Renato Luiz Sbalqueiro Departamento de Tocoginecologia Universidade Federal do Paraná 03/2010 1 2 3 4 HIV – breve histórico HIV DETECTADO EM MEADOS DE 1981 em Homossexuais masculinos (EEUU) Em 1982 - aparecimento em mulheres Em 1982 - primeiro caso no Brasil R.L.S-UFPR AGENTE ETIOLÓGICO Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV HIV - tipos I e II RNA vírus Retrovírus da família Lentiviridae Necessitam de uma enzima – transcriptase reversa – para transcrição de RNA para DNA R.L.SUFPR 7 8 9 10 11 R.L.S-UFPR HIV É bastante lábil em meio externo Inativado por agentes físicos e químicos Sobrevive: - um dia em partículas intracelulares; - quinze dias as partículas livres em temperatura ambiente 12 R.L.S-UFPR HIV - FORMAS DE TRANSMISSÃO Sexual Sanguínea Perinatal Ocupacional Outras formas 13 R.L.S-UFPR HIV - FORMAS DE TRANSMISSÃO Sexual Principal forma de transmissão no mundo Prevenção: uso de preservativos masculino/femininos 14 R.L.S-UFPR HIV - TRANSMISSÃO SANGUÍNEA É a mais “eficaz” : Transfusão Transplantes UDI “Cheirar” 15 R.L.S-UFPR HIV - TRANSMISSÃO PERINATAL Pode ocorrer: Durante a gestação Durante o trabalho de parto e parto Amamentação R.L.S-UFPR 16 HIV - TRANSMISSÃO OCUPACIONAL Risco médio após exposição percutânea – 0,3% Exposição de mucosas – 0,1% Fatores favorecedores : > Profundidade e extensão dos ferimentos > Presença de sangue visível no instrumento produtor do ferimento > Instrumento ser agulha colocada na veia/artéria do paciente HIV > Paciente fonte com imunodeficiência avançada 17 R.L.S-UFPR HIV - TRANSMISSÃO OCUPACIONAL LEMBRANDO : Fatores favorecedores : > Profundidade e extensão dos ferimentos Presença de sangue visível no instrumento produtor do ferimento Instrumento ser agulha colocada na veia/artéria do paciente HIV Paciente fonte com imunodeficiência avançada 18 HIV OUTRAS FORMAS DE TRANSMISSÃO Fluidos corporais: saliva - infectividade do HIV extremamente baixa Artrópodes: não detectável Instalações sanitárias: não detectável Fômites: não detectável R.L.S-UFPR 19 JANELA IMUNOLÓGICA Tempo entre aquisição do vírus e a soro-conversão : variável, podendo ser entre 15 dias (a grande maioria converte no primeiro mês) até 6 meses 20 R.L.S-UFPR FASES DA INFECÇÃO PELO HIV Infecção aguda Fase de latência clínica Fase sintomática inicial ou precoce AIDS R.L.S-UFPR INFECÇÃO AGUDA Sintomas iniciam-se entre 05-30 dias da exposição Viremia elevada Resposta imune intensa CD4 diminui rapidamente Inversão CD4/CD8 < 1,0 Manifestações clínicas de viremia R.L.SUFPR FASE ASSINTOMÁTICA Estado clínico básico preservado Pode apresentar linfoadenopatia indolor Período prolongado Depende de quadro inicial da infecção aguda R.L.S-UFPR FASE SINTOMÁTICA INICIAL Sinais e sintomas inespecíficos: Sudorese Fadiga Emagrecimento Trombocitopenia R.L.S-UFPR FASE SINTOMÁTICA INICIAL Processos oportunistas iniciais mais comuns: Candidíase oral e vaginal Leucoplasia pilosa oral Gengivite Úlceras aftosas Diarréia Sinusiopatias HSV recorrente Herpes Zoster R.L.S-UFPR AIDS Presença de doenças oportunistas: Virais Bacterianas Fúngicas Protozoários Neoplasias R.L.S-UFPR 27 HIV - EXAMES LABORATORIAIS Sorologias : Elisa para HIV Testes rápidos Imunofluorescência Western-blot Técnica de cultura viral Pesquisa do antígeno p24 PCR NASBA CD4 28 R.L.S-UFPR HIV - Exames laboratoriais As amostras com resultados reagentes ou inconclusivos nesse primeiro imunoensaio (Etapa I) deverão ser submetidas a uma etapa de confirmação sorológica, composta de um segundo imunoensaio (diferente do primeiro na sua constituição antigênica ou princípio