Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014
Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014
Desempenho Econômico-Financeiro de Operadoras de Plano de Saúde Suplementar
Victor Vieira Silva – [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Eduardo Loebel – [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Área Temática: Gestão de Saúde
Resumo
Com a regulamentação do setor de saúde suplementar brasileira, a partir da criação da
Agência Nacional de Saúde Suplementar, houve uma preocupação maior com a viabilidade
financeira das empresas atuantes nesse setor, tanto por parte das próprias empresas, quanto
por parte da Agência reguladora. Isso porque é exigida uma base financeira mínima para
manter o registro ativo das empresas junto à Agência e, com o registro ativo, continuar a
operar com a venda de planos privados de saúde. Entretanto, apesar da importância do
conhecimento do desempenho econômico-financeiro dessas empresas, poucos tem sido os
estudos feitos com foco nos seus respectivos desempenhos organizacionais. Portanto, o
presente artigo tem como objetivo analisar o desempenho organizacional de operadoras de
planos de assistência médica do sistema brasileiro de saúde suplementar, abrangendo as
operadoras das seguintes modalidades: autogestão, cooperativa médica, filantropia, medicina
de grupo e seguradora especializada em saúde. O recorte temporal de análise abrange os anos
de 2008 a 2012. Foi criada uma base contendo os dados característicos e contábeis das
empresas das supracitadas modalidades. O método de análise adotado é a Análise de Índices,
cujo desempenho organizacional é analisado por meio de indicadores, que relaciona contas ou
grupo de contas do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado da empresa. Os
índices calculados foram: Retorno sobre o Ativo Total, Retorno Operacional sobre o Ativo
Total, Retorno sobre o Patrimônio Líquido, Endividamento de Curto Prazo, Liquidez
Corrente, Sinistralidade. Fez-se uso da Estatística Descritiva básica, calculando média e
desvio-padrão para os índices calculados neste trabalho. Os resultados apontam as
características gerais do setor, em relação a cada índice proposto, mostrando qual a tendência
de desempenho organizacional das empresas desse setor. Identificou-se, também, quais
operadoras se destacaram por condições favoráveis nos índices.
Palavras-chave: Desempenho Organizacional; Gestão em Saúde; Análise de Indicadores de
Desempenho.
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1. Introdução
Até os anos 1980, os pesquisadores brasileiros deram pouca atenção aos estudos sobre saúde.
Esses estudos abordavam temas como processos de doença, medicina e sociedade, política de
saúde, epidemiologia social e epidemiologia clínica. Foi a partir dos anos 1990 que os estudos
sobre saúde se ampliaram, estando relacionados com os debates e as mudanças que ocorreram
no setor de saúde suplementar, sendo a principal delas a regulamentação do setor, por meio da
criação da Agência Nacional de Saúde (ANS). A Agência propicia uma segurança no setor, ao
passo que promove a defesa do interesse público na assistência à saúde, monitora as empresas
do setor e contribui para o desenvolvimento da saúde no país (ANS, 2014). Além disso, uma
das preocupações da Agência é quanto aos aspectos financeiros das empresas atuantes no
setor de saúde suplementar, exigindo de cada uma dessas empresas capital mínimo, reservas
técnicas e provisões de risco (SALVATORI; VENTURA, 2012). A viabilidade financeira é
uma forma de garantir aos beneficiários dos planos privados de saúde a prestação de serviços
e possibilitar à empresa, por meio da continuidade do seu registro para operar no setor de
saúde suplementar, a competição por novos mercados.
Apesar de ser condição essencial à continuidade das operações das empresas, o desempenho
organizacional das empresas atuantes no setor de saúde suplementar, com foco no
desempenho econômico-financeiro, ainda tem despertado pouco interesse dos pesquisadores
brasileiros. O conhecimento do desempenho organizacional das empresas é importante para a
avaliação das tomadas de decisões anteriores, bem como para as próximas a serem tomadas.
Um desempenho organizacional acima da média do setor em que atua pode evidenciar uma
vantagem competitiva da empresa. Diante desse exposto, o artigo tem como problema de
pesquisa: como é o desempenho das operadoras de planos de saúde suplementar? O objetivo
consiste na análise do desempenho econômico-financeiro e operacional das operadoras
atuantes no mercado brasileiro de saúde suplementar, restringindo a pesquisa às modalidades
de autogestão, cooperativa médica, filantropia, medicina de grupo e seguradora especializada
em saúde. Os anos compreendidos na análise são de 2008 a 2012.
Para atingir esse objetivo, a etapa primordial e essencial para a realização deste trabalho, foi a
elaboração de uma base de dados, contendo os dados característicos e contábeis das
operadoras das modalidades acima citadas. Os dados foram coletados no próprio site da ANS,
exigindo o trabalho de reorganização dos mesmos. A partir da base de dados, utilizou-se
como método a Análise de Índices, que são calculados por meio da relação entre contas ou
grupo de contas do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado das empresas. Os
índices econômicos calculados e analisados foram Retorno sobre o Ativo Total, Retorno
Operacional sobre o Ativo Total, Retorno sobre o Patrimônio Líquido. Os índices financeiros
utilizados foram Endividamento de Curto Prazo e Liquidez Corrente. Utilizou-se a
Sinistralidade como um indicador do desempenho operacional. Ainda, fez-se uso da
Estatística Descritiva básica, por meio do cálculo da média e desvio padrão de cada índice ao
longo dos anos, evidenciando a tendência do setor, e também para a identificação das
operadoras que se destacaram nos índices, por meio de seus índices médios.
