Aluno: _________________________________________________________________ nº _______ Disciplina: Filosofia _____ / _____ / 2013 Professor: Eduardo Pedroza Ensino Médio – 2ª Série _____ Ficha 04 – O Senso Comum e a Ideologia 1. Do senso comum ao bom senso Desde crianças, recebemos ideias e valores “de fora para dentro”, que plasmam nossa maneira de sentir e de pensar. Por exemplo, o modo como nos relacionamos com pais, professores, amigos e vizinhos, como trabalhamos e nos divertimos, tudo isso varia conforme o lugar em que crescemos (cidade ou campo), se pertencemos a segmentos sociais privilegiados ou pobres, se convivemos em grupos de fortes convicções religiosas ou de orientação laica. No século XIX, o tratamento cerimonioso que as mulheres dispensavam a seus maridos, chamando-os de “senhores” e devendo-lhes obediência, era resultado da tradição patriarcalista que as confinava no lar e as sujeitava aos valores da sociedade androcêntrica, isto é, centrada na figura masculina. Hoje em dia, pelo menos nas grandes cidades cosmopolitas, as relações familiares são mais descontraídas e até os filhos tratam os pais por “você”. Esse exemplo serve para refletirmos sobre as certezas a respeito dos papéis masculinos e femininos que, conforme a tradição, marcam de forma artificial o conceito de masculinidade e de feminilidade, como se houvesse desde sempre uma natureza feminina e outra masculina: as brincadeiras diferentes de meninos e de meninas; as profissões “próprias para homens” e “impróprias para mulheres”; enfim, as regras de comportamento que na verdade limitam a atuação da mulher na sociedade. No entanto, o conhecimento pode ser ilusório, porque resulta de um conjunto de concepções fragmentadas, nem sempre coerentes entre si, além de condicionar a aceitação mecânica e passiva de valores não-questionados, impostos sem crítica ao grupo social. Por isso, às vezes a aceitação desses valores se torna fonte de preconceitos, quando não se abre ao questionamento, ao diálogo e despreza opiniões divergentes. Afastando a suspeita de que a razão é sempre impotente para evitar as ilusões do conhecimento, vamos ampliar o que entendemos por esse primeiro olhar sobre o mundo, ainda não crítico, e que denominamos senso comum, a partir do qual as pessoas participam de uma comunhão de ideias e realizam as expectativas de comportamentos dos grupos sociais a que pertencem. Senso comum Compreensão de mundo que é fruto de crenças e tradições, das quais nos aproximamos por meio dos sentidos, da memória, dos hábitos, dos desejos, da imaginação, da razão. Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida, adquirimos convicções e confiança para agir. 1 2. A Ideologia O conceito de ideologia tem diversos significados e sempre foi alvo de inúmeras controvérsias. Mesmo entre os marxistas, que o utilizaram de forma ampla, adquiriu diversas nuanças, conforme o pensador, oscilando às vezes entre uma concepção negativa e outra positiva, como veremos adiante. Por isso, é importante verificar em que sentido o termo está sendo empregado em determinado contexto. Comecemos pelo conceito mais genérico, segundo o qual ideologia significa o conjunto de ideias, concepções ou opiniões sobre algum tema sujeito a discussão, por exemplo, a ideologia burguesa, a ideologia de um partido político etc. Nesse sentido, do ponto de vista prático, ideologia é o conjunto de ideias sistematizadas que servem para orientar a ação. Ideologia Conjunto de representações e ideias, bem como de normas de conduta, por meio das quais o indivíduo é levado a pensar, sentir e agir da maneira que convém à classe que detém o poder. 2