Manuel Bandeira Vida Obras Influências Grupo Bruno Yuji Cucatti Murakami Cassiana Knapik Calixto Letícia Carniel Christensen Vítor Freire Bandeira Biografia Cronológica 1886 – nasce no Recife; 1903 – estuda na escola Politécnica; 1904 – fica sabendo de sua doença; 1910 – entra em um concurso para a Academia Brasileira de Letras 1913 – embarca para a Suíça; 1922 – não participa da Semana de Arte Moderna, mas colabora com a Klaxon; 1937 – recebe o prêmio da sociedade Filipe de Oliveira; 1940 – é eleito para a Academia Brasileira de Letras; 1946 – recebe o prêmio de poesia do IBEC; 1956 a 1965 – traduz várias obras para o português; 1968 – morre no Rio de Janeiro. Características e Influências Características emprego do verso livre, mas não com exclusividade; liberdade total de expressão; verso livre não é sinônimo de ausência de ritmo; aproveitamento da fala coloquial; paródia sacra; poesia simples, direta; aproveitamento de fatos do cotidiano; sentimento de humildade diante dos fatos; Características representação da entonação e do contexto na linguagem escrita; tom do eu lírico mais próximo do leitor; humor; visão de amor quase sempre tangenciando o erotismo, o amor físico. POESIA Algumas Obras A Cinza das Horas, 1917 Carnaval,1919 Libertinagem, 1930 Estrela da Manhã , 1936 Lira dos cinqüent'anos, 1940 Canções de Cordialidade, 1945 Mafuá do Malungo - Barcelona, 1948 (Editor João Cabral de Melo Neto) Poesias Completas (com Belo Belo), 1948 Opus 10, 1952 Estrela da Tarde - Rio de Janeiro, 1960 Pensão Familiar Jardim da pensãozinha burguesa. Gatos espapaçados ao sol. A tiririca sitia os canteiros chatos. O sol acaba de crestar os gosmilhos que murcharam. Os girassóis amarelo! resistem. E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais. Um gatinho faz pipi. Com gestos de garçom de restaurant-Palace Encobre cuidadosamente a mijadinha. Sai vibrando com elegância a patinha direita: - É a única criatura fina na pensãozinha burguesa. Libertinagem Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginásticaAndarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Profundamente Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes, cantigas e risos Ao pé das fogueiras acesas. No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos Apenas balões Passavam, errantes Silenciosamente Apenas de vez em quando O ruído de um bonde Cortava o silêncio Como um túnel. Onde estavam os que há pouco Dançavam Cantavam E riam Ao pé das fogueiras acesas? — Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente. Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa Onde estão todos eles? — Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. Estrela da Minha Vida Inteira Trem de Ferro Café com pão Café com pão Café com pão Virgem Maria que foi isto maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Café com pão Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força Oô.. Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pato Passa boi Passa boiada Passa galho De ingazeira Debruçada Que vontade De cantar! Oô... Quando me prendero No canaviá Cada pé de cana Era um oficia Ôo... Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matá minha sede Ôo... Vou mimbora voou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Ôo... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente... Bandeira e Tom Jobim Pneumotórax Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: - Diga trinta e três. - Trinta e três... trinta e três... trinta e três... - Respire. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Belo Belo Arte de Amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. PROSA Prosa e Influências Cronista de jornais “homem de rua” Diferença de classes sociais Biografias Crônicas da Província do Brasil “Zeca era pequeno, tez baça e magríssimo. Nunca vi ninguém mais magro. Magro assim só quem está nas últimas (...). Ouviase falar de vez em quando que o Zeca estava muito doente, coitado do Zeca, e de repente aparecia o Zeca de smoking na avenida às três e meia da madrugada, desenvolto loquaz, cheio de planos.” Itinerário de Pasárgada “Quando meu pai era vivo, a morte ou o que quer que me pudesse acontecer não me preocupava, porque eu sabia que pondo a minha mão na sua, nada haveria que eu não tivesse a coragem de enfrentar. Sem ele eu me sentia definitivamente só. E era só que teria de enfrentar a pobreza e a morte." Antologias e Obras em conjunto Antologias Antologia poética A Cinza das Horas e Carnaval Libertinagem, Ritmo Dissoluto e outros Antologias de fases literárias Obras em conjunto Crônicas Carlos Drummond de Andrade Quadrante e Quatro Vozes