GUIA DE ARBORIZAÇÃO URBANA Diretoria de Gestão de Ativos Departamento de Planejamento dos Investimentos Unidade de Meio Ambiente 2002 Grupo IBERDROLA 2 Guia de Arborização Urbana Presidente Ignacio Lázaro Diretor de Gestão de Ativos Moisés Afonso Sales Filho Departamento de Planejamento dos Investimentos Adolfo Lopez Tejido Unidade de Meio Ambiente Sandra Neusa Marchesini Ferreira Todas as atividades humanas, de alguma forma, interagem e interferem no meio ambiente, na economia e na sociedade. A Coelba, concessionária do serviço público de distribuição de energia elétrica no estado da Bahia, sente-se comprometida com o desenvolvimento sustentável de nosso estado, já tendo explicitado publicamente este sentimento quando divulgou sua Política Ambiental, que tem como princípio básico: compromisso com a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. A elevada concentração humana, no meio urbano, sugere particular atenção. Neste meio, onde oportunidades econômicas e culturais se estabelecem, as concessionárias de energia elétrica prestam serviço público essencial, utilizam e disputam espaços físicos e econômicos e interagem com o meio ambiente. A arborização e as redes elétricas compõem a paisagem urbana. Nela convivem, embora isso nem sempre ocorra sem conflitos. Interrupções de suprimento de energia, causadas por árvores, ou danos às árvores, devido a podas inadequadas, não são incomuns. Guia de Arborização Urbana 3 4 Guia de Arborização Urbana Um estudo contratado pela Coelba identificou como principais causas de conflitos: o uso de espécies inadequadas, o não-atendimento de alguns princípios técnicos básicos, a inexistência de Planos Municipais de Arborização e, principalmente, a falta de comunicação sistemática entre os vários agentes do meio urbano - as empresas, poderes públicos municipais e a comunidade. Com a publicação deste guia, a Coelba espera contribuir para incentivar o debate e uma ação mais harmônica dos vários agentes sociais, na busca de melhor qualidade de vida nas cidades, estimulando a melhoria da arborização urbana, a preservação de referenciais regionais, com a valorização de espécies nativas e viabilizando o acesso da população à energia elétrica com qualidade e custos compatíveis com as necessidades locais. Moisés Afonso Sales Filho Diretor de Gestão de Ativos O Projeto de Empresa concebido para a Coelba, imediatamente após a sua transferência para a gestão privada, deu destaque ao compromisso com as questões ambientais e, para a sua consecução, têm sido desencadeados programas orientados para o alcance gradual de melhorias ambientais em todas as suas atividades. Esses programas normalmente iniciam-se com a redefinição de conceitos, seguem com o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de técnicas, métodos e tecnologias, e se consolidam com a redefinição de relacionamentos, padrões e procedimentos. Neste contexto, o ambiente urbano e sua arborização destacam-se como prioridade. A Coelba entende a arborização como um patrimônio ambiental de todos e um fator de valorização e de promoção da qualidade de vida e que, tanto quanto as redes elétricas, constitui elemento vital para a sociedade contemporânea. Os parques e vias públicas, que concedem personalidade própria às cidades, constituem o ambiente onde as redes elétricas e a arborização convivem e constituem corredores de acesso nos quais disputam espaço entre si, com redes telefônicas, de água, sinalizações, iluminação pública, trânsito de veículos e pedestres. Nesta disputa podem surgir conflitos, cuja solução requer cooperação e conjugação de esforços dos poderes públicos, das instituições privadas e da comunidade. Guia de Arborização Urbana 5 6 Guia de Arborização Urbana Este guia representa mais um passo do compromisso com a melhoria do ambiente urbano e dá seqüência aos esforços iniciados com o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Vegetação Nativa Adequada à Convivência com Redes Elétricas, o qual enfatizou, dentre suas recomendações, a necessidade de maior cooperação e interação da Coelba com a comunidade e suas instituições. A ênfase na vegetação nativa representa uma contribuição no sentido da melhoria da biodiversidade e da valorização de referenciais ecológicos e paisagísticos que vêm se perdendo, possivelmente pela importação de padrões, devido à falta de informações e pesquisa da flora regional. São destacados, de forma geral, aspectos importantes para a melhoria da qualidade da arborização urbana, da sua convivência com as redes elétricas e são recomendadas espécies arbóreas nativas com boa adaptação ao meio urbano. A Coelba espera, com esta publicação, contribuir para a difusão de conhecimentos e fortalecer a comunicação com os poderes públicos e com a população e, assim, incentivar a expansão ordenada da arborização e das redes elétricas para a melhoria do meio ambiente, da estética, da segurança e da qualidade de vida no meio urbano. Sandra Neusa Marchesini Ferreira Gestora da Unidade de Meio Ambiente SUMÁRIO Arborização Urbana x Energia Elétrica Conflitos Alternativas tecnológicas Adequação da espécie 9 9 10 12 Os tipos de vegetação da Bahia Mata Atlântica Cerrado Caatinga Restinga Litorânea Mapa da vegetação do Estado da Bahia 13 14 18 22 26 30 Como planejar a arborização urbana Áreas urbanas desprovidas de arborização e energia elétrica Canteiro central Praça Compatibilização da arborização com a rede elétrica Porte das árvores e formas das copas 31 32 35 36 37 39 Como escolher a árvore adequada 40 Características biológicas das espécies 42 Plantio e manutenção de mudas 44 Glossário 51 Bibliografia 54 Guia de Arborização Urbana 7 ARBORIZAÇÃO URBANA X ENERGIA ELÉTRICA A arborização, assim como os demais componentes urbanos de uma cidade, disputa espaço físico e recursos para a sua manutenção. CONFLITOS Apesar dos inúmeros benefícios que proporciona ao ambiente, a presença da arborização no meio urbano não é isenta de conflitos. A arborização, assim como os demais componentes urbanos de uma cidade, disputa espaço físico e recursos para a sua manutenção. Alguns dos conflitos mais comuns entre as redes elétricas e a arborização urbana: n Impacto nos fios elétricos - contato de galhos com condutores nus, provocando curtos-circuitos e impondo desligamento da rede pelo sistema de proteção; n Impacto na arborização - podas efetuadas para evitar contato das árvores com a rede, provocando mutilações que afetam a estética ou comprometem as condições fitossanitárias das árvores; Arborização Urbana x Energia Elétrica 9 10 Guia de Arborização Urbana n Impacto nas redes subterrâneas - os equipamentos posicionados abaixo do nível do solo, como as redes subterrâneas de eletricidade, água, esgoto, telefonia e gás, devem ser mapeados para orientar o plantio da espécie adequada. Neste caso, as árvores devem possuir raízes profundas, evitando o uso de espécies que possuam um sistema radicular superficial, como é o caso do gênero Ficus e Clitoria, pois suas raízes podem causar obstrução e rompimento dos dutos e danificar as calçadas. ALTERNATIVAS Rede compacta spacer cable TECNOLÓGICAS As redes primárias aéreas podem adotar diferentes tecnologias, cuja escolha é, normalmente, condicionada por fatores técnicos, econômicos, ambientais ou urbanísticos, a saber: n Convencionais: com cabos condutores nus ou com cobertura protetora; n Compactas protegidas: com cabos condutores cobertos; n Isoladas ou multiplexadas: com cabos condutores isolados e encordoados. A instalação de cobertura protetora em trechos de redes com condutores nus constitui uma forma simples de reduzir interferências da vegetação urbana sobre as redes elétricas, pois evita que o toque de galhos de árvores provoque interrupções de suprimento. A desvantagem desta alternativa é a exigência de área de poda semelhante à requerida para as redes com condutores nus. Cabo multiplexado As redes compactas com cabos protegidos constituem uma solução tecnológica que permite uma melhor convivência com a arborização, pois permitem toques eventuais de galhos de árvores sem provocar desligamentos da rede elétrica. Exigem menor freqüência de podas e requerem menor área de poda em comparação com as redes nuas ou redes convencionais protegidas por coberturas. Apresentam menor impacto visual do que as redes convencionais e boa adequação para implantação em ruas estreitas. Apesar do maior preço inicial, em função do seu desempenho e qualidade, estas redes em muita situações apresentam uma melhor relação custo-benefício ao longo do tempo, devido à economia nas atividades de poda, operação e