AULÃO INTERDICIPLINAR LITERATURA & HISTÓRIA Professores: Mírian Gonçalves Felipe Domingues A Revolta da Chibata A REVOLTA DA CHIBATA (22/11/1910) - RJ João Cândido, “O Almirante Negro”, líder da Revolta da Chibata. O ESTOPIM DA REVOLTA Marcelino Rodrigues de Meneses fora punido com 250 chibatadas, fato que desencadeou a rebelião dos marinheiros. OBJETIVO DA REVOLTA Os marinheiros queriam o fim dos castigos corporais, melhorar a alimentação e o soldo. MARECHAL DEODORO O marechal Deodoro da Fonseca estabelecia um código disciplinar baseado em prisão, confinamentos a “pão e água” em solitárias imundas e castigos corporais. 17 DE NOVEMBRO DE 1910 O marinheiro Marcelino Rodrigues fora punido com 250 chibatadas. ENCOURAÇADO MINAS GERAIS A frota comandada por João Cândido com 2.379 homens, assombrou os poderosos. ANISTIA Os marinheiros exigiam a anistia, isto é, não seriam punidos por terem se rebelado. Em 24 de novembro o Congresso Nacional anuncia que os rebelados não receberiam punição e que a chibata seria extinta. ACORDO TRAÍDO A anistia só valeu para conduzir os revoltosos à rendição. O governo traiu o acordo, promovendo demissões, prisões, castigos que, em inúmeros casos, resultaram na morte de muitos marinheiros rebelados. ILHA DAS COBRAS João Cândido ao lado de vários companheiros foi confinado a uma masmorra imunda na Ilha das Cobras. O “Almirante Negro” era obrigado a beber, diariamente, sua própria urina. “O ALMIRANTE NEGRO” Um dos sobreviventes da masmorra na Ilha das Cobras (RJ), julgado em novembro de 1912, fora absolvido. DECLARADO LOUCO Foi enviado ao Hospital dos Alienados. Escutava sempre em seus delírios o bater da chibata nas costas de Marcelino, os estampidos dos canhões, os gritos e gemidos dos companheiros fuzilados. SENHOR EVARISTO DE MORAIS Defensor de João Cândido, contratado pela Ordem de Nossa Senhora do Rosário e dos Homens Pretos. 06 DE DEZEMBRO DE 1969 João Cândido morre pobre, doente, esquecido, vítima de câncer, deixando uma herança de coragem e dignidade. FOI UM HEROI NACIONAL. Em 1959, foi lançado no RS, o livro “A Revolta da Chibata”. 27/11/2007 - RJ Inauguração da Estátua em homenagem ao “Almirante Negro”. ESTALEIRO ATLÂNTICO SUL (E.A.S) Localizado no Complexo Industrial e Portuário de SUAPE, no município de Ipojuca/PE. 07/05/2010 Adalberto Cândido , filho do “Almirante Negro”, assiste ao lançamento do “Navio João Cândido” ao mar em homenagem ao seu pai. MADRINHA DO NAVIO “JOÃO CÂNDIDO”. Monica Roberta de França, operária, soldadora, funcionária do Estaleiro Atlântico Sul (E.A.S.) LANÇAMENTO AO MAR EM 07 DE MAIO DE 2010 Novo Petroleiro “João Cândido” é lançado ao mar. O nome foi escolhido em homenagem ao “Almirante Negro” que liderou a Revolta da Chibata, movimento iniciado no RJ, em novembro de 1910. MESTRE SALA DOS MARES Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo feiticeiro A quem a história não esqueceu Conhecido como o navegante negro Tinha a dignidade de um mestresala E ao acenar pelo mar na alegria das regatas Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas Inundando o coração do pessoal do porão Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então Glória aos piratas Às mulatas, às sereias Glória à farofa à cachaça, às baleias Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa história não esquecemos jamais Salve o navegante negro Que tem por monumento as pedras pisadas do cais Mas salve Salve o navegante negro Que tem por monumento as pedras pisadas do cais Mas faz muito tempo JOÃO CÂNDIDO Simbolizou a luta pela dignidade humana. A Revolta da Vacina A REVOLTA DA VACINA (NOVEMBRO/1904) - RIO DE JANEIRO. Osvaldo Cruz: vacinação obrigatória para combater a varíola. 