1 PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM PESSOAS DA TERCEIRA IDADE PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO CARDIAVASCULAR DISEASE PREVALENCE OF PHYSICAL EXERCISE PRACTICE IN ELDERLY Fernanda Granato de Souza Profa Dra. Giovana Zarpellon Mazo (orientadora) Adilson.... Mario Nascimento.... RESUMO O objetivo deste estudo foi verificar o prognóstico de risco cardiovascular em idosos praticantes de exercícios físicos que apresentam doenças cardiovasculares em geral ou não. A amostra foi composta por 82 participantes do Grupo de Estudo da Terceira Idade (GETI/UDESC), sendo 13 homens e 69 mulheres, com média de idade de 62,65 anos. A amostra caracteriza-se por 58% ser casada, 26,8% possuir ensino fundamental incompleto e 36,6% ter renda mensal superior a seis salários mínimos, 73,2% apresentam algum tipo de doença, e 81% tomam algum tipo de medicamento. Foram coletadas as medidas antropométricas massa e estatura e as medidas da cintura e quadril. Como resultados encontrados para este estudo, foi identificada uma associação significativa entre Índice Cintura Quadril e doença cardiovascular (p=0,041). Os indivíduos considerados de alto risco para o Índice Cintura Quadril possuem 4 vezes mais chance de possuir e/ou agravar as doenças cardiovasculares. Em relação aos os indivíduos obesos, a chance é de 3 vezes mais para a mesma situação. Verificou-se que nos homens o IMC está significativamente associado à doença cardiovascular (p=0,035), já para as mulheres, a associação significativa foi observada entre o ICQ e a DC (p=0,023)., Em relação a esta população, pode-se concluir que as variáveis Índice de Massa corporal e Índice Cintura Quadril mostram-se eficientes quando relacionadas com a predisposição para adquirir e/ou agravar doenças cardiovasculares em pessoas da terceira idade. Palavras-chave: Terceira Idade, exercício físico, risco cardiovascular. ABSTRACT This study had as objective to verify the cardiavascular risk prognostic in aged practitioners of physical exercises that do or do not present cardiac diseases. The sample was composed by 82 participants of the Third Age Studies Group – Grupo de Estudos da Terceira Idade (GETI/UDESC), 13 men and 69 women, with an average age of 62.65 years. The sample is characterized by 58% being married, 26.8% having Incomplete Basic Education and 36.6% having monthly income superior to that of six minimum wages. 73.2% present some sort of illness, and 81% take some type of medicine. The anthropometric measures mass and stature and the measures of the waist and hip were collected. The data were organized and treated in the statistical program SPSS 11.0 for Windows. As results showed, a significant association was identified between WHR and cardiovascular disease (p=0.041). For this study, obese individuals have an approximately 3 times bigger possibility to possess it, and individuals considered as having a high risk Waist-Hip Ratio, possess a 4 times bigger chance to have it. It 2 was verified that in men the BMI is significantly associated to cardiovascular illness (p=0.035), as for the women, the significant association was observed between the WHR and CD (p=0.023). With this study, it can be concluded that the variables Body Mass Index and WaistHip Ratio reveal efficiency when related to the risk of cardiovascular diseases, in this elderly group. Keywords: Elderly, physical exercise, cardiovascular risk. INTRODUÇÃO Cada vez mais aumenta o número de pessoas na terceira idade. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano (1) . Esse crescimento mostra-se também significante no Brasil, em que a previsão, segundo o IBGE (2002)(1), é de que em 2025 a população idosa brasileira poderá ultrapassar os 32 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Com esse aumento, cresce também o número de doenças comuns a esta faixa etária. O rápido processo de envelhecimento populacional brasileiro, que como conseqüência elevou o número de idosos, representa um grande desafio para o sistema de saúde, pela maior incidência de doenças crônicas e incapacidades físicas, levando a crescentes custos econômicos e sociais (2). Entre as doenças que apresentam maior taxa de mortalidade no Brasil, ganham