EDUCAÇÃO ROMANA
Denilson A. Rossi1
O texto que segue pretende apresentar, de modo sintético, alguns elementos favoráveis
ao objetivo de compreender o processo de formação da educação romana, suas
características e seus principais representantes. Para tanto, pergunta-se: O que se sabe a
respeito da história romana? Qual a diferença da cultura romana em relação à grega? Quais
são as principais características e quais os principais representantes da educação romana?
1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Segundo Aranha (2006), pode-se falar em três fases para contextualizar a história
romana:
 Realeza (753 a 509 a.C.);
 República (509 a 27 a.C.);
 Império (27 a.C. a 476 d.C.).
Constata-se que, em cada uma destas fases, há determinados aspectos que lhe são
peculiares, conforme descrito abaixo.
Realeza (753 a 509 a.C.):
• a fundação de Roma, deve-se à junção de três povos (gregos, etruscos e italiotas)
que habitavam a Península Itálica;
• agricultura e pastoreio movimentavam a economia;
• sistema político predominante: a monarquia;
• divisão de classes: patrícios (nobres proprietários); e, plebeus (camponeses,
artesãos, comerciantes).
República (509 a 27 a.C.):
Sabe-se que, “Com a queda do último rei etrusco, teve início a República, que
representava os interesses dos patrícios, únicos a terem acesso aos cargos políticos”.
(ARANHA, 2006, p. 86).
Neste item, de acordo com Aranha (2006), destaca-se ainda:
• luta e conquista dos plebeus: criação do Tribunato da Plebe; permissão do
casamento misto; publicação da Lei das Doze Tábuas (origem do Direito Romano);
• expansão: aos poucos diversas regiões foram ocupadas pelos romanos;
• cresce o sistema de escravidão a ponto de gerar revoltas, dentre as quais a mais
conhecida é a revolta de Espártaco (73 a.C.).
Império (27 a.C. a 476 d.C.):
Pode-se dizer que o império é o período mais conhecido da cultura romana. Segundo
Aranha (2006), é importante destacar deste período os seguintes pontos:
• a busca de César, pelo poder absoluto, pois fim à frágil República;
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Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, licenciado em Filosofia e
especialista em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Bagozzi. Especialista em Formação
Humana – Counseling (IATES). Professor na graduação e pós-graduação Bagozzi e no Grupo
Educacional ITECNE. Mestrando em Teologia (PUC-PR). [email protected]
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Otávio, ao receber (27 a.c.) o título de Augusto, implantou o Império;
com Augusto houve grande desenvolvimento cultural e urbano (construção de
templos, aquedutos, termas, estradas, edifícios públicos..., incentivo das artes);
no século II d.C. o império: alcançou sua extensão máxima; aumentou o número de
funcionários do governo; e, sedimentou a instituição do Direito Romano;
surgimento do cristianismo;
Nero (64) e a perseguição aos cristãos;
Constantino (313) e a liberdade de culto aos cristãos;
em 395 ocorreu a divisão do Império: Ocidental e Oriental;
em 476 aconteceu a queda da Itália, dando fim ao domínio imperial da cultura
romana.
2 EDUCAÇÃO ROMANA
É importante ressaltar que, diferentemente da cultura grega, teórica e reflexiva, a
cultura romana é prática e voltada para a ação. Neste sentido, pode-se afirmar que a
educação romana é pautada na prática utilitária, na moral militarista e na imitação (exemplo
do mais velho).
Para melhor compreender o processo de formação da educação romana, optou-se por
apresenta-la seguindo os seguintes aspectos: educação na família; educação por escravos e
libertos; literatura, escola e sociedade; a escola e seus ensinamentos.
Educação na família:
O pesquisador Manacorda (1999, p. 73) afirma que “Os historiadores da pedagogia
concordam em afirmar que, na Roma antiga, o primeiro educador é o pater familias”.
Segundo ele, “[...] desde os primeiros tempos da cidade, a autonomia da educação
paterna era uma lei do Estado: o pai é dono e artífice de seus filhos”. (MANACORDA, 1999,
p. 74).
Em se tratando da educação na família, vale salientar também o papel da mulher, pois a
mãe tinha grande importância na educação dos filhos. As brincadeiras e as primeiras
aprendizagens era tarefa da mãe ensinar aos filhos. E, “Após os sete anos a criança passava
[...] sob a tutela do pai, do qual aprendia, [...] os primeiros rudimentos do saber e as
tradições familiares e pátrias, [...] excitações físicas e militares”. (MANACORDA, 1999, p. 76)
Educação por escravos e libertos:
Quanto à educação efetuada por escravos e libertos, veja-se o que afirma Manacorda
(1999, p. 78): “[...] com o evoluir da sociedade patriarcal romana, a educação se torna um
ofício praticado inicialmente por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos
na escola”.
