PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Medicina Veterinária
Curso de Medicina Veterinária em Betim
Húdson Heleno Siqueira Mendes
José Guilherme Soares Gonçalves
Leandro Silva de Andrade
Samuel Prado Bicalho
ALTERAÇÕES DA COMPOSIÇÃO DO LEITE E NA BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE
VACAS GIR PRIMÍPARAS COM MASTITE SUBCLÍNICA.
Betim, 03 de junho de 2013
Húdson Heleno Siqueira Mendes
José Guilherme Soares Gonçalves
Leandro Silva de Andrade
Samuel Prado Bicalho
ALTERAÇÕES DA COMPOSIÇÃO DO LEITE E NA BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE
VACAS GIR PRIMÍPARAS COM MASTITE SUBCLÍNICA
Monografia apresentada ao Curso de Medicina
Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Medicina Veterinária.
Orientador: Rogério Carvalho de Souza
Betim, 03 de junho de 2013
Húdson Heleno Siqueira Mendes
José Guilherme Soares Gonçalves
Leandro Silva de Andrade
Samuel Prado Bicalho
ALTERAÇÕES DA COMPOSIÇÃO DO LEITE E NA BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE
VACAS GIR PRIMÍPARAS COM MASTITE SUBCLÍNICA
Monografia apresentada ao Curso de Medicina
Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Medicina Veterinária.
__________________________________________
Rogério Carvalho de Souza (orientador)-PUC Minas
__________________________________________
Flávio Augusto Salim Nogueira -PUC Minas
__________________________________________
Eduardo Machado de Azevedo – PUC Minas
Betim,03 de junho de 2013.
Dedicamos
esta
monografia
ás
nossas
famílias pela fé e confiança demonstrada.
Aos nossos amigos pelo apoio incondicional.
Aos
de
Aos
professores
estarem
a
simples
dispostos
orientadores
demonstrada
Enfim
pelo
no
todos
pela
decorrer
que
a
de
fato
ensinar.
paciência
do
trabalho
alguma
forma
tornaram este caminho mais fácil de ser
percorrido.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus pela oportunidade de estarmos realizando este trabalho.
A nossas famílias, pelo incentivo e colaboração, principalmente nos momentos de
dificuldades. Aos nossos orientadores por estarem dispostos a ajudar sempre.
Agradecemos aos nossos colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo
auxílio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem conosco nesta
caminhada tornando-a mais fácil e agradável.
Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós
sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa.
Por isso aprendemos sempre.
Paulo Freire
RESUMO
A mastite é uma das mais frequentes infecções que acometem o gado leiteiro,
levando a perdas econômicas pela diminuição na produção e na qualidade do leite,
à elevação dos custos com mão- de- obra, medicamentos e serviços veterinários,
além de descarte precoce de animais.
O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar as alterações
presentes na bioquímica sérica, leucograma e na composição do leite em
consequência do processo inflamatório da glândula mamaria (mastite) sendo este de
caráter subclínico em 22 animais da raça Gir Leiteiro, primíparas sendo manejadas
em sistema semi-intensivo. O projeto foi realizado na Fazenda Experimental PUC
Minas, localizada no município de Esmeraldas/MG. Os animais avaliados estavam
sendo submetidos a prova de avaliação da produção leiteira de vacas primíparas da
raça Gir, oriundos de fazendas de criação da raça no estado de Minas Gerais.
Palavras-chave: Mastite subclínica, bioquímica sérica, hemograma.
ABSTRACT
Mastitis is one of the most common infections that affect dairy cattle, leading
to economic losses by reducing the production and quality of milk, the rising costs of
labor, work, medicine and veterinary services, and early disposal of animals.
The present study was conducted to evaluate the alterations in serum
biochemistry, and leukocyte count in milk composition as a result of inflammation of
the mammary gland (mastitis) and this character subclinical in 22 animals in Gyr
cattle, gilts being managed in semi-intensive system. The project was conducted at
the Experimental Farm PUC Minas, located in the city of Esmeraldas / MG. The gilts
were undergoing assessment test milk production of primiparous cows Gir, come
from farms breed in the state of Minas Gerais.
