Pedagogia
Profª Marta Regina Paulo da Silva
Pedagogia da infância:
Identidade, natureza e sociedade
Nutrição literária
“A feiúra dos cabelos cortados me fez mal. Não sei que
noção prematura de sordidez dos nossos atos, ou
exatamente, da vida, me veio nessa experiência da
minha primeira infância. O que não pude esquecer, e é
minha recordação mais antiga, foi, dentre as brincadeiras
que faziam comigo para me desemburrar da tristeza em
que ficara por me terem cortado os cabelos, alguém, não
sei mais quem, uma voz masculina falando: você ficou
um homem assim! Ora eu tinha três anos, fui tomado de
pavor. Veio um medo lancinante de já ter ficado homem
naquele tamanhinho, um medo medonho, e recomecei a
chorar”. (Mario de Andrade)
Conteúdos:
9 Organização dos espaços
na Educação Infantil;
9 Organização dos tempos na
Educação Infantil;
9 Organização da atividades.
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Organização dos espaços
“A arquitetura escolar é também por si mesma
um programa, uma espécie de discurso que
institui na sua materialidade um sistema de
valores como os de ordem,
valores,
ordem disciplina e
vigilância, marcos para a aprendizagem
sensorial e motora e toda uma semiologia que
cobre diferentes símbolos estéticos, culturais e
também ideológicos”. (Frago & Escolano, 1998,
p. 26)
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Uma escola do ano 2000, imaginada em 1910.
Muda a tecnologia, mas não a visão de educação
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Intervalo - Reflexão
Por que é tão difícil
pensar outras formas de
estrutura e organização
dos espaços escolares?
ESPAÇOS
9Não são neutros;
9Revelam as concepções de criança,
infância, educação, conhecimento, de
sociedade...;
9São elementos curriculares;
9Educam os corpos;
9Espaço é diferente de ambiente;
9Retratos da relação pedagógica.
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“Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o
que faz nele. Portanto, o espaço é sombra e
escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário,
pequeno; é poder ou ter de ficar quieto,
quieto é esse lugar
onde pode ir olhar, ler, pensar.
O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não
chegar a tocar; é barulho forte, forte demais ou, pelo
contrário, silêncio, são tantas cores, todas juntas ao
mesmo tempo ou uma única cor grande ou
nenhuma cor...”. (Fornero, 1998, p.231)
O espaço físico
“O espaço é o elemento material pelo
qual a criança experimenta o calor, o
frio, a luz, a cor, o som e, em uma
medida,
did
a segurança. (...)
( ) é em um
espaço físico que a criança estabelece a
relação com o mundo e com as pessoas;
e, ao fazê-lo, esse espaço material se
qualifica”. (Lima apud Barbosa, 2006, p.
121)
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Ambiente
“Um ambiente é um espaço construído,
que se define nas relações com os seres
humanos
por
ser
organizado
simbolicamente
pelas
pessoas
responsáveis pelo seu funcionamento e
também pelos seus usuários”. (Barbosa,
2006, p. 119)
Imagens 8 e 9
Espaço pode ser:
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Organização do espaços
Precisa
considerar
a
participação, a relação com
o mundo, a liberdade, a
imaginação, as diversas
formas de convívio, a
inventividade dos sujeitos
envolvidos.
Conhecendo Reggio Emilio (Vídeo –
UNIVESP-TV)
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O espaço como um
mediador cultural
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É preciso que os espaços...
9 Sejam pensados, organizados e reorganizados
para, pela e com as crianças, ao longo de todo o
ano;
9 Sejam flexíveis e seguros;
9 Possibilitem diferentes experiências;
9 Instiguem a curiosidade das crianças;
9 Considerem a diversidade cultural;
9 Favoreçam a interação entre as crianças da mesma
e de diferentes faixas etárias;
9 Favoreçam a autonomia das crianças.
Organização dos tempos
Para ouvir e fruir...
“Paciência”
(Lenine/ Dudu Falcão)
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COMO LIDAMOS COM O TEMPO
HOJE?
“(...) tudo o que se passa, passa
demasiadamente depressa, cada vez
mais depressa. E com isso se reduz o
estímulo
fugaz
e
instantâneo,
imediatamente substituído por outro
estímulo ou por outra excitação
igualmente fugaz e efêmera.” (Larrosa,
2002, p. 23)
Sociedade de consumo, da informação
“Enquanto o tempo acelera e pede pressa”
“E a loucura finge que isso
tudo é normal”
“Será que temos esse tempo
pra perder?”
Sujeito
“Até quando o corpo pede um pouco
mais de alma”
“Eu finjo ter paciência”
“Eu me recuso, faço hora, vou na valsa”
“A VIDA É TÃO RARA”
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Negação do sujeito
“E quem quer saber”
“Eu
Eu sei...
sei A vida não pára
pára”
Formação mercantilizada
Pragmatismo da
atividade docente
“A experiência é o que nos passa, o
que nos acontece, o que nos toca.
