W
Boletim
Estudos & Pesquisas
Número 14 – Novembro 2012
Expectativas do Mercado
E
m setembro de 2012, a taxa de desemprego nos Estados Unidos
recuou para 7,8% da população adulta. Apesar deste nível ainda
ser considerado elevado para os padrões norte-americanos,
trata-se do nível mais baixo desde janeiro de 2009, quando esse país
encontrava-se no auge da crise financeira internacional. Novos sinais
de recuperação foram identificados, em outubro, com a melhora das
contratações do setor privado, medido pela Pesquisa ADP, e do Índice
de Confiança do Consumidor, calculado pelo Conference Board. Tem
contribuído para esse resultado o pacote de estímulos monetários
lançado pelo governo norte-americano no último mês de setembro.
Por outro lado, a economia chinesa continua dando sinais de
desaquecimento. No terceiro trimestre de 2012, a economia daquele
país registrou taxa de crescimento do PIB de 7,4% a.a., a mais baixa
desde o primeiro trimestre de 2009 e o sétimo período consecutivo de
desaceleração da segunda maior economia do mundo.
IPCA-15 acumulado X Taxa Selic (% a.a.)
IPCA-15 X Taxa Selic (% a.a.)
IPCA-15(% acumuladoTx
IPCA-15
12Selic
meses)
10,00
10,00
9,00
9,00
8,00
8,00
7,00
7,00
6,00
6,00
5,00
5,00
4,00
4,00
3,00
Taxa juros (Selic – % a.a.)
8,50
8,50
7,50
8,00
5,05
5,00
5,24
5,00
maio
jun.
jun.
jul.
6,50
6,50
5,24
5,37
7,50
7,50
5,37
5,31
7,25
7,50
5,56
5,31
jul.
ago.
set.
ago.
set.
5,50
5,50
4,50
4,50
out.
Fontes: Bacen e IBGE
ProduçãoFísica
FísicaIndustrial
Industrial
Produção
(mêscontra
contra
mês
anterior)
(mês
mês
anterior)
Na Zona do Euro, os 17 países que compõem o bloco voltaram a registrar
novo recorde na taxa de desemprego, chegando a 11,6% da população
adulta. Os destaques negativos continuam sendo a Espanha, com taxa de
desemprego de 25,8%, e Portugal, com 15,7%.
No Brasil, a produção industrial apresentou em setembro queda de
1% após três meses de expansão. A queda ocorreu em 16 dos 25 subsetores monitorados pelo IBGE, sendo liderada pelo setor de “máquinas e
equipamentos” (queda de 4,8%). Este costuma ser o setor mais sensível
aos momentos de enfraquecimento da economia. Em outubro, a inflação
acumulada em 12 meses (IPCA-15) subiu para 5,56% a.a., e com o intuito
de minorar os efeitos da crise internacional na economia brasileira, a taxa
de juros básica da economia (taxa Selic) foi reduzida para 7,25% a.a.
8,50
8,00
1,7% 1,5%
0,6%
0,2%
-0,7%
-0,9%
.
mai./12
-0,3%
0,3% 0,5%
-0,8%
jun./12
-1,0%
jul./12
ago./12
set./12
Fonte: IBGE
A mediana das expectativas de analistas do mercado financeiro em relação à variação do PIB brasileiro em 2012 foi ajustada para 1,54% ao
ano. Já a expectativa para a inflação (IPCA) é de que feche o ano em 5,44%, com tendência de queda nos anos seguintes. A taxa básica
de juros (Selic), por sua vez, deve fechar o ano em 7,25%, o menor nível da história, elevando-se em 2013 e 2014, enquanto a taxa de
câmbio tende a se manter estável, oscilando próximo de R$ 2,00 por dólar.
Quadro – Expectativas do Mercado
Unidade de Medida
2012
2013
2014
2015
2016
PIB
% a.a. no ano
1,54
4,00
4,00
3,94
3,73
IPCA
% a.a. no ano
5,44
5,40
5,40
5,00
5,00
Taxa SELIC
% a.a. em dez.
