UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM DO TRABALHO CLÉCIA DE CARVALHO FABIANO INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA SAÚDE DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SALVADOR-BA 2011 1 CLÉCIA DE CARVALHO FABIANO INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA SAÚDE DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco/ Atualiza Associação Cultural como requisito parcial para obtenção do título de ESPECIALISTA em Enfermagem do Trabalho, sob orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo. SALVADOR-BA 2011 2 Dedico esse trabalho aos meus queridos pais, principalmente pelo esforço incondicional na educação de seus filhos. 3 AGRADECIMENTO Agradeço especialmente a todos os Agentes Comunitários de Saúde, principalmente àqueles com quem tive o privilégio do contato diário, onde pude perceber quão importante é o seu trabalho nas comunidades em que atuam e para a Saúde Pública como um todo e quão árduo é o seu dia a dia, enfrentando e superando as inúmeras adversidades inerentes a sua profissão, muitas vezes intensificadas por deficiências nas ações voltadas a saúde do trabalhador. Agradeço ainda a todos os colegas de trabalho e as comunidades onde tive a oportunidade de atuar e me envolver cada vez mais com a Saúde Pública, onde a Saúde do Trabalhador está intimamente ligada, seja através das condições laborais dos trabalhadores de saúde, seja por meio das formas de trabalho específicas de cada população, sendo influenciada pelas condições socioeconômicas, culturais ou ambientais. 4 “Defensores e trabalhadores do SUS: O difícil ofício de existir contradição daquilo criticamos enquanto desconhecido). e que trabalhar na acreditamos e vivemos.” (autor 5 RESUMO O surgimento, ampliação e qualificação da Atenção Básica no Brasil através da Estratégia Saúde da Família é uma política prioritária para o Ministério da Saúde consolidar o Sistema Único de Saúde no Brasil (KLUTHCOVSKY, 2007). Nesse contexto surge o Agente Comunitário de Saúde, atuando como elo entre as necessidades de saúde das pessoas e o que pode ser feito para a melhoria das condições de vida da comunidade (LEVY, 2004). Esse trabalho aborda as implicações da atividade profissional na saúde de Agentes Comunitários de Saúde. Tem como objetivo analisar a influência do exercício profissional na saúde de Agentes Comunitários de Saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória e bibliográfica. Os resultados da pesquisa nos mostram que ser Agente Comunitário de Saúde é enfrentar desafios, desafios esses que tem o potencial de gerar conflitos e consequentemente, riscos a saúde, física e/ou mental dessa categoria, necessitando, portanto, de uma política eficaz na área da Saúde do Trabalhador a fim de minimizar os riscos, proporcionando melhores condições de trabalho para uma classe tão importante no processo de aperfeiçoamento das condições de saúde das comunidades e consequentemente, da qualidade de vida do povo brasileiro. Palavras-chave: Saúde, Agente Comunitário de Saúde, Saúde do Trabalhador, Atenção Básica, Programa de Saúde da Família, Programa de Agentes Comunitários de Saúde, Qualidade de Vida. 6 ABSTRACT The rise, expansion and upgrading of primary care in Brazil through the Family Health Strategy is a policy priority for the Ministry of Health to consolidate the Health System in Brazil (KLUTHCOVSKY, 2007). In this context arises the Community Health Agent, acting as liaison between the health needs of people and what can be done to improve the living conditions of the community (Levy, 2004). This paper discusses the implications of professional activity on the health of Community Health Agents It aims to analyze the influence of exercise training on the health of Community Health Agents This is a qualitative, exploratory research and literature. The survey results show us to be Community Health Agent is facing challenges, these challenges that has the potential to generate conflict and hence the health risks, physical or mental that category, requiring therefore an effective policy in the area Health Workers in order to minimize risk, providing better working conditions for a class so important in the process of improving the health of the communities and hence the quality of life of Brazilians. Keywords: Health, Community Health Agents, Occupational Health, Primary Care, Family Health Program, Program for Community Health Agents, Quality of Life. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 08 2 REVISÃO DA LITERATURA 12 2.1 EXERCÍCIO PROFISSIONAL 12 2.1.1 Processo de Trabalho no SUS e o Direito do Trabalhador 12 2.2 14 SAÚDE 2.2.1 Saúde, Trabalho e Qualidade de Vida 14 2.2.2 Saúde do Trabalhador 17 2.3 21 AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE 2.3.1 Atenção Básica 21 2.3.2 Programa de agentes Comunitários de Saúde 23 2.3.3 Programa Saúde da Família 24 2.3.4 Trabalho do Agente Comunitário de Saúde 26 2.4 INFLUÊNCIA DO TRABALHO NA SAÚDE DO ACS 32 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS 40 8 1 INTRODUÇÃO O processo de trabalho influencia diretamente o cotidiano das pessoas. As relações inter-pessoais, as responsabilidades e obrigações específicas de cada profissão entre outros fatores, interfere de maneira direta na saúde do ser humano, podendo se tornar fatores de risco ou proteção à saúde dos trabalhadores. Para Martines e Chaves (2007,p.426) [...] o trabalho nunca é neutro em relação a saúde e favorece, seja a doença, seja a saúde, exercendo, desta forma, influências também favoráveis a realização e satisfação, inserindo o homem em um mundo relacional, de trocas, de desenvolvimento de uma inter e intrasubjetividades sadias, de reconhecimento e valorização social. A saúde, segundo o artigo 196 da constituição federal de 1988, é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Nesse contexto, a saúde do trabalhador está incluída no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1988). A Atenção Básica, de acordo com a Portaria 648, de 28 de março de 2006, caracterizase por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações e está incorporada como um dos compromissos sanitários do Pacto pela Vida, segundo a Portaria 399, de 22 de fevereiro de 2006 (BRASIL, 2007). 