Keywords: Subclinical mastitis, serum biochemistry, blood count.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 -
Composição do leite de Vacas Gir Primíparas com Mastite
Subclínica..............................................................................11
TABELA 2 -
Percentual de lesões sequelas por laminite observadas em
vacas
Gir
leiteiras
de
primeira
lactação
manejadas
intensivamente........................................................................12
TABELA 3 -
Valores da Bioquímica sanguínea plasmática de Vacas Gir
Primíparas com Mastite Subclínica........................................14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCGIL - Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro
AGV's - Ácidos Graxos Voláteis
ALT - Aspartato Alanino Transferase
AST - Aspartato Aminotransferase
CBT – Contagem Bacteriana Total
CCS - Contagem de Células Somáticas
Cl- - Cloro
CLA - Ácido Linoleico Conjugado
EDTA - Etileno Diamino Tetra Acético
G/P - Relação Gordura / Proteína
Hp - haptoglobulina
IN-51 - Instrução Normativa 51
mEq/l – mil equivalente por litro
ML - mililitros
Na+ - Sódio
PFA - Proteína de Fase Aguda
PH – Potencial Hidrogênionico
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
SUMÁRIO
1 –INTRODUÇÃO.......................................................................................1
2 –REVISÃO DE LITERATURA.................................................................2
2.1 – MASTITE SUBCLINICA E CONTAGEM DE CELULAS
SOMÁTICAS (CCS).........................................................................2
2.2 – COMPOSIÇÃO DO LEITE E SUA ALTERAÇÃO NA
MASTITITE SUBCLINICA................................................................3
2.3 – ACIDOSE SUBCLINICA, LAMINITE SUBCLINICA E SUAS
CONSEQUENCIAS NA COMPOSIÇÃO DO LEITE........................5
2.4
–
BIOQUIMICA
SÉRICA
E
LEUCOGRAMA
COMO
FERRAMENTAS NO AUXILIO DIAGNOSTICO DE DOENÇAS
SUBCLINICAS EM BOVINOS.........................................................7
3 – MATERIAL E METODOS.....................................................................9
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................10
5 – CONCLUSÃO.....................................................................................14
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …...............................................16
12
1 INTRODUÇÃO
Rebanhos da raça gir foram trazidos para o Brasil no ano de 1906 e, a partir
do triângulo mineiro, alcançaram todo território nacional (VERNEQUE, 1999).
Fêmeas da raça gir são muito valorizadas e são consideradas fundamentais na
exploração da pecuária brasileira. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores
do Gir Leiteiro (ABCGIL), foi no final da década de 30 que surgiram os primeiros
trabalhos de seleção da raça Gir para produção de leite. Foi por meio destes
estudos que se observou a aptidão das vacas Gir para a produção de leite. (FARIA,
2001).
Devido a procura por animais de genética superior, adaptadas as condições
de manejo e ambiente adversos, é crescente o uso de fêmeas zebuínas, sendo uma
das principais alternativas para suprir esta demanda.(VERNEQUE, 2008). Com os
avanços tecnológicos, as fêmeas bovinas foram selecionadas geneticamente em
busca do aumento da produção leiteira, porém, esta intensificação tem tido uma
correlação negativa com a saúde do úbere e resistência da vaca contra mastite,
aumentando a incidência desta doença nos rebanhos leiteiros.(RAINARD; RIOLLET,
2006).
A mastite é uma das mais frequentes infecções que acometem o gado leiteiro,
levando a perdas econômicas pela diminuição na produção e na qualidade do leite,
à elevação dos custos com mão- de- obra, medicamentos e serviços veterinários,
além de descarte precoce de animais sendo importante ressaltar a importância da
mastite, no que se refere à saúde pública, devido ao envolvimento de bactérias
patogênicas que podem colocar em risco a saúde humana, além de promover
alterações na composição do leite, tais como aumento na CCS e alterações nos
teores de caseína, cálcio, gordura e lactose, determinando menor rendimento na
produção dos seus derivados (RIBEIRO, 2003).
Na tentativa de alcançar as grandes exigências nutricionais dos animais, são
utilizadas dietas altamente palatáveis, contendo ingredientes de alta digestibilidade e
altos níveis de energia (KLEEN, 2003).
Embora não provoque o aparecimento de sinais clínicos específicos, foi
demonstrado que a acidose subclínica tem consequências que são detectáveis, mas
são diversas e complexas. As agressões causadas pelos ácidos orgânicos à parede
13
ruminal podem levar ao desenvolvimento de laminite subclínica e às vezes crônica
dependendo da duração da doença.(ENEMARK, 2002).
A composição do leite pode ser amplamente afetada pela nutrição da vaca
leiteira. A dieta influi na fermentação do rúmen e os produtos dessa fermentação não
somente fornecem ao animal a energia necessária para o seu metabolismo, como
também disponibilizam os principais precursores para a síntese da gordura, da
proteína e da lactose do leite. (ENEMARK, 2002).
