O MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO – MOBRAL NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN - RS (1970- 1975). SILVA, Fabiana Regina da 1- UFSM VELÀSQUEZ, Cinara Dalla Costa2 - UFSM CARRÉ, Josiane Caroline Machado3 - UFSM CUNHA, Jorge Luiz4 - UFSM Grupo de Trabalho - História da Educação Agência Financiadora: CAPES Resumo A pesquisa visa tecer reflexões introdutórias acerca de como ocorreu à implantação, adesão e eficácia do Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, implantado no país a partir de 1967, e, mais especificamente na comunidade regional de Frederico Westphalen - RS a partir de 1970, partindo de seu principal objetivo - a diminuição de analfabetos do país. Busca-se salientar seus resultados em termos qualitativos e quantitativos neste lócus. Para isso, procedeu-se um estudo de caso, através de uma investigação por “métodos mistos”, embasado teoricamente em LANKSHEAR & KNOBEL (2008) de modo a evidenciar desafios e possibilidades do programa. Nossos dados tem como fonte principal o Jornal O Regional5, meio de comunicação local, que no período definido da pesquisa, traz em seu conteúdo uma coluna especial tratando do Mobral. As reflexões teóricas amparam-se em autores como VEIGA (2007), FREIRE (2000, 2002), STEPHANOU & BASTOS (2005), XAVIER, RIBEIRO & NORONHA (1994), além de FRIGOTTO (1989,1995). A questão busca clarificar por uma História da Educação que demarque novas e singulares reflexões sobre o tema: em que medida o MOBRAL, a partir de suas configurações produziu ou não resultados para este meio social com grande número de analfabetos? Podemos concluir que, os estudos relacionados à História da Educação, e, este em especial, tem nos indicado uma necessidade de que iniciativas por mudanças educacionais em termos de criar novas 1 Graduada em História / Licenciatura. Mestranda em Educação – Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected] 2 Graduada em História. Mestre em Educação /UFSM. Doutoranda em Educação/UFSM. E-mail: [email protected]. 3 Graduada em Pedagogia. Mestranda em Educação – Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected] 4 Doutor em História Medieval e Moderna Contemporânea - Universitat Hamburg (1994)- Professor Titular da UFSM e Assessor do Gabinete do Reitor. E-mail: [email protected]. 5 Jornal que veiculara no período, notícias da Região que compreende o Médio Alto Uruguai, região esta, onde Frederico Westphalen encontra-se inserido. O mesmo traz em cada edição, uma Coluna dedicada ao Programa. 21929 possibilidades e direcionamentos, precisam partir tanto do global quanto do local, mas que, cada vez mais se faz necessário levar em conta a interface qualitativa em que se ancoram os resultados dos processos educacionais os quais, neste caso, podemos afirmar que os resultados diferenciam-se de outros locais, relacionando-se às experiências, às singularidades e particularidades, pois, nem sempre dados quantitativos dão conta de clarificar as interfaces, os sentidos e significados destes processos a partir de suas inserções. Palavras-chave: História da Educação. Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL. Educação de Jovens e Adultos. Introdução A pesquisa que aqui se delineia, busca trazer à tona interfaces pouco exploradas, mas não menos importantes em nossa História da Educação. O tema relacionado à Educação de Jovens e Adultos através do Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL possibilita perspectivas novas ainda não estudadas, relacionadas ao cenário local e suas particularidades. Propõe-se aqui, tecer reflexões introdutórias acerca da forma como ocorreu à implantação, adesão e eficácia do Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, implantado no país a partir de 1967, e, mais especificamente na comunidade regional de Frederico Westphalen - RS a partir de 1970, partindo de seu principal objetivo - a diminuição de analfabetos do país. Busca-se salientar seus resultados em termos qualitativos e quantitativos neste lócus. Nossa intenção é propiciar um espaço para refletir sobre estas práticas que só mudaram de nome e que continuam inseridas no meio escolar, e, ao longo do tempo vem sendo legitimadas e aceitas muitas vezes como qualitativamente aprováveis e significativas. Para isso, procede-se um estudo de caso através de uma investigação por “métodos mistos”, de forma a destacar tanto perspectivas qualitativas quanto quantitativas do processo, embasado teoricamente em LANKSHEAR & KNOBEL (2008) de modo a evidenciar desafios e possibilidades do programa. Nossos dados tem como fonte principal o Jornal O Regional6, meio de comunicação local, que no período definido da pesquisa, traz em seu conteúdo uma coluna especial em todas as edições tratando do Mobral. Por esta característica, ele é importante fonte em estudos como este, pois, possibilita um olhar mais próximo na tentativa de compreensão de como se desenvolve o processo. 