destaque as doenças cardiovasculares, que representam importante problema de saúde pública em todo o mundo, visto que constituem a principal causa de morbi-mortalidade, incapacidade e representam os mais altos custos em assistência médica. (3, 4). Com o processo de envelhecimento, existem mudanças principalmente na estatura, no peso e na composição corporal (5) , fatores esses que nos fazem ter uma preocupação maior com o risco de doenças cardiovasculares nessa faixa etária. Valores como o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Índice Cintura Quadril (ICQ) são descritos como uma forma de apontar esse risco. É possível encontrar diversos estudos que utilizam esta variável como uma forma de controlar este tipo de risco para esta população. Na I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2004)(6), essas medidas são indicadas para ser utilizada como uma das formas do risco cardíaco. Esta indicação é encontrada também no estudo de Cabrera (2005) (7) , que ressaltou a importância da aferição da ICQ como parâmetro antropométrico de distribuição de gordura central na análise de risco entre as mulheres acima de 60 anos. Para o IMC, valores acima da normalidade estão relacionados com o incremento da mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes(8). A prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas (9) . Em outros estudos também podemos encontrar recomendações de exercício físico para 3 atuação nos fatores de risco(6) , e sugestão para um tratamento de reabilitação com especial ênfase no treinamento físico aderem a programas (10) de . Neste mesmo estudo concluiu-se que Os pacientes que reabilitação cardíaca apresentam inúmeras mudanças hemodinâmicas, metabólicas, miocárdicas, vasculares, alimentares e psicológicas que estão associadas ao melhor controle dos fatores de risco e à melhora da qualidade de vida (10). Pessoas da terceira idade aderem a programas de exercícios físicos, apresentando problemas cardiovasculares ou não. Este fato insere uma questão muito importante para profissionais que trabalham com esta faixa etária, visto que a prática de atividades físicas se torna imprescindível a saúde e bem estar desses indivíduos em especial (10) . Verificar a entre essas pessoas é um dado importante para um maior preparo desses profissionais. Com isso, o presente estudo tem por objetivo verificar a prevalência de doenças cardiovasculares em idosos praticantes de exercícios físicos que apresentam doenças cardiovasculares em geral ou não. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS População e Amostra A população deste estudo é composta por 219 pessoas da terceira idade participantes dos programas de exercícios físicos oferecidos pelo Grupo de Estudos da Terceira Idade – GETI/UDESC, que realizaram os testes de avaliação física em fevereiro e março de 2008. A amostra foi do tipo não-probabilística, com a técnica de seleção intencional dos participantes. Para este estudo foram selecionados apenas os indivíduos com idades entre 50 e 69 anos, uma vez que um dos indicadores de risco utilizados possui classificação de risco até 69 anos de idade. Com isso, a amostra foi composta por 82 pessoas da terceira idade, com idade média de 62,2 (DP=4,6), sendo 13 (15,9%) homens e 69 (84,1%) mulheres. Instrumentos Inicialmente foi aplicado um questionário de identificação, aplicado em forma de entrevista, no qual foram coletadas informações de identificação (idade, sexo, estado civil, renda familiar e escolaridade), e de questões de saúde (ser acometido por alguma doença e tomar medicamentos). Nestas últimas verificou-se o acometimento por doença cardiovascular (Classificação Internacional de Doenças – CID 10). Para verificação da massa corporal, foi utilizada uma balança digital da marca PLENNA, modelo WIND MEA-07710, com capacidade máxima de 150 kg e resolução de 0,1 quilogramas. Para verificar a estatura, foi utilizado o estadiômetro WCS 2,17m, com plataforma, da marca CARDIOMED, o qual encontrava-se fixado à parede. Estas duas medidas foram utilizadas para o cálculo do IMC. 4 A aferição da circunferência da cintura ocorreu com auxílio de uma fita antropométrica, com escala em milímetros, e a medida foi tomada de acordo com recomendações