metodológico) e testes confirmatórios, tais como a imunofluorescência indireta (IFI), imunoblot ou western blot (WB) - Etapas II ou III. HIV - EXAMES LABORATORIAIS A) As amostras não reagentes no segundo imunoensaio e negativas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot terão seu resultado definido como "Amostra Negativa para HIV-1" ou "Amostra Negativa para HIV", respectivamente, de acordo com o ensaio realizado. HIV - EXAMES LABORATORIAIS B) As amostras reagentes no segundo imunoensaio e positivas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot terão seu resultado definido como "Amostra Positiva para HIV-1" ou "Amostra Positiva para HIV", respectivamente, de acordo com o ensaio realizado. É obrigatória a coleta de uma segunda amostra para repetir a Etapa I, visando a confirmar a positividade da primeira amostra. HIV - EXAMES LABORATORIAIS C) As amostras não reagentes ou inconclusivas no segundo imunoensaio e positivas ou indeterminadas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot deverão ser submetidas ao teste Western Blot (etapa III). D) As amostras reagentes ou inconclusivas no segundo imunoensaio e negativas ou indeterminadas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot deverão ser submetidas ao teste (etapa III). HIV – Conduta prática no pré-natal PRIMEIRA CONSULTA: Avaliação clínica geral : História clínica Exame clínico geral Exame ginecológico completo Exame obstétrico 33 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal PRIMEIRA CONSULTA : Avaliação laboratorial Geral : ABO-Rh, Hemograma, Glicemia, P.Urina, Urocultura, CC, Antibiograma, HBsAg, Anti-HCV, VDRL, Pesquisa de Clamídia e Gonococo, Citologia Oncótica, USG Obst., PPD Específico : Carga Viral e CD4+ 34 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal PESQUISAR CONTATOS NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA VACINA PARA HEPATITE B (HBsAg neg.) R.L.S-UFPR 35 HIV – Conduta prática no pré-natal USG 1º trimestre – indispensável Outras: 2º - 3º trimestre CTG Paciente HIV + Paciente com AIDS R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Tratamento: HIV -> Profilaxia da T.V. Complicações obstétricas Prevenção da AIDS Complicações clínicas R.L.S-UFPR HIV /AIDS GESTAÇÃO Patogênese da Transmissão Vertical Fatores determinantes: carga viral materna genótipo viral fatores obstétricos resposta imune mãe presença de DST e outras co-infecções uso de drogas fatores inerentes ao RN HIV – Conduta prática no pré-natal Carga viral: Baixa : indeterminada- 1.000 cópias/ml Moderada : 1.000 – 10.000 cópias/ml Alta : ≥10.001 cópias/ml CD4 - > 350 céls/mm3 < 350 céls/mm3 < 200 céls/mm3 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Rotina de consultas de Pré-natal poderá seguir de acordo com Protocolo de baixo risco, desde que a paciente não apresente qualquer alteração clínico-laboratorial. Em qualquer complicação clínica ou laboratorial detectada deverá ser readequado o agendamento 40 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Enfatizar em toda consulta a necessidade do uso de preservativos, mesmo em casais soropositivos Enfatizar em toda consulta que a paciente estará impedida de amamentar Reforçar em toda consulta a aderência ao tratamento 41 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Instituir terapêutica específica. Conforme orientações do Protocolo do Ministério da Saúde. O novo protocolo de assistência à gestante soropositiva preconiza sempre o uso de esquema tríplice (quádruplo) com AZT+3TC - 1 comp VO de 12/12h (Biovir) + Ritonavir/Lopinavir (Kaletra ) - 2 comp. VO de 12/12 