Memorial da América Latina – São Paulo 2011 O controle da doença de Chagas no Brasil História de sucessos e desafios esperáveis João Carlos Pinto Dias Fundação Oswaldo Cruz , FM-UFMG e Academia Mineira de Medicina (declara não haver conflitos de interesses) 1 Um contexto fundamental ao longo da história A América Latina foi o berço da expansão da DCH • • • • • • A circulação do parasito foi complexa e ancestral O índio brasileiro estava à parte, o inca não; Densidade demográfica baixa, até meados do século XIX Concentrações e mosaicos passados e atuais Desmatamentos, migrações e o rancho como fatores de infestação, domiciliação e dispersão Dois modelos principais na domiciliação: – Espécies autóctones: ação antrópica e espaços abertos – Espécies introduzidas (T.infestans e T. rubrofasciata): carreamento + contiguidade • O rancho e sua provisoriedade, como produto: – De relações de produção – De escravatura (modelo de construção, quilombos, pobreza) – De nomadismo, perseguições e problemas de terra 2 Antecedentes epidemiológicos • • • • • Evidencias de focos triat. e humanos: Séculos XVIII e XIX; Expansão de P.megistus yeT. brasiliensis: finais do sécuo XIX; Invasão de T.infestans: Século XVIII (Sul); expansão: Séculos XIX-XX 1945 – 1955: prevalências focais até 60% (escolares 40%) /áreas de T. infestans; 1978 - 1980: – – – – – – – – 2.400 municípios infestados (taxa ID > 15%); T.infestans em 710 municipios, com infecção natural > 15% 4,46% população rural infectada (0,3 – 8,8%): > 5 milhões de infectados Estimada cardiopatia 30% ou mais em adultos (megas até 10%) Estimada FCI 50% (evolução + 3% a/a) Mortalidade> 10.000 pacientes/ano Bancos de sangue controlados < 13,0% Prevalência em b. sangue + 3,5% (0.1- 17%) 3 Alguns Marcos Históricos (I) • • • • • • • • • • 1908-9: Chagas descobre o agente e a DCH 1911-13: Chagas e Neiva intuem a dimensão continental da DCH 1912-13: xenodiagnóstico, RFC, transmissão congênita e a enzootia 1918: Profilaxia rural: 1a. Lei sobre a habitação rural (Paraná) 1922: descrição da CCC, ECG, primeiros inseticidas 1926: Mazza, Nicolle e Patterson: MEPRA 1933-35: casos agudos na Argentina e sinal de Romaña 1940-44: Foco e posto de Bambui 1947: BCH e CCC (humana e experimental) 1947-8: primeiro inquérito sorológico/eletrocardiográfico 4 Alguns Marcos Históricos (II) • • • • • • • • • • • • 1949-51: Bancos de sangue (problemas e estratégias) 1950-7: Caracterização da CCC e generalização dos inquéritos; 1954-9: caracterização das formas digestivas; 1954-62: sistematização e expansão do controle vetorial; 1960-70: avanços nos nitrofuranos e benzonidazol 1970: consolidação do controle vetorial em São Paulo 1970-80: amiodarone, inibidores de ECA, marcapassos !980-90: expansão dos programas de controle: prioridade e vigilância 1991: primeira Iniciativa Intergovernamental (Ti + B sangue) 1997: certificação do Uruguai, logo a do Chile 2002 Certificação de 7 Estados Brasileiroa 2006: certificação do Brasil 5 Ações de controle & câmbios políticos e demográficos no Brasil • Programa vetorial: • Formatado em 1956 • re estruturado 1976 • priorizado 1983 • Vigilância: 5% (1980) > 80% (2001) • Bancos de sangue: controle 13% (1981) > 75% (1986) > 98% (2004) > 99,5% (2009); • Doadores +: 3% (1978) > 0,4% (2009); • População rural: 75% (1950) > 25% (2000) • Ranchos: > 700.000 (1978) < 100.000 (1998) • (em Bambui MG >70% (1948) >> 0 (2010) 6 O vetor: Principal elemento de transmissão da DCH 7 CARIBE México Bolbodera scabrosa Triatoma rubrofasciata T. maculata T obscura T. flavida T. brugneri P.geniculatus??? CENTROAMERICANOS ANDINOS Fonte: Silveira, A. C.. Current situation with the control of vector-borne Chagas’ disease transmission in the Americas. In: Atlas of Chagas’ disease vectors in the Americas. 