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- MASTITE SUBCLÍNICA E CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS)
A mastite é a inflamação da glândula mamária, na maioria das vezes de
caráter infeccioso. Em decorrência do agente etiológico, fonte de infecção e via de
transmissão, a mastite é classificada como contagiosa e ambiental e, quanto a forma
de manifestação da doença é dividida em clínica e subclínica. A mastite subclínica,
sem sinais clínicos aparentes, mas com acentuadas alterações químicas e
microbiológicas do leite, é responsável por 70% das perdas econômicas decorrentes
da doença em consequência de seu difícil diagnóstico, da alta prevalência ( 15 a 20
vezes maior que a clínica ) e de fácil disseminação.(SANTOS; FONSECA, 2007)
A mastite subclínica está entre as principais doenças em fazendas leiteiras,
causando grandes prejuízos aos produtores, principalmente devido à redução na
produção de leite (RUEGG, 2003; ZAFALON, 2007). Essa redução ocorre devido a
alterações nas células epiteliais secretoras e na permeabilidade vascular no alvéolo
secretor durante a infecção. A extensão da perda é influenciada por diversos fatores
como gravidade da infecção, tipo de microrganismo causador, duração, idade do
animal, época do ano, estado nutricional e potencial genético. Além da produção de
leite, outras características produtivas como a produção de gordura e a duração da
lactação também são afetadas (MACHADO, 1993; GADINI, 1997; NORMAN, 1999).
Caracterizada por alterações na composição do leite, tais como aumento na
contagem de células somáticas (CCS), aumento nos teores de Cl-, Na+ e proteínas
14
séricas, diminuição nos teores de caseína, lactose e gordura do leite (FONSECA E
SANTOS, 2000; LIBERA, 2001).
A CCS no leite é o indicador mais usado em programas de controle e
prevenção da mastite em todo o mundo. Vários fatores podem influenciar a variação
da CCS, sendo citados a ordem de parto, idade, período de lactação, mês e estação
do ano, estresse, manejo.(SCHEPERS, 1997; LAEVENS, 1997; SOUZA et al.,
2005b; Cunha et al., 2008). No entanto, a ocorrência de infecção intramamária é o
principal fator responsável pela variação da CCS (HARMON, 1994). A CCS é tida
como o principal fator para detectar inflamação da glândula mamária (AKERSTEDT,
2007).
DOHOO E LESLIE (1991) avaliaram a CCS de vacas em intervalos de 28 dias
e observaram que o limite de 200.000 células/ml foi o mais indicado para estimar
uma nova infecção intramamária em animais da raça holandesa. SANTOS (2007)
considerou uma estimativa de infecção intramamária de 250.000 células/ml para
animais da raça holandesa.
De acordo com a Instrução Normativa 51 (IN 51) do MAPA, a partir de julho
de 2012, os níveis aceitáveis de ccs devem atingir escore máximo de 400.000 cel/ml
para as respectivas regiões do Brasil (BRASIL, 2002).
Quando a glândula mamária é colonizada por algum agente patogênico, o
organismo do animal reage, mandando para o local células de defesa,
principalmente leucócitos, na tentativa de reverter o processo infeccioso. Essas
células de defesa (75 a 98%), somadas às células de descamação do epitélio
secretor de leite nos alvéolos, são chamadas células somáticas do leite. Portanto,
quando há presença de um microrganismo patogênico na glândula mamária,
geralmente, a CCS apresenta-se elevada, e esse aumento é a principal
característica da mastite subclínica (CHAPAVAL; PIEKARSKI, 2000).
2.2 - COMPOSIÇÃO DO LEITE E SUA ALTERAÇÃO NA MASTITE SUBCLÍNICA.
Do ponto de vista físico-químico, o leite é uma mistura homogênea de grande
número de substâncias (lactose, glicerídeos, proteína, sais, vitaminas, enzimas, etc.),
das quais algumas estão em emulsão (a gordura e as substâncias associadas),
15
algumas em suspensão (as caseínas ligadas a sais minerais) e outras em
dissolução verdadeira (lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, sais, etc)
(PEREDA, 2005).
Contudo, a composição do leite pode variar de acordo com os seguintes
fatores: raça, período de lactação, alimentação, saúde, período de cio, idade,
características individuais, clima, espaço entre as ordenhas e estação do ano
(VENTURINI, 2007).
Dentro do parâmetro raça, os animais zebuínos apresentam maior teor de
gordura no leite (4,39%) quando comparado aos animais da raça holandesa (3,32%)
(FONSECA; SANTOS, 2000).
A gordura é o componente mais variável entre as espécies e raças. Sendo
também influenciada pela alimentação e a idade do animal. De maneira geral, o
conteúdo em gordura é inversamente proporcional à quantidade de leite produzido
(PEREDA, 2005; VENTURINI, 2007).