manutenção. Gradativamente, as redes primárias compactas protegidas vêm sendo utilizadas em locais de conflito com a arborização em substituição às redes com condutores nus, com ótimos resultados. Substituição da rede convencional por rede compacta Segundo o padrão atual, as redes secundárias são totalmente isoladas, fazendo uso de cabos multiplexados. Estes cabos também são utilizados para redes primárias em situações especiais, devido ao custo ser mais alto. No Corredor da Vitória, em Salvador, há árvores centenárias que convivem com spacer cable em harmonia Corredor da Vitória Arborização Urbana x Energia Elétrica 11 12 Guia de Arborização Urbana ADEQUAÇÃO DA ESPÉCIE A situação mais freqüente em áreas urbanas é a presença de espécies arbóreas inadequadas para a convivência com as redes elétricas e impróprias para o passeio urbano, exigindo do município e da concessionária de energia dedicação especial na realização de podas periódicas, pois estas, quando conduzidas de forma inadequada, podem comprometer a sanidade, o vigor e a estética das árvores. Gameleira nas margens do Dique de Tororó, em Salvador Nem todas as espécies exuberantes pela formação da sua copa ou pela ocorrência de flores podem ser plantadas nas vias públicas. Dique de Tororó Existem alternativas para evitar situações de conflito com a arborização, tais como: usar luminárias suspensas para a iluminação pública e substituir as árvores inadequadas ou que estejam com sua vitalidade comprometida. Essa substituição deve ser precedida de estudo e executada por profissional habilitado. É bom lembrar que, nem todas as espécies exuberantes pela formação da sua copa ou pela ocorrência de flores podem ser plantadas nas vias públicas. As espécies de porte alto devem ser plantadas em praças, jardins, canteiros centrais e parques, observando sempre a compatibilização com o sistema elétrico e outros serviços públicos. As espécies adequadas para a arborização urbana devem ser escolhidas baseadas em critérios técnicos. Essa escolha será abordada posteriormente em outro capítulo. OS TIPOS DE VEGETAÇÃO DA BAHIA O Estado da Bahia é constituído por quatro regiões fitogeográficas, ou seja, é composto por diferentes tipos de vegetação: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Restinga Litorânea. Trata-se de um estado privilegiado, pois possui uma grande diversidade biológica representada por um grande número de espécies arbóreas. Muitas árvores nativas podem ser utilizadas na arborização urbana, proporcionando a permanência de espécies da fauna e da flora. A seguir, as espécies recomendadas para cada tipo de região. Os Tipos de Vegetação da Bahia Muitas árvores nativas podem ser utilizadas na arborização urbana, proporcionando a permanência de espécies da fauna e da flora. 13 14 Guia de Arborização Urbana MATA ATLÂNTICA Represa Joanes, Salvador A Mata Atlântica já foi uma das maiores florestas do mundo, cobrindo o litoral brasileiro desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte, adentrando por vários estados, como o Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Hoje, apesar de restarem apenas 7% desta vegetação, a Mata Atlântica continua sendo a floresta mais rica em espécies vegetais do mundo (mais ou menos 20 mil ). O litoral sul da Bahia é a região com a maior quantidade de espécies arbóreas por hectare do mundo, fazendo desta região o local com maior diversidade do planeta. Mata Atlântica - pequeno porte Nome científico: Casearia sylvestris Sw. Família: Flacourtiaceae Nome popular: São-gonçalinho, guaçatonga, cafezeiro-do-mato, cambroé, cafezinho-domato, guaçatunga-preta, pau-de-lagarto, cháde-bugre, varre-forno, erva-de-pontada Altura: 4 a 5 metros Floração: Junho a agosto cor:Branca Frutificação: Setembro a novembro Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 a 6 metros Folhas/persistência: Persistente Época de poda: Dezembro Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Metrodorea nigra St. Hil Família: Rutaceae Nome popular: Quebra-machado, caputunapreta, carrapateira, chupa-ferro Altura: 4 a 5 metros Floração: Setembro a novembro cor: Lilás Frutificação: Março a abril Copa/forma: Arredondada diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Maio Desenvolvimento: Lento Observações: Produz anualmente baixa quantidade de sementes viáveis. Nome científico: Aloysia virgata (Ruiz et Pav.) A. L. Juss. Família: Verbenaceae Nome popular: lixeira, lixa Altura: 4 a 5 metros Floração: Agosto a novembro cor: Branca Frutificação: Outubro a novembro Copa/forma: Globosa (irregular) diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Stifftia crysantha Mikan Família: Compositae Nome popular: esponja-de-ouro, diadema, rabodecutia, flordaamizade, pincel Altura: 3 a 5 metros Floração: Julho a setembro cor: Amarela Frutificação: Setembro a novembro Copa/forma: Piramidal diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Dezembro Desenvolvimento: Lento Observações: Possui sementes aladas, que são disseminadas pelo vento. Nome científico: Bixa orelana L. Família: Bixaceae Nome popular: urucum, urucu, açafroa, açaforeirodaterra Altura: 3 a 5 metros Floração: Setembro a dezembro cor: Rosa Frutificação: Fevereiro a março Copa/forma: Globosa diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Abril Desenvolvimento: Rápido Os Tipos de Vegetação da Bahia Espécies da Mata Atlântica recomendadas para serem utilizadas sob a rede elétrica convencional são-gonçalinho, guaçatonga, cafezeiro-do-mato, cambroé, cafezinho-do-mato, guaçatunga-preta, pau-de-lagarto, quebra-machado, caputuna-preta, carrapateira, chupa-ferro lixeira, lixa esponja-de-ouro, diadema, rabo-de-cutia, flor-da-amizade, pincel urucum, urucu, açafroa, açaforeiro-da-terra 15 16 Guia de Arborização Urbana Mata Atlântica - médio porte ipê-amarelo, ipê-do-morro, aipé, ipê-tabaco, pau-darco-amarelo pau-brasil, ibirapitanga, orabutã, brasileto, pau-rosado pau-fava, manduirana, aleluia, cabo-verde, fedegoso, mamangá monguba, cacau-selvagem, cacau-falso, mamorana, embiratanha, castanheiro-da-guiana quaresmeira, flor-da-quaresma, quaresmeira-roxa Nome científico: Tabebuia chrysotricha (Mart. Ex DC.) Standl Família: Bignoniaceae Nome popular: ipêamarelo, ipêdo-morro, aipé, ipêtabaco, paudarcoamarelo Altura: 4 a 10 metros Floração: Agosto a setembro cor: Amarela Frutificação: Setembro a outubro Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Outubro Desenvolvimento: Médio a rápido Nome científico: Caesalpinia echinata Lam. Família: Caesalpinaceae Nome popular: paubrasil, ibirapitanga, orabutã, brasileto, pau-rosado Altura: 8 a 10 metros Floração: Setembro a outubro cor: Amarela Frutificação: Novembro a janeiro Copa/forma: Arredondada diâmetro: 1,5 metros Folha/persistência: Perene Época de Poda: Outubro Desenvolvimento: Lento Nome científico: Senna macranthera (Dc. Ex Collad.) H.S Irwin & Barneby Família: Caesalpinaceae Nome popular: paufava, manduirana, aleluia, cabo-verde, fedegoso, mamangá Altura: 6 a 8 metros Floração: Dezembro a abril cor: Amarela Frutificação: Julho a agosto Copa/forma: Elíptica diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perenes Época de poda: Setembro Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Pachira aquatica Aubl. Família: Bombacaceae Nome popular: monguba, cacauselvagem, cacaufalso, mamorana, embiratanha, castanheiro-daguiana Altura: 6 a 10 metros Floração: Setembro a novembro cor: Branca, Púrpura, Rosa Frutificação: Abril a junho Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Julho Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Tibouchina granulosa (DC.) Naud. Família: Melastomataceae Nome popular: quaresmeira, flor-daquaresma, quaresmeira-roxa Altura: 8 a 10 metros Floração: Julho a agosto cor: Rosada Frutificação: Junho a agosto / abril a maio Copa/forma: Arredondada diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Persistente Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Rápido Mata Atlântica - grande porte Nome científico: Tabebuia heptaphylla (Vell.) Tol. Família: Bignoniaceae Nome popular: ipêroxo, ipêroxodesetefolhas, ipêpreto, pau-darcoroxo Altura: 10 a 20 metros Floração: Julho a setembro cor: Roxa Frutificação: Setembro a outubro Forma/copa: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Desenvolvimento: Moderado Observações: Possui sementes aladas, que são disseminadas pelo vento. Nome científico: Licania tomentosa (Benth.) Fristch. Família: Chrysobalanaceae Nome popular: oiti, oiti-da-praia, guaili, oiticagão, oiti-mirim Altura: 10 a 15 metros Floração: Julho a agosto cor: Branca Frutificação: Janeiro a março Copa/forma: Densa / Pendula diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Outubro Desenvolvimento: Lento a médio Nome científico: Caesalpinia peltophoroides Benth. Família: Caesalpinaceae Nome popular: sibipiruna, paubrasil, sebipira, coraçãodenegro Altura: 10 a 16 metros Floração: Agosto a novembro cor: Amarela Frutificação: Julho a Setembro Copa/forma: Flabeliforme / Pendula diâmetro: 7 a 8 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Dezembro Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Família: Caesalpinaceae Nome popular: canafistula, farinha-seca, faveira, sobrasil, tamboril-bravo, guarucaia, ibirá-puitá Altura: 15 a 25 metros Floração: Dezembro a fevereiro cor: Amarela Frutificação: Março a abril Copa/forma: Globosa diâmetro: 12 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Dalbergia nigra (Vell.) Alemao ex Benth. Família: Papilionaceae Nome popular: jacarandá-da-bahia, jacarandápreto, caviúna, cabiúna, cabiúna-rajada, cabiúna- do-mato, graúna Altura: 15 a 25 metros Floração: Setembro a novembro cor: Verde Frutificação: Agosto a setembro Copa/forma: Globosa diâmetro: 5 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Moderado Os Tipos de Vegetação da Bahia ipê-roxo, ipê-roxo-de-sete-folhas, ipê-preto, pau-darco-roxo oiti, oiti-da-praia, guaili, oiti-cagão, oiti-mirim sibipiruna, pau-brasil, sebipira, coração-de-negro canafistula, farinha-seca, faveira, sobrasil, tamboril-bravo, guarucaia, ibirá-puitá jacarandá-da-bahia, jacarandá-preto, caviúna, cabiúna, cabiúna-rajada, cabiúna-do-mato, graúna 17 18 Guia de Arborização Urbana CERRADO O cerrado possui cerca de 10 mil espécies vegetais. Barreiras O Cerrado ocorre em todo o Planalto Central Brasileiro, atingindo os estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Bahia. Apesar de aparentar pouca riqueza biológica, possui cerca de 10 mil espécies vegetais, sendo, na sua maioria, vegetais de pequeno porte, podendo também apresentar vegetais de até 20 metros de altura, com casca grossa, tronco retorcido e presença de fissuras. Esta vegetação é de grande importância pois está ligada à Mata Atlântica, Amazônia e Caatinga, aumentando assim a diversidade de espécies animais e vegetais nessas regiões. Cerrado - pequeno porte Nome científico: Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook Família: Bignoniaceae Nome popular: craibeira, para-tudo, caraibeira, caroba-do-campo, cinco-em-rama, ipêamarelo-do-cerrado Altura: 4 a 5 metros Floração: Agosto a setembro cor: Amarela Frutificação: Setembro a outubro Forma/copa: Arredondada diâmetro: 4 a 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de Poda: Novembro Desenvolvimento: Lento Nome científico: Exellodendron cordatum (Hooker f.) Prance Família: Chrysobalanaceae Nome popular: cariperana Altura: 4 a 5 metros Floração: Fevereiro a março cor: Amarela Frutificação: A partir de julho Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Maio Desenvolvimento: Lento Nome científico: Gomidesia lindeniana O. Berg Família: Myrtaceae Nome popular: pimenteira Altura: 4 a 5 metros Floração: Janeiro a fevereiro cor: Branca Frutificação: Novembro a dezembro Copa/forma: Piramidal diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Março Desenvolvimento: Lento Nome científico: Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. Família: Ochnaceae Nome popular: folha-de-serra Altura: 4 a 5 metros Floração: Agosto a setembro cor: Amarela Frutificação: Outubro a novembro Copa/forma: Globosa (Irregular) diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Lento Nome científico: Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Família: Papilionaceae Nome popular: chapada, pau-paratudo, perobinha, unha-danta Altura: 4 a 5 metros Floração: Novembro a dezembro cor: Branca Frutificação: A partir de fevereiro Copa/forma: Pequena e rala diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Março Desenvolvimento: Lento Os Tipos de Vegetação da Bahia Espécies do Cerrado recomendadas para serem utilizadas sob a rede elétrica convencional craibeira, para-tudo, caraibeira, caroba-do-campo, cinco-em-rama, ipê-amarelo-do-cerrado cariperana pimenteira folha-de-serra chapada, pau-paratudo, perobinha, unha-danta 19 20 Guia de Arborização Urbana Cerrado - médio porte lixeira, lixa, cajueiro-bravo, caimbé, cajuiero-bravo-do-campo, pentieira, sambaíba, sobro murici, murici-do-campo pau-terra-de-flor-miudinha, pau-terra-mirrim, pau-terra boca-de-sapo, caroba, castelo-de-cavalo cagaita, cagaiteira Nome científico: Curatella americana L. Família: Dilliniaceae Nome popular: lixeira, lixa, cajueiro-bravo, caimbé, cajuiero-bravo-do-campo, pentieira, sambaíba, sobro Altura: 6 a 10 metros Floração: Agosto a outubro Cor: Branca Frutificação: Outubro a novembro Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Dezembro Desenvolvimento: Lento Nome científico: Byrsonima basiloba Juss. Família: Malpighiaceae Nome popular: murici, murici-do-campo Altura: 6 a 10 metros Floração: Fevereiro a maio cor: Amarela Frutificação: Setembro a outubro Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Lento Nome científico: Qualea parviflora Mart. Família: Vochysiaceae Nome popular: pau-terra-de-flor-miudinha, pauterra-mirrim, pau-terra Altura: 6 a 10 metros Floração: Novembro a dezembro cor: Rosa Frutificação: Setembro a Outubro Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 a 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Janeiro Desenvolvimento: Lento Nome científico: Jacaranda brasiliana (Lam.) Pers. Família: Bignoniaceae Nome popular: boca-de-sapo, caroba, castelode-cavalo Altura: 6 a 10 metros Floração: Agosto a setembro cor: Rosa Frutificação: Julho a agosto Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Rápido Nome científico: Eugenia dysenterica DC. Família: Myrtaceae Nome popular: cagaita, cagaiteira Altura: 6 a 8 metros Floração: Agosto a setembro cor: Branca Frutificação: Outubro a novembro Copa/forma: Alongada / Densa diâmetro: 5 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Lento Cerrado - grande porte Nome científico: Aspidosperma macrocarpon Mart. Família: Apocynaceae Nome popular: guatambu do cerrado, guantambu, peroba-cetim, pereira, pau-pereira, muirajuçara Altura: 10 a 18 metros Floração: Setembro a outubro cor: Prateada Frutificação: Agosto a setembro Copa/forma: Flabeliforme diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Lento Nome científico: Ouratea castanaefolia Engl. Família: Ochnaceae Nome popular: farinha-seca, folha-de-castanha Altura: 10 a 14 metros Floração: Outubro a Novembro cor: Amarela Frutificação: Novembro a Dezembro Copa/forma: Arredondada diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Fevereiro Desenvolvimento: Rápido Nome Cientifico: Astronium fraxinifolium Schott Família: Anacardiaceae Nome popular: Gonçalo-alves, chibatã, aratanha, aroeira-vermelha, guarabú, batão, cubatã-vermelho, aroeira-do-campo Altura: 10 a 12 metros Floração: Agosto a setembro cor: Amarela Frutificação: Outubro a novembro Copa/forma: Flabeliforme diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Rápido Origem: Brasil Observações: Possui sementes aladas, que são disseminadas pelo vento. Os Tipos de Vegetação da Bahia guatambu do cerrado, guantambu, peroba-cetim, pereira, pau-pereira, muirajuçara farinha-seca, folha-de-castanha gonçalo-alves, chibatã, aratanha, aroeira-vermelha, guarabú, batão, cubatã-vermelho, aroeira-do-campo 21 22 Guia de Arborização Urbana CAATINGA Durante as poucas épocas de chuva, vegetam bromeliáceas e ervas e os arbustos se enchem de folhas verdes. A Caatinga compreende quase todo o Nordeste do país, devido às condições climáticas da região. A Caatinga é composta por uma vegetação de pequeno e médio porte, na sua maioria formada por arbustos com presença de espinhos e variedades de cactos, apresentando folhas caducas que caem durante o período das secas para evitar a perda de água. Durante as poucas épocas de chuva, vegetam bromeliáceas e ervas e os arbustos se enchem de folhas verdes demonstrando beleza e vivacidade em contraste à feição pobre e fraca da Caatinga. Trata-se de uma vegetação de grande importância, dada à sua adaptação às difíceis condições climáticas do semi-árido nordestino. A Caatinga divide-se em dois estágios de vegetação, devido à variabilidade do grau de umidade, sendo agreste, quando está próxima ao mar, apresentando uma vegetação mais densa, com porte alto e solo mais profundo; ou sertão, quando apresenta uma vegetação mais seca e pobre, de pequeno porte, solo raso e/ou pedregoso, com extensões voltadas para o interior. Morro do Chapéu Caatinga - pequeno porte Nome