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P U B L I C A D A POR & N G E L O
AGOSTINI
A correspondência e r e c l a m a ç õ e s devem ser dirióidas
a n u a da Assemblea 44- Officma Lith.o§ra phica d a R e v i s t a lllustrada
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CHRONICAS
J l t e t i m M
FLUMINENSES
Rio,. 11 de outubro.
Encerraram-se as camaras, e fechouse a estação lyrica. Somente, emquanto
as camaras se fecham para se abrirem,
a companhia lyrica despede-se sériamente.
Como seria preferível o inverso !
Parecia entretanto que um laço de sympathia ligava bem estreitamente os inquilinos do P e d r o I I aos hospedes da Cadeia-Velha ; uns e outros viveram pela
garganta, tiveram todos prorogações ; mas
o postscriptvm parlamentar venceu o enthusiasmo lyrico.
Yáo-se as Sras. Durand e Adini com os
Hvguenottes ; fica o Sr. Martinho Campos
com a reforma eleitoral. E é sobretudo
agora que vamos comprehender a dureza
do axioma.
— A belleza passa, a feialdade fica !
O publico fluminense, que foi demasiadamente injusto com a empreza que nos
deu tão agradaveis noites, quiz resgatar
á ultima hora os seus vigores com as explosões d'um enthusiasmo sem limites... E'
sobretudo nos últimos momentos, na presciência da nostalgia, que se é sincero, e
esperamos qué o maestro Ferrari assim
o comprehenda, esqueça as estreias pela despedida, e . . .
Até para o anno ?
-++- Depois disso. . . nada de novo, ou
b e m pouca cousa.
Quando eu digo nada de n o v o . . . A
emancipação, e a emancipação geral, bem
entendida, a emancipação do escravo em
nome da liberdade, a emancipação do senhor em bem da lavoura interessa cada
vez mais vivamente a todos — o governo
exceptuado. O problema entra mesmo
n 7 uma phase mais conciliadora: os fazendeiros, longe de opporem a resistencia
pouco polititica que se apprehendera, mostram-se mais calmos e mais benevolos do
que os deffensores apaixonados da lei de
vinte e oito de setembro. E os de S. Paulo
dão o exemplo do seu bom senso, concordando que é tempo de assentar nos meios
práticos de substituir o trabalho escravo.
J á ninguém dirá portanto que é a guerra
dos que não têm contra os que têm.
No proprio senado, vai a
propaganda
3 1 1 u « t r a fc a
encontrando sympathias. E, em quanto os
apregoados liberaes tudo lhe negam, o Sr.
Candido Mendes, conservador, reaccionário,
ultramontano, torna-se — quem o diria? —
o apostolo da emancipação I
Catholicismo o b r i g a . . . . Em summa,
antes os reaccionários que pregam a liberd a d e do seu semelhante do que os catholicos que esquecem o sexto mandamento do
decálogo, como aquelles empregados da
estrada de ferro.
Quando o problema geral é o bem
da humanidade e a engenharia procura assegurar a vida dos que se confiam ás linhas
ferreas, eis que o guarda-freio Vicente de
tal se compraz em bombardear a tiro do
revolver os passageiros da estrada de Pedro li. E por ter dito Montaigne que „ as
armas de fogo são de tão eífeito, pouco ex
cep to o espanto do ouvido, que se abandonaria o seu emprego, " não é menos verdade que o revolver tem enviado muita
gente para o outro mundo.
Nos caminhos de ferro,já se corria o risco
do descarrilhamento, o perigo de um encontro, a eventualidade de uma explosão. ..
que faziam grande concurrencia á febre
amarella e á pthisica pulmonar ; agora tem
mais o tiro de revolver e a facada dos
guardas freios, que mandam para os Campos
Elysios o passageiro que se embarca para
Sapopemba!
Decididamente aquelles que me pretendem deixar alguma cousa, façam testamento antes de fugir pelo caminho de ferro
ás subscripções que infestam a corte.