6 Jornal que veicula notícias da Região que compreende o Médio Alto Uruguai no período, região esta, onde Frederico Westphalen encontra-se inserido. 21930 A Alfabetização de Jovens e Adultos desponta no cenário brasileiro, como fruto das muitas mudanças alavancadas no país ainda no início do século XX dentre elas a industrialização e a urbanização. O projeto é idealizado primeiramente, através de movimentos populares, como forma imediata de minimizar o grande número de analfabetos e possibilitar aos brasileiros o exercício de seus papéis enquanto sujeitos e cidadãos, com direitos e deveres, inclusive de atuação política através do direito de votar e ser votado. A criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNESCO, no ano de 1945, da qual o Brasil era um dos países integrantes, cobrou destes a erradicação do analfabetismo, exigindo ações imediatas de forma a proporcionar aos analfabetos do país, programas de alfabetização. Esta perspectiva educacional começa a ser desenvolvida em Pernambuco, através de dedicada e importante iniciativa de Paulo Freire. Pensada na perspectiva freireana, refletia possibilidades de formação para a cidadania do homem na condição de sujeito social, capaz de agir autonomamente e criticamente, não como mero procedimento de técnicas de escrita, cálculo e leitura como ocorreu em muitos locais do país. Com o Golpe de 1964, e a tomada de poder pelos militares que reestabelecem a Ditadura Civil Militar, traz também como procedimento imediato: o silenciamento de Paulo Freire, exilando-o do país, assim como de outros intelectuais e coordenadores de movimentos sociais, que, por sua forma de pensar e influenciar através da educação uma possível emancipação reflete temerária ameaça ao sistema. A modalidade educativa por ele idealizada, agora amparada pelo governo, ganharia então outro formato, surgindo assim, o movimento que se chamaria Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL. O projeto estaria a partir de então, sob o controle do Estado, sendo este, quem forneceria materiais didáticos, atuaria no controle e organização do mesmo que se resumiria nesta fase, na alfabetização funcional de Jovens e Adultos fora da idade escolar, espalhandose através de Comissões e Subcomissões Estaduais e Municipais de implantação, por todo o território brasileiro a partir de sua criação em 1967, chegando à comunidade regional de Frederico Westphalen, no ano de 1970 aonde viria a produzir engajamento e resultados significativos em termos quantitativos num período de cinco anos de atuação. 21931 Contexto Histórico-Educacional de surgimento do Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL A educação escolar no país, até a Primeira República, caracterizava-se por ser altamente seletiva e elitista. Havia pouca oferta de escolas e de profissionais da educação, já que, a profissão não oferecia muitos atrativos e também não era motivo de status social. Além de, haver pouco interesse por parte do Império relacionado à popularização do ensino. Esta realidade começa a ter sensíveis mudanças, somente após sucessivas movimentações e Reformas no sistema educacional que acontecem a partir deste período. Dentre estas movimentações pode-se indicar a efervescência teórico-ideológica de intelectuais do país, imbricados principalmente a teorias europeias. No trecho abaixo, temos um panorama de como se delineava a realidade educacional do Império, na qual se perfila o elitismo na educação, conforme já destacado anteriormente: A Companhia Missionária de Jesus tinha a função básica de catequizar (iniciação à fé) e alfabetizar na língua portuguesa os indígenas que viviam na colônia brasileira. Com a saída dos jesuítas do Brasil em 1759, a educação de adultos entra em colapso e fica sob a responsabilidade do Império a organização e emprego da educação. A identidade da educação brasileira foi sendo marcada então, pelo o elitismo que restringia a educação às classes mais abastadas. As aulas régias (latim, grego, filosofia e retórica), ênfase da política pombalina, eram designadas especificamente aos filhos dos colonizadores portugueses (brancos e masculinos), excluindo-se assim as populações negras e indígenas. Dessa forma, a história da educação brasileira foi sendo demarcada por uma situação peculiar que era o conhecimento formal monopolizado pelas classes dominantes (STRELHOW, 2010, p. 51). O fim do Império e a implantação da República consequentemente redefinem as relações políticas e econômicas no país, vindo a enfraquecer o poder das oligarquias. Tudo isso, devido às mudanças ocasionadas em um país anteriormente agroexportador, caracterizado pelos grandes produtores principalmente de café; utilizando-se de mão-de-obra escrava, que são tomados pela nova realidade da Primeira