Segundo PONCE PC; HERNANDEZ(2001), os valores encontrados de
gordura, proteína, lactose e sólidos totais em vacas zebuínas foram: 4,30 %, 3,83%,
4,85%, 13,82% respectivamente.
Em razão do uso frequente dos rebanhos Gir e seus cruzamentos, devido a
sua potencialidade de produção leiteira em condições tropicais, foi criado o
programa nacional de melhoramento do Gir leiteiro que abrange também, estudos
de produção de gordura, proteína, lactose, sólidos totais e CCS (VERNEQUE,
1999 ). Alguns autores estimam que os valores de CCS de raças zebuínas são mais
baixos do que o das raças europeias, podendo ser um parâmetro utilizado para
avaliar o melhoramento genético (RUPP; BOICHARD, 2003). Segundo SOUZA
(2005) pesquisas que avaliam os parâmetros e os fatores de risco para mastite nas
vacas Gir são escassas.
Segundo MALEK DOS REIS(2010), o limite de 100.000 CCS/ml em vacas da
raça Gir foi o mais indicado para estimar a presença de mastite subclínica.
A mastite subclínica determina, ainda, mudanças na concentração dos
principais componentes do leite, como: proteína, gordura, lactose, minerais e
enzimas. Os principais fatores relacionados com a alteração dos componentes do
leite são as lesões das células produtoras de leite, que podem resultar em
16
alterações das concentrações de lactose, proteína e gordura, e aumento da
permeabilidade vascular, que determina o aumento da passagem de substâncias do
sangue para o leite, tais como sódio, cloro, imunoglobulinas (neutrófilos 90%) e
outras proteínas séricas (STEFFERT, 1993). Segundo AULDIST E HUBBLE (1998),
a diminuição na produção de leite ocorre em razão das lesões causadas às células
epiteliais da glândula mamária, que reduzem a capacidade de síntese e a secreção
da glândula.
2.3 ACIDOSE SUBCLÍNICA, LAMINITE SUBCLÍNICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
NA COMPOSIÇÃO DO LEITE
A acidose subclínica é uma doença associada ao rebanho e não ao indivíduo,
seus sintomas são praticamente imperceptíveis, mas suas consequências
representam grandes prejuízos em toda cadeia de produção (ENEMARK, 2004). Ela
ocorre quando a formação de AGVs, supera a capacidade de absorção do rúmen,
reduzindo o pH entre 5,0 e 5,5, abaixo do nível fisiológico, por períodos prolongados
sendo que durante este período ocorrem mudanças na proporção dos AGVs,
aumentando a quantidade de ácido propiônico e butírico em relação ao ácido acético.
Esta redução do pH não é suficiente para causar sintomas clínicos mas prejudica o
funcionamento do rúmen, influenciando na redução do consumo de alimentos, na
eficiência produtiva e propicia o aparecimento de diversas doenças (HALL, 2004).
Vários valores de pH têm sido utilizados para definir acidose subclínica: 5,5
(CALSAMIGLIA, 2002) 6,0 (BAUER, 1995). A acidose ruminal subaguda (também
conhecida como acidose ruminal subclínica, acidose latente crônica) ocorre quando
a produção de ácidos graxos voláteis excede o mecanismo de tamponamento no
rúmen.(STOCK E BRITTON, 1991).
Um bovino adulto secreta cerca de 100 a 200 litros de saliva por dia. A saliva
dos ruminantes possui pH de aproximadamente 8,2 e contém em mEq/l, sódio (160180), cloro (10-20), potássio (4-10), fosfato (10-70) e bicarbonato (90-140) que lhe
conferem a capacidade tamponante, além de mucinas que garantem a viscosidade
do fluido ruminal mantendo a tensão superficial normal, impedindo a formação de
17
bolhas. Cerca de 70% do líquido ruminal é proveniente da secreção salivar. A taxa
de alimentação é importante na determinação da capacidade tamponante, pois a
secreção de saliva é estimulada pela mastigação e ruminação. O tempo gasto para
mastigação e ruminação dos concentrados é menor do que dos alimentos fibrosos,
contribuindo, portanto, para uma menor secreção de saliva. O estímulo à ruminação,
exercido pelo roçar de fibras longas contidas no alimento na parede do rúmen, é de
extrema importância para regulação do pH ruminal pois, durante este processo,
ocorre uma secreção de saliva 2 a 3 vezes maior do que durante a ingestão ou
repouso do animal (DIRKSEN, 1981).
