UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS – PB UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA EFICIENCIA ANTI-HELMITICA in vitro DO EXTRATO AQUOSO DE MASTRUZ (Chenopodium ambrosioides L). Fábio Santos da Silva 2008 Junho de 2008 CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS – PB UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA EFICACIA ANTI-HELMINTICA in vitro DE EXTRATO AQUOSO DE MASTRUZ (Chenopodium ambrosioides L). Fábio Santos da Silva -Graduando- Onaldo Guedes Rodrigues -Orientador- Patos Junho de 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS – PB UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA Fábio Santos da Silva -Graduando- Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. APROVADO EM........../........../............... EXAMINADORES ______________________________ Profº.Onaldo Guedes Rodrigues _______ nota _______________________________ Profª. Drª. Ana Célia R. Athayde _______ _______________________________ Prof. Dr. Ednaldo Queiroga de Lima _______ nota nota “Dedico não só este trabalho, mas toda a minha vida, aos meus pais. Manoel Adriano e Tânia Messias, por todo amor, apoio e exemplo de personalidade que sempre me deram, e principalmente por nunca terem medido esforços para que eu pudesse alcançar os meus sonhos.” AGRADECIMENTOS A DEUS, pelo dom da vida e por ter me dado fé, perseverança e força para a concretização deste sonho, não só meu, mas daqueles que durante este período torceram por mim. A minha família, em especial meu pai (MANOEL), minha mãe (TÁNIA), meu irmã (ADRIANA), minha esposa (GILSONIA) e meus filhos (JOÃO PEDRO E MANOEL FELIPE) e minha sobrinha e afilhada (Ana Julia) e aqueles que de alguma forma colaboraram com a realização deste sonho. . Aos colegas e amigos de curso e moradia, em especial meu compadre Eduart, Romonelly, Fábio Henrique, Carlos Atila, Bruno Rafael, por terem feito parte da minha vida e com certeza farão por muito tempo, e a todos aqueles que tiveram uma passagem, mesmo que curta, o meu reconhecimento pelo companheirismo e atenção. Aos mestres, refiro-me a eles com respeito pelos ensinamentos transmitidos e onde procurarei espelhar-me, como ótimos profissionais que são. Aos professores: Gildenor, Otávio Brilhante, Pedro Isidro, Verônica, Almir Pereira, Eldinê Miranda, nos quais agradeço a todos que fazem o CSTR – UFCG. Em especial a professor Onaldo Guedes e Werlaneide, por toda a paciência, amizade, coleguismo, compreensão e conhecimento passado. MUITO OBRIGADO! RESUMO SILVA, FÁBIO SANTOS DA. EFICACIA AMTI-HELMITICA in vitro DO EXTRATO AQUOSO DE MASTRUZ (Chenopodium ambrosioides L). 2008. (50p.). (Trabalho de Conclusão de Curso em Medicina Veterinária) – UFCG, Patos, 2008. As endoparasitoses gastrintestinais se constituem no principal fator limitante para a produção de caprinos em todo o mundo, especialmente nas regiões tropicais, onde os prejuízos econômicos são mais acentuados. O controle efetivo de parasitas através de produtos químicos convencionais tem produzido grandes problemas determinando efetivamente o rumo atual das pesquisas científicas na área da parasitologia. O presente estudo tem o objetivo de verificar a sensibilidade de nematóides gastrintestinais de caprinos in vitro a ação do extrato aquoso de Chenopodium ambrosioides L., sendo avaliado o desenvolvimento larvas de nematódeos gastrintestinais de caprinos. Os testes foram realizados a partir de uma suspensão contendo larvas, obtidos pela técnica de Gordon, foram utilizados 0,5 mL do extrato nas concentrações 100, 50, 25, e 12,5 mg/ml-1 para cada 100 larvas de helmintos de acordo com Hubert & kerboeuf (1984), cuja resistência das larvas, a leitura foi realizada após 48h de incubação. O extrato aquoso de Chenopodium ambrosioide L não apresentou ação sobre a eclosão de ovos de helmintos gastrointestinais de caprinos naturalmente infectados. Palavras chave: alternativa de controle, Chenopodium ambrosioides L, plantas medicinais. ABSTRACT SILVA, FÁBIO SANTOS DA. ANTI-HELMITICAL EFFICIENCY in vitro OF THE EXTRATO AQUEOUS OF MATRUZ (Chenopodium ambrosioides L). 