Prof. Lorí Viali, Dr. [email protected] http://www.pucrs.br/famat/viali/ Dentre a grande variedade de sistemas que podem ser modelados e para os quais a simulação pode ser aplicada com proveito, uma classe mostra-se particularmente de interesse. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS É a classe dos sistemas construídos pelo homem (artificiais), que interagem com o ambiente (abertos), que se alteram com o tempo (dinâmicos), onde existem mudanças que não podem ser previstas (estocásticos) e onde as alterações ocorrem em pontos isolados do tempo (discretos). Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Caracterizado o sistema, duas das principais decisões que precisam ser tomadas é como se darão as modelagens das estruturas estática e dinâmica do sistema. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 1 Estrutura Estática as A modelagem da estrutura estática componentes principais do sistema, consiste em identificar os componentes definindo sua estrutura lógica e decidir principais, através da definição das como será feito o manuseio do tempo: entidades e suas inter-relações, eventos se através do enfoque do processo, da (atividades ou processos), atributos, filas atividade ou do evento. (e suas disciplinas), etc. É necessário identificar Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Quase todas as linguagens de simulação utilizam alguma forma gráfica (diagramas) para representar o sistema a ser modelado, tanto para auxiliar no processo de construção do modelo quanto na sua implementação. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS O manuseio do tempo Uma das vantagens da simulação é A essência da simulação é que as que a velocidade na qual o experimento mudanças de estado do sistema são ocorre pode ser controlada. Pode-se modeladas através do tempo. Assim, é simular semanas e meses ou mesmo anos importante considerar como o fluxo do em poucos minutos de tempo computacional. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS tempo pode ser gerenciado. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 2 Na vida real, o tempo flui numa taxa uniforme. Num computador digital não é possível ter continuamente. variáveis Existe mudando um tamanho O incremento constante é o caminho mais simples de controlar o fluxo do tempo. Esta abordagem é conhecida mínimo de incremento de qualquer como "tempo fatiado" (time slicing) variável num computador digital. [CARRIE, 1992 e PIDD, 1997]. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Ela consiste em atualizar e examinar o modelo em intervalos regulares. Para uma fatia de tempo dt, Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Um problema óbvio com esta abordagem é que a decisão sobre o tamanho do incremento deve ser tomada o modelo é atualizado para o tempo antes da simulação ser desenvolvida. t + dt, para mudanças ocorridas no Isto poderá acarretar descompassos. intervalo (t, t + dt). Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Pode-se ter fatias muito largas, que A diferença entre manusear o tempo podem impossibilitar certas atividades, ou em incrementos fixos ou variáveis é fatias muito pequenas, que vão gerar ilustrada pelo exemplo abaixo, devido a ineficiência que é refletida em tempos PIDD, 1997. O incremento variável computacionais longos e por checagens consiste em atualizar o modelo somente freqüentes e nem sempre necessárias. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS na ocorrência dos eventos. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 3 Exemplo Uma fábrica é constituída pelas Tempo na máquina A = máquinas A e B. O tempo para processar um lote de peças, depende do tipo de máquina e do tamanho do (Tamanho do lote/50 + 1) dias, Tempo na máquina B = (Tamanho do lote/100 + 3) dias. lote, da seguinte forma: Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS A fábrica somente inicia o processamento de um lote, que deve ser processado nas duas máquinas, quando todo o lote foi processado numa máquina. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Isto é, nenhum lote pode iniciar seu processamento em uma máquina até que todo o lote anterior tenha sido processado nesta máquina. Os lotes chegam à fábrica de acordo com as datas da tabela. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Lote número Tamanho Dia da chegada 1 2 200 400 1 8 3 4 100 200 14 18 Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Os tempos de processamento de cada lote em cada máquina são: Lote número Máquina A Máquina B 1 2 3 4 5 9 3 5 5 7 4 5 Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 4 Dia Trabalhos esperando pela Trabalhos em progresso para Máquina A Máquina B Máquina A Máquina B 1 - - 1 - Simulando o funcionamento da fábrica 2 - - 1 - 3 - - 1 - através de incrementos constantes de um 4 - - 1 - 5 - - 1 - dia, os quatro lotes serão processados em 6 - - - 1 7 - - - 1 32 dias. A tabela 1 mostra a simulação a 8 - - 2 1 9 - - 2 1 incrementos constantes dos lotes. 