Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS NO CONTEXTO DOS ENSAIOS DE ESTABILIDADE Autor: Guilherme Gonçalves da Silva Orientador: Prof. MSc. Emmanuel de Oliveira Carneiro Brasília - DF 2011 GUILHERME GONÇALVES DA SILVA ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS NO CONTEXTO DOS ENSAIOS DE ESTABILIDADE Monografia apresentada ao curso de graduação em Farmácia da Universidade Católica como requisito para obtenção do título de Farmacêutico. Orientador: Prof. MSc. Emmanuel de Oliveira Carneiro Brasília 2011 2 Monografia de autoria de Guilherme Gonçalves da Silva, intitulada “ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS NO CONTEXTO DOS ENSAIOS DE ESTABILIDADE”, apresentada como requisito parcial para obtenção do título de farmacêutico pela Universidade Católica de Brasília, em 07 de junho de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________________ Prof. MSc. Emmanuel de Oliveira Carneiro Orientador Curso de Farmácia _____________________________________________ Prof. MSc. Wilsione José Carneiro Curso de Farmácia ______________________________________________ Profa. Dra. Silvia Keli de Barros Alcanfor Curso de Química Brasília 2011 3 RESUMO Referência: Silva, Guilherme G. Estudo dos produtos de degradação de fármacos no contexto dos ensaios de estabilidade. 2011. 22p. Monografia (Curso de Farmácia) – UCB, Brasília, 2011. O prazo de validade e o período de utilização de qualquer especialidade farmacêutica são determinados por estudos de estabilidade. Esses estudos são subdivididos em quatro ramos: estudos de degradação forçada, estudos de estabilidade acelerada, estudo de estabilidade de longa duração e o estudo de estabilidade de acompanhamento. Os objetivos desses estudos são prever, determinar ou acompanhar o prazo de validade e o período de utilização do produto estudado. A primeira etapa dos estudos diz respeito ao desenvolvimento e validação de um método analítico confiável. Sendo assim, é indispensável conhecermos os produtos de degradação do produto e, para isso, é recomendada a utilização de métodos cromatográficos e espectrométricos. O presente trabalho revisa a literatura em busca de estudos de produtos de degradação e dos processos de validação dos métodos analíticos aplicados a diversos fármacos disponíveis no mercado brasileiro e internacional, além do referencial legal para elaboração e execução dos referidos testes de estresse e degradação forçada. Palavras chave: Estabilidade. Produto de degradação. Testes de estresse. Validação. 4 ABSTRACT Reference: Silva, Guilherme G. Study of degradation products of pharmaceuticals in the context of stability testing. 2011. 22p. Monograph (Pharmacy Course) - UCB, Brasília, 2011. The validity date and time of use of any medicinal product are determined by stability studies. These studies are divided into four branches: degradation studies, accelerated stability studies, long-term stability study and monitoring stability studies. The aims of these studies are to predict, monitor or determine the validity and period of use of the pharmaceutical product. The first stage of these studies concerns the development and validation of a reliable analytical method. Therefore, it is essential to know the degradation products of the drug and, for this, chromatographic and spectrometric methods are used. This work reviews degradation products studies and analytical methods validation processes for various drugs on brazilian and international markets, besides the legal reference for the elaboration and implementation of these stress tests and forced degradation. Keywords: Stability. Degradation product. Stress test. Validation. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01. Estrutura química da venlafaxina (1) e de seus produtos de degradação O-desmetilvenlafaxina (2) e dehidrovenlafaxina (3). Figura 02. Estrutura da avizafona e de seus principais produtos de degradação. Figura 03. Proposta de degradação da furosemida. Figura 04. Estrutura química da oxcarbazepina, imp. A, imp. B e imp. C 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 7 2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 9 2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 9 3. METODOLOGIA ............................................................................................ 10 4. ESTUDOS DE ESTABILIDADE ..................................................................... 11 5. ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS .............. 