos humanos. Facilmente se compreende que, devido à sua natureza e principalmente devido ao seu objectivo, estes projectos são transversais à organização. Para um número significativo de entidades, os sistemas de e-Learning podem servir como alavanca para estes novos projectos, pois ambos têm em comum a tecnologia e a necessidade de definição e implementação de processos concretos de gestão, realização e suporte. Se para as organizações que já têm sistemas de e-Learning implementados este é um desafio para os próximos anos, para as entidades que agora estão a dar os primeiros passos nesta área é uma oportunidade de começar mais à frente, aproveitando as ‘lessons learned’ dos projectos de sucesso, na certeza de que estas soluções integradas trazem benefícios económicos reais, como o aumento da produtividade, da qualidade, da satisfação do cliente e dos colaboradores. JUNHO 10 Os sistemas de e-Learning evoluíram para sistemas de Talent Management, criando-se um único ambiente para relacionar e integrar várias variáveis importantes para uma gestão eficiente e eficaz dos recursos humanos. Nos últimos 15 anos, o e-Learning teve uma evolução significativa no mercado nacional e internacional. Muitas organizações, desde empresas a escolas, universidades e outras instituições, aderiram às vantagens que esta metodologia proporciona no contexto da formação/ educação dos recursos humanos. Projectos integrados, incluindo a definição de processos de gestão e realização, a implementação de plataformas de e-Learning e o desenvolvimento e a gestão de conteúdos, foram implementados com sucesso, tendo o resultado sido muito benéfico para estas organizações. Com a maturação dos sistemas de e-Learning, as entidades começaram a sentir a necessidade de implementar outras componentes relacionadas com os recursos humanos no mesmo portal. Para além dos serviços de formação (e-Learning e/ ou presencial), as organizações já despertaram para a necessidade de implementar processos que permitam a gestão do seu capital humano. Assim, para além das questões directamente relacionadas com a formação, é necessário definir, entre outras, questões como: - programas para integração de novos colaboradores; - programas para desenvolvimento e retenção de talentos; - programas para atracção de recursos humanos para a organização; - processos para gerir a performance; - processos para gerir promoções e transferências de departamentos; - criação de redes sociais de trabalho internas para a partilha do conhecimento. Devido a estas necessidades sentidas pelos clientes, os sistemas de e-Learning evoluíram para sistemas de Talent Management, portais onde o grande objectivo é criar um © FP Texto: Márcio Silva 33 EM FOCO – CONFERÊNCIA INTERNACIONAL «E-LEARNING ’2010» O «Social Learning» nas empresas JUNHO 10 Texto: Sara Sousa Brito 34 O fenómeno do «Social Learning» tem invadido a vida de todos nós. Não é mais do que uma combinação óptima entre a aprendizagem formal e a aprendizagem informal. © PG Aquando a redacção deste artigo, pensei que não poderia deixar de falar, hoje, num fenómeno paralelo ao e-Learning que conhecemos, fenómeno este que tem ganho uma relevância tal que a sua implementação nas organizações é agora inevitável. O «Social Learning» é uma realidade na vida dos indivíduos, estando presente sobretudo na esfera pessoal de todos nós. No entanto, a sua utilização em termos profissionais continua a ser ainda um pouco reduzida. A questão que se coloca é por quê continuar a negar a sua importância se, em determinado momento, todos já percebemos que a aprendizagem formal não é suficiente para colmatar toda a falta de informação que temos? O fenómeno do «Social Learning» tem invadido a vida de todos nós. Não é mais do que uma combinação óptima entre a aprendizagem formal e a aprendizagem informal. A aprendizagem formal é aquela à qual as empresas sempre recorreram, pois é aparentemente mais organizada e mensurável, factor também de grande importância para elas. A aprendizagem informal é a que surge quase de forma acidental, sem a consciência de que acontece. Esta última sempre existiu. Se pensarmos bem, há muito que aprendemos a pesquisar nos motores de busca e há muito que obtemos informações de grande relevância na nossa vida profissional quando estamos em grupo a partilhar informações. Contudo, não temos essa consciência e por isso não lhe atribuímos a devida importância. A Web 2.0 veio revolucionar esta forma de pensar, atribuindo uma maior importância à aprendizagem informal. O seu aparecimento veio proporcionar aos indivíduos a possibilidade de criarem ambientes pessoais de aprendizagem, os PLE – Personnal Learning Environment, nos quais podem agora criar, organizar e partilhar informação. Veio também possibilitar a criação de redes de informação de tal forma eficazes que a sua utilização é agora uma poderosa ferramenta não só na esfera pessoal dos indivíduos, mas também na esfera das empresas. A Web 2.0 disponibiliza diversas ferramentas, pensadas para essa gestão da informação dos indivíduos, tais como os ‘softwares’ de ‘social bookmarking’, como o «Diigo», ou o «Delecious», que permitem que cada indivíduo seleccione, organize e armazene as suas pesquisas num só espaço, ou os espaços de partilha de recursos, tais como o «YouTube» e os «SlideShare». Também a criação de contas individuais fez emergir um abrangente fenómeno de ‘networking’ através do aparecimento das redes sociais, tais como o «Facebook» e o «Linkedin», cuja relevância tem crescido de tal forma que já verificamos processos de recrutamento bem como a divulgação de serviços através dos mesmos, por Sara Sousa Brito é directora-geral da Global Estratégias grandes empresas. O desafio das empresas é, então, o de incrementar estratégias de apoio à gestão individual de cada colaborador e aos processos de aprendizagem e partilha do conhecimento. Mas importa compreender que a aprendizagem informal não substitui a aprendizagem formal. Contudo, é imperativo não negar que a aprendizagem informal, tal como existe hoje, pode ser um excelente complemento para a tão desejada aquisição de conhecimentos e competências, ainda que os seus frutos não possam ser analisados no imediato, e que apesar da sua dificuldade de mensuração o seu poder é hoje em dia inquestionável. EM FOCO Formação à distância Rui Silva é gestor de clientes da RHmais – Organização e Gestão de Recursos Humanos Texto: Rui Silva A formação à distância é uma realidade que, apesar do potencial de crescimento, se encontra amplamente disseminada no nosso país. O e-Learning e o b-Learning já não são, enquanto possibilidades para a construção de planos de formação, novidades no nosso mercado. De qualquer forma, existe ainda alguma confusão e, nalguns casos, deslumbramento, relativamente às plataformas que servem como instrumentos de suporte ao processo formativo. Assim, importa ter em conta que as plataformas não são, de todo, o essencial no processo de aprendizagem, funcionando apenas como ferramentas de mediação das interacções entre os actores da formação. As plataformas e ferramentas que funcionam como instrumentos para a interacção entre os actores da formação oferecem as mais diversas funcionalidades e os mais diversos níveis de complexidade. Assim, no momento de optar por uma solução de formação à distância, importa ter em conta a forma como participantes e plataformas se ajustam (no fundo, como «encaixam»), com o objectivo de evitar que maiores possibilidades tecnológicas se assumam, durante a formação, como obstáculos intransponíveis ao sucesso do processo de aprendizagem. Soluções mais completas mas também mais complexas funcionam muitas vezes como factor de desmotivação, e de desmobilização, dos participantes menos rotinados na utilização da Internet. Por outro lado, formandos com maiores competências informáticas, e maior interesse na exploração das potencialidades tecnológicas de uma plataforma, podem ver a ferramenta de interacção com o formador e restantes participantes como mais um factor de motivação na frequência e na conclusão da formação. Assim, ao equacionar-se a realização de formação assistida através de plataformas importa ter em conta o perfil dos participantes, o programa e os objectivos formulados, e a forma como a solução tecnológica a adoptar responde às necessidades de interacção previamente definidas, já que o investimento deverá ser congruente com as necessidades da formação. Investir excessivamente em plataformas desnecessariamente avançadas e desperdiçar recursos em plataformas insuficientemente apetrechadas é, infelizmente, um lugar-comum neste mercado. De forma a ultrapassar esta dificuldade objectiva de responder de forma ajustada às necessidades específicas dos clientes a RHmais propõe fundamentalmente duas soluções versáteis: a utilização da sua plataforma «E-Learning Mais»; a constituição de parcerias com empresas especializadas no fornecimento de soluções tecnológicas para formação (lógica de consultoria e posterior gestão do espaço virtual de aprendizagem). JUNHO 10 As plataformas e ferramentas que funcionam como instrumentos para a interacção entre os actores da formação oferecem as mais diversas funcionalidades e os mais diversos níveis de complexidade. © JA As plataformas ao serviço dos objectivos pedagógicos 35 CRÓNICA © Paulo Barbosa – Syncview Saúde e Segurança no Trabalho JUNHO 10 João Ribeiro Director Comercial da Esumédica [email protected] 36 A dura realidade é que a cada três minutos e meio, ainda hoje, morre uma pessoa por causas relacionadas com o trabalho. SST – de onde partimos e onde estamos «Apesar de não serem um instrumento perfeito, as estatísticas são uma parte essencial de qualquer análise em matéria de saúde e segurança no trabalho (SST). Revelam, por exemplo, verdades incómodas como as seguintes: - todos os anos, 5.720 pessoas morrem na União Europeia em consequência de acidentes de trabalho, segundo dados do Eurostat; - além disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que mais 159.500 trabalhadores morram todos os anos na União Europeia de doenças profissionais; - tendo em conta estes dois dados, estima-se que a cada três minutos e meio morra uma pessoa na União Europeia de causas relacionadas com o trabalho.» Estas são dados que podem ser consultados em http://osha.europa.eu/pt/statistics. Desde que há registos sobre esta matéria (nomeadamente da civilização grega no século IV a.C.) que é assumido que a actividade laboral implica riscos e que esses riscos implicam – ou podem implicar – danos para a saúde ou para a integridade física dos trabalhadores. Esta situação sempre foi encarada como uma fatalidade, ou até mesmo como um desígnio sobrenatural, até à época da Revolução Industrial (quando começaram a ser tomadas as primeiras medidas legislativas, ainda que apenas por reacção ao disparar da sinistralidade como resultado da utilização massiva das primeiras máquinas). Em Portugal, só em meados do século XIX foi publicada a primeira legislação relacionada com estas matérias, o «Regulamento das Minas», e em 1895 a primeira lei específica sobre Higiene e Segurança no Trabalho, ainda que apenas para o sector da Construção Civil; e só no início do século XX, em 1913, a primeira lei que estabelecia a responsabilidade dos acidentes de trabalho sobre os patrões, prevendo-se que essa responsabilidade pudesse ser transferida para as segu- radoras. Um vasto conjunto de leis, decretos e regulamentos foi entretanto sendo publicado, tal como foram criados diversos organismos oficiais de controlo e supervisão do trabalho, reestruturados uns, encerrados alguns e redenominados outros, sempre com o superior objectivo de reduzir a sinistralidade laboral. Pela magnitude da sua dimensão social e económica, a área de prevenção e segurança no trabalho ganhou mesmo direito a Dia Nacional e Internacional (celebrado a 28 de Abril de cada ano), mas ainda assim a dura realidade, recordemos, é que a cada três minutos e meio, ainda hoje, morre uma pessoa por causas relacionadas com o trabalho. No regime jurídico actualmente em vigor, no número um do artigo 15 da Lei 102/2009, de 10 de Setembro, refere-se claramente a obrigação do empregador: «assegurar aos trabalhadores condições de segurança e de saúde em todos os aspectos do seu trabalho»; e constitui contra-ordenação muito grave o seu não cumprimento, podendo ainda incorrer-se em procedimento cível. Também os trabalhadores têm por obrigação «cumprir as prescrições de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas nas disposições legais e em instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, bem como as instruções determinadas com esse fim pelo empregador», conforme a alínea «a» do número um do artigo 17 da referida lei. Facilmente se pode concluir que esta é uma responsabilidade de todos mas que compete sobretudo à consciência de cada um promover o cumprimento da lei, independentemente da sua função ou da hierarquia. Os números referenciados são demasiado impressionantes para que possamos ficar indiferentes, pelo que vale a pena pensar nisto. E, acima de tudo, vale a pena agir, o que neste caso é sinónimo de prevenir. PUB CASE STUDY PROJECTO DE RECRUTAMENTO E SELECÇÃO NA AQUAPURA DOURO VALLEY Um desafio, junto ao Douro © Aquapura Douro Valley Foi durante boa parte de ano de 2007. Junto ao Douro, desenvolveu-se um projecto de recrutamento e selecção para a primeira unidade da cadeia Aquapura. O desafio era encontrar profissionais com competências comportamentais invulgares e competências técnicas específicas de superior exigência, sendo que a unidade tinha como objectivo, em termos conceptuais, prestar um serviço único. JUNHO 10 Texto: João Ferreira Bogalho 38 Ao contrário do que a proliferação de «empresas de recrutamento» – ou mesmo a tendência, por via da aparente redução de custos, para recrutar «prata da casa» –, pode dar a entender, recrutar e seleccionar é uma das funções (técnicas) mais críticas do espectro da gestão de recursos humanos. E mais crítica e relevante se torna quando não há espaço para insucessos, por insignificantes que sejam. Quando tudo tem que sair bem, muito bem, à primeira. Não perdendo de vista as teorias e as técnicas subjacentes a um «bom recrutamento», foco-me num exemplo prático, e partilho aqui um projecto de recrutamento e selecção, amplamente reconhecido como de sucesso. Estava programado que no final do primeiro trimestre de 2007, a Aquapura iria abrir a sua primeira unidade – Aquapura Douro Valley. Em termos conceptuais, uma unidade que pretendia prestar um serviço único, inexistente em Portugal, que necessitaria de profissionais com competências comportamentais invulgares e competências técnicas específicas de superior exigência. A Aquapura