Nós ternos muitos theatros ; mas
falta-nos u m . . . Agora mesmo recebe o Casino os últimos toques do pincel, incumbido de o tornar bel lo, risonho e digno
de receber os alegrôs inquilinos que lhe
devem vir pelo Senegal. Todo renovado,
completamente transformado, com outras
accomodações, não consorva do antigo nem
o nomo ,* c h n s m o u s e de Sant' Anna e
n'elle estreiará brevemente a troupe de Mr.
Cochelin que nos promette fazer rir, como
se ri no Palais Royai, em Paris.
-++- Seremos então sempre os mesmos?
e por toda a parte ?. . Em Paris e para festejar o anniversario da nossa independencia,
deviam reunir-se os brasileiros n'um j a n t a r
honorariamente presidido pelo conde d'Eu...
presidencia honoraria de um jantar! está
ahi uma figura que a rhetorica deixou aos
palacianos o privilegio de invenção — mas
longe de confraternisarem nessa commemortção de garfo e faca, dividiram-se as
opiniões. E eis o Sr. Nery encomiando o Sr.
conde d'Eu e dirigindo amenidades aquelles
dos nàssos#patricios que jantaram alhures:
„ Republicanos que [vão ser commendadores no Rio de Janeiro, escreve o folhetinista do Jornal — depois do jantar. "
Republicanos que vem ser commendadores, é possível ; mas que pagam ao thesouro o direito da commenda, em quanto o
Sr. conde d'Eu o esfalfa, para presidir honorariamente a jantares no Café Riche.
-++- Foi-se o vintém, está
finalmente
abolido essesordido imposto que até vidas
custou.
h-4- E* uma praga, com eífeito ! H a subscripções para tudo $ por toda parto, e
todas para bons fins — o que é ainda peior
pois não admitte desculpa — ha subscripções patrióticas, ha subscrtpções liumanitarias... Aquelles que disfructam a vida
a credito, vencem facilmente a difficuldade
de evitar o bom-dia do credor; mas os promotores de subscripções, como não os encontrar ? se elles estão, como Deus, por
toda a parte ! — mesmo nos saraus mais
Íntimos ! . . .
E' uma economia para os pobres e um
allivio para os ricos. As senhoras exageram
mesmo essa diminuição de receita, para
lembrar as promessas dos maridos ; esta
vai ao theatro. aquella compra mais um vestido, outra :
E n t r e as patrióticas figuram duas para
dois monumentos que perpetuem no bronze
Osorio e Caxias. E' a gratidão merecida e
que eu estou longe de censurar; lamento
mesmo que nesse meio fique talvez mallograda a tentativa para commemorar José
de Alencar. Mas porque razão ambos os
monumentos hão de ser estatuas de bronze?
Parece-me que um theatro preencheria o mesmo fim... E mais outros bem necessários.
BÍBLIOGRAPH1A
— Hein, Arthur, agora que já se não
paga o vitem, bem me podias comprar o Collar de brilhante.
ALTER
Manifesto da Sociedade Brazilcira contra
a escravidão. Seu titulo indica muito claramente o seu objecto e a sua importância.
Congresso Agrícola, collecção de documentos relativos ao Congresso agrícola,
mandados publicar pelo ministro d'agricultura. Tem igualmente os discursos dos
fazendeiros, pronunciados nas sessões.
D.
JUNIO.
91 e ti t 0 t a
Gazetilha
A redacção da Revista lltustrada
continua toda de saúde, excepto Junio, que
está muito acabrunhado com a critica que
lhe fez o professor de piano da PraiaGrande.
*
dade p r i m i t i v a ; imitemos o nosso divino
mestre libertando o homem escravo." — E s t e
S. Martinho não é de Campos.
Em Araquára, S. Paulo, cahio um temporal fortíssimo, causando grandes estragos
á lavoura ; mas, em compensação, elle nada
soffreu com a queda, o temporal!
R. •
DIISIA THJHIA. 13 J>OIG
*
*
No relatorio da quinzena, apresentado
pela junta de liygiene publica, figura esta
parcella entre as causas de m o r t e :
„ Aluguel de casas
2."
Calembourgs Ly ricos *)
— Gosto mais do Bulterini do que do
Bolis...