9 Nesse contexto, surge a importância do Agente Comunitário de Saúde (ACS), que ainda segundo a Portaria 648 é de fundamental importância nas ações da Atenção através do Programa de Saúde da Família, por ser um elo entre a equipe de saúde e a comunidade em que atuam (BRASIL, 2007). A lei nº. 10.507, de 10 de julho de 2002, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 11 de julho de 2002 e revogada pela medida provisória 297/2006, publicada no DOU em 13 de junho de 2006, define a profissão de Agente Comunitário de Saúde (ACS) como atividade diretamente vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como supervisor o gestor local de saúde e desempenhando função de prevenção de doenças e promoção da saúde dos indivíduos e da coletividade através de ações domiciliares ou comunitárias (BRASIL, 2002). Por ser o ACS a ligação entre a comunidade e os demais profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF), devido às atribuições características da profissão, e por residir na área onde atua profissionalmente, dele é exigido resolutividade em diversos aspectos, não só por parte dos colegas de trabalho, como da própria comunidade e do gestor local. Diante disso percebe-se um conflito que ultrapassa o limite do ser profissional influenciando consideravelmente a sua vida particular. Justificativa O interesse pelo tema surgiu devido ao trabalho cotidiano com a Saúde Pública, atuando como enfermeira tanto na gestão da Atenção Básica como na assistência, trabalhando diretamente e percebendo a importância dos ACS que são ou possuem o potencial para serem verdadeiros agentes de transformação das comunidades em que vivem e trabalham. Por perceber que o ACS ao trabalhar na área em que habita e por possuir determinadas funções específicas da profissão, sofre influência direta e constante em sua saúde. 10 Problema Qual a influência do exercício profissional na saúde do Agente Comunitário de Saúde? Objetivo Analisar a influência do exercício profissional na saúde de Agentes Comunitários de Saúde. Metodologia O trabalho científico caracteriza-se por pesquisar e transcrever as questões metodológicas abrangidas. A pesquisa consiste em um trabalho elaborado metodologicamente secundário a um problema, objetivando solucioná-lo dentro da ótica científica (SALOMON, 2001). A pesquisa será abordada através do método qualitativo que, segundo Oliveira (1997) não pretende a numeração ou medição de classes homogêneas, chegando a verdade e a razão por meio do entendimento da relação entre a causa e o efeito com a intenção de abordar circunstâncias complexas ou singulares. Será realizado um estudo exploratório sobre a influência do trabalho como ACS na saúde desses profissionais. Triviños (1987) afirma que através desse tipo de estudo o pesquisador tem a possibilidade de ampliar a experiência em relação a um problema por meio do contato com uma população, obtendo com isso os elementos necessários para alcançar os objetivos almejados. Trata-se de uma pesquisa de procedimento bibliográfico. 11 Este trabalho possui quatro momentos. No primeiro momento comento sobre o exercício profissional através do processo de trabalho no SUS e o direito do trabalhador. No segundo momento falo sobre o conceito de saúde, sua relação com o trabalho e qualidade de vida, Saúde do Trabalhador e Saúde do Trabalhador no SUS. No terceiro momento abordo sobre os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), onde relato sobre a Atenção Básica, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) o Programa de Saúde da Família e o trabalho do Agente Comunitário de Saúde. No quarto momento abordo sobre a influência do trabalho na saúde do ACS. 12 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 EXERCÍCIO PROFISSIONAL 2.1.1 Processo de trabalho no SUS e o direito do trabalhador O mais importante instrumento de eficácia jurídica para a Saúde do Trabalhador foi a Constituição Federal de 1988, onde, no seu artigo 196, atribui a saúde como direito de todos e dever do Estado e no artigo 200 reforça que ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete executar ações de vigilância sanitária, epidemiológica, assim como as de saúde do trabalhador e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (BAHIA, 2002). A Lei 8.080/90, de 19 de novembro de 1990, normatiza a inserção da Saúde do Trabalhador como campo de atuação do SUS incluindo assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de doença profissional ou do trabalho; a responsabilidade na fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, produtos, máquinas e equipamentos que apresentem risco a Saúde do Trabalhador, entre outras atribuições (BRASIL, 1990). A Lei 8.142/90 de 28 de dezembro de 1990 relata que para receberem os recursos para cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados, os Municípios, Estados e Distrito Federal precisam implantar Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) (BRASIL, 1990). 13 A importância do papel do setor saúde na vigilância à Saúde do Trabalhador e, sobretudo na vigilância dos ambientes de trabalho é inquestionável. Algumas experiências de vigilância de ambiente de trabalho e identificação de agravos à saúde na população de trabalhadores ocorreram dentro do setor saúde antes da Constituição Federal de 1988, principalmente por meio de centros de referencia em Saúde do Trabalhador, mas a partir deste marco que as secretarias estaduais e municipais assumiram essa função (FERNANDES; NOBRE, 2002). Ainda segundo esses autores, na construção da prática da vigilância de ambientes e processos de trabalho, considerando já definida a legalidade dessas ações, conforme a Constituição, permanece o desafio da consolidação das ações e sua legitimação perante os atores sociais envolvidos, assim como a efetiva descentralização dessas ações aos municípios. Pelo falo da área de saúde do trabalhador apresentar interfaces explicitas com outras áreas, como promotoria pública, trabalho, previdência, meio ambiente, agricultura, entre outras, o exercício da intersetorialidade tem sido muito difícil. Contribuem para isso as demandas diferenciadas, as discrepâncias de objetivos, a deficiência de planejamento das instituições, a execução de ações pontuais, a aplicação de métodos e técnicas diversificadas, o não acompanhamento e avaliação dos resultados (NOBRE, 1999). 14 2.2 SAÚDE A atual definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) que caracteriza a saúde como situação de perfeito bem-estar físico, mental e social vem sendo discutida, uma vez que é considerada como uma perfeição inatingível, atentando-se as próprias características da existência humana (SEGRE; FERRAZ, 1997). O ser humano vive de forma dinâmica e o processo saúde-doença faz parte de seu cotidiano, relacionando-se com diversos fatores como família, círculo de amizades, atividade profissional, nível social e educacional, lazer, dentre outros. O processo saúde doença se configura, portanto, com um processo dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas, socioculturais, psicológicas, econômicas, ambientais, políticas, podendo identificar uma complexa inter-relação no que se refere a saúde doença de um ser humano, de um grupo social ou de sociedades (CRUZ, 2009). 