científico: Senna spectabilis (DC.) Irwin et Barn. var. excelsa (Schrad) H.S. Irwin & Barneby Família: Caesalpinaceae Nome popular: canafístula, são-joão, cassiado-nordeste, pau-de-ovelha Altura: 4 a 5 metros Floração: Abril a maio cor: Amarela Frutificação: Maio a julho Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Rápido Observações: Suas sementes são achatadas e esverdeadas. Nome Científico: Albizia polycephala (Benth.) Killip Família: Mimosaceae Nome popular: monzé, angico-branco, albizia Altura: 4 a 5 metros Floração: Janeiro a fevereiro cor: Branca Frutificação: Março a abril Copa/forma: Globosa (Irregular) diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Junho Desenvolvimento: Moderado Nome científico: Aspidosperma riedelii Müll. Arg. Família: Apocynaceae Nome popular: guatambuzinho, peroba-branca, perobinha-branca Altura: 4 a 5 metros Floração: Outubro a dezembro cor: Branca Frutificação: Agosto a setembro Copa/forma: Flabeliforme diâmetro: 5 metros Folha/persistência: Perene Época de Poda: Janeiro Desenvolvimento: Moderado Nome científico: Pseudobombax simplicifolium A. Robyns Família: Bombacaceae Nome popular: embiruçu, imbiraçu, buruçu, imburuçu Altura: 4 a 5 metros Floração: Maio a agosto cor: Branca Frutificação: Julho a setembro Copa/forma: Umbeliforme diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Maio Desenvolvimento: Moderado Os Tipos de Vegetação da Bahia Espécies da Caatinga recomendadas para serem utilizadas sob a rede elétrica convencional canafístula, são-joão, cassia-do-nordeste, pau-de-ovelha, monzé, angico-branco, albizia guatambuzinho, peroba-branca, perobinha-branca embiruçu, imbiraçu, buruçu, imburuçu 23 24 Guia de Arborização Urbana Caatinga - médio porte imburana-de-cheiro, umburana, cerejeira, amburana pau-branco, pau-branco-preto, louro-branco mangaba, mangabeira juazeiro, joá, juá, laranjeira-de-vaqueiro, juá-espinho, juá-fruta veludo, veludo-branco, angada, pereira Nome científico: Amburana cearensis (Fr. All.) A. C. Smith Família: Papilionaceae Nome popular: imburana-de-cheiro, umburana, cerejeira, amburana Altura: 4 a 10 metros Floração: Abril a junho cor: Amarela Frutificação: Agosto a setembro Copa/forma: Globosa diâmetro: 5 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Lento Observação: Possui ramos e tronco lisos de cor vinho ou marron avermelhado. Nome científico: Auxemma oncocalyx (Fr. All.) Baill. Família: Boraginaceae Nome popular: pau-branco, pau-branco-preto, louro-branco Altura: 5 a 8 metros Floração: Janeiro a março cor: Branca Frutificação: Julho a agosto Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca (durante o período de seca) Época de poda: Junho Desenvolvimento: Lento Nome científico: Hancornia speciosa Gomez Família: Apocynaceae Nome popular: mangaba, mangabeira Altura: 5 a 7 metros Floração: Setembro a novembro cor: Branca Frutificação: Novembro a janeiro Copa/forma: Globosa diâmetro: 5 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Fevereiro Desenvolvimento: Lento Nome científico: Zizyphus joazeiro Mart. Família: Rhamnaceae Nome popular: juazeiro, joá, juá, laranjeira-devaqueiro, juá-espinho, juá-fruta Altura: 5 a 10 metros Floração: Novembro a dezembro cor: Amarela Frutificação: Junho a julho Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Lento Observações: Produz grande quantidade de sementes durante o ano. Nome científico: Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. Família: Rubiaceae Nome popular: veludo, veludo-branco, angada, pereira Altura: 4 a 7 metros Floração: Setembro a novembro cor: Creme Frutificação: Janeiro a março Copa/forma: Piramidal diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Abril Desenvolvimento: Moderada Caatinga - grande porte Nome científico: Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Família: Mimosaceae Nome popular: angico, angico-branco, cambuíangico Altura: 12 a 15 metros Floração: Novembro a janeiro cor: Amarela Frutificação: Março a novembro Copa/forma: Pêndula diâmetro: 5 a 7 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Julho Desenvolvimento: Moderado Observações: Suas flores são melíferas. Nome científico: Erythrina velutina Willd. Família: Papilionaceae Nome popular: mulungu, canivete, corticeira, suinã Altura: 10 a 12 metros Floração: Agosto a dezembro cor: Vermelha Frutificação: Janeiro a fevereiro Copa/forma: Globosa (irregular) diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Rápido Os Tipos de Vegetação da Bahia angico, angico-branco, cambuí-angico mulungu, canivete, corticeira, suinã 25 26 Guia de Arborização Urbana RESTINGA LITORÂNEA Rio dos Frades, Trancoso, Caraíva A restinga ocorre no litoral brasileiro e, em razão da influência direta do solo, traz às proximidades da costa uma variedade de vida riquíssima. A restinga é formada por trechos de Mata Atlântica ligados aos manguezais, às dunas, estuários, praias e costões. Apresentam estratos herbáceos e arbustivos, de pequeno e médio porte. Restinga Litorânea - pequeno porte Nome Científico: Hybiscus pernambucensis Arruda Família: Malvaceae Nome popular: algodão-da-praia, algodão-dobrejo, guaxima-do-mangue Altura: 3 a 5 metros Floração: Agosto a janeiro cor: Amarela Frutificação: Fevereiro a abril Copa/forma: Globosa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Julho Desenvolvimento: Rápido Nome Científico: Eugenia uniflora L. Família: Myrtaceae Nome popular: pitangueira-vermelha, pitanga, pitanga-roxa, pitanga-branca Altura: em média 5 metros Floração: Agosto a setembro cor: Branca Frutificação: Outubro a janeiro Copa/forma: Globosa diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Setembro Desenvolvimento: Lento Nome Científico: Chrysobalanus icaco L. Família: Chrysobalanaceae Nome popular: ajurú, ajurú-branco, cajurú, goajurú, oajurú, ajirú Altura: 4 a 5 metros Floração: Agosto a dezembro cor: Branca Frutificação: Agosto a dezembro Copa/forma: Pêndula diâmetro: 3 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Janeiro Desenvolvimento: Moderada Observações: Sua floração e frutificação ocorrem continuamente ao longo do ano. Espécies da Restinga Litorânea recomendadas para serem utilizadas sob a rede elétrica convencional algodão-da-praia, algodão-do-brejo, guaxima-do-mangue pitangueira-vermelha, pitanga, pitanga-roxa, pitanga-branca ajurú, ajurú-branco, cajurú, goajurú, oajurú, ajirú Os Tipos de Vegetação da Bahia 27 28 Guia de Arborização Urbana Restinga Litorânea - médio porte cajueiro, acaju, caju-da-praia, acajaíba, caju-manso aroeira-da-praia, aroeira-mansa, cambuí, bálsamo Nome científico: Anacardium occidentale L. Família: Anacardiaceae Nome popular: cajueiro, acaju, caju-da-praia, acajaíba, caju-manso Altura: 5 a 10 metros Floração: Junho a novembro cor: Branca Frutificação: Setembro a janeiro Copa/forma: Piramidal diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Caduca Época de poda: Maio Desenvolvimento: Lento Nome científico: Schinus terebinthifolia Raddi Família: Anacardiaceae Nome popular: aroeira-da-praia, aroeiramansa, cambuí, bálsamo Altura: 5 a 10 metros Floração: Setembro a janeiro cor: Branca Frutificação: Janeiro a julho Copa/forma: Globosa diâmetro: 6 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Rápido Observação: Suas flores são melíferas. Palmeiras com potencial ornamental Nome científico: Syagrus oleracea (Mart.) Becc. Família: Palmaceae Nome popular: guariroba, gariroba, gueroba, catolé, coco-catolé, coqueiro-amoroso Altura: 10 a 20 metros Floração: Setembro a março cor: Amarela Frutificação: Outubro a fevereiro Copa/forma: Crispada / Deflexa diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Agosto Desenvolvimento: Moderado Observações: Suas flores são melíferas. Também ocorre no cerrado e na caatinga. guariroba, gariroba, gueroba, catolé, coco-catolé, coqueiro-amoroso licuri, aricuri, nicuri, alicuri Nome científico: Syagrus coronata (Mart.) Becc. Família: Palmaceae Nome popular: licuri, aricuri, nicuri, alicuri Altura: 8 a 11 metros Floração: Maio a Agosto cor: Amarela Frutificação: Outubro a dezembro Copa/forma: Crispada diâmetro: 4 metros Folha/persistência: Perene Época de poda: Março Desenvolvimento: Lento Os Tipos de Vegetação da Bahia 29 30 Guia de Arborização Urbana MAPA DA VEGETAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA BAIXO MÉDIO SÃO FRANCISCO MATA ATLÂNTICA Primária NORDESTE MÉDIO SÃO FRANCISCO Estágio avançado/médio de regeneração Estágio inicial de regeneração Manguezais PIEMONTE DA DIAMANTINA IRECÊ Restinga Brejo PARAGUAÇU OESTE CAATINGA Arbórea CHAPADA DIAMANTINA RECONCAVO SUL Arbustiva LITORAL NORTE REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR Caatinga parque CERRADO sensu lato LITORAL SUL SERRA GERAL Cerradão Cerrado sensu strictu SUDOESTE Campo cerrado Campo limpo Veredas e campo úmido FLORESTA ESTACIONAL MATA CILIAR EXTREMO SUL ÁREA DE TRANSIÇÃO ANTROPISMO Reflorestamento Agropecuária Fonte: Diretoria de Desenvolvimento Florestal - DDF/SEAGRI Mapeamento da cobertura vegetal do Estado da Bahia Escala: 1:100.000 Período: 1996 a 1999 Com adaptações CAMPO RUPESTRE COMO PLANEJAR A ARBORIZAÇÃO URBANA A responsabilidade pela implantação e manejo da arborização pública é das prefeituras municipais. A maioria dos manuais de arborização e das normas de construção de redes de distribuição recomenda que a rede elétrica e a arborização ocupem lados distintos das vias públicas e que a arborização dos espaços públicos e privados leve em consideração as condições físicas e espaciais disponíveis. A verdade é que, em um rápido passeio, pode-se verificar que essas recomendações são pouco observadas na prática. Em geral, a arborização e as redes elétricas estão em ambos os lados das vias públicas, convivendo com espécies nem sempre adequadas. Como Planejar a Arborização Urbana 31 32 Guia de Arborização Urbana Outra recomendação comumente não observada é a que propõe o plantio de espécies de pequeno porte sob as redes elétricas. Esta situação ocorre principalmente na região de influência da Mata Atlântica onde predominam espécies de médio e grande porte. O uso dessas espécies seria aceitável desde que fossem adotadas tecnologias de rede e técnicas de poda compatíveis. O adequado planejamento da arborização e das redes elétricas poderá contribuir para a melhoria dessa convivência no meio urbano. Isso, no entanto, requer o reconhecimento da realidade local, ou seja, dos padrões urbanísticos, culturais e biológicos predominantes. O padrão urbanístico adotado na maioria das cidades da Bahia adota construções quase sem recuo e passeios e vias estreitas onde, em ambos os lados das vias públicas, árvores de médio e grande porte disputam espaço com redes elétricas. Faz-se necessário implementar soluções gerenciais e tecnológicas compatíveis com a nossa realidade, com os espaços restritos e, particularmente, com a presença majoritária de espécies arbóreas de médio e grande porte, remanescentes da Mata Atlântica, que antes ocupava as áreas hoje densamente povoadas onde está grande parte de nossas cidades. Vale do Canela, Salvador O planejamento da arborização no meio urbano deve considerar também os demais elementos da infra-estrutura (rede de água, esgoto e rede elétrica), além do espaço físico disponível (tráfego, largura de ruas, tipo de solo e características ambientais) e da análise da vegetação da região. ÁREAS URBANAS DESPROVIDAS E ENERGIA ELÉTRICA DE ARBORIZAÇÃO Ao se planejar a arborização urbana deve-se levar em consideração a iluminação solar, pois, assim, é possível minimizar o gasto de energia elétrica durante o dia, aumentando o aproveitamento dos raios solares na iluminação e os benefícios do sombreamento que protege as fachadas voltadas para o poente. Modelo padrão de arborização para ruas com largura de até 20m N sol tarde sol manhã O L S Rede elétrica Pequeno porte Médio porte Poste Com essa finalidade, propõe-se um modelo padrão de arborização (figura acima) para ruas com largura inferior a 20m, o qual deve seguir algumas recomendações, como: ¡ implantar a rede de energia elétrica aérea nas calçadas norte e oeste, podendo utilizar sob a rede, árvores de pequeno porte. ¡ livrar as calçadas sul e leste para o plantio de árvores de maior porte (médio e grande), levando em conta as dimensões da via pública, tendo como finalidade a valorização do paisagismo local e o sombreamento das ruas. É possível minimizar o gasto de energia, aumentando o aproveitamento dos raios solares na iluminação e os benefícios do sombreamento que protege as fachadas voltadas para o poente. Com este modelo, o espaço destinado à arborização e aos demais serviços urbanos é aproveitado da melhor maneira, visando o conforto ambiental (iluminação e ventilação dos logradouros) e o bem estar da comunidade. Com a elaboração de um planejamento, será possível evitar interferências por prestadores de serviços públicos, gerando apenas benefícios propiciados por plantios adequados. Como Planejar a Arborização Urbana 33 34 Guia de Arborização Urbana Vale ressaltar que, ao se planejar a arborização no meio urbano, é preciso que alguns aspectos sejam analisados, tais como: É essencial a conscientização da comunidade sobre a preservação, proteção e importância das árvores. n A vegetação: É importante conhecer o tipo de vegetação que ocorre na região, tanto nos arredores da cidade como no próprio meio urbano, pois as espécies da vegetação nativa já estão adaptadas às condições de clima e solo, que favorecem o seu desenvolvimento. Sua utilização permite preservar os referenciais ecológicos e paisagísticos de cada região. n O local: Deve-se realizar um levantamento das áreas a serem arborizadas, com o objetivo de caracterizar o local quanto ao tipo de tráfego, largura das ruas, tipo de serviço público (saneamento, sistema elétrico etc.), sinalização, edificações, tipo de solo e demais características ambientais. Com isso, será possível compatibilizar a prática da arborização urbana com os demais componentes do meio urbano. n A Comunidade: É essencial a conscientização da comunidade sobre a preservação, proteção e importância das árvores. Praça Paulo Afonso, Pernambués, Salvador É importante salientar que a responsabilidade pela implantação e manejo da arborização pública é das prefeituras municipais, que para isso devem elaborar seus planos diretores de arborização urbana. Através de parcerias, estes planos podem ser desenvolvidos com o apoio de empresas prestadoras de serviços públicos e privados. A população também é responsável pela arborização e deve ser convocada a colaborar para a preservação desse patrimônio público. Av. Centenário, Salvador CANTEIRO CENTRAL Nas avenidas que tenham canteiro central, a rede de energia elétrica deve ser implantada nas calçadas laterais, e, sob as mesmas, utilizar espécies vegetais de pequeno porte. O canteiro central pode ser arborizado com árvores de médio e grande porte, porém com um estudo prévio de suas condições de sobrevivência. Assim, recomenda-se que sejam utilizadas espécies da vegetação nativa da região. A população também é responsável pela arborização e deve ser convocada a colaborar e contribuir com a preservação desse patrimônio público. Vale do Canela, Salvador Como Planejar a Arborização Urbana 35 36 Guia de Arborização Urbana PRAÇA Nas praças, pode-se implantar a arborização com maior liberdade, desde que a rede elétrica fique restrita às calçadas do lado oposto, e, no interior da praça, a rede seja subterrânea, contendo apenas os postes de iluminação. Este tipo de urbanização, quando planejada corretamente, causa um efeito belíssimo nas cidades por não requerer podas constantes. Na escolha das espécies, deve-se estar atento ao tipo de sistema radicular das árvores, pois as raízes devem ser profundas, para que não prejudiquem o calçamento e os dutos da rede subterrânea. Neste caso, pode-se utilizar árvores que possuam copa larga e densa, visando a formação de um microclima mais ameno e com maior sombreamento. Praça da Mangueira, na Vila Sauípe, Mata de São João Praça do Campo Grande, Salvador A arborização em parques, alamedas e lotes residenciais (desde que sejam grandes áreas) pode ser feita com a utilização de espécies de grande porte, pois, geralmente, estes ambientes estão livres de redes de energia elétrica aérea e as árvores poderão desenvolver-se livremente. COMPATIBILIZAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO COM A REDE ELÉTRICA n Rua estreita x calçada estreita A arborização nesta situação não é aconselhável, principalmente se a rede de energia elétrica for aérea e se não houver espaçamento entre a edificação e a calçada. Caso ocorra espaçamento entre os componentes citados, pode-se plantar, na calçada do lado oposto à rede de energia, uma árvore de pequeno porte que apresente copa estreita (colunar ou flabeliforme). 2,00m n Rua estreita x calçada larga Pode-se plantar espécies de pequeno e médio porte na calçada oposta à da rede de energia. Sob a fiação elétrica, deve-se plantar somente árvores de pequeno porte, alternando a posição em função das espécies plantadas do outro lado da rua. A copa das árvores sob a fiação deve ser estreita, podendo ser do tipo cônica, elíptica vertical, globosa ou flabeliforme. 