10 A 16 DE NOVEMBRO DE 1904 O motivo que desencadeou esta Revolta foi a Campanha de Vacinação obrigatória imposta pelo Governo Federal contra a varíola. A Guerra de Canudos A GUERRA DE CANUDOS (1897 – BA) Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro), líder religioso carismático. PERÍODO DE AGITAÇÕES SOCIAIS (1902 -1922) A Revolta da Chibata - RJ A Revolta da Vacina - RJ A Guerra de Canudos - BA Sedição do Juazeiro - CE Greve Operárias - SP Euclides da Cunha Notabilizou-se com a publicação da obra “Os Sertões” (1902) que o conduziu à A.B.L. e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. OS SERTÕES (FRAGMENTO DE “A LUTA”) “Fechemos este livro. Canudos não se rendeu (...) Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais surgiam raivosamente cinco mil soldados...” ANTÔNIO VICENTE MENDES MACIEL (Antônio Conselheiro). “Então o sertão vai virar mar e o mar virará sertão” CANHÃO KRUPP– RECÉM-IMPORTADO DA ALEMANHA General Moreira César foi morto após ter sido ferido em combate. GUERRA DE CANUDOS Os sertanejos não se renderam e muitos foram degolados. A GUERRA DE CANUDOS Prisioneiros da guerra: homens, mulheres e crianças. FIM DA GUERRA – 06 DE OUTUBRO DE 1897 Cadáveres nas ruínas de Canudos. EXUMAÇÃO DO CADÁVER DE ANTÔNIO BEATINHO “Dádiva preciosa – único prêmio”. DESTRUIÇÃO DO ARRAIAL Saldo da Guerra: dois homens feitos, um velho e uma criança. “A guerra de Canudos ocorrida entre 1896 e 1897, foi um dos conflitos mais violentos da história brasileira. EUCLIDES DA CUNHA “Aquela campanha foi um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.” ASSISTA AO FILME: Euclides da Cunha. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Sedição do Juazeiro CEARÁ – PALCO DOS CONFLITOS Movimento centrado na figura do Padre Cícero Romão Batista (1844 – 1934). CEARÁ - JUAZEIRO DO NORTE O padre Cícero chocou-se com as autoridades da Igreja Católica e, ao mesmo tempo, integrou-se no sistema coronelista. “PADIM CIÇO” MORREU EM 1934. A devoção ao padre Cícero continua no Nordeste até hoje. VIRGULINO FERREIRA - “LAMPIÃO” A convite do padre Cícero, recebeu a patente de “capitão”. Greves Operárias OPERÁRIOS – TARSILA DO AMARAL Greves – São Paulo Operários e anarquistas Marcham portando bandeiras negras pela cidade de São Paulo na greve de 1917. Trabalhadores cruzam os braços em uma fábrica em São Paulo. Funeral de José Martinez em direção ao Cemitério do Araçá, no dia 11 de julho de 1917. Trabalhadores paralisados são reprimidos por policiais a cavalo. LIMA BARRETO Explora as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República. Obras: Triste Fim de Policarpo Quaresma Recordações do Escrivão Isaías Caminha MESTIÇO, POBRE E ALCOÓLATRA O romance descreve a vida política do Brasil após a proclamação da República tendo como tema central nacionalismo fanático. “TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA” (obra-prima). “(...) Policarpo Quaresma, funcionário público, cidadão brasileiro, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro (...)” AUGUSTO DOS ANJOS Poeta do mau gosto, dos vermes, do escarro. É um autor ímpar na nossa literatura. Publicou apenas um livro: “EU” (1912). Versos Íntimos Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja esta mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! 1 3 4 2 5 Alguns dos organizadores da semana de 22: 1. Manuel Bandeira; 2. Mário de Andrade; 3. Paulo Prado; 4. Graça Aranha; 5.Oswald de Andrade. O Teatro Municipal de São Paulo, Palco da Semana de Arte Moderna. MÁRIO DE ANDRADE Obras Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema. Paulicéia Desvairada – Prefácio Interessantíssimo. Macunaíma (Rapsódia). Amar, Verbo Intransitivo. São Paulo! Comoção de minha vida... Os meus amores são flores feitas de original... Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro... Luz e bruma... Forno e inverno morno... Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes... Perfumes de Paris... Arys! Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!... São Paulo! Comoção de minha vida... Galicismo a berrar nos desertos da América! MACUNAÍMA A criação máxima de Mário de Andrade está em "MACUNAÍMA", o herói sem nenhum caráter: a partir desse anti-herói, o autor enfoca o choque do índio amazônico que nasceu preto e virou branco, síntese do povo brasileiro. MANUEL BANDEIRA A Cinza das Horas Carnaval Ritmo Dissoluto Libertinagem A casa onde nasceu o poeta. Restaurante Rua Joaquim Nabuco - Derby Espaço Pasárgada – Rua da União Rua da União- casa dos avós Dentro do espaço Pasárgada Poema do Beco. Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? - O que eu vejo é o beco Os Sapos O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: -"Meu cancioneiro É bem martelado. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: -"Meu pai foi rei" - "foi!" -"Não foi!" - "Foi!" -"Não foi!". Que soluças tu, Transido de frio Sapo-cururu Da beira do rio... (Carnaval) Ouça o poema “Vou-me embora pra Pasárgada" , na voz do poeta. Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo, é outra civilização Tem um processo seguro de impedir a concepção Tem telefone automático, tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas, para a gente namorar E quando eu estiver mais triste mas triste de não ter jeito Quando de noite me der vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Recife Não a Veneza americana Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais Não o Recife dos Mascates Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois — Recife das revoluções libertárias Mas o Recife sem história nem literatura Recife sem mais nada Recife da minha infância A rua da União onde eu brincava de chicotequeimado e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras mexericos namoros risadas A gente brincava no meio da rua Os meninos gritavam: Coelho sai! Não sai! A distância as vozes macias das meninas politonavam: Roseira dá-me uma rosa Craveiro dá-me um botão (Dessas rosas muita rosa Terá morrido em botão...) De repente nos longes da noite um sino Uma pessoa grande dizia: Fogo em Santo Antônio! Outra contrariava: São José! Totônio Rodrigues achava sempre que era são José. Os homens punham o chapéu saíam fumando E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo. Rua da União... Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância Rua do Sol (Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal) Atrás de casa ficava a Rua da Saudade... ...onde se ia fumar escondido Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... ...onde se ia pescar escondido Capiberibe — Capibaribe Lá longe o sertãozinho de Caxangá Banheiros de palha Um dia eu vi uma moça nuinha no banho Fiquei parado o coração batendo Ela se riu Foi o meu primeiro alumbramento Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras Novenas Cavalhadas E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus cabelos Capiberibe — Capibaribe Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas Com o xale vistoso de pano da Costa E o vendedor de roletes de cana O de amendoim que se chamava midubim e não era torrado era cozido Me lembro de todos os pregões: Ovos frescos e baratos Dez ovos por uma pataca Foi há muito tempo... A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem Terras que não sabia onde ficavam Recife... Rua da União... A casa de meu avô... Nunca pensei que ela acabasse! Tudo lá parecia impregnado de eternidade Recife... Meu avô morto. Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô. Para sua meditação: “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti; O Senhor sobre ti levante o Seu rosto e te dê a paz.” Números 6.24-26 www.profamirian.com [email protected]