PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Washington José Santos Alves O Impacto da Olimpíada de Matemática em Alunos da Escola Pública MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA São Paulo 2010 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Washington José Santos Alves O Impacto da Olimpíada de Matemática em Alunos da Escola Pública Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA, sob a orientação da Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva. São Paulo 2010 Banca Examinadora ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Assinatura: _______________________________________ Local e Data: ______________ Mestre Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro! Vida da origem da minha inspiração! Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida? Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada, Alma abstrata e visual até aos ossos, Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo, Refúgio das saudades de todos os deuses antigos, Espírito humano da terra materna, Flor acima do dilúvio da inteligência subjetiva... Mestre, meu mestre! Na angústia sensacionista de todos os dias sentidos, Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser, Eu, escravo de tudo como um pó de todos os ventos, Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim! Meu mestre e meu guia! A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou, Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente, Natural como um dia mostrando tudo, Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade. Meu coração não aprendeu nada. Meu coração não é nada, Meu coração está perdido. Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu. Que triste a grande hora alegre em que primeiro te ouvi! Depois tudo é cansaço neste mundo subjetivado, Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas, Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas, Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente. Depois, tenho sido como um mendigo deixado ao relento Pela indiferença de toda a vila. Depois, tenho sido como as ervas arrancadas, Deixadas aos molhos em alinhamentos sem sentido. Depois, tenho sido eu, sim eu, por minha desgraça, E eu, por minha desgraça, não sou eu nem outro nem ninguém. Depois, mas por que é que ensinaste a clareza da vista, Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver clara? Por que é que me chamaste para o alto dos montes Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar? Por que é que me deste a tua alma se eu não sabia que fazer dela Como quem está carregado de ouro num deserto, Ou canta com voz divina entre ruínas? Por que é que me acordaste para a sensação e a nova alma, Se eu não saberei sentir, se a minha alma é de sempre a minha? Prouvera ao Deus ignoto que eu ficasse sempre aquele Poeta decadente, estupidamente pretensioso, Que poderia ao menos vir a agradar, E não surgisse em mim a pavorosa ciência de ver. Para que me tornaste eu? Deixasses-me ser humano! Feliz o homem marçano Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada, Que tem a sua vida usual, Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio, Que dorme sono, Que come comida, Que bebe bebida, e por isso tem alegria. A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação. Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo. Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir. (Antologia Poética extraída do site: http://devaneiosaovento.blogspot.com/2007/10/mestre-meu-mestre-querido-fernando.html) In Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) AGRADECIMENTOS Ao meu pai José Alfredo Alves e minha mãe Elice Santos Alves que tanto lutaram para que eu e meus irmãos estudássemos. Aos meus irmãos (em especial ao Walfredo). Cada um, de sua maneira, incentivou para que eu concluísse o mestrado. A minha esposa Maria Ângela Sbarai Alves pela paciência e compreensão. Aos meus dois filhos Thiago e Rafael que me apoiaram em tempo integral. A minha orientadora Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva, que teve paciência nos momentos mais difíceis e pelo incentivo incondicional. A professora Doutora Marisa Dias por suas valiosas orientações e observações no meu trabalho. A professora Doutora Ana Lúcia Manrique pelo seu incentivo e suas orientações no meu trabalho. A todos os professores do Programa de Estudos Pós-Graduação em Educação Matemática da PUC-SP. Aos alunos da Escola Estadual Padre Tiago Alberione pela colaboração. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, pela concessão da bolsa de estudo. A todas as pessoas que, de alguma maneira, contribuíram para a realização desse trabalho. Aos colegas com os quais convivi durante o curso de Pós-Graduação. O Autor RESUMO Esta dissertação tem como objetivo investigar a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP, promovida pelo governo federal desde 2005. A OBMEP foi inserida no cenário da educação brasileira com a finalidade de promover estímulo ao estudo da Matemática pelos alunos e contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica das escolas municipais, estaduais e federais. Para compreender as análises propostas pela comissão organizadora da associação, fizemos uma pesquisa qualitativa com alunos da 3ª série do Ensino Médio de uma escola da rede pública localizada na cidade de São Paulo para verificar como a OBMEP pode estimular e promover o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas e quais possíveis contribuições que a avaliação pode exercer na Educação Básica do país. A análise dos dados revelou que há interesse dos alunos em adquirir novos conhecimentos e que estes não estão motivados para participar da OBMEP devido à falta de informação em torno da competição. Palavras-chave: Olimpíada de Matemática. OBMEP. Motivação. Estímulo. ABSTRACT This dissertation aims to investigate Brazilian Mathematical Olympiad Public Schools - OBMEP, sponsored by the federal government since 2005. The OBMEP was inserted into the scenario of Brazilian education in order to promote stimulus to the study of mathematics by students and contribute to improving the quality of basic education schools of local, state and federal. To understand the analysis proposed by the organizing committee of the association, we made a qualitative study with students from 3rd grade of high school, a public school located in São Paulo, to analyze how the OBMEP can stimulate and promote the study of mathematics among public school students and what possible contributions that evaluation can play in improving the quality of basic education in the country. Data analysis revealed that there is student interest in acquiring new knowledge and they are not motivated to participate in OBMEP due to lack of information about the competition. Keywords: Mathematical Olympiad. OBMEP. Motivation. Impulse. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 15 Problemática ........................................................................................................ 15 1.1 Revisão Bibliográfica ...................................................................................... 15 1.2 Justificativa ..................................................................................................... 23 1.3 Delimitação do Problema ............................................................................... 25 1.4 Procedimentos Metodológicos ....................................................................... 28 CAPÍTULO 2 ................................................................................................................. 31 Histórico das Olimpíadas ................................................................................... 31 2.1 Origem das Olimpíadas de Matemática ......................................................... 31 2.2 Olimpíadas de Matemática no Brasil ............................................................. 34 2.2.1 Olimpíadas de Matemática do Estado de São Paulo – OMESP .......... 34 2.2.2 Olimpíada Paulista de Matemática – OPM .......................................... 35 2.2.3 Olimpíada Brasileira de Matemática – OBM ........................................ 38 2.2.4 Olimpíada Brasileira de matemática das Escolas Públicas – OBMEP 43 2.3 Olimpíadas de Matemática Internacionais ..................................................... 49 2.3.1 Olimpíada Rioplatense de Matemática ................................................ 50 2.3.2 Olimpíada de Matemática do Cone Sul ............................................... 51 2.3.3 Olimpíada Iberoamericana de Matemática .......................................... 52 2.3.4 Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária ..................... 53 2.3.5 Olimpíada de Maio ............................................................................... 53 2.3.6 Olimpíada Internacional de Matemática ............................................... 55 2.3.7 Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários ....................................................................................... 57 CAPITULO 3 ................................................................................................................. 61 A Pesquisa ........................................................................................................... 61 3.1 Sujeito da Pesquisa ....................................................................................... 61 3.2 Descrição da Aplicação .................................................................................. 63 3.3 Analise do Questionário ................................................................................. 64 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 79 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 83 APÊNDICES ................................................................................................................. 87 Apêndice A: Carta ao Aluno .................................................................................. 87 Apêndice B: Questionário ..................................................................................... 88 Apêndice C: Carta a Comissão Organizadora da OBMEP ................................... 91 Apêndice D: Carta a Direção da Escola ................................................................ 