2008. (50p.). (Trabalho de Conclusão de Curso em Medicina Veterinária) – UFCG, Patos, 2008. The intestinal tract parasitic infestations they constitute the main limiting factor for the production of goats around the world, especially in tropical regions, where economic losses are more pronounced. The effective control of pests through conventional chemicals has produced major problems effectively determining the direction of current scientific research in the field of parasitological. This study aims to determine the sensitivity of intestinal tract nematodes of goats in vitro the action of aqueous extract of Chenopodium ambrosioides L., and assessed the development of larvae of goats. Tests ware made from a suspension containing larvae, obtained by the technique of Gordon, ware used 0.5 ml of extract at concentrations 100, 50, 25, and 12.5 mg/ml-1 for every 100 larvae of helminthes according to Hubert & kerboeuf (1984), whose larvae of resistance, was read after 48h of incubation. The aqueous extract of Chenopodium ambrosioide L presented no action on the outbreak of intestinal tract eggs of helminthes of goats naturally infected. Key words: alternative control, Chenopodium ambrosioides L, medicinal plants. SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT Pagina 5 6 1. INTRODUÇÃO 8 2. REVISÃO DE LITERATURA 9 3. MATERIAL E MÉTODOS 12 3.1 Descrição da espécie utilizada 12 3.2 Local de realização do experimento 12 3.3 Preparação do extrato 13 3.4 Concentrações do extrato 13 3.5 Estudos de validação de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica 13 3.5.1 Teste de inibição de eclosão de ovos 13 3.6 Animais e Manejo 14 4. RESULTADOS E DISCURSÃO 14 5. CONCLUSÃO 16 6. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA 17 1. INTRODUÇÃO A caprinocultura no Nordeste brasileiro assume um papel relevante na economia do país por apresentar o maior rebanho e pelo aproveitamento dos seus produtos e subprodutos. Atualmente o caprino vem despertando grande interesse na política econômica do país, mas poucos são os trabalhos desenvolvidos na área de doenças parasitárias, isto por ser considerado um animal de grande rusticidade, os quais sobrevivem em áreas secas e desprovidas de pastagem estável. Os caprinos são utilizados para a produção de alimentos de alto valor biológico como carne e leite, e a renda familiar das propriedades é incrementada pela venda de animais vivos, peles e esterco. As transformações necessárias à prática da caprinocultura no Nordeste tende a conduzir as criações de forma intensiva e em espaços físicos reduzidos, favorecendo a incidência das parasitoses, as quais ocupam um lugar de destaque entre os fatores que limitam a produção caprina. Entre os parasitos que infectam pequenos ruminantes estão os pertencentes às classes Nematoda, Cestoda e Trematoda Os principais gêneros parasitas de caprinos são, Haemonchus, Trichostrongylus, Strongyloides, Cooperia, Oesophagostomum, Trichuris e Cisticercos. Surtos Epizoótico de haemoncose e Strogiloidose caprina no semi-árido paraibano vêm aumentando os índices de morbidade e mortalidade de caprino. Devido ao grande número de animais sendo criado em pequenas áreas, ocorre o aumento da contaminação ambiental com os estágios de vida livre dos parasitos. Além do mais, este fato acarreta no aumento do índice de larvas destes parasitos nas pastagens, passando assim, ser a mesma uma fonte constante de infecção. Na tentativa de minimizar o problema parasitário vêm sendo conduzidos vários controles integrados, dentre eles o uso de fototerápicos com efeitos