Embora não provoque o aparecimento de sinais clínicos específicos, foi
demonstrado que a acidose subclínica tem consequências que são clinicamente
detectáveis, mas são diversas e complexas. As agressões causadas pelos ácidos
orgânicos à parede ruminal podem levar ao desenvolvimento de paraqueratose,
permitindo a entrada de patógenos na corrente sanguínea, causando inflamações e
abscessos pelo corpo do animal, estando também ligadas as laminites. Outras
alterações que podem ser relacionadas com a acidose subclínica são: necrose
cérebro cortical, imunossupressão e timpanismo (ENEMARK, 2002).
A laminite é uma inflamação asséptica das lâminas do cório também
conhecida como pododermatite asséptica difusa. Pode apresentar-se nas formas
aguda, subaguda e crônica de acordo com o tempo de duração dos processos,
sendo respectivamente até 10 dias, de 10 dias a 6 semanas e maior que seis
semanas, para explicar as causas de várias anormalidades na formação do tecido
córneo do casco tem sido adotado o termo laminite subclínica, considerada a quarta
forma de apresentação da doença, que é a mais prevalente em rebanhos de manejo
intensivo (HOBLET E WEISS, 2001).
Alterações no teor de gordura podem informar sobre a fermentação no rúmen,
as condições de saúde da vaca e do manejo alimentar. O teor de proteína no leite
também pode ser afetado, porém, em menor grau, enquanto o teor de lactose é o
menos afetado (BACHMAN, 1992). Por volta de 50% dos precursores das moléculas
de gordura sintetizadas na glândula mamária são gerados durante a fermentação
ruminal. A porcentagem de gordura pode ser influenciada positivamente pelos altos
níveis molares de ácidos acético e butírico, e negativamente pela porcentagem
18
molar de ácido propiônico. Consequentemente, fatores da dieta que estimulam a
produção de ácido propiônico ou alteram a relação propionato- acetato interferem na
síntese de gordura no leite (KENNELLY et al., 2000).Junto com a queda do pH, as
relações entre os diferentes tipos de bactérias mudam (MARTIN, 1998). Sob estas
condições, a produção de proteína bacteriana e de ácidos graxos voláteis podem se
alterar levando à queda no consumo alimentar, causando menor síntese de leite e
mudança na sua composição (BACHMAN, 1992). Atualmente considera-se
importante garantir a estabilidade do pH ruminal não só pelo fato da prevenção da
acidose ruminal, mas também por seu efeito sobre a biohidrogenação da qual se
derivam os níveis de CLA (ácido linoleico conjugado) de grande valor econômico
pelas suas propriedades biomédicas (BAUMGARD, 2002).
As bactérias somente conseguem incorporar na sua composição ácidos
graxos saturados. Os triglicerídeos então vão ser atacados e hidrolisados em dois
compostos: glicerol e ácidos graxos de cadeia longa. O glicerol vai ser fermentado
pelas bactérias ruminais com consequente produção de AGV's. Os ácidos graxos de
cadeia longa vão ser transformados em ácidos graxos saturados, através da quebra
de ligações duplas e triplas, passando a existir somente ligações simples. Este
processo se baseia na adição de um íon de hidrogênio, sendo conhecido como
processo de biohidrogenação.(MARTIN, 1998).
2.4 - BIOQUÍMICA SÉRICA E LEUCOGRAMA COMO FERRAMENTA NO AUXÍLIO
DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS SUBCLÍNICAS EM BOVINOS.
O diagnóstico da mastite é feito rotineiramente mediante exame clínico,
exame visual do leite, contagem de células somáticas (CCS), contagem bacteriana
total (CBT) e cultura de patógenos (GRÖNLUND, 2005). No caso de mastite
subclínica o diagnóstico torna-se mais difícil devido à ausência de sinais clínicos e
de um indicador laboratorial sensível (SANTOS, 2007).
As proteínas de fase aguda (PFAs) são secretadas pelo fígado e outros
tecidos em resposta a vários estímulos que afetam a homeostasia do sistema imune,
particularmente infecções, inflamações e transtornos metabólicos (MARTINEZSUBIELA, 2001).
19
Em vacas, a haptoglobina (Hp) e a amiloide A sérica (SAA) são as principais
PFAs (MURATA 2004) com utilidade no diagnóstico de processos inflamatórios com
alta sensibilidade (ECKERSALL, 2006). Em vacas leiteiras, o monitoramento de
PFAs tem sido útil para identificar situações subclínicas, particularmente em
afecções mamárias (PETERSEN, 2004).