— Homem não bulas com o Bolis !
jfâr*
— Para mim, o Marin é tenor velho. . .
— Qual! Elle é Marin. . .heiro velho !
*
E' o Cruzeiro que não pôde ^ e r accusado de não griphar. Na sua ultima „ lievue por Vexterieur." — en f rançais, s. v. p.
— não sabendo traduzir torpedo em francez, escreveu torpedo — griphado — e con"
tinuou !
*
Fncerrou-se a sessão ordinaria, para se
abrir a extraordinaria—tudo isso teve lugar
com uns ares muitos solemnes de cousa
séria. E ' a c a b a r para começar.
— Ando afílicto por saber, no Salvador
qual o acto em que vai melhor o Athos,
— Onde mais aprecias o Bulterini ?
— O bule e a terrina ? . . . Só no almoço !
— Posso garantir que não ha outra
prima-donna como a Durand,
— E ? isso ! a Durand é uma duroua !
*
O Sr. Gaspar não apresentou
mentos dos balanços falsos, nem
reira Pinto provou também que a
nada tem de commun com o que
Draper — antes d'ella.
*
Os frades de San ^Antonio festejaram
o seu padroeiro esta semana. — O padroeiro dos frades de Sant'Antonio não é
nenhum dos Autonios santos, mas S. Francisco 1
*
Pelas noticias recebidas da Europa, a
T u r q u i a ainda se não quiz sujeitar ao tratado de Berlim ; e parece que I n g l a t e r r a , a
França, a Italia acabam perdendo a paciência e batem na Porta.
— No lyrico, ttóse pôde apreciar a Volpini !
— Nem por isso : lyrico só d vol tfoiseau !
#
— D'onde veio o Dondi ?
— Não achas a Fosca um
— Muito. . .lusco fusco !
pouco fosca ?
Logo que se restabelecerem os artistas,
foge toda a companhia para S. Paulo.
ROLANDO
*
S. Martinho diz que " o redemptor abolio
a escravidão, restituindo-nos á nossa liber-
EDITH
I
— Yês aquella adoravel c r e a t u r a de ca
bcllos d'ouro, que ondula tão suavemente
ao som da walsa ? . . .
— E' bella, com eífeito.
— . . . Actualmente a muítu legitima
esposa do Gr. Cowley, da casa Cowley
uma das primeiras de New-York. Tem
cincoenta annos esse homem, e é tão rico
como Job depois da invenção do papelmoeda, — porque, não sei se sabes, o deus
dos judeos reparou amplamente a fortuna
do seu velho servidor.— E' alto, usa fovoritas negras — o Sr. Cowley, e não J o b —
e é um verdadeiro Montmorency na aristocracia do madopolão.
— E aquella joven tão bella consentio ?
— Teria que ver se uma antiga saltimbanca rejeitasse alguns pares de milhões
legalmente olferecidos.
E como eu o ficasse olhando com uma
estupefacção cheia de curiosidade :
— Conheci, continuou Jacques, miss
Edith em New-York, e posso contar-te a sua
historia.
Era a hora em que as narrações escutam se de boa vontade, e sentamo-nos
Jacques e eu n'um banco á parte, emquanto
a luz intensa do gaz incendiava o salão de
uma atmosphera dourada que parecia agitar
brandamente o arfar dos seios cançados da
paixão e da walsa. J a c q u e s proseguio :
II
fSfâr
os docuo Sr. Mo.
sua these
escreveu
MISS
*
O senador Silveira da Motta disse que
a população brasileira está de olhos arregalados para ouvir as commissoes do se- j
nado. E naturalmente de ouvidos tapados
•— para não vêr 1
O barytono Athos cedeu generosamente
metade do producto das galerias, na noite j
de seu beneficio, para a desditosa familia
do Dr. Pientznauer. Athos d'esses regis- |
tram-se, não se commentam.
3
3 11 u 8 t r a í> a
*) Que o Nev, da Qazeta, attribue ao Sr. L. C.
do Jornal.
