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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES
III Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde
Maria Lins Julião da Rocha
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RISCO
LIGADO A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO
MUNICÍPIO DE CHÃ GRANDE
RECIFE
2010
MARIA LINS JULIÃO DA ROCHA
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RISCO LIGADO A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO
MUNICÍPIO DE CHÃ GRANDE
Monografia apresentada ao III Curso de
Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços
de Saúde do Departamento de Saúde Coletiva do
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação
Oswaldo Cruz, para obtenção do grau de
Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de
Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Henrique Câmara
Recife
2010
Maria Lins Julião da Rocha
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RISCO LIGADO A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO
MUNICÍPIO DE CHÃ GRANDE
Monografia apresentada ao III Curso de
Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços
de Saúde do Departamento de Saúde Coletiva do
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação
Oswaldo Cruz, para obtenção do grau de
Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de
Saúde.
Aprovado em: 24/11/2010
BANCA EXAMINADORA
_________________________
Dr. Henrique Câmara
CPqAm/FIOCRUZ
_________________________
Dra. Idê Gomes D. Gurgel
CPqAm/FIOCRUZ
Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
R672a
Rocha, Maria Lins Julião da.
Avaliação do potencial de risco ligado a produção agrícola no município
de Chã Grande / Maria Lins Julião da Rocha. — Recife: M. L. J. da Rocha,
2010.
31 f.: graf.
Monografia (Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços
de Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas
Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz.
Orientador: Henrique Câmara.
1. Praguicidas. 2. Inseticidas Organofosforados. 3. Programa Saúde da
Família . I. Câmara, Henrique. II. Título.
CDU 632.154
AGRADECIMENTOS
A minha irmã Sulene, pelo apoio e disponibilidade que demonstrou quando eu desanimei.
Aos funcionários Sandra e Semente pela disponibilidade e carinho, pois sempre podemos
contar e não poderíamos terminar sem eles, obrigada.
Ao Professor Mestre Henrique Câmara pelo auxílio sempre com sabedoria e firmeza.
A meu marido e filhos pela paciência e companheirismo e que não me deixaram
desanimar.
A minha mãe e meu pai que sempre me deram apoio em toda a minha vida com muito
amor e sabedoria.
A todos os professores do curso, muito obrigada.
A toda a turma pelo carinho e alegria, obrigada.
ROCHA, Maria Lins Julião da. Avaliação do Potencial de Riscos Ligado a Produção
Agrícola no Município de Chã Grande, 2010. Monografia (Especialização em Gestão de
Sistemas e Serviços de
saúde) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães Fundação
Oswaldo Cruz, Recife, 2010.
RESUMO
O trabalho analisa o uso dos agrotóxicos no município de Chã Grande entre os períodos de
2000 até 2007 tendo em vista os riscos para a saúde da população local. Esta pesquisa adotou
como metodologia a análise descritiva com bases secundárias bem como os aspectos
socioeconômicos, geográficos e históricos da região. Observam-se, também as demandas da
agricultura familiar que nos últimos anos têm feito um grande esforço para aumentar a
produção de alimentos para o consumo próprio e para obtenção de renda e de lucros. Os
pesticidas são utilizados para proteger a policultura local. Os dados oficiais informam os
pesticidas disponíveis que apresentam riscos de intoxicações agudas, subagudas e crônicas. A
população do local é composta por menos de 50.000 habitantes e 52,72% são alfabetizadas.
Apresenta agravos epidemiológicos com prováveis ligações ao uso dos pesticidas conforme
descrição de cada ingrediente dos grupos químicos e seus efeitos, com destaque para os
organofosforados e carbamatos. Os resultados indicam que a maior causa de morbidade são as
doenças respiratórias e de mortalidade e apresentam o crescimento de óbitos por neoplasias
que aparecem em 2º lugar nos anos de 2004, 2006 e 2007. Constatou-se que o mecanismo de
suicídio foi, em 83,3% dos casos, por envenenamento com agrotóxicos. Este trabalho visa
fornecer informações importantes sobre os agrotóxicos. Propõe compromisso de divulgação
de informações sobre os riscos do uso inadequado destes produtos incorporando à política
pública de prevenção e saúde do trabalhador e as atividades do Programa de Saúde da
Família.
Palavras-chaves: Agrotóxicos; Agricultura familiar; Chã Grande; Saúde.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Número de Famílias cadastradas por zona segundo 2000 a 2007, Chã Grande
Quadro 1 – Distribuição do número, percentual e coeficiente de suicídios segundo ano e
município de residência, Chã Grande 2000 a 2007.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Esquema de classificação dos grupos de pesticidas segundo a peste combatida
Tabela 2 - População Residente por Faixa Etária e Sexo – Chã Grande, 2000.
Tabela 3 - Distribuição dos tipos de produtos da lavoura e quantidades produzidas nos
estabelecimentos agropecuários segundo classificação do censo agropecuário, Chã Grande –
PE.
Tabela 4 - Distribuição de produtos usados na lavoura aprovados para uso por nome, grupo
químico, classe e classificação toxicológica, segundo índice monográfico lista de produtos
aprovados pela ANVISA, Chã Grande, 2010.
Tabela 5 - Distribuição dos ingredientes químicos organofosforados e efeitos na saúde, Chã
Grande – PE.
Tabela 6 - Distribuição dos ingredientes carbamatos e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Tabela 7 - Distribuição de ingrediente Triazina e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Tabela 8 - Distribuição de ingrediente Triazina e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Proporção de óbitos por ano segundo causa CID-10, Chã Grande- PE, 2010.