anti – helmintos. A validade científica dos fitoterápicos é uma etapa inicial obrigatória para a utilização correta de plantas medicinais ou de seus compostos ativos. Os testes in vitro permitem uma avaliação da existência de propriedades anti-helmíticas nos extratos vegetais, constituído, desta maneira, uma etapa preliminar à caracterização dos possíveis compostos ativos presentes nos vegetais, possibilitando a criação de novas alternativas para o controle das parasitoses. O presente trabalho objetivou-se investigar o potencial terapêutico de extratos aquosos de C. ambrosioides em teste in vitro, para verificar a ação anti-helmíntica na eclosão de ovos em caprinos naturalmente infectados. 2. REVISÃO DE LITERATURA: No Brasil, segundo dados do ANUALPEC (2005) o rebanho caprino está estimado em aproximadamente 9.593,798 cabeças. Destas, 7.417,960 (93%) encontra-se no nordeste brasileiro. A caprinocultura no Nordeste do Brasil de forma geral é desenvolvida em um sistema de criação extensivo, em que o ambiente de exploração é, em sua maioria representada pela caatinga, sem divisões de pastos, permitindo que os rebanhos de várias propriedades pastem em conjunto. Esta cultura representa uma das principais atividades econômicas das áreas mais secas do Nordeste. (NOGUEIRA FILHO, 2003). As transformações necessárias à prática racional da caprinocultura no Nordeste tende a conduzir as criações de forma intensiva e em espaços físicos reduzidos, favorecendo de sobremaneira a incidência das parasitoses, as quais ocupam um lugar de destaque entre os fatores que limitam a produção caprina (PADILHA 1996). O parasitismo pela verminose gastrintestinal constitui-se num dos principais fatores limitantes à exploração de pequenos ruminantes, em conseqüência do comprometimento na produtividade do rebanho (CHARLES et al., 1999). As doenças parasitárias ocupam lugar de destaque entre os fatores que limitam a produção caprina, sendo responsabilizada por elevadas perdas econômicas, em decorrência de crescimento retardado, perda de peso, redução do consumo de alimento, queda na produção de leite, baixa fertilidade e nos casos de infecções maciças, altas taxas de mortalidade (VIEIRA e CAVALCANTE, 1999). Levantamentos realizados revelam que mais de 80% da carga parasitária de caprinos é composta por Haemonchus contortus (AROSEMENA et al. 1999; COSTA & VIEIRA; 1984; GIRÃO et al., 1982). Este parasita ocorre nas áreas de verão chuvoso, particularmente em regiões tropicais e subtropicais (BATH et al., 2001). É um nematódeo de grande importância econômica na ovinocaprinocultura, pelo fato de ser o mais prevalente, e apresentar elevada intensidade de infecção, sendo o responsável por um quadro clínico severo de anemia, devido a sua ação hematófaga, se tornando o mais patogênico dos vermes (URQUHART et al.1990). As perdas econômicas são decorrentes da baixa produtividade, geralmente observada no período seco e da alta mortalidade, que ocorre principalmente na estação chuvosa (CHARLES et al., 1989). O conhecimento real das perdas de produção ocasionadas pela hemoncose caprina ainda é desconhecido. Estudos epidemiológicos de nematóedes gastrintestinais realizados nas regiões semi-áridas do nordeste brasileiro, têm demonstrado que no período chuvoso, quando as condições ambientais são favoráveis para o desenvolvimento do parasita no meio ambiente, as pastagens estão com uma alta população de larvas infectantes, enquanto que no período seco quando as condições ambientais são desfavoráveis, os parasitas permanecem no sistema gastrintestinal dos animais, muitas vezes sem que estes manifestem sintomas clínicos. Com base neste conhecimento, o controle estratégico recomendado nesta região do Brasil, é a principal alternativa recomendada para o controle de verminose gastrintestinal na exploração caprina. Esta consiste