UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS VI SEMINÁRIO DE PESQUISA DE PROFESSORES E VII JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNUCSEH 07 E 08 DE NOVEMBRO DE 2011 QUESTÕES AMBIENTAIS NA REVISTA A INFORMAÇÃO GOYANA1 Maria de Fátima Oliveira2 [email protected] O estudo e catalogação da Revista A Informação Goyana, editada no Rio de Janeiro na primeira metade do século XX, mais precisamente entre os anos de 1917 e 1935, nos permitiu pontuar os diversos assuntos que eram abordados pela revista, o modo como esses assuntos eram tratados e, assim, perceber a visão que era passada sobre diversos temas referentes ao Brasil Central e, especificamente, o Estado de Goiás, por meio desse importante veículo de informação. Sob a direção de Henrique Silva e Americano do Brasil, o principal objetivo da Revista era o de divulgar as riquezas de Goiás, torná-las conhecidas no âmbito nacional e incentivar investimentos na região. Esse meio de comunicação impresso que cobriu quase 20 anos de informações sobre a extensa região é um documento significativo para a compreensão da História de Goiás e do Brasil no referido período. O problema de pesquisa proposto para esta comunicação foi o de uma investigação sobre como as questões ambientais foram abordadas na Revista A Informação Goyana, tendo como referencial teórico as pesquisas que envolvem o trabalho com este tipo de fonte (a imprensa), e a historiografia da época. A metodologia de pesquisa consistiu na leitura de todos os números da Revista; catalogação dos assuntos mais recorrentes; elaboração de quadros com resumos sobre esses assuntos e análise e interpretação dos dados coletados. No contexto nacional, o período de publicação da Revista, abrange parte da chamada República Velha e a Revolução de 1930. Após o auge da mineração, Goiás não encontrou uma saída econômica que substituísse a riqueza fácil da extração aurífera do século XVIII, o conhecido século do ouro. Tal período (pode-se dizer, todo o século XIX) foi estigmatizado como o “século da decadência”, por viajantes estrangeiros, escritores locais e até mesmo por historiadores. No advento do século XX até o final de suas três primeiras décadas, a situação de Goiás, segundo Luis Palacin e Maria Augusta Moraes, não se modificara substancialmente, pois “Continuava sendo um Estado isolado, pouco povoado, quase integralmente rural, com uma economia de subsistência” (PALACIN; MORAES, 1989, p. 90). 1 Esta comunicação é parte dos resultados do Projeto de Pesquisa “Quando o Sertão chegou ao Mar (1917/1935): Goiás sob a ótica da Revista A Informação Goyana”, que conta com os seguintes boslsitas: Bruno Gonçalves dos Santos (PIBIC/UEG), Tais de Oliveira Ferreira (PIBIC/CNPQ) e Rosenilda Rodrigues da Silva (PVIC/UEG). 2 Professora do Curso de História da UnUCSEH - UEG. Doutora em História. http://www.unucseh.ueg.br/anais/index.htm (ISSN 2175-2605) 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS VI SEMINÁRIO DE PESQUISA DE PROFESSORES E VII JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNUCSEH 07 E 08 DE NOVEMBRO DE 2011 É nesse contexto que é fundada a Revista A Informação Goyana. São diversos os assuntos abordados, e mereceram especial destaque na pesquisa os seguintes temas: a imprensa, a problemática dos rios e da navegação, os meios de transportes, a educação, as riquezas naturais, as questões indígenas, os valores e exportações, as intrigas pela definição dos limites de Goiás, a transferência da capital federal, a construção de Goiânia, e também as questões ambientais. Nesta comunicação, pretendemos mostrar que, nesse período da História de Goiás, já é possível perceber na Revista A Informação Goyana, certa preocupação voltada para as questões ambientais, embora de modo sutil. Além dos constantes artigos que exaltam a exuberância da flora e fauna goiana, havia também muitas retificações de equívocos cometidos por cientistas que não conheciam a região e escreviam sobre ela, bem como alertas para problemas como a pesca predatória, os desmatamentos e as queimadas. Em 1924, a questão da necessidade de elaboração de um código florestal é abordada na revista. Em uma conferência no ano de 1924, Americano do Brasil defende calorosamente a necessidade de uma política florestal. Segundo ele, a elaboração do Código Florestal seria o início da resolução do problema florestal e do abandono em que as matas se encontravam (SILVA; BRASIL, Ano VII/ Vol. VII/ n. 11, 1924). No ano seguinte, a Revista publica um artigo intitulado "A carestia de pescado na Capital de Goyaz", no qual relata a escassez de peixes no Rio Vermelho e no mercado da Cidade de Goiás. A explicação era a de que, esta escassez se devia, em parte, ao uso de dinamite nas águas do Rio Vermelho, que matava milhares de peixes sem proveito algum (SILVA; BRASIL, Ano VIII/ Vol. VIII/ n. 10, 1925). A preocupação com as queimadas e com o reflorestamento também é assunto na Revista. Em nota intitulada “Reflorestamento”, há um alerta para a necessidade de se fazer algo contra as derrubadas pelo machado e pelo fogo, que eram os grandes destruidores dos campos e matas de Goiás no período: “Apelamos, aqui, pelo governo, no sentido de coibir o exagero das derrubadas, das queimadas, bem como fazer executar o Código Florestal, criando mesmo, se possível, um departamento de reflorestamento do Estado (SILVA; BRASIL, Ano XVIII/ Vol. XVIII/ n. 12, 1934). Com a finalização da pesquisa, pretende-se aprofundar mais nestas questões, buscando analisar outras fontes da época para se obter uma visão mais completa e precisa sobre o tema. Referências LUCA, Tania Regina de. Fontes Impressas: História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi. (Org.) Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005 http://www.unucseh.ueg.br/anais/index.htm (ISSN 2175-2605) 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS VI SEMINÁRIO DE PESQUISA DE PROFESSORES E VII JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNUCSEH 07 E 08 DE NOVEMBRO DE 2011 PALACIN, Luis; MORAES Maria A. de S. História de Goiás (1722-1972). 5. ed. Goiânia: UCG, 1989. SILVA, Henrique; BRASIL, Americano do. Revista A Informação Goyana. 1917/1935. http://www.unucseh.ueg.br/anais/index.htm (ISSN 2175-2605) Rio de Janeiro, 3