cedo entendeu que precisava de encontrar um parceiro que, mais do que aplicar um conjunto de técnicas de recrutamento e selecção, conseguisse viver, partilhar e apropriar-se da cultura que desejava implementar na sua cadeia, com enfoque na primeira unidade – a que iria colocar a marca distintiva no mercado. Neste enquadramento, mesmo nos finais de Dezembro de 2006, a Aquapura Douro Valley optou por contratar a PeopleValue, com os seguintes objectivos: - conceber um processo de recrutamento e selecção adequado às necessidades e às características da Aquapura; - definir o ‘hard-profile’, perfil funcional, e as competências das diversas funções da estrutura de Recursos Humanos; CASE STUDY mamente difícil quer o processo de recrutamento, quer a atractividade para os profissionais a contratar; - o período extremamente reduzido de tempo entre o início do projecto e o ‘opening’ da unidade – três meses. *** Fundamentalmente, o arranque do projecto assentou em seis eixos fundamentais, que defino a seguir. Incorporação de cultura Fase de apropriação das características implícitas, e não demonstráveis, bem como da visão dos fundadores. Uma vez que não existia qualquer exemplo ou sequer termo de comparação, era fundamental visualizar o sonho dos fundadores e antecipar o colaborador desejado, por via da qualidade e da marca distintiva do serviço sonhado. Tratava-se de um projecto de recrutamento e selecção bem mais abrangente do que o normal, uma vez que se iniciava a montante na definição dos perfis e terminaria a jusante no apoio à própria contratação e à integração dos colaboradores. Composição da equipa de projecto Foram alocados para o projecto 12 colaboradores, que iriam dedicar os três meses seguintes, incondicionalmente, ao projecto, literalmente a trabalhar 24 horas por dia. Para reforço quer de competências específicas, quer de JUNHO 10 - definir e validar as metodologias de selecção adequadas a cada perfil funcional; - divulgar correcta e eficazmente as funções a contratar, de forma a aceder às fontes de recrutamento mais indicadas, tendo em consideração que seria a primeira vez que se iria comunicar a imagem e o conceito da Aquapura, em qualquer meio e em qualquer sentido; - recrutar e seleccionar os candidatos mais ajustados para cada função, de acordo com as metodologias aprovadas; - e preparar a contratação e a integração dos colaboradores. Como se vê, tratava-se de um projecto de recrutamento e selecção bem mais abrangente do que o normal, uma vez que se iniciava a montante na definição dos perfis e terminaria a jusante no apoio à própria contratação e à integração dos colaboradores. Isto tornava o projecto ainda mais aliciante, por um lado, mas depois ele caracterizava-se por três factores que o tornavam extremamente ambicioso e tendencialmente impossível de concretizar: - a extrema exigência dos perfis desejados, para além da superior exigência técnica, um conjunto de competências comportamentais invulgares; - a localização geográfica da unidade, que tornava extre- 39 CASE STUDY JUNHO 10 A Aquapura Hotels Villas & SPA adquiriu a propriedade da Quinta Vale de Abraão em 2004. Foi efectuada uma intervenção em 20 mil metros quadrados de construção, bem como a recuperação dos cinco hectares de mata. o investimento, num total de 29 milhões de euros, ficou concluído em Junho de 2007. O destino Douro iniciou assim um roteiro de unidades Aquapura, que vão desde Portugal (Douro e Alentejo) ao Brasil (Ceará), à República Checa (Praga) e à Macedónia (Lago Prespa), com aberturas previstas para os próximos anos. A Aquapura pura definiu a seguinte missão: «somos experiências de estilo de vida memoráveis, em ambientes únicos». Já a visão é traduzida pela ideia de «determinar a escolha do destino de quem busca lugares com alma». Mais informações: http://www.aquapurahotels.com/. AMV 40 A projecção feita apontava para a recepção de aproximadamente 1.200 candidaturas durante o primeiro mês, podendo chegar às 2.000 no processo todo. Na realidade, foram recebidas mais de 4.000, tendo sido realizadas mais de 700 entrevistas. © Aquapura Douro Valley Aquapura Douro Valley capacidade de resposta num tempo tão reduzido, quer da qualidade e da eficácia do processo, a PeopleValue recorreu ao seu parceiro Psicotec, que iria garantir algumas funções: ‘project manager’, que iria concentrar-se em todo o recrutamento e selecção; um ‘senior consultant’ para apoio a todo o processo de recrutamento e selecção; uma equipa localizada em Lamego, constituída por um ‘senior consultant’ e três ‘junior consultants’, que iriam garantir a execução de todos os ‘screenings’, testes e entrevistas. A equipa era ainda constituída por: um ‘client manager’, que garantia a ligação com o cliente em todas as decisões estratégicas do projecto, bem como a gestão global do projecto e a interligação de todas as componentes; um ‘law specialist’, que acompanharia a concepção da proposta contratual à luz das especificidades da indústria e da região; um ‘industry specialist’, focado na descrição das funções; dois ‘operations’, para garantir o carregamento das candidaturas, resultados de testes aplicados e apoio à estrutura; e ainda um ‘IT specialist’, para a concepção e a manutenção de todos os sistemas de informação de suporte. ção e concepção das ferramentas de avaliação dos candidatos a utilizar por função a recrutar. Sendo que a acrescer ao grau de dificuldade, todos os futuros colaboradores da Aquapura, sem excepção, teriam que falar no mínimo português e inglês, e numa grande quantidade de funções acrescentava-se mais um ou mesmo dois idiomas. Referência ainda para o relatório-síntese da análise feita a cada candidato, incluído na ‘short list’ a apresentar à Aquapura, que incluía um resumo da informação pessoal e profissional relevante, os resultados das provas psicométricas e o perfil de adaptação ao posto de trabalho. Descrição de funções e perfis Com base numa filosofia e numa cultura idealizadas, num conjunto de valores, características diferenciadoras de serviço, e num conceito novo de hotelaria, havia que descrever todas as funções a contratar. Desde a identificação das competências ‘core’ à definição essencial – principais responsabilidades e características diferenciadoras –, à caracterização de perfis funcionais – formação e experiência desejadas, competências e atributos essenciais –, bem como a todas as outras variáveis caracterizadoras da função. Logo nesta fase, e em função dos perfis e orçamentos do projecto, iniciou-se também o processo de definição das condições contratuais (e respectivas minutas) que iriam ser apresentadas aos candidatos a recrutar. Sistemas de informação Tornava-se imperioso dotar toda a equipa de um conjunto de ferramentas de trabalho que permitisse operacionalizar o projecto, função que viria a ser assumida pelo parceiro BizSolutions. Assim, em conjunto com os outros eixos, foram construídas duas ferramentas. Uma, a plataforma que iria gerir informaticamente o ‘workflow’ do processo de recrutamento e selecção, compilando todas as candidaturas recebidas, partilhando-as com os intervenientes no projecto, classificando cada um dos candidatos em função dos ‘screenings’, das entrevistas e dos testes realizados, e ainda comunicando com todos os candidatos sobre o estado da sua candidatura. Outra, o ‘site’ de divulgação de todo o processo de recrutamento, que incluía a apresentação do hotel e conceitos associados, a descrição de cada função, os requisitos para cada uma delas por área funcional do hotel e como teriam os candidatos que proceder para apresentar a sua candidatura, dado que era exigido um conjunto significativo de documentação. *** Estes seis eixos de actuação foram apenas o arranque do projecto. E no espaço de 10 dias estavam terminados e interligados, com a grande divulgação eminente. Na noite de 19 para 20, foram divulgados os anúncios em todos os ‘sites’, e na manhã seguinte em jornais e cadernos da especialidade. Foram utilizados mais de 20 canais de divul- Preparação de fontes e métodos de selecção Em função dos perfis em definição, foi feita a identificação exaustiva das fontes de recrutamento para cada uma das funções. A exigência apresentada iria levar ao recurso a fontes de recrutamento em diversos países da Europa e América Latina. Em simultâneo, a preparação das metodologias mais apropriadas, que iriam abranger todo o espectro – ‘head hunting’, contactos directos, anúncios em ‘sites’ da especialidade e generalistas, anúncios em escolas de hotelaria e em jornais regionais. Por outro lado, ainda nesta fase toda a selecção, prepara- Divulgação de oportunidades Tendo-se seleccionado as fontes de recrutamento, as metodologias a utilizar, bem como os canais de divulgação, iniciou-se a concepção de todos os anúncios a utilizar, bem como a contratação dos espaços em cada um dos canais. Havia aqui a consciência de que o conceito Aquapura iria ser comunicado para o público em geral, e para os profissionais de hotelaria em particular, pela primeira vez. conhecido como um projecto de altíssimo sucesso, e de características tão exigentes e particulares, tem sido apresentado nalguns fóruns como um ‘case study’. Alguns dos pilares do sucesso foram os seguintes: - total dedicação à identificação clara da cultura e dos perfis desejados para os profissionais a contratar; - metodologias devidamente escolhidas e ferramentas feitas à medida exacta das necessidades específicas; - ferramentas informáticas de suporte, extremamente operacionais e facilitadoras de todas as fases do projecto; - uma equipa de profissionais com competências adequadas, complementares e abrangentes a toda a intervenção, e sobretudo comprometida com o sucesso do cliente. Ao fim de três anos, em 2010, a Aquapura é considerada, na sua dimensão, a quinta «Melhor Empresa para Trabalhar em Portugal». Sendo que um dos destaques dos colaboradores é saberem o que é necessário e esperado nas suas funções, e qual deve ser o seu contributo para garantir a qualidade do serviço e do atendimento ao cliente. Sem dúvida que o mérito é da gestão, quer da empresa, quer de recursos humanos, dos métodos, das políticas e das competências. Mas as pessoas fazem a diferença. João Nuno Ferreira Bogalho (joao. [email protected]), licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Organização Estratégica e pós-graduado em Gestão e Desenvolvimento Estratégico de Recursos Humanos, em ambos os casos pelo Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) de Lisboa, é desde Janeiro de 2005 ‘managing partner’ da PeopleValue (http://www.peoplevalue.com.pt/). No seu ‘curriculum’ profissional destacam-se presenças em instituições como a Intercon, o Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária (ITEC), a Novaponte e, mais recentemente, a Novabase. AMV JUNHO 10 gação. A 20 de Janeiro de 2007, o projecto de recrutamento e selecção para o Aquapura Douro Valley estava «no ar». A projecção feita apontava para a recepção de aproximadamente 1.200 candidaturas durante o primeiro mês, podendo chegar às 2.000 no processo todo. Na realidade, foram recebidas mais de 4.000, tendo sido realizadas mais de 700 entrevistas. Uma das preocupações em todo o processo era garantir que o recrutamento se faria de cima para baixo, para que as chefias pudessem participar na escolha das suas equipas. Se fazia sentido conceptualmente, tornava ainda mais difícil todo o processo, uma vez que essas são as funções mais morosas de recrutar, porque mais exigentes e com menos oferta. Isso obrigou a que se trabalhasse em dois níveis distintos em simultâneo, fazendo apostas e compromissos de qualidade em diversos momentos, para que quando as chefias fossem escolhidas pela Aquapura as ‘short-lists’ apresentadas estivessem de acordo com o seu perfil e as suas expectativas. Algo muito exigente e difícil. Mas no dia definido o hotel abria, com toda a equipa recrutada e contratada. Este projecto de recrutamento e selecção, por ter sido re- © JA CASE STUDY 41 CRÓNICA RH e Novas Tecnologias © JA Desmaterialização de processos e descentralização de tarefas JUNHO 10 Paulo Lemos Director da Meta4 Portugal [email protected] 42 Já existe tecnologia que permite ao Departamento de Recursos Humanos desenhar os processos de avaliação, criar e acompanhar o plano de formação, lançar e acompanhar processos de selecção. Numa organização, o Departamentos de Recursos Humanos necessita, cada vez mais, de ferramentas que permitam organizar a informação, de forma sistemática e relacional, bem como extrair, quando e onde for preciso, todas as métricas necessárias, quer para a administração, quer para o seu acompanhamento de processos. Nesse sentido, é cada vez mais importante que a ferramenta utilizada no suporte a processos e tarefas, definidos e controlados pelo Departamento de Recursos Humanos, tenha a participação de todos os envolvidos. Isto liberta o departamento de um conjunto de tarefas administrativas e, concomitantemente, transfere parte da decisão para as chefias, já naturalmente envolvidas num conjunto de processos, nomeadamente validações de avaliações, avaliações, génese de processos de selecção, solicitação de formação, entre outras. Ora, para que tudo isto funcione de forma fiável, simples e rápida deverá estar integrado no chamado «portal do empregado e do ‘manager’». De forma simples, na ‘intranet’ corporativa ou funcionando como portal dos recursos humanos, permite através de um ‘browser’ (utilizando um interface já familiar ao utilizador) que o próprio trabalhador valide os seus dados pessoais, modifique os mesmos quando for necessário, receba e arquive – de forma desmaterializada – o seu recibo de vencimentos e as comunicações dos Recursos Humanos, reporte o seu absentismo, solicite formação, entre outras funcionalidades. Por outro lado, as chefias passam a ter uma ferramenta que lhes dá elevada autonomia e acesso a um conjunto precioso de informação, disponibilizado pelos Recursos Humanos, e que lhes permite gerir processos e tomar decisões com elevados ganhos de produtividade. Actualmente já existe tecnologia que permite ao Departamento de Recursos Humanos desenhar os processos de avaliação, criar e acompanhar o plano de formação, lançar e acompanhar processos de selecção. Todo o processo de avaliação, desde a definição e a validação de objectivos, passando pela auto-avaliação (caso exista), pela gestão das entrevistas, pelos históricos, pela confrontação com planos de carreira ou sucessão, até uma possível normalização, tudo isto poderá ser gerido através do referido portal. Desta forma, o processo é completamente transparente para toda a organização, estruturado, controlado, corrigido, consolidado... Tudo sem recurso a uma única folha de papel, garantido assim a integridade e a coerência dos dados, bem como – não menos importante – a possibilidade de aceder a todos os históricos, de todos os processos, de todos os colaboradores. De igual modo, todos os fluxos referentes aos processos de selecção poderão ser geridos e acompanhados desde o portal, intervindo neles não só o Departamento de Recursos Humanos mas também as chefias directamente ligadas aos respectivos processos, acompanhando-os e actuando da forma mais rentável para a organização. Esta capacidade de desmaterialização dos processos ligados aos recursos humanos, bem como a possibilidade de delegar as tarefas em quem tem a melhor informação para as levar a cabo, permite enormes ganhos de produtividade e liberta o Departamento de Recursos humanos para a sua função essencial na organização: que deverá passar muito mais pelas componentes estratégicas e tácticas do que pelas funções operacionais e administrativas (que, embora essenciais ao funcionamento da organização, pouco ou nenhum valor acrescentam e em nada melhoram a competitividade). PUB © Lai Leng Yiat – Fotolia.com TRABALHO TEMPORÁRIO O apoio às empresas na gestão da sua actividade O que aqui apresentamos são as perspectivas de especialistas de instituições ligadas a trabalho temporário, tendo como foco o apoio prestado ao tecido empresarial no desenvolvimento da sua actividade. Apoio que se traduz sobretudo ao nível da gestão dos recursos humanos, permitindo a cada empresa concentrar-se no respectivo negócio. Recolha: MSA JUNHO 10 Na recolha das diversas perspectivas, optámos por uma divisão por sectores, para que o resultado pudesse traduzir uma visão abrangente da actividade de trabalho temporário no nosso país. Há um predomínio dos sectores de Contact Centers e Indústria, daí que os apresentemos logo a abrir. Mas outros são depois objecto de comentários de vários dos profissionais que colaboram neste trabalho. 