92 INTRODUÇÃO O objetivo do trabalho é analisar o regulamento da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), compreender a participação e se existe motivação dos estudantes na avaliação, além de avaliar as ações da Comissão Organizadora da OBMEP para atingir metas na competição. Para tanto, fizemos uma pesquisa com estudantes de uma escola da rede pública, localizada na periferia da zona sul da cidade de São Paulo. Com a necessidade de esclarecer o objeto de pesquisa, faremos um relato sobre o universo que envolve a Olimpíada de Matemática, executada sob diversos formatos – Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíada Paulista de Matemática (OPM), Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e Olimpíadas Internacionais de Matemática. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – foco desta pesquisa – é uma promoção do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério da Educação (MEC), com realização do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). É um projeto no segmento do estudo de Matemática que foi instituída pelo governo federal em 2005 e realizada anualmente em duas fases distribuídas em três níveis por um número expressivo de escolas públicas do país. Segundo a associação, o objetivo é atingir todos os segmentos educacionais das escolas municipais, estaduais e federais, dirigido a todos os estudantes do Ensino Fundamental e Médio. Concorrem a prêmios os estudantes que alcançarem o maior número de pontos na segunda fase da edição da OBMEP, professores desses estudantes contemplados com a premiação, escolas e Secretaria de Educação. Algumas das 11 realizações da OBMEP envolvem a produção e distribuição de material didático, estágio aos Professores Premiados, um Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), para os estudantes contemplados, o Programa de Iniciação Científica – Mestrado (PICME), para os estudantes contemplados que estejam cursando graduação, a Preparação Especial para Competições Internacionais (PECI).1 O sucesso escolar dos estudantes em Olimpíadas de Matemática depende de estímulos que a OBMEP pode provocar no estudante por meio da sua premiação. Neste aspecto, concordamos com Lorenzato, (2006a, p. 1) quando destaca que o sucesso dos estudantes diante aos desafios matemáticos depende da relação estabelecida desde os primeiros dias escolares entre a Matemática e o aluno. Esta relação pode ser gerada com a intervenção do professor. Portanto, o papel que o professor desempenha é fundamental na aprendizagem e a metodologia de ensino por ele adotado é determinante para o comportamento dos estudantes. A sala de aula é um ambiente propício para discussões de conhecimentos e inovações dos saberes para o desenvolvimento de desafios matemáticos. Ao propor um desses desafios, o professor pode ficar surpreso ao deparar com resposta inimaginável realizada pelo estudante. Ao longo dos anos de magistério, o professor constata que os alunos apresentam inúmeras diferentes respostas, raciocínios, observações e soluções diante dos mesmos fatos, exercícios, problemas. Materiais didáticos ou indagações. [...] Ao tentar ensinar, inevitavelmente ele aprende com seus alunos (LORENZATO, 2006, p. 9). Para o estudante obter sucesso em um desafio matemático é necessário que tenha motivos para buscar soluções. Sendo assim, o desafio só se concretiza se os objetos e os motivos convergirem para um mesmo propósito (resolução), dando-se isso num contexto social determinado. Segundo Leontiev (2001), a existência e criação de uma atividade são decorrentes de uma necessidade pessoal. Contudo, segundo o autor, a necessidade não é compreendida como o motivo da atividade. “Uma vez que a necessidade encontra a sua determinação ____________ 1 Aprofundaremos mais adiante o histórico da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e as demais Olimpíadas. 12 no objeto (se ‘objetiva’ nele), o dito objeto torna-se motivo da atividade, aquilo que a estimula” (LEONTIEV, 2001, p. 68). Concordamos com Cedro (2008, p. 41) quando menciona que a atividade de aprendizagem faz com que os estudantes se apropriem dos conhecimentos, por meio da realização das ações de aprendizagem, que são dirigidas à resolução das tarefas de estudos. As necessidades e motivos da atividade, a fim de identificar e caracterizar as ações de aprendizagem e as tarefas de estudos. Para tanto é necessário que exista um mecanismo ou recurso que aguce curiosidades pessoais dos estudantes e os incentivem a realizar a avaliação. Os motivos somente se tornam geradores de sentido a partir do momento que eles coincidirem com o seu objetivo. Com a proposta de analisar a participação dos estudantes nas provas da OBMEP, focaremos nossa análise nas respostas oriundas dos questionários respondidos pelos protagonistas das Olimpíadas de Matemática. Empregamos em nossa pesquisa uma abordagem qualitativa com de 117 alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Tiago Alberione, localizada na periferia da cidade de São Paulo. Para coletar as informações utilizaremos um questionário com questões abertas e fechadas para elaborar um perfil do aluno pesquisado e entender se as respostas coletadas confrontam com os objetivos que estão