Publicação da associação brasileira de distribuidores volkswagen
Ano 33 • n• 295
AGOSTO 2O11
BRASIL:
“VÍTIMA DO SEU
PRÓPRIO HYPE?”
O
O que esperar do 2º semestre
grande volume de dólares que entrou no País, a surpreendente dívida dos Estados
Unidos e a crise na Itália e Espanha, fatores que na economia globalizada afetam a todos,
indiscriminada e rapidamente, balançaram a fé até dos analistas econômicos mais otimistas. Mas
foi só um momento. Apesar dessas interferências, o segundo semestre dos brasileiros não deverá
ser muito diferente do primeiro.
O relatório do FMI sobre o Brasil, divulgado no começo de agosto, nos tranquiliza, apesar dos
costumeiros puxões de orelha. A análise ressalta o avanço do País nos últimos dez anos e continua
apostando no seu crescimento, mas indica claramente que a inflação e a supervalorização do real
devem ser controlados, sob pena de o País ser vítima do seu próprio superaquecimento.
Esta é também a preocupação dos especialistas ouvidos nesta edição, que, em tese, concordam
com a opção do governo em cuidar da inflação de forma lenta para não comprometer o
crescimento. O receio de todos é justamente o que o cenário internacional pode mostrar e se de
fato existirá o compromisso doméstico de quitar nossas velhas pendências.
Externamente, a correção começou a ser feita. O presidente Barack Obama decidiu sancionar uma
lei que eleva o limite da dívida dos Estados Unidos e reduz o déficit orçamentário, afastando, por
enquanto, o “calote”, e na Europa, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse
que os últimos acontecimentos da Itália e Espanha são “injustificados com base nos fundamentos
econômicos e orçamentários desses dois países membros e nas medidas que eles estão
implementando para reforçar esses fundamentos”.
Internamente, o governo deu mostras de preocupação e anunciou um pacote de medidas de
incentivo ao setor industrial, totalizando 25 bilhões de reais em incentivos fiscais e recursos, como
forma de combater os prejuízos à industria nacional causados pelos produtos importados que
chegam “mais baratos”, diante do dólar desvalorizado.
E para o futuro?
A médio prazo, o governo promete o ajuste do déficit até 2014, mas até lá terá que lidar com gastos
grandes como as despesas em infraestrutura para os campos do pré-sal e para os preparativos
da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, melhorando estradas, portos e aeroportos. Além desse
compromisso, o Brasil terá que enfrentar outras situações corriqueiras e inevitáveis já no ano que
vem, segundo o professor de Economia Internacional do Ibmec, Reginaldo Nogueira, que são, além
do risco latente com o cenário externo, “a queda no preço das commodities devido à desaceleração
da China, a desindustrialização, as deficiências da burocracia, os níveis de corrupção e o seu
custo para a sociedade e a pouca qualificação da mão de obra, que bloqueia ainda mais o nosso
crescimento.”
Nos resta esperar que desde já as tarefas comecem a ser cumpridas.
SHOWROOM
Conselho Editorial
3
A mensagem do Conselho Editorial.
5 Cartas
O que dizem sobre Showroom.
6 Quem Passou por
Aqui
Personalidades e amigos que
visitaram a Assobrav e o Grupo Disal.
8 Gente
Exemplo de talento, conhecimento
técnico e dedicação, Inélia Garcia, a
educadora física chilena radicada
no Brasil há mais de 30 anos,
coleciona prêmios, alunos e prestígio
internacional. É a maior autoridade
em Pilates do País e uma das 10
mais do mundo. Foi a responsável
pela introdução do método
nacionalmente e já capacitou mais
de 500 profissionais. Convicta de
que a melhor filosofia de vida é “o
desenvolvimento integral do ser
humano” e incansável pesquisadora,
promete ainda mais novidades no
campo da Educação Física.
16 Mundo Verde
4
Nosso recado sobre a
preservação do meio
ambiente e suas
implicações legais.
18 Comportamento
Como lidar com “Geração Y” ? As pessoas
nascidas entre 1978 e 1994 caracterizamse por terem facilidade com tecnologia
e atitude egocêntrica no ambiente de
trabalho. Vivem em ação, estimuladas por
atividades, são profissionais multitarefa,
muito bem preparados, mas têm dificuldade
em lidar com fracassos e frustrações.
24 RH
A reflexão do psicólogo, especialista em
relações corporativas, Armando Siqueira
Neto.
25 TechMania
Os testes em laboratórios e em pistas de
prova da indústria automobilística, segundo
o jornalista Fernando Calmon.
26 Capa
MUNDO VERDE
A PASSEIO
CAPA
3 Recado
32 A Passeio
Algumas das melhores dicas para
passar as festas de fim de ano em todo
o mundo.
38 Fala Sério!
O novo tom da crônica de Maria Regina
Cyrino Corrêa.
39 Quando a Bola
Rola...
O comentário de Marcelo Allendes sobre
o que acontece nos gramados, quadras,
piscinas...e em outros espaços também.
40 Novidades
O que há de novo em eletrônicos,
periféricos de informática e outras
utilidades.
Se tudo der certo no cenário econômico
brasileiro e mundial o segundo semestre
de 2011 será igual ao primeiro. Mais do
mesmo. Se não chega a ser uma boa notícia,
ao menos não é a pior. O início do governo
Dilma Rousseff foi marcado pelo dilema
de atacar a inflação de forma cirúrgica ou
homeopática. Optou-se pela forma lenta,
como se sabe, e nem no fim de 2012 a
inflação voltará para o centro da meta. Até
lá, há riscos internos e externos, um deles é o
Brasil “tornar-se vítima de seu próprio hype”.
41 Livros & Afins
30 Freio Solto
Receitas, segredos e informações sobre
a história da gastronomia com o chef
Gustavo Corrêa.
A opinião, a crítica e a ironia do jornalista
Joel Leite.
Nossas dicas para a sua biblioteca,
cedeteca, devedeteca e pinacoteca.
42 Vinhos & Videiras
A opinião abalizada de Arthur Azevedo,
diretor executivo da ABS – Associação
Brasileira de Sommeliers – SP e editor
da revista WineStyle e do site www.
artwine.com.br
42 Mesa Posta
Publicação mensal da
Muito boa a reportagem que vocês fizeram sobre o “Matchmaking” (Edição 293 –
Junho 2011) Gostaria de saber mais detalhes para poder participar de uma rodada
dessas.
Márcia Alves • São Paulo
Os que passam por aqui
Adoraria ter minha foto publicada na seção Quem
Passou Por Aqui. Como faço? Quando a Revista
Showroom chega é a primeira coisa que lemos aqui
em casa. Mesmo não conhecendo todas as pessoas que
aparecem na coluna, gostamos de ver quem “passou
por aí” A seção é divertida e acredito que as pessoas
publicadas devam adorar se ver ali.
Roseli Machado • Rio de Janeiro
Montenegro
Que maravilha Montenegro! (Seção A Passeio Edição
294 – Julho 2011) Confesso que desconhecia esse
destino. Quero visitar as cavernas-igrejas ao redor do
Mosteiro Ostrog, ponto de encontro de católicos e
ortodoxos.
Parabéns pela dica.
Maria José • São Paulo
Ontem e hoje. O mesmo dilema
Quero parabenizar o articulista Armando Siqueira Neto por sua crônica “parece
que foi ontem” (Edição 294 – Julho 2011). Realmente a maneira como os homens
primitivos viviam e como vivemos hoje não mudou em essência. Apenas
adquirimos um pouco de conhecimento e um outro tanto de conforto. Como raça
humana, temos muito ainda que aprender.
João Antonio Couto • Curitiba
O vinho do Dr. Arthur
Que boa notícia foi saber que o diretor executivo da ABS-SP, Arthur de Azevedo,
competente médico e expert em vinhos, lançou seu próprio vinho em parceria
com sommeliers portugueses (Edição 294 – Julho 2011).
Estou pronto para degustar os dois novos rótulos do Dr Arthur: o Scancio Private
Selection 2008 e o Scancio Reserva. Tenho certeza de que a importadora Vinissimo
não vai dar conta dos pedidos.
Parabéns!
Sandro Pieron • São Paulo
N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente os interessados devem
enviar um e-mail à Redação ([email protected]) informando o seu endereço
e solicitando o envio da publicação. Os pedidos serão atendidos por ordem de
chegada e conforme a disponibilidade de exemplares.
Ano 33 – Edição 295–agosto de 2011
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Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos
Roberto Franco de Mattos,
Roberto Torres Neves Osório,
Elmano Moisés Nigri e
Rui Flávio Chúfalo Guião.
SHOWROOM
Encontro entre profissionais e
empresas
5
Lucas Delfino, gerente
regional da Assurant
Solutions, para
uma análise in loco
da Assobrav e seu
expertise técnico...
A educadora física e publicitária Bruna Carneiro, sucessora da
VW Minas Auto, de Ponte Nova (MG), para participar do Programa
Sucessores Assobrav, porque embora administre o seu próprio
negócio há dois anos, a academia de ginástica “Studio de Personal”,
acredita que o curso irá ajudá-la, “e muito”, a melhorar o seu
atendimento ao público e a gestão da empresa...
Para uma
visita de
cortesia e de
conhecimento
sobre o
Grupo Disal,
o gerente
de produtos
da Cardif
do Brasil,
Reinaldo
Hagge Jr....
6
Luis Felipe Queiroz,
o “faz tudo” da
VW Nova Ivesa,
de Indaiatuba,
interior de São
Paulo, sucedendo
com competência
e dinamismo a
empresa familiar...
Excêntrico,
divertido e
talentoso,
Maurílio Malta,
diretor de cena,
e sua Malta
Consultores
Associados,
agência
especializada
em comunicação
corporativa, para
registrar, com
maestria, eventos
da Assobrav e da
rede Volkswagen...
Carlos André Fransosi,
novo supervisor
de Pós-Vendas do
Escritório Regional
I, da Volkswagen do
Brasil, para comandar,
com simpatia e
eficiência, mais uma
reunião dos gerentes
da Rede VW...
O engenheiro
Tarso
Rutklowski,
gerente de
Assistência
Técnica da VW
Biguaçu, da
capital paulista,
para mais uma
reunião de
Pós-Vendas na
Assobrav...
Elton (Kiko) Nigri, incansável
empreendedor, agora
também à frente da MOC
Brasil Comércio de Produtos
Automotivos...
A sucessora da VW Carevel de Rondônia,
Rosandra Fleck, há 10 anos gerenciando
as finanças da empresa familiar, em busca
de mais conhecimento técnico e da troca
de experiências com os colegas mais ao
sul do País...
SHOWROOM
André Luis Arantes,
gerente de Vendas
Corporativas da
Sulamérica, para
trocar ideias sobre
novos produtos com
a diretoria da Disal
Corretora de Seguros...
7
Sempre em busca
da felicidade
plena, Inélia
Garcia se destaca
como divulgadora
mundial do
autêntico método
Pilates e já
capacitou mais de
500 profissionais
com esta filosofia
de vida.
Inélia
Garcia
Empresária
do corpo e
da alma
8
Por Thais Martins
fascínio pela educação física
permitiu à Inélia Garcia uma carreira
cheia de lutas, conquistas e descobertas
que revolucionaram não só a sua
maneira de pensar e agir, como a
postura com que muitos profissionais
encaravam, até então, a saúde. Seu
jeito inquieto e questionador permitiu
que encontrasse no método criado por
Joseph Pilates a resposta de uma dúvida
que surgiu ao assistir a uma palestra
da universidade: “Como desenvolver
integralmente o ser humano?”.
Foram anos de atletismo, dança, yoga,
karatê, cursos, especializações e nada
de encontrar o conhecimento para
dar significado maior ao exercício
físico. Essas experiências, porém, não
foram em vão. Por meio de sua vasta
bagagem, desenvolveu técnicas como o
alongamento consciente e o Ballness.