da World Health Organization (11) , sendo o ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca o ponto de medição. A aferição da circunferência de quadril seguiu da seguinte forma: faz-se a mensuração no maior perímetro do quadril, levando-se em consideração a porção mais volumosa das nádegas (12). Neste estudo foram utilizados dois indicadores de risco para a saúde do indivíduo, os quais foram o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Índice Cintura-Quadril (ICQ). Coleta de Dados Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da UDESC em 20 de dezembro de 2007, processo nº. 185/07. As coletas de dados foram realizadas em fevereiro e março de 2008. Os dados foram coletados por alunos do CEFID/UDESC previamente treinados. Inicialmente, realizou-se um contato pessoal com os sujeitos do estudo, explicando-se o objetivo da pesquisa e solicitando a sua participação na pesquisa. Em seguida, foram agendados a data, o horário e o local para a avaliação antropométrica e das entrevistas. No dia da coleta, explicou-se aos idosos quais seriam os procedimentos a serem realizados, ou seja, primeiramente responder à ficha diagnóstica e posteriormente a aferição das medidas massa corporal, estatura e medidas da cintura e quadril. Os idosos, ao concordarem em participar da pesquisa, assinaram o termo de consentimento em duas vias, ficando uma via de posse da idosa e a outra do programa GETI. Análise de Dados A determinação do IMC foi obtida por meio da seguinte fórmula: [IMC = Massa Corporal (kg) / Estatura(m)2]. Para a classificação do IMC dos idosos foi utilizado, inicialmente, o critério da World Health Organization (1998) (13) , que define baixo peso (<18,5 kg/m2), peso normal (≥18,5 e <25 kg/m2), sobrepeso (≥25 e <30 kg/m2), e obesidade (≥30 kg/m2). Porém, para fins estatísticos no estudo, adotou-se apenas dois pontos de corte: normal (<25 kg/m2) e excesso de peso (≥25 kg/m2). O ICQ foi obtido por meio da razão entre a circunferência da cintura pela circunferência do quadril. A classificação dos idosos segundo o ICQ foi segundo a tabela de Heyward e Stolarczyk (2000) (13) . Também para fins estatísticos adotou-se apenas dois pontos de corte: baixo risco (≤0,98 para homens e ≤0,83 para mulheres) e alto risco (≥0,99 para homens e ≥0,84 para mulheres). Os dados foram organizados e tratados no programa estatístico SPSS 13.0 para Windows. A análise estatística descritiva utilizada ocorreu por meio das medidas de tendência 5 central (média) e de dispersão (desvio padrão) para a idade e valores brutos do IMC e ICQ, e de freqüências simples e percentuais para as demais variáveis. Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado para se avaliar a existência de associação entre os indicadores de risco para a saúde (IMC e ICQ) e o acometimento por doença cardiovascular, adotando-se o Teste Exato de Fisher quando necessário. A análise de regressão logística foi utilizada para se identificar os odds ratio de cada indicador, ajustando por sexo por causa da já ser evidenciada na literatura uma diferença entre os sexos no acometimento por doenças cardiovasculares. Em todas as análises foi adotado um nível de significância de p≤0,05. RESULTADOS A amostra apresentou Idade Média de 62,65 anos (DP=4,66), sendo composta por 84,1% mulheres e 15,9% de homens. Em relação ao estado civil, sua maior parte (58,5%) encontra-se casada. Entre os integrantes da amostra, 26,8% possuem o Ensino Fundamental Incompleto, e 24,4% possuem Ensino Médio Completo. Sua renda mensal é superior a seis salários mínimos (36,6%). Cerca de 73,2% da amostra apresenta algum tipo de doença, e 81% tomam algum tipo de medicamento. Na pesquisa, o valor médio para o IMC foi de 27,9 (DP=3,92; Md=26,21) para homens e 28,03 (DP=5,33; Md=27,66) para mulheres. Valores estes que expressam, segundo a WHO (1998), uma classificação de sobrepeso (≥25 e <30 kg/m2) para ambos os sexos. Para o ICQ, a média encontrada para os homens foi de 0,94 (DP= 0,039; Md=0,95), valor considerado risco moderado, tanto para homens de 50 a 59 anos (0,90 – 0,96) quanto para homens de 60 – 69 anos (0,91 – 0,98) Heyward e Stolaczyk (2000) (13). Para as mulheres, este valor diminui para 0,88 (DP=0,056; Md=0,88), entretanto