Revolução Francesa A Revolução Francesa dura 10 anos (1789 - 1799) e termina com a ascensão de Napoleão ao poder, mas há controversas em relação a isso. Assim como na Revolução Inglesa, houve a derrubada do absolutismo. Mas, ao contrário da Inglesa, a revolução francesa não baniu o absolutismo para sempre, somente 100 anos depois que isso acontece. A revolução inglesa não teve uma ideologia forte, enquanto a francesa foi responsável pela expansão das ideias iluministas e se tornou um ícone global, levou a independência das Américas (menos EUA e Canadá). Como não há revolução sem crise, a Inglaterra teve uma crise política, enquanto a França teve crise em todos os níveis. Por causa disso, ela se encaixa em uma frase de Marx: “Para que haja revolução, todas as esferas têm que estar em crise”. Fatores preponderantes a Revolução Francesa: A) Crise do Antigo Regime: → Caduquice do Estado Absolutista: o Estado está velho,as vezes percebe a necessidade de mudança, mas não faz nada. Não há modernização. Além disso, a nobreza francesa é uma das mais antigas e tradicionais, possuíam várias relações de poder em toda Europa e não estavam interessados na mudança. → Crise da economia mercantilista: o mercantilismo francês era baseado na produção de artigos de luxo, que muitas vezes eram cortados do orçamento, e a tributação interna é muito grande. Isso mostra que a base da economia é instável e acaba entrando em crise no século 18. → Enorme déficit público → acelerado processo inflacionário → crise do feudalismo: Desde o século 14, o feudalismo francês estava em crise de produção, principalmente por causa dos fatores climáticos. → profunda e generalizada corrupção do Estado → abusivos gastos públicos com um corte fútil e alienada B) Crise social: por causa da crise política, surge a crise social. → crise da sociedade estamental: A sociedade estamental não permite que a mudança que a burguesia tanto quer aconteça. → crise da servidão → gigantesco desemprego urbano → aumento da fome, miséria, prostituição, do alcoolismo e da violência: gera uma crise de amoralidade na França, “quando seu filho passa fome, as pessoas fazem qualquer coisa”. C) Desastrosa política externa do Estado, o que faz aumentar os gastos públicos e portanto o déficit público D) Consolidação e propagação das ideias iluministas E) Graves problemas climáticos com destaque para a “Grande seca” de 1788 F) Fatores que aceleram o início da revolução: → convocação da Assembleia de notáveis (1787): ao ser avisado que a burguesia estava planejando uma mudança, o rei convoca o primeiro e o segundo estados para votar sobre uma lei que dizia que eles também deveriam pagar impostos. → reação aristocrática (1788): quando os nobres e o clero votaram negativamente para a aplicação da lei dos impostos. → convocação ao Parlamento: reabertura dos Estados Gerais (1788): a reabertura do parlamento, depois de 170 anos, indica perda de poder do rei. O parlamento incluía representantes dos três Estados, mas a divisão do número de cadeiras do parlamento era injusta, pois os três estados possuíam o mesmo número de cadeiras, apesar do terceiro estado representar uma parcela muito maior da população francesa (voto por cabeça =/= voto por estado). O primeiro e o segundo estados sempre iriam se unir para votar, representando a maior parte dos votos e ganhando da burguesia. Ao perceber isso, a burguesia faz a revolução estourar. Se o rei e a aristocracia tivessem aberto mão de alguns benefícios, a burguesia não teria causado a revolução. Fases da revolução francesa: A) 1ª fase: Assembleia nacional: A assembleia nacional foi formada a partir da assembleia nacional constituinte, ou seja, um grupo de burgueses que ficaram responsáveis por fazer a nova constituição. Essa fase da revolução foi marcada pela violência das camadas populares que acabou se espalhando por toda a França, inclusive para o campo, onde viviam cerca de 80% da população francesa em péssimas condições (por causa da grande seca, etc). A enorme violência no campo ficou conhecida como grande medo, que mostrou que a revolução chegou ao campo, ou seja, toda a França estava em processo de mudança, e o quão violenta foi a revolução. → foi mantida a monarquia, mas o absolutismo foi derrubado: se a monarquia fosse derrubada, haveria mais revolta dos primeiro e segundo estados. Então a burguesia, que tinha seguidores da republica (a alta burguesia), preferiu manter a monarquia e derrubar o absolutismo, já que o poder do rei era limitado pela constituição e pelo parlamento. → a França era uma monarquia constitucional, essa legalização do poder ficou estabelecida com a publicação da constituição de 1790 → foi publicada a constituição civil do clero, em que foram abolidos os privilégios desse grupo: o clero passa a ser tratado como qualquer parte da sociedade civil, inclusive parte das propriedades da Igreja foram tomadas. → foram abolidos os privilégios feudais, ou seja, o feudalismo finalmente chegava ao fim na França. Era derrubada também a sociedade estamental: assim como aconteceu com o clero, os privilégios dos nobres acabaram e parte de suas terras foram tomadas → Foi publicada a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão em 1790. Esse documento é considerado um dos mais importantes publicados na história do ocidente moderno: essa declaração garantia a população os direitos naturais. Quando a revolução começa, o antigo parlamento não serve para mais nada. A assembléia nacional que passaria a ter valor, mas como não houve eleições para escolher os membros, ela era ilegal. Logo, os burgueses forçaram o rei a convocar eleições. Mas antes que isso aconteça, o rei Luís 16 tenta fugir para a Áustria, que era uma aliada política, buscando ajuda para invadir a França e restabelecer o absolutismo. Antes mesmo de sair da França, o rei é preso e reconduzido ao poder e é forçado a convocar as eleições e declarar guerra á Áustria.Como a derrubada do absolutismo na França é um perigo para as outras nações absolutistas da Europa, a Áustria possui vários aliados, cada um de uma vez, para lutar contra a França. Isso só contribui para a zona em que a França se encontrava. Ao convocar as eleições, dois principais partidos participam: o girondino e o jacobino. O girondino era composto principalmente da alta burguesia e o jacobino da média e da baixa burguesia. Os girondinos acabam ganhando a eleição e formam uma assembleia que nomeia a segunda fase da revolução: Convenção Nacional. A mudança de nome da assembleia indica que algo mudou politicamente, foi declarada a república. O presidente era Robespierre e esse período ficou conhecido como fase do terror, por causa da violência e repressão do líder, apesar de ser conhecido como um governo aparentemente popular, já que Robespierre foi o único a tomar medidas populares da época. O paradoxo fica por conta da guilhotina, 80% dos guilhotinados nesse período eram do povão, que também matou o rei e a rainha. Propõe uma nova constituição que determina o voto universal, acaba com a escravidão nas colônias, estabelece o sistema métrico decimal (consegue garantir a quantidade e o preço dos produtos). Acaba se tornando um governo isolado: não tem apoio da nobreza, da alta burguesia, dentro do próprio partido e da população (acaba perdendo por que promete e não cumpre). Nesse cenário, a alta burguesia vê uma oportunidade, inflama as camadas populares, causando revoltas, Robespierre leva cada vez mais pessoas para a guilhotina, perdendo apoio popular e aumentando a possibilidade de golpe. Os girondinos fazem a Revolução Termidoriana e tomam o poder, dando fim a segunda fase. A segunda fase da revolução foi muito instável por ter sido curta, mas com muitas trocas de poder. Durante esse período também foi permitida a publicidade, ou seja, a assembleia é aberta ao público. O grupo mais radical que acompanhava as sessões era chamado de montanheses. A terceira fase é chamada de diretório, por causa da forma de governo que os girondinos adotaram. O diretório é composto por 5 girondinos que comandam a França e representam o poder executivo. Duas assembleias foram formadas: o conselho dos anciões e o conselho dos 500. O conselho dos anciões eram os juízes que representavam o poder judiciário, enquanto o conselho dos 500 eram os deputados que formaram o poder legislativo. Apesar da tripartição do poder, não há eleição nem publicidade, ou seja, o governo continua sendo ditatorial e não tem oposição (lembrando que a oposição ajuda a