3,00m n Calçada estreita x rua larga As árvores podem ser plantadas apenas na calçada que não tiver fiação elétrica. Caso não haja espaçamento entre a edificação e a calçada, o plantio poderá ser feito 50 cm fora da calçada. Neste caso, faz-se uso de espécies de pequeno e médio porte, podendo ser as copas de forma colunar, cônica, elíptica, globosa, flabeliforme ou caliciforme. Se houver espaçamento entre a calçada e a edificação, o plantio poderá ser feito na própria calçada, porém utilizando-se apenas espécies de pequeno porte. Sob a fiação, deve-se plantar somente árvores de pequeno porte, alternando a posição em função das espécies plantadas do outro lado da rua. 2,00m 6,00m 6,00m 8,00m 2,00m 3,00m 2,00m n Calçada larga x rua larga Na calçada com presença de postes de fiação elétrica, deve-se plantar apenas espécies de pequeno porte. Já na calçada oposta (sem fiação), o plantio poderá ser com espécies de médio porte. 3,00m Como Planejar a Arborização Urbana 37 10,00m 3,00m 38 3,00m 3,00m 12,00m Sistema radicular inadequado danifica dutos subterrâneos e o calçamento Guia de Arborização Urbana n Rede de Energia Elétrica Subterrânea O plantio em área com dutos de rede subterrânea pode ser feito com espécies de médio porte. As árvores podem ser plantadas nos dois lados da rua. Essas espécies, porém, devem ter um sistema radicular adequado, ou seja, de preferência com raízes profundas, para que não danifiquem os dutos ou qualquer instalação da rede subterrânea. Antes de abrir as covas, deve-se verificar a localização da rede. n Convívio de rede elétrica x arborização x edificação O planejamento da arborização urbana deve levar em conta a segurança e o bem estar da comunidade, evitando plantios muito próximos a residências para que as copas não se sobreponham aos telhados. Devem ser evitadas espécies com copas muito densas, que impeçam a incidência do sol, e árvores que, em algum período da estação, apresentem queda de folhas, pois estas podem provocar o entupimento de calhas e dificuldade para o escoamento da água da chuva. Visando a compatibilização da rede de energia elétrica com a arborização e os demais componentes urbanos, assim como a manutenção da qualidade dos serviços públicos prestados à comunidade, deve-se seguir os parâmetros da concessionária, como mostra a figura abaixo. 2,00m Alta tensão Serviços Altura Poste Condutor de baixa tensão 9 a 12m 7,30m Condutor de alta tensão 8,20 a 9,40m Fio de telefone 7,30m Altura de serviços públicos 9,30m 1,00m Baixa tensão 5,40m 5,00m PORTE DAS ÁRVORES E FORMAS DAS COPAS Cônica Colunar Elíptica vertical Oiti, forma globosa, estacionamento da sede da Coelba, Salvador Elíptica horizontal Umbeliforme Adaptado: Milano, M.S. Globosa Flabeliforme Caliciforme Flanboyant, forma umbeliforme, Avenida Centenário, Salvador Porte das árvores Pendente Figueira Como Planejar a Arborização Urbana Altura Tipo de Porte Até 5 m Pequeno De 5 m até 10 m Médio Acima de 10 m Grande 39 40 Guia de Arborização Urbana COMO ESCOLHER A ÁRVORE ADEQUADA A diversidade de espécies mantém as características da vegetação nativa, além de evitar o ataque de pragas e doenças A diversidade florística da vegetação é um aspecto essencial quando se trata de arborização, pois mantém as características da vegetação nativa, além de evitar o ataque de pragas e doenças. Daí, a importância de se saber que árvore plantar, de acordo com as espécies que ocorrem na região. Na maioria das cidades, as árvores que se encontram em vias públicas e passeios são inadequadas, pois não apresentam características convenientes ao local e muitas vezes não são atendidas as suas exigências biológicas, como as relacionadas ao solo, água, luz e ambiente local. Para a escolha da espécie adequada, a árvore deve conter certas características, como: ¡ Estar adaptada ao clima do local destinado; ¡ Ser espécie nativa da vegetação local (origem da espécie); ¡ Ter raízes profundas sistema radicular adequado; ¡ Possuir porte adequado ao espaço disponível; ¡ Apresentar tronco único e copa bem definida; ¡ Apresentar rusticidade; ¡ Dar frutos pequenos e silvestres, ou seja, frutos que não sejam comerciais; ¡ Dar flores pequenas, pouco suculentas e com cores vivas; ¡ Ter folhas preferencialmente pequenas e não coriáceas (duras); ¡ Ter desenvolvimento rápido; ¡ Não apresentar princípios tóxicos acentuados, ou seja, apresentar baixa toxicidade; Deve-se utilizar, na arborização urbana, espécies que produzam frutos pequenos para a alimentação de pássaros. ¡ Não apresentar princípios alérgicos; ¡ Não possuir espinhos. Deve-se evitar espécies que necessitem de poda freqüente, que tenham tronco frágil, caule e ramos quebradiços, que sejam suscetíveis ao ataque de pragas (brocas, cupins, cochonilhas etc.) e doenças. O uso de espécies que produzem frutos comestíveis pelo homem deve ser evitado, pois, geralmente, estes frutos são grandes, pesados e soltam-se facilmente dos galhos. Deve-se utilizar, na arborização urbana, espécies que produzam frutos pequenos para a alimentação de pássaros. Deve-se lembrar também que as espécies de grande porte não são recomendadas para as vias públicas, sendo mais adequadas aos locais de lazer público como bosques, praças e áreas verdes abertas. Como Escolher a Árvore Adequada 41 42 Guia de Arborização Urbana CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DAS ESPÉCIES n Sistema radicular: deve-se dar preferência a espécies com sistema radicular pivotante e profundo. As espécies com sistema radicular superficial devem ser plantadas em áreas amplas, como parques, praças e canteiros centrais de, pelo menos, 20 metros de largura. n Tronco: deve-se evitar o plantio de espécies com espinhos ou acúleos, ou com troncos de pouca resistência e volumosos. n Copa: deve ser compatível com o espaço físico, permitindo o livre trânsito de veículos e pedestres, evitando conflitos com a sinalização, iluminação e placas indicativas, e danos às fachadas. No caso de árvores de médio porte, próximas a redes elétricas, deve-se dar preferência às copas que poderão retomar sua arquitetura original após podas de condução, necessárias até a ultrapassagem dos condutores da rede. n Folhas: priorizar espécies de folhagem permanente. Quando as espécies forem caducifólias, verificar o tamanho e a textura das folhas para evitar que venham causar o entupimento de calhas e bueiros. n Flores: dar preferência às espécies que produzam inflorescências grandes e densas, com flores pequenas. n Frutos: evitar a utilização em vias públicas, de espécies que produzam frutos grandes e carnosos, pois estes atraem muitos insetos, causam acidentes com pedestres e danos aos veículos. n Crescimento: nos passeios, devem ser utilizadas espécies que tenham crescimento médio. As espécies de crescimento muito lento são mais suscetíveis à depredação. No caso de plantio de espécies de grande porte próximo às redes, deve-se dar preferência às espécies de crescimento rápido. n Resistência a pragas e doenças: utilizar espécies resistentes ao ataque de pragas e doenças, que dispensem o uso de fungicidas e inseticidas em meio urbano, pois esses produtos podem comprometer a saúde da população. A flora nativa do Estado da Bahia é muito rica e possui espécies de grande valor paisagístico. n Clima: devem ser utilizadas espécies que se adaptem ao clima e às condições ambientais do local. n Princípios tóxicos: as espécies alergênicas e tóxicas não devem ser utilizadas em arborização urbana. Estes princípios podem estar relacionados com a casca, com o látex, e com as flores e as folhas das espécies. A flora nativa do Estado da Bahia é muito rica e possui espécies de grande valor paisagístico. Tais espécies, além de já serem adaptadas às condições climáticas locais, asseguram a preservação de referenciais paisagísticos regionais. Manter a biodiversidade existente e contribuir para a formação de corredores ecológicos é essencial para a manutenção da fauna e propagação de espécies vegetais. Características Biológicas das Espécies 43 44 Guia de Arborização Urbana PLANTIO E MANUTENÇÃO DE MUDAS A questão fitossanitária é de extrema importância, devendo ser o plantio das mudas orientado por profissional habilitado e de modo a buscar a diversidade das espécies a serem usadas. Desta forma, os riscos de ocorrerem ataques de pragas e doenças serão mínimos, levando à redução da mortalidade das árvores. Viveiro da Odebrecht, Vila Sauípe, Mata de São João Não existe uma metodologia de plantio em áreas urbanas, o que as prefeituras em geral recomendam é plantar vários exemplares de uma espécie em um trecho de rua ou avenida, ou seja, manter a