Miss Edith era simplesmente a primeira
trapesista do mundo. Quem a não viu em
maillot, ignora a sabia perfeição que podem
revestir as formas femininas, eduoadas por
um exercício intelligente. A Grécia legou-nos as mulheres de mármore, a America tem as mulheres de aço. Nem uma
exageração muscular n^aquelle corpo maleavel ás elasticidades violentas, ás contracções bruscas, aos movimentos precisos
como os de uma machina; mesmo os braços
tinham conservado um desenho impeccavel
e terminavam em duas mãos de criança. As
pernas lembravam as de Diana de Sabie.
Uma outra maravilha, era a nuca de miss
Edith, uma nuca rósea com reflexos do
ambar, nervosos e jorrando do collo como
um repuxo, porque brotava d'ella um verdadeiro esguicho de eabellos que rolavam
uma chuva d'ouro sobre as espaduas, — o
Pactolio sobre os cimos nevados da Thracia.
6
SH t ui i t a
Tivera por mestre seu tio Jobson que,
tomando-a
desde criança, fizera d'ella
uma gymnastica sem rival, não a poder
de pancada — fóra com essa legenda dos
saltimbancos inquisidores! — mas á custa
de pasteis e licores finos. Outr'ora clown
distinctissimo. passou depois a ser o empresário da sua sobrinha, o a sua parte
do eollwhnração nos exercícios d'ella consistia em atirar-lhe o trapézio com a certeza dos que não erram. Assim appareciam elles nas grandes cidades, precedidos de annuncios ribombantes.
Mas uma circuinstancia ' que não contribuía pouco para augmentar a curiosidade publica em torno de tão attrahente»
pessoa, era a sua fama de pureza. Os
mais bellos e os m vis ricos tinham feito
em vão tapetes de flores e de jóias aos
seus lindos pés calçados de cothurno.
Miss E d i t h pisára com o mesmo desdem
as rosas e os diamantes, sorrindo implaca velmente a esses ultrages lisongeiros ;
era para todos, uma Joanna d'Are da Nova-Orleans.
III
adivinhado
J a deves ter
que Edith
amava.
Amava, sim ; mas não vás suppor algum
idyllio que tivesse deslisado n'esse mundo
de ouropéis as suas suavidades mysteriosas, e confundido os seus arrepios de
brisa com o hálito de cobre dos t r o m bones, pousando as suas brancas azas nas
barras dos trapézios, n ã o ! Ella amava como podem amar as pessoas cuja educação não desenvolveu os gostos romanescos e nas quaes o animal poz a alma no
olho da r u a . E n t r e as rudes lições do Sr.
Jobson não tinha ficado lugar para os
sonhos de moça. Escondia-se entretanto
para amar, não por pudor, mas se seu
tio viesse a descobrir o indigno objecto
de sua escolha, lhe teria certamente peltf
primeira vez administrado uma boa sova.
Era, com eíTeito, um clown horrendo Bobb
H a r r i s ! doentio, esgalgado, de uma feialdade repellente, uma careta viva, não
tendo com isso nenhuma distineção nas
suas facécias, não fazendo rir senão a populaça pelas suas grosserias, o mais desprezivel dos palhaços, em uma palavra,
e sem a menor delicadeza com as damas ;
se bem que lhes cahisse no goto, o mono, com a sua bocca enorme pintada de
azul, com os seus olhos alargados e queimados, as suas orelhas de fauno e a sua
liorrivel peruca de tres cumes de filaça
vermelha.
3 U it 0 t r a k a
Como pudera E d i t h apaixonar-se d'esse
nojento macaco ? Como um thesouro de
belleza fora cahir aos pés d'esse satyro ?
Não me incumbirei de explicar, mas pareceme que ha séculos em que Vulcano se vinga
atrozmente dos antigos desdens de Vénus,
e Polyphemo toma a sua desforra das
deusas de Galatéia. E Edith amava-o, amava-o loucamente, estupidamente, e com
ciúme, a idiota ! Imagina que ella forçou
Jobson a contractal-o ; e Bobb H a r r i s viajava com elles, « t o n t a m e n t e vigiado pela
sua imperiosa namorada, humilde, moleiro
perante ella, mas piscando sempre o olho
alguma infidelidade.