14 5.1 METODOLOGIA GERAL EMPREGADA PARA O ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO ................................................................... 22 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 25 7 1. INTRODUÇÃO Toda especialidade farmacêutica possui um perfil específico de estabilidade, tanto do seu princípio ativo, quanto da formulação de maneira geral. Os fatores que definem esse perfil são de natureza ambiental, como a umidade, a temperatura, a exposição à luz; de natureza intrínseca, como as propriedades físico-químicas do produto e da formulação; e finalmente os decorrentes dos processos de manufatura (BRASIL, 2005). Um dos objetivos dos estudos de estabilidade de produtos farmacêuticos é a fixação do prazo de validade, que pode ser definido como o período no qual o medicamento apresenta sua potência alterada a mais ou menos 10%, associado à quantificação dos produtos de degradação e sua investigação quanto ao potencial tóxico (BRASIL, 2005; NETO et al., 2009). A Resolução - RE nº 01, em vigor desde 29 de junho de 2005, instituiu o Guia Para a Realização de Estudos de Estabilidade. Estabelecida pela ANVISA, essa resolução normatiza três estudos de estabilidade: o estudo de estabilidade acelerada, no qual é avaliada degradação química e/ou mudanças físicas em amostras do mesmo produto no período de seis meses (amostras em 0, 3 e 6 meses); o estudo de estabilidade de longa duração, que avalia a estabilidade das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de amostras do mesmo produto em um período de 24 meses (amostras em 0, 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses); e o estudo de estabilidade de acompanhamento, realizado para verificar que o produto farmacêutico mantém suas características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas conforme os resultados obtidos nos estudos de estabilidade de longa duração (BRASIL, 2005; NETO et al., 2009). Os estudos de degradação forçada, que empregam condições de degradação que excedem aquelas encontradas nos estudos de estabilidade acelerada, ainda não foram regulamentados no Brasil. Porém, nações européias, o Japão e os Estados Unidos já definiram legislações específicas nesse âmbito, sendo que estudos dos produtos de degradação de fármacos são preconizados pela International Conference on Harmonisation (ICH, 2003) Desta forma, pode-se prever que tais testes serão preconizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em um curto período de tempo. 8 Atualmente, encontram-se na literatura diversas pesquisas concluídas ou em andamento sobre os estudos de degradação forçada, utilizando principalmente Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia Gasosa (CG), potenciometria entre outras metodologias instrumentais para a quantificação e Detector de arranjo de diôdos (PDA) ou ultravioleta (UV) para a detecção dos produtos de degradação. Como exemplo, podemos citar estudos de produtos de degradação do aciclovir (SINHA et al., 2007), alizaprida (GROSA et al., 2010), avizafona (BRENTON et al.,2006), fanciclovir (RAMAN et al., 2009) e venlafaxina (CARNEIRO et al., 2010). Neste sentido, o estudo dos produtos de degradação tem se tornado muito importante no contexto dos ensaios de estabilidade. Tanto que a determinação destes produtos por meio do teste de estresse, definido como o teste de estabilidade do fármaco ou produto farmacêutico em que as condições excedem as usadas no teste de estabilidade acelerada, tem merecido destaque e encontra-se padronizada internacionalmente. 9 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Fazer uma revisão da literatura científica e regulatória sobre a determinação dos produtos de degradação de fármacos pela aplicação dos testes de estresse na avaliação da estabilidade de produtos farmacêuticos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar os tipos de estudo de estabilidade preconizados pela Legislação Brasileira, por meio da Resolução RE nº. 1, de 29 de julho de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Revisar testes de estresse e estudos de produtos de degradação de fármacos descritos na literatura; Propor a metodologia geral empregada em um estudo de produtos de degradação de fármacos. 