República, com um crescimento econômico voltado para a industrialização e, consequente urbanização e mão-de-obra assalariada, características da concretização do sistema capitalista de produção urbanoindustrial – e a influência inglesa para tal. Ganhando assim, outras dimensões socioeconômicas e educacionais. Estas mudanças refletem consideravelmente na importância que se dava para a educação, percebe-se que é necessário expandir o acesso como forma de qualificar a mão-deobra para a indústria nascente, e, com o fim do Estado Novo e o processo de 21932 redemocratização, proporcionar direito de voto aos cidadãos que só poderiam exercê-lo estando alfabetizados. A educação e o direito de voto foram motivo de produtivas discussões no período. Refere-se a um momento muito rico de discussões relacionadas à condição política, social e educacional do país. Conforme Ribeiro (1994, p. 171), a efervescência teórico-ideológica deste período foi intensa, porém, em consequência desta intensidade, foram períodos de confrontos violentos e que acabaram por ser interrompidos por períodos ditatoriais: o de 1937 a 1945 e o de 1964 a 1984. Mas, estas movimentações vieram definir grandes mudanças iniciadas a partir da Primeira República, iniciam-se ações no sistema educacional de forma a diminuir o analfabetismo. Conforme Veiga (2007, p. 305), a educação escolar de jovens fora da faixa etária escolar e de adultos sem escolarização ou com estudos incompletos começou a ser pensada como um problema de política pública a partir dos anos 1940. Para isso, iniciaram-se articulações e atitudes de destinação de recursos para esta modalidade de ensino. Ainda, segundo ela, em 1942, definiu-se que parte dos recursos do Fundo Nacional do Ensino Primário deveria destinar-se ao ensino supletivo; em 1947, Lourenço Filho 7desencadeou uma Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos. A partir dela, surgiram outras campanhas pela Educação Rural e pela Erradicação do Analfabetismo, campanhas estas, em um primeiro momento partindo da iniciativa popular de diversos setores da sociedade civil: A primeira metade dos anos 60 ficou conhecida no cenário educacional brasileiro como período dos Movimentos de Educação Popular. Há um envolvimento nas iniciativas, de setores da sociedade civil, igreja, intelectuais, estudantes e artistas. Entre os movimentos pela alfabetização pode-se destacar: o Movimento de Cultura Popular (MCP), De Pé no Chão também se Aprende a Ler, Movimento de Educação de Base (MEB) e o Centro Popular de Cultura da UNE. Nestas experiências de cultura popular, Paulo Freire teve importante papel dentro de uma concepção de educação como prática da liberdade. Porém, com o golpe civil e militar de 1964 por meio do decreto n 53.886, o Plano Nacional de Alfabetização seria extinto, e, posteriormente nos anos 70, o Mobral surge como instrumento de controle político das massas (NORONHA, 1994, p. 216 – 217). A entrada do Mobral reflete a nova configuração que a modalidade recebia. Estaria não sob as iniciativas da sociedade civil e movimentos sociais que anteriormente funcionavam 7 Importante educador escolanovista, participou do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932 e foi atuante durante o período do Estado Novo, conduzido por Getúlio Vargas. Conforme Veiga (2007) este período fora muito influenciado pelo movimento da Escola Nova, escola ativa ou escola do Trabalho. 21933 sob a influência da proposta pedagógica de educação popular e inovadora em perspectiva de transformação social de Paulo Freire, mas sim, sob o controle do estado, que forneceria materiais e recursos na condição de exercer o controle dos mesmos, efetivando o perfil autoritário e controlador da Ditadura que se configura após o Golpe de 1964. Conforme Stephanou & Bastos: Se a prática de alfabetização desenvolvida pelos movimentos de educação e cultura popular estava vinculada á problematização e conscientização da população sobre a realidade vivida, e, o educando era considerado participante ativo no processo de transformação dessa mesma realidade, com o Golpe Militar de 1964, a alfabetização se restringe, em muitos casos, a um exercício de aprender a “desenhar o nome” (STEPHANOU E BASTOS, 2005, p. 270). A realidade de movimentos e lutas políticas e sociais do período, muito voltadas especialmente sobre a educação, e a tendência da alfabetização funcional que fora apropriada pelo Mobral, vem a contrariar os objetivos pelos quais deveria existir. Ao que parecia estar posto, o Mobral é implantado no país, não como forma de defender os interesses próprios dos trabalhadores, mas sim, como forma de solucionar de meio imediato, aparando arestas de forma objetiva e quantitativa quanto ao analfabetismo entre a população adulta já não mais em idade escolar, ou seja, acima de 15 anos. O movimento, assim como outros programas de