Tabela 9 - Proporção de morbidade hospitalar por ano segundo capitulo cid10, Chã GrandePE, 2010.
Tabela 10 - Intoxicação por agrotóxicos por critério de confirmação, segundo ano dos
primeiros sintomas no período de 2000 a 2007, Chã Grande - PE.
Tabela 11 - Proporção de óbitos por ano, segundo causa (CID10 CAP), Chã Grande- PE.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA
Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
DATASUS
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS
Ministério da Saúde
OPAS
Organização Pan Americana
SINAN
Sistema de Informações de Doenças de Notificação Compulsória
SIA
Sistema de Informação sobre Agrotóxico
SIH
Sistema de Informação de Internação Hospitalar
SIM
Sistema de Informação de Mortalidade
SIAB
Sistema de Informação de Atenção Básica
SINDAG
Sindicato Nacional da Industria de Produtos para Defesa Agrícola
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................09
2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................11
3 OBJETIVOS.........................................................................................................................12
3.1 Geral...................................................................................................................................12
3.2 Específicos..........................................................................................................................12
4 REFLEXÕES TEÓRICAS.................................................................................................13
4.1 Os agrotóxicos...................................................................................................................13
4.2 Agricultura familiar e os agrotóxicos..............................................................................14
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS ....................................................................................17
5.1 Tipo de Estudo...................................................................................................................17
5.2 Local do Estudo.................................................................................................................17
5.3 Período da Pesquisa..........................................................................................................17
5.4 Bases Secundárias.............................................................................................................17
5.4 Processamento dos dados.................................................................................................18
6 RESULTADOS..................................................................................................................19
6.1 Área de Trabalho..............................................................................................................19
6.2 Aspectos Socioeconômicos.............................................................................................21
6.3 Pesticidas Utilizados..........................................................................................................23
6.4 Efeitos na Saúde................................................................................................................23
6.4.1 Grupo Organofosforado...................................................................................................23
6.4.2 Grupo Carbamatos...........................................................................................................23
6.4.3 Grupo Triazinas...............................................................................................................24
6.4.4 Grupo Triazol...................................................................................................................24
6.4.5 Enxofre.............................................................................................................................25
6.4.6 Óleo Mineral....................................................................................................................26
6.5 Aspectos Epidemiológicos.................................................................................................26
6.5.1 Morbidade........................................................................................................................26
6.5.2 Mortalidade......................................................................................................................27
7 COSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................29
REFERÊNCIAS..................................................................................................................30
9
1 INTRODUÇÃO
O propósito do trabalho é descrever o uso de agrotóxicos no município de Chã Grande
e os principais efeitos à saúde da população e poder divulgar junto à comunidade local os
riscos a que estão expostos e suas conseqüências para o meio ambiente.
Ao longo desses últimos anos vimos sentindo a necessidade de analisar esses dados
quando assumimos o desafio de organizar e fiscalizar a saúde pública em Chã Grande desde
1998 na condição de médica veterinária. Tal inquietação foi motivada diante das dificuldades
que se estabeleceram, especialmente no adoecimento sistemático da população e a associação
de vários desses casos com o trabalho na produção agrícola.
A dificuldade inicial em organizar material específico para a análise descritiva e dos
dados referentes ao uso de agrotóxicos no município de Chã Grande que favorecesse a nossa
pesquisa nos conduziu às seguintes indagações: Como os dados oficiais disponibilizados
pelos órgãos competentes podem favorecer a descrição do uso dos agrotóxicos no município
de Chã Grande? - Quais as informações que poderemos demonstrar no sentido de elencar os
riscos à saúde da população com essa prática?
Nesse cenário desafiador acolhemos essa linha de pesquisa, pois sentimos que o
grande dilema dos profissionais de saúde ligados à demanda da produção agrícola,
especialmente as do tipo familiar, tem sido exatamente a percepção da falta de formação e
informação por parte da população local envolvida. Outro fator determinante é a análise do
potencial de risco por que passa hoje o município de Chã Grande com o uso indiscriminado
dos agrotóxicos.
Por isso, é muito importante a análise descritiva que faremos a partir dos dados
selecionados tendo em vista que o estudo desenvolvido caracteriza a situação da população do
município, principais lavouras e o potencial de risco que está associada à produção agrícola.
Para desenvolver análise coletamos informações sobre a área trabalhada, como
infraestrutura do município, aspecto socioeconômico, pesticidas utilizados, efeitos na saúde,
morbidade e mortalidade.
A pesquisa adotou como metodologia a análise descritiva em bases secundárias. Para
apresentar os resultados utilizaram-se as tabelas, mapas e gráfico.
10
2 JUSTIFICATIVA
Os efeitos agudos e crônicos dos agrotóxicos nas doenças prevelentes no município é
uma realidade que necessita de uma abordagem de qualidade para ser motivo de atenção e
prevenção na saúde.
O trabalho mostra as doenças ligadas ao uso de cada pesticida e os sintomas que
poderão aparecer caso o pesticida tenha provocado alteração no organismo. Essas
informações é uma das formas de alertar a população, levando o conhecimento dos riscos e
quais os cuidados no uso de pesticidas.
A mortalidade por neoplasias e suicídio é outro motivo que necessita de atenção. Os
efeitos dos agrotóxicos com provável contribuição no crescimento dos óbitos por neoplasias e
por suicídios são preocupantes e necessitam de maiores estudos.
Dessa forma será relevante para o município o estudo sobre esse tema, pois
representará o primeiro trabalho que tratará os agrotóxicos como veneno e como risco à saúde
e que poderá despertar os vários gestores, integrando as áreas da saúde, educação, meio
ambiente e agricultura no município.