10 3. METODOLOGIA A revisão de literatura foi realizada por meio do operador booleano E/AND e de palavras–chave, tanto em português como em inglês, como: stability-indicating method, HPLC, degradation products, stress study, tablets pelas bases de dados CAPES e SciELO, as quais foram acessadas na Universidade Católica de Brasília no período de setembro a outubro de 2010 e maio de 2011. Foram selecionados artigos em língua inglesa e portuguesa, com prioridade para os publicados nos últimos 10 anos. Foi realizada busca sobre os assuntos regulatórios pertinentes ao tema na legislação sanitária brasileira (ANVISA) e internacional (ICH). 11 4. ESTUDOS DE ESTABILIDADE Os estudos de estabilidade de fármacos são uma etapa obrigatória do registro de novos produtos farmacêuticos. A ANVISA elaborou a Resolução - RE nº 1 de 29 de junho de 2005, baseada na extinta Resolução - RE nº 398/2004. A RE 1/2005 define os parâmetros e limites obrigatórios para realização de estudos de estabilidade acelerado, estudos de estabilidade de longa duração e estudos de estabilidade de acompanhamento para qualquer forma farmacêutica. Os objetivos desses estudos são, respectivamente, prever, determinar ou acompanhar o prazo de validade e o período de utilização do medicamento estudado. Em suma, prazo de validade e período de utilização dizem respeito à estabilidade do produto antes e depois de sua abertura, respectivamente (BRASIL, 2005). No âmbito legal, o produto farmacêutico pode ser submetido ao registro após realização do estudo de estabilidade de longa duração por doze meses. De forma alternativa, podem ser utilizados os resultados dos seis meses do estudo de estabilidade acelerado associado aos seis meses iniciais do estudo de estabilidade de longa duração. Por exemplo, no intuito de obter o registro da insulina “CHO” o controle de qualidade de uma indústria hipotética deve realizar o estudo de estabilidade de longo prazo, pretendendo-se armazenar o produto na faixa de 2 ºC a 8 ºC em embalagem impermeável. De acordo com a Tabela 01 a faixa de temperatura na qual o produto estaria submetido em um estudo de estabilidade de longo prazo é de 5 ºC mais ou menos 3 ºC e o período seria de 24 meses. Nessa situação, o registro do produto seria obtido de forma provisória decorrido doze meses do início desse estudo. Alternativa mais ágil seria desenvolver paralelamente ao estudo anterior o estudo de estabilidade acelerado. A Tabela 01 orienta para execução desse estudo na faixa de temperatura de 25 ºC mais ou menos 2 ºC por um período de seis meses. Nessa situação, o registro do produto seria obtido passado seis meses desde o início dos estudos. Além do teor e dos produtos de degradação, o produto deveria ser avaliado quanto à claridade em soluções e a perda de peso quando em líquido de base aquosa (BRASIL, 2005). Alterando-se temperatura e, quando aplicável, umidade (Tabela 01), são avaliadas como no exemplo anterior as formas farmacêuticas sólidas e semi sólidas, 12 onde ainda deve ser avaliado a dissolução e dureza de sólidos e, separação de fase e perda de peso em suspensões de base aquosa. Tabela 01. Critérios para realização de estudos de estabilidade. (Fonte: Resolução RE 1/2005) Os relatórios de estabilidade elaborados pelo controle de qualidade devem conter a descrição do produto, plano de estudo, data de início do estudo, método analítico correspondente tanto para teor do princípio ativo quanto para quantificação dos produtos de degradação, limites microbianos, relatório do fabricante da embalagem primária além de identificação do fabricante do princípio ativo. A esses dados somam-se as características físico-químicas do produto, a quantificação dos produtos de degradação e o teor de princípio ativo, sendo o último limitado a faixa de variação de 5%. Caso a variação seja maior que 5% e menor que 10% o prazo de validade provisório é reduzido de 24 para 12 meses (BRASIL, 2005). De Diego et al. (2011) pesquisaram o perfil de estabilidade do maleato de enalapril sob condições de estudo acelerado e de estresse. Quanto ao estudo de estabilidade acelerado, foi utilizada câmara climatizada em temperatura de 40 ± 2 ºC e umidade relativa de 75 ± 5% para decomposição dos comprimidos de maleato de enalapril 10 mg em sua embalagem primária. Amostras foram retiradas em 0, 30, 90 e 180 dias de exposição. Foram utilizados nesse estudo comprimidos de três fabricantes de genéricos e quatro fabricantes de marca, sendo um produto do último grupo denominado medicamento de referência. As condições cromatográficas utilizadas em todas as análises foram coluna de fase reversa C18, fase móvel metanol : tampão fosfato pH 2,2 0,01M (55:45 v/v), fluxo de 1,0 mL/min, detecção UV em 215 nm. Como padrão interno, foi usado solução de ácido salicílico (60 13 μg/mL). Os resultados do estudo mostraram alta degradação da maioria dos comprimidos de maleato de enalapril testados. Enquanto o medicamento referência apresentou redução de 1,8% do seu teor, um dos medicamentos genéricos mostrou redução de 59,4% do teor inicial ao fim dos 180 dias. Os cromatogramas mostram degradação gradual do maleato de enalapril em enalaprilato e, principalmente, em dicetopiperazina. Associado a esses resultados, encontrou-se alta degradação da solução de maleato de enalapril nos testes de estresse, principalmente em hidrólise alcalina. 