Os frutos foram e são colhidos
diariamente. Já foi homenageada
em nome do próprio Joseph Pilates
como a maior divulgadora mundial
do tradicional método; sua arte de
ensinar lhe rendeu o prêmio Top
Fiep Brasil, proporcionado pela
Federação Internacional de Educação
Física; inaugurou diversas unidades
do The Studio Pilates no Brasil; já
capacitou cerca de 500 profissionais e
conquistou a confiança e a admiração
da máxima em Pilates no mundo:
Romana Kryzanowska, a precursora
oficial de Joseph. “Ela é minha mestre,
amiga, minha inspiração no trabalho
e na vida. Me ensinou, e ensina, como
servir as pessoas com amor, motivação,
com seriedade e responsabilidade”, se
orgulha.
Showroom: Como começou seu
interesse pelo esporte?
Inélia Garcia: O exercício físico
sempre esteve presente na minha vida.
Desde a infância tive oportunidade de
praticar várias modalidades e minha
paixão pela atividade física me levou
a escolher como carreira a Educação
Física. Fiz atletismo, dança, yoga,
karatê... tudo isso me trouxe força de
vontade, dedicação, treinamento, luta,
conquista e disciplina. E isso se constrói
dia a dia, com paciência, compreensão, e
só o faz quem tem amor à vida e atitudes
positivas.
Me formei na Universidade Federal do
Chile e naquela época trabalhava com a
atividade física em hospitais, com ginástica
para funcionários, quase uma ginástica
laboral, naquele então inexistente. Também
fazia trabalho social em escolas de padres
dominicanos, na periferia.
A primeira palestra que tive na faculdade
tratou sobre “o desenvolvimento integral do
ser humano” e esse tema, essa incógnita, me
acompanhou por anos. Tudo que eu fazia
buscava alcançar esse objetivo. Posso dizer
que foi essa a motivação que me permitiu
descobrir muitas coisas em benefício da
saúde.
E quais foram as descobertas?
A primeira delas aconteceu por causa da
lesão da musculatura posterior e abdutora
da coxa que tive, que me impedia de sentar,
ficar em pé, não podia fazer nada. Os
médicos me disseram que demoraria
muito tempo para me recuperar, dado o
nível da distensão. Fiquei desesperada.
Comecei a massagear e alongar o
meu corpo, e percebi que ajudava
na recuperação. Automaticamente
me relaxava e a tolerância à dor e à
flexibilidade aumentava. Uma das
estratégias para aprender a relaxar é a
cimbinação de massagem, música e o
controle da respiração. Foi o início do
que seria futuramente o trabalho de
Alongamento Consciente.
Como se desenvolveu essa técnica?
Na faculdade, participei de vários
estágios e projetos sociais que exigiam
pesquisas específicas sobre o movimento
e estratégias didáticas para trabalhar com
públicos diferenciados. Devido
a esta demanda, elaborei
um trabalho específico de
alongamento, onde utilizei
minha experiência com
SHOWROOM
O
Uma das
estratégias para
aprender a relaxar
É a COMBINAÇÃO DE
massagem, música
e o controle da
respiração. Foi o
início do que seria
futuramente
o trabalho de
Alongamento
Consciente.
9
bola suíça e então, a partir de 1994,
comecei a ministrar aulas com este
nome em convenções de fitness por
todo o Brasil e Itália.
dança, yoga, artes marciais, técnicas
terapêuticas e a fundamentação
do trabalho de desenvolvimento
psicomotor.
A primeira experiência foi aplicar este
trabalho, com o título de ginástica da
saúde, para os profissionais (médicos,
enfermeiras, fisioterapeutas, equipe
administrativa e de infra-estrutura)
que trabalhavam no hospital Barros
Luco Trudeau, em Santiago, no Chile.
Paralelamente, fiz estágio em escolas
e clubes, adaptando as recém-criadas
aulas de Alongamento Consciente às
necessidades de crianças e atletas.
Já no fim do curso de Educação Física,
o conhecimento acumulado era tão
amplo que o organizei em forma
de método, que seria enriquecido
com minha vinda ao Brasil e ao
trabalho junto a crianças carentes em
Guarulhos, com atletas de ginástica
rítmica desportiva e nas aulas de
ginástica de academia.
A partir de 1981 levei a técnica
para congressos na América Latina,
EUA e Europa. Após comemorar
32 anos da criação do método,
continuo inovando, adicionando
novos materiais e estudando as mais
amplas possibilidades de movimento
corporal.
exemplar. Fiz um curso no Rio de
Janeiro com aplicação da bola nos
processos de recuperação de lesões.
Em 1993 estive na Califórnia, onde
tive a oportunidade de participar de
algumas aulas e cursos utilizando a
bola. Lá vi a abrangência do seu uso
e adquiri 20 unidades para utilizálas nas aulas de ginástica na minha
academia Corpus, em Guarulhos.
Como o Alongamento Consciente
já estava compilado e fazia muito
sucesso, passei a usar os mesmos
princípios e formatei um método
próprio de trabalho completo com
Qual é o fundamento da bola
suíça?
É uma aula com bola de diferentes
tamanhos que possibilita desenvolver
grande variedade de capacidades
e qualidades físicas, como
força, flexibilidade, resistência
e consciência corporal com o
objetivo do aprimoramento do
condicionamento físico, controle
motor, percepção corporal e
consciência do movimento.
É o bem-estar por meio da bola,
usado muito em ginástica laboral,
fisioterapia, exercícios lúdicos para
crianças. Facilita a socialização,
pois remete à infância, além de
melhorar as capacidades físicas. É
E quais são os benefícios do
Alongamento Consciente?
É muito praticado para diminuir
os picos de tensão que se formam
em função do dia a dia. Melhora
as funções músculo-articulares,
ajuda o alongamento e flexibilidade,
harmoniza os fluxos energéticos do
corpo e reestrutura o equilíbrio físico
e mental.
10
Depois de desenvolver essa técnica,
qual foi sua próxima conquista?
Comecei o trabalho com bola suíça
nos anos 90, posteriormente
batizado de Ballness. Foi na Itália
que adquiri o meu primeiro
“É importante melhorar
as funções
músculo-articulares o
alongamento e a flexibilidade”
E você também deu o seu toque à
técnica...
Sim, em 1996 com a chegada ao Brasil
de programas de condicionamento físico
na bola suíça, surgiu a necessidade de
diferenciar minha aula das demais.
Assim, lancei em 1997 a primeira aula
com o nome utilizado até hoje: Ballness,
uma alusão ao desenvolvimento de
programas de wellness (bem-estar).
Mais de duas décadas depois do meu
primeiro contato com este tipo de
material, vejo que a bola suíça veio
para ficar. Hoje, as aulas de Ballness
incorporaram vários tamanhos de bolas
com materiais diversificados, além de
usar acessórios que podem aumentar o
grau de solicitação física, motora e de
aptidão física, como halter, elásticos,
bandas elásticas, pesos livres, entre
outros.
O desenvolvimento da indústria dos
acessórios de fitness nos trouxe outros
tamanhos de bolas com materiais
variados; atualmente estou pesquisando
e fazendo a inserção de mais de 10
novos materiais que serão incorporados
à metodologia Ballness.
E o Pilates? Como entrou na sua
vida?
Foi em San Diego (EUA), na Idea
Fitness International, em 1993, que me
encantei com o método Pilates. No ano
seguinte comecei a certificação com
Romana Kryzanowska, em Nova York,
em busca da tríplice saúde: física, mental
e emocional. No mesmo ano já iniciei a
atividade no Brasil, com o Mat (trabalho
no chão com colchonetes, sem aparelhos
e só com acessórios como banda elástica,
bastão e pesos de um a três quilos). E
em 1997 abri meu primeiro Studio na
academia Corpus, em Guarulhos (São
Paulo).
E qual é a diferença entre o Pilates
com e sem bola?
É uma ótima pergunta, pois o verdadeiro
Pilates não utiliza bola e quem criou
foi Joseph Pilates, com aparelhos para
a prática dos exercícios. As academias e
os professores de educação física estão
sempre criando novas modalidades e
jeitos diferentes de praticar a atividade
física, o que não garante que seja seguro
e eficiente como o tradicional método
é. Hoje, o mercado de fitness coloca a
bola como elemento motivador e utiliza
“erroneamente” o nome.
Fale um pouco mais sobre o
autêntico método Pilates...
O método Pilates é
muito abrangente.
Joseph estava
muito à frente
da época dele,
então tem muita
coisa sempre pra
ser explorada,
desmembrada.
O método Pilates, ou Contrologia, é
um sistema completo de exercícios
sistematizados, criado entre as
décadas de 1920 e 1930 por Joseph
Hubertus Pilates, que buscou soluções
para driblar sua infância adoentada.
Foi um estudioso das modalidades
ocidentais e orientais de exercícios da
época, mas principalmente das antigas
filosofias gregas e romanas em busca
do equilíbrio e da manutenção da
saúde física e mental. Ele desenvolveu
aparelhos conhecidos em nossos dias
como Reformer, Cadillac, Eletric Chair,
Wunda Chair, Full Barrel, Tower, entre
outros. Mas foi na década de 20 que
fez seu primeiro contato com o mundo
da dança. Paralelamente, o governo
alemão pediu a ele que usasse o seu
treinamento nas forças armadas. Foi
por isso que imigrou para os Estados
Unidos a convite do empresário de boxe
americano, Nat Fleischeir e de Max
Schmeling. Foi aí que os EUA passaram
a aderir ao seu método, pois viramse beneficiados com a Contrologia,
fundamental para o treinamento de
bailarinos e artistas.
Hoje, mais de 90 anos depois, o The
Pilates Studio Brasil tem o compromisso
de levar adiante essa filosofia. A
principal discípula continuadora da
obra do alemão Joseph é Romana
Krysanowska.
O que significa ter saúde para você?
Tenho 33 anos de formação como
educadora física. Passei por vários
cursos, especializações. Estou há 31
anos no Brasil. Ao longo dos anos
ganhei bagagem, vivência, vi resultados
rápidos e duradouros, e passei a ter
maior consciência do corpo, o que é ter
um condicionamento físico bom, uma
ótima saúde. Saúde é ser saudável física,
mental e emocionalmente. Lembra do
desenvolvimento pleno do ser humano?
Até hoje, só vi a plena excelência no
Pilates.
É preciso procurar dentro de cada um
o equilíbrio do corpo, da mente e do
emocional, desenvolver a espiritualidade.
Criei o Alongamento Consciente, aderi
ao Ballness, e encontrei o Pilates que me
fez chegar à plenitude do bem-estar; ter
saúde em todos os sentidos.
Como foi e é sua relação com
Romana, a maior autoridade em
Pilares hoje?
Ela tem 88 anos, mora no Texas, é minha
mestre, amiga, inspiração no trabalho,
é um exemplo de vida em como servir
as pessoas com amor, motivação, como
fazer as coisas bem. Me ensinou Pilates
com seriedade e responsabilidade. Iniciei
minha certificação com ela, em 1994, em
Nova York, e agora dedico minha vida a
divulgar, ensinar e formar profissionais
que amem o que fazem e acreditam no
poder da atividade física.
Desde o princípio, Romana disse
ter percebido minha capacidade
de assimilação dos princípios da
Contrologia, minha fluência didática,
pedagógica e o reconhecimento e carisma
no meio profissional. Foi quando propôs
a implantação, em São Paulo, de um
Centro de Certificação nos moldes dos
existentes nos Estados Unidos e Europa.
Em 1997, ela visitou o Brasil para iniciar
oficialmente o trabalho, inaugurando
o primeiro Studio. Retornou em 1999
para iniciar o 1º Centro de Certificação
do Autêntico Método Pilates da América
Latina, em São Paulo.
Como é a realidade do The Pilates
Studio Brasil?
Após a implantação do primeiro Studio,
Romana me nomeou como diretora
SHOWROOM
muito utilizada na prevenção de lesões
músculo esqueléticas.
11
O mais importante
é gostar do que se
faz e eu só tenho a
agradecer a Deus
por fazer algo que
gosto e acredito.
Foi muito forte receber o troféu. Sou
muito disciplinada e esse esforço foi
reconhecido pelo que acredito.