11
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Descrever o uso dos agrotóxicos no município de Chã Grande.
3.2 Objetivos Específicos
a) Caracterizar o município e as condições socioeconômicas de sua população;
b) Descrever as atividades agrícolas no município e os principais agrotóxicos utilizados para
o combate a ―pestes‖;
c) Conhecer os principais efeitos do uso dos agrotóxicos na saúde da população do
município.
12
4 REFLEXÕES TEÓRICAS
4.1 Os agrotóxicos
O dicionário de Houaiss (2009) conceitua os agrotóxicos como compostos ou misturas
químicas usadas para aumentar a produtividade e a qualidade da lavoura. No entanto, o
mesmo dicionário também conceitua o vocábulo ―tóxico‖ como ―o que produz efeitos nocivos
no organismo‖, ou ―O que contém veneno‖.
A Lei Federal nº 7.802 de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo decreto nº 98.816,
no seu artigo 2º, inciso I, define o termo ―agrotóxicos‖ da seguinte forma:
a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos,
destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também
de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos;
b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes,
estimuladores e inibidores de crescimento;
Inciso II – componentes: os principais ativos, os produtos técnicos,
suas matérias primas, os ingredientes inertes e aditivos usados na
fabricação de agrotóxicos e afins (Brasil, 1989).
O processo de modernização tecnológica iniciado nos anos cinqüenta com a chamada
―revolução verde‖, somado ao discurso da ―modernização da economia rural‖, modificou
profundamente as práticas agrícolas, gerou mudanças tecnológicas nos processos de trabalho,
aumentou a produtividade e, mais recentemente, a agricultura tornou-se uma importante
atividade econômica, através da geração de divisas na exportação brasileira. Esses
incrementos na produção agrícola afetaram diretamente a saúde humana, principalmente dos
trabalhadores rurais e dos ecossistemas, com o crescimento descontrolado de pragas como
insetos, fungos e roedores, e expulsou a fauna e a flora de seus habitats, com a destruição dos
ecossistemas e a sua substituição por novas áreas de expansão de atividades agropecuárias
(JACOBSON et al., 2009).
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Os mais usados são inseticidas,
fungicidas, herbicidas, desfoliantes, fumigantes, raticidas, moluscocidas, nematicidas e
13
acaricidas. Somente no ano passado, foram vendidas 725,6 mil toneladas dessas substâncias
no país, movimentando USS 6,62 bilhões, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de
Produtos para Defesa Agrícola – Sindag (DOMINGUEZ, 2010).
O elevado e indiscriminado uso de agrotóxicos no Brasil tem contribuído para a
contaminação ambiental e o aumento das intoxicações, principalmente ocupacionais
(JACOBSON et al., 2009).
Quanto à saúde, predominam substâncias medianamente tóxicas (33%), seguidas das
altamente tóxicas (25%), das pouco tóxicas (24%) e das extremamente tóxicas (18%). Em
relação ao ambiente, 38% são consideradas muito perigosas, enquanto as perigosas somam
25%, as pouco perigosas, 8%, as altamente perigosas, 7% — 22% não têm classificação de
periculosidade ambiental porque foram registradas antes de 1990 (DOMINGUEZ, 2010).
A exposição aos agrotóxicos pode se dá através de inúmeras formas, que incluem a
aplicação dos produtos, o trabalho na colheita, a lavagem de roupas contaminadas, a
manipulação de embalagens vazias. Além disso, a ingestão de água e alimentos contaminados,
bem como o simples fato de transitar ou residir próximo ao local onde os agrotóxicos são
aplicados podem se configurar como situações de exposição. (BRITO, et al., 2005 apud
GARCIA; ALMEIDA, 1991).
Brito (2005) ressalta que a exposição aos agrotóxicos causados pelo manejo errado dos
produtos é um dos fatores dos adoecimentos no meio rural, pois muitos não seguem as
orientações do vendedor do produto. No entanto, queremos alertar que a figura do vendedor é,
na maioria das vezes, o único contato técnico que tem orientado o produtor rural e que,
obviamente, o convence a usar os agrotóxicos como uma alternativa para a melhoria da sua
produtividade agrícola não importando o que isso poderá causar à saúde do trabalhador e ao
meio ambiente.
O desenvolvimento de novos compostos para combater as pragas que afetam as lavouras e
o uso indiscriminado de agrotóxicos está tornando o trabalho rural um problema de saúde
pública, considerando-se a morbidade proveniente de práticas insalubres e desprotegidas no
manuseio dos pesticidas, e a contaminação do meio ambiente, práticas que provocam
desequilíbrio ecológico e favorecem a emergência de doenças entre outros agravos.
(MENEGAT; FONTANA, 2010).
14
4.2 Agricultura familiar e os agrotóxicos
O sistema de produção da agricultura familiar combina a posse dos meios de produção e a
realização do trabalho. Não há separação entre gestão da propriedade e execução do trabalho,
estando ambos sob responsabilidade do produtor e sua família. Muitas terminologias têm sido
empregadas historicamente para se referir ao mesmo sujeito: camponês, pequeno produtor,
lavrador, agricultor de subsistência, agricultor familiar. A substituição de termos obedece, em
parte, à própria evolução do contexto social e às transformações sofridas por esta categoria,
mas é resultado também de novas percepções sobre o mesmo sujeito social (JUNQUEIRA
LIMA 2008 apud GUERRA et al., 2007).