2.2.1 Saúde, Trabalho e Qualidade de Vida. A Qualidade de vida era estudada, a priori, por cientistas sociais, filósofos e políticos e enfatizada através de aspectos materiais. No decorrer dos anos, esse conceito vem sendo ampliado e incorporado o desenvolvimento socioeconômico e humano, que são aspectos objetivos, assim como a percepção individual das pessoas em relação as suas vidas, valorizando, com isso, a percepção de cada um por meio de aspectos subjetivos (KLUTHCOVSKY, 2007). Para Fracoli e Bertolozzi (2001, p. 04) 15 As condições de saúde dos trabalhadores se produzem no local de trabalho, no âmbito do consumo familiar no domicílio em que residem, na sua vida organizativa e cultural, entre outras. Em cada um desses espaços ocorrem fatos que possivelmente sejam destrutivos para o funcionamento de seu corpo biopsíquico. Em todos esses locais também pode haver fatos que sejam benéficos para a saúde. Para a Organização Mundial de Saúde, Qualidade de Vida é: A percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. O trabalho, assim como moradia, alimentação, educação, constitui algumas das necessidades básicas do ser humano, sendo fundamental para a construção de uma vida com qualidade. Assim, uma pessoa que não se sente realizado no trabalho poderá ter dificuldades e pouco provavelmente terá uma vida com qualidade ou aceitável (NAHAS, 2001). Para Sato (2002) a forma como o trabalho é organizado, seu cotidiano, as relações interpessoais, a relação entre os profissionais e o tempo, espaço e recursos disponíveis podem ser consideravelmente danosos à saúde. Martines e Chaves (2007) consideram que o processo de trabalho não oferece neutralidade em relação à saúde, favorecendo a doença ou a saúde, podendo exercer influências também favoráveis a realização e satisfação, inserindo o ser humano em um mundo de relações, de trocas, de desenvolvimentos de uma inter e intra-subjetividades sadias, de reconhecimento e valorização social. Afirma também que as causas dos sofrimentos psíquicos devem ser buscadas nas atividades humanas geradoras de significado, e uma delas é o trabalho. 16 O dilema entre a procura do prazer no trabalho e os constrangimentos que os profissionais sofrem devido ao sistema imposto, independente de sua vontade, causando-lhe frustrações que se manifestam de maneira psicossomática (MINAYOGOMES, THEDIM-COSTA, 1997). Segundo Tomasi e colaboradores (2007), um dos aspectos menos estudados na avaliação da qualidade da atenção em Saúde Pública, diz respeito aos cuidadores, ou seja, os profissionais que são responsáveis pelo atendimento direto dos usuários de serviços de saúde. Acredita-se que esses profissionais constituem um grupo de trabalhadores cujo processo de trabalho é bastante peculiar, onde interagem habilidades técnicas e relações interpessoais, além de compromisso implícito, e para muitos, desconhecido, com o entender coletivo do processo saúde-doença, recaindo sobre eles, grandes e crescentes responsabilidades. O trabalho, quando nocivo, pode ser tanto à saúde física, quanto à saúde mental, neste último, refere-se principalmente ao dilema entre a procura de prazer e reconhecimento e os constrangimentos externos expostos, independente de suas vontades, pelas situações de trabalho. As doenças ocupacionais são percebidas, via de regra, em estágios mais avançados, sendo difícil o(s) agente(s) causador(es), principalmente tratando-se de doenças psicossomáticas. A rotatividade de mão de obra é um dos fatores agravantes para a identificação de tais patologias (MINAYO-GOMES, THEDIMCOSTA, 1997). A efetiva garantia do direito à saúde da população brasileira, entre eles, os trabalhadores de saúde, necessita de profissionais e gestores que tenham acesso à saberes e práticas que possibilitem a qualificação da atenção e da gestão do SUS em permanentes processos de aprendizagem (OLIVEIRA, 2009). 17 2.2.2 Saúde do Trabalhador A Saúde do Trabalhador tem início com a Medicina do Trabalho através do advento da Revolução Industrial e da necessidade da medicina de fábrica, na Inglaterra, em que o médico, no interior das unidades, representava simultaneamente, a tentativa de identificar processos danosos à saúde e uma visão do empresário para reabilitar o trabalhador, com o objetivo de reinseri-lo à linha de produção (SETA; REIS, 2009). De práticas inovadoras constituem a Saúde do Trabalhador, visando a integralidade da atenção a saúde através da assistência individual e coletiva, entre ações preventivas e curativas. Traz consigo a necessidade de participação e controle social por parte dos trabalhadores e instituições e é um reflexo da mobilização e luta dos trabalhadores pela saúde no trabalho (BAHIA, 2002). Para Mendes e Dias (1991) a Saúde do Trabalhador vem se destacando como um campo em construção no espaço da Saúde Pública, sendo definido como o processo saúde doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho. Dessa forma, a Saúde do Trabalhador rompe com a concepção hegemônica que estabelece um vínculo causal entre a doença e um agente específico, tentando superar o enfoque que situa sua determinação no campo social. De acordo com Minayo-Gomez e Thedim-Costa (1997) os modelos até então vigentes são limitados, mas possuem alicerces para o surgimento de uma nova forma de aprender a relação trabalho-saúde, de intervir nos ambientes de trabalho e consequentemente, de incorporar na Saúde Pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no âmbito das propostas da Reforma Sanitária Brasileira. Afirmam ainda que a concepção de Saúde do Trabalhador e a própria prática a ela inerente, orientam-se de forma predominante, para o trabalho industrial, tendo como 18 referencial um modelo que, em virtude das profundas transformações recentes também precisa ser repensado, assim como ampliado para os diversos setores, seja a nível público ou privado, entre eles, os que trabalham na saúde. A Saúde do Trabalhador tem hoje, como pilares comuns o reconhecimento do exercício de direitos fundamentais dos trabalhadores, entre eles, o direito à informação sobre a natureza dos riscos, medidas de controle adotadas, resultados de exames médicos e avaliações ambientais; o direito à recusa ao trabalho em condições de risco grave para a saúde ou a vida; o direito de serem consultados previamente antes de mudanças de tecnologia, métodos, processo e formas de organização do trabalho; e estabelecimentos de organismos de participação (MENDES; DIAS, 1991). A Vigilância a Saúde do trabalhador é de fundamental importância, uma vez que sua ação contínua e sistemática, do decorrer do tempo, tem a função de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores condicionantes e determinantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, tendo como finalidade, planejar, executar e avaliar intervenções a fim de eliminar ou minimizar os fatores de risco a saúde do trabalhador (BRASIL, 1998). A Saúde do Trabalhador é composta, portanto, de um conjunto vigilante de ações sanitárias, articulado com a vigilância em saúde, de forma geral, devendo estar vinculada as ações da atenção básica, especializada e hospitalar, assim como as práticas de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, bem como as práticas de programas específicos como Programas de Agentes Comunitários de Saúde, Programa de Saúde da Família, entre outros. Deve também estar articulada com os demais setores externos à saúde, porém de seu interesse, como, por exemplo, Trabalho, Previdência Social, Meio Ambiente, Agricultura, Educação, Ministério Público, entre outros (BAHIA, 2002). 