Por escravos libertos se compreendia os gregos.
Literatura, escola e sociedade:
Segundo o historiador Manacorda (1999) a literatura era praticada sob duas formas: em
prova e em versos.
A literatura em prosa era própria dos latinos – cidadãos que também escrevem. Por sua
vez, a literatura em versos era dos gregos – escrita por profissionais excluídos da vida
política. “A literatura do cidadão romano deve ser de participação nos atos públicos ou de
manifestação de suas funções privadas, como a de um administrador ou a de um educador,
jamais poderia ser uma arte ou uma profissão exercida para viver [...]” (MANACORDA, 1999,
p. 84).
A escola e seus ensinamentos:
Para os romanos os “estudos são essencialmente humanistas [...]” Disto decorre um
termo muito próprio para significar esta perspectiva humanista e universal. Trata-se da
expressão:
Humanitas = “cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais”. (GADOTTI,
2011, p. 42).
Como afirma outra autora, humanitas representa “A cultura universalizada [...],
equivalente à paidéia grega. [...] formação do indivíduo virtuoso, como ser moral, político e
literário”. (ARANHA, 2006, p. 89).
A humanitas era ensinada na escola do gramático.
Segundo Gadotti (2011), no auge do Império havia três graus de ensino:
 ludi-magister = educação elementar;
 gramático = ensino secundário;
 superior = retórica, Direito e Filosofia.
3 PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Catão (234-149 a.C), o Antigo:
Atribuía grande importância à formação do caráter; defendia a tradição romana contra a
influência grega. (cf. GADOTTI, 2012; ARANHA, 2006)
Marco T. Varrão (116-27 a.C):
Defendia uma cultura romano-helênica; escreveu uma enciclopédia didática. (cf.
GADOTTI, 2011; ARANHA, 2006)
Marco Túlio Cícero (106-43 a.C):
Homem culto, de saber universal, e oratória brilhante, ampliou muito o vocabulário
latino; idealizador do direito; representante da humanitas. “Para ele, a formação integral do
orador requer cultura geral, formação jurídica, aprendizagem da argumentação filosófica,
[...] habilidades literárias [...]”. (cf. GADOTTI, 2011; ARANHA, 2006, p. 93)
Vale destacar algumas frases marcantes desse pensador: “[...] nada em nossa vida
escapa ao dever. [...] próprio do homem é a procura da verdade. [...] O mérito da virtude
está na ação.” (CÍCERO, apud GADOTTI, 2011, p. 45-47)
Sêneca (4 a.C - 65):
Filósofo estóico; “Não se deve ensinar para a escola, mas para a vida”. Segundo ele, a
educação deve ser prática e vivificada pelo exemplo. (GADOTTI, 2011; ARANHA, 2006)
Plutarco (46-119):
Filósofo eclético, ensinou em Roma; insistia na formação do caráter a partir da leitura de
biografias de grandes homens. (GADOTTI, 2011; ARANHA, 2006)
Marco Flávio Quintiliano (35-95):
Um dos mais respeitados pedagogos romanos; lecionou na escola de retórica, em Roma;
distanciou-se das discussões teóricas e focou na educação técnica e prática; ele sugere o
estudo simultâneo da leitura e da escrita. (GADOTTI, 2011; ARANHA, 2006)
Segundo Aranha (2006, p. 93), Quintiliano “recomenda alternar trabalho e recreação
para que a atividade escolar seja menos árdua e mais proveitosa.”
Além de ser defensor da aprendizagem em grupo visando estimular a alegria do
aprendiz; ele entendia que era preciso ensinar de acordo com a natureza humana.
(ARANHA, 2006; GADOTTI, 2011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, pode-se afirmar que a educação romana se fundamenta nos seguintes
elementos:
 mentalidade prática;
 formação do caráter moral;
 importante papel da família;
 visão militar e rude;
 leis e direito;
 formação enciclopédica, literária e com ênfase na retórica;
 imitação e memorização como método.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3. ed.
São Paulo: Moderna, 2006.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2011.
MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias. 7. ed.
São Paulo: Cortez, 1999.
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