Historicamente, as principais dificuldades para o desenvolvimento da produção agrícola
familiar no Brasil são: baixa capitalização, acesso a linha de créditos oficiais, acesso à
tecnologia, disparidade produtiva inter-regional, acesso à assistência técnica à produção rural,
e acesso aos mercados modernos. Características como: multisetoriedade rural; diversidade
produtiva (através de sistemas integrados de produção animal, vegetal, e manejo florestal); e
tipo de mão-de-obra utilizada na produção; são comuns a um grande universo de pequenos
agricultores familiares (JUNQUEIRA LIMA 2008 apud BIANCHINI, 2005).
A utilização dos agrotóxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de
conseqüências tanto para o meio ambiente como para a saúde do trabalhador rural. Em geral,
essas conseqüências são condicionadas por fatores intrinsecamente relacionados, tais como o
uso inadequado dessas substâncias, a pressão exercida pela indústria e comércio para esta
utilização, a alta toxicidade de certos produtos, a ausência de informações sobre saúde e
segurança de fácil apropriação por parte deste grupo de trabalhadores e a precariedade dos
mecanismos de vigilância. Esse quadro é agravado por uma série de determinantes de ordens
cultural, social e econômica (PERES et. al., 2005).
Na prática, observa-se que os registros de intoxicações por agrotóxicos no SINAN têm
sido escassos em todo o Brasil, embora existam diferenças regionais. Analisando os dados do
SINAN, em âmbito nacional para o período 2001-2005, encontrou-se um coeficiente médio
de 2,2 casos/100.000 habitantes com grande variação por Estado (FARIA et al., 2007).
Sobreira e Adissi (2003) no Brasil, seguindo-se a estimativa proposta pela Organização
Pan- Americana de Saúde (OPAS), indicam que para cada caso registrado de intoxicação por
agrotóxicos outros 50 casos de intoxicação ocorreram sem notificação ou com notificações
15
errôneas, podemos inferir que, em 1993, os seis mil casos notificados indicam a ocorrência de
306 mil casos de intoxicação por agrotóxicos.
Assim se observa que os agrotóxicos, além de um problema que vem se agravando,
atingem diretamente os pequenos produtores.
O Quadro 1 apresenta o esquema de classificação dos grupos de pesticidas segundo a
peste combatida.
Grupos de pesticidas
Pestes controladas
Acarecidas
Ácaros, aranha e carrapatos
Avicidas
Pássaros
Bactericidas
Bactérias
Fungicidas
Fungo
Herbicidas
Erva daninha
Inseticidas
Insetos
Miticidas
Minúsculo parasita
Moluscocidas
Caracol, lesmas
Nematicidas
Nematóide
Pisticidas
Peixe
Predacidas
Vertebrados
Rodenticidas
Roedores
Quadro 1 – Esquema de classificação dos grupos de agrotóxicos segundo a praga combatida.
Fonte: QUEIROZ, (apud WAXMAN, 1998).
Segundo Queiroz (2007 apud BRADY; WEIL, 2003), os fungicidas são usados
principalmente no controle de frutas e hortigranjeiros, tanto na lavoura quanto após a colheita
dos mesmos, para proteger os produtos contra a deterioração e o apodrecimento, o que pode
ser um risco para o consumidor.
16
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS
5.1 Tipo de Estudo
Este trabalho adotou como metodologia a análise descritiva em bases secundárias.
5.2 Local do Estudo
Município de Chã Grande em Pernambuco.
5.3 Período da Pesquisa.
Período de 2000 a 2007.
5.4 Bases Secundárias
Foram as bases do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Sistema de Informação de Doenças de
Notificações Compulsória (SINAN), Sistema de Informações Hospitalares (SIH), Sistema de
Informações de Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Agrotóxicos (SIA) e do
Sistema de Informações de Atenção Básica (SIAB).
17
5.5 Processamento dos dados
O processo de coleta dos dados foi realizado através da busca de informações nos
sistemas oficiais sobre a localização e as características socioeconômicas da população. Em
seguida a busca de informações sobre as atividades agrícolas e principais agrotóxicos
utilizados. E na última parte conhecer os efeitos do uso dos agrotóxicos na saúde da
população do município.
As variáveis na coleta de dados foram independentes. Foram selecionados os dados
por frequência, proporção, taxa por ano de ocorrência e município de residência. A tabulação
foi no TABNET e no software Excel para produção de tabelas e gráficos. O mapa foi do
software STARTCART/IBGE.
18
6 RESULTADOS
6.1 Área de Trabalho
O município de Chã Grande está localizado na Mata Sul de Pernambuco, encontra-se a
83 km da capital do Estado, sua extensão geográfica é de 83.7 Km², correspondendo a 0,08%
do Estado de Pernambuco. Tem sua bacia hidrográfica formada pelos rios Capibaribe e
Ipojuca e o seu relevo está classificado como ondulado e forte ondulado. O município está a
uma altitude e 470 metros, latitude 8° 14`e 15`` e longitude 35° 27`e 45``, apresentando um
clima quente e úmido, uma vegetação composta de caatinga hipoxerófila e floresta
caducifoliada. Possui uma população estimada de 17.984 hab. (IBGE, 2009) sendo 9.168 do
sexo masculino e 8.816 do sexo feminino. Limita-se ao norte com Gravatá; ao sul com
Amaraji – Primavera; ao Leste com Pombos e ao Oeste com Gravatá. Vias de acesso BR 232
e PE 71.
Mapa 1 – Localização geográfica de Chã Grande, PE.