Tal era o estado das cousas, q u a n d o . . .
IV
Era em New-York, na mais bella das
Alhambras, perante uma multidão pasma
e silenciosa. Miss Edith acabava de atravessar a sala em dois voos, passando como
um cometa n'uma constellação de bicos
de gaz. O traço roseo de seu maillot e o
relampago da sua cabelleira ardente deixaram no ar carregado de pesados vapores
um arrepio voluptuoso. O fumo dos charutos desenrolava mais suavemente as suas
volutas azues 110 caminho d'aquella visão.
A formosa acrobata ia passar aos exercícios de força. Vestulo de artilheiro, Jobson
vasculhava uma suberba peça, calibre quatro, cujo recúo tàdith devia supportar, pendurada do trapesio e segurando o canhão
com os dentes. Foi questão, de um instante. A detonação foi formidável, e uma
nuvem invadio toda a sala ; mas n'essa
nuvem Edith julgou ver Bobb Harris a
beijar uma dansarina.
0
Ia-se efíectuar o mais bello exercício.
Sempre de artilheiro, o venerável Jobson
passara um cinto em torno dos f i n s . Este
cinto tinha por detraz uma argola e, por
esta argola, devia Edith, 11a mesma posição levantar seu tio e fazel-o girar, pendente dos seus queixos. Parece a principio
que este exercício exprime mal o respeito devido ao tio ; mas era justamente
ahi que rebentava o génio plástico da encantadora acrobata. T a n t a maestria punha
ella n'este jogo, e Jobson tamanha dignidade, que a cousa parecia a mais natural
do mundo e não havia sobrinho, que d'alí
sahindo, não tivesse desejo de balançar
seu tio, mordendo-lhe as nadegas em testemunho de v e n e r a ç ã o . . . Jobson girava
vertiginosamente 110 espaço, seguro das
gengivas da sobrinha, quando miss Edith,
lançando um olhar para os bastidores, vio
muito distinctamente o infiel Bobb aos pés
da sua rival.
— Ah ! geme ella n'uma explosão de
dor.
Desgraçada !. . . tinha aberto a bocca e
largado o tio 11a immensidade !
V
Um grito de horror echoou de todos os
cantos da sala. Cada qual erguia-se nos
bicos dos pés para ver a carnificina. Os
camarotes transbordavam. No lugar em que
devia ter caliido o infeliz, um g r a n d e
perfil negro desenhava a íuhuh do seu
corpo. A opinião era que elle se tinha
completamente achatado 11a queda, que
seus membros não tinham espessura e que
o peso o tinha- como que passado 110
laminador. Redobrou o horror a esta
i d e i a ; cahira o p a n n o . . .
Quanto á miss Edith, fora tal o seu terror, que voltando a si, não sentio mais
por B >bb Harris senão odio e despreso.
Fel-o pagar immediatamente e despedio-o.
Dois dias depois, o Sr. Cowley, que era
louco pelas suas excentricidades, propôz-lhe
casamento^ Ell;i aceitou, e todo mundo a
diz milagrosamente fiel ao seu opulento
esposo.
§
— Boa noite, Jacques !
ARM.
SILVESTRE.
TIIEATROS
Talvez porque os pais preferem sempre o filho menos feliz, é a Fosca a opera
predilecta de Carlos Gomes.
Dizem com eífeito que o maestro tem
por esta sua obra todo o amor e s y m patliia que as plateias lhe hão negado,
caprichosamente talvez, mas em successivas audições. Da primeira vez, foi a
culpa dos cantores ; presentemente se
explica o insuccesso pelas qualidades mesmo da opera : „E' uma obra prima, escripta com toda a profundeza da sciencia musical ; só os grandes maestros a
podem apreciar. . .