19 Na Saúde Pública, seja do nível municipal ao federal, é premente a necessidade de consolidar ações de saúde do trabalhador que abranjam da vigilância à assistência em seu sentido amplo (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). No campo da Saúde do Trabalhador é essencial saber ouvir antes de falar, dificuldade essa enfrentada pelos profissionais de saúde, uma vez que os que falam não são necessariamente “pacientes” e sim cidadãos ativos, capazes de planejar ou replanejar as suas vidas, seja no âmbito pessoal ou profissional (RIGOTTO, 2002). A prevenção de acidentes de trabalho e a melhoria dos índices de morbi-mortalidade são objetivos primordiais da promoção da Saúde dos Trabalhadores e devem estar contemplados nas propostas de vigilância em Saúde do Trabalhador. Os acidentes de trabalho são eventos que, em princípio, podem ser evitados com o controle dos ambientes e das condições de trabalho. Assim sendo, qualquer nível de ocorrência deveria ser considerado como prioritário para a prevenção (JACOBINA; NOBRE; CONCEIÇÃO, 2002). Assim sendo, é de fundamental importância a Educação em Saúde, sendo considerada uma oportunidade que se oferece aos trabalhadores de construir um campo de conhecimento partilhado, entre profissionais da saúde, usuários e comunidade, sobre as condições de vida e trabalho, saúde e doença. As práticas da Educação em Saúde valorizam a capacidade de interação, diálogo e troca, no sentido de ouvir o outro, reconhecer traços de sua cultura, o seu modo de dar significado à saúde e ao trabalho, traduzir suas demandas e propiciar espaços de reflexão sobre suas necessidades (OLIVEIRA, 2002). O subregistro dos casos de acidentes de trabalho limita o conhecimento em relação aos fatores de risco e elementos que determinam os acidentes de trabalho, como consequência, a definição de estratégias de prevenção, planejamento e 20 acompanhamento das ações tornam-se prejudicadas (JACOBINA; NOBRE; CONCEIÇÃO, 2002). A prática de Educação em Saúde do Trabalhador vem ganhando nova roupagem no que se refere as ações de controle e prevenção dos agravos relacionados ao trabalho. Essas atividades foram marcadas por modelos de comunicação e educação que desconheciam o trabalhador na sua dimensão sócio cultural, levando informações com juízo de valor, utilizando-se de estratégias de convencimento dos trabalhadores e normatização de práticas laborais a fim de leva-los a comportamentos seguros de forma manipulada e não consciente (OLIVEIRA, 2002). 21 2.3 AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE 2.3.1 Atenção Básica Nos últimos anos, o processo de construção e operacionalização do SUS, trata-se de um constante processo de negociação e reconstrução da proposta original. Milhares de portarias foram editadas pelo Ministério da Saúde, e novas leis foram aprovadas pelo Congresso Nacional. Cada contexto político e de gestão do governo permitiu avançar ou definir rumos mais consistentes para a reforma (BAPTISTA, 2009). A Constituição Federal de 1988 foi um marco histórico para o desenvolvimento da Atenção Básica no país. Antes da Constituição, o Brasil possuía dois modelos de saúde dicotomizados e independentes, o modelo hospitalar, voltado para ações curativas e o modelo sanitário, com estratégias de controle de doenças e fatores de riscos organizados em programas verticais e centralizados (OLIVEIRA, 2009). Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, e a progressiva descentralização de recursos para os municípios a partir de 1990, houve um favorecimento ao surgimento de iniciativas de caráter alternativo, que visam novos modelos de atenção, com foco na atenção primária (FAUSTO; MATTA, 2007). Nesse contexto, surge a Atenção Básica, que se baseia em um conjunto de ações de saúde, individuais e coletivas, que, através da atuação na promoção e proteção à saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. É desenvolvida por meio de trabalho em equipe, dirigido a populações adscritas em territórios bem delimitados, com o objetivo de resolver e/ou minimizar os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato inicial dos usuários com os sistemas de saúde. Tem como princípios a universalidade, 22 acessibilidade e coordenação do cuidado, vínculo e continuidade, integralidade, responsabilização, humanização, equidade e participação social (BRASIL, 2007). A Atenção Básica de um sistema de saúde compreende ações de saúde principalmente como um reflexo de determinado modelo de proteção social que reflete em um tipo de solidariedade, onde os cidadãos de um país estão dispostos a consolidar e que, por isso, o desempenho de um sistema de saúde reflete não apenas os recursos disponíveis, mas também os valores e as opções políticas frente às necessidades da população (OLIVEIRA, 2009). São fundamentos da Atenção Básica, possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, e em concordância com o princípio da equidade; desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita, garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado; valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do acompanhamento constante de sua formação e capacitação; estimular a participação popular e o controle social, entre outros (BRASIL, 2007). Segundo Martines e Chaves (2007), a Atenção Básica no Brasil presenciou historicamente a subordinação dos modelos que valorizam a doença e a intervenção médica individual, por meio de estruturas de organização técnica e administrativa praticamente isentas de discussões democratizadas que possam atender as reais necessidades de usuários e trabalhadores. Na perspectiva da criação de outra lógica de saúde, há uma importante transformação a que se propôs o Programa de Saúde da Família (PSF) no Brasil com o objetivo de reorganizar e qualificar a atenção primária, apontada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa de Saúde da Família (PSF) surgiram no contexto da Atenção Básica com o objetivo de concretizar as 23 referidas ações de saúde, a nível individual e/ou coletivo, a fim de melhorar a qualidade de vida da população (OLIVEIRA, 2009). Esses dois programas foram estratégicos para a ampliação e fortalecimento da Atenção Básica e iniciam na primeira metade da década de 1990: O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991 e o Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994. Surgiram como iniciativas focalizadas a fim de enfrentar altos índices de morbimortalidade infantis e de epidemias em algumas regiões do Brasil, assim como disponibilizaram recursos para que os municípios mais carentes pudessem iniciar algum processo de organização de seus sistemas e redes de saúde (FAUSTO; MATTA, 2007). Dentre os principais papéis da Atenção Básica na Vigilância à Saúde do Trabalhador pode ser citado o reconhecimento dos principais riscos à saúde dos trabalhadores em seu âmbito de atuação e região geográfica definida; a manutenção do cadastro e mapeamento das atividades econômicas e processos de trabalho existentes em seu território; o dimensionamento da população trabalhadora, segundo principais riscos à saúde, em seu território; notificação através dos sistemas de informações, os casos de acidentes relacionados ao trabalho, identificados e proceder a investigação epidemiológica dos agravos definidos como de investigação obrigatória, entre outros (CONCEIÇÃO; NOBRE, 2002). 2.3.2 Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) A criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em junho de 1991, pelo Ministério da Saúde (MS), tinha como objetivo, através de investimento na educação em saúde, servir de elo entre as necessidades de saúde das pessoas e ações necessárias para a melhoria das condições e consequentemente, da qualidade de vida dessas populações. (LEVY, 2004). 24 Através de convenio entre a Fundação Nacional de Saúde e as Secretarias de Estado de Saúde foi criado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), formado por no máximo trinta ACS e um enfermeiro para cada equipe, lotados em uma Unidade de Saúde da Família, entendido como uma estratégia de transição para o Programa Saúde da Família (PSF) (BRASIL, 2002). 2.3.3 Programa Saúde da Família (PSF) O ano de 1994 foi eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional da Família, neste mesmo período o Ministério da Saúde (MS) cria no Brasil o Programa de Saúde da Família (PSF), de acordo com as diretrizes previstas no SUS, sobretudo, tomando a família com eixo estrutural relacionando a fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença da população assistida (MARTINEZ; CHAVES, 2007). A Saúde da Família é a estratégia prioritária para a organização da Atenção Básica, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. São características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica, a definição do território de atuação das Unidades Básicas de Saúde (UBS); o desenvolvimento de ações focalizadas sobre os grupos de risco e fatores de risco comportamentais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a manutenção de doenças e danos evitáveis; a assistência básica integral e contínua; a implementação das diretrizes da Política Nacional de Humanização, incluindo o acolhimento; a realização de primeiro atendimento às urgências médicas e odontológicas; a participação das equipes no planejamento e na avaliação das ações; o desenvolvimento de ações intersetoriais, integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde (KLUTHCOVSKY, 2007). Com a pretensão de assistir o ser humano, inserido em seu meio social, surge o Programa Saúde da Família (PSF) realizando atividades principalmente de promoção e 25 prevenção à saúde individual e coletiva, através de uma demanda organizada sendo, portanto, a porta de entrada para o sistema público de saúde (BRASIL, 2002). A assistência no PSF está voltada para à experiência da família no decorrer do tempo, considerando sua história pregressa, atual e preocupando-se com o futuro dos componentes dessa família (ANGELO; BOUSSO, 2001). A prioridade em fortalecer a Estratégia Saúde da Família (ESF) como espaços de práticas integrais em saúde permitem que antigos modelos sejam superados, construindo-se alternativas de ação de maneira a promover a saúde, prevenir os riscos e recuperar a saúde de pessoas e de grupos populacionais a partir da realidade de cada região (BRASIL, 2007). O Ministério da Saúde criou o PSF como alternativa para minimizar os impactos negativos do modelo curativo de assistência à saúde, através do trabalho realizado na Atenção Básica pelas equipes de Saúde da Família (FRIEDRICH; PIERANTONI, 2006). A Estratégia Saúde da Família tem um papel central na garantia da integralidade da assistência, organizando a atenção de modo a incluir não apenas as ações e serviços que implicam sobre os efeitos dos problemas como doença, incapacidade e morte, mas principalmente atua sobre as causas como as condições de vida, trabalho e lazer (OLIVEIRA, 2009). Na atualidade, o PSF encontra-se em fase de expansão, tanto nos centros urbanos como nas comunidades rurais. Esse modelo vem sendo cada vez mais, implantados nos grandes centros urbanos e regiões metropolitanas, com os mesmos objetivos de intervenções básicas, ampliação de acesso e extensão da cobertura aos serviços de saúde, humanização, controle social, estabelecimentos de vínculos responsabilização entre equipe e comunidade (SILVA; DALMASO, 2002). e co- 26 São requisitos para a implantação das Equipes de Saúde da Família, a existência de equipe multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, sendo a média recomendada de 3.000 habitantes, com jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os seus integrantes e composta por, no mínimo, médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde; número de ACS suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, entre outros (BRASIL, 2007). São atribuições comuns a todos os profissionais no Programa de Saúde da Família, participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos, inclusive aqueles relativos ao trabalho; realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços comunitários; realizar ações de atenção integral conforme a necessidade de saúde da população local; garantir a integralidade da atenção por meio da realização de ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e curativas; garantir o atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas e de vigilância à saúde; realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de notificação compulsória; realizar a escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo; responsabilizarse pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços do sistema de saúde, entre outras (BRASIL, 2007). 