Fonte: ESTARTCARD/IBGE
19
A população residente total é de 18.407 habitantes. Os habitantes do sexo masculino
totalizam 9.236 (50,2%), do sexo feminino totalizam 9.171 (49,8%) com densidade
demográfica de 209,87% hab./km² (IBGE, 2000).
Tabela 1 - População Residente por Faixa Etária e Sexo – Chã Grande, 2000.
Faixa Etária
Masculino
Feminino
Menor 1 ano
192
223
1 a 4 anos
780
773
5 a 9 anos
944
956
10 a 14 anos
1088
968
15 a 19 anos
1057
1096
20 a 29 anos
1738
1701
30 a 39 anos
1047
1053
40 a 49 anos
875
863
50 a 59 anos
639
674
60 a 69 anos
481
468
70 a 79 anos
290
260
80 anos e mais
105
136
Total
9.236
9.171
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas.
Total
415
1553
1900
2056
2153
3439
2100
1738
1313
949
550
241
18407
O Gráfico 1 apresenta o cadastro das famílias no Sistema de Informações de Atenção
Básica e mostra que em dez./2000 era maior número na Zona Urbana e em 2007 o maior
número de famílias se encontravam na Zona Rural.
No Sistema de Informação de Atenção Básica o número de pessoas cadastradas na
Zona Urbana é de 10.282 (50,0%) e 8.067 (44,0%) na Zona Rural.
Gráfico 1 – Números de famílias cadastradas por zona segundo ano, 2000 a 2007, Chã Grande – PE.
Fonte: SISB /DATASUS/MS.
20
6. 2 Aspectos socioeconômicos
O município foi criado em 20 de novembro de 1963, pela Lei Estadual No 4.961,
desmembrado do município de Gravatá, se constituiu a partir dos antigos distritos Chã
Grande-Sede e Santa Luzia. Dos 4.635 domicílios particulares permanentes, 2.222 (47,9%)
são abastecidos pela rede geral de água, 1.580 (34,10%) são atendidos por poços ou fontes
naturais e 833 (18,0%) por outras formas de abastecimento. A coleta de lixo urbano atende
2.124 (45,8%) domicílios (IBGE, 2000).
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH – M) de Chã Grande é de
0,612. Este índice situa o município em 10º no ranking estadual e em 4441º no nacional
(IBGE, 2000).
Na área de educação, o município possui 36 estabelecimentos de ensino fundamental com
6.510 alunos matriculados e 02 de ensino médio com 814 alunos matriculados. A rede de
ensino totaliza 102 salas de aula, sendo 06 da rede estadual, 92 da municipal e 04 particulares.
O percentual de alfabetização corresponde a 52,72% da população (IBGE, 2000).
A estrutura de atenção à saúde existente compõe-se de 1 Hospital Geral, 8 Unidades de
Atenção Básicas, 1 Unidade de Vigilância em Saúde e 1 Centro de Atenção Psicossocial, 8
consultórios odontológicos. A distribuição dos leitos cadastrados por especialidades são 4
leitos cirúrgicos, 16 clínicos, 6 obstétricos e 12 pediátricos num total de 38 leitos. Possui 2,11
leitos por 1.000 habitantes. Equipamentos de apoio 8 equipo odontológico completo, 1
ultrassom, 2 raios X e 1 mamógrafo. Recursos humanos são 1,9 (39) médicos; 0,6 (12)
dentistas, 0,7 (17) enfermeiras; 0,1 (3) assistentes sociais; 0,1 (2) psicólogas; 1,3 (28) auxiliar
de enfermagem para cada 1.000 habitantes.
O município possui 1.443 propriedades individuais agropecuárias num total de 6.535
hectares. Os produtores proprietários são 1.251 unidades com 6.559 hectares e proprietárias
de 192 unidades com 452 hectares. Na distribuição da força de trabalho local em primeiro
lugar vem à agricultura, segundo a indústria e em terceiro serviços.
Segundo Censo Agropecuário de 2006 os principais tipos de lavouras:

Permanente – Banana; Laranja.

Temporária – Cana de açúcar; Mandioca, feijão e milho.
21
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos tipos de produtos da lavoura cultivada e as
quantidades produzidas.
Tabela 2 – Distribuição dos tipos de produtos da lavoura e quantidades produzidas nos estabelecimentos
agropecuários segundo classificação do censo agropecuário, Chã Grande – PE, 2010.
Produtos
Quantidade produzida 2006
Banana
115 Toneladas
Laranja
61 Toneladas
Cana - de - açúcar
38 Toneladas
Feijão de cor em grão
1 Toneladas
Mandioca (aipim, macaxeira)
Milho em grão
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
302 Toneladas
272 Toneladas
O resultado do Censo não apresenta a área utilizada por produto. A informação disponível
é que as terras utilizadas no município para 447 unidades para lavoura permanente que
ocupam 562 hectares. As terras utilizadas para lavoura temporária ocupam 1.186 hectares
divididos com 1.094 unidades.
A maior parcela dos estabelecimentos agropecuários
existentes no município é de agricultura familiar num total de 1.290 (83%), ocupando uma
área de 3.429 ha (53%) (IBGE, 2000).
A bananicultura apresenta maior produção como cultura permanente e a mandioca como
cultura temporária.
6.3 Pesticidas Utilizados
A Tabela 4 apresenta os pesticidas usados na lavoura permanente e temporária do
município aprovados pela ANVISA.
Tabela 3 - Distribuição de produtos usados na lavoura aprovados para uso por nome, grupo químico, classe e
classificação toxicológica, segundo índice monográfico da ANVISA, Chã Grande - PE.