10 - - 2 1 Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 16 3 - 2 - 17 - - 3 2 18 4 - 3 2 19 4 - 3 2 20 - 3 4 2 21 - 3 4 2 22 - 3 4 2 23 - 3 4 2 24 - - 4 3 25 - 4 - 3 26 - 4 - 3 27 - 4 - 3 28 - - - 4 29 - - - 4 30 - - - 4 31 - - - 4 32 - - - 4 No sétimo dia também não ocorrem alterações e no oitavo, temos a chegada do lote 2 e a máquina A inicia o seu processamento e assim por diante. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 11 - - 2 - 12 - - 2 - 13 - - 2 - 14 3 - 2 - 15 3 - 2 - Conforme a tabela 1, no primeiro dia o lote 1 chega e é imediatamente processado na máquina A. Nos dias 2, 3, 4 e 5 não há alterações, pois a máquina A, ainda está processando o lote 1 somente no sexto dia a máquina B inicia o processamento do primeiro lote. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Vê-se que esta abordagem além de tediosa é uma forma ineficiente de simular o sistema suposto acima, uma vez que o modelo estará sendo examinado a cada fatia do tempo (1 dia) e em 32/36 = 88,9% dos dias nenhuma alteração acontecerá. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 5 Em virtude destes períodos de tempo estáticos é que normalmente é preferível utilizar simulação a incrementos variáveis. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Cada um destes eventos pode ocorrer no máximo quatro vezes durante a simulação, uma para cada tarefa. De fato, como a tabela 4 mostra, alguns coincidem e o modelo necessita somente ser atualizado em 16 ocasiões. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Para elaborar a simulação a incrementos variáveis, considera-se os seguintes eventos: Chegada da tarefa; Máquina A inicia o trabalho; Máquina A termina o trabalho; Máquina B começa o trabalho; Máquina B termina o trabalho. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Enquanto a tabela 1, mostra as inevitáveis 32 atualizações da abordagem tempo em incrementos constantes. O método de incrementos variáveis, neste caso, concentra-se no progresso de cada lote, quando eles passam através da fábrica. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Tabela 2 - Simulação a incrementos variáveis Máquina A Tarefa número Data de chegada 1 Máquina B Inicio Fim Inicio Fim 1 5 6 10 2 8 8 16 17 23 3 14 17 19 24 27 4 18 20 24 28 32 Desta incremento forma a variável técnica possui do duas vantagens sobre a abordagem tempo fatiado. Fonte: Pidd, 1988 Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 6 A primeira, é que o tamanho do incremento de tempo A segunda, é deixar claro a ajusta-se ocorrência de eventos significativos automaticamente para períodos de alta na simulação. A desvantagem é a ou baixa atividade, evitando desta necessidade de forma checagens dispendiosas e/ou informação para desnecessárias dos estados do modelo. simulação. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS manter controlar mais a Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS A simulação a incrementos variáveis pode ser realizada através de várias formas, no entanto, todas possuem um denominador comum que é produzir programas com estrutura hierárquica de três níveis (FISHMAN, 1973) que são os seguintes: Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS Nível 1 - Programa de controle ou Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS No primeiro nível, está o executivo; Nível 2 - Operações; Nível 3 - Rotinas detalhadas. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS programa de controle ou executivo. Ele é o responsável por: Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 7 Referências: (a) programar eventos futuros, (b) executar eventos em uma seqüência de simulação própria e (c) atualizar a variável relógio (clock) que controla o tempo. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS HILLIER, F. S., LIEBERMAN, G. J. Introduction to Operations Research. New York (NY): McGraw Hill, 2002. Seventh Edition. 805 p. NANCE, Richard E., TECH, Virginia. The Time and State Relationships in Simulation Modeling. Communications of the ACM. USA, v. 24, n. 4, p. 173-79, Apr. 1981. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS CARRIE, Allan. Simulation of Manufacturing Systems. Great Britain: John Wiley & Sons, 1992, 417 p. CHEN, Shin-Ken. The Design, Evaluation and Test of Flexible Manufacturing System: A hybrid Approach of Optimization and Phisical emulation. USA: Case Western Reserve University, May 1987. Ph.D. Thesis. FISHMAN, G. S. Concepts and Methods in Discrete Event Digital Simulation. New York: Willey, 1973. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS PIDD, M. Computer Simulation in Management Science. New York: John Wiley & Sons, 1997, 5nd ed., 307 p. SOBOL, I. O método de Monte Carlo. Editora Mir. Moscou. 1983, 64 p. TOCHER, K. D. The Art of Simulation. London: Universities Press, 1963. 184 p. Prof. Lorí Viali, Dr. – Faculdade de Matemática - Departamento de Estatística - PUCRS 8