fiscalizar o governo). A terceira fase foi caracterizada pela corrupção e pela miséria (falta de medidas populares). A nova constituição publicada por eles volta com o voto censitário. A revolução francesa tomava rumos que a burguesia não estava disposta a avalizar, ou seja, a burguesia não queria que a revolução fosse para o lado popular. Durante o período do diretório ocorreram algumas reações realistas, que buscavam a volta da realeza, que foram facilmente reprimidas, já que a nobreza estava fraca. Os jacobinos planejaram um golpe de Estado, para que durante o novo governo pudesse tomar medidas populares, chamado conspiração dos iguais. Mas alguém os delatou e o movimento foi abortado. Os girondinos ficam com medo, ainda mais a facção ultraconservadora do partido, que quer os pobres bem longe do poder. O líder Graco Babeuf acha que o governo deve ficar mais rígido e promove um golpe do grupo de girondinos que estão no poder (conservadores). Napoleão tinha naquela época fama de invencível, por isso o chamaram para liderar o golpe. Como Napoleão era jacobino, os girondinos acreditavam que o poder iria corromper Napoleão e que ele governaria de acordo com os interesses girondinos. Napoleão aceita, da o golpe de Estado e toma o poder no que ficou conhecido como 18 de Brumario de 1799. (Fim oficial da Revolução Francesa). O principal instrumento utilizado pela burguesia para conter o avanço popular foram os golpes de Estado, por que todos eles excluíram a população, mostrando que foi uma clássica revolução burguesa → só querem a população para lutar e depois só atendem os interesses da burguesia rica. Governo de Napoleão Bonaparte (1799 - 1814/1815) Napoleão sobe ao poder com a Revolução Francesa, que foi de caráter liberal. Napoleão tinha para seu governo um projeto expansionista. Conquistou a Polônia e a Espanha, o que propagou as ideias liberais. Com medo, surgem guerras de outros países europeus contra a França, que só acabam quando Napoleão cai. As elites apoiavam Napoleão em suas guerras, pois ganhavam com isso. Internamente, Napoleão foi um grande militar, incentivou a Revolução Industrial e, principalmente, a indústria da guerra. Esse desenvolvimento industrial interno sustentou o projeto expansionista. Durante o governo de Napoleão, tanto as elites quanto as camadas populares estavam satisfeitas. Quando a alta burguesia percebe a necessidade de parar com as guerras e Napoleão não para, eles vão retirando o apoio. Quando percebe isso, Napoleão busca o apoio das camadas populares com obras publicas, gerando emprego (podem pagar impostos), e reforma agrária. Com isso, Napoleão é adorado pelas camadas populares. Tudo que Napoleão fazia era de acordo com a lei, para mascarar o caráter ditatorial de seu governo. Durante seu governo cria mais de 12 códigos, mas nenhum deles é sobre o trabalhador, ou seja, se tomou medidas populares foi por necessidade. O bloqueio continental foi a medida que proporcionou a maior expansão francesa.O bloqueio continental impedia que os países aliados a França tivessem alguma relação comercial ou diplomática com a Inglaterra, com o objetivo de que a França passasse a suprir o que a Inglaterra fornecia, ou seja, a França queria o mercado inglês. O que não acontece, já que a revolução industrial francesa era muito recente, gerando uma crise de abastecimento na Europa. Além disso, a Inglaterra consegue furar o bloqueio continental por meio de Portugal e do Brasil. Isso faz com que os países comecem a se unir clandestinamente contra Napoleão. Ele começa a sofrer pressão, cai e é preso. Napoleão consegue articular sua volta ao poder com um golpe de Estado, consegue e sobe ao poder para governar por mais 100 dias. Quando cai de novo, ele é degredado e não passa a representar mais uma ameaça para a Europa. Com a queda definitiva de Napoleão é preciso reestruturar o mapa Europeu. [Esquema da Rosana] 1. Apesar de Napoleão Bonaparte ter subido ao poder a partir de um golpe de Estado, em 1799, seu governo, sempre autoritário, só se tornou ditatorial a partir do restabelecimento da Monarquia, em 1804. Foi na fase da monarquia que ocorreram as principais realizações do governo napoleônico. 