alfabetização de adultos como o Supletivo, surge após os anos de 1960, também, para atender a exigências dos órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas – ONU e a UNESCO, quanto à diminuição do número de analfabetos da população brasileira. Conforme Noronha (2004, p. 219), neste período, o objetivo da Educação, seria então, formar o produtor, consumidor e a mão-de-obra requerida pela indústria moderna, integrando-se ao capitalismo internacional. Desta forma, os objetivos de maior acesso à educação são articulados então ao plano de crescimento econômico do país, estabelecido também a partir de teorias e modelos intrínsecos a ele. Entrando em uma lógica de cumprimento de metas em termos quantitativos. No ano de 1975, cinco anos após sua implantação, conforme O Regional (1975, p. 11), o Ministério da Educação e Cultura – MEC, divulgou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que revelou um decréscimo de 44,3% no número de analfabetos do país em cinco anos, destacando o Mobral como maior responsável por este resultado. Ainda, coloca que esta, seria a avaliação quantitativa, e, que, a qualitativa já havia sido feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, com resultados satisfatórios. 21934 Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL em Frederico Westphalen No caso de Frederico Westphalen, a colonização ainda era bastante recente, considerando que, as primeiras famílias de imigrantes chegaram ao local, a partir de 1917, dado isto, as providências tomadas em sentidos educacionais ainda eram tímidas, assim como em muitas regiões de colonização no sul do país. Os colonizadores pensaram primeiramente em organizar-se economicamente, a partir do trabalho na economia agropastoril característica destas regiões do interior do estado, o que, em um primeiro momento não lhes exigia conhecimento formal, servindo-se do senso comum e técnicas para o trabalho. Com o passar do tempo, esta realidade transforma-se. Ao iniciar o processo de urbanização, surge a necessidade de organizar a estrutura social e cultural. Aprender a “assinar o nome e fazer contas”, para muitos deles, era algo quase inatingível, pois, “já era tarde” para entrar no sistema de educação escolar obrigatório que privilegiava crianças a partir de oito anos de idade. É neste contexto que o MOBRAL surge como opção de adquirir conhecimentos básicos e alfabetizar-se em tempo reduzido. Visto inclusive por alguns de seus executores, como possibilidade de justiça social, destacando que, em trecho de O Regional (1975, p. 9), o membro da Comissão Regional, Sr. João Osório ressalta que o povo deve apoiar o movimento, pois, “justiça social não se prega, e sim se pratica”. As atividades do Mobral em Frederico Westphalen iniciam-se em oito de setembro do ano de 1970. A taxa de analfabetismo no país relacionada a pessoas com mais de 15 anos, neste ano, conforme Veiga (2007, p. 309), era de 33,1%. Em entrevista para o Jornal O Regional (1974, p. 7), o Supervisor de Área do Mobral Sr. Senádio Bagatini destaca os principais objetivos do Programa: - Erradicar o analfabetismo; - Possibilitar ao alfabetizando, educação contínua; - Oferecer-lhe oportunidade para a formação humana; - Possibilitar-lhe treinamento para preparação de mão-de-obra; - Incentivar o desenvolvimento comunitário; Sua implantação recebe adesão significativa da população analfabeta. Ao analisar o gráfico abaixo, pode-se observar a diminuição no índice de analfabetos em Frederico Westphalen nas décadas de 1970 á 1990, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, (Balem, 2001, p.21): 21935 Grafico1 – Índice de analfabetismo nas décadas de 1970 a 1990. Fonte: Índice de analfabetos em Frederico Westphalen nas décadas de 1970 á 1990, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, (Balem, 2001, p.21) Há uma redução significativa no aspecto quantitativo do analfabetismo entre as três décadas apresentadas, sendo que: entre os anos de 1970 e 1980, considerado período de efeito mais direto do Mobral, a faixa etária onde há maior redução no índice de analfabetismo compreende a faixa de 50-59 anos com redução de 14.76 %, se continuarmos em uma comparação entre as três décadas, pode-se perceber que a maior diminuição continua entre a faixa etária mais alta, ou seja, 22,9% nas faixas de 60 anos ou mais, destacando que o Mobral esteve ativo entre 1970 e 1975 (Tabela 1). A maior adesão ao movimento, entre os períodos apresentados, está entre a população incluída na faixa etária de 50 anos ou mais, destacado no Gráfico 1 e da Tabela 1, o que nos indica e dimensiona várias possibilidades, entre elas: a efetividade do projeto em termos de adesão a alfabetização dentre a população com idade mais elevada e a possibilidade de que esta população da faixa etária destacada não estivesse em plena atividade no trabalho, e que por