O artigo ficou organizado com a seguinte estrutura: uma introdução sobre o tema que será
abordado, destacando o problema de pesquisa, objetivo geral e o método utilizado; um
referencial teórico sobre desempenho organizacional. Ainda, há uma seção que mostra um
panorama atual do setor brasileiro de saúde suplementar, relatando sobre sua regulamentação,
o número de operadoras com registro ativo e o número de beneficiários, que apresentam uma
tendência oposta entre si. A seguir, destaca-se os métodos utilizados para a definição da
amostra, cálculos e análises dos indicadores propostos. Em sequência, mostra os resultados
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das análises feitas e as considerações acerca do desempenho organizacional das operadoras de
saúde.
2. Referencial Teórico
A compreensão do conceito de desempenho e a sua operacionalização, para fins acadêmicos
ou gerenciais, torna-se necessário. É por esse conhecimento do desempenho organizacional
que as empresas podem avaliar as suas tomadas de decisão, bem como auxiliar nas próximas
decisões a serem tomadas. Ademais, atribui-se às empresas com desempenho superior à
média do setor em que atua a existência de uma vantagem competitiva (BRITO; LEDUR
BRITO, 2014). Portanto, é necessário ressaltar que, além de conhecer qual é o seu
desempenho, a empresa também precisa conhecer as causas desse seu desempenho. As três
principais visões que tentam explicar as causas do desempenho organizacional serão
abordadas ainda nesta seção.
O conceito de desempenho possui compreensões unidimensionais e multidimensionais.
Segundo Tchouaket e outros (2012), as compreensões unidimensionais de desempenho
consideram este como a capacidade de atingir os objetivos esperados, de adaptação ao meio
ambiente, de manter os valores da organização ou como a capacidade de produzir de forma
adequada, a partir dos recursos disponíveis. A empresa teria êxito no seu desempenho se
atingisse um dos aspectos ditos anteriormente. Já a compreensão multidimensional leva em
consideração o desempenho a partir de dois ou mais aspectos da compreensão unidimensional
e, assim, o êxito do desempenho organizacional viria por meio do equilíbrio entre esses
aspectos.
Como o próprio conceito de desempenho possui múltiplas dimensões, a sua operacionalização
também se diverge. Entre 2005 e 2007, a maioria das pesquisas brasileiras sobre desempenho
organizacional focou nos resultados econômico-financeiro-mercadológicos, evidenciando
uma identificação do conceito de desempenho com os resultados da aplicação dos recursos da
empresa. Para operacionalizar o conceito, as pesquisas utilizaram indicadores de desempenho.
Além disso, os dados utilizados são secundários e quantitativos e a análise é a nível
organizacional. Isso significa que as pesquisas foram sobre um desempenho passado, e não
sobre uma prospecção de desempenho. Consideraram, ainda, determinantes do desempenho
organizacional elementos relacionados à própria organização (MATITZ; BULGACOV,
2011).
Como dito acima, é por meio dos indicadores de desempenho que grande parte das pesquisas
brasileiras operacionaliza o conceito de desempenho. Segundo Diógenes (2004, apud
NASCIMENTO et. al., 2011), os indicadores de desempenho são um conjunto de índices
numéricos que representa as características dos produtos e processos de forma a medir seu
desempenho. Nascimento e outros (2011) colocam que os indicadores de desempenho se
configuram instrumentos capazes de fornecer informações importantes na avaliação de
desempenho organizacional. Os indicadores podem ser econômico-financeiros, como
crescimento de vendas e rentabilidade, e podem ser operacionais, como quota de participação
de mercado, eficiência em propaganda, sinistralidade. Segundo Venkatraman e Ramanujam
(1986), a combinação dos dois tipos de indicadores, financeiros e operacionais, possibilita a
empresa ter uma visão ampla dos aspectos que respondem pelo seu desempenho
organizacional.
A Teoria da Organização Industrial coloca que o que determina o desempenho da empresa são
as características do setor em que atua (PORTER, 1981). Portanto, o termo indústria
conceitua um grupo de empresas que produzem mercadorias ou serviços e que competem
entre si. As empresas, em busca de uma lucratividade sustentada, elaboram suas estratégias,
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levando em consideração dois fatores: a estrutura da indústria, que tem efeito sobre a
sustentabilidade do desempenho da empresa, e a posição dentro da indústria, que reflete a
habilidade da empresa em estabelecer vantagem competitiva sobre seus concorrentes.