1999. INCOSUL 8 ÁREA COM RISCO DE TRANSMISSÃO VETORIAL DA DOENÇA DE CHAGAS. BRASIL*. 1983 Àrea de detecção domiciliar * Com exceção do Estado de SP Fonte: SILVEIRA A. C., ; REZENDE, D.F. (1984). 9 Levantamento Triatomínico domiciliar entre 1975 e 1983: Exemplares capturados por espécie, examinados e positivos para T. cruzi. GÊNERO E ESPÉCIE Triatoma sordida NÚMERO DE EXEMPLARES CAPTURADOS EXAMINADOS POSITIVOS % POSITIVDADE 189,260 97,595 2,222 2.3 Triatoma infestans 162,136 92,551 8,079 8.7 Panstrongylus megistus 149,248 114,155 3,988 3.5 Triatoma pseudomaculata 125,634 85,950 1,481 1.7 Triatoma brasiliensis 99,845 57,983 3,904 6.7 Rhodnius nasutus 23,375 21,705 32 0.1 Rhodnius neglectus 3,075 625 17 2.7 Panstrongylus lutzi 186 96 4 4.2 Triatoma rubrofasciata 73 70 0 0 Panstrongylus geniculatus 52 37 0 0 Triatoma melanocephala 52 38 2 5.3 Triatoma rubrovaria 44 23 0 0 Panstrongylus diasi 18 18 0 0 Triatoma vitticeps 13 5 0 0 Rhodnius pictipes 7 1 0 0 Rhodnius brethesi 4 4 0 0 Triatoma petrochii 1 1 0 0 753,030 470,857 19,729 4.2 TOTAL 10 Apud AC Silveira et al, 1984 Controle e infestação: estratégia e manutenção. Apud Schofield 1988 Infestation Attack phase (mass intervention) Attack threshold Vigilance phase (selective intervention) Detection level Time 11 11 11 Doença de Chagas no Brasil – cenário epidemiológico atual Área amazônica: Vetores silvestres – não domiciliados Transmissão oral. Área de transição Área não amazônica: Eliminação T. infestans Vetores principalmente peridomiciliares 12 Um Interregno: A Amazônia Casa rural não infestada mas palco de transmissão oral Apud Neves Pinto, 2011 13 14 15 Chagas Disease in the Amazonic Region Epidemiolgical profiles Barcelos N. Airão Macapá Santarém Manaus Belém São Luis Acre Hypoendemic areas Hotspot Detected human cases Domiciliation focii Apud Junqueira et al 200916 Um possível modelo de transmissão oral na Amazônia Brasileira a partir da contaminação de suco artesanal de açaí por triatomíneos silvestres advindos de palmeiras vizinhas Apud Junqueira et al 2009 17 17 Amazônia: será a grande área endêmica do futuro ? • Retrospecto das últimas décadas: – Áreas desmatadas: não colonização de vetores nativos nem alóctones; – Bancos de sangue e morbi-mortalidade: baixos e estáveis – Casos agudos: diferentes no perfil clinico/epidemiológico – Inquéritos nacionais: índices muito baixos. Bolsões ? – Microepidemias: ocorrem aleatoriamente. Padrões – T cruzi I exclusivo ou predominante: significado ? 18 18 Problema prioritário: o controle do Triatoma infestans. Levantamento entomológico de base (situação “ inicial”) . Brasil *. 1975-1983. DISPERSÃO: 13 estados e 726 municípios (desconsiderando-se achados isolados e únicos em SC,SE e MA) * à exceção do estado de São Paulo Fonte: Silveira AC, Feitosa VR, Borges R. (1984) 19 Doença de Chagas – sequência da luta contra o principal transmissor no Brasil 1999 1989/92 1996 20 Doença de Chagas no Brasil– a vitória sobre o Triatoma infestans : últimos focos Resíduos do T.infestans no Brasil. 2003 . Certificação do Brasil: 2006 Fonte: MS/SVS 21 ÁREA CONHECIDA DE INFESTAÇÃO RESIDUAL. Triatoma infestans. Brasil. 