Admittindo embora a subtilidade da
explicação, eu poderia observar que nem
só Raphael se extasiou perante os frescos de Miguel Angelo, e que esse mesmo publico, a quem se nega a faculdade
de comprehender a Fosca, tem applaudido os Iluguenotes, o Propheta... mas prefiro não observar cousa nenhuma, contentando-me de reconhecer que nem toda
a Fosca é para os Verdi, Gounod, Miguez
9t e b i 8 t a
e A r t h u r N a p o l e ã o . . . Apesar da muita
sciencia, lia sempre un vievx restant para
os leigos ; e notarei que logo no primeiro
acto, as primeiras phrases de Gajolo traduzem perfeitamente a vida rude dos
piratas, e tem grande mimo a preghiera :
Fr atei...
fratei...
a que a Sra. Durand deu muita expressão.
E ' do fácil comprehensão a bel la aria
de Cambro, em que o Sr. Athos alcançou
bem justos applausos.
No segundo acto, excepto o tercetto,
passaram despercebidos quasi todos os
trechos e só no terceiro, o duetto de
Delia e Fosca — Durand e Adini — teve
sinceros applausos ; o coro dos corsários
é característico e de grande belleza ; agradou porém mais o duetto do barytono e
soprano.
A opera está bem montada, mas pouco
ensaiada e alguns papeis não tem feliz
interpretação.
D'ahi...
•
lebre como Oscar Guanabarino, diz ser este
o seu verdadeiro nome.
Será possível ?
Não posso crer. E se outros o tem comido por Guanabarino Oscar, eu é que
não trago a pilula. Oscar Guanabarino !. . .
Eu faço mais justiça aos mestres de piano
da outra banda, para os não suppôr capazes do mesmo nomo que no norte se dá
a uma familia de caranguejos. E porque
não se ha de elle chamar outra cousa ?
Joaquim A n t u n e s ? Manoel de Soisa ? ou
Uma solteirona, que atravessa toda a
Anastacio do Amor-Divino ?
Seria pelo menos mais compatível.
peça á cata de noivo, força a corte, pedindo |
o braço a todos os casaveis, já 110 terceiro
Não negues, Oscar, tú te chamas Ma
acto :
noel de Soisa, e querias impingir artigos
— Dá-me o seu braço ? Pede ella a um
á Gazeta.
personagem.
— Esta mulher é como a lavoura, está
Nada como os homens que se dividem. ..
sempre a pedir braços !
na mesma causa.
Perguntai ao redactor do Brasil Catholico
O desempenho foi geralmente borr».
a sua opinião sobre o divorcio, e elle claAugmentaram o interesse dos Noivos um
mará : que é uma heresia, o divorcio! —110
jongo e um catereté magistralmente bem
artigo defundo. Voltai a pagina do mesmo
dansados. . . E é pena que a musica que a jornal e lede : „ Antonio Manoel dos Reis,
bacharel formado em direito e advogado do
orna não seja tão brasileira como o é a
juizo ecclesiastico, encarrega-se de acções
comedia de Arthur de Azevedo.
de divorcios.
Nenhuma d'estas exigencias, cada qual
mais atroz, assustou o autor da Joia, que nos
deu agora nos Noivos uma das suas melhores
e mais graciosas peças. E' uma comedia
de costumes, de costumes nossos, e todos
os personagens estão bem estudados, as
scenas bem reproduzidas e irisadas muita
vez de ditos espirituosos. E para não citar
mais que um :
•
JUNIO.
Chegou finalmente o cumprimento das
promessas : o Lucinda deu Picçolint).
Peça de Sardou, em primeira representação, em beneficio da Sra. D. Lucinda, sobretudo, o Piccolino teria attrahido o Rio
de Janeiro, se para tanto tivesse o theatro capacidade.
E ' de simples entrecho : uma amante
trahida disfarço-se e vai a Roma, onde
vivo seis mezes de amisade e dedicação
com o amante ; descobre finalmente o incógnito, o elle, grato a tanto amor, desposo-a. Mas tem espirito, observação e
estão magistralmente desenhados os caracteres.
De mais a assistência não tinha olhos
senão para admirar a beneficiada.
Mimos, flores, palmas, todas as demonstrações de apreço e sympathia lhe foram
liberalmente tributadas.
E tudo ella bem mereceu.