Porter (1981), ao desenvolver essa teoria, levou em consideração que a estrutura da indústria é
constante. Dessa forma, o desempenho da empresa será dado pelo seu posicionamento no
setor, que pode vir pela eficiência nos custos ou pela diferenciação. Essas são as fontes de
vantagem competitiva (PORTER, 1991). A empresa pode, então, optar por operar com custos
mais baixos e, em consequência, comercializar seus produtos a um preço inferior ao dos
concorrentes. A empresa pode, ainda, optar pela diferenciação, ofertando ao consumidor um
valor superior ao dos concorrentes, em termos de qualidade, características ou serviços mais
eficientes. Além disso, a empresa ofertará o produto de acordo com as necessidades do seu
público-alvo.
Segundo Wernefelt (1984; 1995), a Visão Baseada em Recursos postula que o desempenho
das empresas está relacionado com recursos intrínsecos da organização. Tais recursos
referem-se a quaisquer ativos que representem pontos fortes ou pontos fracos da organização,
podendo ser tangíveis ou intangíveis. Como os recursos das empresas se diferem entre si e
não são facilmente transferidos de uma para outra, ao longo do tempo ter-se-ia uma
heterogeneidade de desempenho. A vantagem competitiva da empresa estaria nos seus
próprios recursos, já que, conforme Barney (1991), quanto mais valiosos, raros, inimitáveis e
insubstituíveis forem, maior será a vantagem da empresa. Wernerfelt (1984) acrescenta que os
recursos podem constituir uma barreira contra os concorrentes e proporcionar maior
lucratividade à empresa que os detém, além da empresa que desenvolve um recurso de knowhow sobre um dado processo de trabalho pode desfrutar deste diferencial em outros mercados.
Segundo Camargo e Meireles (2014), o conceito de capacidade dinâmica possui várias
definições, surgindo controvérsias. Em uma análise dessas definições, os mesmos autores as
classificaram em duas visões: a primeira, define que as capacidades dinâmicas seriam criadas
pela combinação do conjunto de comportamentos, habilidades e capacidades organizacionais;
a segunda, define as capacidades dinâmicas como processo que as organizações devem usar
para se adaptar e manter uma vantagem competitiva no mercado. Esta segunda classificação é
mais difundida, tendo como destaque os autores Eisenhardt e Martin (2000), Teece, Pisano e
Shuen (1997).
Consonante às visões acima, pode-se dizer que a teoria das Capacidades Dinâmicas retoma a
análise de fatores ambientais no processo de decisão estratégica de uma empresa; análise que
ficou em segundo plano na teoria dos recursos. Dessa forma, a teoria coloca que as mudanças
no ambiente externo afetam as empresas, que precisam responder a essas mudanças com
diferentes recursos a cada mudança. Isso, porque, uma das premissas da teoria é de que nem
todas as competências são igualmente importantes para a vantagem competitiva da empresa
(VASCONCELOS; CYRINO, 2000).
De acordo com Eisenhardt e Martin (2000), o padrão de capacidades dinâmicas efetivas
depende do da intensidade do dinamismo do mercado e de conhecimento existente. Ou seja,
em um mercado moderadamente dinâmico, as capacidades dinâmicas efetivas dependem
fortemente de conhecimento existente. Os gestores analisam situações em contexto
conhecido, planejam e organizam atividades ordenadamente. Se o mercado apresenta alto
nível de dinamismo, as mudanças não são lineares e são pouco previsíveis. Nesse caso, as
capacidades dinâmicas dependem menos do conhecimento existente. Teece, Pisano e Shuen
(1997) coloca que a aprendizagem organizacional precisa ser praticada frequentemente. Vista
assim, como um processo, a capacidade dinâmica da empresa é difícil de ser replicada no
mercado, constituindo-se uma vantagem competitiva dessa empresa.
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Dentre os principais estudos sobre o desempenho econômico-financeiro das empresas do setor
de Saúde Suplementar apontados por Baldassare (2014), verifica-se a predominância do
cálculo de índices como técnica para avaliar o desempenho organizacional. A predominância
do uso de índices não se restringe apenas ao setor de Saúde Suplementar. Conforme
Matarazzo (2010), a Análise através de Índices é uma das técnicas mais empregadas, ao
fornecer uma visão ampla da situação da empresa. Os índices consistem na relação entre
contas ou grupo de contas do Balanço Patrimonial ou da Demonstração de Resultado do
Exercício da empresa. Esses índices podem evidenciar uma situação econômica ou uma
situação financeira da empresa. Os índices que evidenciam a situação econômica da empresa
são chamados de Índices de Rentabilidade. Os índices que evidenciam a situação financeira
da empresa são divididos em dois grupos, sendo eles: Índices de Estrutura de Capital e Índices
de Liquidez.
Para compreender as diferenças entre esses índices, torna-se necessário suas conceituações,
baseado em Matarazzo (2010). Os Índices de Rentabilidade avaliam o rendimento da empresa
em relação às vendas e aos investimentos. São exemplos de índices de Rentabilidade: Retorno
sobre o Ativo total (ROA), Retorno operacional sobre o Ativo Total (OROA), Retorno sobre
o Patrimônio Líquido (ROE). Os Índices de Estrutura de Capitais indicam o grau de
comprometimento financeiro da empresa perante seus credores. O índice de Endividamento
de Curto Prazo (ENDIVCP) é um exemplo. Os Índices de Liquidez procuram medir o quão
sólida é a base financeira da empresa, indicando a capacidade de pagamento da empresa com
terceiros. Tem-se como exemplo o índice de Liquidez Corrente (LC). Essa capacidade de
pagamento das dívidas com terceiros não significa, necessariamente, que as dívidas serão
pagas. Além desses, há os índices operacionais, como a Sinistralidade, índice que faz a
relação das despesas com as receitas.