A partir de 2003 fui nomeada
“teacher of teachers” mundialmente,
e em 2006 veio a grande honra: a
autorização de Romana para ministrar
e avaliar todos os módulos da
certificação, que passa a ser referência
mundial de excelência e qualidade.
Está para acontecer a Certificação
2012 para os instrutores, o único
centro de certificação brasileiro.
Em termos de inovação, o que vem
por aí?
O método Pilates é muito abrangente.
Joseph estava muito à frente da época
dele, então tem muita coisa sempre
pra ser explorada, desmembrada.
No início do segundo semestre deste
ano faremos o planejamento para
2012. O trabalho social terá um
peso mais forte, principalmente na
terceira idade, o adulto maior. Como
trabalhar essa geração para que tenha
saúde, para que envelheça bem.
Você sempre se dedicou a
trabalhos sociais?
Sempre ajudamos pessoas que não
têm condições de pagar, que têm
dor crônica e não têm como fazer
um trabalho de fisioterapia. Cada
estúdio faz o seu trabalho, porém
nunca documentados ou divulgados.
Pretendemos ampliar e estruturar
mais este tipo de ação.
12
responsável para formar, divulgar
e preparar futuros professores para
a Certificação, junto à rede The
Pilates Studio Brasil. Desde então,
Romana visita anualmente o Brasil,
participando da Certificação e
ministrando a educação contínua aos
instrutores formados, além de dar
diretrizes para o desenvolvimento do
Pilates no País. Hoje o The Studio
Pilates conta com 50 unidades no
Brasil, América Latina e Europa,
cerca de 500 profissionais já foram
formados e certificados. Sete unidades
são de minha propriedade e as demais
são franqueadas. Cada Studio tem
em média 200 alunos. São Paulo
concentra o maior número com 25
unidades, seguido por Curitiba com
quatro, Brasília, Belo Horizonte e Rio
Grande do Sul com três, Rio de Janeiro
com duas e Natal, João Pessoa, Recife,
Maceió e Campo Grande com uma
unidade em cada Estado.
Você recebeu diversas premiações.
Como elas marcaram a sua
carreira?
Em 1997 recebi o Top Fiep pela
Federação Internacional de Educação
Física, como melhor professora de
Educação Física do Brasil. Já em
2011, em um evento em Los Angeles,
recebi uma homenagem em nome do
próprio Joseph Pilates, por Romana,
como a melhor divulgadora mundial
do método. Foi uma surpresa, pois
estava há apenas seis, sete anos
inserida no meio, enquanto no
evento havia profissionais com mais
de 30 anos. Romana disse que se
Joseph estivesse vivo ele faria isso.
Quer deixar uma mensagem para
finalizar nossa entrevista?
O mais importante é gostar do que se
faz e eu só tenho a agradecer a Deus
por fazer algo que gosto e acredito.
Com isso é possível traçar metas
concretas para um futuro melhor, não
só para mim, como para todos.
Atualmente, busco manter a
originalidade e a excelência do
método para as próximas gerações
saberem o que realmente Joseph
Pilates criou. Quero continuar
na formação de profissionais,
expandindo a rede para que mais
pessoas possam se beneficiar do
método e alcançarem aquele que
era o maior ideal de Joseph: mudar
a essência das pessoas em busca da
felicidade plena.
Exposição transforma
sucata
de automóvel em
ARTE
A
Iniciativa inédita no País, a
exposição “Da sucata à arte” na
concessionária VW Recreio BH
valoriza a sustentabilidade
e abre novos caminhos para
jovem da periferia
Por Regina Perillo
Recreio BH, em Belo Horizonte, abre seu
espaço cultural para uma exposição inédita entre
as concessionárias Volkswagen do País: “Da sucata
à arte na Recreio BH”. A exposição, que utiliza
portas, capôs, para-choques e para-lamas, acontece
de 1 a 15 de agosto, com doze trabalhos do jovem
artista e grafiteiro Helbert de Lourdes Oliveira.
Segundo o diretor da concessionária, Eric Braz
Tambasco, a Recreio sempre deu o destino
correto para as sucatas geradas na oficina, mas
quis ir além, com a criação de um projeto de
cunho ambiental e social, para transformação do
material em arte.
Ele explica que a exposição é a semente inicial de
um projeto, que futuramente pode englobar as
cerca de 60 concessionárias do Grupo Líder nos
Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Espírito Santo.
Jovem artista
“Com o projeto já em mente, faltava encontrar o
artista certo”, conta o diretor. “A concessionária
buscava alguém que não fosse conhecido e para
quem a exposição representasse também uma
oportunidade de transformação social. Foi quando,
16
por uma dessas inexplicáveis coincidências, o jovem
Helbert de Lourdes Oliveira, ao ser entrevistado para uma
vaga na empresa, falou do seu interesse pela pintura. Na
mesma hora, ele foi levado até as sucatas e mostrou um
pouco do seu trabalho. Foi imediatamente convidado para
iniciar o projeto. “
Morador da periferia de Santa Luzia e proveniente de uma
família muito humilde, o jovem disse que sempre gostou
de artes, mas que já estava pensando em desistir, por
falta de oportunidades. Até então, ele se expressava como
grafiteiro, fazendo pequenos trabalhos sob encomenda. Helbert, 22 anos, com segundo grau completo, nome
artístico Rondas, conta que sua maior preocupação hoje
é fazer um trabalho que tenha conteúdo e que expresse
exatamente os seus pensamentos. “Não pinto apenas pelo
prazer estético e espero que as pessoas entendam isso, e
que cada um faça sua interpretação sobre o que vê”.
O caos das cidades, o consumismo, o cotidiano
massacrante, a massificação são temáticas que ele
procura retratar em cada peça, em momentos que exigem
muita inspiração.
Ele conta que no início desenhava mais letras e símbolos,
mas depois foi amadurecendo e hoje procura colocar um
teor social nos quadros, baseado em sua vivência nas ruas
e na arte dos muros que sempre praticou.
A arte da
resiliência
(2 fig.capacidade de se
recobrar facilmente
ou se adaptar à má
sorte ou às mudanças
-Houaiss)
O
termo geração Y foi cunhado nos
Estados Unidos, identifica uma geração que
se desenvolveu em uma época de avanços
tecnológicos e prosperidade econômica.
Cujos pais, se sentido culpados e não
querendo repetir o abandono das gerações
anteriores, enchem os filhos de presentes,
atenções e atividades. Com a autoestima
fomentada, eles se acostumaram a
conseguir tudo o que querem. É a geração
do “eu mereço”, não se sujeitam às tarefas
subalternas de início de carreira e lutam
por salários ambiciosos desde cedo.
Como escreveu a escritora e
documentarista Eliane Brum em um
artigo no site da revista Época, intitulado
“Meu filho, você não merece nada”, a
crença de que a felicidade é um direito
tem tornado despreparada a geração
mais preparada: “Ao conviver com os bem
mais jovens, com aqueles que se tornaram
adultos há pouco e com aqueles que
estão tateando para virar gente grande,
percebo que estamos diante da geração
mais preparada – e, ao mesmo tempo, da
mais despreparada. Preparada do ponto
de vista das habilidades, despreparada
porque não sabe lidar com frustrações.
Há toda uma polêmica se há ou não a tal geração Y no Brasil.
E se há como lidar com ela no ambiente de trabalho. Jean
Pralong, professor da Escola de Negócios, em Rouen, na França,
define a Geração Y como as pessoas nascidas entre 1978 e
1994, caracterizadas por terem facilidade com tecnologia e
atitude egocêntrica no local de trabalho. Pessoas que vivem
em ação, estimulados por atividades, multitarefas, muito
bem preparadas, mas que não sabem lidar com fracassos e
frustrações.
18
POR Rosângela lotfi
“Os jovens buscam
gratificação
instantânea e não
lidam bem com
promessas futuras”
Para Fabiano Caxito, consultor de
empresas e palestrante, é inegável que
uma parcela de jovens, nascidos em
famílias das classes A e B, apresente
características da geração Y similares
a dos jovens americanos: “estudam
inglês, fazem intercâmbio, usam
redes sociais, não têm paciência
para coisas longas e demoradas.
Buscam gratificação instantânea
e não lidam bem com promessas
futuras, demandam muito feedback
e são movidos a elogios. Gostam de
ser reconhecidos e são ambiciosos.
Demonstram amplo domínio da
tecnologia, são alegres e descontraídos
e buscam equilíbrio entre trabalho e
vida pessoal.”
A maioria não
teve as mesmas
oportunidades
A polêmica se há ou não geração Y no
Brasil é que a prosperidade econômica
brasileira é recente e ainda frágil.
A maioria dos jovens nascidos nas
classes C e D não teve acesso a escolas
de qualidade, apenas recentemente
passaram a ter acesso a internet,
muitos nunca assistiram TV a cabo.
Não estudaram outras línguas e nunca
saíram de sua cidade. O que têm
em comum com os endinheirados,
explica Caxito, baseando-se na
pesquisa “Os dois Brasis – Encontros
e Desencontros na internet da
geração 90”, realizada pela Binder/
FC+M em 2009, é a cultura dos
videogames, que forma nos jovens,
independente da classe social, uma
ideia de recompensa imediata.
“Outra característica comum aos
jovens da geração Y é o desejo de
rápido crescimento profissional, mas
as diferenças de oportunidades e
de escolaridade ainda são grandes”,
diz ele, ressaltando que é preciso
evitar a generalização. “Não quer
dizer que não há geração Y no Brasil,
nem que há, porque nem todas as
pessoas nascidas após a década de
80 pensam da mesma forma e têm
os mesmos valores.”
No trabalho não
existe diferença
entre profissionais
de 25 e 45 anos
Segundo ele, essas características
de ambição, imediatismo, baixa
tolerância à frustração, com
dificuldade de lidar com processos e
com pressão, para lidar com normas
e regras, com limites de horários,
pela busca do individualismo ou
informalidade na forma de se vestir,
não são exclusivas dessa faixa etária.
“Vejo pessoas com mais idade e com
a mesma atitude.” A afirmação do
consultor corrobora as conclusões
do estudo intergeracional realizado
por Pralong, que entrevistou
400 participantes de formações
semelhantes, variando de alunos
até trabalhadores assalariados
com 60 anos. O estudo mostrou
que as atitudes no local de
trabalho e ideias sobre carreiras
da Geração X (nascidos entre
aproximadamente 1959 e 1981) e da
chamada geração Y são as mesmas.
“Não existe diferença entre 25
anos de idade e 45 no trabalho.”
Lilian Graziano, diretora do
Instituto de Psicologia Positiva e
Comportamento (IPPC), diz que
resiliência, isto é, a capacidade de
superar os obstáculos da vida, deve
ser desenvolvida desde cedo. “Todos
têm capacidade de resiliência; uns
mais, outros menos. Não é uma
questão de idade, mas a resiliência
costuma ser desenvolvida à medida
que a pessoa tem maturidade
emocional. O que acontece com essa
geração é que esta habilidade ainda
não está desenvolvida, graças aos
pais que os protegeram, deram tudo,
não deixaram que passassem por
problemas.”
“Os jovens que
continuarem
acreditando que
o mundo deve
algo a eles e não
desenvolveram
a capacidade de
resiliência, vão bater
muito a cabeça...”
As empresas não são
tolerantes
Lilian diz que isso aparece mais
fortemente no mundo corporativo
porque este é um ambiente que não é
tão tolerante como a casa dos pais. “As
empresas até estão tentando adequar
seu estilo de gestão a esses jovens
que estão chegando com força no
mercado de trabalho, mas há limites.
Entre os jovens, os que continuarem
acreditando que o mundo deve
algo a eles e não desenvolveram a
capacidade de resiliência, vão bater
muito a cabeça até perceberem que
esta habilidade é uma alavanca para
a felicidade.”