2007. Municípios: 2 Localidades: 4 Unidades domiciliares: 7 Exemplares capturados: 142 Municípios: 11 Localidades: 13 Unidades domiciliares: 14 Exemplares capturados: 63 Fonte: SVS/MS 22 Número das principaies espécies de triatomineos capturadas e percentual de redução. Brasil, 1983 a 2001. Ano Espécie Percentual de Redução 1983 2001 Triatoma infestans 162.163 93 -99,9 Panstrongylus megistus 149.248 2.597 -98,6 Triatoma pseudomaculata 125.634 63.694 -49,3 Triatoma sordida 189.260 32.474 -82,8 99.845 67.972 -31,9 Triatoma brasiliensis (%) Fonte: MS/SVS/G.T. Controle de vetores 23 Exemplares de triatomíneos capturados por espécie. Dados acumulados para o período 2004 a 2008. Brasil. 307.203 350.000 300.000 250.000 135.642 130.902 200.000 150.000 20.418 100.000 10.822 7.184 4.698 3.557 3.457 3.265 508 7.417 50.000 0 T sordida T.pseudomaculata T.brasiliensis P.megistus P.lutzi R.neglectus T.rubrovaria R.nasutus T.rubrofasciata P.geniculatus T.infestans Outras Fonte: SVS/ Ministério da Saúde 24 Evolução epidemiológica da DCH no Brasil entre 1978 e 2004 Parâmetros considerados 1978 2004 Municípios c/ transmissão vetorial 2.800 <100 Municípios com T. infestans > 700 <10 Incidência anual estimada ________________________ Prevalência estimada 100.000 _________ 5.000.000 < 200 (?? __________ 2.000.000 Controle vetorial Incipiente Em vigilância + 8% >98% 10.000-15000 ____________ >7.000 <20 _______________ + 4.000 45 anos 65 anos 75% <25% Controle de bancos de sangue Incidência anual em b. sangue _________________________________ Mortalidade Anual específica Mediana da idade de morte População rural 25 INICIATIVA DEL CONO SUR BRASIL: Eliminacion de la Transmision de la Enfermedad de Chagas, 1982-98. 100 Tasas x 100 26 18,5 ! " 10 4,8 ! 2,7 ! ! Infestacion domiciliar " Incidencia (7-14 anos) 1 0,2 " 0,1 0 " 0 80 85 90 95 2000 26 DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS EXAMINADOS E POSITIVOS PARA INFECÇÃO CHAGÁSICA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA. ESTADO DE SÃO PAULO, 1990 A 1999. Faixa Etária Nº de examinados Nº de positivos % 0-5 591 0 0,0 6-9 814 0 0,0 10 - 14 802 4 0,5 15 - 19 569 1 0,2 20 - 29 851 3 0,4 30 - 39 810 12 1,5 40 - 49 639 28 4,4 50 (+) 903 47 5,2 TOTAL 5979 95 1,6 Fonte: LABORATÓRIO DE SOROEPIDEMIOLOGIA/SUCEN 27 27 27 Em 2005 era praticamente nula a prevalência de DCH abaixo dos 5 anos de idade Inquérito Nacional de Soroprevalência da Infecção Chagásica – Relatório Preliminar (2005) Municípios Número de amostras Percentual Programados Trabalhados Estimado Recebidas Examinadas Positivas de positividade Acre 8 0 993 0 0 0 ... Alagoas 41 41 4.174 3.742 3.742 4 0,11 Amapá 6 456 Amazonas 25 3.857 Bahia 168 166 21.257 15.451 14.823 19 0,13 Ceará 77 73 10.303 10.150 9.839 5 0,05 Distrito Federal 1 1 443 324 323 0 0,00 Espírito Santo 31 2.494 Goiás 88 62 4.958 1.185 1.053 0 0,00 Maranhão 87 13.737 Mato Grosso 50 0 3.057 0 0 0 ... Mato Grosso do Sul 31 28 2.255 771 452 0 0,00 Minas Gerais 341 341 19.331 11.299 11.244 30 0,27 Pará 65 35 8.813 3.897 1.403 0 ... Paraíba 89 89 4.712 3.024 3.024 3 0,10 Paraná 160 8.349 Pernambuco 74 45 11.944 3.436 2.233 0 0,00 Piauí 89 4.874 Rio de Janeiro 37 2.174 Rio Grande do Norte 65 3.156 Rio Grande do Sul 189 188 9.402 4.564 4.319 16 0,37 Rondonia 21 2.142 Roraima 7 5 311 136 0 0 ... Santa Catarina 118 4.777 São Paulo 258 8.308 Sergipe 30 31 2.188 2.733 1.880 0 0,00 Tocantins 55 56 1.738 1.080 1.080 0 0,00 Total 2.211 1.161 160.203 61.792 55.415 77 0,14 Estado 28 Prevalência da infeção chagásica entre doadores de sangue de Artigas (Uruguai) e Bambuí (MG-Brasil), por ano. prevalência (%) 25 20 15 10 5 0 1964 Bambuí Artigas 1974 ANO 1984 1994 29 Correlação entre a prevalência da infeção chagásica e a idade entre doadores de sangue latino-americanos em anos recentes (Wendel, 1997) (r= 0,993, p=0,001) 2,5 prevalência (%) 2 1,5 1 0,5 0 22 32 42 IDADES (ANOS) 52 62 30 Soroprevalência da infecção por Trypanosoma cruzi entre gestantes – Departmento de Artigas – Uruguai Soroprevalência (%) 30 28,8 25 20 15,6 15 10,3 10 5 3,3 0 1966 1973 1983 1993 Anos 31 Coeficiente de mortalidade específica por doença de Chagas/100.000 HABS. Brasil, 1980 > 2006. 