uniformidade por rua. No caso de ser uma rua longa, é mais coerente alternar duas ou três espécies de um lado e de outro da via pública, de forma aleatória. Considerando a idéia da formação de corredores ecológicos, para abrigo da fauna, propagação das espécies e até mesmo para coleta de sementes, recomenda-se a elaboração de projetos específicos, através de órgãos e parcerias, desde que acompanhados por profissional habilitado. Normalmente, realiza-se o plantio de mudas em qualquer época do ano, desde que se tenha irrigação freqüente. Porém, quando se trata de plantios em vias públicas, a incidência de mudas mortas é muito grande, devido à falta de água. Por isso, é mais adequado que esse plantio seja feito na época chuvosa. Ao planejar um plantio de mudas, é preciso que todas as etapas sejam executadas com sucesso. Desde a escolha da espécie adequada à abertura das covas, preparo do solo, ao plantio, irrigação e principalmente à manutenção das mudas após o plantio. ABERTURA 60 cm 100 cm Mistura Dimensão da cova DAS COVAS E PREPARO DO SOLO As covas devem ser abertas em torno de 15 dias antes do plantio. Devem ter uma dimensão mínima de 60 x 60 x 60cm; caso o solo esteja muito compactado ou com restos de entulho de construções, pode-se aumentar as dimensões. As covas podem ser circulares, com diâmetro e profundidade de 60cm. 1. Cova preparada para o plantio Normalmente, as vias públicas possuem solo de baixa fertilidade, devido à compactação e restos de entulho acumulados, sendo impróprio ao plantio. Devese retirar a terra do local e substituí-la por terra de boa qualidade, preparada com esterco de curral ou composto orgânico, em partes iguais. Todo entulho decorrente da quebra do passeio para a abertura da cova deve ser removido. Mudasadia Para adubação do plantio, recomenda-se adubo orgânico curtido, adubo químico, corretivo de solo e terra vegetal. Geralmente, utiliza-se 5 kg de NPK (Superfosfato Simples) para 1m3 de terra. Por exemplo, de 100% da terra retirada da cova, separa-se 2/3 e mistura-se com 1/3 de adubo orgânico. Se possível, fazer uma análise química do solo do local da cova para avaliar e indicar a adubação mais adequada. 2. Misturar a terra retirada da cova com adubo orgânico (2/3 +1/3) Plantio e Manutenção de Mudas 45 46 Guia de Arborização Urbana PLANTIO As mudas devem ser sadias, selecionadas no viveiro e apresentar características saudáveis, como: ¡ Vigor; ¡ Rusticidade; ¡ Resistência a intempéries, pragas e doenças; ¡ Caule único sem ramificações laterais; ¡ Altura mínima de 1,80m livre de ramos; ¡ Embalagem adequada. O plantio das mudas em áreas públicas deve ser feito no período de chuvas, de preferência pela manhã, ou, no final da tarde, e nunca em horário que o sol esteja muito forte, dando-se preferência aos dias nublados. Muda sadia 3. Colocar parte da mistura... Em princípio, a embalagem da muda, se for biodegradável, não deve ser retirada. Corta-se o fundo da embalagem, apara-se as raízes com tesoura de poda, coloca-se a muda com cuidado dentro da cova e acrescenta-se a terra aos poucos como mostra a sequência baixo. Antes de colocar a muda dentro da cova, a mesma deve ter sua quantidade de folhas reduzida à metade de modo a evitar perda de água por transpiração, assim como estar bem centralizada dentro da cova. 4. Cortar o fundo da embalagem... 6. Aparar as raízes com tesoura de poda... 5. Tirar o fundo cuidadosamente ... 7. Cortar 50% da lateral da embalagem... 8. Colocar a muda na cova e o restante da mistura ... Se necessário, deve-se amparar a muda com tutor. O colo deve ficar no mesmo nível da superfície; dependendo das condições da muda, o enterramento pode causar morte futura. Fixar o tutor com a muda utilizando sisal ou outro material similar, de forma que fique um oito deitado. A muda deve ser assentada na cova, de maneira que não fiquem espaços vazios. A cova já fechada, deve, na superfície, ter as bordas elevadas; o solo, ao redor da muda, deve ser preparado de forma a criar condições que possibilitem a permanência da água da chuva. Este processo é denominado de embaciamento ou coroamento de contenção. Após o plantio, a muda deve ser irrigada até sua completa consolidação. O canteiro ideal para um bom desenvolvimento de árvores situadas em vias públicas deve ter uma superfície suficiente que permita a entrada da água da chuva, aeração do solo e futuras adubações. Este espaço deve ter no mínimo 1m² de área (essa dimensão será variável, conforme o sistema radicular da espécie base do tronco), e ser preferencialmente coberto por gramado, livre da presença de ervas daninhas. Determina-se que a distância entre a muda e o meio fio deva ser de 50cm. 9. Cortar a embalagem 11. Até sair totalmente... 10. Puxar com cuidado... 12. Pisar para assentar... 13. Muda com tutor Plantio e Manutenção de Mudas Amarração do tutor 47 48 Guia de Arborização Urbana PROTETORES Canteiro inadequado E CONDUTORES DAS MUDAS Para evitar danos à muda plantada, utiliza-se alguns tipos de protetores para ajudar no desenvolvimento da planta até que esta atinja sua fase jovem. n Tutores: devem ser fincados no fundo da cova, ao lado do torrão, sem prejudicar o desenvolvimento das raízes. Os tutores servem para direcionar e sustentar a planta, fazendo com que a mesma não perca o seu prumo. Podem ser de madeira ou de bambu ter as seguintes dimensões: ¡ altura maior que 2,30 m, ficando no mínimo 0,50 cm até 1,0 m enterrado; ¡ acima do nível do solo, a altura deve ultrapassar o topo da muda; ¡ diâmetro: maior ou igual a 0,40cm. Mudas superiores a 4,00m devem ser amparadas por três tutores, que deverão ser pontiagudos na sua extremidade inferior para serem fixados ao solo com mais firmeza. n Gradis: protegem as mudas de animais, possíveis vandalismos e depredações. Existem os mais diversos modelos, com seção quadrada, triangular e circular, podendo ser feitos de madeira ou bambu. O gradil deve ter uma área bem aberta, de maneira a não abafar as mudas, possibilitando a livre penetração dos raios solares e o suficiente arejamento, garantindo seu adequado desenvolvimento. Não é aconselhável utilizar os gradis para veiculação de propaganda. 2,30m Tutor 0,60 -100cm 15 a 20cm (colo) Muda com tutor Gradil circular Gradil quadrado MANUTENÇÃO Após o plantio, inicia-se a fase de manutenção e conservação. As mudas plantadas devem ser regularmente observadas para que se possa avaliar o seu desenvolvimento e tomar as medidas necessárias para a correção de distorções no crescimento das mesmas. Assim, deve-se verificar se está ocorrendo ataque de pragas e doenças, ramificações indesejáveis, observar as condições dos gradis, tutores e amarrios, para que os mesmos sejam substituídos caso estejam danificados. IRRIGAÇÃO A muda deve ser irrigada abundantemente, sempre que necessário, para o seu melhor desenvolvimento. ADUBAÇÃO COMPLEMENTAR Caso a muda esteja fraca, pode ser que esteja precisando de algum nutriente, sendo necessário realizar uma adubação. Esse problema deve ser resolvido com orientação de um técnico habilitado, que indicará o adubo correto a ser utilizado. CONTROLE Plantio sem manutenção FITOSSANITÁRIO O controle de pragas e doenças das mudas deve ser feito regularmente por técnico habilitado. Este avaliará as mudas e emitirá um diagnóstico técnico, indicando o produto adequado para cada caso. Por exemplo: ataque de formigas, de cochonilhas, pulgões, lagartas, erva de passarinho e outros. Quando houver ataque de brocas, deve-se analisar em que partes do vegetal a broca atacou, pois é preciso retirar toda a parte atacada. Se a árvore estiver totalmente atacada será preciso erradicá-la e substituí-la por outra. REPOSIÇÃO DE MUDAS E RENOVAÇÃO DE ÁRVORES A reposição das mudas é essencial para manter e alcançar o efeito paisagístico necessário. Recomenda-se que o replantio seja feito sempre que houver perda de mudas, utilizando-se a mesma espécie que foi plantada anteriormente ou outra espécie que seja adequada ao local e à região. Plantio e Manutenção de Mudas Após o plantio,deve-se irrigar bem a muda 49 50 Guia de Arborização Urbana As árvores antigas plantadas em vias públicas que estiverem apresentando sinais de degeneração por senescência, características de risco de queda, danos ao patrimônio público, deformidade ou enfraquecimento por doenças, ataque de pragas, podas sucessivas ou acidentes devem ser removidas por transplante e substituídas por outra espécie adaptada à região. Na renovação do plantio deve-se observar: ¡ O Guia de Arborização Urbana; ¡ A solução dos problemas que possam ter ocorrido durante o plantio anterior; ¡ As espécies nativas