Anexo 1 Fórum AAC História da Associação Académica de Coimbra 1836/1837 . Corria a década de 30 do século XIX e, em pleno Reinado de D.Maria II, assistia-se em Coimbra àquilo que se pode afirmar, com alguma certeza, serem os primórdios da fundação da futura Associação Académica de Coimbra. Na base deste aparecimento da AAC está a fundação da Academia Dramática (estatutos de 1837). Sedeada nos baixos do antigo Colégio das Artes veio, desde muito cedo, a ter graves problemas internos que vieram a determinar uma cisão entre os sócios. O ramo dissidente, mais poderoso e influente, fundou, em 1838, a Nova Academia Dramática (Estatutos 1840), sendo esta instalada no edifício do antigo Colégio de São Paulo, o Apóstolo, onde é hoje a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Em 1839 é construída, pela Nova Academia Dramática, uma das salas de espectáculos mais importantes da História da vida universitária de Coimbra. Com o avançar do tempo, a Academia Dramática foi-se extinguindo aos poucos, enquanto a Nova Academia Dramática foi alargando a sua influência. Esta era composta por três institutos : Instituto Dramático, instituto de Musica e instituto de Pintura. Em 17 de Abril de 1849,são revistos os estatutos e a Nova Academia Dramática adopta o seu nome inicial, Academia Dramática de Coimbra, devido à extinção da Academia Dramática. Passados, sensivelmente, dois anos, os associados optaram pelo nome de Instituto de Coimbra, o qual ainda existe actualmente na Rua da Ilha. Ambas as instituições ficaram sedeadas no Teatro Académico. O Instituto de Coimbra era conhecido pela academia como “Clube dos Lentes”, devido à selecção rigorosa no recrutamento dos seus associados, entre alunos e professores universitários. Em 1868, o Instituto de Coimbra aloja-se no primeiro piso do Colégio de São Paulo, o Apóstolo, na Rua Larga. No ano de 1861 tinha sido fundado o Clube Académico de Coimbra que, alojado no Colégio de São Paulo, o Apóstolo, acaba por se fundir depois com a Academia Dramática de Coimbra, dando assim origem à Associação Académica e Dramática. Esta, em 1887, após uma revisão de estatutos, passa a designar-se ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA. 1887- A 3 de Novembro de 1987 é fundada a Associação Académica de Coimbra, tendo como primeiro presidente, o estudante de Direito, António Luís Gomes. 1889 Em 1889, a AAC é transferida para o Colégio da Trindade (onde esteve instalada durante décadas a famosa tasca “O Pratas”). Este acontecimento foi uma verdadeira tragédia para a Academia, pois ditou o quase total desaparecimento das actividades culturais estudantis, já que as novas instalações não permitiam a realização de espectáculos, que eram a principal fonte de receitas da AAC. Assim, singraram as actividades desportivas como a ginástica atlética e acrobática, esgrima, jogo do pau, luta greco-romana, além de longos passeios a pé, a cavalo e de velocípede. 1892 Em 1892, no seguimento de um Guarda-Mor ter detido um estudante por três dias na prisão académica, por ter recebido, em oposição às ordens da reitoria, um novato na Porta Férrea com o tradicional Canelão, os estudantes reuniram-se em Assembleia Geral na Igreja da Trindade e votaram uma greve geral. Como consequência, encerraram-se as instalações e suspenderam-se as actividades da AAC. A paralisação durou três anos. Os estudantes fundaram o Clube Académico Irmãos Unidos, para logo depois, em Setembro de 1896, retomarem o nome de Associação Académica de Coimbra. Durante sete anos a AAC andou por várias casas de aluguer da Alta. Mais tarde, em 1901,a AAC alugou novamente o Colégio da Trindade, de onde tinha sido expulsa anos antes. 1913 Em 1913, o Senado Universitário concedeu à AAC o rés-do-chão do Colégio de São Paulo na Rua Larga, onde já estava instalado o “Clube dos Lentes”, oriundo da mesma raiz: a Academia Dramática. As instalações no Colégio eram já escassas para toda a actividade académica, que já incluía a dos organismos autónomos então existentes: o Orfeon e a Tuna. A relação com o Clube dos Lentes não era boa e o primeiro andar que eles ocupavam já tinha sido destinado à Academia, mas a entrega tardava, o que desagradava muito os dirigentes da AAC. Este descontentamento deu origem àquela que vira a ser conhecida como a Tomada da Bastilha 1920 Tomada da Bastilha No dia 25 de Novembro de 1920, pela