Classificação
Ingredientes
Grupo químico
Classe
toxicológica
Fenamifós
Organofosforado
Inseticida, nematicida e acaricida
I
Folisuper
Organofosforado
Inseticida
I
Metamidafós
Organofosforado
Inseticida e acaricida
I
Cianazina
Triazina
Herbicida
II
Cartape
Tiocarbamato
Inseticida e fungicida
III
Carbaril
Carbamatos
Inseticida
II
Tebuconazol
Triazol
Fungicida
III
Asulan
Sulfanililcarbamato
Herbicida
III
Malation
Organofosforado
Inseticida
III
Enxofre
Inorgânico
Acaracida e fungicida
IV
Carbofuran
Carbamatos
Inseticida
IV
Hidrocarbonetos
Inseticida, acaricida, fungicida e
Óleo mineral
alifáticos
espalhante adesivo
IV
Fonte: SIA/ANVISA.
22
A Tabela apresenta os agrotóxicos usados nas culturas de banana, laranja, cana-deaçúcar, feijão, mandioca e milho. A coleta buscou mostrar os agrotóxicos liberados à venda
pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
6.4 Efeitos na Saúde
6.4.1 Grupo Organofosforado
No Quadro 2 são apresentados os efeitos na saúde causados pelos ingredientes que
fazem parte do grupo dos organofosforados.
GRUPO
EFEITOS NA SAÚDE
ORGANOFOSFORADO
FENAMIFÓS
Fraqueza, dor de cabeça, opressão do peito, visão turva, pupilas não reativas,
salivação abundante, suores náuseas, vômitos, diarréias e cólica abdominal.
FOLISUPER
Paciente inconsciente, convulsionando, com pupilas mióticas, secreção pulmonar
muito aumentada e bradicardia importante sugere intoxicação muito grave pelo
produto.
MATAMIDAFÓS
Síndrome colinérgica: sudorese, sialorréia, miose, hipersecreção brônquica,
colapso, respiratória, broncoesparmo, tosse, vômito, cólica e diarréia.
MALATION
Síndrome muscarínica - distúrbios cardiocirculatórios (diminuição da
contratilidade cardíaca, bradicardia e vasodilatação); distúrbio gastrointestinais
(aumento dos movimentos peristálticos e do tônus intestinal, aumento das
secreções digestivas, diarréias, cólicas abdominais, vômitos); distúrbios das
glândulas exócrinas (sudorese, lacrimejamento); Síndrome nicotínica - Tremores
na língua, lábios olhos e pálpebras; espasmos e tremores da musculatura
esquelética; flacidez e paralisia muscular; espasmos, fasciculações e fibrilações
musculares, principalmente na face e no pescoço.Síndrome do Sistema Nervoso
Central - cefaléias, inquietude; tremores, ataxia; confusão mental; convulsões;
coma.
Quadro 2 – Distribuição dos ingredientes químicos organofosforados e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Fonte: SIA/ANVISA.
6.4.2 Grupo Carbamatos
O Quadro 3 apresenta os ingredientes químicos que representam o grupo dos carbamatos e os
efeitos que estes provocam na saúde.
23
GRUPO CARBAMATOS
EFEITOS NA SAÚDE
CARTAPE
O produto pode causar bloqueio neuromuscular em mamíferos.
CARBARIL
Irritação da pele dos olhos e manifestações colinérgicas como náuseas,
vômitos, diarréia, diurese freqüente e involuntária, miose, broncoespasmo,
secreção broquiolar, dispinéia, opressão torácica, lacrimejamento, sialorréia
e fasciculações musculares. Intoxicações graves pode causar tremores,
convulsões generalizadas, inconsciência, paralisia flácida, insuficiência
respiratória, intensa cianose, edema de pulmão e coma.
CARBOFURAN
Inibição na colinesterase (HE6). Possíveis sintomas como miose, visão
embaraçada, lacrimejamento; excesso de secreções respiratórias, salivação
sudorese, cólicas abdominais, cefaléias, náuseas, vômitos diarréia; cianose;
espasmos musculares, incoordenação, convulsões , perda de consciência,
insuficiência respiratória, irritação da pele e possíveis efeitos sobre o sistema
imunológico.
Irritação na pele e olhos via inalação e oral pode causar intoxicação.
ASULAM
Quadro 3 - Distribuição dos ingredientes carbamatos e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Fonte: SIA/ANVISA.
6.4.3 Grupo Triazinas
O Quadro 4 apresenta o ingrediente químico do grupo Triazinas e os efeitos na saúde.
GRUPO TRIAZINAS
CIANAZINA
EFEITOS NA SAÚDE
Insuficiência respiratória distúrbios cardíacos.
Quadro 4 - Distribuição de ingrediente Triazina e efeitos na saúde, Chã Grande – PE
.Fonte: SIA/ANVISA
6.4.4 Grupo Triazol
O Quadro 5 apresenta o ingrediente químico do grupo Triazol e os efeitos na
saúde.
GRUPO TRIAZOL
TEBUCANAZOL
EFEITOS NA SAÚDE
O 3-aminotriazol reduz os níveis de catalase nos tecidos oculares quando
administrado via intravenosa ou oral. O amitrole inibe a atividade da
peroxidase no fígado e tireóide, e o modo de ação na produção de tumores
tireoideanos parece estar relacionado a efeito goitrogênico do amitrole com
resultante elevação do TSH (Hormônio tireoestimulante).
Quadro 5 - Distribuição de ingrediente Triazol e efeitos na saúde, Chã Grande – PE.
Fonte: SIA/ANVISA.
24
6.4.5 Enxofre
Efeitos: a absorção pode ser por via respiratória, oral e dérmica. A excreção se dá pela via
urinária ou fezes.