6 5 5,2 5,4 5 4 4,8 4,9 4,7 4,6 4,4 4,5 4,3 4,1 3,7 3,8 3,8 3,5 3,5 3 3,4 3,4 3,3 3,2 3 2,8 2,8 2,8 2000 2002 2 2,7 2,7 2,7 1 0 80 82 1980 84 86 88 90 92 94 96 98 2004 2006 2006 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM 32 33 Mortalidade por Doença de Chagas por Região do Brasil em 2006 (Fonte: SIM ( datasus.gov.br ) acessado 24/8/2010) Taxa mortalidade* Total de óbitos Óbitos por DCh % óbitos DCh/Total % óbitos/DCh no País Brasil 6,1 1.031.691 4.930 0,48 100,00 Norte 6,5 55.872 66 0,12 1,33 Nordeste 6,5 256.139 1.057 0,41 21,44 Sudeste 5,9 493.850 2.519 0,51 51,10 Sul 5,8 163.388 267 0,16 5,42 C. Oeste 5,8 62.442 1.021 1,64 20,71 Região *: Taxa de óbitos padronizada/1.000 habitantes 34 Hospitalization due to HCD in Brazil, by age groups, between January 2006 & December 2007. Siurce: datasus.gov.br (acess: 25/10/2010) Age groups 0–19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70 & + TOTAL No. Hospitalizations 156 138 212 390 534 683 1.116 3.229 ( %) 4.83 4.27 6.57 12.09 16.54 21.15 35.56 85.34% 100.00 Observation: for the total 22,668.135 hospitalization, the general proportion due to HChD (3.229) was 0.014% 35 35 35 DCH: Principais razões para a redução da incidência no Brasil • Ações específicas: – – – – – Aumento das ações de controle químico desde os anos 1975 Progressivo aumento da vigilância epidemiológica Progressiva melhoria de casas rurais Seleção de doadores nos bancos de sangue, mormente após advento HIV Redução consequente de doadores e gestantes infectados, nos últimos 30 anos • Razões contextuais – Migração rural urbana com redução da densidade demográfica rural – Progressiva mudança do modelo de produção rural : – Economia de sobrevivência para larga escala agro industrial – Desflorestamento extensivo e intensificação de ações antrópicas 36 36 Cinco marcos importantes na moderna epidemiología da doença de Chagas humana no Brasil I. Curto prazo: virtual controle da transmissão vetorial e transfusional, com manutenção de vigilância epidemiológica; II. Médio prazo: a) Redução significativa das princiais formas de transmissão; b) Progressiva redução da morbi-mortalidade c) Progressivo deslocamento demográfico de chagásicos para idades mais elevadas; d) Superposição de agravos (HIV e crônico-degenerativos). 37 Discussão sobre a morbi-mortalidade • Inequivocamente os dados indicam regressão; • Não foi impacto do tratamento específico; • Pode ter sido impacto de: – Melhor cobertura e qualidade da atenção médica (assistência e insumos); – Idem da seguridade social; – Urbanização como fator de menor sobrecarga de trabalho; – Efeito positivo da redução de reinfeções exógenas. 38 Consequências mediatas do controle Um novo perfil clínico • Tendências visíveis no Brasil desde os anos 1980: – Drástica redução de casos agudos e de incidência – Redução da prevalência abaixo dos 20 anos de idade – Progressivo decréscimo de quadros clínicos mais graves (CCC e formas digestivas) – Consequente redução de mortalidade e hosppitalização – Aumento da expectativa de vida dos infectados (manejo??) – Consequente ddeslocamento de formas graves e mortalidade para grupos etários mais elevados – Superposição à DCH por outras doenças e agravos (HIV e desordens crônico degenerativas) 39 Epidemiologia clínica atual no Brasil – Dimensões genéricas esperáveis (20 anos) • Ainda eventuais agudos e congênitos, demandando atenção sobre febris prolongados e RN sugestivos (5-10% ??) • Pelo menos 50% de crônicos indeterminados a partir de bancos de sangue e inquéritos/programas; • Demanda espontânea priorizando até 40% de cardíacos iniciais; • Predomínio de casos avançados nos hospitais, com redução progressiva de intensidade; • Recordar que até 50% de crônicos digestivos apresentam cardiopatia chagásica associada. 