madrugada, cerca de quarenta estudantes ocuparam os andares superiores do Colégio, num assalto que se tornou famoso e que a academia denominou como Tomada da Bastilha. O Colégio passou a ser conhecido como a Bastilha e o dia 25 de Novembro passou a ser considerado o dia da Academia de Coimbra, data ainda hoje comemorada pela AAC. Os corajosos estudantes dividiram-se em três grupos: um para ocupar a Torre da Universidade, outro para o Clube dos Lentes e outro para defender a sede da AAC (o rés-do-chão do Colégio). A data de 25 de Novembro tem sido anualmente comemorada com o Cortejo dos Archotes, no qual os estudantes evocam esta data tão importante para a Academia de Coimbra. Agora que fazes parte dela, participa, não deixando cair no esquecimento o feito que estes “colegas” fizeram há mais de 80 anos. 1969 Entre 1965 e 1968 a Associação Académica de Coimbra foi liderada por uma Comissão Administrativa nomeada pelo Governo. Durante esta fase os estudantes foram impedidos de participar no Senado e na Assembleia da Universidade de Coimbra. Após um abaixo-assinado subscrito por 2.500 estudantes pedindo eleições livres na AAC, realizaram-se novamente eleições para a Académica em Fevereiro de 1969. Deste acto eleitoral saiu vencedora a lista do Conselho da República, com 75% dos votos. Um mês mais tarde, a DG/AAC é convidada para a cerimónia de inauguração do edifício das Matemáticas, e não só aceitou o convite, como ainda manifestou a intenção de interferir na referida cerimónia. Essa pretensão, comunicada ao Reitor de então, foi liminarmente recusada já que o “Reitor, que iria discursar, já representava a Universidade” e a intenção dos estudantes falarem prejudicaria as “prescrições protocolares”. Na manhã de 17 de Abril de 1969, em frente ao Edifício das Matemáticas, milhares de estudantes mostravam palavras de ordem “Ensino para todos”, “Estudantes no Governo da Universidade” e “ Exigimos diálogo”. No interior do edifício, Alberto Martins, Presidente da DG/AAC, pede a palavra ao Presidente da República, Américo Tomás: ”Sua Ex.ª, Senhor Presidente da República, dá-me permissão que use da palavra nesta cerimónia em nome dos estudantes da Universidade de Coimbra?” A palavra foi-lhe negada e a cerimónia terminada abruptamente. Nessa mesma noite, Alberto Martins é detido à porta da Associação Académica de Coimbra. Centenas de estudantes são, também nessa noite, alvo de uma carga policial à frente da PIDE, para onde se tinham mobilizado em solidariedade para com Alberto Martins. Vários episódios de luta, unidade e solidariedade se seguiram por parte dos estudantes da Universidade de Coimbra. O governo respondia com mais censura, opressão e perseguição aos desalinhados do regime. Academia de Luto Em resposta a todo este clima, a Academia reúne em Assembleia Magna, no ginásio da AAC, com a presença de milhares de estudantes e dos professores Orlando Carvalho e Paulo Quintela. Assim, é decretado o Luto Académico sob a forma de greve às aulas, transformadas em debates sobre os problemas dos departamentos e das Faculdades da Universidade de Coimbra, bem como do País. Anos 90 Os anos 90 são lembrados na Academia de Coimbra como anos difíceis. O aumento constante das propinas faz renascer as causas adormecidas pelos anos subsequentes ao 25 de Abril de 1974. As lutas em Coimbra e Lisboa marcaram esta época. Vitórias e derrotas formaram gerações que continuaram a defender a AAC e os seus estudantes como outrora. 2004 – Este ano teve um dos episódios mais tristes e marcantes para história da Academia de Coimbra. O dia 20 de Outubro de 2004 foi o culminar de uma época de grandes cortes orçamentais, consequentes de uma Lei de Bases do Financiamento, que afasta a Educação daquela que deveria ser a sua progressiva gratuitidade. A Associação Académica de Coimbra respondeu a este sucessivo ataque com diversas formas de luta, desde Invasões de Reuniões de Senado, encerramentos de faculdades, manifestações, acções judiciais. Até que a 20 de Outubro, dia em que foi marcada uma reunião de Senado para aprovar a propina máxima (880,11€), ocorreu mais uma manifestação. 35 anos depois da crise de 1969, a polícia voltou a ser chamada para reprimir as manifestações de descontentamento. Vários colegas foram agredidos e um detido. Este foi, sem dúvida, um dos episódios mais tristes da história da AAC. Anexo 1