Não o que se passa, não o que
acontece,
ou o que toca.
A cada
t
t
d dia
di se
passam muitas coisas, porém, ao
mesmo tempo, quase nada nos
acontece. Dir-se-ia que tudo o que se
passa está organizado para que nada
nos aconteça.” (Larrosa, 2002, p. 21)
Escola de 9 anos.
Obrigatoriedade de 4 e 5 anos
na pré
pré-escola.
escola
Agendas superlotadas das
crianças: inglês, informática,
etc...
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Intervalo - Reflexão
(...) algumas instituições tentam aderir a um
novo tipo de marcação do tempo e de inserção
do tempo do capital na vida das crianças, e um
dos exemplos mais flagrantes na educação
infantil
i f til pode
d ser visto
i t com a antecipação,
t i
ã com
a aceleração que incentiva as crianças
pequenas a iniciar determinadas atividades
cada vez mais cedo, antes de e, se possível,
cada vez mais rápido, para que adquiram um
maior número de habilidades para competir no
mercado. (Barbosa, 2006, p. 141)
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Pintura : criança de 1 ano e 4 meses
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Vídeo Organização do espaço e tempo –
UNIVESP-TV
Organização das atividades
“As práticas pedagógicas que
compõem a proposta curricular da
Educação Infantil devem ter como
eixos norteadores as interações e a
brincadeira”(Brasil, 2009)
“O conceito de relação tem como
referência que os espaços educativos
para a primeira infância, são espaços que
promovam o encontro e o convívio entre
os diversos sujeitos e suas culturas, onde
a criança possa construir um sentimento
de pertencimento e reconhecimento
naquele ambiente”. (Godoi & Silva, 2011,
p. 133)
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“A arquitetura como construir portas,
de abrir, ou como construir o aberto;
construir; não como ilhar e prender;
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente
l i
t portas
t e teto.
t t
O arquiteto: o que se abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.”
(João Cabral de Melo Neto)
Referências bibliográficas
ANDRADE, Mário. Tempo de camisolinha. In: Contos Novos. São Paulo: Martins Fontes,
1939/1996.
BARBOSA, Maria Carmem S. Por amor e por força: Rotinas na Educação Infantil. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 2009.
FORNEIRO, L. I. A organização dos espaços na educação infantil. In: ZABALZA, M. A.
Qualidade em educação infantil.
infantil Porto Alegre: Artmed,
Artmed 1998,
1998 p 229-280.
229 280
FRAGO, Antonio V.; ESCOLANO, Agustín. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura
como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
GODOI, Elisandra G.; SILVA, Marta R. P. da. “Achadouros da infância”: problematizando a
relação entre adultos e crianças na educação infantil. In: GEPEDISC – Culturas Infantis.
Culturas infantis em creches e pré-escolas: estágio e pesquisa. Campinas: Autores
Associados, 2011, p. 129-151.
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Disponível em:
http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.
pdf. Acesso em 01/09/12.
MELO NETO, João Cabral de. Fábula de um Arquiteto. A Educação pela Pedra. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
Referências das imagens
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Imagem 2: Sala de aula da Escola Caetano de Campos.
http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/ensaios/ensaio15.html. Acesso: 01/09/12.
Imagem 3: http://educarencantando.blogspot.com.br. Acesso: 01/09/12.
Imagem 4: http://germinai.wordpress.com/2009/04/15/arquitetura-escolar-e-inducao-pedagogica. Acesso: 01/09/12.
Imagem 5: http://www.ivancabral.com/2010/05/charge-do-dia-evasao-escolar.html. Acesso: 01/09/12.
Imagem 6: Revista Avisa lá.
g
7: RABITTI,, Giordana. À Procura da Dimensão Perdida: uma escola de infância de Reggio
gg Emilia. Porto
Imagem
Alegre: Artmed, 1999.
Imagens 8 e 9: Sala de leitura. http://www.mst.org.br/content/casa-de-leitura-da-reforma-agraria-e-premiada-no-riogrande-do-sul. Acesso: 01/09/12.
Imagem 10: Escola de Educação Infantil “Il Grillo”. In: FORTUNATI, Aldo. A educação infantil como projeto da
comunidade. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Imagem 11: DAVIDSON, Françoise; MAGEIM, Paulette. As creches. Editora Portuguesa de Livros Técnicos e
Científicos.
Imagem 12: Revista Avisa lá.
Imagem 13: http://www.inclusive.org.br/?p=18513. Acesso: 01/09/12.
Imagem 14: Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade racial. CEERT; Avisa lá; MEC, 2012.
Imagem 15: TONUCCI, Francesco. Quando as crianças dizem: agora chega!!! Porto Alegre: Artmed, 2005. Imagem 16 a 18: Arquivo pessoal de Marta R.P. da Silva.
Imagem 19: TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artmed, 1999. Imagem 20: Fotos livro de Bruno Munari.
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Boa Semana!
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