Frustração, fracasso, decepção
certamente acontecem em vários
momentos da vida, para todas as
pessoas, na família, na escola, no
trabalho, nos relacionamentos e
desde cedo é preciso ensinar que
fracasso ou frustração não é o fim do
mundo. “Ensinar a olhar as situações
pelo lado positivo – ou por seus vários
ângulos –, a minimizar os danos
do problema ou compartilhá-lo,
como forma objetiva de buscar uma
solução”, explica Lilian, assim criam-
SHOWROOM
Preparada porque é capaz de usar
as ferramentas da tecnologia,
despreparada porque despreza o
esforço. Preparada porque conhece
o mundo em viagens protegidas,
despreparada porque desconhece a
fragilidade da matéria da vida. E por
tudo isso sofre, sofre muito, porque
foi ensinada a acreditar que nasceu
com o patrimônio da felicidade.”
19
se indivíduos mais resilientes e mais
aptos vencer os desafios que a vida
lhes proporciona.
“Ser feliz dá
trabalho e é um
trabalho diário”
Ter resiliência não significa nunca
ficar triste ou nunca ter uma
depressão pontual, o que não
seria humano. “Tristeza faz parte
da condição humana saudável”,
diz a psicóloga. Algumas pessoas
ficam tristes, vivem esse “luto”,
mas não ficam “alimentando” o
sofrimento. Estas têm capacidade
de superar o abatimento e tirar
dessa situação algo proveitoso. Não
apenas a geração Y nesta época
contemporânea tem sido marcada
pela ilusão de que a felicidade é
uma espécie de direito. “Ser feliz dá
trabalho e é um trabalho diário”, diz
a psicóloga, explicando a psicologia
positiva (nada a ver com auto-ajuda
ou neurolinguística, por exemplo)
define felicidade não como ausência
de problemas, mas o balanço
positivo que o indivíduo faz e que
inclui experiências emocionais
agradáveis, baixos índices de
humores negativos e alta satisfação
com a vida. Lilian Graziano aconselha
20
a avaliar a vida a cada seis meses,
buscando identificar qual o
padrão emocional. Se o balanço for
positivo, isto é, sentir na maioria
das vezes emoções positivas
e, às vezes, emoções negativas
como medo, raiva, tristeza, fruto
dos problemas cotidianos, a
experiência das emoções negativas
não compromete os níveis de
felicidade do sujeito. O predomínio
de emoções positivas, maior
nas pessoas mais resilientes,
eleva o nível de felicidade. O
contrário, mais emoções negativas,
dificuldade exagerada de superar
os obstáculos e o desenvolvimento
de comportamentos disfuncionais
diante deles seriam sinais de que
um especialista deve entrar
em cena.
Resiliência
aprendida
A resiliência pode ser aprendida.
Tanto que na Universidade
de Harvard, onde a disciplina
nasceu em 1998, é a matéria mais
procurada pelos alunos, superando
a “Introdução à Economia”. São
pessoas buscando educar suas
emoções.
A psicologia positiva não nega os
problemas, mas ajuda as pessoas
a desenvolverem o que têm de
melhor, as forças pessoais. “Não é
processo simples. É necessário,
em um primeiro momento,
ser pragmático e objetivo,
manter o foco na resolução do
problema. Em seguida, medir os
possíveis “estragos” emocionais
provocados pela situação, para
avaliar ganhos e aprendizados.
Enxergar o momento como
um aprendizado já o coloca
no passado, com função de ser
um item do ‘manual interno’
de conduta diante de futuros
obstáculos; o caminho certo
para a superação”, ensina a
psicóloga. Aprendizado que
funciona também no ambiente
corporativo, mudando o clima
organizacional e educando
os profissionais de todas as
gerações a lidar, de forma
saudável, com as frustrações.
“Aliás, este deveria ser o objetivo
da gestão por competências.
Geralmente somos avaliados
por aquilo que não somos.
Uma avaliação positiva, com
base naquilo que o profissional
pode oferecer, seria o primeiro
passo em um trabalho que
visa a desenvolver o foco do
profissional nas questões
positivas e aprendizados, algo
essencial para desenvolver
a resiliência.” Afinal, como
concluiu Eliane Brum no artigo
já citado, “crescer é compreender
que o fato de a vida ser falta
não a torna menor. Sim, a vida é
insuficiente. Mas é o que temos.”
O caos salvador
A irregularidade, por
aparentemente indesejável
que se imponha, é o nosso
anjo da guarda, e não o
demônio do qual se deve
fugir sem nem olhar para
trás. É o caos salvador.
Por Armando Correa de
Siqueira Neto
D
24
esde o Big Bang, evento que
marcou o início do universo há 13,7
bilhões de anos, incontável número
de transformações se sucedeu, e
sob a cartilha do dinamismo, o
cosmos continua se expandindo
cada vez mais rapidamente através
do tecido tempo-espaço, a “teia
cósmica”, haja vista os cientistas
realizarem os cálculos que
confirmam tal progressão elástica.
O universo, então, nunca foi e
nunca será fixo como propunham
alguns. Diz respeito, pois, a uma
instabilidade em escala gigantesca,
quase inimaginável, capaz de tirar
o fôlego e causar até certo temor,
pois aos olhos humanos, um lugar
no qual não se pode contar com a
sua correspondente estabilidade,
mas, basicamente, com sua
irregularidade, é questionável
acerca da segurança relacionada
à vida, seja no planeta Terra ou
em outro ponto qualquer. Não é
exatamente o que as pessoas
gostariam de saber, mas tratase do conjunto de conceitos
atuais, medidos e calculados
metódica e exaustivamente.
É do
conhecimento
científico,
também, que a
vida subatômica, em
escala minúscula, no outro
extremo da análise, carrega em si
o pulsar dinâmico e incerto, cujas
reflexões e teorias originadas nos
seios da Física e da Matemática já o
enunciaram há algumas décadas. E
que tal acrescentar a este caldeirão
efervescente as permanentes
combinações dos elementos
químicos, do mais leve ao mais
pesado, em busca da tão almejada
estabilidade? Qual a razão de tantas
inconstâncias?
E o que dizer da Biologia e sua
complexa escala na evolução das
espécies, cuja aleatoriedade é sua
marca registrada e predomina desde
tempos imemoriais? Por estranho
que pareça, foi exatamente tal
“descontrole” que permitiu que se
seguisse às múltiplas possibilidades
de adaptação, aperfeiçoamento e
continuidade da vida, fato que nos
permite viver e continuar vivendo
até... Logo, a irregularidade, por
aparentemente indesejável que se
imponha, é o nosso anjo da guarda, e
não o demônio do qual se deve fugir
sem nem olhar para trás. É o caos
salvador.
É claro que nós, seres humanos
dotados de uma psicologia
complexa - evoluída conforme as
necessidades adaptativas surgidas
a torto e a direito -, desejamos a
ordem e o conforto da segurança.
Queremos muito a regularidade,
somos obsessivos pelo controle.
Lutamos arduamente para estabelecer
métodos que facilitem o modo de
se fazer as coisas cotidianas, de se
obter mais por menos. Tudo bem.
Contudo, não se pode escapar à
realidade, os fatos cada vez mais
cristalinos atestam que é em razão
do caos, e suas propriedades lotéricas,
que se pode expandir flexivelmente,
evoluindo sem eventuais
engessamentos e resistências que, a
seu turno, impedem, em muito, novas
aprendizagens e o desenvolvimento a
que tanto temos disponibilidade.
Então, coragem, permita-se olhar
para novos horizontes, mesmo os
de imagem obscura, de aparência
confusa, e de porvir incerto, e conceda
a si mesmo o espaço para pensar
sobre o valor do caos, e talvez se
conclua que o xarope amargo de
repente adquire um doce sabor,
e que temer o inevitável rouba
tempo e energia, os quais, se bem
empregados, podem promover
maiores passadas evolutivas, algumas
até beneficamente inesperadas.
Armando Correa de Siqueira Neto é
psicólogo (CRP 06/69637), palestrante,
professor e mestre em Liderança. Coautor
dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes
da Liderança e Educação 2006. E-mail:
[email protected]
Corrida pela
economia
A busca pelo menor consumo levará a
avanços no conjunto do automóvel, desde
aerodinâmica a materiais mais leves,
passando por caixa de câmbio e pneus. Até a
F-1 terá propulsores mais econômicos.
pesar das esperanças em meios de
propulsão alternativos, o mundo conviverá por
muito tempo com o transporte, em todos os
modais, dependente de petróleo e seus derivados.
Contudo, há um grande esforço para melhorar
os combustíveis fósseis e, sempre que possível,
viabilizar o uso de biocombustíveis. A Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva tem
estado atenta a essa realidade e pelo quarto ano
organizou seu Simpósio de Combustíveis, em São
Paulo (SP), dividido entre painéis para motores de
ciclos Otto e Diesel e um sobre emissões.
O conferencista André Oliveira, da Scania, lembrou
que a vinculação atual dos derivados de petróleo
aos serviços mundiais de transportes em terra,
mar e ar, inclusive veículos particulares, chega a
97%. Em poucos países o etanol tem importância,
destacando-se o Brasil, seguido bem distante
pela Suécia e uma presença quase simbólica
nos EUA (só disponível em menos de 2% dos
postos de abastecimento). O biodiesel é utilizado
em mistura com o diesel comum em mais
países. Porém, trata-se de um biocombustível
mais complexo, caro e de baixa capacidade de
sequestrar gás carbônico (CO2).
O excesso de CO2 na atmosfera, subproduto da
combustão nos motores convencionais, provoca
o indesejado efeito estufa e consequentes
mudanças climáticas. Há duas maneiras de
evitar: biocombustíveis obtidos por meio de
plantas (etanol à frente) e diminuição do
consumo de combustíveis fósseis. Não há filtros
ou catalisadores para controle de gás carbônico.
Daí a busca crucial por ganhos de eficiência nos
motores. Como lembrou Adrian Albora, da Dayco,
a redução de atrito em 10% contribui em 3% na
Fernando Calmon ([email protected]) é jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor
em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística
e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É
reproduzida em uma rede nacional de 65 publicações entre jornais,
revistas e sites. É, ainda, correspondente para a América do Sul do
site just-auto (Inglaterra).
SHOWROOM
A
Por Fernando Calmon
redução de consumo. Corre-se atrás de soluções tão
sutis como desligar a polia da bomba d’água na
fase de aquecimento para ganho de 1,5% ou correias
dentadas lubrificadas por óleo e tensionadores de
controle inteligente.
A partida com aquecimento elétrico do etanol
eliminará a necessidade de injetar gasolina nos
motores flex, em dias frios. Também melhora o
funcionamento do motor em um momento em que
o consumo é alto, por estar abaixo da temperatura
normal de trabalho.
A busca pelo menor consumo levará a avanços no
conjunto do automóvel, desde aerodinâmica a
materiais mais leves, passando por caixa de câmbio
e pneus. Até a F-1 terá propulsores mais econômicos.
Mas, ainda existe espaço para combustíveis fósseis
com especificações adequadas à diminuição de
emissões e consumo. Um exemplo é o novo diesel
com baixo teor de enxofre que, em maior escala,
começa a ser disponível, em janeiro de 2012, no Brasil.
Permitirá que caminhões e ônibus novos consigam
reduzir níveis de óxidos de nitrogênio, além de
consumirem em torno de 5% menos, com ajuda
da eletrônica e do sistema SCR. No entanto, haverá
encarecimento do motor e uso compulsório de ureia
técnica (Arla 32) para pós-tratamento dos gases de
escapamento.
Foi confirmado no simpósio que, a partir de
2014, toda a gasolina vendida no Brasil será,
obrigatoriamente, aditivada, ótimo para os motores.
Nos países centrais e mesmo em alguns menos
desenvolvidos isso já ocorre. Não se sabe sobre
aumento de preço, mas cada distribuidora poderá
comercializar seu pacote de aditivos e manter um
nome comercial.
25
Brasil
A promessa
de adequar o
déficit
só em 2014
26
Se tudo der certo no cenário econômico
brasileiro e mundial o segundo semestre
de 2011 será igual ao primeiro. Mais
do mesmo. Se não chega a ser uma boa
notícia, ao menos não é a pior. O início
do governo Dilma Rousseff foi marcado
pelo dilema de atacar a inflação de
forma cirúrgica ou homeopática. Optouse pela forma lenta, como se sabe, e nem
no fim de 2012 a inflação voltará para o
centro da meta. Até lá, há riscos internos
e externos, um deles é o Brasil “tornarse vítima de seu próprio hype”.