14 5. ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS Existem na literatura diversos relatos sobre estudos de degradação de fármacos, disponíveis desde a década de 1970 (KOVAR et al., 1974; ROWBOTHAM et al., 1976) e de relevância até os dias atuais. Bedse et al. (2009) analisaram a matéria prima pura em pó de lamivudina, inibidor da transcriptase reversa do HIV-1, quanto às suas características de degradação forçada. Seus produtos de degradação foram produzidos e elucidados utilizando reagentes padrão analítico e por procedimentos recomendados pelo ICH. As vias de degradação, assim como os mecanismos de decomposição, foram investigadas de acordo com os dados coletados. Os estudos desenvolvidos foram reações de hidrólise ácida, básica e neutra por refluxo em ácido clorídrico (HCl) 0,1N, hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N e água a 80º C por 48h, 12h e 72h, respectivamente; oxidação por 48h em solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) 3% e H2O2 30% numa concentração de lamivudina de 1 mg.mL−1 e 10 mg.mL−1, respectivamente; fotólise em placa de petri, com iluminação UV-A 200 Wh/m² e térmica por aquecimento a seco a 50 ºC por dois meses. As amostras resultantes foram diluídas e filtradas antes de serem analisas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE ou HPLC, High Performance Liquid Chromatography). A hidrólise neutra não resultou nenhum produto de degradação, enquanto os meios ácidos e alcalinos geraram três destes. A oxidação em H2O2 3% não gerou produto de degradação, contudo, em H2O2 30% a degradação foi de 35% em 48h e completa em 72h. Os estudos de fotólise e degradação térmica não demonstraram formação de quantidades detectáveis de produtos de degradação nas amostras sólidas. A LCMS/TOF (Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de Massas com detecção por tempo de vôo) permitiu a elucidação das rotas de degradação e de seus respectivos produtos de degradação. Diante disso, observa-se êxito na elucidação dos produtos de degradação e de suas respectivas vias de produção, considerando o método desenvolvido como capaz de qualificar e quantificá-los em diversas condições de degradação (BEDSE et al., 2009). Carneiro et al. (2010) avaliaram cápsulas de liberação prolongada de venlafaxina (VEN), um antidepressivo de terceira geração, que age inibindo a recaptação de serotonina, noradrenalina e, em menor grau, de dopamina. VEN 15 possui boa absorção oral e é extensivamente metabolizada em desvenlafaxina, seu principal metabólito ativo. São relatados na literatura diversos métodos de análise da VEN em fluidos biológicos, porém, apenas três métodos indicadores de estabilidade foram encontrados para formas farmacêuticas. A solução estoque padrão de VEN foi preparada na concentração de 0,75 mg/mL, enquanto a solução estoque de amostra foi preparada na concentração final de 1,5 mg/mL. A validação do método para análise de VEN e seus produtos de degradação foi realizada quanto aos parâmetros especificidade, linearidade, precisão, exatidão, limites de detecção e quantificação e robustez, seguindo as orientações do ICH. Os estudos de degradação forçada foram realizados sob condições ácidas, básicas e oxidativas, utilizando alíquotas de 5,0 mL na concentração inicial de 1,5 mg/mL de VEN em solução de metanol, alcançando a concentração final de 0,75 mg/mL. Foi usado HCl 2M, NaOH 2M e H2O2 3%, sendo os dois primeiros incubados a 60 ± 5 °C por 24 h e o último mantido a temperatura ambiente por 3 h, protegido da luz. As condições cromatográficas empregadas foram coluna cromatográfica C8, tampão hidrogenofosfato dissódico 40 mM contendo trietilamina (pH 6.8) e acetonitrila (75:25, v/v) como fase móvel, volume de injeção de 10 µL e fluxo de 1,0 mL/min. Os analitos foram detectados e quantificados por detector UV na faixa de 225 nm. A linearidade