Texto complementar
Política, cultura e classe
na Revolução Francesa
Lynn Hunt
HISTÓRIA
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História
Assunto: Ideologia da Revolução Francesa
Política, cultura e classe na Revolução Francesa
Os revolucionários não apenas debateram as clássicas questões do governo, como as virtudes da monarquia comparadas às da república, ou da aristocracia comparadas às da democracia. Eles também agiram
baseados nessas questões, de maneiras inéditas e surpreendentes. No calor do debate e conflito político, a
própria concepção do “político” expandiu-se e mudou de forma. A estrutura da organização política mudou
sob o impacto da crescente participação e mobilização popular; a linguagem, o ritual e as organizações
políticas assumiram, todos, novas formas e significados. Como Rousseau profetizou, mas só poderia ter imaginado muito vagamente, o governo tornou-se um instrumento para moldar o povo. [...]
No fim da década revolucionária, os franceses (e os ocidentais, de modo mais geral) haviam aprendido
um novo repertório político: a ideologia aparecia como um conceito, e ideologias concorrentes desafiavam
a tradicional cosmologia europeia de ordem e harmonia; a propaganda associava-se a propósitos políticos,
os clubes jacobinos demonstravam o potencial dos partidos políticos de massa, e Napoleão, afirmando estar
acima dos partidos, estabelecia o primeiro Estado policial secular.
Os franceses não inventaram a política nem o conceito do político, mas, por razões ainda não plenamente compreendidas, conseguiram investi-los de extraordinário significado emocional e simbólico. Passo
a passo, às vezes apenas com uma vaga percepção do que estava acontecendo, os franceses fundaram uma
tradição revolucionária que perdura até nossos dias.
HUNT, Lynn. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 22-23.
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