POR SOPHIA ZAHLE
“Não vai acontecer mais” é a
frase mais ouvida na conversa
com analistas de mercado e
economistas. Não haverá mais
crescimento de 7,5% do PIB como
em 2010; novos recordes de
emprego não serão registrados;
Selic de um dígito não se verá tão
cedo. Idem inflação no centro da
meta. O consenso por trás das
afirmações é que um crescimento
entre 3,5% (percentual que deverá
ser registrado este ano) e 4,5% do
PIB é o limite sustentável.
Reginaldo Nogueira, professor
de economia internacional do
Ibmec, afirma que o crescimento
do PIB está se acomodando
nesse patamar, mais para três
do que para quatro, na opinião
dele. “A opção do governo de
cuidar da inflação de forma
lenta não comprometendo
o crescimento é uma boa
política, desde que o cenário
internacional não piore.” Como
mostrou o IPCA-15, a inflação está
alta, 6,75%, a mais alta em seis
anos. Se a conta for do IGP-M,
dos preços ao consumidor, no
ano o índice acumula alta de
3,15% em 2011, e nos últimos 12
meses o aumento é de 8,65%.
“O cenário é de convergência
para a meta”, diz o professor,
ressaltando que não há mais
nada a fazer para reverter esse
quadro em 2011: “o ano está
perdido, mas sabíamos disso
desde o início. A lentidão só é um
problema se o cenário mudar:
se os Estados Unidos ou Europa
subirem os juros, hoje zerados,
os investimentos migram para
lá piorando o déficit em conta
corrente, que já preocupa, ou
se a desvalorização do dólar se
acentuar. Há muitas incertezas e
variáveis.”
Nas cinco reuniões do Copom no
governo Dilma o Banco Central
subiu juros (em julho estava
12,50%), mas há uma defasagem
entre a ação e a reação na
economia real, e só no primeiro
trimestre de 2012 a inflação
começará a voltar para o centro da
meta de 4,5%.
50% da renda da classe
média é usada para
pagar dívidas
Ainda aquecido
em relação ao total de crédito mostram que a inadimplência de
pessoas físicas subiu de 5,7% em
dezembro para 6,4% em maio,
último dado disponível.
A Serasa Experian, que mede o
volume bruto da inadimplência,
mostra um aumento de 22% nos seis
primeiros meses de 2011. Números
do Ministério da Fazenda mostram
que o atraso de mais de 15 dias
no pagamento subiu de 7,8% em
dezembro do ano passado para
9,1% em maio último. A mesma
fonte aponta que a taxa de juros
paga pelos consumidores subiu
de 41% ao ano em 2010 para 47%
ao ano em maio de 2011 e que 50%
da renda da classe média é usada
para pagar dívidas. Já a Fecomercio
- SP (Federação do Comércio do
Estado de São Paulo) obteve como
resultado do estudo “Radiografia
do Endividamento das Famílias nas
Capitais Brasileiras” que 64% das
famílias moradoras das 27 capitais
do País estão endividadas ante
61% das famílias em igual período
de 2010, e que o valor médio das
dívidas aumentou. “A piora na
inadimplência é reflexo do aumento
da Selic e da maior exigência feita
pelo BC aos bancos na hora de
emprestar”, explica Nogueira.
Efeitos colaterais
“Os números preocupam um pouco,
ainda não há bolha. Sabemos que
bolhas de crédito terminam com
a ressaca de crédito. O alto
endividamento das famílias
pode levar o Brasil do ‘boom’
para a crise.” O problema é que
não havia crédito no Brasil e
há uma demanda reprimida,
outro problema é lidar com a
oferta alta. “Não há essa cultura
no Brasil, as pessoas não se
acostumam a avaliar o preço
do dinheiro antes de tomar
crédito e as taxas cobradas
em empréstimos pessoais
nos bancos, ou no crédito ao
consumidor, são altíssimas.
Para o professor Nogueira,
o alto endividamento das
famílias não é um cenário tão
ruim quanto o déficit em conta
corrente.
O déficit em conta
corrente é um
dado que preocupa,
representa 3% do PIB
O remédio da elevação dos juros
tem prós e contras: aumentase os juros para combater a
inflação, mais dólares entram
no mercado e a valorização
do real se agrava (a moeda se
fortaleceu 47% contra o dólar
desde o final de 2008), com a
moeda brasileira apreciada e o
consumo aquecido aumenta-se
o déficit. Problema para o setor
produtivo que se queixa a cada
SHOWROOM
As mudanças não são sentidas
de imediato e o consumo ainda
está aquecido, lastreado no nível
de desemprego, que diminuiu
sensivelmente. Segundo a
Pesquisa Mensal de Emprego
do IBGE, 6,2% da população
economicamente ativa estava
desocupada em junho: “até o fim
do ano a taxa de desemprego
deverá continuar no mesmo
patamar, talvez com uma pequena
queda em dezembro. É um índice
que atingiu seu equilíbrio e é bom
lembrar que 6% é a metade do
nível de desocupação registrado
em 2003. Cortou-se pela metade o
desemprego desde 2006. Quedas
pequenas, suaves e sazonais não
querem dizer que o mercado de
trabalho perderá o dinamismo.
O índice permanecerá nesta
média até o fim deste ano e em
2012. À medida que o País cresce
menos, menor é a geração de
emprego. Mas o crescimento
previsto já é suficiente e mantém
o nível de ocupação estável.”
Outro fator de aquecimento
é que há ainda muito crédito
na economia e as luzes de
alerta começam a piscar. “O
endividamento das famílias
está caminhando para se tornar
mais um risco”, diz Nogueira.
Independente dos números
analisados, as famílias estão
usando uma parte maior do seu
orçamento para pagar dívidas.
Números do BC - que mede o
percentual das dívidas em atraso
27
aumento promovido pelo Copom
já que os juros altos afetam a
competitividade das empresas,
encarecem o crédito e freiam
o consumo. O real apreciado
afeta, especialmente, os setores
exportadores e que concorrem
com os importados - automóveis,
por exemplo. O déficit continua
aumentando. “O déficit em conta
corrente é um dado que preocupa,
representa 3% do PIB e dado que
as taxas de juros nos EUA e Europa
estão zeradas ou próximas a
zero, os dólares que entram dos
investidores ajudam o Brasil a
financiar esse déficit. A Europa ou
os Estados Unidos aumentando
os juros e atraindo o capital
ou o esfriamento da economia
chinesa... qualquer fator aumenta
o risco de reversão no futuro.”
Risco de
desvalorização
cambial
Segundo dados do Tesouro
Nacional, em junho último, o
governo brasileiro gastou
R$ 15,84 bilhões para pagar
os juros da dívida do País. O
endividamento aumentou em
mais R$ 43,31 bilhões com a
28
emissão de novos títulos públicos e a
Dívida Pública Federal (DPF) cresceu
R$ 59,14 bilhões - um aumento
de 3,39% - subindo para R$ 1, 805
trilhão. Os investidores estrangeiros
estão preocupados com a apreciação
cambial e com o déficit em conta
corrente. É isso o que os analistas
olham com ressalva, que motivam
declarações como as ouvidas no
Bloomberg Brazil Conference,
encontro que reuniu investidores
para debater oportunidades de
investimento, realizado em 14 de
julho, em Nova York.
“O Brasil já atingiu o
limite”
Christopher Sabatini, diretor
sênior do Conselho das Américas,
comentou que enquanto enfrenta
o dilema do real apreciado e da
inflação, o Brasil pode tornar-se
“vítima de seu próprio hype”.
Ou o alerta de Michael Shaoul,
chairman do Marketfield Asset
Management, de que a economia
brasileira está prestes a passar
por uma “recessão democrática
moderna”. Augusto de la Torre,
economista-chefe para a América
Latina no Banco Mundial, declarou
que o “futuro promissor e brilhante
criou um estado de euforia, mas
as expectativas têm excedido a
capacidade. O Brasil já atingiu o limite.”
“O governo diz que tem reservas de US$
350 bilhões para irrigar o mercado de
dólares se for preciso, mas a capacidade
do governo é limitada: com o real
apreciado compram dólares - o que
aumenta as reservas, mas não muda a
situação do câmbio”, explica Nogueira,
dizendo que a única maneira de
resolver seria a política fiscal agressiva,
um corte profundo nas despesas do
governo. “O governo não tem como
mexer no déficit público porque não
consegue cortar despesas. A esperança
no início do governo Dilma era resolver
os excessos, a gastança de 2009 e 2010,
mas não vai acontecer.
Reformas, prometidas
para 2014. Será?
“Por causa dessa incapacidade do
governo, o único caminho que sobrou
para conter a inflação é o aumento da
taxa de juros. A promessa é adequar
o déficit em 2014. Está muito longe e
até lá é preciso elevar as despesas em
infraestrutura para desenvolver os
campos do pré-sal, para os preparativos
para sediar a Copa do Mundo 2014 e
Jogos Olímpicos de 2016, para melhorar
aeroportos, portos, rodovias, gastos
estimados em mais R$ 160 bilhões até
2012 pela Associação de Infraestrutura
e Indústrias de São Paulo”, alerta
o professor, recomendando: “o
governo deveria usar o setor privado
para realizar os investimentos,
estranhamente, quer fazer tudo sozinho
e não resolve os problemas com marcos
regulatórios e parcerias públicoprivadas.”
Declarando-se sem esperança de que o
País encaminhe reformas importantes
para reduzir o custo-Brasil, como a
trabalhista, fiscal e previdenciária,
o professor Reginaldo Nogueira
antecipa a pauta para 2012, quando
os problemas de fato vão começar:
“Além do risco latente com o cenário
externo, vamos conversar sobre queda
no preço das commodities por causa
da desaceleração da China, sobre a
desindustrialização, deficiências da
burocracia, os níveis de corrupção e o
seu custo para a sociedade, além da
pouca qualificação da mão de obra,
emperrando ainda mais o crescimento.”
Esse facebook,
estimulante e perigoso
M
30
O relacionamento virtual
protege você dos escorregões
que podem comprometer
uma relação. Você pensa duas
vezes na mensagem, relê o
que escreve, floreia o texto.
Provoca, apimenta a conversa,
arrisca.
arcinha era o nome dela.
Cabelos pretos caindo aos ombros,
atraente, sorriso cativante. Linda!
Mas era muita areia pro meu
caminhãozinho, como a gente
dizia na época do colégio. Nunca
imaginei que pudéssemos ter
algum relacionamento.
Os anos passaram e vim a saber,
algumas décadas depois, que ela
era apaixonada por mim. Por que
não me falou? Se eu soubesse!
E não é que um dia desses nos
encontramos no facebook? A
foto era de uma velhinha com o
netinho no colo (será possível
que só eu não envelheço, meu
Deus?).
Por JOEL LEITE
Os sites de relacionamento
proporcionam o reencontro com
pessoas com as quais convivemos
num passado distante, relações
interrompidas pelas decisões que
a vida nos fez tomar. Mas o resgate
do passado faz a gente inferir a
hipótese de que a vida poderia ter
sido o que não foi. Reencontramos
pessoas que, de outra forma, só
teríamos oportunidade de ver nos
enterros.
Se eu tivesse ficado com ela, será
que teríamos três filhos como ela
tem, ou minhas duas meninas?
Talvez os cinco? Teria, como ela,
me transformado num fiel da
Igreja Adventista ou ela é que seria
ateia?
A volta ao passado proporcionada pelas
mídias eletrônicas faz a gente questionar
o inquestionável. Ora, você é o que você
construiu. As decisões que você toma é
que definem a sua vida. Não poderia ter
sido diferente.
O Facebook expõe a intimidade e
estimula a fantasia. O sujeito faz a
foto na praia e remete para o mundo.
Vai assistir a um espetáculo e anuncia
para todos que está vivendo aquele
momento. Em segundos, passa a
receber mensagens: parentes, amigos,
desconhecidos, internautas distraídos.