em medicar o rebanho quando as condições climáticas da região são desfavoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência dos estágios de vida livre no ambiente. (VIEIRA et al., 1997). A vermifugação estratégica é uma medida preventiva de controle de verminose, considerando que as medicações do período seco devem controlar os parasitas em seus respectivos hospedeiros, que são praticamente os únicos locais de sobrevivência dos nematódeos, nessa época do ano. (VIEIRA et al. 1997). Na tentativa de minimizar o problema parasitário vem sendo conduzido vários controles integrados, dentre eles o uso de fitoterápicos com efeitos anti-helmíntico (Herd, 1996 e Vieira, 2004) o ultimo autor também refere-se ao uso de homeopáticos e de controle biológico através de fungos predadores das fases pré-parasitária. A fitoterapia surge como alternativa para aumentar os lucros da criação, reduzindo o uso de anti-helmintos convencional (VIEIRA, 1999), refere-se à importância do emprego de plantas medicinais nas enfermidades dos rebanhos nas regiões semi-áridas do Nordeste do Brasil e sugeri a intensificação do uso das mesmas. A validade científica dos fitoterápicos é uma etapa inicial obrigatória para a utilização correta de plantas medicinais ou de seus compostos ativos. Os testes in vitro permitem uma avaliação da existência de propriedades anti-helmíticas nos extratos vegetais, constituído, desta maneira, uma etapa preliminar à caracterização dos possíveis compostos ativos presentes nos vegetais, possibilitando a criação de novas alternativas para o controle das parasitoses (COSTA et al., 2002). Muitas plantas são, tradicionalmente, conhecidas como possuidoras de atividade anti-helmíntica, necessitando, entretanto, que suas eficácias sejam cientificamente comprovadas. Idris et al. (1982) observaram redução da sintomatologia clínica de hemoncose em caprinos medicados com Artemisia herba-alba, entretanto, a presença de ovos nas fezes não foi suprimida totalmente. No Brasil, Oliveira et al. (1997) observaram redução da carga parasitária por nematódeos gastrintestinais em caprinos que receberam, diariamente, folhas de bananeiras por um período de 25 dias, quando comparados com o grupo controle. A eficácia da folha de bananeira foi de 57,1% para Haemonhcus sp, 70,4% para Oesophagostomum sp, 65,4% para Trichostrongylus sp e de 59,5% para Cooperia sp. No Estado do Piauí, foram listadas por Girão et al., (1998), com base em informações de produtores de caprinos, 14 plantas como possuidoras de atividade anti-helmíntica. As plantas relacionadas foram: Cucurbita moschata (Abóbora), Luffa operculata (Bucha paulista, Cabacinha), Operculina sp. (Batata de-purga), Heliotropium sp. (Crista de galo), Mentha sp. (Hortelã), Carica papaya (Mamoeiro), Chenopodium ambrosioides (Mastruço), Momordica charantia (Melão de são caetano), Milome (nome científico não identificado), Plumeria sp (Pau de leite, Janguba), Jatropha curcas (Pinhão-branco, Pinhão-de purga), Scopalaria dulcis (Vassourinha) e Croton sp (Velame). A atividade anti-helmíntica a campo, de algumas desta plantas, a exemplo da Operculina sp (Batata-de-purga) e de outras que não constam desta relação, como a Spigelia anthelmia (Erva lombrigueira) e a Melia azedarach (Lírio do campo), estão sendo avaliadas através de parâmetros como: redução de OPG, contaminação ambiental, redução da carga parasitária adulta, ganho de peso e avaliação de carcaça (Girão & Vieira, 2003). Menezes et al. (1992) avaliaram a atividade ovicida, in vitro, de folhas e sementes de quatro leguminosas sobre H. Contortus de caprinos. As sementes apresentaram resultados satisfatórios. Vieira et al. (1999) avaliaram a eficácia anti-helmíntica de nove plantas sobre H.contortus em caprinos. Entre as plantas testadas, a Anona squamosa e a Momordica charantia reduziram o