considerado risco alto para mulheres entre 50 e 59 anos (0,82 – 0,88) e para mulheres entre 60 e 69 anos (0,84 – 0,90). Foi constatada a prevalência de 46,3% de doença cardiovascular (DC) na amostra estudada. Quando separados por sexo, encontra-se diferença desta prevalência para os homens e as mulheres deste estudo. Entre os que apresentam este tipo de doença, 81,5% do total de homens da amostra, e 43,5% também do total das mulheres foram os valores encontrados. Foram identificadas associações significativas tanto entre IMC e DC (p=0,018) quanto entre CI e DC (p=0,061) e entre ICQ e DC (p=0,041). Os dados referentes a esta análise estão expressos na Tabela 1, onde os valores de odds foram ajustados por sexo. 6 Tabela 1. Associação entre os indicadores de IMC e ICQ e o acometimento por doença cardiovascular. Doença Cardiovascular Indicadores Sim n (%) Não n (%) IMC Excesso de peso 32 (55,2) Normal 06 (25) 26 (44,8) 18 (75) ICQ Alto risco Baixo risco 29 (49,2) 15 (65,2) 30 (50,8) 08 (34,8) Total 82 58 24 82 59 23 OR (95% IC)* Valor de p* 3,638 (1,253 – 10,564) 0,018 4,059 (1,057 – 15,590) 0,041 * Odds ratio ajustado por sexo A partir dessa análise observou-se que, em relação ao IMC, os indivíduos considerados com excesso de peso (IMC>24,9) apresentaram aproximadamente 3,5 (IC.95% = 1,253 – 10,564) vezes mais chance de possuir a DC do que os indivíduos considerados com IMC normal. Para o ICQ observou-se que a chance de possuir a DC foi 4 (IC.95% = 1,057 – 15,59) vezes maior para os indivíduos considerados de alto risco, do que para os classificados como baixo risco. Os resultados aqui descritos foram ajustados por sexo, e são expostos na Tabela 2 para melhor visualização. Para o IMC, um indivíduo classificado com excesso de peso possui 130% de chance de possuir a doença, contra apenas 33,3% para os indivíduos classificados com peso normal (Figura 1). Em relação ao ICQ, observou-se que os indivíduos com alto risco apresentam uma chance de 103% de possuir a doença, enquanto que os de baixo risco possuem 53,2% de chance. 150 *** *** 100 Alto risco Baixo risco % 50 0 IMC* ICQ** Figura 1. Chance de possuir doença cardiovascular de acordo com os indicadores (IMC e ICQ). * Neste lê-se: excesso de peso (alto risco) e normal (baixo risco). ** Ajustado por sexo. *** Diferenças significativas (p≤0,05) Em função de o ajuste por sexo ter alterado significativamente os odds ratio dos indicadores de risco, principalmente do ICQ, com o acometimento por DC optou-se por verificar 7 a associação das variáveis divididas por sexo (Tabela 3). Com isso, verificou-se que nos homens o IMC está significativamente associado à DC (p=0,035), já para as mulheres, a associação significativa foi observada entre o ICQ e a DC (p=0,023). Essas diferenças referentes ao sexo explicam a necessidade de se ter ajustado a análise dos odds ratio por sexo. Tabela 3. Associação entre os indicadores de IMC e ICQ e o acometimento por doença cardiovascular de acordo com sexo. Feminino Masculino D. Cardiovascular D. Cardiovascular N Sim n (%) Não n (%) IMC Excesso de peso Normal 24 (50) 06 (28,6) 24 (50) 15 (71,4) 69 48 21 ICQ Alto risco Baixo risco 28 (50) 02 (15,4) 28 (50) 11 (84,6) 69 56 13 pA N pA 02 (20) 03 (100) 13 10 03 0,035* 01 (33,3) 04 (40) 13 03 10 1,000* Sim n (%) Não n (%) 0,098 08 (80) 00 (00) 0,023 02 (66,7) 06 (60) A Valor de p para o teste Chi-quadrado bi-caudal. * Teste exato de Fisher. DISCUSSÃO Neste estudo, foi encontrado que o IMC e o ICQ foram associados a ter doença cardiovascular. Isso se explica pelo fato de que parte da amostra já apresentava doença cardiovascular (46,3%). Por outro lado, esses indicadores podem ser monitorados para o prognóstico da doença e consequentemente de potenciais eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular encefálico. No estudo de Silva, Simões e Leite (2007) (14) , em que relaciona fatores risco para doenças cardiovasculares em idosos com diabetes mellitus tipo 2, encontrou-se resultados relevantes quando se tratando de RCQ e também do IMC. Este estudo constatou que a obesidade, principalmente a distribuição central, associou-se a alguns fatores de risco de doenças cardiovasculares, tais como Diabete mellitus 2, dislipidemia e hipertensão