6.4.6 Óleo Mineral
Efeitos: Não há sintomas de intoxicação específicos. Como adjuvante: de acordo com a
recomendação do produto em cuja calda foi adicionada.
De maneira geral, os agrotóxicos podem causar três tipos de intoxicações ao homem.
A aguda é a intoxicação em que os sinais surgem rapidamente, ou seja, algumas horas após a
exposição excessiva a produtos altamente tóxicos. Entretanto, a intoxicação pode ocorrer de
forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de substâncias tóxicas absorvidas.
Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos, o que facilita o diagnostico desta forma
patológica. A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos
altamente tóxicos, e tem evolução sintomática lenta. Os sintomas costumam ser subjetivos e
vagos, como: cefaléia, fraqueza, mal estar, dor de estômago e sonolência, entre outros. A
intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição
pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos
irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias.
6.5 Aspectos Epidemiológicos
6.5.1 Morbidade
A proporção de internações por capítulo CID-10 foi calculada com o número total de
cada grupo de doenças dividido pelo número total de internações por município vezes 100.
A Tabela 9 apresenta a proporção das principais causas de internações por ano por
grupo de causas segundo capitulo CID10 e município de residência.
25
Tabela 4 - Proporção de morbidade hospitalar por ano segundo capitulo cid10, Chã Grande-PE, 2010.
Capítulo CID-10
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
I. Algumas doenças infecciosas e
15.43 15.73 17.86 17.67 17.07 14.91
8.65
parasitárias
II. Neoplasias (tumores)
0.7
1.12
2.17
1.99
2.71
2.5
6.06
IV. Doenças endócrinas nutricionais e
4.1
2.96
6.06
5.98
7.5
5.46
5.26
metabólicas
V. Transtornos mentais e comportamentais
1.73
1.45
0.64
0.93
0.86
1.02
1.78
VI. Doenças do sistema nervoso
0.45
0.53
0.64
0.33
0.5
0.56
0.18
VII. Doenças do olho e anexos
0.51
0.53
0.51
0.4
0
0.37
0.36
IX. Doenças do aparelho circulatório
7.04
6.45
7.27
8.31 10.14
8.06
9.71
X. Doenças do aparelho respiratório
14.79 16.26 18.88 17.14 17.07 13.43 13.28
XI. Doenças do aparelho digestivo
10.69
7.5
8.23
6.11
6
7.04
7.22
XII. Doenças da pele e do tecido
0.06
0.39
0.57
0.86
1
1.11
2.5
subcutâneo
XIX. Lesões enven e alg out conseq causas
1.73
3.36
3.57
3.12
3.79
2.41
3.92
externas
Total
100
100
100
100
100
100
100
Fonte: TABNET/DATASUS/SIH/MS.
2007
9.2
5.23
5.71
0.79
1.11
0.24
10.31
14.59
7.93
1.59
5.08
100
As doenças do aparelho respiratório vêm em primeiro lugar em internações. Em
segundo lugar as doenças infecciosas e parasitárias apresentam crescimento até 2004
diminuindo até 2007. Em terceiro as doenças do aparelho circulatório com aumento em 2004
e 2007. Quarto lugar as doenças digestivas com percentual mais alto em 2000 diminuindo e
mantendo-se mais ou menos estável. No quinto as doenças endócrinas nutricionais e
metabólicas. Em crescimento aparecem as neoplasias e as doenças por causas externas.
Os casos informados no período de 2000 a 2007 ao Sistema de Informações das
Doenças de Notificação Compulsórias apresentam casos de intoxicações nos anos de 2001 e
2003.
A Tabela 10 apresenta as intoxicações por agrotóxicos por critério de confirmação
Laboratorial e/ou clínico-epidemiológico.
Tabela 5 Intoxicação por agrotóxicos por critério de confirmação segundo ano dos primeiros sintomas no
período de 2000 a 2007, Chã Grande - PE.
Ano 1º Sintoma(s)
Clínico-Laboratorial
Clínico-Epidemiológico
2001
2003
Total
Fonte: SINANWEB/MS.
1
0
1
0
1
1
26
6.5.2 Mortalidade
A mortalidade por causa (CID10 CAP) foi calculada com o número de óbitos por capítulo
dividido pelo número de óbitos total no ano vezes 100.
A Tabela 11 apresenta a proporção de óbitos das principais causas de mortalidade por ano
segundo causa (CID10 CAP).
Tabela 6 Proporção de óbitos por ano segundo causa (CID10 CAP), Chã Grande- PE.
Causa (CID10 CAP)
I. Algumas doenças infecciosas e
parasitárias
II. Neoplasias (tumores)
IV. Doenças endócrinas nutricionais e
metabolismo
V.Transtornos mentais e comportamentais
VI. Doenças do sistema nervoso
IX. Doenças do aparelho circulatório
X. Doenças do aparelho respiratório
XI. Doenças do aparelho digestivo
XVII.Malformação congnica deformidade
e anomalias cromossomicas.
XX.Causas externas de morbidade e
mortalidade
Total
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
5.5
2.6
2.5
5.6
3.2
4.3
2.8
4.6
6.2
10.9
8.6
3.4
9.3
9.3
11.3
10.4
13.8
11.4
10.4
14.8
12.9
10.2
14.7
5.5
0.8
0.9
0
2.8
1.6
0
0.9
0
0.8
25
5.5
4.7
0
0
37.9
5.2
8.6
0.86
1.7
34.7
8.5
2.5
0.85
0.9
27.4
13.2
0.9
2.83
0.8
41.5
8.1
3.2
0
0.9
38.3
6.9
11.3
1.74
0.9
40.7
5.6
5.6
1.85
1.8
45.9
11.0
2.7
0
6.2
10.3
15.2
6.6
7.3
9.6
12.0
11.9
100
100
100
100
100
100
100
100
Fonte: TABNET/DATASUS/SIM/MS.