e os limites de detecção (LOD) e quantificação (LOQ) foram elucidados através dos dados inferidos da curva de calibração da VEN, mostrando linearidade entre 0,45-1,05 mg/mL. O LOD e o LOQ foram gerados a partir de três curvas de calibração independentes, resultando em valores de 0,00043 mg/mL para LOD e 0,00145 mg/mL para LOQ. A análise de precisão mostrou bons resultados, tanto inter-dia quanto inter-analista, assim como a análise de exatidão, realizada em três concentrações diferentes. A robustez do método foi verificada quanto a pequenas variações na taxa de injeção, pH da fase móvel, temperatura da coluna, concentração do tampão e diferentes lotes da coluna cromatográfica. A adequação do sistema CLAE foi avaliada pelos parâmetros fator de retenção, número de pratos teóricos e fator de cauda, que resultaram em 2.76, 3201.4 pratos/m e 1.6, respectivamente. Os resultados não mostraram mudanças significativas na quantificação de VEN. Os cromatogramas de degradação forçada sob condições alcalina e oxidativa não mostraram picos adicionais, somente aquele correspondente à VEN, demostrando que não houve formação de produtos de degradação sob essas condições. O cromatograma correspondente a degradação forçada por ácido mostrou dois picos adicionais (tempo de retenção 3,12 min e 9,34 16 min), que posteriormente foram caracterizados, por ESI-MS/MS (Espectrometria de Massas-Massas com ionização por elétron-spray), como dehidrovenlafaxina (3), produto de desidratação da VEN (1) e como a desvenlafaxina (2), esquematizados na figura 1. O OH (1) O OH N OH (2) N N (3) Figura 1: Estrutura química da venlafaxina (1) e de seus produtos de degradação Odesmetilvenlafaxina (2) e dehidrovenlafaxina (3). (Fonte: CARNEIRO et al., 2010). Observando o exposto, é correto afirmar que o método desenvolvido e validado para análise de VEN em cápsulas de liberação prolongada pode ser considerado simples, sensível, específico, preciso, exato e reprodutível, além de indicativo da estabilidade da VEN (CARNEIRO et al., 2010). O aciclovir puro em pó foi degradado em condições de estresse por Sinha et al. (2007). Este antiviral é usado em muitos tipos de infecção por herpes-vírus, e pode ser determinado em formulações farmacêuticas por vários métodos cromatográficos, destacando-se a cromatografia em camada delgada (CCD) e CLAE. Outro método descrito na literatura é a determinação fluorimétrica. Os estudos de degradação forçada empregados foram degradação por hidrólise, oxidação, fotólise e térmica. Todos os testes seguiram as recomendações do ICH e a metodologia foi validada quanto à precisão, exatidão, especificidade e robustez. A solução padrão de estoque foi preparada com 100 mg de aciclovir, chegando a concentração final de 1 mg/mL. O sistema CLAE utilizou uma coluna C18 em fase reversa, operada a temperatura ambiente. A fase móvel era composta por água tridestilada-metanol (90:10), em fluxo de injeção a 1 mL/min. O comprimento de onda para detecção foi 251 nm. Para validar o método foram desenvolvidas técnicas de determinação da linearidade, por diluição da solução padrão de estoque em um intervalo de 10-200 μg/mL, cujas alíquotas foram analisadas em triplicata por CLAE; precisão intra-dia por injeção de três diferentes níveis de concentração em 17 hexaplicata no mesmo dia, e em três dias diferentes para determinar a precisão inter-dia; exatidão, pelo percentual de recuperação do fármaco em três diferentes concentrações da amostra; especificidade, determinando a pureza do aciclovir na presença dos produtos de degradação; robustez, alterando o fluxo de injeção e a temperatura da coluna cromatográfica. Os estudos de estresse foram desenvolvidos sob hidrólise neutra, com água em refluxo por 96 h; hidrólise ácida, empregando HCl em concentrações de 0,1 N, 1 N e 2 N a 80 °C por 2 h; hidrólise básica, com NaOH 1 N a 80 °C por 2 h; oxidação, com H2O2 a 1% por 30 min e posteriormente por 3 h, H2O2 3% por 8 e 24 h e H2O2 10% e 30% por 24 h; fotólise, em solução aquosa, ácida (HCl 0,1 N) e em estado sólido por 14 dias em uma câmara de fotoestabilidade climatizada a 40 ºC e 75 % UR composta por duas lâmpadas UV e quatro lâmpadas na faixa visível conforme recomendado pela opção 2 da orientação Q1B do ICH; térmico, amostra sólida submetida ao calor seco a 70 °C por 15 dias. Foram formados produtos de degradação relevantes somente na hidrólise ácida, em todas as concentrações de HCl; na degradação oxidativa, a partir de uma concentração de 10% de