44 CONTACT CENTERS «O sector de Contact Centers representa uma grande fatia do mercado de trabalho temporário. Em virtude do número reduzido de candidatos, o desafio é conseguir que os trabalhadores construam uma ligação não só ao tipo de trabalho executado mas também à empresa onde prestam serviço, aproximando-os dos trabalhadores com vínculo directo. É neste sentido que a Kelly Services tem orientado a acção nos clientes deste sector, criando a partir das instalações destes estreita colaboração e comunica- ção com os trabalhadores, integrando-os na esfera e na cultura da empresa cliente e desenvolvendo mecanismos de reconhecimento e valorização de cada trabalhador. Os trabalhadores temporários reconhecem o esforço realizado, o que leva a maior envolvimento com as empresas clientes, gerando uma relação de mútuo investimento. O envolvimento dos trabalhadores com as empresa em que trabalham foi o tema de um estudo de uma equipa da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa, com orientação da professora Maria José Chambel. A pesquisa demonstrou que quando os trabalhadores temporários consideram que a empresa investe neles da mesma forma que o faz com os trabalhadores que contrata directamente (desenvolve práticas idênticas de gestão de recursos humanos), desenvolvem também uma relação de emprego positiva com a empresa utilizadora.» Sofia Fernandes, responsável pela área de Contact Centers da Kelly Services ESPECIAL «Os Contact Centers, que registaram até 2008 crescimentos perto de 20%, e de 5% em 2009, são um sector de prestí- © PB Sofia Fernandes, Kelly Services Alexandre Gomes, Manpower Nelson Rocha, RAIS JUNHO 10 «O segmento de mercado dos Contact Centers tem sentido um crescimento exponencial, contribuindo já com mais de 55.000 postos de trabalho em Portugal, em vários sectores de actividade. O segmento tem recorrido ao trabalho temporário, permitindo fazer face às novas exigências do mercado. Esta forma de empregabilidade garante uma maior rapidez nos processos de recrutamento e legalidade na gestão administrativa, diminuindo o ‘turnover’ e o absentismo, sendo estes últimos excessivamente elevados nesta área. Aqui, o trabalho temporário é visto especificamente pelos colaboradores como uma oportunidade de trabalho, um meio de acesso a acções de formação e uma forma de enriquecimento curricular, sendo muitas vezes utilizado como um complemento salarial.» Catarina Pinto, gestora de negócio (Call Centers) da Multipessoal INDÚSTRIA «A cedência de trabalhadores temporários para o sector industrial é uma vertente fulcral na actividade da Intelac, visando fazer face a picos de trabalho/ encomendas recepcionadas pelos nossos clientes. É um sector que já atravessou dias mais promissores, tendo em conta as deslocalizações constantes para o Leste. Tendo em conta as © JA «O recrutamento para o sector de Contact Centers constitui um dos maiores desafios das empresas de trabalho temporário, por conjugar uma grande quantidade de postos de trabalho a preencher com uma grande variedade de perfis e disponibilidades. Este tipo de processo acaba por funcionar como ‘laboratório’ de novas estratégias e mecanismos de recrutamento, exigindo dos técnicos envolvidos a gestão contínua do número de candidatos disponíveis e dos respectivos perfis, uma postura activa/ criativa em relação aos meios de recrutamento usados na captação de candidatos e a capacidade para seguir o trajecto de cada colaborador colocado, identificando os casos de sucesso e as ‘deserções’, convertendo-os em informação valiosa para os novos processos de recrutamento.» Nelson Rocha, director comercial da RAIS (Grupo NETT) gio no qual a Flexilabor se tem posicionado como parceira na actividade de trabalho temporário. Uma das principais questões na sua gestão prende-se com o elevado índice de rotatividade, devido à crescente oferta. Assim, e porque partilhamos da preocupação sobre o tema da rotatividade, pensamos que 2010 tem sido um ano em que claramente apostamos na proximidade diária com os nossos colaboradores, no sentido de perceber onde podemos agir para apoiar a sua fidelização. Continuamente, aportamos melhorias à selecção dos candidatos e procuramos novos canais de recrutamento, trabalhando no sentido de atingir parcerias de excelência com os nossos clientes.» Clara Sofia Matos, coordenadora de área de negócio (Telefunções) da Flexilabor © JA «A evolução do mercado de trabalho introduziu novos desafios aos actuais gestores, que procuram, cada vez mais, soluções flexíveis, imediatas e de qualidade. Dentro deste espírito, a Manpower tem vindo a oferecer soluções específicas e orientadas para determinados nichos de mercado. A abordagem é simples: conhecendo o mercado, as suas características e a sua linguagem, as soluções de recrutamento e de contratualização são desenhadas à medida das necessidades dos clientes. O ganho obtido entre as partes é imediato; utilizando a mesma linguagem, o ‘match’ entre empresas e colaboradores é realizado de forma simples e eficaz. Actualmente, a Manpower tem equipas especializadas nos sectores de Banca, Contact Centers, Horeca, IT e Medical. O sector de Contact Centers tem evoluído bastante nos últimos anos e a tendência é para manter este ciclo de mudança positivo. O mercado de trabalho identificou esta oportunidade e o perfil dos colaboradores deste sector tem vindo a alterar-se, sendo procurado cada vez mais por profissionais mais qualificados e com uma maior experiência adquirida.» Alexandre Gomes, director regional (Zona Sul) da Manpower 45 JUNHO 10 «Desenvolvemos ao nível do trabalho temporário uma parceria efectiva com os clientes, através dos escritórios de Lisboa, de Aveiro e, mais recentemente, da Maia. Um dos desafios diários tem a ver com o recrutamento. Sempre que necessário, deslocamos a equipa de consultores para recrutar e acompanhar a integração de colaboradores. No caso da indústria, e ao contrário do que as estatísticas do desemprego fazem prever, temos dificuldade no recrutamento ao nível de diversas funções. Deparamo-nos com a ‘subsídio-dependência’, um dos problemas que procuramos ultrapassar com uma selecção mais rigorosa, visando reduzir o ‘turnover’ e os custos de absentismo e desistências. É um trabalho contínuo, onde procuramos identificar, valorizar e gerir as pessoas das organizações.» Rosa Cunha, consultora da Ditame – Gestão de Pessoas 46 OUTROS SECTORES Serviços «Nas últimas décadas a imagem do trabalho temporário associada à prestação de trabalhos indiferenciados modificou-se radicalmente, não apenas pela emergência das © Flexilabor © JA © JA «Com uma larga experiência na área dos recursos humanos, a Vedior passou em Abril de 2010 a denominar-se Tempo-Team. Sendo especializada na gestão de recursos humanos, interessa-se por tudo o que envolva pessoas, nas suas relações de trabalho, nas suas capacidades de superar desafios, nas suas competências, no seu desempenho. É nesta perspectiva que se assume como parceiro estratégico das empresas suas clientes, contribuindo para aumentar a sua produtividade, a rentabilidade e a flexibilidade, oferecendo soluções inovadoras que passam, em grande medida, pelo trabalho temporário e pelo ‘outsourcing’. A Tempo-Team está presente em vários sectores, da Indústria, em geral, a Banca e Seguros, Telecomunicações, Restauração, Serviços e Administração Pública. A área de maior destaque é da Indústria, pois tem mais flutuações de actividade, sendo que aí o trabalho temporário se torna uma ferramenta fundamental para a gestão flexível dos recursos humanos de que as empresas necessitam.» Carla Marques, directora comercial da Tempo-Team © Egor indústrias com as quais trabalhamos, assistimos há alguns meses a cenários de ‘lay-off’, mas agora o panorama é de aumento de volume de encomendas exponencial. Neste prisma, a Intelac funciona como parceiro de negócio fundamental, visando suplantar todos os picos de trabalho existentes. Trata-se de uma área em que rotatividade ‘versus’ absentismo são mais elevados quando comparados por exemplo com uma área de serviços, implicando desta forma a existência de uma base de dados de colaboradores alargada para solucionar eventuais falhas. O facto de sermos parceiros há vários anos de determinadas indústrias permite-nos oferecer uma grande flexibilidade/ agilidade na resolução deste tipo de problemas.» Célia Agostinho, directora de operações da Intelac Temporária © Multipessoal ESPECIAL – TRABALHO TEMPORÁRIO Catarina Pinto, Multipessoal Clara Sofia Matos, Flexilabor Célia Agostinho, Intelac Temporária Carla Marques, Tempo-Team Andrea Nunes, Egor ESPECIAL Banca e Seguros «Um dos sectores de maior actividade da Multitempo é o de Banca e Seguros, dos mais exigentes ao nível da qualidade do serviço prestado e para o qual recrutamos e cedemos colaboradores para diversas funções. Os colaboradores cedidos são devidamente avaliados a nível funcional e comportamental, por técnicos credenciados; e após a sua colocação é efectuado um acompanhamento sistemático junto do cliente, no que diz respeito à performance, à assiduidade e à produtividade. É apanágio da Multitempo a forma rigorosa como conduz os processos que lhe são solicitados, cumprindo na integra a legislação em vigor e as obrigações legais inerentes. A utilização do recurso ao trabalho temporário é, e continuará a ser, um instrumento de gestão fundamental de rentabilização dos recursos humanos no seio empresarial, e a Multitempo acredita desta forma contribuir sempre para o aumento de produtividade e do desempenho das empresas suas clientes.» Sandra Santos, directora de delegação (Barreiro) da Multitempo Hotelaria «Em Portugal a Hotelaria representou em 2008 7,5 mil milhões de euros de receitas – 15,7% do Produto Interno Bruto (PIB) – e cerca de 300 mil postos de trabalho – 6% da população activa –, sendo um dos sectores com tendência para crescer. Mas a actual situação de incerteza económica, associada à queda da actividade turística em 2009, trazem vários desafios às unidades hoteleiras em Portugal, um dos quais a redução dos custos fixos. Contudo, não podemos esquecer que o défice de competências assume especial importância na gestão hoteleira em Portugal. Daí JUNHO 10 práticas do ‘interim management’, mas sobretudo pela crescente necessidade das organizações de recorrerem a colaboradores qualificados para sustentar o crescimento em ‘serra’ dos negócios, pela turbulência gerada pela transição da sociedade industrial para a de serviços e desta para a do conhecimento num mundo global. Actualmente, a utilização de trabalho temporário nas áreas de prestação de serviços da Egor tem um contributo essencial para a geração de valor acrescentado para os clientes, sendo um importante factor da dinamização do emprego.» Andrea Nunes, directora da Job Center Egor/ Lisboa 47 ESPECIAL – TRABALHO TEMPORÁRIO 48 © AutoVision JUNHO 10 © SLOT © JA © JA © Multitempo que a escolha de um parceiro que permita reciclar e desenvolver competências, contribuindo para flexibilizar e agilizar a estrutura humana de apoio à operação, seja crucial para a sustentabilidade do sector.» César Santos, director-geral da Talenter Sandra Santos, Multitempo César Santos, Talenter Carlos Bernardo, GO Work Vânia Pina/ Leonor Carvalho SLOT Recursos Humanos João Costa, AutoVision Portugal Logística «Após a contenção do ano anterior, sentimos que o mercado está a mudar para melhor. O sector da Logística segue essa tendência e isso reflecte-se na actividade da GO Work, uma vez que se trata de uma área de mercado onde nos sentimos perfeitamente preparados para os desafios que nos são colocados. O recurso ao trabalho temporário permite uma gestão ‘just in time’, a qual colmatada com planos de formação adequados consegue apresentar as melhores soluções possíveis face às necessidades diárias das empresas do sector. Dotar os colaboradores de competências adequadas e conseguir apresentar-lhes um plano de integração atractivo são outros aspectos a ter em conta, os quais nem sempre são conseguidos a 100%, pelas vicissitudes inerentes ao sector. No entanto, estas duas variáveis devem estar sempre presentes quando recrutamos, mesmo em situações de carácter temporário.» Carlos Bernardo, ‘business director’ da GO Work Distribuição «Hoje em dia, nota-se cada vez mais um elevado crescimento do trabalho temporário nas empresas de distribuição, pela flexibilidade que este regime permite. As empresas vêem a sua vida facilitada nos diversos picos de actividade e em alturas em que necessitam de mais pessoas para fazer face a acréscimos de encomendas e mercadorias, que num curto espaço de tempo têm de ser entregues. Enquanto profissionais de recursos humanos, consideramos que muitas das empresas recorrem a este serviço pela própria dificuldade de recrutamento e de fidelização dos colaboradores. Nesta área de actividade existe um elevada taxa de ‘turnover’ e de absentismo e o trabalho temporário garante a estas empresas 100% de produtividade e um melhor serviço ao consumidor final.» Vânia Pina/ Leonor Carvalho, responsáveis pela gestão de contas (Distribuição) da SLOT Recursos Humanos Sector Automóvel «Pela flutuação produtiva no sector automóvel, o trabalho temporário é uma ferramenta imprescindível para assegurar a flexibilidade e a competitividade dos grandes construtores. Como especialistas nesta área, temos como missão fazer a gestão flexível dos recursos humanos dos nossos parceiros. Uma flexibilidade conseguida através da gestão total dos colaboradores, desde as provas de triagem até ao fardamento, garantindo a colocação de colaboradores experientes nos cargos adequados. A proactividade na procura de parceiros e candidatos e a aposta na competência e na qualificação são os segredos do nosso sucesso. E é com enorme entusiasmo que começamos a dar os primeiros passos fora do sector automóvel.» João Costa, director da AutoVision Portugal PUB visto de fora MADRID (ESPANHA) Manuel González Oubel Psicólogo e Filósofo [email protected] JUNHO 10 Segundo Lofti El-Ghandouri, «o trabalho converteu-se numa prisão onde seis em cada 10 pessoas pensam que a sua organização não leva a que possam dar o melhor de si mesmas, impede que aflore todo o potencial e gera a preguiça». 