isso, obtivessem maior disponibilidade para frequentar as aulas, ao contrário das outras faixas que estavam em pleno exercício produtivo, como, por exemplo, dos 30 aos 39 anos. A segunda maior redução percentual entre 1970 e 1980, foi observada na faixa etária de 25-29 anos com 12,41% e entre as três décadas, a segunda maior, é a faixa entre 30-39 anos, com 19,04% (Tabela 1). Por outro lado, a faixa que apresentou menor redução foi a entre 15 - 19 anos, no intervalo entre 1970 e 1980, com 6,35% e entre as três décadas com 6,37% (Tabela 1). Tabela 1- Taxa percentual de analfabetismo por faixa etária nas décadas de 1970-1990 e diferença percentual entre as duas décadas. Idade 1970 1980 1990 Dif. 1970/1990 21936 % 15-19 10,37 4,02 4 6,37 20-24 14,86 4,72 3,19 11,67 25-29 20,37 7,96 4,82 15,55 30-39 25,35 14,02 6,31 19,04 40-49 32,22 21,9 13,75 18,47 50-59 40,19 25,43 22,97 17,22 60 53,29 46,81 30,39 22,9 Fonte: Dados organizados pelo(s) autor (ES), com base nos dados obtidos dos Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE BALEM (2001, p.21). Jornal O Regional e o MOBRAL – Interfaces e Discussões de um processo Frederico Westphalen atingira sua emancipação político-administrativa de Palmeira das Missões em 1954, porém, a Delegacia de Educação a qual está vinculado e hoje a Coordenadoria Regional de Educação, é a de Palmeira das Missões, a 20ª dentre as do Estado do rio Grande do Sul. Em matéria divulgada pelo Jornal O Regional em novembro de 1975, relacionada à fala do Juiz de Direito, Dr. Rainé Pereira Gonçalves em palestra para alunos do Mobral, destacou-se o seguinte: [...] na região da 20ª Delegacia de Ensino composta por 16 municípios, dos 3.680 alfabetizados pelo Mobral, 2.000 foram aqui no Município de Frederico Westphalen. [...] Falou demoradamente sobre as inúmeras vantagens que tem o analfabeto ao ser alfabetizado e das desvantagens em ser analfabeto. [...] Momento culminante e muito emotivo foi quando a anciã de 64 anos Dona Alzinira de Moraes, levantou-se do meio da assembleia e falou a respeito do Mobral e a sua capacidade de captar os ensinamentos (JORNAL O REGIONAL, novembro de 1975, p 3, grifo nosso). A partir da explanação apresentada pelo meio de comunicação, pode-se destacar a mobilização da comunidade para com o programa, também, preocupação de um melhoramento na oferta e uma adesão à oportunidade em termos quantitativos superada inclusive se comparada ao município-mãe, Palmeira das Missões. Porém, cabe ressaltar, que, em termos qualitativos ainda deixava muitas lacunas, já que, a preocupação deste modelo pautou-se principalmente em atenuar os alarmantes números de analfabetos no país, e, por isso, a formação integral, a criticidade, eram elementos ainda marginais no processo de ensino-aprendizagem. A inserção do movimento trabalha a partir de uma responsabilização de cada um para com o programa. Esta responsabilização é fruto de iniciativas tomadas pelo Supervisor de 21937 Área do Mobral Sr. Senádio Bagatini, que, em uma coluna de sua autoria no Jornal O Regional, faz um apelo aos leitores do mesmo para que auxiliem na conscientização da importância do programa: [...] Só no Rio Grande do Sul, são 114 municípios que receberam biblioteca. Um desses municípios é Frederico Westphalen. [...] Aí vem então a nossa ação, o nosso papel. Devemos tirar o complexo, a venda da escuridão de todos os que ainda não tem a felicidade de saber ler e escrever. Lembre-se caro amigo, o MOBRAL diz: “Você também é responsável”. Não fuja a esse pedido. Você deve ter alguém em sua casa ou na sua vizinhança ou ainda conhecidos e amigos, que precisam de sua ajuda. Imagine se cada 8 frederiquenses convencessem um analfabeto a ir a uma classe do MOBRAL: em cinco meses eliminaríamos o problema da analfabetização em Frederico. [...] os sucesso do MOBRAL depende de cada comunidade. A execução dos programas dependem da Comissão Municipal, com o auxílio de toda a população. [...] Amigo leitor: o analfabeto é pessoa importante. É um brasileiro e também faz parte da grande família; a Pátria precisa dele (JORNAL O REGIONAL, 1974, p. 5, grifo nosso). O apelo pela participação e inserção no programa destacado no discurso do Supervisor de Área, denota a perceptível formatação ideológica a que eram submetidos e preparados estes representantes que estavam à frente do programa, de tal forma, que responsabilizam cada um por aumentar a adesão ao programa e diminuição dos números em favor ao seu país (presença da campanha de nacionalização e civismo), cada um é responsável pelos rumos da educação, ou seja, era preciso otimizar os números educacionais brasileiros. Porém, conforme Balém (2001, p. 3) O Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL conseguiu abranger um número muito significativo de alunos, tornando-se, historicamente, a mais conhecida iniciativa "instituída" de alfabetização