A mortalidade apresenta resultados diferentes da morbidade. O capítulo XX causas
externas de morbidade e mortalidade se encontram os óbitos por Lesões autoprovocadas
(X60-X84) e Envenenamento por agrotóxicos (X40-X49). Foram seis suicídios por
envenenamento por agrotóxicos e um óbito na categoria CID10 (X48) no período.
De 2000 a 2007 podemos observar que a proporção de óbitos por doenças circulatórias,
respiratórias, neoplasias e causas externas sofreram aumento nos anos pesquisados com uma
pequena variação. Os maiores decréscimos percentuais foram observados para as doenças da
pele e do tecido subcutâneo.
A tabela 7 apresenta a distribuição de óbitos com freqüência, percentual e número de
suicídio.
27
Tabela 7 Distribuição do número, percentual e coeficiente de suicídios segundo ano e município de residência,
Chã Grande - PE.
Ano
População
Total de
Óbitos por
Percentual
Coeficiente bruto de
Nº de
(habitantes)
óbitos
suicídio
de óbitos
suicídio por 100.000
suicídio por
por
habitantes
agrotóxicos
suicídio
2000
18.407
128
0
0.0
0,0
0
2001
18.761
116
1
1.7
10,7
1
2002
19.019
118
2
1.7
10.5
2
2003
19.301
106
0
0
0
0
2004
2005
2006
2007
19585
20.226
20556
20.886
123
115
108
109
0
0
2
1
0
0
1.8
0.9
0
0
9.7
4,8
0
0
2
0
Fonte: TABNET/ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; SIM**/DATASUS/MS.
O Quadro apresenta os suicídios por agrotóxicos, categoria CID10 X68 (pesticida), e
outro suicídio por produto químico ou substância nociva, categoria CID10 X69, em 2007.
Constatou-se que o coeficiente de suicídios chega a 10,7/100.000 habitantes e
percentual de 1,7% em 2001 e 4,8/ 100.000 habitantes e percentual de 0,9% em 2007. O
mecanismo de suicídio foi, em 83,3% dos casos, envenenamento com agrotóxicos. Essa causa
está no grupo das causas externas.
28
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando as condições socioeconômicas da população, as atividades agrícolas com
os principais agrotóxicos utilizados e os principais efeitos na saúde da população, constata-se
um percentual expressivo de analfabetismo e baixa renda. Os resultados encontrados no
presente trabalho evidenciam os agravos à saúde a que estão sujeitos os trabalhadores rurais
em contato com os agrotóxicos e alertam para a necessidade do compromisso de divulgação
de informações sobre os riscos do uso inadequado desses produtos junto à população,
incorporando à política pública de prevenção e saúde do trabalhador as atividades do
Programa de Saúde da Família.
Mais trabalhos na cidade configuram-se de extrema relevância, buscando
caracterização aprofundada desta realidade e dos malefícios causados à saúde da população
pelo uso de ingredientes químicos.
Levando-se em consideração a necessidade de conhecimento da realidade com maior
aprofundamento, recomendamos:
a) Cadastrar os estabelecimentos que comercializam agrotóxicos no município;
b) Fazer levantamento dos agrotóxicos comercializados nos estabelecimentos;
c) Identificar a existência de anotação de responsabilidade;
d) Realizar o mapeamento das atividades de risco no uso de agrotóxicos e das
populações potencialmente expostas no território de atuação, a partir da análise das
bases de dados coletados;
e) Fortalecer a atenção básica, com ênfase na estratégia de Saúde na Família e PACS,
para diagnóstico, acompanhamento e monitoramento da população exposta a
agrotóxico;
f) Inserir a temática de Vigilância em Saúde relacionada aos agrotóxicos na atenção
básica/Saúde da Família;
g) Qualificar a rede de serviços de atenção básica de forma a garantir a identificação
da população de risco;
h) Aprimorar a notificação dos casos suspeitos e confirmados de intoxicação por
agrotóxico;
i) Inserir a problemática dos agrotóxicos e saúde no Programa Saúde na Escola; e
j) Apoiar o desenvolvimento e a implantação de práticas alternativas e sustentáveis.
29
Por último, inferimos que todos precisam enfrentar essa grave situação e buscar saídas
para reduzir ou eliminar o uso de agrotóxico. A produção de alimentos saudáveis requer a
adoção de políticas que orientem os trabalhadores e a população tendo em vista a proteção do
meio ambiente, o desenvolvimento sustentável da economia local e o incentivo à agricultura
orgânica. A participação e apropriação nos espaços interinstitucionais pelos agricultores e
consumidores quanto aos elevados riscos para a saúde humana e ambiental da utilização de
agrotóxicos é fundamental para mudar esse quadro.
30
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Agrotóxicos. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa>. Acesso em: 28
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L7802.htm>. Acesso em: 14.out.2010.
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Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13 n.4 p. 887 - 900, 2005.
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Sistema Nacional de Atenção Básica. Número de Famílias Cadastradas por Zona segundo
ano, Brasil, 2000 a 2007. Disponível em:
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?siab/cnv/SIABFpe.def > . Acesso em: 21 ago.
2010.
Download

avaliação do potencial de risco ligado a produção