2.3.4 Trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) A profissão do ACS surge no contexto de criação e aperfeiçoamento da Atenção Básica no Brasil sendo regularizada em 2002, com a Lei 10.501(LEVY, 2001). O ACS faz parte da própria população onde exerce suas atividades profissionais. Supõe-se que é quem 27 conhece as formas cotidianas de viver, de significar a vida e de se comportar das famílias locais (MARTINES; CHAVES, 2007). De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2007) são atribuições inerentes aos ACS, desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividade; trabalhar com adscrição de famílias em sua respectiva microárea; estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo ações educativas, visando à promoção a saúde e a prevenção das doenças, de acordo com o planejamento da equipe; cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados; orientar famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito daquelas em situação de risco; acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade, de acordo com as necessidades definidas pela equipe; e cumprir com as atribuições atualmente definidas para os ACS em relação à prevenção e ao controle da malária e da dengue. O papel do ACS está alicerçado em um tripé que constitui principalmente em identificar sinais e situações de risco, orientar as famílias e comunidade e encaminhar à equipe os casos e situações identificadas. A esse conjunto de atribuições deve se incorporar questões de cunho político e social, principalmente as ligadas a competência de promoção da saúde (TOMAZ, 2002). O ACS, na última década, representou um segmento efetivo do trabalho em saúde e se tornou um novo ator político, no contexto da assistência à saúde e de sua organização (SILVA; DAMALSO, 2002). 28 Para se trabalhar em PSF, é necessário conhecer a área de abrangência, a comunidade, seus costumes, como vivem e de que adoecem. Portanto é imprescindível que se realizem Visitas Domiciliares (VD) sendo este um instrumento de intervenção eficaz para o levantamento das características sociais. (TAKAHASHI; OLIVEIRA, 2001). Em relação ao perfil profissional do ACS ,espera-se que tenha bom relacionamento com a comunidade em que atua, saiba trabalhar questões relacionadas a preconceitos, sigilo e ética profissional, tenha facilidade de comunicação, que consiga se relacionar com a equipe interdisciplinar no processo de Vigilância á Saúde, capacidade de organizar-se, planejar e prioriza ações, de modo a realizar a cobertura sistemática da área através das Visitas Domiciliares e acompanhar os grupos de risco individuais e coletivos, notificando a equipe, mediante problemas identificados, assim como integrarse na realização do diagnóstico local para controle do perfil de morbimortalidade daquela região, entre outros (MARTINES; CHAVES, 2007). Os profissionais de saúde da Estratégia de Saúde da Família, principalmente os ACS por estarem em contato diário em suas respectivas comunidades, enfrentam dificuldades para lidar com a dinâmica familiar, com seus problemas, por tratarem de temas muito mais relacionados, na maioria das vezes, com as áreas de psicologia e assistência social. Trabalha-se, por vezes, com suposições ou empirismos, como se fosse possível e bastasse a própria experiência pessoal a orientar a prática cotidiana nessas áreas (MARSIGLIA, 2008). De acordo com Nunes e colaboradores (2002) a necessidade dos ACS viverem na própria comunidade onde trabalha se dá, principalmente, pelo fato de serem mais eficazes as ações de educação em saúde, uma vez que essas pessoas compartilham um mesmo contexto social, cultural assim como um mesmo universo linguístico, facilitando, com isso, a identificação de fatores responsáveis ou geradores de adoecimento das pessoas no bairro, do mesmo modo que facilita o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no âmbito da adesão as recomendações médicas. 29 De acordo com pesquisa realizada no município de Bauru, São Paulo, em junho de 2000, os ACS relataram que nas suas visitas domiciliares, realizam entres outros, trabalhos de prevenção, orientando pacientes hipertensos, diabéticos e gestantes, esclarecendo mães de menores de dois anos sobre desnutrição e imunização, priorizando os problemas de acordo com a necessidade de cada família. Fonte: Ministério da Saúde Segundo Levy (2004), a ligação entre o ACS e a comunidade é de extrema importância para o trabalho de vigilância epidemiológica e promoção de saúde, por ser também um elo cultural associando o saber científico e o popular, tornando mais próximo o entendimento dessa população, através do trabalho educativo e preventivo, não aguardando a instalação da doença para que ocorra a assistência em saúde. Em concordância, Silva e Dalmaso (2002) afirmam que, pelo fato dos ACS viverem nas próprias comunidades, se identificam nas características e anseios, assim como preenchem lacunas por serem conhecedores das necessidades dessa população. Referem ainda, que os ACS, em suas atuações, estão envolvidos em uma dimensão 30 técnica e uma política, que se complementam. A primeira está mais relacionada a assistência ao indivíduo e a família, intervindo através da prevenção de agravos ou monitoramento de grupos específicos, a segunda dimensão está mais próxima da inserção da saúde no contexto mais global, na organização e transformação da comunidade. Nunes e colaboradores (2002) consideram que por ser o ACS um profissional que convive, no dia a dia, no bairro onde mora e trabalha, e ser formado a partir de referências biomédicas, faz dele um ator que veicula as contradições e ao mesmo tempo, a possibilidade de um diálogo profundo entre esses dois saberes e práticas. Afirmam também que o ACS assume um papel de tradutor no meio em que vive, uma vez que, via de regra, é proveniente das classes populares, e passa a possuir um conhecimento técnico científico específico, com aspectos fortemente influenciados por práticas presentes em outra classe social. Para Fortes e Spinetti (2004), pelo falto do ACS ter maior proximidade com o usuário, por habitar o mesmo bairro e mais ainda, por frequentar constantemente a sua residência, é necessário que se estabeleçam laços de confiança onde haja sigilo em relação as informações pessoais sobre a saúde individual e familiar, garantindo a privacidade daqueles com quem o ACS se relaciona na comunidade. A Fundação Nacional de Saúde (BRASIL, 1991) fala com muita propriedade e clareza sobre o que é ser Agente Comunitário de Saúde: Os agentes são a mola propulsora para a consolidação do Sistema Único de Saúde, a organização das comunidades e a prática regionalizada e hierarquizada de assistência [...] Ser Agente de Saúde é ser povo, é ser comunidade, é viver dia a dia a vida daquela comunidade [...] É ser o elo de ligação entre as necessidades de saúde da população e o que pode ser feito para melhorar suas condições de vida. É 31 ser a ponte entre a população e os profissionais e serviços de saúde. O Agente Comunitário é o mensageiro de saúde da sua comunidade. Para Nunes e colaboradores (2002) o caráter híbrido do ACS o torna privilegiado na dinâmica de implantação e consolidação desse novo modelo assistencial, pois possui uma posição estratégica na ligação entre a comunidade e a equipe de saúde, servindo ora como facilitador, ora como empecilho nessa mediação. Ainda segundo a Fundação Nacional de Saúde (BRASIL, 1991) os ACS se sentem responsabilizados em contribuir para a melhoria, recuperação e democratização dos serviços públicos de saúde, tornando-os de boa qualidade. Além disso, consideram-se obrigados a lutar por outros fatores que também são decisivos para a saúde da população, como trabalho, salário justo, moradia, saneamento básico e controle social. 