arterial sistólica. Comparando a incidência de doenças cardiovasculares com o sexo, encontram-se valores interessantes. Entre os homens, 81,5% apresentam doenças cardiovasculares. Já entre as mulheres, este número cai para 43,5%. Ou seja, doenças desse porte são mais comuns entre os homens do que entre as mulheres, para esta faixa etária neste grupo estudado. O mesmo não se pode dizer em um estudo feito Em São Paulo (14) , em que 69,4% dos homens não apresentaram histórico de doenças cardiovasculares, ou seja, ocorreu o oposto nos estudos citados. Entre as mulheres, o resultado não foi muito parecido também. Para esta 8 variável, o valor em questão caiu praticamente a metade, ou seja, 20,3% delas apresentaram doenças cardiovasculares. Para este estudo, indivíduos com excesso de peso apresentaram aproximadamente 3 vezes mais chance de possuir DC, e indivíduos considerados alto risco para ICQ, possuem 4 vezes mais essa chance. Isto é um dado importante, já que, grande parte dos estudos os valores para IMC e ICQ encontram-se alterados, principalmente nas mulheres (15,16, 3). Em geral, o IMC da amostra obteve um valor médio de 27,9 para os homens e 28,3 para as mulheres. Pode-se considerar este valor alto, quando comparamos a outros estudos com a mesma faixa etária. Em uma pesquisa de avaliação antropométrica de idosos residentes de instituições geriátricas de Fortaleza, estado do Ceará, obteve valores médios para o IMC de 22,1 para os homens e 24,3 para as mulheres (2005) (16) . Quando comparado ao estudo de Cabrera (7) , o valor médio para o IMC em idosas foi de 26,3. Este valor aproxima-se um pouco mais do encontrado, apesar ainda de ser mais o mais alto dos estudos analisados. Entre os homens deste estudo, 80% dos que apresentam doenças cardiovasculares estão com excesso de peso, e 66,7% apresentam alto risco para saúde (ICQ). Entre os que não têm esse histórico, 100% são considerados com IMC normal, e 60% apresentam baixo risco para saúde (ICQ). Para a variável ICQ, não foi encontrado valor estatisticamente significativo (p=1,000). Acredita-se que este fato ocorreu devido ao reduzido número de homens neste estudo. No estudo de Santos e Sichieri (2005) (15), que teve por objetivo avaliar o estado nutricional dos idosos e comparar o IMC com indicadores de adiposidade e localização de gordura em idosos e adultos de meia idade, para a amostra com idades entre 60 e 69,9 anos, 50,6% dos homens apresentaram IMC superior a 25 Kg/m2,ou seja, em situação de sobrepeso. Neste mesmo estudo, para a variável Relação Cintura Quadril, apenas 17,5% apresentou valores inadequados. Este estudo encontra índices bem menores do que os encontrados no atual. Entretanto, o estudo não se dispôs a relacioná-los com o risco cardíaco. Há outros estudos em que a percentagem de idosos com IMC considerado normal é muito baixo (13%) (17). Entre as mulheres, comparando o IMC, 50% das mulheres com histórico de doenças caridovasculares estão obesas. Número este que se repete quando se trata de alto risco para saúde (ICQ). 71,4% das que não tem doenças cardiovasculares são consideradas nãoobesas. Entre elas, 84,6% apresentam baixo risco para o ICQ. Para a variável IMC, não foi encontrado valor estatisticamente significativo. Entretanto, a variável ICQ, quando a associação ajustada por sexo, mostrou ser um bom indicador para DC, apresentando valores estatisticamente significativos para o grupo feminino. Fazendo a mesma comparação dos homens, relacionando ao mesmo estudo (15), 58,7% das mulheres com idade entre 60 e 69,9 anos apresentam-se em situação de sobrepeso. 52,3% delas apresentam valores para a Relação Cintura Quadril inadequados aos padrões estipulados. 