propostos no regulamento da OBMEP. Logo, para mostrar as atividades indispensáveis para o desenvolvimento da pesquisa, nosso trabalho será dividido em três capítulos. No primeiro capítulo, serão analisados conceitos e referenciais teóricos que auxiliam na compreensão do fenômeno que norteia o caminho a ser seguido durante o processo investigativo de coleta de dados a respeito da Olimpíada de Matemática, ajudando a esclarecer ao próprio pesquisador os rumos do trabalho. O objetivo em reunir trabalhos diversificados é de ter a possibilidade de apontar possíveis questões que provocam uma investigação acadêmica relacionada aos estudantes e suas participações em competições escolares, como a Olimpíada de Matemática. As fontes, inicialmente consultadas e propagadas no estudo, servirão de referência para indicar como a questão será respondida pela pesquisa. 13 Para compreender o universo da pesquisa, faremos no segundo capítulo um histórico sobre Olimpíadas de Matemática, em que serão selecionados textos que esclareçam e influenciam no universo delimitado da Olimpíada de Matemática – com a intenção de visualizar cenários locais, regionais, federais e do exterior. São indicadas fontes e revisões sistemáticas de outras pesquisas, com objetivo de obter uma avaliação crítica do tema escolhido, além de analisar resultados anteriormente obtidos. O terceiro capítulo é dedicado ao processo de construção da metodologia utilizada no estudo e à descrição dos sujeitos de pesquisa, analisando as respostas coletadas. A etapa de análise das informações obtidas na pesquisa de campo é que definirá a construção de respostas às questões formuladas. Completando, apresentaremos nossas considerações finais procurando responder a questão que norteia nossa pesquisa, examinar nossas hipóteses, constatar se os nossos objetivos foram ou não atingidos. 14 CAPÍTULO 1 PROBLEMÁTICA Neste capítulo, apresentaremos trabalhos encontrados que contribuem para o tema de pesquisa, as nuances e justificativa pelo interesse na Olimpíada Brasileira de Matemática as Escolas Públicas – OBMEP, além de delimitar o problema que norteia o trabalho, com uma explicação minuciosa de toda ação desenvolvida no método do trabalho de pesquisa. 1.1 Revisão Bibliográfica Apesar da escassez de obras que abordem o tema Olimpíadas de Matemática, focalizaremos dissertações, artigos e documentos com resultados e considerações que possam contribuir com a nossa pesquisa. Também contemplamos alguns dos estudos correlatos extraídos do site de associações como Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e Olimpíada Paulista de Matemática (OPM) e algumas Olimpíadas de Matemática Internacionais. Fizemos uma busca em trabalhos correlatos com o objetivo de verificar, no que já foi produzido, o que se assemelha à proposta do projeto e também para listar o que pode ser reutilizado. Dentre estes trabalhos, destaca-se uma pesquisa realizada no contexto da disciplina de Método de Pesquisa de Nascimento e Oeiras (2006), um estudo de Sucupira (2008) sobre a participação do gênero feminino nas Olimpíadas de Matemática, uma pesquisa realizada com as 15 contribuições dos membros do Conselho de Administração do IMPA de Biondi, Vasconcelos e Menezes (2007) e dissertações de mestrados de Maciel (2008), Santander (2008) e Peraino (2007). Nascimento e Oeiras (2006) fizeram uma pesquisa qualitativa que consistia em questionário estruturado com nove perguntas que foi aplicado a três professores de Matemática de escolas de Ensino Fundamental e Médio da cidade de Belém, Pará. O objetivo principal do estudo foi definir, projetar e implementar um ambiente computacional que desse suporte a realização de competições escolares a distância. Definido como Olímpico, o recurso foi desenvolvido para dar suporte à realização de competições escolares semipresenciais via internet aos professores de diferentes áreas do conhecimento que buscavam utilizar o computador como uma ferramenta educacional que melhorasse a qualidade do ensino e da aprendizagem de diferentes disciplinas. O uso da tecnologia provoca o aproveitamento dos recursos da mídia, de manipulação de objetos e facilita a realização de competições escolares a distância e a otimização de recursos na sua organização. Na pesquisa, os autores conseguiram compreender as vantagens da realização de competições escolares, seus problemas e requisitos necessários para a realização de competições escolares por meio da Internet. As informações coletadas permitiram verificar que os professores consideram as competições escolares como boas estratégias para o ensino, pois durante a realização das competições os estudantes mostraram-se extremamente atenciosos e concentrados e se sentiram motivados até em estudar para as próximas Olimpíadas de Informática (OBI). Como forma de experimentar e verificar a problemática de realização de uma competição escolar e os seus benefícios os autores encontraram pouco interesse da instituição pela realização de implementar este ambiente computacional para a realização de competições escolares. No final da competição, os estudantes perguntavam entusiasmados quando haveria outra competição neste estilo e quando sairia