Quadro 1 – Quadro-resumo dos índices
Índice
ROA
OROA
ROE
LC
ENDIVCP
SINISTRALIDADE
Indica
Interpretação
Quanto a empresa analisada obtém de lucro Quanto maior, melhor.
líquido para cada R$100 de investimento
total
Quanto a empresa analisada obtém de lucro Quanto maior, melhor.
operacional
para
cada
R$100
de
investimento total.
Quanto a empresa analisada obtém de lucro Quanto maior, melhor.
líquido para cada R$100 de capital próprio
investido no exercício social.
Quanto a empresa possui de Ativo Quanto maior, melhor.
Circulante para cada R$1 de Passivo Acima de 1 é o ideal.
Circulante.
Quanto a empresa tem de dívida no curto Quanto menor, melhor.
prazo para cada R$100 de investimento
total.
Quanto da receita será destinada para cobrir Próximo e até 75% é o ideal.
as despesas.
Fonte: adaptado de Matarazzo (2010).
3. Panorama do Setor
O setor de Saúde Suplementar é regulado pelo Governo Federal, por meio da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), vinculada ao Ministério da Saúde. Com atuação em
todo território nacional, a Agência visa promover a defesa do interesse público na assistência
suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais e contribuir para o desenvolvimento da
saúde no país (ANS, 2014). Sua criação foi um passo importante para a segurança do setor, já
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que passou a exigir das empresas capital mínimo, reservas técnicas e provisões de risco
(SALVATORI; VENTURA, 2012).
As empresas que fazem parte do setor de Saúde Suplementar são conhecidas por operadoras
de planos privados de saúde, definidas pela Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998. O papel
dessas operadoras é estruturar a prestação sistêmica dos serviços de saúde, por meio da
contratação de redes de assistência para o atendimento aos seus clientes, contratante desses
serviços (VIEIRA; VILARINHO, 2005). As operadoras de planos privados de saúde são
classificadas, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada nº 39 (ANS, 2000). Em
dezembro de 2013, havia 1.469 operadoras em atividade no Brasil, sendo que 909 atuam no
Sudeste. Acrescentado a isso, tem-se que o número de operadoras é decrescente desde 2001,
como mostrado no Gráfico 1 (ANS, 2014). Isso evidencia uma concentração do setor, oriundo
da própria regulamentação deste.
Outra característica importante a ser citada desse setor refere-se aos beneficiários, que são os
contratantes dos serviços ofertados pelas operadoras de planos de saúde. Em 2013, o setor
contou com a entrada de quase 3,8 milhões de novos beneficiários. Os planos de assistência
médica, somados, possuíram 50,3 milhões de beneficiários. Já os planos exclusivamente
odontológicos, somados, possuíram 20,7 milhões de beneficiários. Há, portanto, uma
tendência de crescimento no número de contratantes de planos privados de saúde, como
mostra o Gráfico 2. A faixa etária que possui a maior cobertura de planos de assistência
médica é de 30 a 39 anos (ANS, 2014).
Gráfico 1 - Operadoras de planos privados de saúde em atividade (Brasil – dez./2001dez./2013)
2000
1991
1748
1647
1575
1600
1523
1487
1376
1268
1456
1200
800
400
718
505
1381
659
481
1345
626
469
1302
601
449
1242
566
415
1197
578
413
1168
552
408
1118
492
403
1215
1086
478
390
1182
1172
1118
1076
1005
963
922
434
426
417
393
366
363
360
346
1043
0
dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13
Médico-hospitalares
Médico-hospitalares sem beneficiários
Exclusivamente odontológicos
Exclusivamente odontológicos sem beneficiários
Fonte: ANS, 2014.
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Gráfico 2 – Beneficiários de planos privados de saúde por cobertura assistencial do plano
(Brasil – 2001-2013)
60
Beneficiários (em milhões)
50
40
31,7
31,5
32,1
33,8
35,4
37,2
39,3
41,5
42,6
45,1
46,4
48,1
50,3
30
20
10
3,7
3,1
4,3
5,3
6,2
7,3
9,2
11,1
13,3
14,6
17
19,2
20,7
0
dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13
Assistência médica com ou sem odontologia
Exclusivamente odontológicos
Fonte: ANS, 2014.
4. Metodologia
O presente artigo consiste em uma das atividades finais previstas no projeto de Iniciação
Científica, aprovado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e financiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A bibliografia
utilizada abrangeu os temas de desempenho organizacional, por meio de artigos eletrônicos,
características do setor, por meio do próprio site da ANS, que possui um espaço destinado a
materiais para pesquisas, e análise financeira, por meio de livros disponíveis na Biblioteca da
supracitada Universidade. A proposta do artigo consiste na Análise através de Índices de
empresas do setor de Saúde Suplementar, que pertencesse a uma das seguintes modalidades:
Autogestão; Cooperativa Médica; Filantropia; Medicina de Grupo; Seguradora Especializada
em Saúde. O horizonte temporal de análise abrange os anos de 2008 a 2012.