nessa área, em Frederico Westphalen/RS. Ainda, segundo ela, em 1975, o MOBRAL foi extinto em nível nacional, sendo substituído pelo projeto de nível Federal - Fundação Educar, que abriu mão de executar diretamente programas, passando a apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas de governos, entidades civis e empresas a ela conveniadas. Em 1974, o movimento já estava encaminhando-se para seu final: Graças a Deus, o Mobral está dando os últimos suspiros. Esta instituição já devia ter desaparecido. É uma vergonha nacional. Os países desenvolvidos devem olhar com pena para nós. Infeliz o governo que a criou (Pobre Mário Henrique Simonsen) 8 . Me retrato: infeliz o governo que foi obrigado a cria-lo; infeliz o governo que foi obrigado a partir de tal organização; Mas muito feliz o povo que o recebeu. Como 8 Conforme Veiga (2007, p 308), Sérgio Haddad e Maria Clara Di Pierro registraram que em 1969 a presidência do Mobral esteve a cargo do economista Mário Henrique Simonsen. Ele gerou ampla difusão do programa na mídia e buscou apoio junto a empresas perante a contribuição voluntária de 1% do Imposto de Renda. O fundo do Mobral se fizera ainda com 24% da renda líquida da Loteria Esportiva. 21938 estariam os adultos analfabetos, sem este parto que veio lhes dar a vida? Como poderiam ver estes cegos adultos, sem olhos, ou estes míopes enxergando pouco e torto? Bem aventurados os velhos que se sentam nos bancos escolares, com as mãos grossas, muitos hábeis em dirigir o arado, mas incapazes de segurar uma caneta. Bem aventurados os professorzinhos que distribuem a luz do saber nestas cabeças cansadas e carecas, iluminados por um lampião de querosene. Não fosse o Mobral, quanto cidadão careca de cabelos e de formação! Quanto homem aleijado de pernas e cultura! Bendita faculdade para esta infância de idade! Não, não! O Mobral não pode morrer. Há muita gente precisando dele (ZANCHET, Lírio. JORNAL O REGIONAL, setembro de 1974, p 4, grifo nosso). O programa teve muitas limitações enquanto amenizador do analfabetismo no país, sendo chamado inclusive, conforme destacado acima de “vergonha nacional”; dentre estes podemos destacar seu caráter emergencial, dispondo de poucos recursos materiais e humanos, além de demonstrar o atraso em que a educação brasileira se encontrava no período. Porém, para Balém (2001, p. 14), ao trabalhar com o tema relacionado ao alfabetismo e analfabetismo em Frederico Westphalen em sua dissertação de mestrado defendida em 2001, destaca que: dentre as iniciativas relacionadas à educação de Jovens e Adultos no município destaca que dentre os programas e/ou projetos existentes na história de Frederico Westphalen até o presente momento, o MOBRAL, sem dúvida, foi à iniciativa mais marcante, relacionada a esta modalidade educacional. Conforme O Regional (1975, p.4) no dia primeiro de novembro, destaca que havia envolvimento ativo por parte da Comissão Municipal no processo ao realizar doação de Óculos de Grau para pessoas com dificuldade visual poderem estar acompanhando com melhores condições às aulas e, consequentemente obtendo melhores resultados. Nesta perspectiva, em uma coluna publicada no Jornal O Regional, em informações prestadas pelo Secretário Executivo do MOBRAL de Frederico Westphalen, Sr. João Osório Ferreira Martins, ele destaca o seguinte: O MOBRAL do Rio Grande do Sul classificou o programa que vem sendo desenvolvido em Frederico Westphalen como um dos melhores do gênero. A campanha da Comissão Municipal do Mobral dividiu-se em duas etapas: a primeira e mais difícil, girou em torno da conscientização da comunidade pela existência do problema na região, de maneira a que assumisse a responsabilidade pelos analfabetos, de forma a organizar ações na comunidade de juntar fundos para a formação de um posto e recrutar analfabetos. A segunda etapa teve início no dia 8 de setembro – Dia Internacional da Alfabetização, quando houve, a partir da colaboração da Igreja, Brigada, Comissão Municipal e subcomissões o recrutamento de dois mil e poucos analfabetos. [...] As aulas estão sendo ministradas por uma equipe de estudantes do Normal e da Faculdade de Letras, que se ofereceram para lecionar gratuitamente. O Mobral de Porto Alegre enviou um técnico que treinou durante três dias a equipe de professores. O novo sistema implantado pela campanha para o recrutamento de alunos possibilitou uma melhor seleção de professores. Antes, bastava alguém saber ler e escrever 21939 para se habilitar a lecionar. Dessa maneira, os alunos eram alfabetizados em um nível rudimentar. A campanha criou a possibilidade de uma educação mais eficiente e correta, promovendo uma educação com bases mais sólidas e duradouras. [...] O material didático é fornecido pelo Mobral. [...] Para o próximo ano, a Comissão Municipal está programando um curso intensivo de Educação