H2O2 foi observado aumento da degradação diretamente proporcional à concentração do agente oxidante e do tempo de exposição. A análise dos produtos obtidos confirma a guanina como o principal produto de degradação do aciclovir. Os outros testes de estresse não apresentaram formação significante de produtos de degradação (SINHA et al., 2007). Outro estudo de degradação de fármacos foi conduzido por Brenton et al. (2006). Eles determinaram a avizafona, um pró-fármaco do diazepam desenvolvido visando contornar a baixa solubilidade deste em água. Assim, ela pode ser desenvolvida em uma formulação estável para aplicação intramuscular. O comportamento de degradação da avizafona foi investigado sob quatro condições de estresse: hidrolítica, oxidativa, fotolítica e térmica. A metodologia desenvolvida foi validada, determinando os parâmetros de linearidade, especificidade, precisão (repetibilidade e precisão intermediária) e exatidão. A cromatografia foi realizada em coluna CN, a qual apresenta grupos nitrila associados à sílica, à temperatura de 35 °C em um fluxo de 300 μL/min. A detecção UV foi realizada a 254 nm. Fase móvel composta por água:metanol:acetonitrila (7:1:2). As condições de degradação forçada foram hidrólise ácida, HCl pH 1 (0,1 N); hidrólise alcalina, NaOH pH 12 (0,1 N); degradação oxidativa, H2O2 a 1 e 10%. Estes estudos foram realizados à temperatura ambiente (22 °C) sem interferência de luz. O fármaco sob a forma de pó 18 e em solução foi exposto a temperaturas de 60, 80 e 100 °C por duas semanas. A fotoestabilidade do fármaco em pó e em solução foi avaliada por irradiação contínua por lâmpada de xenônio em 7,1 h e 21 h. O perfil de degradação fotolítica da avizafona em pó foi de 10% após 21h de exposição à luz, enquanto a solução apresentou degradação de aproximadamente 70% após 7,1 h. As análises por CLAE-UV (CLAE com detecção Ultravioleta) e LCMS (Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de Massas) elucidaram dois produtos de degradação sob essas condições, sendo eles MACB e ACB (figura 2). Tanto a hidrólise ácida quanto a hidrólise básica não produziram produtos de degradação. Sob condições oxidativas a 10%, houve pequena degradação e formação de um único produto (MACB). O estudo da degradação por calor seco mostrou que esta foi extensa, 80% a 100 °C, e resultou em diversos produtos de degradação. O principal deles foi o MPQ (figura 2), além de dois produtos de degradação desconhecidos (BRENTON et al., 2006). O H2N Cl O H N N NH2 O AVIZAFONA O O N O H2N NH 2 HN Cl ACB Cl MACB Cl MPQ Figura 2: Estrutura da avizafona e de seus principais produtos de degradação. (Fonte: BRENTON et al., 2006). Ramam et al. (2009) avaliaram a degradação do fanciclovir, um análogo da guanina, fármaco antiviral utilizado para diversas infecções por herpes-vírus. É um pró-fármaco do penciclovir, com biodisponibilidade oral melhorada. Um novo método indicador de estabilidade por CLAE em fase reversa foi desenvolvido para determinação da pureza do fanciclovir na presença de impurezas e produtos de 19 degradação. O método foi desenvolvido usando coluna ODS (octadecilsilano, C18) com um gradiente de mistura dos solventes nas bombas A e B como fase móvel. Tampão fosfato potássico dihidrogênio 0,01M, pH ajustado para 6,0 com 1% de hidróxido de potássio, foi usado como tampão. Tampão e metanol em uma proporção 80:20 (v/v) foram usados na bomba A. Tampão e metanol em uma proporção 20:80 (v/v) foram usados na bomba B. O tampão também foi utilizado como diluente. A programação do gradiente de eluição (Tempo/%B) foi configurada como 0/5, 15/30, 25/50, 45/60, 55/5 e 60/5. O fluxo foi de 0,8 mL/min e a temperatura da coluna foi mantida em 27 ºC. O sistema foi monitorado a 215 nm. O fanciclovir foi submetido a condições de estresse oxidativo, ácido, básico, hidrolítico, térmico e fotolítico. Observou-se degradação significativa em condições de degradação oxidativa, ácida e básica e leve sob degradação hidrolítica. Os produtos de degradação foram identificados a partir dos picos principais, sendo assim, essas impurezas demonstraram o poder indicativo de estabilidade do método. O método desenvolvido foi validado como proposto nas orientações do ICH, com determinação dos parâmetros especificidade, limite de detecção, limite de quantificação, precisão, linearidade, exatidão, robustez e adequação do sistema (RAMAN et al., 2009). Cavrini et al. (2003) estudaram o perfil de degradação de comprimidos de triantereno, um