O relacionamento virtual protege
você dos escorregões que podem
comprometer uma relação. Você pensa
duas vezes na mensagem, relê o que
escreve, floreia o texto. Provoca, apimenta
a conversa, arrisca. E recebe essa fantasia
de volta, o que alimenta o ego.
É curioso: o relacionamento pessoal,
que, como o próprio nome diz, deveria
estar circunscrito ao foro íntimo,
ganha proporções de disseminação
incalculáveis, de abrangência mundial.
Nem mesmo Willian Bonner, o editor do
Brasil, sonharia com isso.
Lembro-me de uma moça que, num
programa de TV daqueles em que se
revela o amor pretendido, declarou-se a
um vizinho, com o qual convivia desde
criança. Foi à TV porque tinha vergonha
de se declarar diretamente a ele. Não é
o fim do mundo? A timidez fez a moça
declarar o amor ao amigo para milhões
de expectadores!
A mídia de relacionamento estimula esse
contrassenso. E a geração informática
usa e abusa da tecnologia.
Essa demasiada exposição da intimidade,
somada ao encontro com as emoções do
passado, podem resultar em situações
de conflito. Por isso, espero que esse
artigo não ganhe ao espaço das mídias
de relacionamento, senão poderei ter
que explicar di-rei-ti-nho quem é essa
Marcinha.
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação
Cásper Líbero, com pós-graduação em
Semiótica, Comunicação Visual e Meio
Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme,
assina colunas em jornais, revistas, rádio,TV
e internet. Não tem nenhum livro editado e
nunca ganhou nenhum prêmio de jornalismo.
Nem se inscreveu.
Fim de ano de A a Z
Parece incrível, mas o final do ano já está
chegando! Hora de escolher o que fazer. As
opções são muitas... Então, aqui vai uma lista de
alguns dos melhores lugares do mundo, para
vários gostos. Tomara que você encontre o seu
destino de Reveillon aqui.
Por Carolina Gonçalves
Kitzbühel, Áustria
32
Número um entre os verdadeiros esquiadores, Kitzbühel combina
perfeitamente com esquiar. A fama legendária da “Cidade Chamois” faz
o sonho de quem esquia a sério. E não é só esqui. Em Kitzbühel todos
os esportes de neve são de primeira. Você pode fazer snowboard, crosscountry, caminhadas na neve, patinar... Tudo ao ar livre, sob o forte impacto
de uma natureza espetacular. Kitzbühel não tem o esnobismo de outras
estações, mas a infraestrutura supera todas. E o mais interessante é que
tem personalidade.
A tradição de esquiar na cidade começou há 118 anos. A garantia de neve
a mantém no topo. Terra de Toni Sailer, um dos melhores esquiadores
de todos os tempos, Kitzbühel sedia o Hahnenkamm-Races. A 72a edição
será entre 20 e 22 de janeiro de 2012. A montanha eleva-se a 1.712 m
acima do mar. As corridas acontecem na pista de descida clássica, o Streif,
considerada uma das pistas de corrida mais exigentes do mundo. As
condições climáticas de janeiro só aumentam o desafio.
Ao lado da tradição do esqui,
floresce a vanguarda de novos
esportes. Os amantes de snowboard
também aproveitam. Um dos
mais maravilhosos parques de
neve dos Alpes está lá. Montanhas
majestosas, terreno incrível e áreas
de fácil acesso e circulação tornam
a região perfeita para o esporte. Pra
completar, o pico de Kitzbüheler
Horn.
Kitzbühel tem 170 km de pistas e 33
km de pistas de esqui. Teleféricos e
54 gôndolas levam fãs de esportes
de inverno até picos panorâmicos
com mais de 2.000m acima do mar.
Kitzbühel oferece uma
infraestrutura de primeira para
passar dias de muita adrenalina
nas pistas e noites de diversão
e bons programas. São muitos
bons restaurantes e cafés. Sem
falar nos abrigos na montanha.
As especialidades tirolesas
têm destaque num mundo de
opções, que vão do exótico ao
saudável, passando por lautos
jantares de cinco pratos e seleções
de frios típicos. Você tem que
provar os Dumplings de queijo e
Kaiserschmarrn, um doce austríaco
que combina divinamente com o
frio dos Alpes.
Charme, História
e boa mesa
A cidade é muito charmosa,
com suas casas coloridas, ruas
históricas, butiques exclusivas
perto do porto, tudo misturado
a bares e restaurantes muito
elegantes. No final do ano, tudo
toma um ar festivo em função
do Natal. O Casino completa a
atmosfera de excitação.
O Reveillon no meio desta
paisagem pode ser inesquecível.
O ponto alto das comemorações
de Ano Novo em Kitzbühel é
sempre no dia 1o de janeiro,
na região da pista de Streif.
O espetáculo é grátis e tem
muitos fogos de artifícios,
acompanhados de uma
performance de esquiadores e
música. É um dos eventos mais
populares do ano. Vem gente
de toda parte para assistir
ao show na pista de corrida
Hahnenkamm. Começa em
torno de 5 e meia da tarde.
Tochas iluminam a performance
dos instrutores de esqui da
escola Rote Teufel. Eles fazem
coisas incríveis, saltam sobre
o fogo! E os fogos de artifício
fecham a noite, com música.
Brasileiros não precisam de visto
para a Áustria.
Dhigu, nas Ilhas
Maldivas
Mas, se o que você procura é um
spa resort realmente exclusivo,
onde todos os seus desejos serão
atendidos, que tal este?
O destino por si só, já é maravilhoso.
Este hotel é um refúgio perfeito. O
ambiente tranquilo combina com
o luxo na decoração, a vida rolando
fácil e os cenários exóticos. É como
viver um conto de fadas, cercado de
água por todos os lados. Se você quer
um Reveillon romântico, este é o seu.
O spa fica na ilha Dhigufinolhu,
no Atol Malé Sul. São 110 suítes de
sonho. Você pode escolher entre
suítes sobre a água ou bangalôs.
São quatro opções: Sunrise Villa
Beachfront, Sunset Villa Beachfont,
Sunrise Over-water Suite e Sunset
Over-water Suite. Os nomes dizem
tudo: podem estar de frente para o
mar ou sobre a água, voltados para
o nascer ou o pôr do sol. Todos são
equipados com todos os itens de
conforto que se espera encontrar
num lugar assim.
Num estalar de
dedos
Você já acorda vendo o lindo oceano
Índico, de um azul profundo e
intenso. Se estiver numa suíte sobre
as águas azul turquesa da lagoa,
já pode mergulhar. Depois, vai de
caiaque para fazer “snorkelling”, ou
sai de barco para mergulhar ou fazer
parasailing.
Tudo foi planejado para você se sentir
em casa, mesmo estando do outro
lado do mundo. Basta estalar os
dedos e você é atendido. O verdadeiro
encanto do hotel está no serviço. Tem
até piso de vidro pra você observar
arraias, baiacus e tubarões de recifes.
Aliás, a ilha tem recifes de corais
maravilhosos.
O hotel tem praia privativa, piscina
com borda infinita, tratamentos de
spa maravilhosos, centro completo
de fitness, quadras de tênis e até
babysitting, caso você decida
levar as crianças.
São seis restaurantes, sendo
três deles dedicados às
cozinhas tailandesa, italiana
e maldiva. O café da manhã
é um capítulo à parte,
SHOWROOM
Snowboard e
paisagem de sonho
33
Entre no ritmo dos japoneses e celebre o ano novo
comendo Toshikoshi Soba. É um noodle especial
para a véspera do ano novo. A simbologia diz que
o macarrão, por ser longo, significa vida longa e
saudável. E você também vai ouvir Juya No Kane – o
sino da noite. É a versão tradicional japonesa da
contagem regressiva. Os sinos tocam 108 vezes nos
templos de todo o Japão, simbolizando livrar-se da
pobreza, infelicidade e outros males.
Agradecer pelo ano que está
acabando
podendo ser tomado na praia ou com vista para o mar. Os
drinques ao entardecer e os jantares também são especiais.
Naturalmente, os frutos do mar são um destaque.
Na noite de Reveillon acontece um jantar especial de gala.
Mais de 3 mil anos
As ilhas Maldivas são um arquipélago, formado por 1.196
ilhas, das quais, 203 são habitadas. Elas estão agrupadas em
26 atóis. O clima é quente e úmido. A temperatura média da
água do mar é 30o C. O povo tem origem na antiguidade e as
ilhas são habitadas por mais de 3.000 anos. As ilhas estavam
na rota da seda e o povo sempre foi considerado amigável
e caloroso. A cultura reflete todas as influências sofridas
ao longo de muitos anos recebendo viajantes de diversas
partes do mundo. A língua oficial é o Dhivedi, mas o turismo
intenso leva a maioria a falar inglês. Uma curiosidade: é o
país com a mais baixa altitude do mundo. Seu ponto mais
elevado está a 2,3 metros do nível do mar. A Capital, Malé,
está a apenas 90 cm do mar...
Brasileiros precisam de passaporte com validade mínima
de 6 meses e no mínimo 2 páginas em branco lado a lado.
Também têm que tomar vacina de febre amarela, pelo
menos 11 dias antes do embarque. O visto é providenciado na
chegada ao país. Vale checar a necessidade de visto no país e
trânsito. Se for por Dubai, não precisa.
Tóquio
34
O réveillon do outro lado do mundo pode ter muito charme
se você estiver disposto a experimentar coisas novas e
integrar-se numa cultura tão diferente. Pode ser uma boa
premissa de Ano Novo...
O ano novo é o feriado mais importante do Japão. Eles veem
cada ano como uma nova oportunidade de recomeço. Todas
as tarefas devem estar cumpridas até o final do ano, para
começar uma nova história. Para marcar, eles celebram
com ‘festas do esquecimento”, abrindo as celebrações.
Em Tóquio, a festa começa em 29 de dezembro e se
estende até 4 de janeiro. Os locais turísticos fecham,
mas a rua fervilha, com bares, restaurantes e clubes
lotados. Tem fogos de artifício por toda parte e muita
festa.
E se você está lá, aproveite para conhecer o Palácio
Imperial, que abre para o público nessa época. É
possível até ver o casal imperial acenando de uma
sacada. Também pode entrar no clima e visitar o
Meiji Jingu, um santuário dedicado aos espíritos do
Imperador Meiji, deificado e sua esposa, Imperatriz
Shoken. O santuário fica numa área de floresta
dentro da cidade. É um passeio muito relaxante.
Os japoneses não desejam feliz ano novo, eles
agradecem pelo ano que está acabando.
Para compensar o clima popular, hospede-se no The
Peninsula Tokyo, o hotel mais luxuoso da cidade.
Se você programar que o hotel vá apanhá-lo no
aeroporto, eles vão mandar um Rolls Royce, ou uma
limusine BMW. Um hotel 5 estrelas no Japão é sempre
uma experiência única. E a noite do réveillon no hotel
pode ser muito especial. Na verdade, eles começam
celebrando desde novembro, com a montagem de
árvores de Natal, que vão sendo decoradas pelos
hóspedes com peças de prata compradas no próprio
hotel. Depois das festas, é tudo doado para o Make a
Wish no Japão.
Brasileiros precisam de visto para ir ao Japão.
ser uma boa oportunidade. A atmosfera
romântica da cidade induz a escolher um
hotel do mesmo estilo. Fique no Bauer Il
Palazzo. É um hotel butique, com vista para
o Grande Canal, a poucos passos da Praça
São Marcos. Autêntico palácio veneziano, é
sofisticado e elegante como a cidade. Tudo
é exclusivo e as acomodações e os serviços
são personalizados.
Brasileiros não precisam de visto para ir à
Itália.
Punta Del Este
31 de dezembro é dia de São
Silvestre. Dia 1o de janeiro celebra
o Il Capodano. Estas celebrações
em Veneza ganham uma outra
dimensão. Comece com uma
fantástica refeição de muitos pratos,
tomando prosecco. Depois, junte-se
à multidão na Praça de São Marcos,
para ouvir o sino do campanário. É de
arrepiar ouvir as badaladas cercado
pelas máscaras venezianas, lindas
e diferentes. A orla toda se ilumina
com fogos de artifício. Várias festas
em toda parte vão até o amanhecer,
para que se possa ver o primeiro
nascer do sol do ano. Siga a tradição
e use roupa íntima vermelha! Os
italianos dizem que vai trazer boa sorte
no ano que vem.