50 Esta legião imensa de pessoas e instituições parasitárias, envolvidas até limites insuspeitos no desperdício e minimamente comprometidas com o trabalho, manifestam-se de forma cacarejante por todo o lado como as mais dispostas a contribuir o êxito de Espanha e das suas empresas. Desconhecem o que é o comprometimento – conhecimento, dedicação e entusiasmo com a tarefa –, algo que se perfila como a chave para incrementar a produtividade e melhorar a qualidade, satisfazendo os cidadãos, os clientes os diversos utilizadores de qualquer produto ou serviço. Tony Gennaoui, da Towers Watson, um dos mais prestigiados consultores baseados em Espanha e com que profissionalmente tive muito contacto quando era director-geral da Towers Perrin, acaba de mostrar no seu «Global Workforce Study» (resultado de uma amostra de 22.000 empregados de mais de 22 países), que apenas 19% de quem trabalha se sente comprometido com a empresa; que 35% estão parcialmente comprometidos; e que os restantes 46% não se sentem em absoluto comprometidos e reco- (1) Sindicato Unión General de Trabajadores e Confederación Sindical de Comisiones Obreras. (2) «A Demissão Interior», numa tradução livre. nhecem que trabalham abaixo das suas possibilidades e capacidades. Segundo Lofti El-Ghandouri, no seu livro «El Despido Interior»,(2) «o trabalho converteu-se numa prisão onde seis em cada 10 pessoas pensam que a sua organização não leva a que possam dar o melhor de si mesmas, impede que aflore todo o potencial e gera a preguiça». Seria por isso muito interessante averiguar o que é que poderia motivar os empregados menos comprometidos, conseguir uma maior vinculação dos mesmos e aproveitar essa grande reserva de esforço discricionário que tanto as direcções políticas como as empresariais não souberam despertar; assim como não lograram canalizar esse possível comprometimento latente, que poderia ter um forte impacto na produtividade. Para criar o necessário vínculo emocional e chegar a um forte nível de comprometimento, são importantes os valores e a ética dos dirigentes, ainda que as novas gerações vejam de outra forma os valores do esforço, do trabalho e da lealdade. Entre os motores do comprometimento estão a liderança e a confiança que a direcção inspira. A direcção considera os empregados como o valor mais importante da organização na opinião de 28% dos inquiridos no estudo, que valorizam por sua vez de forma positiva a capacidade dos seus chefes para gerar confiança e credibilidade, ainda que dois terços salientem a falta de acessibilidade, proximidade, confiança e conhecimento dos dirigentes. Os outros motores do comprometimento são a responsabilidade corporativa, a imagem e a reputação da empresa, a organização por funções a nível individual e de equipa e a capacidade para intervir na tomada de decisões e propor novas ideias. O estudo de Gennaoui assinala por sua vez como factores para atrair o talento nos tempos actuais o salário-base competitivo e seguro, assim como tudo o que está relacionado com a conciliação laboral e a flexibilidade de horários e também as oportunidades de aprendizagem e de carreira. Ainda que para a retenção se valorize muito o trabalho numa empresa que invista em produtos e serviços inovadores, uma boa relação com o chefe e uma transmissão clara do projecto por parte da alta direcção, com visão ambiciosa e uma equipa ganhadora envolvida no projecto. A resiliência – a capacidade das pessoas para se levantarem uma e outra vez sempre que caem, não aceitando o «não» como resposta e contagiando-se de entusiasmo, inclusive nos maus momentos –, a resiliência, pelo contrário, não é considerada fundamental. Tradução do castelhano: AMV Gostava de conseguir ignorar a pouco comprometida e deplorável oposição que existe no meu país. E também gostava de conseguir ignorar a maldição de um governo cujo «admirável iluminado» que a ele preside diz em fóruns internacionais, sem ironia alguma, que a terra pertence ao vento. Por certo diz isso pensando num vento em forma de furacão, soprado a partir de dois influentes ministérios – que na verdade são sindicatos, mas como nos tempos da ditadura, só que agora as siglas de UGT e CCOO.(1) O vento tem ser mesmo o de um furacão, para estarmos em Espanha a tocar a assustadora cifra de cinco milhões de desempregados, além dos mais de 300.000 «dispensados sindicais», da plêiade de pseudointelectuais e artistas com subvenção só porque incensam o governo e de um bom número de políticos, juízes, fiscais e instituições corruptas que continuam a viver à custa da espoliação dos trabalhadores dos reformados, ou seja, dos sempre resignados e perseguidos contribuintes. © MVS O valor do comprometimento visto de fora RIO DE JANEIRO (BRASIL) Alquimia das gerações Denize Athayde Dutra Consultora em Desenvolvimento e Gestão de Pessoas [email protected] O conflito, seja entre gerações, seja de qualquer outra natureza, sempre existirá; e tem a função positiva de não permitir a estagnação. desenvolver e reter os talentos de todas as gerações. Sempre que saía dos vários encontros em que participava, cheia de ideias, pensava: «E agora, o que vou fazer com tudo isto?» Por isso, no «ESARH 2010» criámos um espaço no encerramento das actividades para que as pessoas possam reunir-se e partilhar as suas ideias sobre como irão usar toda a aprendizagem. Idealizámos uma grande vivência chamada «Alquimia das gerações: transformando ideias em acções de convergência», um espaço de partilha e produção de ‘insights’ e acções para «a integração de gerações no mundo corporativo». Adaptámos a metodologia «metaplan» e fizemos uma construção colectiva sobre os principais eixos da gestão de pessoas. Alquimia, que significa «arte que procurava descobrir a pedra filosofal, com que se transformaria em ouro outras substâncias, e a panaceia universal», remete-nos para a ideia de converter e transformar. E transformar é «fazer com que uma pessoa ou coisa mude de forma», e também «sofrer importantes mudanças, para convergir», ou «direcção comum para o mesmo ponto», ou «tendência para um resultado comum». Foi exactamente o que fizemos. Na próxima edição, contarei as nossas descobertas, nesta enriquecedora experiência que vai muito para além da razão, que passa essencialmente pelos nossos sentidos. Nota: ‘site’ oficial do «ESARH», http://esarh.com.br/. JUNHO 10 Gramado, Brasil, 18 a 21 de Maio. O «ESARH – Encontro Sul Americano de Recursos Humanos», 34 anos de história na construção da identidade do profissional da gestão de pessoas na América do Sul. Um encontro de partilha e construção de conhecimento. Um espaço para aprender, desaprender, reaprender e debater as melhores práticas de gestão. Num mundo globalizado, lidar com a diversidade vem sendo uma grande preocupação. Existem diferenças de toda a natureza: económicas, sociais, culturais. Neste evento, decidimos colocar o foco nos diferentes códigos das quatro gerações que convivem, hoje, no mercado de trabalho. O objectivo, encontrar as soluções que possibilitem a integração entre gerações no mundo corporativo. A própria concepção e a organização do evento fortaleceram a nossa crença de que esta integração é possível, e muito mais do que isto, gera sinergias. Formamos uma comissão constituída por pessoas das quatro gerações, nas quais as diferenças se complementaram e agregaram valor ao resultado final. Sabemos que o conflito, seja entre gerações, seja de qualquer outra natureza, sempre existirá e que tem a função positiva de não permitir a estagnação. Por outro lado, é certo que a forma como lidamos com estas diferenças será decisiva para a sustentabilidade das organizações. Este foi o nosso tema: decifrar cada geração e buscar práticas de gestão de pessoas, que garantam a integração e contribuam para atrair, © RAC Transformando ideias em acções de convergência 51 ESPAÇO RH EM SÍNTESE acções de formação na Kerakoll e na Sitel, nas áreas de Chefia de Vendas e Detecção e Protecção de Incêndios e Primeiros-socorros, respectivamente. 1 Tempo-Team no «Estoril Open» e no «Rock in Rio» A Tempo-Team, nova denominação da Vedior, tem vindo a fazer uma forte aposta na comunicação ao mercado, sendo que nas várias acções se inclui a presença em grandes eventos do nosso país. Assim, a empresa já integrou o grupo de patrocinadores do «Estoril Open», seguindo-se o «Rock in Rio». Em relação a este evento, a directora comercial da empresa, Carla Marques, destaca «a imagem de elevada qualidade, o que constitui condição para que a Tempo-Team se associe, para além de concentrar uma grande percentagem de jovens oriundos das mais diversas zonas do país». Assim, refere ainda a responsável, «num festival onde a alegria é a palavra de ordem, a Tempo-Team está perfeitamente integrada com o seu ‘stand’ junto ao ‘meeting point’», numa acção que «constitui uma mensagem de esperança junto de quem procura soluções de emprego». 4 Higiene e segurança no trabalho 1 2 2 A APESPE e o trabalho temporário A Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE) divulgou um documento assinado pelo seu presidente, Marcelino Pena Costa (na foto), e intitulado «Reflexão em torno da informalidade impune, com base em números». A associação mostrase preocupada com o que denomina como «um ciclo de concorrência desleal de completa impunidade». No documento pode ler-se que «todos os anos as empresas de trabalho temporário (ETT) têm que fazer prova de que não têm dívidas à Segurança Social nem ao Fisco, além de outras (…)» e que «assim, das 265 ETT que existiam em Janeiro de 2010 temos agora apenas 231, ou seja, houve um número de 34 empresas que fecharam por não estarem a cumprir as suas obrigações legais e sociais». 5 Certificação no Grupo Multipessoal 3 JUNHO 10 3 «Pequenos Almoços Temáticos» 52 Depois de realizar três eventos da sua iniciativa «Pequenos Almoços Temáticos», o Instituto Profitecla está agora a preparar mais uma série, apostando em novos temas como ‘coaching’ e gestão de equipas. Os «Pequenos Almoços Temáticos» destinam-se a profissionais de recursos humanos, mas estão abertos ao público em geral, sendo a inscrição gratuita. Segundo António Ruão, director do Instituto Profitecla, «brevemente serão divulgadas as próximas datas, na medida em que os consultores do Instituto Profitecla já estão a trabalhar na definição de novas temáticas», sendo «de realçar também que foi o cumprimento de objectivos e a superação de expectativas que fez o Instituto Profitecla lançar-se a desenhar mais acções deste tipo ao longo dos próximos meses». O Instituto Profitecla acaba também de realizar A CEGOC está a disponibilizar o curso «Introdução à Higiene e Segurança no Trabalho» nas modalidades de ‘blended learning’ e ‘e-learning’, tendo como finalidade «contribuir para a prevenção dos riscos profissionais, sensibilizando os formandos para a necessidade de criar condições de trabalho seguras e saudáveis e de adoptar comportamentos adequados», pode ler-se num comunicado da consultora. No documento assinala-se também que «as melhorias das condições de higiene e segurança no trabalho trazem vantagens económicas para as organizações», sendo que «de acordo com a legislação em vigor as entidades empregadoras são responsáveis por fornecer aos trabalhadores as informações e a formação necessárias ao desenvolvimento das actividades em condições de segurança e de saúde». 4 O Grupo Multipessoal obteve a certificação do Sistema da Gestão da Qualidade pela Société Générale de Surveillance (SGS), para todas as suas empresas. Sendo «totalmente focalizado no cliente, e tendo consciência das suas elevadas exigências», o objectivo do grupo, que congrega as empresas de Recursos Humanos do Grupo Espírito Santo, é «ir ao encontro dos níveis de satisfação dos seus clientes e inclusive superá-los», lê-se num comunicado. A certificação do Sistema de Gestão da Qualidade de acordo com a norma ISO 9001:2008 permite «demonstrar o compromisso da Multipessoal com a qualidade e a satisfação dos clientes». Para o presidente do grupo, Afonso Batista, «a qualidade não tem apenas a ver com normas a cumprir, é uma forma de estar, pensar e trabalhar». Primeira edição das «Jornadas EEC» As primeiras «Jornadas EEC», da Escola Europeia de Coaching, estão marcadas para 29 de Maio, em Lisboa. Trata-se de uma iniciativa que contará com a presença de Juan Fernando Bou, autor do livro «Coaching para Docentes». Com o apoio da Porto Editora, a EEC propõe para debate o tema que dá o título ao livro do seu convidado. 5 6 PwC lidera «Training Top 125» A PricewaterhouseCoopers (PwC) classificou-se pelo ESPAÇO RH terceiro ano consecutivo no primeiro lugar do ‘ranking’ «Training Top 125», um relatório da revista internacional «Training» que classifica as empresas quanto às suas práticas na área de Recursos Humanos. As iniciativas desenvolvidas pela PwC em 2009 no que diz respeito à reformulação dos seus programas de formação e desenvolvimento estiveram na origem desta nova distinção. 6 uma parceria com a Universidade de Columbia, Nova Iorque. Entretanto, a instituição apresentou também um programa de mestrado que tem como objectivo formar especialistas em gestão de Hotelaria e Turismo. Denominado «Master in Hospitality and Tourism Management», o programa é desenvolvido em parceria com o Rosen College of Hospitality Management da Universidade de Central Florida, uma escola que integra o ‘top five’ das ‘hospitality schools’ nos Estados Unidos. 