diurético poupador de potássio, comumente formulado em associação a outros diuréticos, como a furosemida ou a hidroclorotiazida. Todos esses fármacos apresentam fotorreatividade característica, com o espectro de absorção máxima acima de 280 nm. A fotoestabilidade dos fármacos diuréticos triantereno e furosemida foi avaliada individualmente e em associação. Métodos espectrofotométricos, espectrofluorimétricos e cromatográficos foram aplicados para monitorar a fotodegradação dos fármacos. Foram empregadas três fontes diferentes de radiação: neon, lâmpada de tungstênio e luz solar. Confirmou-se extensa fotólise da furosemida em solução aquosa e metanólica com pH 7,4. Contudo, quando os fármacos estão associados em uma solução de pH 7,4 e expostos a radiação de 365 nm, foi observado um significante efeito fotoprotetor do triantereno sobre a furosemida. Esse efeito pode ser explicado pela absorção da radiação a 357 nm pelo triantereno com posterior emissão em um alto comprimento de onda não absorvido pela furosemida. Os comprimidos da associação de fármacos também se mostram fotoestáveis após 65 h de exposição à luz (CAVRINI et al., 2003). 20 Dias et al. (2004) revisaram os produtos de degradação da furosemida. Sob condições específicas, a furosemida (1) degrada, gerando cinco produtos de degradação. A hidrólise ácida promove clivagem do grupo furfuril, formando a saluamina (2) e ácido furfurílico (3). Este último, por sua vez, é decomposto posteriormente a ácido levulínico (4). Agentes oxidantes decompõem o grupo sulfamoil da furosemida em ácido 4-cloro-5-sulfoantranílico (5). Já a exposição à luz provoca substituição do átomo de cloro em poucos minutos (6). Estes produtos de degradação da furosemida estão esquematizados na figura 3. Figura 3: Proposta de degradação da furosemida. (Fonte: Dias et al., 2004). Diversos autores preconizam a utilização de métodos cromatográficos para detecção e quantificação da furosemida dos produtos de degradação, por apresentar vantagens como a capacidade de separar e analisar quantitativamente o fármaco em vários tipos de matrizes, e apresentar boa resolução, eficiência e sensibilidade. Uma alternativa seria a metodologia potenciométrica, na qual se empregam eletrodos íon-seletivos. Não há necessidade de separação prévia da amostra, apenas diluição ou dissolução em solvente apropriado e ajuste de pH e força iônica (DIAS et al., 2004). Shingare et al. (2007) desenvolveram um método indicador de estabilidade para oxcarbazepina , um fármaco antiepiléptico disponível desde o início da década de 1990. O método emprega CLAE, coluna C18, fase móvel contendo mistura de tampão dihidrogenofosfato de potássio 0,02 M:acetonitrila:metanol (45:35:20 v/v/v), 21 fluxo de 1 mL/min e volume de injeção de 20 μL. Além disso, a temperatura da coluna esteve em 25 ºC e a análise dos analitos na faixa de 256 nm. Para esta análise, foram preparadas quatro soluções de oxcarbazenipa, sendo uma solução estoque de 1 mg/mL, duas soluções de trabalho (100 e 500 μg/mL) e uma solução estoque de impurezas a 0,5 mg/mL. A validação do método analítico foi realizada quanto à especificidade, precisão, exatidão, LOD, LOQ, linearidade e robustez. A linearidade do método foi validada após separação de oxcarbazepina na presença de três impurezas (imp. A, imp. B e imp. C). Para formação dos produtos de degradação da oxicarbazepina, uma alíquota de matéria-prima a granel foi submetida à degradação forçada por radiação UV (254 nm), aquecimento a seco (60 ºC), hidrólise ácida (HCl 0,5 N) e básica (NaOH 0,5 N) e oxidação (H 2O2 3%). O período de fotólise e termólise foi de 10 dias, enquanto o período de hidrólise e oxidação foi de 48 horas. Seis soluções independentes de oxcarbazepina (0,5 mg/mL) e dos produtos de degradação (0,15%) foram injetadas no equipamento para confirmação da precisão. Os estudos de degradação forçada resultaram na formação de produtos apenas durante a hidrólise básica, com a produção da imp. C. (figura 4). Os parâmetros de validação do método mostraram-se dentro dos limites recomendados (SHINGARE et al., 2007). Figura 4. Estrutura química da oxcarbazepina, imp. A, imp. B e imp. C. (Fonte: SHINGARE et al., 2007). 