adequadas ao local. FATORES ESTÉTICOS Caiação: É desaconselhável caiar ou pintar árvores, pois trata-se de uma prática inadequada, antiestética e que deve ser abolida. Publicidade: É desaconselhável fixar qualquer tipo de cartaz de publicidade nas árvores, pois isso prejudica o desenvolvimento do vegetal. Evitar pintar o tronco da árvore Placa de identificação: Caso o uso deste tipo de placa seja necessário, a mesma deverá ser amarrada com material extensível, em altura acessível à leitura e apresentar ótimo estado de conservação, devendo ser substituída sempre que necessário. Não se deve pregar no tronco das árvores nenhum tipo de placa. CADASTRO DE ARBORIZAÇÃO Para o sucesso da arborização urbana é muito importante ter um cadastro atualizado com as espécies existentes na cidade, com dados tais como: localização, espécie, idade, porte, condições fitossanitárias, melhor época para podar etc. Este processo, bem orientado por profissionais da área, poderá dar uma base científica a todos os componentes referentes às espécies da arborização urbana, além de otimizar os custos com podas de árvores. GLOSSÁRIO acúleo - Estrutura de origem epidérmica, com aspecto de espinho, encontrada em caules, como, por exemplo, na roseira, e nas folhas. adubação - Processo de adição ao solo de substâncias, produtos ou organismos, que contenham elementos essenciais ao desenvolvimento de plantas que são cultivadas. adubação de manutenção Prática de adubação utilizada para atender às exigências nutricionais da planta sem afetar o seu nível de produção. adubo orgânico Adubo constituído essencialmente por elementos naturais (matéria orgânica decomposta, esterco, dentre outros), isto é, sem o acréscimo de produtos químicos. semelhante ao da atmosfera logo acima da superfície, sendo que solos com arejamento deficiente, geralmente apresentam taxa muito elevada de CO2 , e, em conseqüência, uma baixa percentagem de oxigênio em relação à atmosfera. A velocidade de aeração depende em muito do volume e da continuidade dos poros do solo. arbusto Vegetal lenhoso possuidor de um pequeno tronco, com ramificações desde a base, e apresentando altura compreendida entre 3-5m. árvore Vegetal lenhoso, dotado de tronco robusto, via de regra com um sistema de ramos divaricados de primeira ordem , a partir de um certo nível, de onde se dispõem as ramificações da copa. aeração - Reoxigenação da água com a ajuda do ar. A taxa de oxigênio dissolvido, expressa em porcentagem de saturação, é uma característica representativa de certa massa de água e de seu grau de poluição. aeração do solo Processo através do qual é efetuada a troca de gases entre o ar do solo e o ar atmosférico. Solos bem arejados, apresentam ar de composição Glossário 51 52 Guia de Arborização Urbana biodiversidade Total de genes, espécies e ecossistemas de uma região. A biodiversidade genética refere-se à variação dos genes dentro das espécies, cobrindo diferentes populações da mesma espécie ou a variação genética dentro de uma população. A diversidade de ecossistemas refere-se à variedade de ecossistemas de uma dada região. A diversidade cultural humana também pode ser considerada parte da biodiversidade, pois alguns atributos das culturas humanas representam soluções aos problemas de sobrevivência em determinados ambientes. A diversidade cultural manifesta-se pela diversidade de linguagem, crenças religiosas, práticas de manejo da terra, arte, música, estrutura social e seleção de cultivos agrícolas, dentre outros. caducidade Processo de adaptação de um vegetal através do qual as folhas caem antes de brotarem novas folhas, permitindo deste modo que seja conservada água durante a estação desfavorável, seja a fria (hibernação) seja a seca (estivação). caducifólio Vegetal que perde as folhas durante o período climático desfavorável. capoeira Vegetação secundária que nasce após a derrubada das florestas primárias. características morfológicas são os aspectos que distinguem visualmente as espécies umas das outras, tais como a forma, a cor, o tamanho de flores, folhas, frutos, etc. caule Porção do vegetal que se apresenta ordinariamente aérea, podendo contudo ser submersa ou subterrânea, sendo que neste caso existem três categorias: o rizoma, o tubérculo e o bulbo. compostagem Método de tratamento dos resíduos sólidos (lixo) através da fermentação da matéria orgânica contida nos mesmos, conseguindo-se a sua estabilização, sob a forma de um adubo denominado composto. Na compostagem sobram normalmente cerca de 50% de resíduos. coriácea Folha cuja consistência lembra o couro. coroamento Processo que consiste na remoção das herbáceas ao redor da muda de espécies arbóreas ou arbustivas plantadas em covas. Normalmente tal processo é efetuado em um raio não superior a 50 cm em volta da muda. costão Trecho da costa que penetra em direção ao oceano, terminando abruptamente em forma de escarpa. decídua Qualidade apresentada por uma comunidade vegetal, em que 50% ou mais de seus indivíduos perdem todas as suas folhas ou parte delas, por um determinado período de tempo, em resposta a condições climáticas desfavoráveis. estuário Corpo aquoso litorâneo que apresenta circulação mais ou menos restrita, porém ainda mantendo-se ligado ao oceano aberto. Muitos estuários correspondem a desembocaduras fluviais afogadas, sendo que outros são apenas canais que drenam zonas pantanosos costeiras. Com base no processo físico dominante pode ser de dois tipos principais: estuários dominados por marés, onde se formam os depósitos estuarinos propriamente ditos e onde a dinâmica da corrente fluvial predomina sobre a marinha e, conseqüentemente, sobre os processos deposicionais associados. meio ambiente Conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem. fenologia Estudo das relações entre os processos biológicos e o clima, como o que ocorre na brotação, frutificação e floração nas plantas. polinização Transporte do pólen liberado pelas anteras para o estigma do gineceu da mesma planta ou de outro indivíduo. Os tipos de polinização são: autopolinização e polinização cruzada. floração Denominação aplicada ao desabrochamento dos botões florais. manguezal Ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos sujeitos à ação das marés e localizados em áreas relativamente abrigadas, tais como baías, estuários e lagunas. São normalmente constituídos de vasas lodosas recentes, às quais se associam uns tipos particulares de flora e fauna. mesófita Planta que vive em locais que apresentam luz difusa e umidade média. perenifólia Planta ou comunidade vegetal em que o processo de queda de folhas se dá de forma paulatina, na mesma proporção do surgimento de folhas novas, nunca ficando totalmente desprovida de folhagem. restinga Massa arenosa, disposta paralelamente à costa, e que permanece elevada acima da maré mais alta.(barreira) viveiro florestal Denominação aplicada a uma determinada superfície do terreno que é destinada a produzir plantas sadias e vigorosas, para posterior utilização nas plantações. Pode ser provisório ou permanente. Glossário 53 BIBLIOGRAFIA ÁRVORES significativas de São Paulo. São Paulo: Secretária Municipal de São Paulo, 1985. 38 p. ECOSSISTEMAS Brasileiros, Edições Ibama. Org.: Moacir Bueno Arruda. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. 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MANUAL de Arborização. Companhia Energética de Minas Gerais. Belo Horizonte: CEMIG, 1996. 40 p. MORGADE, M. H. Guia de Arborização Companhia Energética de São Paulo. São Paulo: CESP, 33 p. OLIVEIRA, P.M.S. de, CASTELO BRANCO, A. Arborização do Município de São Paulo. In: CONGRESSO BRASILERO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3., Salvador (Ba), anais.1996, p. 177-183 PROJETO Pomar: O Maior Jardim da Cidade. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2001. 14 p. SILVA COSTA, J.A.; NUNES, T.S.; FERREIRA, A.P.L.; STRADMANN, M.T.S.; QUEIROZ, L.P. Leguminosas Forrageiras da Caatinga: espécies importantes para as comunidades rurais do sertão da Bahia. Universidade Estadual de Feira de Santana (Ba), SASOP, 2002, 112 p. TINÔCO, M.S. Reservas da biosfera do Brasil. Universidade Católica do Salvador, Salvador (Ba), 2002, 8 p. VOCÁBULARIO básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: IBGE, 2002, 300 p. YOUSSEF, M.P.B.; HARA, M.; RODRIGUES, R.M. Editora Scipione, 1997, 64p. Guia da Arborização Urbana 55 Esta obra, foi impressa pela Venture Gráfica e Editora, Salvador, Bahia, sobre papel Reciclato da Companhia Suzano, o primeiro papel industrialmente 100% reciclado com 25% de aparas de lixo e 75% de aparas brancas.