PSICOSSOMÁTICA E A SAÚDE Amanda Rocha Amaral Nogueira Tomaz Géssica Silva de Andrade Lorrane Sardinha Sarmento Na saúde em geral, observa-se a existência de inúmeras doenças crônicas que exigem tratamentos contínuos, o que pode sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS), aumentando o número de consultas realizadas e a quantidade de medicação para controle dessas doenças. Muitas vezes esses esforços para sanar o sofrimento físico não são suficientes, visto que esses indivíduos enfrentam, diariamente, inúmeras insatisfações e dificuldades com a doença crônica (como hipertensão, diabetes, entre outras)1,2. Desta forma, surge a necessidade de buscar uma compreensão mais profunda, um entendimento complementar do melhor manejo do desequilíbrio físico e psicológico, já que o indivíduo não é só um corpo físico, mas também constituído de outras dimensões, como a psíquica, social, econômica e cultural, que estão interconectadas e podem afetar o equilíbrio da saúde do indivíduo.1 A saúde das pessoas é resultante de um processo de construção contínuo, que se dá ao longo de sua vida, e é resultado dos hábitos de vida e aspectos. O conceito atual de “psicossomática”, definido por Lipowiski (1984), tem a intenção de abarcar a integralidade do homem, ou seja, sua totalidade, o complexo mente-corpo que interage com o contexto social1. Sendo assim, a psicossomática é a área da saúde que estuda os efeitos dos sentimentos na saúde do indivíduo. Um breve exemplo disso, é que o fato de estarmos preocupados, estressados, ou até mesmo levarmos um susto, e essas emoções serem capazes de provocar a aceleração do batimento cardíaco2,3,4. A partir disso, um estudo chamado “Estudos Expressivos e Quantitativos em Psicossomática na Atenção em Saúde” do professor Enéas Rangel Teixeira da Universidade Federal Fluminense, visou avaliar o grau de hipertensão dos voluntários da pesquisa e relacioná-los com uma doença conhecida como “Alexitimia”, que é definida por como a inabilidade de expressar sentimentos3. Nesta pesquisa, realizada em uma unidade básica de saúde do município de Niterói-RJ, foram utilizados dois questionários: um que visava conhecer características do voluntário (idade, renda, tempo que é hipertenso, etc) e outro conhecido como TAS-20, que é uma escala de Toronto que avalia o grau de alexitimia do indivíduo5. A partir dessa pesquisa, que ainda está em andamento, pode-se perceber, pela análise dos questionários respondidos e resultados parciais destes, que muitos indivíduos hipertensos apresentavam a alexitimia. Embora os resultados da pesquisa ainda não sejam suficientes para afirmar que haja relação direta da hipertensão com a alexitimia, os resultados mostraram que muitos indivíduos possuem dificuldade de expressar seus sentimentos. Desta forma, o intuito da pesquisa é que esses resultados sejam usados de forma positiva para os usuários das unidades básicas de saúde de Niterói, visando assistência integral ao paciente hipertenso e multiprofissional (dessa forma, o indivíduo seria atendido pelo médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, e/ou qualquer outro profissional de saúde que fosse necessário). As implicações desse tipo de estudo para a saúde são no âmbito de promover atendimento qualificado e especializado para a população usuária dos serviços de saúde, onde objetiva-se que o indivíduo não seja tratado apenas com medicamentos, mas também em seu aspecto psicológico, visto que o ser humano é um complexo corpomente, que não pode ser separado. REFERÊNCIAS 1. SILVA, Juliana Dors Tigre da; MULLER, Marisa Campio. Uma integração teórica entre psicossomática,stress e doenças crônicas (Campinas), Campinas , v. 24, n. 2, Junho 2007. de pele. Estud. psicol. 2. MAC FADDEN, M. A. J.; RIBEIRO, A. V. Aspectos psicológicos e hipertensão essencial. Revista da Associação Médica Brasileira, vol 44 p. 4-10. São Paulo, 1998. 3. MELLO FILHO Júlio de (org.). A psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. 4. SIFNEOS PE. Psychosomatic, alexithymie et neurosciences. Rev Fran Psychosom. 1995;7:27-34. 5. BALBINOTTI, M. A. A. et al. Estudos da Consistência Interna e Fatorial Confirmatório da Escala Toronto de Alexitimia-20 (ETA-20). Interamerican Journal of Psychology, vol.39 nº 2 pp. 221-230, ano 2005.