Integrada, a mesma pediu verba ao Governo do Estado, que disse não poder auxiliar. A resposta da comunidade foi promover o curso com dinheiro do próprio bolso. Os participantes do intensivo saíram com a formação equivalente ao primário, já podendo ingressar no ginásio. O Secretário Executivo da Comissão acredita que o problema do analfabetismo estará solucionado em três anos e que se todos os municípios realizassem trabalho semelhante, o problema do analfabetismo no Estado estaria definitivamente solucionado, ou pelo menos encaminhado para uma conclusão definitiva, em mais ou menos um ano (O Regional, 04 de outubro de 1975, p. 9, grifo nosso). Somente após cinco anos passados de sua implantação, o programa passa a ter docentes mais qualificados para dar aulas, porém, ainda sem uma formação em nível superior. Anterior a isto, a aulas eram dadas por qualquer cidadão que soubesse ler e escrever, conforme destacado pelo Secretário Executivo. Também podemos perceber na fala do Secretário Executivo, a questão do fornecimento de material didático e a supervisão, elementos estes, que faziam parte do controle velado exercido pelo governo ao movimento e sua implantação, dando-lhes materiais elaborados conforme suas posições teóricas e políticas. Além da participação ativa da igreja na mobilização de núcleos comunitários para a adesão ao movimento, mesmo tratando-se de ensino laico, sua presença era notória. O trabalho voluntário de professores ou pessoas com maior instrução, também pode ser identificado nos textos publicados no meio de comunicação. As aulas eram ministradas por uma equipe de estudantes do Normal e da Faculdade de Letras, que se ofereceram para lecionar gratuitamente. Relacionado a esta interface do processo, Stephanou & Bastos (2005, p. 260) registram que os professores que se propunham ao ensino dos adultos, não auferiam rentabilidades ou gratificações para abrir aulas noturnas. Assim, ensinar adultos era “ajudar os mais necessitados, exercer voluntariado”. Conforme outro autor: Uma das causas do fracasso do MOBRAL no seu trabalho de alfabetização do jovem e do adulto brasileiro está relacionada aos recursos humanos: o despreparo dos monitores a quem era entregue a tarefa de alfabetizar. Tratava - se de pessoas não capacitadas para o trabalho em educação, que recebiam um “cursinho” de treinamento de como aplicar o material didático fornecido pelo MOBRAL e ensinavam apenas a mecânica da escrita e da leitura, portanto, não alfabetizaram (SAUNER, 2002, p.59). Segundo a UNESCO, considera-se alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece. Porém, destaca que existe a condição de 21940 analfabeto funcional, e, que analfabetos funcionais são as pessoas com menos de quatro anos de estudo. Para a UNESCO, mesmo que essas pessoas saibam ler e escrever frases simples, elas não possuem as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia-a-dia e se desenvolver-se pessoal e profissionalmente. Ter quatro anos de estudos significa ter cursado a quarta série, porém, grande parte do percentual de alunos que passa a ser considerado alfabetizado neste período, teve acesso a alguns meses de “aulas”, o que não os tira da condição de analfabetos funcionais, encaminhando-os a uma falsa consciência de qualidade educacional, o que de imediato, nos dá a dimensão de que os números que são destacados como “percentual de diminuição do analfabetismo” no Gráfico 1 e na Tabela 1, não refletem a verdadeira condição já que, aprender a desenhar o nome, não significa estar habilitado educacionalmente. Para Paulo Freire (2002, p. 72) a alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Em sua idealização do movimento pela educação popular, que anteriormente havia conduzido, ele priorizava a formação crítica, consciente, integral, uma educação para a prática da liberdade. Já que, na proposta de Freire é a leitura de mundo que precede sempre a leitura da palavra (FREIRE, 2000, p.90). Estas características que delineavam suas intervenções teóricas não foram bem acolhidas no período da ditadura civilmilitar, já que, o que menos se queria era o desenvolvimento de um sujeito habilitado de consciência crítica. O meio educacional, conforme indica Frigotto (1995, p. 25) é um campo social de disputa hegemônica, e esta, segundo ele, ocorre na forma de articulação de diferentes concepções, da organização dos processos e dos conteúdos educativos da escola, aos interesses de classe. Desta forma, se para as classes dominantes a educação dos diferentes grupos sociais de trabalhadores deve ter a finalidade de “habilitá-los técnica, social e ideologicamente para o trabalho”, de forma a responder às demandas do capital, para a classe trabalhadora, ao contrário, a educação deve representar o desenvolvimento de potencialidades e conhecimentos que permitam uma melhor compreensão da realidade com o objetivo de fazer valer seus próprios interesses econômicos, políticos e culturais (FRIGOTTO, 1995, p. 26). Por fim, o jornal destaca que a última etapa dos trabalhos de alfabetização no município se iniciou dia 8 de janeiro de 1975 e prolongaram-se até o dia 8 de janeiro de 1976, (O Regional, 1975, p.6). Compreendendo então, cinco anos de atividades. 