7,25
7,63
9,00
8,75
8,50
R$/US$ em dez.
2,02
2,01
2,00
2,02
2,05
Taxa de Câmbio
Fonte: Banco Central, Boletim Focus, consulta em 5/12/2012
Confira os últimos estudos/pesquisas da UGE:
• Índice de Confiança das MPE no Brasil
• As MPE na Exportação Brasileira de 1998 a 2011
Acesse os outros estudos e pesquisas lançados em outubro/2012 pelo site: http://www.sebrae.com.br/estudos-e-pesquisas
Boletim Estudos & Pesquisas, UGE, Sebrae
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Notícias Setoriais
Comércio Varejista
O
Comércio Varejista, em agosto, registrou elevação de 0,2% no volume de vendas (terceira taxa positiva consecutiva) e de 1,0% na receita nominal
(crescente desde fevereiro) em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. As atividades que mais se destacaram no volume de vendas foram: Veículos
e motos, partes e peças (+7,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (+5,3%) e Material de construção (+3,4%). No ano,
o volume de vendas e a receita nominal acumulam alta de 9,0% e 12,0%, respectivamente, puxadas pelas atividades de “Equip. e mat. para escritório, informática
e comunicação” (+15,6% no volume de vendas) e “Hiper, supermercados, prod. alimentícios, bebidas e fumo” (+15,4% na receita). A expectativa é de continuidade
de crescimento das vendas do varejo neste e nos próximos anos.
Produção industrial (em %)
set-2012/ago-2012
jan a set-2012/jan a set-2011
Têxtil
Vestuário e acessórios
A
Têxtil e Vestuário
produção física da indústria Têxtil retraiu-se 7,7% em setembro sobre o mês anterior
(com ajuste sazonal) e acumula queda de 5,1% no ano, frente a igual período de
2011. A produção de Vestuário e acessórios também registrou queda (de 12,0%),
de agosto para setembro, e acumula retração de 11,2%, de janeiro a setembro deste ano,
em relação ao mesmo período de 2011. As exportações de Vestuário e seus acessórios
acumularam queda de 16,5% de janeiro a setembro deste ano sobre igual período de 2011,
-5,1%
enquanto as importações apresentaram alta de 27,5% no mesmo comparativo. A expectativa
-7,7%
-12,0% -11,2%
Fonte:Fonte:
IBGEIBGE
é de que a produção volte a crescer nos próximos meses, como reflexo das medidas contidas
no Plano Brasil Maior (desoneração da folha de pagamento etc.), queda das taxas de juros e
o câmbio mais desvalorizado.
Calçados
E
m setembro, a produção brasileira de calçados e artigos de couro registrou retração de
9,9% sobre agosto. No ano, acumula queda de 5,1% em relação ao mesmo período de
2011. As exportações de calçados, de janeiro a setembro, também diminuíram (15,7%,
em US$), enquanto as importações aumentaram 19,8% no mesmo período. Apesar disso, a
balança comercial acumulou superávit de US$ 490 milhões. Os Estados Unidos continuam sendo
o principal destino das exportações (18,8% do total), seguidos pela Argentina (11,5%). O valor
médio por par caiu de US$ 12,07 para US$ 8,47, de set/2011 para set/2012, o que representou
queda de 30,0%. As medidas de incentivo à economia, anunciadas pelo governo, e o câmbio
desvalorizado devem proporcionar maior competitividade às empresas brasileiras no final deste
ano e em 2013.
Destino
das exportações
calçados
Exportações
de calçados
por estado
(jan-set 2012)
(participação %)
Reino Chile; 3,5%
Unido;
Outros 5,8%
3,7% BA 5,7%
Bolívia;
PB 6,3%
4,0%
Paraguai;
4,1%
SP 9,4%
França;
6,7%
Argentina;
11,5%
Outros
países;
47,7%
RS 46,2%
CE 26,6%
EUA; 18,8%
Fontes: Abicalçados e Secex
Móveis
O
setor mobiliário também computou queda na produção em setembro ante o mês anterior (-13,5%), mas, no ano, acumula alta de 1,23%, em
relação a igual período de 2011. A balança comercial, por sua vez, acumula déficit de US$ 13,8 milhões neste ano até setembro. Entretanto,
as perspectivas para as empresas do setor continuam positivas, tendo em vista a inclusão do setor no Plano Brasil Maior, que passará a pagar
imposto de apenas 1% sobre o faturamento em vez de recolher a contribuição patronal do INSS, de 20% sobre a folha de pagamento. Com isso, espera-se
recuperação da produção no final do ano e nos anos seguintes.