Representára-se 110 mesmo theatro e esta
mesma semana Dalila, o bello drama de
Octave Feuillet, estreiando o Sr. Eugénio
de Magalhães 110 papel de André Roswein, e o Sr. Amoedo no de Sertorio.
O Sr. Eugénio de Magalhães, que tantas
provas tem dado do seu aíTeiçoamento á
scena dramatica, é um artista moço d\mia
intelligencia aproveitável e na companhia do Sr. Furtado Coelho muito ha a lucrar para quem deseja trabalhar seriamente.
•
As comedias de costumes exigem, além de
muito espirito, muita observação.
7
I n * t r a t a
Peq ueu a
Ch ro
nica
O suicídio é uma desgraça ; mas a tent a t i v a . . . são duas desgraças ; a primeira
por querer-se suicidar, a segunda por não
o ter conseguido.
Nem sempre é uma cousa séria. A experiencia demonstra que todos os meios
de suicídio que a hypocondria tem pliantasiado, o mais fallivel é o mergulho 110
reino de Neptuno : ha sempre por ali um
individuo que se banha, ura escaler que
p a s s a . . . E o infeliz que se atira d'esta
para melhor, por via húmida, quando pensa
ter mergulhado até o outro mundo, acorda
molhado, em casa e rodeado da familia.
Parece um desapontamento ; mas o
e Afeito está produzido e nunca se recomeça.
Assim, se al^um dia te quizeres suicidar,
leitor querido, vai á praia, em dia claro ;
corres apenas o perigo de um banho.
•
•
Está ahi como tudo se consilia í^este
mundo de sachristães-advogados !. . .
•
Dão-se ás vezes circumstancias extraordinarias 11'essas t e n t a t i v a s ; mas só nas gazetilhas.
0 Jornal do Ccmmercio, por exemplo,
noticiando uma ultimamente, diz que ,, na
mesma occasião passava um escaler da corveta Parnahyba,
que approximou-se ao
lugar onde achava-se o referido moço, salvou-o conduzindo para terra, embarcou
n'um tilbury e seguio para sua residência. "
Hein ? que furioso e s c a l e r ! . . . embarcou n7um tilbury e seguio para sua residência !
Que furioso escaler ! Que furioso escaler?
ou que furioso tilbury ? eu mesmo não sei.
E como se faz um annuncio gratuito ao
Reis.
•
•
0 desespero é uma fonte de grandes
bestidades, e amarguras bem pungentes
devem acabrunhar o escriptor inédito por
falta de uma D u r o c h e r . . .
Por
não ter a Gazeta dado á luz os
artigos de Oscar de Souza, eis possesso
contra mim o critico in partibus e a clamar
que eu escrevi corte com c pequeno — é
nome de h o m e m ? ou de a l d e i a ? — que
não griphei a Segunda — o que é um attentado á esquadra praia-grandense — que
estive 11a Bélgica — que não é Fernando
de Noronha — e que uso pastinhas !
Quanto attentado, santo Deus!
Decididamente eu devo ser muito bom,
para que só me accuse de crimes taes !
•
•
•
A moda pôde a's vezes ser um perigo.
Um fashionable, que se tornara um dos
árbitros da moda em Londres, obtinha do
seu rei tudo quanto desejava ; bastavalhe para isso ameaçal-o de introduzir o
collarinho baixo
0 soberano, que tinha uma escrophula no pescoço, tremia
perante o decote do collarinho, que lhe
descobriria a masella, o cedia de promp t o . . . 0 collarinho baixo quer um collo
limpo e são ; as pastinhas exigem uma
testa livre e sem a b r o l h o s . . .
Tanto peior para os que as não podem
usar !
•
Cesar, para encobrir a careca, inventou
o diadema ; Oscar não quer as pastin h a s . . . Questão de interesse, está ahi.
•
•
EGO.
•
0 mestre de piano da Praia-Grande, ce-
Typ.
Hildebrandt,
r. d'Ajuda
31
nisii 114.05 tU, <Cc.
01 i OL mtzvnoc o\
çUotpotS
ivn-etis
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Ano5-n.226-1880 (com OCR)