7 MBAs apresentados em Aveiro ISCTE com novos programas A ISCTE Business School (IBS) apresentou um programa de formação que classifica como «o primeiro no mundo com especialização no sector energético, com maior destaque para as energias renováveis». Trata-se do «The Energy MBA», que tem co-direcção de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia. A escola de gestão do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (IUL) tem para esta iniciativa 8 Quarto aniversário da SLOT 7 A comemorar quatro anos de actividade, a SLOT Recursos Humanos, empresa dirigida por Sónia Barbosa (na foto), encontra-se «no auge de um ciclo de crescimento sustentado que possibilitou um aumento de três vezes no volume de negócios». É o que se pode ler numa carta que a directora executiva da empresa enviou aos clientes, carta essa que se inseriu no âmbito das acções levadas a cabo na comemoração deste marco no percurso da SLOT. 9 Grupo Avanza aposta em Portugal 8 9 Presente em Portugal desde Outubro do ano passado, o Grupo Avanza aposta no nosso país, considerando que tem «um mercado emergente, com grandes perspectivas de crescimento e desenvolvimento na área do ‘outsourcing’», pode ler-se num comunicado divulgado recentemente. O grupo espanhol, que se dedica à prestação de serviços em regime de ‘outsourcing’ em vários sectores de actividade, estendeu a sua acção ao nosso país através da criação da empresa Avanza Portugal Lda. Pedro Lucas, um profundo conhecedor do mercado português, com vasta experiência em termos de ‘outsourcing’ de serviços, lidera a nova empresa. JUNHO 10 A Universidade de Aveiro apresentou nas suas instalações os programas de MBA da EGE – Atlantic Business School. Em destaque na sessão estiveram as alterações ao «MBA Internacional», que conta agora com duas semanas internacionais de formação presencial, na ESADE – Business School de Barcelona e na Universidade Pontifícia de São Paulo, no Brasil. Na sessão foi também prestada informação sobre um outro programa, o «MBA Atlântico», destinado a formar gestores de topo para as empresas com interesses nos países de expressão portuguesa. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Universidade Católica do Porto, da Universidade Católica de Angola (Luanda) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do Brasil, que tem a particularidade de ser o primeiro MBA leccionado em Angola. 53 ESPAÇO RH AutoVision cresce no trabalho temporário Actuando ao nível de prestação de serviços, gestão de recursos humanos e trabalho temporário, a AutoVision tem vindo a servir principalmente o sector da indústria, sendo que é no trabalho temporário que actualmente conhece a maior expansão. Com um vasto leque de candidatos e uma carteira de parceiros bastante diversificada, entre os colaboradores da AutoVision encontram-se perfis tão diferentes como técnicos superiores, técnicos especializados, administrativos, operadores de produção, operadores de logística e auxiliares. O alargamento da área de trabalho temporário tem vindo a criar novas oportunidades de colocação para todos. João Costa, director da AutoVision Portugal, referiu a propósito do crescimento da empresa em termos de trabalho temporário que, «sendo uma das prioridades, é bastante satisfatório assistir à sua expansão». Prémio «Empresa Mais Familiarmente Responsável» 10 11 Foram anunciadas as vencedoras da quinta edição do prémio «Empresa Mais Familiarmente Responsável», iniciativa conjunta da Deloitte e da AESE – Escola de Direcção e Negócios, que reconhece e premeia as melhores práticas de conciliação entre a família e o trabalho. Jerónimo Martins e o Banco Santander Totta, ‘ex-aequo’ no escalão «Grandes Empresas com Mais de 5.000 Colaboradores», a Brisa no escalão «Grandes Empresas com 2.000 a 5.000 Colaboradores», a PepsiCo/ Matutano no escalão «Médias Empresas com 1.000 a 2.000 Colaboradores» e a Abreu e Associados no escalão «Pequenas Empresas, com Menos de 1.000 Colaboradores» foram as distinguidas. O júri atribuiu ainda duas menções honrosas, à Carris e à Patinter, no segundo escalão. 12 Eventos sociais My Wedding Planner 10 Por que falham os gestores A Profiles Internacional, em parceria com a SDO Consultoria, está a disponibilizar um relatório que identifica «cinco causas de descarrilamento na gestão», sendo o objectivo perceber por que falham os gestores de primeira linha e em seguida propor soluções para o evitar. Com base na experiência de uma ‘network’ de consultores, foram identificadas as cinco principais causas para as falhas dos gestores: fracas competências de relacionamento interpessoal e de comunicação; necessidade de melhoria das competências de liderança; resistência à mudança; incapacidade para alcançar os resultados esperados; e incapacidade para ver além do seu ‘nicho’ fundamental. O relatório apresenta inúmeras dicas para ajudar a ultrapassar estas falhas. JUNHO 10 11 «Total Compensation», da Mercer 54 A consultora Mercer já está a desenvolver o seu estudo «Total Compensation» para o ano de 2010. O estudo reúne uma amostra representativa da realidade nacional e analisa a informação associada a políticas de compensação e benefícios das empresas portuguesas. Segundo os responsáveis da consultora, «oferece uma visão clara das políticas de compensação e benefícios durante um ano, informação de suporte para tomada de decisões competitivas e eficazes, conhecimento das práticas do mercado nacional, redução do tempo de pesquisa em questões relacionadas com compensação e benefícios e ainda suporte ao processo de comunicação da compensação e dos pacotes de benefícios». 12 13 A MyEvents, empresa do Grupo Pessoas & Soluções, além da sua vertente de eventos ‘corporate’, está a apostar em eventos sociais, nomeadamente disponibilizando serviços de organização de casamentos, baptizados, aniversários ou festas particulares. A empresa concretiza esta oferta através da My Wedding Planner, uma marca que segundo Isabel Soares dos Santos, a sua responsável, «tem por base o conceito de ‘wedding planner’, já bastante conhecido no Brasil e nos Estados Unidos e que começa a surgir no nosso país». Isabel Soares dos Santos salienta que «cada vez mais o tempo é um factor importante», daí a aposta na «oferta de um serviço especializado que liberta o cliente de preocupações». A responsável refere ainda que os serviços «vão desde a simples organização de elementos necessários no dia do evento – transporte, flores, decoração ou ‘catering’, por exemplo – à organização pormenorizada do evento, como o conceito do mesmo, a contratação de todos os fornecedores envolvidos ou o protocolo cerimonial». 13 Envolvimento e lealdade dos colaboradores A Kelly Services, liderada em Portugal por Frank Weermeijer (na foto), organizou no Porto um almoço executivo de recursos humanos, no Palácio do Freixo, tendo como tema «O Envolvimento e a Lealdade do Trabalhador». Neste evento, reuniu algumas dezenas de profissionais de recursos humanos, de instituições suas clientes, tendo contado com intervenções de Margarida Simões, directora de recursos humanos da Revigrés, e Pedro Cunha, director de recursos humanos do Grupo Metalcon. De assinalar que o tema ESPAÇO RH bacharéis que exerçam ou pretendam vir a exercer actividades na implementação, na gestão e na avaliação daqueles sistemas. 14 Carlos Sezões (na foto) assumiu as funções de ‘partner’ em Portugal da Stanton Chase International (SCI), uma multinacional de ‘executive search’ com perto de 80 escritórios em 43 países, um dos quais Portugal, onde também se dedica às áreas de ‘talent management’ e ‘coaching’. A SCI entrou em Portugal ao integrar a HumanCap International, numa operação concretizada após um acordo de troca de participações sociais entre as duas empresas. 14 Soluções de gestão RH da Meta4 na PwC Portugal A Meta4, fornecedora de soluções para a gestão e o desenvolvimento de capital humano e intelectual (HICM), acaba de anunciar o reforço da presença no mercado português, com as suas soluções de gestão de recursos humanos a passarem a ser usadas na PricewaterhouseCoopers (PwC) no nosso país. Esta consultora vai gerir os cerca de 800 colaboradores em Portugal com as soluções Meta4, numa óptica de optimização e consolidação dos seus processos de recursos humanos. De assinalar que em Espanha, país de origem da Meta4, a PwC já utiliza soluções da empresa desde 1995; gere actualmente os seus 4.000 colaboradores com as soluções Meta4, salientando-se os módulos de captação de talento que incluem a ferramenta «Job Site», de apoio ao recrutamento externo. Qualidade, ambiente e segurança A TÜV Rheinland Portugal vai lançar a pós-graduação «Integração de Sistemas de Gestão de Qualidade, Ambiente e Segurança». Com uma duração de 360 horas, a pós-graduação destina-se a quadros médios e superiores de empresas e outras organizações, a licenciados e a 15 Carlos Sezões na Stanton Chase International Accenture distinguida no ‘outsourcing’ 15 Pelo terceiro ano consecutivo, a Accenture alcançou o primeiro lugar do ‘ranking’ «Global Outsourcing 100», da International Association of Outsourcing Professionals (IAOP). A empresa global de consultoria de gestão, tecnologia e ‘outsourcing’ foi assim considerada «a melhor fornecedora de serviços de ‘outsourcing’ a nível global». Trata-se de um ‘ranking’ que foi desenvolvido para ajudar as empresas a comparar e a seleccionar os seus fornecedores de serviços, através de uma metodologia objectiva. Os fornecedores são avaliados em termos de qualidade dos seus serviços, através de um processo rigoroso de avaliação que considera 18 critérios. A avaliação final baseia-se na média ponderada dos seguintes factores: competências demonstradas, dimensão, crescimento, capacidade de gestão e referências de clientes. Textos: MSA JUNHO 10 do almoço é um dos tópicos abordados no «Kelly Global Workforce Index» de 2010. Este estudo, sobre temas relacionados com o trabalho, é realizado há vários anos pela Kelly Services a nível internacional. Aproximadamente 134.000 pessoas da América do Norte, da Europa e da região Ásia-Pacífico responderam ao estudo de 2009/ 2010, incluindo mais de 16 mil em Portugal. 55 ESPAÇO RH AGENDA COACHING O Balanced Scorecard como Ferramenta de Sucesso na GRH 07 Jun e 30 Set, Lisboa http://www.ptomasconsultores.pt/ Compreender o contexto Técnicas de Coaching em Equipas de Trabalho 14 a 19 ou 23 Jun, Prior Velho http://www.finiform.pt/ «A vida é fascinante. O que é preciso é vê-la com os óculos certos.» Alexandre Dumas Formação Pedagógica Inicial de Formadores à Distância bLearning 17 Jun a 23 Jul, Braga e Coimbra http://www.nova-etapa.pt/ Seminário Liderança no Feminino 18 Jun, Lisboa http://www.ideiasedesafios.com/ Gestão de Conflitos 21 a 30 Jun, Lisboa http://www.intelac.pt/ Auditorias Internas – Qualidade e Recursos Humanos 21, 23, 25, 28 e 30 Jun, Oeiras http://www.elevus.pt/ Master Course Recursos Humanos 21 a 23 Jun, Lisboa http://www.globalestrategias.pt/ © YouUp Formação de Executivos: A Empresa Existencial 15 e 17 Jun, Lisboa http://www.ispa.pt/ João Alberto Catalão Co-autor do livro «Ferramentas de Coaching» [email protected] Os resultados efectivos do processo de ‘coaching’ serão muito enriquecidos se o ‘coach’ compreender o contexto do seu ‘coachee’. International Business Coach 19 a 24 Jun e 16 a 21 Set, Braga http://www.celula2000.pt/ Novo Código do Trabalho 21 e 22 Jun, Lisboa http://www.ife.pt/ Testes de Aptidões e Inventários de Interesses Profissionais 23 a 25 Jun, Lisboa http://www.shl.pt/ JUNHO 10 Certificação Internacional em Business Coaching da ICC com Joseph O’Connor 24 a 29 Jun, Carcavelos http://www.mindcoach.pt/ 56 Único em Portugal: Workshop Eneagrama 31 Jul a 01 Ago, Lisboa http://www.sp-coaching.com/ Nota: João Alberto Catalão é ‘coach’ executivo (certificado por ICF, IESEC e ASESCO), ‘master’ em ‘coaching’, membro da EMCC, presidente da Associação Ibero Americana de Coaching e co-fundador da YouUp. Quando falamos de ‘coaching’, falamos provavelmente da mais poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional. Como profissional empenhado na divulgação, na credibilização e na consolidação do ‘coaching’, e à semelhança do que acontece com as organizações internacionais de ‘coaching’ a que pertenço, defendo acerrimamente a importância da compreensão do contexto para uma boa prática de ‘coaching’. Sendo o ‘coaching’, acima de tudo, um processo de descoberta, ele depende muito da capacidade que o ‘coach’ tiver de saber colocar perguntas verdadeiramente poderosas, capazes de facilitar a descoberta, pelo ‘coachee’ (cliente), dos melhores caminhos para alcançar as suas próprias metas. O actual contexto social e económico potencia, por um lado, a procura de novas soluções, estimula novos desafios, proporciona novas oportunidades, mas também causa incertezas, tensão e insegurança. O ‘coaching’ e os bons profissionais que o desenvolvem regem-se com base em códigos de ética muito rigorosos, explícitos e objectivos. Basta termos em consideração a definição de ‘coaching’ daquela que é a maior e mais prestigiada organização de ‘coaching’ a nível Mundial, a ICF – International Coach Federation para percebermos a importância da compreensão do contexto na prática do ‘coaching’: «O ‘coaching’ é uma parceria com os clientes, num processo estimulante e criativo que os inspira a maximizar o seu potencial pessoal e profissional.» Partindo o ‘coaching de uma lógica de co-criação, ele dependente da necessária relação de confiança entre ‘coach’ e ‘coachee’. Assim, os resultados efectivos do processo de ‘coaching’ serão muito enriquecidos se o ‘coach’ compreender o contexto do seu ‘coachee’ (cliente). Esta é, claramente, a melhor via para se criar o espaço seguro e o ambiente favorável, necessários para uma relação de respeito mútuo e confiança. Só assim o ‘coach’ poderá definir e utilizar as melhores ferramentas de ‘coaching’. A minha experiência e a da equipa de ‘coaches’ da YouUp diz-nos que mais do que certificações, estilos e métodos, os destinatários dos processos de ‘coaching’ devem procurar ‘coaches’ que a uma boa experiência de vida (pessoal e profissional) e a uma boa formação técnica em ‘coaching’ (de preferência certificada) saibam aliar a genuína vontade de se assumirem como facilitadores e uma boa base de entendimento sobre o contexto profissional e/ ou pessoal do seu cliente. ESPAÇO RH SITES LIVROS Marketing Pessoal Vários autores (António Medeiros, Nuno Soares, Luís Bicho, Nuno Nunes, José Santos e Gonçalo Bandeira) com um manual que resulta de um ano e meio de trabalho. O ‘marketing’ pessoal analisado com a ajuda de figuras tão conhecidas com Rui Nabeiro, Nelson Évora, Rui Unas e Edson Athayde, ou executivos como os directores-gerais