Turismo
Indicadores do turismo
crescimento % (acum. jan-set-12/jan-set-11)
3,8%
Desembarques internacionais
8,4%
Desembarques domésticos
Receita cambial turística
europeus, não obstante os importantes eventos programados para os próximos anos, como a Copa
5,0%
Fonte: Ministério Turismo
Fonte: Ministério do Turismo
Boletim Estudos & Pesquisas, UGE, Sebrae
(0,9%) nesse mesmo comparativo. Os desembarques domésticos acumularam alta de
8,4%, e os desembarques internacionais, de 3,8%. O Plano Nacional de Turismo prevê aumento
bilhões. Essa previsão, contudo, poderá ser comprometida em função da crise que assola países
3,2%
0,0%
com alta de 3,2% sobre igual período de 2011, com as depesas também crescendo
de 47,5% na receita gerada pelo turismo internacional até 2015, quando deverá atingir US$ 10
0,9%
Despesa cambial turística
A
receita cambial turística no Brasil, de janeiro a setembro deste ano, totalizou US$ 5 bilhões,
das Confederações (2013) e a Copa do Mundo (2014).
e-mail para contato: [email protected]
Artigo do Mês
Paulo Jorge de P. Fonseca1
Importância das MPE na geração de
empregos em anos de crise
É inquestionável a relevância das micro e pequenas empresas (MPE) no desenvolvimento econômico do
país. E isso se deve não apenas ao fato de que representam 99% do total das empresas aqui instaladas. A expressiva
participação das MPE no total (estoque) de empregos, superior a 50%, também merece destaque e ganha uma
conotação toda especial, quando constatamos que, em períodos de baixo crescimento econômico (crise), são elas
que sustentam a criação de novos empregos no país.
Confrontando os dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), referentes à geração de emprego,
com a taxa de crescimento do PIB (IBGE), no período 2000 a 2010, podemos constatar que, de fato, nos anos
em que o PIB registrou baixas taxas de crescimento (2001, 2002, 2003 e 2009), as MPE registraram aumento de
emprego em percentuais maiores que os das Médias e Grandes Empresas (MGE). Ou seja, enquanto nesses anos o
total de empregos existentes nas MGE se expandiu em 0,0%, 4,1%, 2,6% e 4,2%, nas MPE a expansão foi de 4,7%,
5,6%, 3,2% e 4,6%, respectivamente, superando as MGE nesse quesito.
Taxa geração de empregos pelas MPE x MGE x PIB
Assim, pelos dados
Taxa geração de empregos pelas MPE x MGE x PIB
PIB
MPE
MGE
12,0%
da RAIS, podemos, de fato,
PIB
MPE
MGE
11,3%
12,0%
10,3%
9,9%
constatar que, em períodos de
11,3%
10,0%
10,3%
9,9%
8,6%
10,0%
baixo crescimento (ou retração
8,1%
8,1% 8,6%
8,1%
7,2%
8,0%
7,1%
do PIB), as MPE contratam
7,2%
8,1%
8,0%
7,1%
5,2%
5,5%
5,2% 6,6%
5,6%
6,0%
mais que proporcionalmente
5,5%
4,6%
4,8%
5,6%
6,0%
4,7%
6,6% 4,6%
4,8%
4,7%
4,1%
às MGE. No entanto, essa
3,2%
4,1%
4,0%
3,2%
7,5%
4,0%
4,2%
7,5%
6,1%
4,2%
situação se inverte nos anos
5,7%
6,1% 5,2%
5,7%
5,2%
2,6%
4,0%
2,0%
2,6%
4,0%
2,0%
3,2%
3,2%
de crescimento acelerado da
2,7%
2,7%
1,3%
1,1%
1,3%
1,1%
0,0%
0,0%
economia. E isso pode ser
0,0%
0,0%
-0,3%
-0,3%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
explicado, basicamente, por
-2,0%
-2,0%
Fonte: Anuário do trabalho nas MPE 2010-2011
dois fatores: baixa participação
das MPE no total das exportações (0,9%) e baixo nível de investimentos desse nicho de empresas, considerando
que a maioria delas é pouco intensiva em tecnologia e capital. Como em períodos de crescimento acelerado as
exportações e os investimentos assumem o papel de motor do crescimento, as MGE passam a ser os principais
atores desse processo.