Apesar de considerar a CCS como o teste mais confiavel para detectar
inflamação da glândula mamária (AKERSTEDT, 2007), a grande variabilidade deste
parâmetro em animais sadios por fatores como idade, início e fim da lactação e
sazonalidade, entre outros, diminuem sua eficiência para distinguir uma vaca com
mastite subclínica. (SALSBERG, 1984),
Devido à variabilidade da resposta leucocitária às doenças nos bovinos, a
avaliação de proteínas como a albumina, a globulina e o fibrinogênio, juntamente ao
leucograma, oferece melhor parâmetro de interpretação do que a contagem de
leucócitos isoladamente (ECKERSAL; CONNER, 1988; SUTHERLAND; WHITNEY,
1995). Proteínas cujas concentrações séricas diminuem em resposta à inflamação
são denominadas proteínas de fase aguda negativas e incluem albumina e
transferrina. As proteínas cujas concentrações aumentam em razão do mesmo
estímulo inflamatório são conhecidas como proteínas de fase aguda positivas, entre
elas proteína C- reativa, α1-glicoproteína ácida, α1-antitripsina, amiloide A sérica,
ceruloplasmina, globulina, haptoglobina e fibrinogênio.( GONZÁLEZ , BORGES,
CECIM 2000).
Várias enfermidades em ruminantes, especialmente em bovinos, envolvem
modificações patognomônicas quantitativas ou morfológicas dos glóbulos vermelhos
e/ou brancos, determinantes na utilização do exame sanguíneo como ferramenta de
diagnóstico.(STOBER; GRUNDER,1993).
As avaliações hematológicas nos bovinos são empregadas para analisar
doenças em um animal ou para avaliar grupos de animais dentro de um rebanho e
ainda para detectar doenças ocultas e direcionar as condutas clínicas (WEISS;
PERMAN, 1992). A resposta leucocitária em ruminantes frequentemente difere das
observadas em outras espécies (COLE, 1997; TAYLOR, 2000). (KANTEK;
NAVARRO 2005) atribuem essa diferença ao fato desses animais possuírem um
20
compartimento de reserva leucocitária limitado na medula óssea, fazendo com que
os neutrófilos imaturos apareçam rapidamente, nos estados inflamatórios agudos.
3 - MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental PUC Minas,
localizada na cidade de Esmeraldas pertencente a região da grande Belo Horizonte.
A fazenda, hoje, promove a primeira prova de primíparas do gir leiteiro, com 22
vacas em lactação. As vacas em lactação ficam alojadas em sistema semi-intensivo
( período da seca confinadas e período chuvoso a pasto com suplementação ). A
dieta é elaborada por nutricionista para produção média de 20 litros/vaca/ dia. As
vacas são ordenhadas duas vezes ao dia, em ordenha do tipo balde ao pé. No
manejo é feito o teste da caneca de fundo preto, imersão dos tetos em solução
desinfetante a base de cloro (pré-dipping), é feito uso de papel toalha para secagem
dos tetos e após a ordenha aplicação de solução a base de iodo nos tetos.(pósdipping).
Foi realizado, mensalmente, acompanhamento da fazenda experimental PUC
Minas, com pesagem de leite e coleta de amostras para análise da composição do
leite dos 22 animais da raça Gir. As amostras coletadas em todas as ordenhas,
foram encaminhadas em frascos com conservante Bronopol, mantidos entre 2º e 6°
C e encaminhadas para o laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) para análise da porcentagem de gordura, porcentagem de proteína total e
contagem de células somáticas. Para a CCS, utilizou-se o método de citometria de
fluxo.
Para análise hematológica foram coletadas amostras de sangue das 22 vacas
da raça Gir nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A coleta foi realizada na
veia coccígea em tubos vacutainer com e sem anticoagulante, sendo o
anticoagulante de escolha o EDTA à 10% para o hemograma . As amostras
sanguíneas foram encaminhadas ao laboratório de patologia clínica da PUC Minas
Betim para realização de hemograma completo e bioquímica sérica com análise de
albumina, globulina, proteína total, enzimas hepáticas ALT e AST.
21
.
A bioquímica foi realiza através de espectrofotometria e com kits
colorimétricos Analisa. O hemograma foi realizado através da contagem manual em
câmara de newbauer (leucócitos e hemácias).
