Política Monetária: Regime de Metas para a Inflação no Brasil Myrian Beatriz Silva Petrassi Banco Central do Brasil Casa da Moeda do Brasil Rio de Janeiro, 29 de junho de 2009 O que é o Regime de Metas para Inflação? • Autoridade Monetária se compromete a atuar de forma a garantir que a inflação observada esteja em linha com uma meta préestabelecida. • Objetivo: ancorar expectativas de mercado que orientam o processo de formação de preços na economia. • Ação: baseada em projeções de inflação. • Principal instrumento de Política Monetária: taxa de juros de curto-prazo, • Meta pré-estabelecida: – Metas apenas para inflação, – Publicada, – Índice de Preços: inflação “cheia” ou núcleo de inflação, – Pontual ou intervalar, ie., com uma banda (com ou sem meta central) – Horizonte da meta: definição do período de referência para avaliar o cumprimento da meta para a inflação. Inflação “Cheia” X Núcleo de Inflação – Manter a credibilidade diante dos choques que podem afetar a economia – Núcleo: exclusão de parte do Índice de Preços ao Consumidor – Exs: excluem os itens mais voláteis ou preços administrados pelo governo. – Vantagem: metodologia do núcleo de inflação é determinada ex-ante – Desvantagem: difícil compreensão e não reflete custo de vida da população – Maior parte dos países não utiliza Core Meta Pontual x Meta com Intervalo • Também é forma de lidar com choques exógenos. • Bandas muito amplas impõem um custo à credibilidade do regime. • Como alternativa, há a meta pontual • Processo de ajuste das bandas em direção da inflação de longo prazo. Horizonte da Meta • Horizonte de tempo: para avaliar a trajetória da inflação e determinar cumprimento da meta. • Forma de enfrentar choques adversos e, ao mesmo tempo, preservar a credibilidade do regime versus convergência das expectativas. • Horizonte de doze meses: inflação acumulada de janeiro a dezembro de cada ano • Rolling window... Menos flexível. • Ao longo do ciclo de negócios (ou indefinido)... Mais flexível. Outras características do Regime de Metas para Inflação i. Escolha do índice de inflação: ii. Definição da meta, iii. Existência de cláusulas de escape: estabelecimento a priori de situações que podem justificar o não cumprimento das metas; iv. Transparência (e prestação de contas): formas de comunicação da autoridade monetária visando informar a sociedade sobre a condução do regime de metas. Cláusulas de Escape • Alguns países têm... Exs.: Canadá, Nova Zelândia, Republica Tcheca, África do Sul, Suíça. • Outra forma de lidar com um choque de oferta, • Choques exógenos que não podem ser previstos e que estão fora do alcance do Banco Central. • Regras pré-estabelecidas... Mas... • Não dá para incluir todas as possíveis adversidades... Quem adota? • Primeiro a adotar: Nova Zelândia • Países Emergentes e Desenvolvidos... • Lista mais atualizada: Austrália, Canadá, Islândia, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Suíça, Reino Unido, Brasil, Chile, Colômbia, República Tcheca, Hungria, Israel, Coréia, México, Peru, Filipinas, Polônia, África do Sul, Tailândia. • EUA e Banco Central Europeu não adotam. O Caso do Brasil • Nova âncora nominal • Metas de Inflação desde 1999 (1º. jul/99). – Decreto nº 3.088 – Após período de transição (jan/99 a jun/99). • Índice “Cheio”, intervalo para a meta (com banda e com meta central), • Meta para a inflação foi definida em termos da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). • Horizonte da Meta: avaliação ao final de cada ano. • Instrumento: Taxa Selic – Decisão Copom. • Ata, Relatório de Inflação e Carta Aberta. Metas para Inflação - Brasil IPCA • Índice de Preços ao Consumidor • Calculado pelo IBGE para as 11 maiores Regiões Metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Brasília e Goiânia). • Faixa de Renda: 1 a 40 S.M. • Coleta: Dia 1º ao dia 30 do mês de referência • Divulgação: Até o dia 15 do mês subseqüente Metas para a Inflação - Brasil Meta 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 - 8,00 % (banda 2%) - 6,00 % (banda 2%) - 4,00 % (banda 2%) - 3,50 % (banda 2%) - 4,00 % (banda 2,5%) - 5,50 % (banda 2,5%) - 4,50 % (banda 2%) - 4,50 % (banda 2%) - 4,50 % (banda 2%) - 4,50 % (banda 2%) - 4,50 % (banda 2%) - 4,50 % (banda 2%) Inflação Ocorrida 8,94 % 5,97 % 7,67 % 12,53 % 9,30 % 7,60 % 5,69 % 3,14 % 4,46 % 5,90 % O Caso do Brasil (III) • Se não cumprir meta: – Presidente do BC deve encaminhar Carta Aberta ao Ministro da Fazenda explicando o desvio (accountability). • Desvios em 2002, 2003 e 2004. • Cartas estão disponíveis na página do Banco Central... http://www.bcb.gov.br/?CARTAMETA Relatório de Inflação • Além da Ata, BC divulga RI ao final de cada trimestre (março, junho, setembro e dezembro). • Informações mais completas. • Analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira no Brasil • Previsão de Inflação. Fan Chart (Leque de Inflação). Reflete grau de incerteza naquele instante. Probabilidades. Comitê de Política Monetária (Copom) • Criado em 1996, • Órgão decisório da política monetária do Banco Central do Brasil, • Estabelece meta para a taxa Selic, • Atenção: Metas para a inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) – Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e Presidente do BC. Comitê de Política Monetária (Copom) (II) • Membros: – Diretoria Colegiada do Banco Central: Presidente e os 7 Diretores. – Presidente tem direito ao voto decisório em caso de empate. • Reuniões: a cada 6 semanas, aproximadamente (8 por ano). • Após cada Reunião: nota e Ata (8:30h da quinta-feira da semana posterior). Comitê de Política Monetária (Copom) (III) • Decisão do Copom: – Taxa (Selic Meta) – Viés (“de alta” e “de baixa”): autoriza o presidente do BC a alterar a meta para a taxa Selic na direção do viés a qualquer momento entre as reuniões regulares do Copom. Dados no Brasil – Taxa Selic Meta Dados no Brasil – Repasse Cambial Persistência Inflacionária • Diminuindo no mundo... • Brasil: – Memória inflacionária – Preços administrados por contrato (aproxim. 30% do IPCA) • Política Monetária não funciona (PM só funciona com a “Inflação Livre”) • Gás de bujão, Energia elétrica, Ônibus urbano, Telefone, Plano de Saúde, Gasolina, etc. – Países emergentes? • Mas persistência também está diminuindo no Brasil. • Defasagens existentes nos efeitos da política monetária. Modelos de Previsão do BC • Modelo Pequeno (Small Scale Macro Model) – Baseado no Working Paper No. 01 do BCB. http://www.bcb.gov.br/pec/wps/ingl/wps01.pdf • Poucas equações e variáveis • Representação estilizada da transmissão de política monetária. Modelos de Previsão do BC (II) (i) Equação IS – função do hiato do produto com defasagens, taxa de juros real (ex ante ou ex post), e taxa de câmbio real; (ii) Curva de Phillips – inflação como função de suas defasagens, da expectativa de inflação, do hiato do produto, e da taxa de juros nominal; (iii) Paridade Descoberta da Taxa de Juros: diferença entre as taxas de juros externa e doméstica com a expectativa de desvalorização cambial doméstica e o prêmio de risco associado; (iv) Regra de Taxa de Juros: regras fixas, regras do tipo Taylor, etc. Modelos de Previsão do BC (III) (i) IS ht =b0+b1ht-1+b2ht-2+b3rt-1+e1,t (ii) Phillips pt =a0+a1pt-1+a2Et(pt+1)+a3ht-1+a4D(et+pFt) +e2,t Modelos de Previsão do BC (IV) (iii) Paridade Descoberta da Taxa de Juros E(et+1 ) – et =it – iFt-1 –xt (iv) Regra de Juros it=(1-l) it-1+l (a1(pt-p*)+a2ht) Modelos de Previsão do BC (V) • Define cenários • Daqui saem projeções de inflação e de produto. • Relatório de Inflação Dados e Informações • Página BC http://www.bcb.gov.br • Séries Temporais e Textos para Discussão • Economia e Finanças/ Séries Temporais/ Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS) ou /Trabalhos para discussão http://www4.bcb.gov.br/?SERIESTEMP • Informações sobre o Regime de Metas para Inflação • Sistema de Metas para a Inflação http://www.bcb.gov.br/?SISMETAS OBRIGADA