32 2.4 INFLUÊNCIA DO TRABALHO NA SAÚDE DO ACS O cotidiano dos ACS é envolvido por uma série de características peculiares a sua profissão, como o contato diário com as famílias adscritas e suas problemáticas, a frequente resistência da comunidade a mudanças em seus costumes, os conflitos e dificuldades de relacionamento com membros da comunidade ou com os membros da equipe, entre outros, podendo trazer tensões e prejuízos a sua saúde no decorrer de suas atividades. Precisam ainda, ter discernimento para filtrar e informar aos demais componentes da equipe, apenas as informações relevantes para realização de ações que possam proporcionar a melhoria de vida do indivíduo, família e /ou comunidade. (KLUTHCOVSKY, 2007). Fortes e Spinetti (2004) relatam que a garantia do sigilo profissional do ACS, o deixa muitas vezes em situações em que passam a ser portadores de segredos que podem resultar em risco à própria vida, pois dizem respeito, muitas vezes, a atos ilícitos ou moralmente reprováveis, causando, com isso, dilemas e conflitos pessoais. É de fundamental importância pesquisar a qualidade de vida dos ACS a fim de proporcionar políticas de saúde para essa categoria profissional que irá beneficiá-los, assim como melhorar a assistência às comunidades por eles assistidas (KLUTHCOVSKY, 2007). Segundo Nogueira e Ramos (2000), o grande dilema do trabalho do ACS é o fato de envolver uma dimensão técnica assistencial e outra solidária social, gerando potenciais conflitos, que podem ser evidenciados na dinâmica da prática cotidiana. Em concordância, Silva e Dalmaso (2002) afirmam que os Programas de Saúde da Família não conseguem sintetizar as dimensões técnica assistencial e solidária social e os ACS são colocados diariamente diante de contradições sociais, sendo uma tarefa 33 árdua, levando-os a fazer opções, de acordo com as exigências, as recompensas e suas referências. Martines e Chaves (2007) relatam que há uma importante vulnerabilidade ao sofrimento, por parte dos ACS, condicionada principalmente pela própria prática profissional e pela diminuta expectativa na organização do trabalho uma vez que esse profissional depende de fatores externos, incluindo as limitações do modelo assistencial proposto pelo PSF. Afirmam ainda que diante das necessidades, as pessoas da comunidade buscam em primeiro lugar o ACS para reclamação, informação ou solução de um problema e dele esperam uma resposta, em uma relação de cobranças e exigências nem sempre harmoniosa, podendo causar sofrimento nesse profissional. Os ACS sentem-se orgulhosos por considerarem diferenciados os seus conhecimentos em relação ao restante da população, conferindo-lhes prestígio social, uma vez que o modelo biomédico ainda é considerado superior ao saber popular na hierarquia de saber da sociedade. Ao mesmo tempo, essa posição gera ansiedade quando o ACS compara o seu conhecimento com o de outros profissionais da equipe, causando-lhe uma insatisfação quanto à irregularidade ou insuficiência do processo de qualificação profissional que recebem (NUNES e colaboradores, 2002). Na atualidade, o conceito de risco traduz tanto a probabilidade de ocorrência de um evento danoso quanto se constitui em um termo não técnico, que inclui diversas medidas de probabilidade quanto a desfechos desfavoráveis (GUILAM; CASTIEL, 2006). De acordo com pesquisa realizada no município de Bauru, São Paulo, em junho de 2000, a comunidade percebe os riscos que os ACS estão expostos e reconhecem o seu trabalho, como relatado por esta moradora: 34 São anjos bons mesmo [...] Vêm nesse sol quente, andando para cima e para baixo, eu adotei eles, se depender de mim, eles não saem desse serviço. Os potenciais problemas psicológicos que os ACS estão expostos não são menos importantes do que aqueles de origem física. Um dos grandes conflitos enfrentados por essa categoria é a cobrança, por parte da comunidade, da equipe em que está inserida, e de outros setores dentro da secretaria municipal de saúde ou de outras secretarias como educação e ação social, de obrigações que não fazem parte de suas atribuições profissionais, causando desgaste nas relações interpessoais e/ou sobrecarga profissional. Segundo LEVY (2004), relatos mostram que famílias ficam insatisfeitas porque querem que os ACS assumam funções que são obrigações do próprio usuário, como marcar consultas nas Unidades de Saúde da Família (USF) como o desse morador: Algumas famílias reclamam para a gente, pois querem que nós marquemos consultas para elas na Unidade Básica de Saúde para elas poderem ficar dormindo até mais tarde e só irem para o posto na hora marcada, mas isso não é permitido, somente para pacientes idosos e acamados. De acordo com o artigo 2 da Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, a saúde é direito de todo ser humano, sendo o Estado responsável por prover condições fundamentais para seu exercício pleno. O inciso 2 do mesmo artigo ressalva, porém, que o dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade (BRASIL, 1990). Saber administrar o tempo, o excesso de tarefas, as críticas, a dificuldade em preservar o espaço familiar e o tempo de descanso, a desqualificação do seu trabalho e o cansaço físico causam nos ACS sentimentos de frustração, ansiedade, solidão, revolta e até certa inutilidade, como se todo o seu esforço tivesse sido em vão (MARTINES; CHAVES, 2007). 