9 Ao contrário do resultado deste estudo, para Cabrera (2005) (7), os resultados encontrados para o ICQ não se mostraram estatisticamente significativos, apresentando média de 0,92 nas idosas estudadas, (DP = 0,06) e não mostrando relação alguma com o risco de doenças cardiovasculares. Este estudo apresentou alguns fatores limitantes para esta pesquisa. O primeiro deles foi o reduzido número de homens participantes da amostra. Este acontecimento ocorreu devido ao fato de, no programa de atividade física da Universidade, o número de homens já ser bem reduzido. Outro fator que limitou a pesquisa foi o número total da amostra, que se tornou encurtado, devido ao fato de grande parte dos integrantes do programa ter idade superior a 69 anos, idade limitada pela falta nos indicadores do Índice Cintura Quadril (ICQ). CONCLUSÃO Com este estudo, pode-se concluir que, mesmo sendo praticantes de exercícios físicos, o risco cardiovascular é muito alto para aqueles que já apresentam histórico de doenças cardiovasculares, o que eleva a possibilidade de eventos cardíacos. Pode-se perceber também que as variáveis IMC e ICQ mostram-se eficientes quando relacionadas com o risco de doenças cardiovasculares neste grupo. A partir deste estudo, é importante o avanço para novas pesquisas sobre o tema, principalmente abrangendo idosos com idade superior a 69 anos, limitação encontrada neste estudo. REFERÊNCIAS 1- IBGE: Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil 2000 - Estudos e Pesquisas Informação Demográfica e Socioeconômica - número 9, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm 2 - CHAIMOWICZ, F. Health of the Brazilian elderly population on the eve of the 21st century: current problems, forecasts and alternatives. Rev. Saúde Pública , São Paulo, v. 31, n. 2, 1997 . Disponível em: <http://www.scielosp.org 3 - GUS, I.; FISCHMANN, A.; MEDINA, C. Prevalência dos Fatores de Risco da Doença Arterial Coronariana no Estado do Rio Grande do Sul. Arq Bras Cardiol, volume 78 (nº 5), 478-83, 2002 4 - LIMA-COSTA, Maria Fernanda, PEIXOTO, Sérgio Viana e GIATTI, Luana. Tendências da mortalidade entre idosos brasileiros (1980 - 2000). Epidemiol. Serv. Saúde, dez. 2004, vol.13, no.4, p.217-228. ISSN 1679-4974. 10 5 - KURA, G. G.; RIBEIRO, L. S. P.; NIQUETTI, R.; TOURINHO FILHO, H. Nível de atividade física, IMC e índices de força muscular estática entre idosas praticantes de hidroginástica e ginástica. Rev. Bras. De Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 30-40 - jul./dez. 2004 6 - I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq. Bras. Cardiol. , São Paulo2008 . Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em: 27 May 2008. 7 - CABRERA, M. A. S.; WAJNGARTEN, M.; GEBARA, O. C. Relação do índice de massa corporal, da relação cintura-quadril e da circunferência abdominal com a mortalidade em mulheres idosas: seguimento de 5 anos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(3):767-775, mai-jun, 2005 8 - MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R.; BARROS NETO, T. L. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Revista Brasileira Atividade Física e Saúde, v. 5, n. 2, p. 60-76, 2000. 9 - American College of Sports Medicine. ACSM stand position on the appropriate intervention strategies for weight loss and prevention of weight regain for adults. Med Sci Sports Exerc 2001;33:2145-56. 10 – Diretriz de Reabilitação Cardíaca. Arq. Bras. Cardiol. , São Paulo, v. 84, n. 5, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em: 27 May 2008. 11 - World Health Organization. Physical status: use and interpretation of anthropometry. Geneva; 1995. 12 - PETROSKY, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. In: MARTINS, M. O.; LOPES, M. A. Perímetros. 3 ed. Ver. E ampl. – Blumenau: Nova Letra, 2007. p 57-69. 13 - PETROSKY, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. In:BENEDETTI, T. R. B.; RECH, C. R.; MAZO, G. Z.; LOPES, M. A. Composição Corporal em Idosos. 3 ed. Ver. E ampl. – Blumenau: Nova Letra, 2007. p. 141-162. 14 - SILVA, R.C.P.; SIMÕES, M.J.S., LEITE, A.A. Fatores de risco para doenças cardiovasculares em idosos com diabetes Mellitus tipo 2. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 28, n.1, p.113-121, 2007 15 - SANTOS, D. M.; SICHIERI, R. Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos. Rev. Saúde Pública 2005; 39 (2): 163 – 8. 16 - MENEZES, T. N. de; MARUCCI, M. F. N. Antropometria de idosos residentes em instituições geriátricas, Fortaleza, CE. Rev. Saúde Pública, Abr 2005, vol.39, no.2, p.169175. ISSN 0034-8910 17 - MENDONÇA, T. T., ITO, R. E., BARTHOLOMEU, T., TINUCCI, T. FORJAZ, C. L. M. Risco cardiovascular, aptidão física e prática de atividade física de idosos de um parque de São Paulo. R. bras. Ci e Mov. 2004; 12(2):19-24.