40 Rotas migratórias desde a América Latina e estimativas do número de infectados por DCH em regiões não endêmicas Fonte: Coura JR & Albajar-Viñas Nature 465, S6—S7 (24 June 2010) 41 41 Futuro, perspectivas.... METAS POSSÍVEIS : Interromper progressivamente a transmissão Reduzir la morbidade e a mortalidade DESAFÍOS: • Manter a vigilância sobre o vetor e a transfusão de sangue. • Política ambiental e cuidado com áreas naturais • Manejo adequado da doença de Chagas congênita • Atenção médica e seguridade social para os já infectados; • Na Academia e Serviços: • Pesquisas adicionais e capacitação de Recurso Humano • Desdobramentos em Educação Formal • Estímulo continuado ao poder público 42 Horizontes gerais da DCH no Brasil (20 anos) • Redução e focalização de vetores domiciliados • Modificações e redução da densidade triatomínico/tripanossômica em ecótopos naturais (mosaico e concentração) • Possíveis (mas pouco prováveis) áreas novas de expansão/domiciliação (Amazônia, fronteiras agrícolas) • Êxodo rural e remanescência de bolsões de pobreza • Aumento da população urbana marginal sem infestação pelo vetor • Consolidação do programa de prevenção transfusional • Persistência de casos esporádicos de transmissão oral • Progressiva redução de recursos em pesquisa e controle 43 300 250 200 150 100 50 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SVS 44 Doença de Chagas – cenário epidemiológico atual Casos de DCA segundo UF / Brasil Período: 2005 a 2010 UF AC AM AP CE BA MA MT PA PI SC SP TO TOTAL 2005 02 07 24 33 2006 05 08 13 02 01 85 01 03 118 2007 28 19 02 01 109 01 01 161 2008 20 01 05 99 01 05 131 2009 01 03 15 01 236 256 2010 18 10 28 Fonte: SVS/MS TOTAL Óbitos 01 49 01 59 09 13 02 12 01 02 546 11 03 24 03 03 01 06 727 19 Observação: 92,57% na Amazônia ( 75,10% no Pará) % LET 2,6 45 Doença de Chagas – cenário epidemiológico atual Casos de DCA por tipo de transmissão - Brasil, 2005 a 2010* Ano Casos Oral % Vetorial % Ignorada % 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 33 118 161 131 256 28 27 107 119 74 165 21 82% 91% 74% 56% 64% 75% 0 3 3 4 6 1 0% 3% 2% 3% 2% 4% 6 8 39 53 85 6 18% 7% 24% 40% 33% 21% Total 727 513 71% 17 2% 197 27% *até 30/05/2010 46 Doença de Chagas – desafios • Manter a interrupção da transmissão vetorial pelo Triatoma infestans e impedir a domiciliação de outras espécies através de vigilância sustentada • Buscar, identificar e tratar os portadores crônicos da doença de Chagas com possibilidades de se beneficiar com o tratamento específico: • Fomentar pesquisa e desenvolvimento de novas drogas para o tratamento específico e suportivo, especialmente em ICC e arritmias graves •ASSEGURAR ATENÇÃO PRECOCE E CONTINUADA AOS INFECTADOS!!!! • Pesquisa e desenvolvimento de testes rápidos para diagnóstico laboratorial da doença de Chagas e de teste indicativo de cura 47 Doença de Chagas – desafios • Estabelecer estratégias de identificação dos pacientes com co-infecção HIV/Chagas • Criar mecanismos de encaminhamento para a assistência, e acompanhamento dos casos positivos para T. cruzi na triagem sorológica dos hemocentros e do SUS • Caracterizar o perfil desejável dos