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por não apresentar sinais visíveis e passar despercebida pelos proprietários e
pelos empregados, a mastite subclínica pode alastrar-se no rebanho, infectando
outras vacas. Além disso, pode ocorrer destruição da capacidade funcional da
glândula mamária, causando diminuição da produção leiteira e prejuízos à saúde do
animal (DIAS, 2007). A contagem de células somáticas (CCS) tem se mostrado
como um dos indicadores de qualidade do leite. Através da sua determinação podese monitorar indiretamente o estado de saúde da glândula mamária (SANTOS,
2007). Os animais avaliados nesse trabalho apresentaram uma CCS média de
1.506.000, sendo que alguns animais chegaram a 4.661.000 (tabela 1). Os valores
observados são bem superiores aos padrões internacionais de 250.000 células
(SANTOS, 2007). De acordo com a IN-51 (MAPA, 2002) os valores de referência
seriam de 400.000 cel/ml (BRASIL, 2002). Sendo assim, podemos concluir que os
animais avaliados poderiam estar com mastite subclínica, embora um animal
apresentasse um valor de 267.000 cel/ml (tabela 1) o que não caracterizaria a
doença e a CCS é tida como o principal fator para detectar inflamação da glândula
mamária (AKERSTEDT et al., 2007).
Tabela 1- Composição do leite de Vacas Gir Primíparas com Mastite Subclínica
Variável
média
Desvio
Mínimo
Máximo
CCS
1.506.000
1.103.000
267.000
4.661.000
Gordura
2,63
0,72
1,35
4,70
Proteína
3,69
0,21
3,45
4,43
22
Relação G/P
0,71
0,18
0,37
1,21
N= 22 animais
A composição do leite pode variar de acordo com os seguintes fatores: raça,
período de lactação, alimentação, saúde, período de cio, idade, características
individuais, clima, espaço entre as ordenhas e estação do ano (VENTURINI, 2007).
Dentro do parâmetro raça, os animais zebuínos apresentam maior teor de gordura
no leite (4,39%) (FONSECA; SANTOS, 2000); semelhante ao preconizado por
PONCE; HERNANDEZ (2001) que observaram 4,30% para gordura. Esses valores,
são muito superiores aos encontrados nesse trabalho, onde a gordura média foi de
2,63%, variando entre 1,35% à 4,70%(tabela 1). A gordura é influenciada pela
alimentação, produção de leite e a idade do animal. (PEREDA, 2005; VENTURINI,
2007).Como no presente trabalho os animais eram da mesma raça e idade, a
principal causa de variação da gordura do leite poderia estar relacionada ao manejo
alimentar oferecido aos animais.
Cerca de 50% dos precursores das moléculas de gordura sintetizadas na
glândula mamária são gerados durante a fermentação ruminal. A porcentagem de
gordura pode ser influenciada positivamente pelos altos níveis molares de ácidos
acético e butírico, e negativamente pela porcentagem molar de ácido propiônico.
Consequentemente, fatores da dieta que estimulam a produção de ácido propiônico
ou alteram a relação propionato- acetato interferem na síntese de gordura no leite
(KENNELLY, 2000). No presente trabalho, os animais além do pastejo em tifton
eram suplementados com silagem de milho e valores elevados de concentrados
para buscar sempre a máxima produção leiteira. Diante desse manejo, os riscos
para acidose ruminal aumentam. Para KLEEN, (2003) a acidose ruminal subclínica,
por si só, poderia levar a diminuição significativa dos teores de gordura no leite,
assim como encontrado nesse trabalho. Outros trabalhos na literatura também têm
elucidado esse mecanismo (KRAUSE; OETZEL, 2006; TUCKER, 1988).
Existem vários trabalhos que correlacionam acidose ruminal subclínica com a
ocorrência de laminite subclínica (SUTHERLAND; WHITNEY, 1995). Nos animais
avaliados nesse trabalho foram encontrados diversas lesões compatíveis com
laminite subclínica (tabela 2). Como o manejo alimentar era de risco para acidose
23
ruminal, observou-se também sinais de laminite, cuja causa poderia ser acidose
ruminal. Os valores na gordura do leite estarem diminuídos; reforçaria a
possibilidade dos animais desse trabalho terem passado por acidose ruminal
subclínica. De maneira semelhante, CAMPOS (2002) também propos essa relação.
Outra possibilidade seria a de que nos animais com acidose ruminal ocorressem um
aumento da produção de acido linoléico conjugado o que deprimiria a síntese de
gordura na glândula mamária, tal fato foi citado por SANTOS (2000).
Tabela 2 - Percentual de lesões sequelas por laminite observadas em vacas Gir
leiteiras de primeira lactação manejadas intensivamente.