h. 42 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Sempre que possível, iniciar terapêutica antiretroviral na 14ª semana de gestação 43 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Nas pacientes que estão em uso de terapêutica antiretroviral, devemos reavaliar as medicações em uso, para readequar o tratamento, evitando as medicações com potencial teratogênico 44 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Na pacientes já em uso de antiretrovirais é necessário o acompanhamento (orientações) do Infectologista para eventuais trocas de medicações, devido resistências e/ou interações medicamentosas 45 HIV – Conduta prática no pré-natal Drogas de contra-indicação absoluta: Efavirenz Hidroxiuréia Amprenavir Abacavir Associação ddI/d4T Evitar: Indinavir 46 R.L.S-UFPR Efeitos Colaterais associados à Terapia Anti-retroviral Inidores de proteases (IP) Indinavir (IDV) Neufinavir (NFV) Ritonavir (RTV) Saquinavir (SQV) Amprenavir (AMP) Lopinavir/Ritonavir (LPV/t) Efeitos Colaterais Nefrolitíase, hiperbilerrubinimia indireta, liprodistrofia Diarreia, lipodistrofia e exantema, lipodistrofia. Diarreia, nauseas, parestesia, aumento de colesteraol, trigliserídeos, Dores abdominais, hiperglicemia, prova de função hepatica alterada. Depressão, fadiga, nauseas, Efeitos Colaterais associados à Terapia Anti-retroviral Inibidores de Transpcritase Reversa Não Nuclosídeos (ITRNNs) Nevirapia (NVP) - exantema (Síndrome StevensJohnson), prova de função hepática alterada. Delavirdina (DLV) - exantema (Síndrome StevensJohnson), prova de função hepática alterada e diarréia Efaverenz (EFV) - exantema, insônia, sonolência, distúrbio da concentração e anormalidade do sono. HIV – Conduta prática no pré-natal Nos retornos, além dos cuidados clássicos em relação à gestação, inquirir sobre situações específicas, como leucorréias, tosse, lesões de pele, estados febris Avaliar o estado geral. Observar atentamente o ganho ponderal e o crescimento uterino 49 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Acompanhamento laboratorial devido ao uso dos ARV: Hemograma Perfil lipídico Função hepática Provas de função renal 50 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Solicitar, após 2 a 3 meses de uso dos antiretrovirais novo CD4 e Carga Viral, para avaliarmos a eficácia da terapêutica instituída, e a necessidade ou não de a alterarmos. 51 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Em qualquer intercorrência clínica, a paciente deverá ter um “canal” aberto para sua avaliação e prescrição de terapêutica apropriada, para evitarmos a transmissão vertical 52 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal Solicitar nova Carga Viral e CD4+ na 34ª (ou mais) semana de gestação, para definirmos a via de parto. Se Carga Viral for inferior a 1.000 cópias/mm3 a indicação de cesariana ficará por orientação obstétrica. Se Carga Viral for superior a 1.000 cópias/mm3, a indicação será sempre de CST. 53 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal A exceção ficará na situação de a paciente ter feito apenas o uso de AZT (monoterapia), no qual, obrigatoriamente deverá ser realizado a CST, independente da carga viral. 54 HIV – Conduta prática no pré-natal No terceiro trimestre, deveremos fornecer à paciente o “kit” para o parto: AZT xarope 1 frasco (para o RN) e AZT injetável – 3 ou 4 ampolas (observar o peso da paciente), para ser usado no trabalho de parto ou cesariana. 