Aula: 17 Temática: Estrutura dos aminoácidos e proteínas – parte II Na aula de hoje falaremos dos aminoácidos que não constituem as proteínas. Boa aula! Aminoácidos Não-Protéicos Enquanto os aminoácidos comumente encontrados em proteínas também ocorrem como compostos livres em muitas células, existem diversos aminoácidos que nunca são encontrados como constituintes das proteínas, mas que exercem importantes papéis no metabolismo (p. ex.. L-ortinina, Lcitrulina e a creatina). A amina quaternária creatina, um derivado da glicina, tem um papel importante no processo de armazenamento de energia em vertebrados, onde é fosforilada e convertida em fosfato de creatina durante o metabolismo celular. Além desses aminoácidos não-protéicos, para os quais é possível atribuir um papel metabólico, mais de 200 outros foram descobertos como produtos naturais. As plantas superiores são uma fonte particularmente rica desses aminoácidos. Esses aminoácidos não são largamente distribuídos, mas parecem estar limitados a uma única espécie ou a poucas espécies, dentro de um gênero. Esses aminoácidos não-protéicos são relacionados aos protéicos, como homólogos ou derivados. Aminoácidos Essenciais E Não- Essenciais: Para que possamos utilizar o valor protéico dos alimentos que ingerimos, é preciso que as proteínas dos alimentos sejam totalmente degradadas por enzimas digestivas e os aminoácidos que constituíam essas proteínas sejam novamente rearranjados formando novas proteínas. Nestas condições, dos vinte e poucos aminoácidos que vão formar a média das proteínas do animal, ele pode, se necessário, fabricar uma dúzia deles. Os aminoácidos restantes, BIOQUÍMICA não podem ser sintetizados em velocidade suficiente para sustentar o ritmo da produção de proteína do organismo, especialmente nos animais em crescimento. Conseqüentemente, terá que obter esses aminoácidos de seus alimentos. Assim, podemos dividir os aminoácidos em dois grupos: os essenciais e os não-essenciais. Os aminoácidos essenciais são aqueles que não podem ser produzidos pelo organismo humano, tendo que ser adquiridos pela ingestão de alimentos. São eles: Fenilalanina, Isoleucina, Leucina, Lisina, Metionina, Treonina, Triptofano, Histidina, Arginina e Valina. Aminoácidos não-essenciais são aqueles que o corpo humano pode sintetizar. São eles: Glicina, Alanina, Serina, Cisteína, Tirosina, Ácido Aspártico, Ácido glutâmico, Asparagina, Glutamina, Taurina e Prolina. A finalidade dos alimentos protéicos é o suprimento suficiente dos aminoácidos essenciais. Segue-se daí, que nenhum animal pode viver sob um regime dietético que não contenha triptofano ou lisina, não importando quanta proteína possa ser consumida, ainda que ele possa viver suficientemente bem, sob um regime dietético não contendo glicina, alanina ou ácido glutâmico. Esta é uma questão muito importante, porque algumas proteínas são completamente deficientes em aminoácidos particulares. Ligação Peptídica: A ligação química pela qual dois aminoácidos são unidos na molécula protéica é denominada ligação peptídica (também chamada de ligação amídica). Esta ligação é formada pela união de um grupo amino do carbono α de um aminoácido com o grupo carboxila do carbono α de um segundo aminoácido. Esta união é acompanhada pela eliminação de água entre as moléculas que participam da ligação. A combinação da carboxila com o grupo amino é a ligação peptídica (Fig. 1). BIOQUÍMICA Fig. 1 - Ligação peptídica entre dois aminoácidos. A unidade que sempre se repete na proteína pode ser qualquer aminoácido e é denominada resíduo ou radical (R) de aminoácido. O produto formado quando dois aminoácidos se unem é chamado de dipeptídeo. Quando um número maior de aminoácidos se acham unidos, temos tripeptídeo, tetrapeptídeo e polipeptídeo. Uma série de aminoácidos unidos por ligações peptídicas formam uma cadeia peptídica, ou polipeptídica; cada aminoácido em um peptídeo é chamado de resíduo, ou melhor, radical. Uma cadeia peptídica tem polaridade, porque suas extremidades são diferentes, com uma amina α numa ponta e uma carboxila α na outra. Por convenção, a ponta amínica é considerada como sendo início da cadeia peptídica. Assim a seqüência de aminoácidos em uma cadeia é escrita começando no amino-terminal (a molécula de amina da ponta). Por exemplo, no pentapeptídeo Tir-Gli-Gli-Fen-Leu (YGGFL), tirosina e a unidade aminoterminal (N-terminal) e leucina a carboxi-terminal (C-terminal) (Fig. 2). Então, BIOQUÍMICA Leu-Fen-Gli-Gli-Tir (LFGGY) é um pentapeptídeo diferente, com diferentes propriedades químicas. Fig 2 – Seqüência de aminoácidos do pentapeptídeo Leu-encefalina, do terminal amínico para o carboxílico (modificado de BERG et al. 2004) Uma cadeia peptídica é constituída de uma parte que se repete regularmente chamada de cadeia principal, arcabouço ou espinha dorsal, e uma parte variável que corresponde às distintas cadeias laterais (Fig. 3). O arcabouço peptídico é rico em potencial de formação de pontes de hidrogênio. Cada unidade tem um grupamento carbonila, que é um bom aceptor de ponte de hidrogênio e um grupamento NH, que é um bom doador para esta ponte (com exceção da prolina). Estes grupamentos interagem uns com outros e com grupamentos funcionais de cadeias laterais. Fig. 3 – Cadeia peptídica: arcabouço ou cadeia principal (em preto) e cadeias laterais variáveis (R). BIOQUÍMICA