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ISSN 2179-8559
Admin Magazine #5 | Março de 2012
EDITORIAL
Hábitos
Expediente editorial
Al Gore, 45º vice-presidente dos Estados Unidos, ganhador do prêmio
Nobel da Paz em 2007, ambientalista e ativista ecológico fervoroso, formulou o seguinte postulado em seu livro “Uma verdade inconveniente”:
1. Velhos hábitos + Velhas tecnologias = Consequências previsíveis
2. Velhos hábitos + Novas tecnologias = Consequências imprevisíveis
Como exemplo, ele faz a seguinte analogia: as guerras são (infelizmente) um hábito bastante arraigado no comportamento da raça
humana. Guerras têm sido conduzidas há milênios, e, conforme a
tecnologia avançou, detentores de vantagens tecnológicas passaram
a vencê-las e a dominarem outras civilizações. Gengis Khan (1162 –
1227), conquistador e imperador mongol e um dos comandantes militares mais bem sucedidos da história da humanidade, por exemplo,
conseguiu sobrepujar seus inimigos lançando mão de um exército de
cavaleiros arqueiros altamente treinados, montados em pôneis. Isso
conferiu a eles àquela época uma grande vantagem tecnológica, e o
Império Mongol, que dessa forma contou então com o exército mais
rápido de que se tem notícia até a invenção do tanque de guerra, se
estendeu por praticamente toda a Ásia entre 1206 e 1294, desde a região onde se encontra atualmente a Coréia do Sul até as fronteiras da
Europa oriental. Foi a conquista de maior extensão territorial de um
líder guerreiro em toda a história da humanidade. Esse domínio foi
atingido usando, entretanto, tecnologias que, embora decisivas, foram
razoavelmente comuns, e que poderíamos chamar de incrementais.
Quando tecnologias de guerra disruptivas foram criadas, tais como
os mísseis balísticos de longo alcance dos alemães na Segunda Guerra
Mundial, e, posteriormente, a bomba atômica, desenvolvida no âmbito do Projeto Manhattan nos Estados Unidos (ativo de 1942 a 1946),
um salto de tecnologia gigantesco foi introduzido ao antigo hábito
da guerra, o que poderia ter levado a resultados imprevisíveis, caso
nossa civilização tivesse optado pelo uso desse tipo de armamento de
maneira indiscriminada, como havia feito com todos os tipos de tecnologia bélica até então. Tivemos que modificar os nossos hábitos de
guerra, para que o planeta como um todo não perecesse.
Esse efeito pode ser comparado àquele introduzido atualmente pela
virtualização e a computação em nuvem à área da segurança da informação. O uso disseminado de “templates” de sistemas operacionais
em ambientes de cloud clama por soluções de segurança bem ajustadas, sob pena de uma única vulnerabilidade tornar parques inteiros de
servidores virtuais sujeitos a ataques e outras pragas virtuais. Nesse
novo cenário, os velhos hábitos dos analistas de segurança vão ter necessariamente que evoluir para práticas de governança coordenadas,
já que uma única atualização de segurança pode atingir de dezenas
a milhares de sistemas simultaneamente. Por outro lado, ficou ainda
mais impossível tratar segurança da informação como uma parte acessória da TI nas empresas. Com isso, a segurança de sistemas terá inevitavelmente que se tornar parte integrante do planejamento da rede,
desde a sua concepção. É a natureza do negócio impelindo a TI a hábitos mais saudáveis dentro do data center. Adapte-se ou pereça.
Rafael Peregrino da Silva
Diretor de Redação
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