em Portugal da McDonald’s e da Fnac. No prefácio, Fernando Nobre, líder da Assistência Médica Internacional (AMI), assinala que «num mundo estonteante, (…) temos de nos alicerçar em valores e objectivos, criando e fortalecendo a nossa ‘marca’ pessoal, e numa ‘rede’ de amizades e relações fortes, consistentes e solidárias». (Texto) Porque é que o Mundo Vai Ficar Muito Mais Pequeno Um economista canadiano, que ocupou cargos de topo num grande banco de investimentos e foi conselheiro do Ministério da Finanças do seu país, revela neste livro a dependência que o mundo tem do petróleo e como esta realidade pode afectar enormemente toda a economia, mas não só. Jeff Rubin vê com pessimismo a globalização (ser-lhe-á fatal a escalada do preço do crude), mas mostra-se optimista em relação ao que virá depois, com a reconfiguração do modo como iremos produzir, consumir e viver – a economia, acredita Rubin, voltará a ser local. (Lua de Papel) A pensar no ambiente O projecto foi lançado em 2005, sendo agora uma referência do mercado voluntário de carbono em Portugal. Denominado CarbonoZero, disponibilizou as primeiras calculadoras de carbono ‘on-line’ nacionais e foi o primeiro instrumento do mercado voluntário português a assumir a verificação externa independente de todo o seu funcionamento e a publicar os respectivos resultados. Já compensou milhares de toneladas de CO2e, para inúmeros clientes, incluindo projectos de grande dimensão como o «Rock in Rio» (Lisboa e Madrid), o «Expresso» ou a Assinatura do Tratado de Lisboa. O conceito é simples: parte da quantificação de emissões de gases com efeito de estufa, expressas em dióxido de carbono equivalente (CO2e), associadas às actividades de indivíduos e empresas, e permite a respectiva compensação através do co-financiamento de projectos que sequestram (floresta) ou evitam (tecnologia) emissões em quantidade equivalente. Presença ‘on-line’ em http://www.carbono-zero.com/. Um portal de emprego O «Empregos Manager» (http://www.empregosmanager.pt/) visa proporcionar às empresas um recrutamento cómodo, eficaz e em tempo reduzido. Os candidatos podem acompanhar as ofertas de emprego e formação e subscrever ‘newsletters’ de periodicidade variável. Destaque para uma ferramenta de criação de currículos e para a aplicação «Olheiro», que procura o emprego que mais se adequa a cada perfil. Textos: Mário Sul de Andrade Textos: MSA JUNHO 10 A Nau Catrineta e a História Trágico-marítima, de Libório Manuel da Silva (Centro Atlântico). Uma reflexão sobre as questões ligadas à liderança, a partir de textos clássicos da literatura portuguesa. As 3 Perguntas, de Jorge Bucay (Pergaminho). Quem sou? Onde vou? Com quem? Mais de dois milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, de um famoso psiquiatra e psicoterapeuta argentino. Desforra, de Margaret Atwood (Bertrand). A dívida e o lado sombrio da riqueza, num ensaio de uma escritora canadiana, sobejamente premiada na ficção. A Arte de Ter Tudo e Gastar Quase Nada, de Richard Templar (Europa-América). Ideias engenhosas para poupar dinheiro, sem perder as coisas boas da vida. 57 ESPAÇO RH Team Building «Choir Team Building» A música como metáfora para o trabalho em equipa Texto: Irina Pedro JUNHO 10 © Choir Team Bulding Foi lançado recentemente no mercado o Choir Team Bulding, «uma total inovação e uma iniciativa 100% nacional», sublinha Pedro Monteiro de Barros, ‘partner’ da SoftKI e mentor do projecto. Pedro Monteiro de Barros conta que a ideia surgiu quando, ao assistir a uma perfomance do Saint Dominics Gospel Choir, se lembrou de que poderia ser interessante desenvolver uma acção de ‘team building’ para as empresas com base no trabalho do coro. «Consciente de que as empresas aderem a acções inovadoras e capazes de promover a motivação dos colaboradores e das equipas, contactei o João Castro, responsável do coro, falei-lhe da ideia e decidimos avançar.» O grande objectivo desta parceria foi «desenvolver uma acção de ‘team building’ única, que utilizasse uma abordagem inovadora e revigorante para os participantes e que permitisse estabelecer um paralelismo claro com o clima de trabalho das equipas de uma empresa, contribuindo para promover a cooperação das equipas e a 58 A acção «Choir Team Building» é transversal a todos os colaboradores de uma empresa que têm a necessidade de trabalhar em equipa, assinala Pedro Monteiro de Barros. auto-estima e o desenvolvimento profissional dos colaboradores», esclarece Pedro Monteiro de Barros, que faz notar que o clima de trabalho das equipas contribui de forma decisiva para os resultados alcançados. Na opinião deste responsável, «gerir e coordenar um coro ou uma orquestra com vários elementos levanta questões e desafios que têm paralelismo com o trabalho de equipa em contexto empresarial». Isto porque «a eficácia do trabalho em equipa pressupõe a existência de um líder, a orientação para um objectivo comum, a definição de responsabilidades e a interacção e a confiança entre todos, tal como uma actuação excelente de um coro pressupõe a existência de um maestro, a orientação pela mesma pauta, a distribuição de papéis no coro e a sintonia e a confiança entre todos», compara. Por outro lado – continua –, «por vezes, quer num coro, quer numa equipa de trabalho, esquece-se os objectivos individuais em prole dos objectivos do grupo, com vista à satisfação pessoal de todos pela qualidade do resultado alcançado. As semelhanças são imensas e, quando trabalhadas num contexto musical, diferente da rotina diária, é possível promover o desenvolvimento de competências críticas para o trabalho em equipa.» O conceito já foi posto em prática na Mckinsey, oportunidade que surgiu na sequência de um concerto do Saint Dominics Gospel Choir em Londres. Após o concerto foram contactados para participarem num ‘workshop’ realizado em Portugal, direccionado para os novos ‘partners’ da consultora. A acção foi realizada com cerca de 35 participantes, sendo atribuída, a cada um, uma responsabilidade no coro em função do timbre da sua voz. Foram realizados ensaios e o dia terminou com um concerto para os restantes colaboradores da empresa. Pedro Monteiro de Barros esclarece que a acção «Choir Team Building» é transversal a todos os colaboradores de uma empresa que têm a necessidade de trabalhar em equipa. E realça que o desenvolvimento de competências obtido se foca nos factores críticos de sucesso de uma equipa e nas competências individuais dos participantes. «Ao nível da equipa será possível promover a harmonia e a cooperação do grupo, reforçando a confiança entre os participantes, bem como a dedicação à equipa e o orgulho que sentem por a ela pertencerem. Ao nível individual – completa –, o desenvolvimento foca-se na flexibilidade, na capacidade de adaptação, comunicação, cooperação e orientação para resultados e para a qualidade.» ESPAÇO RH OPINIÃO Luís Bento Administrador de Empresas e Docente Universitário [email protected] - caracterização da decisão a tomar; - identificação do responsável pela sua implementação; - verificação da existência dos meios e recursos necessários. E tudo isto deve acontecer num ápice, com rapidez. Quando a decisão é tomada, já está formulada em todas as suas implicações e, portanto, vai ser implementada. Decidir não é pois um acto prévio à identificação do problema. É fazer com que as coisas aconteçam. De forma participada, rápida e eficaz. Se nada acontece, é porque não houve verdadeira decisão. Nesta perspectiva, somos um país de não-decisores. Escrevemos muitas normas, muitos comandos, damos muitas directrizes mas a realidade permanece pouco alterada. Vamos pois «decidir» menos e fazer acontecer mais. O país ficará grato. JUNHO 10 Eu decidi, tu decidiste, nós decidimos. Parece um exercício infantil sobre os tempos dos verbos. A sociedade portuguesa está verdadeiramente inquinada por «decisões». Toda a gente decide. Todavia, nada acontece. Por quê? Porque a «decisão» à portuguesa é o acto de escrever uma norma, um comando, uma ordem, de tomar posição escrita sobre algo. Ora, decidir não é nada disso, é uma coisa completamente diferente. Primeiro, a decisão não é um acto isolado, é um processo sócio-técnico, composto por diversas fases, a saber: - identificação do problema ou da solução; - verificação de que concorre com qualquer ordem pré-existente que impede a sua resolução ou implementação; - formulação de um caminho, rápido e eficaz, por onde deve passar; © PG Decidir é fazer acontecer 59 ESPAÇO RH legislação Legislação relevante para a gestão de recursos humanos Texto: Carlos Antunes JUNHO 10 Legislação portuguesa Resolução do Conselho de Ministros 21/2010, «Diário da República» 60 – Série I, de 26 de Março de 2010, Presidência do Conselho de Ministros Estabelece o contingente global indicativo da concessão de vistos de residência para a admissão em território nacional de cidadãos estrangeiros para o exercício de uma actividade profissional subordinada. Portaria 183/2010, «Diário da República» 61 – Série I, de 29 de Março de 2010, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Cria a iniciativa «Formação para Empresários» e estabelece as respectivas normas de funcionamento. Portaria 186-A/2010, «Diário da República» 64, Suplemento – Série I, de um de Abril de 2010, Ministério das Finanças e da Administração Pública Altera o número de estagiários por entidade promotora no âmbito do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, alterando em conformidade o anexo da Portaria 172-A/2010, de 22 de Março, que fixa o número máximo de estagiários a seleccionar anualmente para o «Programa de Estágios Profissionais na Administração Pública Central (PEPAC)». Portaria 191/2010, «Diário da República» 68 – Série I, de oito de Abril de 2010, Ministérios da Administração Interna, da Justiça, da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, do Trabalho e da Solidariedade Social, da Saúde e da Cultura Terceira alteração à Portaria 736/2006, de 26 de Julho, que aprova o regulamento de condições mínimas para os trabalhadores administrativos. Decreto Legislativo Regional 5/2010, «Diário da República» 75 – Série I, de 19 de Abril de 2010, Região Autónoma da Madeira – Assembleia Legislativa Aprova o valor da retribuição mínima mensal garantida para vigorar a partir de Janeiro de 2010 na Região Autónoma da Madeira. Portaria 237/2010, «Diário da República» 83 – Série I, de 29 de Abril de 2010, Ministério da Justiça Aprova o regulamento de reconhecimento dos cursos de formação de mediadores de conflitos para prestar funções no âmbito da mediação pública (entre eles, os serviços de mediação pública do Sistema de Mediação Laboral). 60 Legislação europeia Directiva 2010/18/EU, do Conselho, de oito de Março de 2010 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 68, de 18 de Março de 2010) Aplica o acordo-quadro revisto sobre licença parental celebrado entre a BusinessEurope – The Confederation of Comentário Da legislação publicada em Abril, salienta-se no âmbito nacional o diploma que aprova o valor do salário mínimo em 2010 na Região Autónoma da Madeira, com um acréscimo de dois por cento em relação ao salário mínimo nacional, fixando-o em 484 euros e 50 cêntimos. Quanto à legislação da União Europeia, do mesmo mês, destaque para diversas resoluções do Parlamento Europeu sobre as políticas de emprego dos estadosmembros. De referir que são agora aqui incluídos dois diplomas nacionais de Março e também toda a legislação europeia seleccionada para a edição anterior mas que então ficou de fora por questões de espaço. Carlos Antunes é jurista e integra o quadro de dirigentes da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) do Ministerio do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) European Business, a UEAPME – The European Association of Craft, Small and Medium-sized Enterprises, o CEEP – European Centre of Employers and Enterprises e a ETUC – The European Trade Union Confederation, que revoga a Directiva 96/34/CE. Diversos («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», C 83, de 30 de Março de 2010) Versões consolidadas do Tratado da União Europeia e do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. Protocolos. Anexos. Declarações anexadas à acta final da conferência intergovernamental que adoptou o Tratado de Lisboa. Quadros de correspondência. Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Resolução do Parlamento Europeu, de 10 de Março de 2009 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de um de Abril de 2010) Sobre a igualdade de tratamento e de acesso entre homens e mulheres nas artes do espectáculo. Resolução do Parlamento Europeu, de 11 de Março de 2009 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de um de Abril de 2010) Sobre a aplicação das orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros 2008-2010. Resolução do Parlamento Europeu, de 12 de Março de 2009 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de um de Abril de 2010) Sobre melhores carreiras e mais mobilidade: uma parceria europeia para os investigadores. Resolução do Parlamento Europeu, de 12 de Março de 2009 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de um de Abril de 2010) Sobre a participação dos trabalhadores em empresas com estatuto europeu e outras medidas de acompanhamento Decisão 283/2010/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Março de 2010 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de sete de Abril de 2010) Estabelece o Instrumento de Micro-financiamento Europeu «Progress» para o Emprego e a Inclusão Social. Decisão 284/2010/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Março de 2010 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 87, de sete de Abril de 2010) Altera a Decisão 1.672/2006/CE, que estabelece o «Programa Comunitário para o Emprego e a Solidariedade Social – Progress». Regulamento (UE) 317/2010, da Comissão, de 16 de Abril de 2010 («Jornal Oficial das Comunidades Europeias», L 97, de 17 de Abril de 2010) Adopta as especificações do módulo ‘ad hoc’ para 2011 sobre o emprego das pessoas com deficiência para o inquérito por amostragem às forças de trabalho previsto pelo Regulamento (CE) 577/98 do Conselho. ESPAÇO RH GRANDEZA NO DIA-A-DIA É ao cliente, como indivíduo, que assiste a responsabilidade de se afirmar como o verdadeiro protagonista da sua história de vida. Ora, sendo insistentemente afirmado que uma das singularidades do ‘coaching’ está justamente no facto de ser um processo de intervenção claramente comprometido com objectivos de mudança, o correcto diagnóstico da «coachabilidade» dos clientes é, não só, uma importante questão de método, mas consubstancia toda uma deontologia de intervenção alicerçada na ideia de que é o cliente