Goiânia, segunda-feira, 20 de abril de 2015
Como a linguagem corporal ajuda na entrevista
Que mensagem será que uma pessoa transmite ao entrar pela porta, ao apertar as mãos e ao
sentar-se? Três especialistas em Linguagem Corporal dão dicas sobre o que fazer e o que
evitar durante uma entrevista de emprego
Da BBC
Samuel Amegavisa está cada dia mais nervoso. Cursando o último ano de Biologia na Universidade
de Cape Coast, em Gana, ele agora começa a se preocupar com as entrevistas de emprego que terá
pela frente.
“A minha situação é bem simples: nunca fui a uma entrevista de trabalho”, contou o estudante de 23
anos, fazendo, a seguir, uma pergunta básica, mas que escapa a muitos de nós: “Existe alguma
maneira mais recomendável de se sentar antes e durante uma entrevista?”.
Enquanto todos nós sabemos o quanto é importante causar uma boa primeira impressão e
investimos em um visual mais adequado, a maneira de se portar é bem menos conhecida. Que
mensagem será que uma pessoa transmite ao entrar pela porta, apertar as mãos e sentar-se? Três
especialistas em Linguagem Corporal dão suas dicas sobre o que fazer e o que evitar, durante uma
entrevista de emprego.
Espaço pessoal
O primeiro contato entre um candidato e seu entrevistador é quase sempre um aperto de mão. E
como a primeira impressão, muitas vezes, determina como o restante da entrevista vai caminhar,
este é um dos primeiros e mais importantes elementos que deve funcionar, segundo David Alssema,
especialista em Linguagem Corporal e instrutor da Paramount Training & Development em Perth,
na Austrália.
“A empatia é construída em semelhanças, portanto o melhor é apertar a mão do entrevistador da
mesma maneira como ele aperta a sua”, recomenda Alssema. “Usar a mesma intensidade de
cumprimento mostra que você quer ser igual a ele. Já um aperto de mão muito forte pode sinalizar
uma atitude de dominação em relação ao encontro.”
Não importa qual a nossa origem cultural, todos nós temos consciência ou, pelo menos alguma
percepção inconsciente, de que temos quatro espaços bem definidos a nossa volta: a pública, a
social, a pessoal e a íntima.
Para Nick Morgan, professor de Oratória e autor do livro Power Cues: The Subtle Science of
Leading Groups, Persuading Others and Maximizing Your Personal Impact (“Sinais de Poder: a
Sutil Ciência de Liderar, Influenciar e Maximizar seu Impacto Pessoal”), é importante estar
sintonizado com essa hierarquia espacial durante uma entrevista.
“As coisas mais importantes que acontecem entre uma pessoa e outra acontecem no espaço pessoal
e no espaço íntimo”, explica. “Como o espaço íntimo não está envolvido em uma entrevista de
emprego, você precisa entrar no espaço pessoal do entrevistador se quiser que ele passe a vê-lo com
bons olhos.”
Enquanto o aperto de mão nos coloca dentro desse espaço pessoal, e é por isso que o fazemos,
segundo Morgan, a maneira como uma entrevista de emprego normalmente é montada nos coloca
longe do entrevistador.
“Isso facilita que ele transmita sua mensagem, mas dificulta que o candidato deixe uma boa
impressão”, afirma o especialista. “Por isso, procure maneiras de entrar taticamente no espaço
pessoal do entrevistador”. Um exemplo: mova a sua cadeira um pouco para frente, ou sente-se do
mesmo lado que ele se houver uma mesa redonda.
Uma vez sentado, pense em outros jeitos de diminuir a distância: incline-se para frente, mas não
muito. “Tente fazer isso de maneira lenta e sutil, e não rapidamente ou desastradamente”, avisa
Morgan. É um esforço que vale a pena, segundo ele. “Aumentamos nossa confiança e nossa
conexão com as pessoas quando fechamos a distância entre nós, ainda que ligeiramente.”
Linguagem aberta
De acordo com Morgan, é fundamental manter uma linguagem corporal “aberta”. É possível que o
nervosismo natural provocado pela situação faça com que você cruze os braços ou aperte as mãos
sem perceber.
“Esses gestos fazem a gente se sentir mais seguro e confortável, mas nos distanciam e desconectam
dos outros”, afirma. “Além disso, são sinais de que você não está muito interessado no que o outro
está dizendo”.
O contato visual é outro elemento importante. Alssema sugere tentar encarar o entrevistador a
mesma quantidade de vezes que ele olhar para os olhos do candidato.
Se houver mais do que um entrevistador na sala, é importante distribuir esse contato visual de
maneira igual para cada um. “Responda para cada pessoa individualmente mantendo contato visual
com ela quando estiver falando”, diz o consultor. “Olhar à sua volta pode ser um sinal de tédio,
portanto evite”.
As pessoas frequentemente cometem o erro de achar que manter um bom contato visual é nunca
tirar os olhos do entrevistador, mas isso também pode ser ruim, segundo Patti Wood, especialista em
linguagem corporal e autora de Snap Making the Most of First Impressions, Body Language and
Charisma (“Snap – Como Melhorar Primeiras Impressões, Linguagem Corporal e Carisma”).
“É normal olhar para os lados de vez em quando, enquanto você fala, porque você está acessando
informações em seu cérebro”, afirma ela. “Mas não se deixe distrair demais quando o entrevistador
estiver falando. Depois de dar uma resposta, lembre-se de manter o contato visual e ouça o
entrevistador. Isso sinaliza que você é sério e está envolvido na conversa”, diz Wood.
Respiração
Quando ficamos nervosos, começamos a respirar mais aceleradamente. E isso pode arruinar uma
entrevista. “Quando você respira rápida e superficialmente, reduz sua capacidade de pensar com
clareza”, diz Wood. “Isso pode fazer você demorar mais e enrolar nas respostas.”
Por isso, tente respirar profundamente com o ar vindo desde a barriga. “Este é um dos segredos para
se manter energizado, confiante e com a mente mais alerta”, afirma. A dica da consultora é tentar
adotar esse tipo de respiração toda vez que se sentir ansioso e, principalmente, antes da entrevista.
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