21941 Considerações Finais A História da Educação esteve demarcada por longo período de seu processo, por estudos generalizantes e globais. Porém, ampliam-se estas possibilidades, a partir de estudos que destacam as particularidades que se desenham ao longo dos processos educativos em lugares e práticas singulares. Este em especial, nos indica uma necessidade de que iniciativas por mudanças educacionais criando novas possibilidades e direcionamentos a partir de brechas e rupturas são necessárias e possíveis. Estas iniciativas precisam partir tanto do global quanto do local, levando-se cada vez mais em conta, a interface qualitativa dos processos educacionais e as experiências de grupos e locais específicos. Para tornar possível o dimensionamento de novas possibilidades, destacando que nem sempre dados quantitativos dão conta de clarificar a complexidade que abarcam sentidos e significados destes processos, produzidos a partir de suas inserções. Embora os números possam estar demonstrando vantagens e desvantagens relacionadas ao país ou a outras regiões, as práticas que se desenvolvem no interior dos núcleos educacionais podem ser e são diferenciadas, da mesma forma que, produzem efeitos também diversos. As publicações no meio de comunicação analisado emergem o envolvimento ativo da comunidade com a questão da alfabetização: se alia ao movimento, faz campanhas nos chamados “recrutamentos”, agindo ativamente para a adesão de mais alunos, colabora com doações além de participar ativamente do processo de estruturação das comissões e subcomissões da região. Porém, isso não está diretamente relacionado com consciência, mas, muito mais com “poder de convencimento”. Mesmo que com muitas restrições, incluindo nestas a condição em que foi implantado político e economicamente o programa, há que se destacar o potencial inclusivo e de inserção social exercido pelo Mobral enquanto movimento que produziu engajamento e percepção da importância de alfabetizar-se, conforme destacado nas publicações incluindo possibilidades de acesso, de, entre outros, aos meios de comunicação escritos, já que, os meios de comunicação como a televisão e o telefone, ainda eram privilégio de poucos. Estas “restrições” podem ser confirmadas no dimensionamento que é dado no meio de comunicação, ao programa e a importância do mesmo para a comunidade. Porém, é 21942 necessário, através de uma compreensão da realidade controladora em que o país encontravase por ser um período ditatorial, identificar também os silêncios e os não-ditos nas informações veiculadas que sofriam controle e repressão, e, desta forma, com o Jornal O Regional, não poderia ter sido diferente. Como podemos perceber nos excertos do texto, ele trazia para o público, informações que mostravam o sucesso que estava sendo o projeto, porém nas entrelinhas (característica do período), estão entranhadas as dificuldades e o improviso dos quais estava permeado. Há de se destacar também, que, para estes sujeitos, o programa teve importância e eficácia em alguns aspectos, entre eles: propiciar a estas populações que não obtinham acesso a alfabetização, o simples fato de um contato com o formato e as características de uma escola, as possibilidades reais de aprenderem a leitura, a escrita e as operações matemáticas, embora não atingindo um desenvolvimento integral de potencialidades, em alguns casos, devemos considerar exceções, foram relevantes no sentido de ampliar possibilidades. O movimento tinha razão de ser quando surge como entre os populares e educadores no início dos anos 1960 como tentativa real de estabelecer uma educação que realmente venha a ter eficácia em termos de produção de consciência, autonomia e liberdade, processo este, que pode ser identificado no início dos movimentos populares pela alfabetização de jovens e adultos, articulados ainda em Freire. Porém, é legitimada como perdida e fracassada quando a hegemonia se dá através do Mobral, de forma a verticalizar de cima para baixo, os anseios que anteriormente brotavam do movimento, não produzindo sentido e razão de ser como forma eficaz de uma melhor compreensão da realidade. Por fim, cabe a nós Historiadores da Educação, trazer à tona estas particularidades e, principalmente, o que está implícito por detrás de “boas intenções”. Compreender como se articulam e ocorrem estes processos, para então fazer da História, ferramenta eficaz de possibilitar novas realidades sociais e educacionais. 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