serviços para definir uma rede assistencial de referência para tratamento dos pacientes com cardiopatia chagásica 48 Doença de Chagas – desafios • Capacitação de profissionais da atenção básica para tratamento dos pacientes crônicos com forma indeterminada da doença de Chagas •Criar mecanismos efetivos de vigilância epidemiológica na Região Amazônica • Fortalecer a vigilância sanitária na cadeia de extração produção e comercialização do açaí e outras fontes de sucos na Amazônia • Aprimoramento e atualização do sistema nacional de epidemiologia. 49 Doença de Chagas – desafios técnicos • Como prevenir a domiciliação de novas espécies? • Como manter o domicílio livre de espécies antropofílicas e vetores que ocupam o peridomicílio? nativas • Como realizar o controle de mecanismos excepcionais de transmissão vetorial? • Como manter a sustentabilidade das ações de controle na ausência de transmissão vetorial? • Como fazer a vigilância (epidemiológica, entomológica e de reservatórios) na Região Amazônica? 50 Transmissão oral: que fazer ? • Praticamente imprevisível, mas em geral • • • dependente de vetor próximo; Afastamento de ecótopos nativos e proteção mecânica; Generalidades no manejo alimentos; Detecção precoce do caso: – Diagnóstico em lâminas e hemogramas – Tratamento específico • Investigação de contatos e convivas; • Notificação e estudo da transmissão. 51 51 Sumarizando a SITUAÇÃO ATUAL: RISCOS E PERSPECTIVAS RISCO de transmissão Vetorial: improvável, mínimo ou acidental, por espécies nativas e invasoras. SE PARAR A VIGILÂNCIA VOLTA LENTAMENTE. Transfusional: mínimo, por eventuais falhas na triagem de doadores; Congênita: possível, em determinadas áreas, como parece ser no Rio G do Sul; Oral: possível, endêmica na Amazônia e esporádica e “imprevisível” em outras áreas; Outras vias: possíveis mas esporádicas e acidentais; RISCO de adoecimento e morte: sim, tendendo à progressiva redução. PERSPECTIVAS (ou “expectativas”) completa eliminação de T. infestans, com interrupção “definitiva” da transmissão vetorial em áreas em que é espécie exclusiva; manutenção de baixos níveis de infestação e eliminação de colônias intradomiciliares de espécies autóctones; esgotamento progressivo da transmissão transfusional; ocorrência “ inevitável” e decrescente de casos por transmissão congênita, em áreas localizadas; ocorrência em “parte evitável” por via oral e por outras formas de 52 dependentes do ciclo enzoótico de transmissão. PARA PENSAR Alguns elementos atuais nos planos sociais e políticos (Cenário Latino Americano) • Políticas públicas e sociais ainda frágeis: – Instabilidade de autoridades, prioridades e financiamento. – Redução de referências centrais; • Dificuldades na transição de sistemas verticais para • • horizontais de controle: periferia multiforme Excelente desempenho nos bancos de sangue Não inserção da DCH nas leis globais de mercado: – – – – Mercado dependente do setor público Lucro pequeno nos setores de inseticidas e drogas Anomia e baixo valor da população em risco Baixíssima prioridade rural (habitação) e educacional • Progressiva perda de interesse no âmbito científico e político 53 ... Entre nós, a iniciativa de medidas sanitárias justifica-se, sem duvida, em considerações bem mais elevadas: é o futuro de um grande povo que se deverá zelar; são deveres de humanidade e patriotismo que devem actuar no espírito progressista dos homens de estado; é a vida humana, é progresso material,(Carlos o aperfeiçoamento de uma raça Chagas, agosto de 1911) que degenera, o obstáculo productivo à grandeza econômica do paiz . 54 ... (Carlos Chagas, 1912)