Fique até o dia 6, para a Festa da
Epifania, que celebra a chegada dos Reis
Magos à manjedoura. O nosso Dia de
Reis. A tradição diz que La Befana, uma
bruxa, vem em sua vassoura no dia 5 e
enche as meias das crianças boas com
brinquedos e doces e as meias das más
com carvão. Em Veneza, no dia 6 de
janeiro acontece a Regatta delle Befane.
Homens vestidos como La Befana, a
bruxa bem humorada, apostam corrida
em seus barcos a remo no Grande Canal.
É muito divertido e colorido!
Veneza é uma cidade mágica, um dos
must go! do mundo. O Reveillon pode
Rio de Janeiro
O nosso Reveillon de branco, na praia,
tomando champanhe e pulando as sete
ondas figura entre os melhores. Por que
não? O Rio de Janeiro é uma das cidades
mais lindas do mundo, indiscutivelmente.
Vá para o Copacabana Palace e passe um
réveillon inesquecível. O Copa parece
um hotel saído de um filme clássico. Por
aqueles corredores passaram reis, artistas,
intelectuais. As paredes pulsam. O serviço
é impecável e a gastronomia de primeira.
A programação de shows na praia ainda
não está definida, mas a considerar os
últimos anos, terá muitas atrações,
inclusive internacionais. Sem
falar na queima de fogos que
ilumina a orla e traz o ano novo
sob uma chuva de cores.
SHOWROOM
Veneza
Se não quer ficar horas em aviões, Punta
del Este é uma boa opção. O destino mais
cosmopolita da América Latina, a cada
ano atrai mais e mais pessoas do mundo
inteiro, interessadas em praias ainda quase
intocadas, ao lado de infraestrutura de
conforto e sofisticação. O mundo parece
ter “descoberto” Punta. O réveillon lá
reflete esse frisson. São várias festas, uma
mais badalada que a outra. Você tem que
chegar uns dias antes para se enturmar
e descobrir qual festa é a sua. Aí, é só
conseguir comprar os convites. Mas não
é difícil. Escolha entre os melhores hotéis
da cidade e aproveite. O Mantra é um
resort estilo mediterrâneo, que fica no alto,
com vista para o Atlântico e a cidade. Tem
tudo o que se espera de um bom hotel. O
Fasano Las Piedras mantém a tradição da
família em seu primeiro empreendimento
internacional. E o Conrad, o mais
tradicional na cidade, de frente para a Praia
Mansa é famoso por sua hospitalidade.
Brasileiros não precisam de visto para ir ao
Uruguai.
35
Gente, importante ou não,
é simplesmente gente
Normalmente, quando a gente
tem a chance de conhecer de
perto alguém importante é meio
decepcionante. A gente fantasia que
os atores são sempre sensíveis e
inteligentes como as falas de seus
personagens
P
Por Maria Regina
Cyrino Corrêa
arece incrível, mas já faz dois anos que eu escrevo
estas mal traçadas nesta página… Como diria o Millor
Fernandes, não é mais um ano, mas menos um…
O tempo e suas artes têm passado por aqui sob a melhor
ótica que os meus olhos míopes podem gerar. Dediqueime a falar sobre efemérides no primeiro ano, destacando
os fatos de cada mês que mais me chamaram a atenção.
No segundo ano, afundei em elucubrações sobre como a
vida seria “se” algumas coisas não tivessem – ou tivessem –
acontecido.
Neste terceiro ano decidi escrever sobre o que me der na
cabeça. Espero que a minha editora concorde e não me
corte este pequeno espaço que eu tanto gosto.
Vocês não imaginam quanta gente bacana e generosa eu
conheci por causa destas linhas. Hoje, nos encontramos
todos no Facebook, que virou o grande “must” da minha
vida social...
Sendo assim, sento-me à frente do meu amiguinho Mac
e tento pensar em coisas edificantes, que façam minha
página de agosto uma página legal. São tantos assuntos
palpitantes! Nem sei por onde começar.
Na verdade, estou sentadinha em casa, escrevendo bem na
véspera de ir filmar com um grande comediante da nova
geração. Confesso que estou curiosa pra ver como vai ser. O
cara é bacana, está na mídia. Será que ele vai ser simpático?
Será que ele vai contribuir com os maravilhosos “cacos” que
todos estamos esperando?
Aí fico pensando no quanto a gente idealiza as
pessoas, né? Criamos fantasias e queremos que
elas sejam verdade. Comediantes, por exemplo. A
gente acha que os caras contam a melhor piada
até quando pedem pra passar o pão. Será que é
38
isso mesmo? Será que todas as falas deles têm um ar, assim,
de stand up comedy?
Com certeza, não, né? Eles têm mau humor igualzinho a todo
mundo. E devem fazer piadas sem graça também, daquelas
constrangedoras, seguidas por um silêncio ensurdecedor...
Normalmente, quando a gente tem a chance de conhecer
de perto alguém importante é meio decepcionante. A gente
fantasia que os atores são sempre sensíveis e inteligentes
como as falas de seus personagens. Ou que as modelos
acordam lindas e frescas. Ou que os bem-sucedidos nunca
dizem uma grande bobagem.
No entanto, todos nós dizemos bobagens enormes,
tropeçamos, derrubamos café na roupa branca. Todo mundo
já acordou com uma espinha no nariz no dia de uma grande
festa. Tem um lugar onde todos nós nos encontramos em
vários momentos: nos encontramos em nossa humanidade
falível.
Talvez, o maior talento seja extrair dela um certo charme
natural que ela tem.
Pessoas que não se desconcertam com seus erros, que
convivem bem com eles, são realmente interessantes.
Eu sempre me lembro de uma modelo que eu vi cair na
passarela, há alguns anos. A moça não piscou, levantou e
continuou andando como se nada houvesse. Certamente a
maior parte das pessoas achou o máximo. Eu achei muito
estranho... Teria sido mais legal um gritinho de susto, uma
boa risada ao perceber que não se machucou, sei lá! Não
é normal tomar um tombo no trabalho e fingir que não
aconteceu nada...
Enfim, errar faz parte. As coisas dão errado. E depois dão
certo de novo. Quando a gente entende isso, viver fica mais
fácil e as decepções são menores.
Eu espero que o meu comediante seja muito bacana, dê um
ou dois foras, mas nos deixe encantados com seu talento.
...
Escrevo depois de dois dias de filmagem. Foi ... humano.
Gente sempre me fascina.
Maria Regina Cyrino Correa, jornalista e publicitária, já deu foras
homéricos, acordou de mau humor incontáveis vezes... Mas fez umas
coisas bacanas, também. E tenta ser cada vez mais ... humana.
[email protected]
www.2showcomunicacao.com.br
O Teimoso
Dizem que os teimosos não
medem as consequências
dos atos. São obstinados
e insistentes. Alguns até
bem chatos. Não entro nessa
categoria. Espero.
ão sei por que insisto nas ameixas
vermelhas importadas que o supermercado
do meu bairro expõe toda semana, de forma
charmosa e dentro de umas bonitas cestas
de vime. Lá ficam elas, exalando um cheiro
inconfundível, prometendo entregar um sabor
adocicado e sensações da minha infância, quando,
com minha irmã, escalava as árvores no jardim da
minha avó para colher algumas.
Tento recuperar esse passado toda vez que passo
pela seção de frutas. E sempre me arrependo
quando dou a primeira (e única) mordida. O gosto
azedo se mistura à textura quase congelada do
interior, obrigando-me a lembrar que ameixas são
de época e não adianta adquiri-las no inverno.
Em todo caso, tenho duas delas aqui ao meu lado
enquanto escrevo. E que com certeza irão para a
lata de lixo. Acho que nem para geleia serviriam.
Sou teimoso também com outras coisas. Sei a
resposta de antemão, mas minha cabeça dura
me convence do contrário. Jogo de futebol na TV,
por exemplo. Tirando alguns clássicos regionais,
a maioria dos jogos nacionais é de uma ruindade
tão aparente que antes dos primeiros quinze
minutos já estou na fase de transição entre o
estado de vigília e do sono, quando a minha
Marcelo Allendes é jornalista e
colaborador do Banco Volkswagen.
email: [email protected]
SHOWROOM
N
Por Marcelo Allendes
melatonina me impede de abrir os olhos
por mais que o locutor grite uma tentativa
frustrada de gol.
Mas lá estou eu, de cara ao aparelho nas noites
de quartas e quintas, e nas tardes de sábados e
domingos. O mundo correndo lá fora enquanto
minha expectativa garante que desta vez será
diferente. E não é.
Rodízio de pizza é outra grande furada. O
preço, por pessoa, é convidativo. Provavelmente
eles compensam o preço-isca no valor das
bebidas, que é absurdamente alto. O pior,
mesmo, são os tais 80 sabores entre salgados e
doces. Fico imaginando onde escondem tantas
opções, pois os garçons tentam de todas as
maneiras servir apenas as de mussarela, milho,
calabresa e brigadeiro. Mas, no fim, acabo
dando um voto de confiança e sempre volto. E
sempre me arrependo.
Em geral, não sou teimoso. E dizem que todo
teimoso é chato. Mas um pouco (de teimosia)
não faz mal a ninguém. Li por aí que a teimosia
tem o seu lado útil. Afinal, você sempre sabe o
que estará pensando amanhã.
Para finalizar este assunto, e apenas
para curioso registro, 31 de maio é o dia
internacional do teimoso. E dizem que os
taurinos são os seres mais representativos
nesse assunto. Outros afirmam que são os de
Aquário. Bem, sou canceriano. E, em todo caso,
não acredito em horóscopo.
39
Novo Nokia
Chega ao mercado brasileiro o novo smartphone da Nokia, o C7. Além
do desempenho e qualidade comum aos Nokia, o C7 agrada aos olhos e
às mãos: o acabamento é em metal inoxidável arredondado com uma
tela touch de 3,5 polegadas AMOLED, a espessura é de apenas 10,5mm;
integrada uma câmera com poderosos oito megapixels com flash de
LED duplo e gravação de vídeo em HD. No quesito entretenimento
musical, o tocador aceita diversos formatos de arquivo de áudio,
rádio FM e de internet. Como os outros smartphones da empresa,
o C7 integra os principais serviços da Nokia, incluindo o Ovi Mapas
Um aparelhinho com apenas 2,5 cm de
(mapas da America Latina já carregados), além de aplicativos sociais
espessura integra sua TV à internet com
que integra facilmente as contas do Facebook e Twitter, permitindo
todas as possibilidades da rede mundial:
que o usuário atualize, de uma vez só, seu status nas redes, subindo
sites, redes sociais, portais de noticias,
fotos e verificando atualizações de seus contatos. A memória interna
e-mail, rádios, filmes on demand, recursos
de oito GB, expansível até 32 GB com cartões MicroSD. As conexões são
multimídia e de comunicação. TrataWi-fi, Bluetooth 3.0, entrada para fone de ouvido padrão 3,5mm e a
se do FnacBox que habilita o acesso a
famosa função USB on the go, presente em outros modelos da marca
internet a partir de qualquer TV com
que permite a leitura de arquivos de um pen drive diretamente pela tela
entrada HDMI e home theater 5.1. O
do produto. Tudo roda em um sistema operacional Symbian 3 poderá ser
FnacBox vem com um pequeno teclado
atualizado para o Symbian Anna, versão que contém diversas melhorias
ergonômico de 80 teclas, wireless que
na interface, incluindo teclado QWERTY vertical e um novo navegador de
lembra a digitação do Blackberry e a
internet, que chega ao mercado durante o terceiro trimestre.
interatividade do Wii. A navegação é
Preço sugerido: R$ 999,00. Onde encontrar: nos canais Nokia e Nokia Stores ou nas
com apenas um clique, e dá acesso ao
operadoras de celular com preço que variam conforme o plano.