2. Principais realizações externas do período: a. Manutenção das guerras externas b. Política expansionista com destaque ao bloqueio continental, publicado em 1806. 3. Realizações internas: . Realização da reforma agrária a. Estabelecimento de um amplo conjunto de obras públicas b. Criação do Banco da França e o estabelecimento de uma nova moeda: o franco c. Inicio da Revolução Industrial priorizando a “Indústria da guerra” d. Política de geração de empregos 4. Observação: com a queda de Napoleão, reuniu-se o Congresso de Viena Congresso de Viena (1814/1815) O congresso de Viena foi convocado pela Áustria, que foi o primeiro pais a lutar contra a França. Todos os países que foram prejudicados pela França e a própria França participaram do congresso. O esperado era que a França indenizasse, devolvesse território, fosse invadida e dividida. Naquela época, a França não tinha rei, então o primeiro ministro. Ele propôs que a França devolvesse os territórios e indenizar SE não fosse invadidos ou colocados sob intervenção. Ele conseguiu convencer os outros líderes e a integridade francesa foi mantida. O princípio da legitimidade determinava que todos os países só ficariam com o que lhe eram legítimo, ou seja, só teriam os territórios que possuíam antes de serem invadidos pela França. O princípio de restauração determina que os tronos seriam devolvidos a quem eles pertenciam antes da invasão de Napoleão. Ou seja, há a restauração de uma antiga monarquia absolutista, o que nos mostra que o congresso foi uma reação conservadora. Mas o congresso foi de desiguais, pois havia países prósperos e países falidos. Por causa disso, os ricos de impõem aos pobres e tomam para si alguns territórios, com a desculpa de manter o equilíbrio na Europa, resguardando os outros países de ameaças como Napoleão. A Áustria toma a Hungria formando o Império Austro húngaro. Essas mudanças de fronteiras causam problemas e 100 anos depois é um dos fatores para a primeira guerra mundial. Depois do congresso de Viena, os governantes começam a espalhar o nacionalismo para que a população lute, tanto os países que perderam território quanto os que ganharam. Isso ficou conhecido como o processo de nacionalismo de Estado que propagou os símbolos do país, como a bandeira e o hino. E surgem movimentos de nacionalismo de minorias, como dos húngaros na Áustria, já que eles geralmente não possuem os mesmos direitos das maiorias. Nos países em que a burguesia já pretendia tomar o poder, o congresso de Viena faz com que eles se recolham no começo, principalmente por causa da Santa Aliança. [Esquema da Rosana] 1. Política expansionista de Napoleão Bonaparte contribuiu ao avanço significativo de ideias e governos de base liberal. Nesse sentido, com a queda de Napoleão, ocorreu o Congresso de Viena, que, reunindo países prejudicados pela política Francesa, pretendeu restabelecer as antigas fronteiras europeias. 2. Princípios elaborados pelo congresso: a. Principio da Legitimidade: proposta pela França e visava garantir fronteiras e territórios. Junto a ele, reconduziu antigos monarcas ao poder. Esses dois princípios combinados garantiram o estabelecimento do Antigo Regime. O congresso de Viena foi, portanto, de natureza conservadora. b. Principio do equilíbrio das nações: com a desculpa de garantir a ordem, a paz e o equilíbrio entre os países, e evitar outras políticas como a de Napoleão, as potências que participaram do congresso impuseram seus interesses e alteraram fronteiras. Não se preocuparam com os prejuízos causados nem, tão pouco, de minorias étnicas. Nesse sentido, no congresso de Viena encontramos o fator mais remoto a eclosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). 3. Observações: . Santa Aliança: conhecida como “o braço armado do congresso de Viena” foi a mais importante aliança militar daquele momento e tinha como maior objetivo frear o avanço de ideias e governos liberais. a. A Inglaterra fez um “jogo duplo”, pois apoiou o retorno do Antigo Regime na Europa, a fim de evitar a concorrência aos seus produtos industriais, mas ao mesmo tempo, financiou projetos emancipacionistas nas Américas, de caráter liberal, a fim de garantir o alargamento de mercados consumidores. Foi, portanto, conservadora no congresso e na Europa e liberal nas Américas. (Agiu de má fé).