o definitivo protagonista Mário Ceitil Director Associado da CEGOC/ FranklinCovey e Docente Universitário [email protected] do processo, sendo dele, cliente, individualmente considerado, a responsabilidade de tomar em mãos o seu destino e trazer para a sua vida um novo projecto e um novo sentido de propósito. Para tal, talvez a principal missão do ‘coach’ seja a de apoiar o cliente a percorrer as diferentes fases de mudança, desde a Pré-contemplação e a Contemplação, fases caracterizadas pela passividade, pelo não reconhecimento da necessidade de mudar ou pela não intenção de o fazer, até à Preparação e à Acção que, de acordo com o «Modelo Transteórico de Mudança» de James O. Prochaska e Carlo C. DiClemente, constituem os «estádios de mudança» em que os clientes apresentam já índices apreciáveis de «coachabilidade», embora variáveis de pessoa para pessoa. Apesar de alguns autores salientarem que no ‘coaching’ as variáveis do contexto serão menos determinantes no êxito dos processos do que em outras modalidades de intervenção, digamos, mais tradicionais, é de relevar, todavia, alguma responsabilidade do contexto no diagnóstico da «coachabilidade» dos clientes, particularmente nas situações em que os processos de ‘coaching’ são directamente sponsorizados (quer dizer, pagos) pela organização. De qualquer modo, é ao cliente, como indivíduo, que assiste a responsabilidade de se afirmar como o verdadeiro protagonista da sua história de vida e, por conseguinte, da sua «coachabilidade», e é a ele que compete, em definitivo, resignificar os seus paradigmas e cortar com as amarras que o impedem de se guindar às alturas da grandeza. JUNHO 10 Num ‘survey’ realizado pela Universidade de Harvard (citado por Carol Kauffman e Diane Coutu num artigo de 2009), os ‘coaches’ da amostra, interrogados sobre quais eram, na sua perspectiva, os factores de maior sucesso nos processos de ‘coaching’, salientaram como mais importante «a prontidão para a mudança» (‘change readiness’) por parte dos clientes. Mais do que a técnica utilizada, mais ainda do que a experiência, as competências e a notoriedade do ‘coach’, os respondentes afirmam que a principal responsabilidade da real eficácia dos processos de ‘coaching’ reside naquilo a que, com alguma eventual impropriedade de tradução, chamaria de «coachabilidade» (‘coachability’), categoria conceptual que pretende englobar a maior ou menor disponibilidade do cliente para mudar as práticas, os paradigmas ou o que quer que seja que esteja em causa como objectivo de mudança inerente ao processo. © CEGOC Coachabilidade 61 AS MINHAS ESCOLHAS ROSA SILVA Mais próximo dos aspectos importantes da vida JUNHO 10 Texto: Ana Leonor Martins Foto: Vítor Gordo 62 «O actual mercado de trabalho apresenta-nos exigências que vão muito para além do nosso ritmo biológico, e o tempo que necessitamos de investir para fazer face a todos os desafios ultrapassa muitas vezes os níveis da razoabilidade. Pequenas evasões são momentos únicos que nos afastam da nossa realidade e nos aproximam dos aspectos importantes da vida.» A chamada de atenção é feita por Rosa Silva, directora da Egor Consulting, que decidiu sair de uma pequena cidade para ir estudar para a capital e apostar na sua carreira. E considera que simples escapes como «viajar, ler um livro, visitar um museu ou experimentar novos sabores dão-nos a inspiração e a criatividade», tão necessárias no nosso dia-a-dia. «Partilhar uma tarde de sol com os amigos na praia, andar de bicicleta, ir ao cinema, assistir a espectáculos e jantar em família são os condimentos necessários para uma vida equilibrada», sublinha, alertando que «a exigência da actividade profissional num mercado em constante turbulência conduz-nos a esquecer as coisas simples da vida que nos dão grande prazer». Rosa Silva admite que nem sempre é fácil conciliar estas actividades com a vida profissional, mas garante que são determinantes para o seu bem-estar e o seu equilíbrio, bem como para a sua profissão. Nesta matéria, destaca que a «internacionalização do Grupo Egor é uma prioridade, uma vez que estamos no mercado há 24 anos e a actual conjuntura não nos permite continuar a crescer», reconhece. «Angola está no horizonte da Egor, e no momento este é o maior desafio a que pretendo dar resposta. Por outro lado – continua – , num negócio onde a inovação e a criatividade são determinantes, posicionar a Egor Consulting na liderança das empresas de formação e consultoria é um sério objectivo. A prioridade tem sido o desenvolvimento de uma oferta para o mercado de novos programas de ‘team building’, os ‘Egor AS MINHAS ESCOLHAS Challenges’, e o lançamento de um catálogo de formação inter-empresas, bem como a consolidação da equipa.» A directora da Egor Consulting cita o título do livro da amiga Rosália Amorim – «O Homem Certo para Gerir uma Empresa é uma Mulher» – para sublinhar que «as mulheres têm vindo a ocupar um lugar determinante na sociedade portuguesa», apesar de haver ainda «um longo caminho a percorrer, porque a mulher continua a ser a mãe, a esposa e a profissional». E partilha que são os desafios que lhe permitem estar numa organização e abraçar com determinação os objectivos que a levam a alcançar resultados. «Foi o que me moveu ao longo destes anos», seguindo a filosofia «o caminho é em frente». Maldivas, Amazónia, Tunísia e Sri Lanka são alguns dos destinos de eleição de Rosa Silva. JUNHO 10 Família e amigos «São os pilares que nos permitem fazer face a todas as solicitações a que estamos sujeitos. Abraçar a minha filha Carolina e ouvir as suas gargalhadas sempre que me brinda com o seu sorriso é um enorme privilégio. Esqueço-me com facilidade de qualquer preocupação; os problemas são relativizados com a certeza de que há sempre uma solução para tudo. Estar com a família e jantar com os amigos são outros pequenos prazeres que me permitem encontrar a tranquilidade necessária para responder com qualidade às solicitações de clientes, parceiros e fornecedores. Valores como a amizade, a partilha, o afecto e a entreajuda são determinantes em sociedades cada vez mais individualistas e competitivas.» Viajar «Tenho tido o privilégio de conhecer países e locais inesquecíveis, como a Amazónia, S. Salvador da Bahia, o Sri Lanka, as Maldivas, a Tunísia, Lanzarote, entre outros. Estas viagens têm-me proporcionado experiências únicas, tal como o é o carácter genuíno das suas gentes e das suas culturas. É nestas realidades que me sinto mais próxima do nosso país.» 63 JUNHO 10 LIFESTYLE 64 LIFESTYLE VIAGEM – TURQUIA Um país inesquecível Um património histórico riquíssimo, a impressionante diversidade geográfica e o admirável contraste entre o antigo e o moderno fazem da Turquia um país inesquecível para quem o visita. A juntar a isto, um povo alegre, simpático e hospitaleiro. Um itinerário, designado «Turquia Espectacular», incluindo visita a Istambul, Ancara, Capadócia, Konya, Pamukkale, Éfeso, Izmir, Pérgamo, Tróia e Çanakkale. Deixámos as idílicas praias mediterrânicas para uma segunda viagem e partimos à descoberta dos tesouros culturais e históricos do país. As surpresas sucederam-se: o riquíssimo património histórico, a impressionante diversidade geográfica, o admirável contraste entre o antigo e o moderno, o colorido de tapetes e kilins, o requinte da aromática gastronomia, o povo alegre, simpático e hospitaleiro. Chegámos a Istambul – cidade que liga os continentes asiático e europeu – ao início da noite e logo no trajecto do aeroporto para o hotel constatámos que estávamos numa grande cidade imperial, cosmopolita, que fervilhava de gente e de trânsito, com os monumentos profusamente iluminados e inúmeros barcos a circular no Bósforo. De madrugada fomos acordados por um cântico transmitido por altifalantes colocados no alto dos minaretes e que chama os fiéis para a oração – estávamos num país muçulmano. A descoberta dos principais pontos de interesse histórico da cidade, que foi capital dos impérios otomano, bizantino e romano, iniciar-se-ia no dia seguinte, pelo Palácio de Topkapi, centro de poder do Império Otomano durante cerca de quatro séculos, onde estão expostas diversas colecções de tesouros: jóias com milhares de brilhantes, pedras preciosas e semi-preciosas, porcelanas, trajes imperiais, armas e armaduras, relógios, miniaturas e manuscritos. No Bairro de Sultanahmet, ficam frente a frente dois dos mais importantes monumentos da cidade: a Mesquita Azul – lin- díssima com os seus azulejos azuis de Iznik, os seis minaretes, as cúpulas pintadas com padrões de arabescos mesméricos, e a Igreja de Santa Sofia (Igreja da Sagrada Sabedoria) – projectada como «um espelho do céu na Terra», que abriga nas paredes e cúpulas esplêndidos mosaicos bizantinos, com destaque para a figura de Cristo, a Virgem com o menino Jesus ao colo e ainda o arcanjo Gabriel. O Bairro do Bazar é o bairro das lojas e dos mercados. Ali fica o Grande Bazar – labirinto de ruas com mil e uma lojas repletas de produtos tentadores e lojistas alvoraçados, onde apetece voltar sempre e comprar tudo e onde tudo se regateia – e o Bazar das Especiarias – onde se encontram todas as especiarias orientais, ervas aromáticas, mel e frutos secos. Para terminar a visita a Istambul, um relaxante cruzeiro pelo Bósforo. Seguimos viagem em direcção a Ankara, a moderna capital da Turquia, onde visitámos o magnífico Museu das Civilizações, que alberga a maior colecção de antiguidades hititas do mundo, e o Mausoléu de Atatürk, que guarda a urna com as cinzas do fundador da República Turca, em 1923, e uma grande mostra de fotografias, pinturas e magníficos objectos pessoais. Na Anatólia Central deslumbrámo-nos com a região da Capadócia – paisagem única esculpida pela natureza. Na sua origem, estiveram dois vulcões, já extintos, que expeliram lava e cinzas, formando uma paisagem encantada de tufo vulcânico. Depois, ao longo de milhares de anos, a erosão pela água e pelo vento esculpiu as extraordinárias formações rochosas. A macieza do tufo permitiu aos antigos habitantes da região escavar cavernas subterrâneas interligadas, e ali viverem em comunidade, sem JUNHO 10 Texto e fotos: Teresa Dias 65 LIFESTYLE uma fresta de luz mas com um eficiente sistema de ventilação. Partimos depois para a região do Egeu, onde nos deslumbrámos com os vestígios de cerca de 5.000 anos de história grega e romana. É o caso das ruínas de Éfeso – Biblioteca de Celso, o teatro escavado na vertente do monte Pion, o Templo de Adriano, a Rua Colunada alinhada por colunas jónicas e dóricas, o Templo de Domiciano, a Porta de Hércules… –, as de Izmir, as de Pérgamo – o Altar de Zeus, o Templo de Trajano e o teatro com capacidade para 10.000 lugares – e as de Tróia – com o imponente Cavalo de Tróia. A cerca de oito quilómetros do centro de Éfeso, no alto do monte Coresus, visitámos a AUTOMÓVEL Música, maestro! © Honda O Honda Jazz continua a causar sensação. As dimensões, o estilo, o preço e a economia típica do segmento B fazem dele um citadino de excelência. Texto: Humberto Silva JUNHO 10 Casa da Virgem Maria, local de peregrinação de cristãos e muçulmanos, onde a mãe de Jesus terá vivido os últimos anos da sua vida. Visitámos ainda os terraços e as nascentes de Pamukkale (Palácio de Algodão), formações calcárias, numa extensão de três mil metros de largura por 100 de altura, de um branco cintilante que lembra uma paisagem lunar. Algo verdadeiramente espectacular. Como, aliás, toda a viagem, que terminou com a travessia do Mar da Mármara em ‘ferryboat’ e o regresso a Istambul. http://www.tourismturkey.org/ 66 Quando em 2002 o Honda Jazz foi apresentado, ninguém ficou indiferente. Agora, e passados todos estes anos, o efeito surpresa já se perdeu, mas as características mais marcantes estão todas lá. O tão característico ‘design’, o estilo ‘cool’ e os preços apetecíveis combinam com o elevado espaço para passageiros e bagagem – os bancos traseiros rebatidos permitem até 892 litros. Mas é impossível passar à frente sem falar já dos consumos tão convidativos para os tempos que correm. Em média, este citadino gasta 5,3 litros por cada 100 quilómetros percorridos. Sem dúvida, uma marca invejável. E por falar em inveja, o que dizer dos 14.950 euros que a Honda pede pelo 1.2 i-VTEC Elegance 2010? Indecisão? Então saber que oferece um equipamento de topo – ar condicionado, computador de bordo, rádio CD com MP3, controlo de estabilidade (VSA) e fixação ISOFIX para cadeira de criança –, isso deve ajudar a formar uma ideia. Como sempre, este modelo da marca nipónica é uma referência em termos de segurança, pois obteve a classificação de cinco estrelas nos últimos testes de colisão da Euro NCAP, pelas performances nos testes «Protecção dos Adultos», «Protecção das Crianças» e «Impacto em Peões». Toda a gama está equipada com dispositivos de segurança, como VSA, encostos de cabeça activos e seis ‘airbags’, bem como uma carroçaria concebida segundo a tecnologia exclusiva da Honda – a Engenharia de Compatibilidade Avançada (ACE) –, que ajuda a evitar que outros veículos fiquem por baixo ou por cima da estrutura dianteira de colisão, em caso de impacto. Motivos de sobra para se sentir em segurança. http://www.honda.pt/ LIFESTYLE Restaurante – Enigma Simplesmente irresistível © Pedro Lemos © Enigma Com uma localização privilegiada, e com uma carta repleta de pratos que fazem crescer água na boca, o restaurante ‘coffee-lounge’ Enigma é uma óptima opção para quem quer saborear uma bela refeição ou simplesmente para relaxar e apreciar um fim de tarde com uma vista privilegiada. Chama-se Enigma mas não tem nada de indecifrável ou de muito misterioso, tirando a mestria dos pratos que apresenta. É um novo restaurante e ‘coffee-lounge’, situado junto à marginal, em Paço de Arcos, e por isso com uma muito agradável vista sobre o Rio Tejo, que propõe um ‘gourmet’ especial, traduzido num conceito de cozinha cultural através da conjugação de ingredientes de culinárias diferentes e de diversos sabores. Em pleno centro histórico, pode optar-se pela esplanada, que inclui ‘chaise-longues’, ou por um dos dois pisos interiores, sendo que em baixo há um ambiente mais descontraído, não necessariamente para jantar, uma vez que o Enigma também está aberto para pequenos-almoços, lanches, ‘after work cocktails’ ou uma bebida depois de jantar; e no andar de cima fica o restaurante propriamente dito, com uma vista magnífica, revelada pelas suas amplas janelas. Embora distintos, os três espaços têm uma característica em comum, a elegância e bom gosto na decoração. Mas o mais importante num restaurante é a comida. E aqui, só pela descrição, quase todos os pratos são irresistíveis; então quando os começamos a ver chegar, constatamos que, muito mais do que uma simples