IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA COMO BARREIRA AO ERRO DE MEDICAÇÃO NO CENTRO HOSPITALAR UNIMED Autoras: Silvia Cristina Soares Molina/Aline Mariah Santos; Amanda Machado Ruiz; Bruna Silva De Oliveira;Camila Lunardi;Karilene Dalposso; Suélen K. Mazera Altmann Centro Hospitalar Unimed Joinville - SC INTRODUÇÃO: A reconciliação medicamentosa é o processo de verificação e revisão do tratamento do paciente, através da obtenção de uma lista completa dos medicamentos que o paciente utiliza, incluindo nome, dosagem, frequência, via de administração, alergias à medicamentos e uso de medicamentos fitoterápicos1,3.Este processo deve ser realizado na admissão, transferência e alta visando garantir a continuidade do tratamento farmacológico dos pacientes e a redução de eventos adversos relacionados a medicamentos 2,5. Alguns estudos demonstram que as evidências de eficácia da reconciliação medicamentosa são mais relevantes quando esta é conduzida por farmacêuticos, pois esses profissionais são capazes de obter um histórico mais acurado dos medicamentos utilizados pelo paciente 4. OBJETIVO: Descrever a experiência dos farmacêuticos na implantação do processo de Reconciliação Medicamentosa como parte das atividades de farmácia clínica no período de Fevereiro e Março de 2015 no Centro Hospitalar UNIMED – Joinville/SC. MÉTODO: Estudo quantitativo e descritivo relatando a experiência da implantação do processo de Reconciliação medicamentosa inicialmente em dois setores de internação no período de Fevereiro e Março de 2015, reconciliando em no máximo 48horas após a internação do paciente no setor. Trata-se de um hospital particular geral localizado em Joinville, Santa Catarina, Brasil. Dispõe de 156 leitos, adultos e pediátricos, sendo setores de internação, maternidade, UTI Geral, Unidade Intensiva Cardiovascular, UTI Pediátrica, UTI Neonatal, pronto atendimento e centro cirúrgico.Diariamente, a farmacêutica emite o relatório dos pacientes internados nas últimas 24horas, realiza a análise do prontuário eletrônico, verifica se há registro dos medicamentos em uso no histórico de saúde, evoluções e resultados laboratoriais. Após realiza a entrevista com o paciente e/ou acompanhante, utilizando como ferramenta um formulário institucional padronizado para coleta dos dados.Em caso de discrepâncias entre a lista de medicamentos que o paciente faz uso em seu domicílio e a prescrição hospitalar o médico é contatado através de telefone gravado e a prescrição é ajustada de acordo com as condições clínicas do paciente. Durante a sua internação, o mesmo continua sendo acompanhado pelo farmacêutico através da validação da prescrição médica. Quando o paciente recebe alta hospitalar é avisada a farmacêutica para que a mesma realize a orientação de alta e reconciliação dos medicamentos prescritos. As informações coletadas são registradas em prontuário eletrônico e as intervenções farmacêuticas realizadas são registradas em planilha no programa Microsoft Office Excel. RESULTADOS: No período de Fevereiro e Março, dos pacientes internado em 2 setores de internação, 59,3% e 65%, respectivamente, tiveram medicamentos reconciliados em até 24horas após a internação nos setores citados, conforme figura 1. No mesmo período 24,1% e 13% foram reconciliados em até 48horas, mantendo a meta estabelecida. Observa-se que em março, 22% dos pacientes foram reconciliados fora da meta, o que se explica porfalta da informação do paciente/acompanhante sobre os medicamentos utilizados em domicílio durante a entrevista. Em março de 2015, 143 pacientes foram admitidos nos setores, destes 91 receberam visita farmacêutica. Dos pacientes entrevistados foram reconciliados 354 medicamentos sendo detectadas 186 discrepâncias. Observou-se que 49% das discrepâncias encontradas se referem à decisão médica de não prescrever ou de alterar a dosagem e posologia devido clínica atual do paciente. A omissão de medicamentos em uso domiciliar foi identificada em 24% dos casos, na maioria nos tratamentos de dislipidemia, polivitamínicos, suplementos e pacientes com curto período de internação, conforme demonstrado na figura 3. 70% 65% 143 pacientes admitidos no período nos 6ºe 7º andares 59,3% 60% 50% 40% 52 pacientes excluidos: 41 negaram uso de medicamentos, 10 tiveram alta, óbito e cuidados paliativos, 6 não sabiam informar e/ou sem acompanhante fev 30% 24,1% 22% mar 16,7% 20% 13% 10% 91 pacientes com visita farmacêutica no período 0% em até 24horas em até 48horas fora da meta Figura 1 Figura 2 45 casos de necessidade de intervenção com o médico. 31 intervenções farmacêuticas aceitas. 60% intervalo de dose diferente 49% 50% 354 medicamentos reconcialiados dose diferente 40% omissão de medicamento em uso 14,29% dos pacientes reconciliados na alta troca ou inserção de novo medicamento x condição clínica 30% 24% prescrição de medicamento da mesma classe terapêutica 20% 10% decisão médica em não prescrever ou trocar a dosagem e posologia baseado na clínica 8% 6% 5% 6% 2% 186 com discrepâncias substituição de um medicamento por outro padrão no hospital 168 sem discrepâncias 0% Figura 3 Figura 4 Conclusão: A reconciliação medicamentosa com a presença do farmacêutico na equipe interdisciplinar promove uma maior detecção e prevenção de potenciais eventos adversos e erros de medicação, devido realizar um levantamento mais completo da utilização de medicamentos, trazendo a participação do paciente no cuidado realizado ao mesmo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1-BARNSTEINER, J.H. Medication reconciliation: transfer of medication information across settings-keeping it free from error.Am J Nurs. 2005 Mar;105 (3 Suppl):31-6; quiz 48-51. 2-CORNISH, P.L. et al. Unintended Medication Discrepancies at the Time of Hospital Admission.ArchInternMed, v.165, 2005. 3-FITZGERALD,R.J.Medication errors: the importance of an accurate drug history.Br J ClinPharmacol. V.67:6. p. 671–675. 2009. 4-MUELLER, S.K.et al.Hospital-Based Medication Reconciliation Practices– A Systematic Review.Arch Intern Med.v.172(14),p.1057-1069, 2012.