O trabalho contou com a criação de uma base de dados, feita em conjunto com Baldassare
(2014). A base foi feita no aplicativo Excel, do pacote Office da Microsoft. Essencial para
essa etapa foi a disponibilidade dos dados contábeis das operadoras de planos privados de
saúde no site da ANS, que, como já dito, possui um espaço destinado a materiais para
pesquisa. O envio desses dados é de responsabilidade da empresa e, com isso, verificou-se,
durante a realização da coleta dos dados, a ausência de parte dos dados contábeis dessas
empresas ao longo dos anos de coleta. Essa coleta de dados abrangeu os anos de 2001 a 2012.
Por meio do registro de cada operadora na ANS, foi possível caracterizá-las quanto ao porte,
modalidade, região e sinistralidade por ano, coletados, também, no site da ANS.
Cabe ressaltar que não foram deixadas na base todas as contas ou grupo de contas do Balanço
Patrimonial e da Demonstração de Resultado do Exercício. Definido em conjunto, as
variáveis contábeis que permaneceram na base de dados foram: Ativo Total; Ativo Circulante;
Ativo Não-Circulante; Passivo Circulante; Patrimônio Líquido; Resultado Líquido; Resultado
Operacional. O principal critério para a escolha dessas variáveis contábeis foi a exigência de
divulgação, por parte da ANS, em todos os anos, de 2001 a 2012. Com as variáveis contábeis
selecionadas, estudou-se quais os índices que poderiam ser calculados por meio dessas. Os
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índices calculados foram: Taxa de Retorno sobre o Ativo Total (ROA); Taxa de Retorno
Operacional sobre o Ativo Total (OROA); Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido
(ROE); Endividamento de Curto Prazo (ENDIVCP); Liquidez Corrente (LC) e Sinistralidade.
Utilizará a abordagem de Matarazzo (2010) para a análise desses índices. Ressalta-se que as
variáveis constantes na base de dados foram corrigidas pelo Índice Geral de Preços de
Mercado (IGP-M).
Com a base de dados elaborada, partiu-se para a definição da amostra, a fim de se atingir os
objetivos deste trabalho. Para definir a amostra, utilizou-se os seguintes filtros:
 Primeiro filtro: exclusão dos dados referentes a modalidades não pesquisadas, deixando
apenas os dados referentes às operadoras das modalidades de autogestão, cooperativa
médica, filantropia, medicina de grupo e seguradora especializada em saúde;
 Segundo filtro: exclusão das operadoras que não tiveram todos os dados contábeis
constantes na base de dados no período dos anos de 2008 a 2012, que é o horizonte
temporal de análise desse artigo;
 Terceiro filtro: exclusão das observações das operadoras que tiveram o Patrimônio Líquido
negativo, já que, se considerássemos esses valores, a análise poderia distorcer;
 Quarto filtro: exclusão de observações consideradas outliers. Para isso, foi analisada cada
variável contábil, excluindo aquelas observações acima de 3 desvios-padrão acima ou
abaixo da média.
Após a definição da amostra, e seguindo a abordagem de Tavares (2007), utilizou-se a
Estatística Descritiva Básica nas etapas descritas a seguir. A primeira etapa foi o cálculo da
medida de posição média, que evidencia a concentração dos dados em torno de um valor
central, e da medida de dispersão desvio-padrão, que evidencia a dispersão dos dados em
relação a um valor central, para cada um dos índices propostos neste trabalho. Nessa etapa, foi
feito recortes na base de dados, separando os índices em planilhas do Excel, visando a
facilitação dos cálculos. Os cálculos da medida de posição e de dispersão obedeceu cada ano
de análise, o que possibilitou a construção de um gráfico de tendências dos índices. A segunda
etapa consistiu na construção de histogramas dos índices, levando em consideração todas as
observações ao longo dos anos de análise, para verificar a distribuição desses índices e
comparar com uma distribuição normal. A terceira etapa consistiu no cálculo dos índices
médios de cada operadora, visando criar uma lista das 10 operadoras com melhor desempenho
nos índices e, a partir dessa lista, apresentar aquelas que se destacaram em mais de um índice
calculado. A análise dos índices seguirá o Quadro 1.
5. Análise dos Resultados
A análise dos resultados, obtidos por meio do método acima explicado, será apresentada da
seguinte forma: descrição da amostra final, separando as empresas por suas respectivas
modalidades; análise dos gráficos das médias de cada índice, tratando-o como um gráfico de
tendências; análise das distribuições das observações, considerando todo horizonte temporal
analisado; análise das operadoras que se destacaram em mais de um índice, por meio dos seus
respectivos índices médios.
5.1 Descrição da Amostra
A amostra final é composta por 779 operadoras de planos privados de saúde, com 3039
observações, ao longo dos anos de 2008 a 2012. O Gráfico 3 mostra o número de operadoras
por modalidade estudada.