refeição, estamos perante verdadeiras obras de arte. Nenhum pormenor é deixado ao acaso. Os alimentos são artisticamente colocados no prato, mas o verdadeiro deleite surge depois, ao provar. Para a entrada, a ‘bruschetta’ de frango com ‘chutney’ de manga é absolutamente divinal; mas os mini-rolinhos de vegetais com molho picante (‘spring roll’) ou as tortilhas de amêndoa servidas com ‘cream cheese’, bacalhau fumado e lâminas de trufa negra (‘amouse bouche’) também não lhe devem ficar atrás. Aliás, podíamos ficar só pelas entradas, mas seria um desperdício, pois nos pratos principais temos o maravilhoso «Bacalhau Enigmático» ou uma das sugestões do ‘chef’, «Perca do Marquês». Nas carnes pode optar-se, entre outros pratos, por «Picanha Gourmet» ou pelos escalopes de porco perfumados com redução de vinho do porto e mel, servido com ‘risotto’ de limão e açafrão e pipoca de grão selvagem («Preto Mortágua»). Há ainda três opções de sopa e pratos-do-dia, para além das sobremesas. O «Petit Gateau» doce de leite é uma das especialidades da casa. A carta de bebidas integra ‘cocktails’ alcoólicos a composições não alcoólicas. Às propostas da carta juntam-se ainda as «Iguarias Alternativas», um menu de peixes e carnes para cada dia da semana, ao almoço. Tudo da responsabilidade do ‘chef’ Leandro Strattmann. De realçar também a excelente relação preço/ qualidade e também a não menos importante simpatia no atendimento. http://www.restaurantenigma.com/ JUNHO 10 Texto: Ana Leonor Martins 67 LIFESTYLE JUNHO 10 68 «Grimus», de Salman Rushdie. O primeiro romance do autor de «Os Versículos Satânicos». (D. Quixote) «A Interpretação do Crime», de Jed Rubenfeld. Um crime no início do século XX, em Nova Iorque, investigado depois da chegada à cidade do famoso psicanalista Siegmund Freund. (Bertrand) «Entrevista com o Vampiro», de Anne Rice. O primeiro volume da saga «Crónicas dos Vampiros», adaptado ao cinema com um enorme sucesso. (Europa-América) «O Livro dos Prazeres Inúteis», de Dan Kieran e Tom Hodgkinson. Sonhar, observar as nuvens, sexo matinal, contemplar as coisas que voam, cantar e dormir uma sesta, entre muitos outros prazeres. (Quetzal) «O Vermelho e o Verde», de José Jorge Letria. Um pequeno romance que tem como pano de fundo os anos da República. (Planeta) «O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde», de Robert Louis Stevenson. Um clássico, na colecção «Biblioteca António Lobo Antunes. (D. Quixote) «Quando a Vida se Ilumina», de Serdar Ozkan. Um romance sobre a esperança, do autor do ‘best-seller’ mundial «A Rosa Perdida». (Europa-América) «O Legado de Mandela», de Richard Stengel. Lições de vida, amor e coragem, de um dos mais carismáticos líderes do nosso tempo. (Planeta) Textos: MSA Pela ordem inversa E se em vez de se apaixonar, casar e ter filhos, invertesse a ordem e começasse pelo fim? Foi o que aconteceu a Zoe, que após vários anos com sucessivos encontros que não deram em nada decidiu que a espera pelo homem ideal já tinha durado tempo demais. Determinada a ser mãe, marca uma consulta no médico e decide avançar com o processo sozinha. Só que nesse preciso dia conhece Stan, um homem que pode ser o que ela procurava, e a ordem dos factores torna-se arbitrária. «Plano B…ebé», ou, na versão original, «The Back-up Plan», é uma comédia de Alan Poul que conta com Jennifer Lopez e Alex O’Loughlin nos principais papéis. Estreia em Portugal a 17 de Junho. Mais «Sexo e a Cidade» A três de Junho estreia nas salas de cinema portuguesas «Sexo e a Cidade 2». Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) estão de volta ao grande ecrã, divertidas e glamourosas como sempre, mostrando que nem casamentos nem filhos diminuem a força da sua amizade. Desta vez, as quatro © Sony Pictures David Byrne, de bicicleta O primeiro livro do fundador dos Talking Heads. «Diário da Bicicleta» resulta da ideia de David Byrne de que o ciclismo urbano favorece um conhecimento mais profundo da pulsação e do ritmo das populações e das topografias. Há 20 anos, Byrne descobriu as bicicletas desdobráveis e começou a levá-las para as ‘tournées’ e para as viagens de lazer. À medida que via mais cidades a partir de uma bicicleta, ia ficando cativado por esta forma de locomoção e pela liberdade que lhe proporcionava. O diário resulta das suas observações e descobertas. Um livro surpreendente. (Quetzal) Cinema amigas decidem embarcar numa viagem para um lugar exótico e misterioso, Abu Dahbi. É o escape perfeito para fugir à rotina, uma vez que, apesar das suas vidas estarem como sempre desejaram, depois de dois anos começaram a surgir alguns problemas. A pausa longe de tudo vai ajudar a lembrar aquilo que é realmente importante. © Warner Bros leituras Textos: IP LIFESTYLE Artes Plásticas Mundos em palco A terceira edição do «Alkantara Festival» está a decorrer desde 21 de Maio e prolonga-se até nove de Junho, levando a vários palcos portuguesas peças e performances de dança, de teatro e criações multidisciplinares de artistas oriundos dos mais diversos países, da Argentina à Áustria, do Egipto aos Estados Unidos, passando pelo Japão, pela China e pelo Equador, entre muitíssimos outros. Nas palavras do novo director artístico, Thomas Walgrave, são «alfinetes no mapa-mundo, testemunhos preciosos do estado das coisas no planeta». O festival realiza-se este ano, pela primeira vez, em duas cidades – Lisboa e Porto, num total de 19 locais de apresentação, 106 sessões com uma média de cinco espectáculos por dia, 32 propostas artísticas, das quais 11 estreias absolutas e 370 artistas presentes. Em Junho, pode ainda ver-se diversos espectáculos em várias salas da capital, entre os quais destacamos três: «Foreplay», de Mpumelelo Paul Grootboom (África do Sul), que rescreve uma das peças mais notórias do século XIX, «Reigen», de Arthur Schnitzler. Com uma energia arrebatadora e explícita, transfere para a África do Sul a sua dança de roda, onde 10 cenas ligam consecutivamente pares de amantes, num espectáculo de teatro que estará em cena na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, nos dias um e dois de Junho. Dos Estados Unidos chega «Bare Soundz», de Savion Glover, que pode ser visto no São Luiz Teatro Municipal (Sala Principal), de quatro a seis de Junho. Consi- Vivências de uma pequena cidade alemã O Museu Colecção Berardo inaugura no dia 31 de Maio a exposição «PhotoEspaña 2010», iniciando assim uma nova colaboração entre o museu e o festival espanhol. Na terceira edição do comissário Sérgio Mah, apresenta-se o trabalho que Collier Schorr tem realizado ao longo das últimas duas décadas sobre uma pequena cidade, Schwäbisch Gmünd, situada no sul da Alemanha. Collier Schorr é uma artista norte-americana (n. Nova Iorque, 1963), cujo trabalho tem privilegiado a fotografia, mas também a colagem, o desenho e o vídeo. As questões em torno da história, da memória colectiva e da identidade social têm ocupado o centro das suas preocupações estéticas e conceptuais, num imaginário que oscila por diferentes géneros documentais e ficcionais. A mostra estará patente até 15 de Agosto. © Collier Schorr derado por muitos como o melhor dançarino de sapateado de sempre, Glover é também e um dos maiores revolucionários do género, adaptando-o aos ritmos do ‘jazz’ e do ‘hip-hop’ contemporâneos. Recomenda-se ainda «You’ve Changed», do coreógrafo Suíço Thomas Hauert, apresentado em estreia mundial nos dias três e quatro de Junho, no Centro Cultural de Belém (CCB). Hauert continua a sua pesquisa sobre a complexa relação entre música e coreografia, mas em vez de criar dança para música pede a Dick Van der Harts para escrever uma composição original baseada numa dança da autoria dos artistas da companhia ZOO, fazendo a música responder ao movimento e criando um conjunto de relações e ligações entre aquilo que se vê e aquilo que se ouve. Textos: ALM Textos: IP JUNHO 10 © Collier Schorr Teatro/ Dança 69 1 Últimas tendências no ‘eyewear’ A Calvin Klein apresentou uma nova colecção de óculos, destinada a um consumidor sofisticado. Os modelos têm um ‘design’ moderno e elegante, não descurando a qualidade dos materiais usados, numa linha de ‘eyewear’ com padrões similares a toda a colecção de roupa e acessórios da marca. Os diferentes modelos beneficiam de uma variedade de cores, das mais sóbrias às mais arrojadas, e de diferentes linhas para eles e para elas, construindo uma colecção ideal para todos os que anseiam pelas últimas tendências da moda. 2 Para o Dia da Criança Para assinalar o Dia Mundial da Criança, que se comemora a um de Junho, a Lusotoons propõe a sua colecção de livros personalizados, tendo preparado uma oferta especial válida para o resto do mês – na compra de dois livros é oferecido outro. Este conceito inovador no mercado editorial infanto-juvenil torna a criança que se quiser em herói de histórias onde às aventuras da narrativa se junta a emoção de ser ele/ a e os seus amigos os protagonistas (http://www.lusotoons.com/). 3 Multifunções rápida e eficaz A Brother lançou uma impressora multifunções de jacto de tinta WiFi com fax. A MFC-255CW é ‘wireless’, permitindo uma maior mobilidade e a partilha do equipamento com outros utilizadores. Este equipamento compacto inclui diversas funções como PC-Fax de envio, PaperPort e impressão e digitalização directos, através de cartões de memória, permitindo também realizar várias funções em simultâneo. Utiliza quatro cartuchos de tinta independentes e cumpre os ‘standards’ ambientais Energy Star e Blaue Engel. 4 4 Melhorar o desempenho e a eficiência energética A HP apresentou uma nova gama de PCs ‘desktop’ e portáteis, concebidos para satisfazer as exigências dos utilizadores profissionais ao nível do desempenho e da fiabilidade, melhorando também a sua eficiência energética e reduzindo o seu impacto sobre o meio ambiente. Entre a nova gama encontra-se a série de portáteis EliteBook 8440p e 8540 p/w, que – segundo a marca – «incorpora a mais recente tecnologia de mobilidade desenvolvida sob exigentes testes de requisitos militares, de modo a resistirem a vibrações fortes, poeiras, humidade, altitude e altas e baixas temperaturas». 5 Telemóvel amigo do ambiente A Nokia lançou o 6700 ‘slide’ Alluminium Raw sem carregador. Projecto pioneiro em Portugal e no Reino Unido, posicionando-se na vanguarda das iniciativas ambientais no seio da indústria das telecomunicações, pretende incentivar os consumidores a reutilizarem os carregadores que tenham de equipamentos Nokia anteriores e a partilhá-los. Ao ser vendido sem carregador, foi possível reduzir o tamanho da embalagem e assim aproveitar melhor o espaço de transporte, poupando energia, matéria-prima e reduzindo as emissões de CO2. O valor do carregador será entregue pela Nokia à WWF para a plantação de árvores. JUNHO 10 6 Relógios urbanos 70 A DKNY tem uma nova colecção de relógios Sport. Definida pela marca como «sinónimo de urbanidade e juventude», propõe um modelo para mulher e três para homem, dois dos quais cronógrafos. Nas cores a aposta é no branco e no preto e nos materiais das braceletes a pele e o silicone. Textos: Irina Pedro 6 1 JUNHO 10 3 2 5 71 © JA Ana Leonor Martins Editora Executiva da «human» [email protected] JUNHO 10 O mês de Maio 72 O mês de Maio (altura em que escrevo) tem várias matérias que eu poderia abordar nesta crónica, normalmente inspirada em experiências vividas que servem de base a uma reflexão mais genérica ou, por vezes, até só mesmo para uma espécie de desabafo «codificado», ou então temas que estão na ordem do dia. Em relação ao primeiro podia falar de ir fazer 30 anos, um número redondinho que, aliado ao facto de já ter alguns cabelos brancos me estar a fazer uma certa confusão. Também é engraçado que precisamente agora tenha reencontrado pessoas que não via há mais de uma década, algumas já casadas e com filhos – mas se esta realidade foi um bocadinho «assustadora», foi também muito engraçado perceber que reunir amigos de longa data a uma mesa de jantar, naquele dia, foi como se tivéssemos recuado no tempo. Claro que as conversas foram outras, ao início, mas percebemos que não havia assim tanta coisa que tivesse mudado, na maneira de ser e nos princípios. E até estamos todos praticamente iguais (com algumas diferenças, como as minhas olheiras, por exemplo). Um tema inevitável durante o mês foi, claro, a vitória do meu Benfica no campeonato. O futebol, que tantas paixões movimenta, mantinha há algumas semanas milhões de pessoas em suspenso, ansiosas pela festa. Enquanto outras alimentavam a esperança de que acontecesse um qualquer «milagre». E foram dizendo tantas barbaridades, tentando menosprezar o incontestável mérito da equipa que foi, de longe, a melhor do campeonato. Mas por mim tudo bem, uns falam, outros fazem a festa. O tema é até matéria de destaque nesta edição e, atenção, não foi a (única) benfiquista da equipa que o sugeriu. Poucos dias depois de indescritível festa, um pouco por todo e país e até pelo mundo, outro tema encheu os jornais e as televisões quase ininterruptamente – a visita de quatro dias do papa Bento XVI a Portugal, num aparato sem paralelo. Respeito, obviamente, a crença de todas pessoas e quem viveu este acontecimento com enorme emoção. A religião, como o futebol, é algo que não se explica, sente-se, e funciona como um escape, um alimento para a alma ou um sentido para a vida, que às vezes é tão difícil de encontrar. E só por isso já é mais do que legítimo. Mas não posso deixar de questionar como é que num Estado laico se dá tolerância de ponto e se faz tudo parar por causa da visita do senhor papa e se gasta milhões para tornar isso possível, ao mesmo tempo que se luta (ou finge-se que se luta, nem sei) contra uma já quase eterna crise. Bom, mas rapidamente se percebeu como é que isso é possível, num comunicado de um primeiro-ministro que há poucos meses tinha prometido não aumentar impostos, em que anunciou, aproveitando o clima de festa, o novo aumento do IVA, entre outras medidas do género, supostamente «absolutamente necessárias» para se conseguir diminuir o défice. Desculpem, mas têm que me explicar como se eu fosse uma criança de quatro anos como é que isto acontece; como é que figuras que deviam ser um exemplo não se responsabilizam pelos compromissos que assumem e saem sempre impunes, e como é que aumentam sucessivamente os impostos em vez de apostar em garantir que quem tem as grandes fortunas os cumpram. Isto para já não falar nos milhões estupidamente gastos em coisas como ajudas de custo. Reconheço que não tenho o conhecimento necessário para fazer uma reflexão muito aprofundada sobre a matéria, mas não deixo de ficar indignada e com alguma frustração pela sensação de que é um ciclo vicioso contra o qual não se consegue fazer muito. PUB PUB