55 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal OBS .: QUANDO DO INTERNAMENTO DA PACIENTE PARA O PARTO, SE NÃO FOR SOROPOSITIVA, SOLICITAR TESTE RÁPIDO DE HIV 56 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no pré-natal EM PACIENTES QUE NÃO FIZERAM USO DO AZT DURANTE O PRÉNATAL, INDEPENDENTE DA RAZÃO, DEVERÁ SER este ser UTILIZADO DURANTE O TRABALHO DE PARTO, EV. R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no parto Ao internar a paciente, instituir na fase ativa do trabalho de parto a terapêutica com o AZT EV, na dose de ataque = 2mg/Kg de peso na primeira hora e manutenção de1 mg/Kg de peso, infusão contínua até o clampeamento do cordão. Se, em situações de indicação de CST eletiva, iniciar a terapêutica 3 h. antes de realizarmos o procedimento cirúrgico, nas mesmas doses acima recomendadas. 58 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no parto EM CASOS DE NÃO HAVER O AZT ENDO-VENOSO. ADMINISTRAR VIA ORAL 2 COMP. 4/4 H Esquema dose/peso PREPARAÇÃO DA ZIDOVUDINA PARA INFUSÃO INTRAVENOSA EM 100ML DE SORO GLICOSADO A 5% Peso da 40kg paciente Quantidade de ATAQUE zidovudina (2mg/kg/h) Correr na 1ª hora Número(gotas /min) MANUTENÇÃO Quantidade de zidovudina (1mg/kg/ h) Em infusão contínua Número(gotas /min) 8ml 36 4ml 35 50kg 60kg 70kg 80kg 90kg 10ml 12ml 14ml 16ml 18ml 37 37 38 39 39 5ml 35 6ml 35 7ml 36 8ml 36 9ml 36 60 UFPR-RLS HIV – Conduta prática no parto LEMBRANDO... Recomendações MS/OMS: < 1.000 cópias/ml = P.N. > 1.000 cópias/ml: CST eletiva Membs. Amniót. Rotas < 4 hs = CST 61 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no parto Avisar o Pediatra, do quadro clínico materno, para que haja o cuidado no manuseio do RN e instituição da terapêutica com AZT xarope para este, o mais precoce possível. 62 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no parto O parto deverá ser o mais exangue possível; não romper bolsa; evitar procedimentos invasivos; evitar episiotomia. Mesmos cuidados em relação à CST. 63 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no puerpério Se a paciente foi submetida à CST, o uso de antibióticos deverá seguir as normas comuns de utilização praticadas no serviço. 64 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no puerpério EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDAS, COM BOLSA ROTA SUPERIOR A 6 HORAS, É PRUDENTE REALIZAR ANTIBIOTICOPROFILAXIA HIV – Conduta prática no puerpério Manter Alojamento Conjunto Não isolar a paciente Proceder a inibição da lactação com Cabergolina, 2 comp. em dose única Enfaixar seios da paciente já no puerpério imediato “Precauções universais” 66 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no puerpério Se a terapêutica antirretroviral foi instituída apenas para evitar a transmissão vertical, retirar o Kaletra primeiro e 24 h. após o Biovir. Em casos que as pacientes já vinham fazendo uso das medicações ou no início da terapêutica já apresentavam CD4+ baixo, manter as medicações Em ambos os casos, encaminhar para o Infectologista 67 HIV – Conduta prática no puerpério A anticoncepção deverá observar alguns critérios: Idade da paciente Desejo de nova gestação Quadro imunológico Terapêutica antiretroviral sendo utilizada ou não Quais antiretrovirais estão em utilização 68 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no puerpério Preservativos SEMPRE Laqueadura Oferecer DIU Métodos comportamentais Implantes Injetáveis trimestrais Injetáveis mensais Orais 69 R.L.S-UFPR HIV – Conduta prática no puerpério Medicações que interferem na eficácia dos anticoncepcionais: Nelfinavir ; Ritonavir ; Efavirenz ; Amprenavir Associados à : diminuição da efetividade contraceptiva : aumento de sangramentos intermenstruais 70 R.L.S-UFPR 71