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Gráfico 3 – Composição da amostra, por modalidade estudada
1%
14%
Autogestão
35%
Cooperativa médica
Filantropia
Medicina de grupo
40%
Seguradora
10%
Fonte: os autores.
A modalidade de maior representação percentual na amostra é a Cooperativa médica (40%),
seguida da Medicina de grupo (35%). As empresas da modalidade Autogestão corresponde a
14% da amostra. Já as empresas da modalidade Filantropia corresponde a 10% da amostra. As
empresas da modalidade Seguradora tem a menor representação percentual na amostra,
correspondendo apenas a 1% da amostra analisada. Cabe ressaltar que não foi finalidade desse
estudo fazer uma amostra estratificada em relação à totalidade de operadoras registradas junto
à ANS.
Quanto às observações, procurou-se fazer a relação dessas por ano e por modalidade. O
Gráfico 4 mostra a quantidade de observações em cada ano de análise, agrupadas por
modalidade. O Gráfico 4 ainda permite afirmar que a amostra varia, durante os anos de
análise. Isso porque uma mesma empresa pode ter observação em um ano, e em outro não.
Em cada ano, cada observação representa uma empresa. Em 2008, teve-se 733 observações de
empresas. Em 2009, teve-se 711 observações. Em 2010, 722 observações. Em 2011, 479
observações. Em 2012, 394 observações. Ao todo, foram 3039 observações. É válido ressaltar
que, em 2012, não houve observações de empresas das modalidades autogestão e seguradora.
As demais modalidades tiveram observações em todos os anos de análise.
Gráfico 4 – Número de observações por ano e por modalidade
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0
23
0
35
112
59
169
68
245
7
308
300
65
247
8
87
308
72
258
8
Autogestão
Cooperativa
médica
Filantropia
Medicina de
grupo
Seguradora
94
247
220
91
2008
2009
2010
2011
8
2012
Fonte: os autores.
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5.2 Análise dos Índices
Nesta seção, é útil ressaltar que se tomará como medida para a análise dos índices a
interpretação constante no Quadro 1. A apresentação dos índices dar-se-á pelo agrupamento
dos mesmos quanto à sua classificação. Ou seja, serão apresentados, primeiramente, os
índices de rentabilidade Retorno sobre Ativo Total (ROA), Retorno Operacional sobre o
Ativo Total (OROA) e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE). Em seguida, os índices
financeiros Liquidez Corrente (LC) e Endividamento de Curto Prazo (ENDIVCP). Por último,
o índice operacional Sinistralidade.
O índice ROA faz uma relação entre o lucro líquido e o investimento total da empresa. Ela
indica a taxa de retorno líquido para os investimentos feitos pela empresa e, dessa forma,
quanto maior o retorno da empresa, melhor será. O ROA médio da amostra analisada foi de
3,55%. No Gráfico 5, tem-se a evolução do índice ROA nos anos de 2008 a 2012. 2009 foi o
ano em que o índice apresentou menor valor, indicando que as empresas tiveram um retorno
de 0,99% sobre o investimento total. Em outras palavras, dos R$100 investidos, as empresas,
em média, tiveram apenas R$0,99 de lucro líquido. É necessário ressaltar que, em uma análise
do desvio-padrão, esse foi o ano em que os dados apresentaram maior dispersão. 2010 foi o
ano em que as empresas tiveram um maior retorno líquido sobre seus investimentos. Para
cada R$100 investidos nesse ano, as empresas tiveram, em média, R$4,49 de lucro líquido.
Analisando a tendência do índice, pode-se dizer que a tendência é de queda; o que não é bom.
Em uma interpretação geral, apresentada no Quadro 1, diz que quanto maior o índice ROA,
melhor é para a empresa, já que significa que a empresa consegue recuperar, pelo lucro
líquido o que foi destinado para investimento na empresa. Se compararmos a média do ano
2008 com a média do ano 2012, a queda do retorno líquido foi de 15,22%.
Gráfico 5 – Médias do ROA, por ano
0,0500
0,0400
4,49%
4,27%
4,38%
3,62%
0,0300
0,0200
0,0100
0,99%
0,0000
2008
2009
2010
2011
2012
Média
Fonte: os autores.
O OROA faz uma relação entre o lucro operacional e o investimento total da empresa. É um
índice que indica a taxa de retorno operacional para os investimentos feitos pela empresa e,
dessa forma, quanto maior, melhor. O Gráfico 6 mostra a evolução do índice no horizonte
temporal analisado. O OROA médio da amostra foi de -0,29%, ou seja, as empresas, em
média, não tiveram retorno operacional sobre seus investimentos, o que evidencia prejuízos.
Assim como o ROA, em 2009 foi o ano em que o índice apresentou menor valor, indicando
que as empresas não tiveram retorno, mas prejuízos de 14,70% sobre os seus investimentos.
Isso significa que, para cada R$100 investidos, a empresa teve um prejuízo operacional de
R$14,70. 2009 também foi o ano em que os dados tiveram maior dispersão. Em 2010, teve-se
a maior média de OROA, com o índice de 3,81%. Isso indica que, para cada R$100
investidos, obteve-se um lucro operacional de R$3,81.