número de vermes adultos, respectivamente, em 30,4% e 17,6%. Batista et al. (1999) observaram que a Momordica charantia e a Spigelia anthelmia inibiram o desenvolvimento de ovos e imobilizaram larvas de H. contortus. Estes resultados foram confirmados por Assis et al. (2000), que demonstraram, ainda, atividades ovicida e larvicida dos extratos acetato de etila e matanólico em nematódeos gastrintestinais de caprinos. Pessoa et al. (2001) observaram atividade ovicida in vitro de óleos essenciais das plantas Chenopodium ambrosioides, Ocimum gratissumum, Lippia sidoides e Croton zehntneri, bem como da azadiractina, princípio ativo da Azadirachta indica (neem) sobre H. contortus de caprinos. Dentre as espécies usadas como fitoterápicas com potencial uso no controle de endoparasitas, produzidos regionalmente, está a Chenopodium ambrosioides L. O gênero Chenopodium é considerado cosmopolita, provavelmente originário do México e pode ser encontrado em beira de estradas e em terrenos abandonados, sendo também cultivado. A Chenopodium ambrosioides L é uma planta da família das Chenopodiaceas. Chenopodium ambrosioides L., conhecida na medicina folclórica como Erva-deSanta-Maria e mastruço, é indicada como antiinflamatória, peitoral, estomáquica, antituberculosa, béquica e vulnerária. O suco integral desta planta costuma ser aplicado localmente nos casos de contusão. No meio rural, a Erva-de-Santa-Maria é empregada como repelente de ectoparasitos como piolhos, pulgas e carrapatos. Suas propriedades antihelmínticas são apregoadas na tradição oral com referência ao combate de vermes intestinais tais como ascarídeos, ancilostomídeos e oxiurídeos. Para este fim, todas as partes anatômicas do vegetal são consideradas ativas, administradas via oral na forma de infuso (chá) ou de suco geralmente veiculado ao leite. LAINETTI e BRITO (1979); LORENZI (1982); PIO CORRÊA (1984); CAMARGO (1985); O princípio ativo anti-helmíntico, isolado do óleo essencial da planta, já é conhecido: trata-se do ascaridol, cujo potencial tóxico pode tornar arriscado o uso indiscriminado de extratos da erva para fins medicinais, já tendo sido registrada a ocorrência de casos letais. Estas propriedades de C. ambrosioides são assinaladas por diversos autores, dentre os quais CRUZ (1985); DI STASI et al. (1989); PARCIORNIK (1990); CARIBÉ e CAMPOS (1991) e ALMEIDA (1993). 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Descrição da espécie utilizada Chenopodium ambrosioide L herbácea de raízes oblongas, brancas e com interior amarelo de folhas lanceoladas, pequenas e dentadas. Suas flores são pequenas e brancas, ou esverdeadas. Seus frutos são secos, pequenos e possuem numerosas sementes negras. É também conhecida como Mastruço, Ambrósia, anserina, chá-do-México, mastruz, matruz, mentruz, mentraz e quenopódio e erva-formigueira. Os princípios ativos já identificados são: esferóides, saponinas, terpenos e ascaridol dentre outros. 3.2 Local de realização do experimento O experimento foi desenvolvido no Laboratório Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos (DPAD) da Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária (UAMV) do Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) do campus de Patos, PB. 3.3 Preparação do extrato Amostras da planta mastruz foram coletadas no viveiro da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos PB, e encaminhada ao laboratório para serem submetidas aos procedimentos de rotina. Após a coleta e identificação botânica das partes indicadas em estudos etnofarmacológico e herbarização. O material coletado (folhas) foi devidamente higienizado, pesado em balança eletrônica de precisão e triturado em liquidificador industrial sendo adicionado água destilada, onde fora utilizada 250g do material vegetal para um litro de água destilada, logo depois filtrada com filtro de papel, em seguida, as amostras foram colocadas em um recipiente de vidro esterilizado, para serem utilizadas. 