Leões
Percentual
de
acometimento
dos
animais
Úlcera de pinça
4,5%
Sola dupla
4,5%
Hemorragia de sola
31,8%
Casco amarelo
36,4%
Doença da linha branca
22,7%
Úlcera de sola
4,5%
Dermatite digital
4,5%
Estrias no casco
54,5%
Laminite crônica
13,6%
Erosão de talão
9,1%
N= 22 animais
A mastite subclínica
também determina mudanças na concentração dos
principais componentes do leite, como: proteína, gordura, lactose, minerais e
enzimas (STEFFERT, 1993). Os valores médios de gordura e proteína no leite dos
animais avaliados; 2,63 e 3,69 (tabela 1) respectivamente, estão abaixo dos padrões
propostos por PONCE PC; HERNANDEZ (2001), que observaram gordura b(4,30%)
e proteína(3,83%); ressaltando o papel da mastite na composição do leite. Essas
alteração pode ser decorrente de lesões das células produtoras de leite e do
aumento da permeabilidade vascular STEFFERT, 1993 ).
24
A relação entre a gordura/proteína (G/P) do leite pode também ser um
parâmetro indireto de monitoração das alterações na composição do leite secundária
a processos locais como a mastite subclínica, ou da manipulação inadequada do
ambiente ruminal desencadeando quadros de acidose. De acordo PC, HERNANDEZ
(2001), partindo dos valores de referência a relação G/P seria de 1,12; para
FONSECA; SANTOS (2000) os valores em zebuínos seria de 1,32. Esses resultados
são
superiores
aos
0,71(tabela
1)
encontrados,
ressaltando
possíveis
consequências de uma mastite subclínica e/ou acidose ruminal.
As avaliações hematológicas nos bovinos podem ser empregadas para
analisar doenças em um animal ou rebanho e ainda para detectar doenças ocultas e
direcionar as condutas clínicas (WEISS; PERMAN, 1992). Dentre essas a resposta
leucocitária; que em ruminantes aumentam rapidamente nos estados inflamatórios
agudos (COLE, 1997; TAYLOR, 2000; KANTEK; NAVARRO 2005). Esse parâmetro
poderia ser aplicado ao trabalho, uma vez que os animais tiveram um quadro de
leucocitose(média de 13.847)(tabela 3) e apresentavam mastite; especialmente nas
situações em que a CCS está sob influencia de outros fatores (AKERSTEDT, 2007).
Tabela 3 - Valores da Bioquímica sanguínea plasmática de Vacas Gir
Primíparas com Mastite Subclínica.
Variável
Média
Desvio
Mínimo
Máximo
Valor
de
referência
Globulina
5,36
0,42
4,6
6,5
3,6
Albumina
2,92
0,26
2,6
3,6
3,0
Proteína Total
8,33
0,30
7,9
9,2
6,8- 7,5
Leucócitos
13.847
1,91
10.200
17.550
4.000
–
12.000
Em vacas leiteiras, o monitoramento de PFAs tem sido útil para identificar
situações subclínicas, particularmente em afecções mamárias (PETERSEN, 2004).
Assim, os valores de proteína total em animais com mastite subclínica poderiam
25
aumentar, como observado nesse trabalho, em que a proteína total média dos
animais foi de 8,33, acima do normal que seria de 7,5 de acordo com FELDMAN
2000.
Com o intuito de se aumentar a eficiência da utilização do hemograma como
método de diagnóstico das infecções, a avaliação de proteínas como a albumina, a
globulina deveriam ser consideradas (ECKERSALL; CONNER, 1988; SUTHERLAND;
WHITNEY, 1995). Os valores médios observados de 5,36 para a globulina, estão
acima dos padrões normais FELDMAN 2000. Em animais com mastite ocorre o
aumento da passagem de substâncias do sangue para o leite, tais como sódio, cloro,
imunoglobulinas e outras proteínas séricas (STEFFERT, 1993). Essas proteínas que
tem suas concentrações aumentadas são conhecidas como proteínas de fase aguda
positivas (GONZÁLEZ , BORGES, CECIM 2000). Já para a albumina se observou
um valor diminuído(2,92) (tabela 3), fato esperado, uma vez que essa é uma
proteína de fase aguda negativas e tem seus valores diminuídos em casos
inflamatórios (GONZÁLEZ , BORGES, CECIM 2000).
5. CONCLUSÃO
Os valores de composição do leite em animais da raça Gir foram influenciados
por quadros de mastite subclínica. Além dessa, quadros de acidose ruminal
poderiam estar colaborando para essa alteração, o que subsidia que além do
manejo de ordenha, os manejos alimentares são ferramentas importantes para se
poder maximizar a produtividade leiteira em animais da raça Gir.
A utilização do hemograma e bioquímica sérica, especialmente a globulina e
albumina poderiam auxiliar no diagnóstico de mastite subclínica nas situações onde
os valores de CCS fossem questionados devido a interferência de outras variáveis.
26
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alterações da composição do leite