22 5.1. METODOLOGIA GERAL EMPREGADA PARA O ESTUDO DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO De forma genérica, os testes de estresse ou estudos de degradação forçada seguem a seguinte metodologia proposta, baseada em monografias da Farmacopéia Norte Americana (USP, United States Pharmacopea) e em recomendações do ICH. A degradação do fármaco é avaliada em condições de hidrólise ácida (0,1 N, 1,0 N e 2,0 N de HCl com e sem temperatura de 80°C por 2 horas), de hidrólise alcalina (1 N de NaOH com e sem temperatura de 80°C por 2 horas) e oxidativa (1% H2O2 por 30 minutos e subsequentemente por 3 horas; 3% H2O2 e 30% H2O2 por 24 horas), e ainda é realizada a fotoestabilidade em câmara adequada por 14 dias. Caso as condições apresentadas não sejam favoráveis a produção suficiente dos produtos de degradação, outras condições devem ser delineadas para degradação satisfatória do fármaco (ICH, 2005). Neto et al. (2009) revisaram a literatura sobre estabilidade de fármacos e medicamentos, e demonstrou a grande importância para a indústria farmacêutica do desenvolvimento de métodos analíticos para identificação e quantificação dos produtos de degradação. Os testes de estresse são considerados ferramentas úteis na geração dos produtos de degradação para posterior estudo analítico, uma vez que fármacos e/ou medicamentos são submetidos a condições extremas. O objetivo dos testes de estresse é produzir decomposição branda (10-30%) do fármaco ou medicamento analisado, visando reduzir a interferência por produção de produtos secundários. São avaliados nesses estudos as consequências da atividade hidrolítica, oxidativa, fotolítica, térmica e opcionalmente de íons metálicos sobre os fármacos. Devido às particularidades inerentes a cada fármaco, o delineamento do estudo torna-se um ponto crítico a ser superado pelos profissionais de pesquisa e desenvolvimento (NETO et al., 2009). Um desafio a ser superado é o desenvolvimento e validação de métodos indicadores de estabilidade específicos, uma vez que os produtos de degradação e suas vias de produção são frequentemente desconhecidos. Neste sentido, as técnicas cromatográficas recebem destaque. Dentre elas, a CLAE é, sem dúvida, a mais empregada devido às vantagens inerentes a suas próprias características, como versatilidade, reprodutibilidade, custo relativamente baixo, além de permitir a 23 separação de uma grande variedade dos produtos formados, independente da volatilidade ou estabilidade térmica, podendo ser associada a vários tipos de detectores. Uma vez determinadas as condições nas quais mais produtos ou maior quantidade destes são formados, os testes devem ser repetidos em escala semipreparativa com o objetivo de gerar produtos de degradação em maior quantidade a fim de extraí-los e purificá-los. A purificação dos produtos presentes no extrato bruto obtido com clorofórmio e/ ou diclorometano pode ser efetuada por flash cromatografia em coluna de vidro com sílica gel e fase móvel adequada. Esta etapa pode ser monitorada por CCD (Cromatografia em Camada Delgada) e os produtos puros obtidos em quantidade suficiente podem ser caracterizados pelos métodos espectroscópicos clássicos como Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênios e Carbonos (RMN 1H e Visível e Infravermelho. 13 C), Espectrometria de Massas e Espectrofotometria UV- 24 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo dos produtos de degradação é uma das áreas emergentes que tem conquistado espaço na indústria farmacêutica. Além da diminuição da potência do medicamento, que é o efeito mais óbvio da instabilidade farmacêutica, também é importante investigar se os produtos de degradação formados são tóxicos. E para avaliar a toxicidade, estes produtos de degradação precisam ser obtidos por alguma metodologia, especialmente a aplicação dos testes de estresse. Estas reações de degradação são de grande importância, visto que elas podem possibilitar a elucidação estrutural dos produtos de degradação, além de representar um potencial método de produzi-los como padrões ou substâncias químicas de referência (SQR). Em futuro próximo, tais compostos serão requeridos pelas indústrias farmacêuticas que deverão identificar os produtos de degradação antes do registro de seus medicamentos. Ressalta-se ainda que a área mostra-se bastante promissora no cenário em que estamos inseridos, com proximidade física a pólos industriais farmacêuticos, que necessitarão de acesso a estes compostos para atender às iminentes especificações de qualidade dos seus medicamentos. 25 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEDSE G, KUMAR V, SINGH S. Study of forced decomposition behavior of lamivudine using LC, LC-MS/TOF and MS(n). J. 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