3.4 Concentrações do extrato Foram utilizadas concentrações de 100; 50; 25; 12,5; mg/mL, preparadas a partir da concentração final obtida e a testemunha onde foi utilizado (água destilada). Todos os testes foram realizados em triplicata. 3.5 Estudos de validação de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica A etapa de validação de uma planta envolve vários testes que visam confirmar a sua eficácia e determinar a segurança de sua utilização em organismos vivos. Os testes de eficácia podem ser realizados, in vitro e in vivo. Os testes de eficácia in vitro servem como uma indicação inicial da atividade que está sendo pesquisada, e quando utilizados no início de uma triagem, permitem selecionar as plantas que apresentam melhores resultados, diminuindo gastos, evitando perda de tempo e uso indiscriminado de animais de experimentação. Para determinação do potencial anti-helmíntico de plantas podem ser realizados os testes de inibição de eclosão de ovos, de mobilidade ou de desenvolvimento larvar de nematóides. 3.5.1 Teste de inibição de eclosão de ovos São realizados com ovos de nematóides coletados de fezes de animais portadores de infecções experimentais ou naturais. No caso de infecções experimentais, deseja-se conhecer a atividade de um produto contra um parasito específico ou contra infecções mistas. Este teste foi desenvolvido para avaliação da resistência anti-helmíntica em nematóides gastrintestinais (Coles et al., 1992) e, atualmente, é amplamente utilizado para avaliação do potencial antihelmíntico de plantas. 3.6 Animais e Manejo Foram utilizados dois caprinos da raça Anglu-nubiana, com 06 a 12 meses de idade, com peso médio de 25kg, infectados por helmintos gastrintestinais. Os animais eram mantidos em regime de seme-confinação, com forragem verde e suplementação mineral. A coleta de fezes foi realizada diretamente do reto do animal para que não ocorra contaminação por nematóides de vida livre. Os ovos nas fezes embrionar rapidamente e, no máximo, 48 horas após a coleta, o seu desenvolvimento e eclosão podem ser observados ao microscópio. As fezes apresentaram infestação poliespecífica, com OPG igual a 3.200. Após a constatação da presença dos ovos, as mesmas foram colocadas em frascos de vidro devidamente esterilizados para incubação, sendo utilizado 2g de fezes para cada 2ml do extrato na suas respectivas concentrações, e após 48 horas, foram feitas à contagem de larvas eclodidas e ovos. Todos os resultados foram comparados com o grupo controle. A adição de um produto em placa ou tubos com ovos recentemente coletados permitem avaliar o efeito deste produto sobre as mitoses, portanto, o teste in vitro de inibição de eclosão de ovos é realizado para verificar o efeito inibitório de um composto (natural ou não) na eclosão destes ovos de helmintos (COLES et al., 1992). 4. RESULTADOS E DISCURSÃO Como podemos observar na tabela 1 80,67 % dos parasitos encontrados nas fezes de caprino são representados por Haemonchus contortus. Dados estes que vem a corrabora com levantamentos realizados por (Costa & Vieira; 1984; Girão et al., 1992; Arosemena et al., 1999) onde revelaram que mais de 80% da carga parasitária de caprinos e ovinos é composta por Haemonchus contortus. Este parasita ocorre nas áreas de verão chuvoso, particularmente em regiões tropicais e subtropicais (BATH & VAN WYK, 2001). É um nematódeo de relevante importância para caprinos e ovinos, pelo fato de ser o mais prevalente, apresentar elevado potencial biótico e alta intensidade de infecção. Além disso, é um verme hematófago, responsável por um quadro clínico severo de anemia, sendo considerado o endoparasita que causa os maiores prejuízos para a cadeia produtiva de caprinos e ovinos (URQUHART et al., 1990). Tabela 1- Percentual de larvas eclodidas, após 48h do tratamento com os extratos aquosos de Chenopodium ambrosioide L, e o controle positivo (água destilada) Concentração do Extrato haemonchus 100% 78,67A 12,67A 5,33A 3,33B 50% 75,33A 11,67A 6,00A 7,00A 25% 77,67A 7,50A 9,00A 3,33A 12% 79,67A 11,67A 3,33A 3,33A trichostrogylus oesophagostomum strongyloides 80,67A 10,67A 5,67A Água destilada # Letras iguais nas colunas não diferem entre se pelo teste de Tukey a 5% 3,00A O extrato aquoso de Chenopodium ambrosioide L se mostrou indiferente na inibição da eclosão de ovos de helmintos gastrointestinais de caprinos, em se tratando do teste in vitro, onde podemos observar na tabela 1 que mesmo na concentração máxima (100%) não houve redução significativa. Vieira et al. (1999) avaliaram a ação de nove plantas entre elas C. ambrosioide e concluíram que as mesmas não eram realmente eficaz no controle das verminoses em caprinos. Já Pessoa (2001) encontrou no óleo essencial de C. ambrosioide ação sobre H. contortus. Podendo ser neste caso a forma de obtenção dos compostos ativos o responsável pelo seu efeito, tendo em vista uma alta concentração destes quando comparados com o extrato aquoso. Melo et al (2006) ao verificar a ação de extratos de Chenopodium ambrosioide L no controle de nematóides (Pratylenchus brachyurus) conclui que o extrato da espécie testada apresentou ação nematicida quando estocada por 24h, sendo portanto o tempo de incubação do extrato de 24h essencial para liberação de substâncias letais a P. brachyurus. Amorim e Borba (2004) em condições experimentais semelhantes (do extrato) usando camondongos naturalmente infectados concluíram que os extratos de Chenopodium ambrosioide L se mostraram ineficazes no controle de helmintos. Amorim et al. (1998) ao avaliar ação do extrato aquoso de Chenopodium ambrosioide L. in vitro sobre larvas de primeiro e terceiro estágio de estrongilídeos de eqüinos, conclui que os resultados foram pouco expressivos, dados estes que vem a corroborar com os encontrados neste experimento. A ação de Chenopodium ambrosioide L constatado no teste anti-helmíntico ora relatado, serve como indicação da falta de base terapêutica no uso de extratos aquosos desta planta, visando o tratamento de verminoses intestinais. No entanto mesmo plantas apresentando uma atividade anti-helmíntica pouco expressiva é conveniente ressaltar que as mesmas são consideradas anti-helmíntica na medicina popular. A discreta atividade anti-helmíntica da planta pode ser atribuída a forma de obtenção do extrato ou óleo e as partes vegetais empregadas. Resultados diferentes podem ser encontrados, com o uso de outras partes anatômicas da planta, diferentes dosagens ou mesmo diferentes formas de administração (ROZEVERTER, 1998) 5. CONCLUSÃO O extrato aquoso de Chenopodium ambrosioide L não apresenta ação anti-helmíntica, quando avaliado, em teste in vitro, o seu efeito sobre a eclosão de ovos de helmintos gastrointestinais de caprinos. 6. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, E.R. Plantas medicinais brasileiras. São Paulo: Hemus, 1993. 344 p. AMORIM, A.; BORBA, H.R.; RODRIGUES, M.L.A.; ANJOS, D.H.S.; CORRÊA, D.V.A. Ação anti-helmíntica de plantas XIII. Ação de extratos aquosos de Chenopodium ambrosioides L. “in vitro” sobre larvas de primeiro e terceiro estádios de estrongilídeos de eqüino. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 20, n. 1, p. 14-16, 1998. AMORIM, A & BORBA, H.R. Avaliação da atividade de extratos aquosos de Chenopodium ambrosioides L. (erva-de-santa-maria) em camondongos naturalmente infectados com Syphacia obvelata e Aspiculuris tetraptera. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, p.133-136, 2004. ANUALPEC, “Anuário da Pecuária Brasileira”, Ed. 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