35 Segundo LEVY (2004), outro desafio encontrado pelos ACS é a desconfiança da comunidade, dificultando a construção de vínculo com as famílias, principalmente no início do processo de trabalho, causando inquietação dos profissionais. Segundo Nunes e colaboradores (2002), a família constitui um sujeito ativo no processo de cuidado em saúde, com representações e estratégias próprias, não podendo ser desconsideradas pelos profissionais de saúde. Afirmam, ainda, que o fortalecimento do vínculo do ACS com a família tem dupla finalidade que constitui em levar o serviço de saúde mais próximo do contexto domiciliar e fortalecer a capacidade da população no enfrentamento dos problemas de saúde, através da transmissão de informações e conhecimentos. Para Martines e Chaves (2007), existe um complexo dilema baseado principalmente na ambiguidade, no confronto com a realidade onde o ACS tenta equilibrar, em vão, diante da ideia primária de onipotência através do que dele é exigido, como qualidade, transformação, resultado, humanização, resolutividade, poder, doação, diante da comunidade onde atua e ao desconsiderar a viabilidade dos recursos necessários além dos seus próprios, repercutindo na sua saúde física e intrapsíquica. Em consonância Silva e Damalso (2002) afirmam que grande parte dos ACS considera seu trabalho gratificante, por sentir-se útil á população, principalmente as mais carentes, porém sua atuação acaba acarretando envolvimento pessoal e desgaste emocional. Tudo isso ocorre por que se espera do ACS uma atuação no contexto social, tanto na participação popular, como na abordagem de problemas que não envolvem apenas aspectos da saúde biológica, como os casos de violência. O ACS queixa-se de ansiedade no convívio com a comunidade e com a equipe, principalmente ao se sentir pressionado por ambos. De acordo com Tomaz (2002), não se pode delegar ao ACS o árduo e complexo papel de ser a mola propulsora da consolidação do SUS, pois esta depende de um conjunto 36 de fatores técnicos, políticos, sociais e o envolvimento de diferentes atores, incluindo os próprios ACS, e não somente eles. Na realidade o ACS precisa incorporar-se de fato a o sistema de saúde, devendo participar das diferentes ações, na dimensão técnicoassistencial ou político-social. Afirma ainda que devido a uma falta de clareza nas atribuições do ACS, seu papel vem sendo distorcido, sobrecarregando, muitas vezes, seu trabalho. Toda ação a ser desenvolvida nas famílias e na comunidade ao ACS é atribuída, o que lhe causa, além do cansaço, frustração, por não saber seu real papel e por se sentir usado para alcançar objetivos diversos, das variadas secretarias existentes no poder municipal. 37 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo mostra a importância do papel do ACS no contexto da Atenção Básica e da Saúde Pública no Brasil, sendo sujeito ativo na melhoria da qualidade de vida da população. Relata ainda as adversidades enfrentadas no decorrer de suas atividades profissionais, interferindo de forma direta no seu processo saúde doença e consequentemente, em sua qualidade de vida. Segundo Silva e Dalmaso (2002), no trabalho do ACS, ao analisar as ações e as interações, há uma série de situações na área da saúde em que ainda não foi desenvolvido um saber sistematizado, nem instrumentos adequados de trabalho e gerência, que compreendam desde a abordagem da família, o contato com situações precárias de vida que determinam as condições de saúde, até o posicionamento frente às desigualdades sociais e a busca da cidadania. De acordo com Martines e Chaves (2007), os modos de produção que envolve o exercício profissional do ACS ainda faz parte de um processo muito novo, incipiente; uma configuração inovadora a todos os agentes institucionais, políticos e comunitários envolvidos de forma direta ou indireta no cuidado cotidiano da vida comunitária. Com a experiência do convívio diário, percebo q pouco ainda se fez de concreto em relação a minimização de riscos enfrentados pelos ACS no seu cotidiano, como o sol ardente que precisam se submeter na carga horária de 8 horas diárias, sendo deficientes os instrumentos de proteção, como protetor solar, blusas de mangas compridas ou sombreiros. Grande parte dos ACS, principalmente de zona rural, precisa percorrer quilômetros para chegar às famílias que habitam locais mais distantes, e a grande maioria não possui bicicletas oferecidas pelas autoridades governamentais, para facilitar o seu deslocamento e consequentemente o acesso a essas localidades. 38 Não é realidade nos serviços de saúde à nível municipal, contexto em que o ACS está inserido, a oferta de programas voltados para o apoio psicológico desses profissionais, aumentando com isso, o risco de doenças relacionadas à saúde mental (LEVY, 2004). Para o Ministério da Saúde, a qualificação profissional através da educação permanente, é de fundamental importância na contribuição da consolidação da política Nacional de Saúde e consequente diminuição de fatores de risco para a saúde da população (KLUTHCOVSKY, 2007). Percebo também que a literatura e a pesquisa ainda são incipientes em relação aos desafios e conflitos enfrentados pelos ACS, com grande potencial de repercutir intensamente em sua saúde física e mental. Com a propriedade de quem trabalha diariamente, percebe e se preocupa com as características de trabalho dos ACS, potencializadas por condições adversas, intensificadas por deficiências nas ações voltadas a Saúde do Trabalhador, expresso a minha inquietação e indago: Será que não está na hora de se ampliar as políticas de saúde mais direcionadas para os trabalhadores de saúde, de maneira geral, e dos Agentes Comunitários de Saúde, especificamente? As leis e normas relacionadas à regulamentação da profissão dos ACS ainda deixam lacunas em relação às obrigações dos governantes em oferecer condições favoráveis para o bom andamento do trabalho dessa categoria. Os próprios ACS, que são agentes de transformação da realidade de milhares de pessoas, precisam se articular e lutar por condições de trabalho mais ideais, elevando a qualidade de sua saúde física e mental o que irá refletir na melhoria da assistência prestada aos usuários do SUS, no campo da Atenção Básica. 39 Percebemos, portanto, que a realidade vivenciada por profissionais de saúde, especificamente os ACS, encontra-se por vezes, negligenciada pelo próprio sistema de saúde, onde condições adversas de trabalho faz com que estes se submetam constantemente a situações estressantes, sentindo-se desamparados e com restrições no cuidado da sua própria saúde física e mental para, a partir de então, serem capazes de realizar um trabalho que busque assistência eficaz e consequentemente influenciar na melhoria da qualidade de vida da comunidade onde atua. As autoridades governamentais, seja a nível local, estadual ou federal, precisam refletir e buscar implementar ações básicas e de grande resolutividade para a dinamização do exercício profissional dos ACS. Finalmente, cabe salientar que é de fundamental importância um olhar especial para os ACS, uma categoria profissional tão importante na prevenção, promoção e cura de comunidades diversas e adversas, nesse país de amplitude continental e com características regionais peculiares, seja social, geografia, política ou econômica, a fim de melhorar a qualidade de vida de toda a nação, inclusive daqueles co-responsáveis pela saúde de seu povo. 40 REFERÊNCIAS ANGELO, M; BOUSSO, R. S. Fundamentos de Assistência à Família em Saúde. In: Manual de Enfermagem: Programa Saúde da Família, DF, 2001. BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde. Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador. 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