Já em anos de crise, o que se observa é o contrário: as exportações tendem a se retrair, o mesmo
acontecendo com os investimentos. Como essas duas variáveis (exportações e investimentos) estão fortemente
associadas às MGE e têm grande influência sobre o PIB, essas empresas acabam por contratar menos pessoas, ou
até demitem mais do que contratam. Já as MPE, mais dependentes do mercado interno, continuam a contratar, para
atender à demanda interna, principalmente em setores como o de Serviços. Dados do IBGE mostram que, em 2001
e 2009, por exemplo, apesar da crise, o PIB do setor de Serviços, em que há grande concentração de MPE, registrou
crescimentos de 1,9% e 2,1%, respectivamente, enquanto o da Indústria computou variações negativas de 0,6% e
5,6%. Obviamente, não pretendemos aqui esgotar o assunto, mas a intenção é a de destacar mais um importante
papel dos pequenos negócios: o caráter anticíclico, em momentos de crise econômica, desempenhando a função de
um “colchão social”.
1
Analista da UGE do Sebrae NA
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e-mail para contato: [email protected]
Pequenos negócios no Brasil
Evolução dos optantes pelo Simples Nacional
(em milhões)
6,9
5,8
4,5
3,3
3,7
3,25
3,9
ME + EPP
Total
2,5
1,9
0,8
0,05
dez./09
Fonte: Receita Federal
Fonte:
MEI
4,4
dez./10
dez./11
out./12
Receita Federal
Concentração por setor
Concentração por região
Construção
civil 5%
Nordeste
19%
Indústria
15%
Norte
5%
Sudeste
49%
Centro-Oeste
8%
Comércio
49%
Serviços
31%
Sul
19%
Fonte: Receita Federal (ago./12)
Fonte: Receita Federal (ago./12)
Estatísticas das MPE
Referência
Participação %
Fonte
No número de empresas exportadoras
Participação das MPE na economia
2010
61,5%
FUNCEX
No valor das exportações
2011
0,9%
FUNCEX
Na massa de salários das empresas
2010
40%
RAIS
No total de empregados com carteira
2010
52%
RAIS
No total de empresas privadas
2010
99%
RAIS
Referência
Total
Fonte
Informações sobre as MPE
Quantidade de Produtores Rurais
2010
5,4 milhões
IBGE/Sebrae
Potenciais Empresários c/ negócio
2009
12 milhões
PNAD
Empregados com carteira assinada nas MPE
2010
14.710 mil
RAIS
Renda média mensal dos empreg. c/ carteira MPE
2010
R$ 1.099
RAIS
Massa de salários paga pelas MPE
2010
R$ 16,1 bi
RAIS
Número de MPE exportadoras
2011
11.525
FUNCEX
Valor total das exportações das MPE (US$ bi FOB)
2011
US$ 2,2 bi
FUNCEX
Valor médio exportado por MPE (US$ mil FOB)
2011
US$ 192,8 mil
FUNCEX
Microempreendedor Individual (MEI): Receita bruta anual de até R$ 60 mil.
Microempresa (ME): Receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360 mil, excluídos os MEI.
Empresa de Pequeno Porte (EPP): Receita bruta anual maior que R$ 360 mil e menor que R$ 3,6 milhões.
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