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Analisando a tendência do índice, pode-se dizer que a tendência é de estabilidade, como se vê
nos anos 2010, 2011 e 2012, cujos índices apresentaram pouca variação. Se compararmos o
índice de 2008 com o índice de 2012, houve um crescimento de 11,4%; o que é bom, já que,
quanto maior o retorno operacional que as empresas conseguirem, melhor será para as
mesmas.
Gráfico 6 – Médias do OROA, por ano
0,0500
0,0000
-0,0500
0,0381
0,0287
2008
2009
2010
0,0337
2011
0,0320
2012
-0,1000
-0,1500
-0,1470
-0,2000
Média
Fonte: os autores.
O ROE faz uma relação entre o lucro líquido e o Patrimônio Líquido da empresa. O índice
indica a taxa de retorno líquido da empresa sobre o capital próprio investido no exercício
social. O Gráfico 7 mostra a evolução do índice, durante os anos de 2008 a 2012. O ROE
médio da amostra foi de -59,04%, indicando que as empresas, em média, não tiveram retorno
líquido sobre o capital próprio investido, mas prejuízo. O ano de 2009 foi o de menor valor,
cujo prejuízo médio foi de R$313,56 para cada R$100 de capital próprio investido. Ressaltase, também, que neste ano a dispersão dos dados foi maior que nos outros anos. 2010 foi o
ano de maior valor, cujo retorno médio foi de R$18,22 para cada R$100 de capital próprio
investido.
A tendência do índice ROE é de queda; o que não é bom, já que, quanto maior o retorno
líquido sobre o capital próprio investido, melhor será para as empresas. Se compararmos o
índice de 2008 com o índice de 2012, houve uma queda de 102,7%.
Gráfico 7 – Médias do ROE, por ano
1,0000
0,0000
-1,0000
0,1822
0,0723
2008
2009
2010
-0,0020
-0,0687
2011
2012
-2,0000
-3,0000
-3,1356
-4,0000
Média
Fonte: os autores.
O índice de LC faz uma relação entre o capital circulante e as obrigações de curto prazo. É um
índice que indica a capacidade da empresa cumprir suas obrigações, não necessariamente as
cumprindo. O gráfico 8 mostra a evolução do índice, durante os anos de 2008 a 2012. Pode-se
dizer, pelas suas médias, que o índice é satisfatório, ao passo que está acima de 1, que é
considerado o parâmetro para este índice. 2012 foi o ano em que o índice apresentou menor
valor, indicando que as empresas, em média, possuíam R$1,47 de capital circulante para cada
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R$1,00 de dívida. Já 2010 foi o ano em que o índice apresentou maior valor, indicando que as
empresas, em média, tinham R$2,99 de capital circulante para cada R$1,00 de dívida.
O índice tem uma tendência de queda; o que não é bom, já que, quanto maior a liquidez da
empresa, melhor. Comparando os índices de 2008 a 2012, a queda foi de 30,6%.
Gráfico 8 – Médias da LC, por ano
3,5000
3,0000
2,5000
2,0000
1,5000
1,0000
0,5000
0,0000
2,9989
2,1215
2,1189
2,0994
1,4742
8
9
10
11
12
Média
Fonte: os autores.
O índice de ENDIVCP faz uma relação entre as obrigações de curto prazo e os investimentos
totais da empresa, indicando quanto de dívida a empresa tem para cada R$1 de investimento
total. O Gráfico 9 mostra a evolução do índice no horizonte temporal de análise. É um índice
que, quanto menor, melhor. Assim, o ano em que as empresas, em média, tiveram menor
endividamento no curto prazo foi 2010. Nesse ano, para cada R$100 investido, as empresas
contraíram dívidas de curto prazo de R$0,36. 2012 foi o ano de maior endividamento de curto
prazo dessas empresas, cujo chegou a 44,16% do investimento total.
O índice apresenta uma tendência de alta; o que não é bom, já que, quanto menor o
endividamento de curto prazo, melhor para a empresa. Se compararmos os índices de 2008 e
2012, o crescimento foi de 13,6%.
Gráfico 9 – Médias do ENDIVCP, por ano
0,4600
0,4400
0,4200
0,4000
0,3800
0,3600
0,3400
0,3200
0,4416
0,4099
0,4023
0,3885
0,3686
8
9
10
11
12
Média
Fonte: os autores.
O índice de Sinistralidade faz uma relação entre as despesas das operadoras com suas receitas.
Verificou-se que quanto mais próximo e até 75% é o ideal para a empresa, já que evidencia
que a empresa consegue cobrir suas despesas, por meio das receitas, e ainda tem uma margem
de lucro. O Gráfico 10 mostra a evolução da Sinistralidade ao longo dos anos de análise. 2012
foi o ano em que o índice teve o pior valor, onde 78,9% das receitas teriam de ser destinadas a
cobrir todas as despesas. 2008 foi o ano de melhor desempenho, cujas despesas totais
correspondiam a 74,5% das receitas adquiridas.
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O índice apresenta tendência de alta; o que não é bom, já que indica um aumento das despesas
em relação às receitas. Se compararmos os índices de 2008 e 2012, o crescimento foi de 5,9%.