FnacBox-Office onde é possível comprar e
baixar mais de 1.200 filmes já disponíveis
para download. Vêm com os programas
MSN Live Messenger e Skype instalados,
o sistema operacional é o Windows
A Nikon, um dos principais fabricantes
7, o processador Intel Atom, 2GB
mundiais de câmeras fotográficas, desde
de memória e o HD de 320GB e 6
abril presente no Brasil com uma unidade
entradas USB. O mini-gabinete tem
da companhia e com a ambiciosa meta de
design arrojado e é oferecido nas
conquistar a fatia de 15% do mercado de
cores preto ou branco.
câmeras compactas e 40% das câmeras DSLRs
Preço sugerido: R$ 999,90
(Digital Single Lens Reflex) - percentuais que
Onde encontrar: www.fnac.com.
hoje correspondem a 1% e 17% respectivamente
br, no televendas 4003-9696
-, oferece com preço especial a Reflex D3000. A mais
(ambos com entrega em todo
amigável da Nikon, segundo a empresa, oferece facilidade
o território nacional) e nas
de manuseio e uma série de recursos como um guia que
dez lojas Fnac no Brasil.
orienta os fotógrafos mais inexperientes, pois fornece dicas para
obter uma melhor imagem ao clicar. Acompanhada de uma lente
Nikkor 18-55 mm, com abertura f/3.5-5.6, a limpeza do sensor se dá de
modo automático, impedindo o acúmulo de poeira e dispensando qualquer trabalho
manual. O modelo possui resolução de 10.2 megapixels e LCD de três polegadas. O flash tem alcance
aproximado de 12 metros (ISO 100), garantindo qualidade nas imagens, ainda que fotografadas a uma
longa distância.
Internet na TV
Nikon mais
acessível e fácil
40
Preço sugerido: R$ 1.999,00. Onde encontrar: http://www.nikon.com.br e SAC: 0800 – 8864566
Comoventes e
arrebatadores
Na leva de livros que chegam ao mercado
brasileiro graças à Flip (Festa Literária
Internacional de Paraty), que este ano voltou
a acontecer na primeira semana de julho,
alguns se destacam. Caso do angolano radicado
em Portugal Valter Hugo Mãe com o seu
“a máquina de fazer espanhóis” (tudo em
caixa baixa, como o autor gosta de enfatizar),
editado pela Cosac Naif, e deste “A ausência
Produzido, dirigido, protagonizado por Tom Hanks, também escrito por ele em parceria com
que seremos”, do colombiano Héctor Abad
Nia Vardalos, “Larry Crowne - o amor está de volta” estreia em agosto, após adiamentos,
Faciolince, editado pela Companhia das Letras.
para não concorrer com as animações e super-heróis que levam a garotada aos cinemas
Ambos narram histórias de morte, ambos são
nas férias.
comoventes e arrebatadores. Na “máquina” o
Hanks é o personagem-título desta comédia romântica que fala da recessão econômica
personagem antónio jorge da silva relembra sua
norte-americana sem ser dramática, nem crítico demais. Larry é funcionário de uma rede
vida após a morte da esposa e fala do declínio
de supermercados, separado, dedicado ao trabalho, eleito funcionário do mês por nove
de Portugal. Já Héctor Abad rememora a figura
vezes. Quando ele esperava receber mais um título, é demitido com a alegação de que
do pai, assassinado numa rua de Medellín por
não tem faculdade e, portanto, não poderia subir na hierarquia da empresa.
paramilitares de direita em 1987.
Como quase todos os estadunidenses, ele está endividado, pagando pela segunda
O médico sanitarista colombiano Héctor Abad
hipoteca da casa. Sem arrumar outro emprego e precisando recomeçar, volta à sala
Gómez era um defensor de causas sociais e dos
de aula em uma faculdade comunitária. Entre aulas de introdução à economia e
direitos humanos, um livre pensador pacifista que
oratória, ele conhece uma turma de jovens, liderados por Talia (a atriz britânica Gugu
denunciava as ações paramilitares e a conivência das
Mbatha-Raw), uma jovem alto astral, de espírito livre e estilo de vida despojado,
autoridades. O título vem do primeiro verso do soneto
que inspira Larry a, por exemplo, trocar a SUV beberrona por uma lambreta que
“Epitáfio”, de Jorge Luis Borges, escrito em um pedaço
consome bem pouco combustível.
de papel encontrado no bolso de Gómez junto a uma
Entre a nova turma de amigos, uma aula e outra, ele se apaixona pela
lista de pessoas ameaçadas, ele inclusive.
mal-humorada professora de oratória, Mercedes Tainot (Julia Roberts),
Abad filho narra a história sob seu ponto de vista: da
insatisfeita com a profissão e com um casamento fracassado. O resto
criança que vê no pai um herói, do adolescente em conflito,
é bem previsível. É um filme bem comum, que funcionará bem na
do adulto perplexo com a violência. No início entrega-se ao
televisão e que só ganhou financiamento em Hollywood porque é
elogio excessivo que, ao longo da narrativa, vai desconstruindo,
um projeto de Tom Hanks.
mostrando o ser contraditório. Além da visão pessoal, Abad filho dá
“Larry Crowne - o amor está de volta”, dirigido por Tom Hanks,
voz ao pai, através dos seus escritos aos amigos, colegas, mãe e irmãs e
com ele, Julia Roberts, Gugu Mbatha-Raw, Pam
traça um retrato da Colômbia no século XX. Lá pela página 20 confessa que
Grier, George Takei e Rita Wilson.
só escreve porque seu pai teria gostado.
Estreia prometida: 26 de agosto
Um texto denso, refinado, carregado de dor, violência e lances de humor. Uma história
real, narrada com elementos ficcionais.
“A ausência que seremos” de Héctor Abad Faciolince (Companhia das Letras 320 páginas)
Preço sugerido: R$ 46,00
SHOWROOM
Fraco e previsível
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Terroir, um
conceito milenar
Por Arthur Azevedo
Na história do vinho, nenhum conceito é mais
valorizado que o terroir, tratado de maneira quase
sagrada pelos europeus e, até há pouco tempo, pouco
valorizado nos países do chamado Novo Mundo.
Mas no que consiste o tão
falado terroir? Seria algo fácil de
definir ou entender? Ou seria
um conceito filosófico, criado
unicamente para valorizar
alguns vinhos, especialmente os
europeus?
Em seu senso mais estrito, terroir
poderia ser definido como sendo
o microclima do local onde se
plantam as uvas. Ou seja, a
soma dos fatores naturais que
influenciam o caráter das uvas,
dos quais os mais evidentes
são a composição do solo, a
temperatura em cada uma das
estações do ano, a inclinação do
terreno, a orientação do vinhedo,
a incidência do sol, a presença
de formações geográficas
(montanhas, lagos, oceanos)
próximas ao vinhedo, e outros
elementos que possam interferir
no ciclo vegetativo da parreira.
Esse conceito ainda é adotado
com muita força em várias regiões da Europa, das quais a Borgonha,
na França, é o exemplo mais marcante.
Em outras regiões da Europa, como Bordeaux, Champagne, Rhône,
Rioja, Ribera del Duero, Priorato, Toscana, Piemonte, só para ficar mas
mais famosas, o conceito de terroir é muito arraigado e valorizado.
Também no Novo Mundo, alguns países valorizam seus terroirs
específicos, tais como os vales de Casablanca, Maipo e Maule, no Chile
e o Vale do Uco, em Mendoza, na Argentina. No Brasil, fala-se em terroir
de modo mais tímido, mas podemos citar o Vale dos Vinhedos e até o
Planalto Catarinense como exemplos de terroirs brasileiros.
Nos dias de hoje este conceito tem sido cada vez mais ampliado e, de
modo mais liberal, se aceitam como parte do terroir algumas práticas
viticulturais e até, por que não, a influência decisiva do homem, no
caso o viticultor e o enólogo, no resultado final da elaboração do vinho.
Assim, detalhes como o tipo de porta-enxerto, o clone da uva, o modo
de condução da videira, a espécie de levedura usada na fermentação,
o tipo do carvalho das barricas e muitas outras variáveis, poderiam
ser parte daquilo que se chama de terroir. Discussões filosóficas à
parte, o que realmente interessa ao consumidor é a qualidade
final do vinho, o que, em última análise é o bem maior a ser
preservado.
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Arthur Azevedo é diretor da Associação Brasileira de
Sommeliers –SP, editor da revista Wine Style (www.winestyle.
com.br) e consultor da Artwine (www.artwine.com.br)
Carnes exóticas
carne de caça
Por Gustavo Corrêa
Carne exótica é toda carne que não for de boi, porco, peixe e
frango ou mesmo as carnes que não são de nosso território. As
carnes de caça fazem parte das carnes classificadas como exóticas.
Particularmente gosto muito das carnes de caça por terem aroma,
cor e sabor intenso. São carnes difíceis de serem encontradas e, ao
contrário do que muitos pensam, não requerem muita habilidade
na execução, e sim, tempo para o preparo.
Há grande diversidade de carnes de animais de caça. As mais
conhecidas são as de avestruz, coelho e javali. No entanto, há
também carne de capivara e jacaré, entre outras.
A carne do avestruz tem sabor parecido com a picanha, mas sua
textura é de filé mignon. Já a carne de coelho tem sabor suave e é
parecida com a carne de frango. Para marinar o coelho, acrescente
cascas de frutas cítricas como limão, também na hora de servir.
A carne do javali lembra a carne de porco e seu sabor é mais
marcante, com textura musculosa e firme. O mesmo se pode dizer
da carne de capivara, também parecida à carne de porco e com
textura muito firme. Por isso, nos molhos que a acompanham, o
recomendado é acrescentar lascas de cascas de laranja antes de
servir. Já a carne do jacaré tem um sabor que eu diria ser entre o
peixe e o frango e sua textura é muito firme.
Os benefícios destas carnes para uma alimentação saudável já
foram comprovados e nelas se encontram menos gordura do que
nas carnes vermelhas.
Na hora de comprar dê preferência a produtores conhecidos e
carnes que tenham o selo de registro.
Por serem carnes que possuem um gosto forte sugiro uma
marinada agridoce.
Marinada para caça
Ingredientes: 1 ramo de alecrim; 1 ramo de salsa; 1 ramo
de tominho; 1 ramo de salvia; 6 dentes de alho; 2 cebolas; 2
cenouras; 4 folhas de louro; 1 litro de vinho tinto ou suco doce
acido (abacaxi, maracujá ou laranja), 8 grãos de pimenta preta.; 8
grãos de coentro, 4 grãos cardamomo; sal quanto baste.
Preparação: Corte os dentes de alho em lâminas finas e pique
as ervas (menos as folhas de louro) e a cebola. Corte a cenoura
descascada em rodelas finas. Misture todos os ingredientes com
o vinho ou suco. Cubra o fundo de um recipiente plástico com um
pouco de molho e disponha as peças de carne limpas. Despeje
o molho por cima, cubra com papel filme plástico e reserve em
lugar refrigerado por, pelo menos, 24 horas antes de cozinhar.
Depois desse período de repouso, a carne está pronta para ser
assada. Mas, atenção, não jogue fora a marinada. Bata o líquido
no liquidificador e coe. Em seguida, em uma panela, acerte o
ponto do molho com uma colher (das de sopa) de amido de
milho diluído em água fria (150 ml). Acerte o ponto do sal e sirva
bem quente sobre a carne.
Sugiro servir a carne de caça com legumes no vapor e uma boa
salada de folhas.
Dica: Não aconselho marinar a carne em recipientes de metal,
principalmente alumínio, porque pode alterar o sabor do animal.
Gustavo Corrêa é chef formado pelo SENAC Águas de São Pedro. Trabalhou em
várias regiões brasileiras, em restaurantes renomados internacionalmente. Sua
especialidade e prazer são os jantares temáticos. [email protected]
http://chefgustavocorrea.blogspot.com/
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brASil: “vÍTiMA do Seu PrÓPrio HYPe?”