Gráfico 10 – Médias da Sinistralidade, por ano
0,8000
0,7890
0,7800
0,7648
0,7600
0,7549
0,7520
0,7451
0,7400
0,7200
8
9
10
11
12
Média
Fonte: os autores.
5.3 Histogramas dos índices
A Figura 1 mostra a distribuição dos índices, considerando todas as observações, de 2008 a
2012.
Figura 1 – Histograma dos índices
Fonte: os autores.
Os histogramas dos índices OROA, ENDIVCP, SINISTRALIDADE, apresentaram uma
distribuição mesocúrtica, isto é, assemelharam-se a uma distribuição normal. O histograma do
ROA, ROE, LC, apresentaram uma distribuição leptocúrtica, isto é, os dados se concentraram
próximo à média desses dados. Porém, os dados do ROE e da LC apresentam maior
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dispersão, indicando que o histograma é assimétrico. Verificou-se que os dados não seguiram
uma distribuição normal.
5.4 Operadoras que se destacaram em mais de um índice
O Quadro 2 traz uma relação das operadoras que se destacaram em mais de um índice aqui
analisado. Na sua construção, propôs-se caracterizar essas operadoras, quanto ao porte,
modalidade e região da sede, possibilitando a comparação com outros estudos posteriores.
Foram encontradas 12 operadoras. O porte que mais se destacou foi o pequeno porte. A
modalidade que mais se destacou foi Medicina de Grupo. A região que mais se destacou foi a
Sudeste, seguida pela região Sul. Uma característica importante a citar é que há uma relação
entre os índices nos quais as empresas se destacaram. Na relação do Quadro 2, ou teve
empresas que se destacaram nos índices Econômicos ou de Rentabilidade, ou teve empresas
que se destacaram nos índices Financeiros. Não houve empresas que se destacaram, também,
no índice operacional Sinistralidade.
Quadro 2 - Operadoras com melhor desempenho em mais de um índice
Operadora
Porte
Modalidade
Região
Índices de destaque
330027
Pequeno
Autogestão
Sudeste
ROA, OROA ROE
332291
Pequeno
Medicina de grupo
Sul
ROA, OROA
335851
Pequeno
Medicina de grupo
Nordeste
ROA, OROA, ROE
339636
Pequeno
Autogestão
Sudeste
ENDIVCP, LC
339750
Pequeno
Medicina de grupo
Sudeste
ENDIVCP, LC
358711
Pequeno
Medicina de grupo
Sudeste
ENDIVCP, LC
401196
Pequeno
Medicina de grupo
Centro-Oeste
ROA, OROA
408531
Pequeno
Medicina de grupo
Sudeste
ROA, OROA
414026
Pequeno
Autogestão
Sul
ENDIVCP, LC
415081
Pequeno
Medicina de grupo
Norte
ENDIVCP, LC
416924
Pequeno
Medicina de grupo
Sul
ENDIVCP, LC
417599
Médio
Filantropia
Sul
ROA, OROA
Fonte: os autores.
6. Considerações Finais
O conhecimento do desempenho organizacional é de importância para as empresas, pois
permite a avaliação das tomadas de decisão anteriores, bem como nas próximas decisões a
serem tomadas. Avaliar o desempenho é avaliar os resultados das atividades das empresas. O
uso de indicadores de desempenho é uma forma de medir e avaliar o desempenho
organizacional, que relaciona contas ou grupo de contas do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultado do Exercício. O uso de índices tem sido amplamente utilizado em
estudos de desempenho organizacional. Para uma visão mais abrangente do desempenho da
empresa, aconselha-se a combinação de indicadores econômico-financeiros e indicadores
operacionais.
No que se refere ao setor de Saúde Suplementar, poucos tem sido os estudos que focam no
desempenho organizacional das empresas atuantes nesse setor, apesar da importância acima já
citada. Por conta da regulamentação que o setor passou, por meio da criação da Agência
Nacional de Saúde Suplementar, a viabilidade financeira não é só uma questão estratégica da
empresa, mas condição essencial para manter seu registro ativo junto à Agência. A medida é
para assegurar aos beneficiários dos planos privados de saúde a prestação do serviço
contratado. Dessa forma, este artigo se propôs analisar, por meio da análise de indicadores de
desempenho, as operadoras das modalidades Autogestão, Cooperativa Médica, Filantropia,
Medicina de Grupo, Seguradora Especializada em Saúde, abrangendo os anos de 2008 a 2012.
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Por meio dos índices aqui calculados, pôde-se fazer uma análise da tendência de cada índice.
Verificou-se uma situação financeira média pouco favorável, ao passo que os índices que
deveriam crescer, diminuíram, e os índices que deveriam diminuir, cresceram. Ou seja, os
índices apresentaram uma tendência inversa à ideal. Os índices financeiros merecem destaque,
apesar de suas tendências. As empresas, em média, apresentaram capacidade de pagamento de
dívidas de curto prazo, visto que seu endividamento de curto prazo não superou seus
investimentos totais. Portanto, pode-se falar que as empresas desse setor, em média,
apresentaram uma liquidez satisfatória, acima de 1, que é o ideal.
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