o resultado e se teria uma premiação. Neste trabalho, podemos ressaltar que a proposta da utilização do ambiente computacional para a realização de competições escolares – como a 16 Olimpíada de Informática – podem ser incluídas em políticas públicas de inclusão digital, aproveitando o laboratório de informática ou a sala ambiente de escolas da rede pública. Sucupira (2008) fez uma pesquisa durante a Iniciação Científica e também produziu monografia de conclusão de curso de Ciências Sociais, cujo objetivo era identificar representações de gêneros que envolvem a presença de mulheres em uma área científica, a Matemática. Para tanto, a autora aponta dados sobre a premiação de meninas nas Olimpíadas de Matemática e sobre a observação nas capacitações das Olimpíadas Regionais de Matemática em Florianópolis em Santa Catarina. A pesquisadora fez um levantamento numérico de mulheres premiadas em Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíada Regional de Matemática (ORM) e Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), desde a primeira edição de cada Olimpíada até o ano de 2007 por meio de informações obtidas nas homepages das associações, que traziam o nome dos premiados por ano de competição. Desta forma, a autora classificou os nomes dos contemplados como menina ou menino e constatou que a média de 12%, 20% e 27% de meninas premiadas na OBM (1979), ORM (1996) e OBMEP (2005) respectivamente. Sucupira (2008) verificou também que a Olimpíada Regional de Matemática (ORM) em Santa Catarina, criada em 1998 e com o mesmo formato de aplicação de prova da OBM (exceto a terceira fase que não tem) e OBMEP, é uma competição anual dividida em níveis (1, 2 e 3) e fases (1ª e 2ª), sendo uma mesma prova para a OBM a ORM. A autora observou que, na OBM, a premiação de Medalhas para as meninas apresentou um acréscimo significativo a partir da década de 90, não ultrapassando a 20%, enquanto a premiação de Medalhas para as meninas na OBMEP apresentou um pouco mais de 20%, sendo que no nível 1 chega 30%, no nível 2 a 20% e diminui para 11% no nível 3. Durante as capacitações da ORM para o nível 1, Sucupira (2008) observou que algumas meninas foram aos treinamentos para estudar e não sabiam se participariam da Olimpíada de Matemática. No entanto, outras disseram que participariam da Olimpíada de Matemática para ganhar um ponto na média em Matemática. 17 O objetivo da pesquisa foi mostrar que o uso de competições – como as Olimpíadas de Matemática – pode trazer uma contribuição significativa para problematizar a habilidade em Matemática, muitas vezes embasada em testes de aptidão, como inata aos homens, o desempenho matemático de meninas e meninos pode estar vinculado mais a uma questão de gênero. Neste trabalho constamos que o desempenho na Olimpíada de Matemática não é somente para ethos masculino e sim para ambos os gêneros. A necessidade e motivo ficaram evidentes quando uma aluna relata o que o motivou a participar da Olimpíada de Matemática foi a atribuição de um ponto na média em Matemática. Conforme aponta Cedro (2008, p. 35) este ponto na média constitui o motivo eficiente. Biondi, Vasconcelos e Menezes (2007), realizaram uma pesquisa com estudantes do nono ano do Ensino Fundamental de Escolas Públicas da cidade de São Paulo com contribuições do Conselho de Administração do IMPA para analisar a contribuição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no desempenho de Matemática nas avaliações educacionais. Neste trabalho foi avaliado o impacto da OBMEP nas notas médias de Matemática das escolas públicas na Prova Brasil (Inep/MEC), analisando o custobenefício do programa. Os autores relatam que a qualidade da educação nas últimas avaliações educacionais nacionais mostrou variações positivas nos testes de proficiência, entretanto o desempenho dos estudantes brasileiros nas avaliações internacionais como o PISA (Programme for International Student Assessmet), evidencia a baixa qualidade do ensino no país. O Brasil ocupou as últimas posições na comparação com os 57 países participantes do PISA 2006. A pesquisa traz a avaliação de impacto e análise de custo-benefício da OBMEP, com objetivos voltados para a melhoria da qualidade da educação, possa influenciar de forma positiva no resultado médio das escolas públicas nas avaliações de larga escala promovida pelo Governo para medir a qualidade da educação, como a Prova Brasil. 18 Segundo Biondi, Vasconcellos e Menezes (2007) as escolas inscritas na OBMEP devem receber o “Banco de Questões” em forma de apostila com questões desafiadoras de Matemática e suas respectivas soluções; os pesquisadores defendem que este recurso possa influenciar na melhoraria do desempenho dos estudantes nas avaliações educacionais em larga escala. Por meio de métodos de combinar regressão linear com erros padrão, apontou para um impacto positivo2 e estatisticamente significativo nas notas médias de Matemática dos estudantes de 8ª série na Prova Brasil 2007. Esse impacto é crescente conforme o maior número de participações das escolas nas edições anuais da OBMEP, não só aos estudantes com melhor desempenho, como também para os com menores notas. Os autores concluíram que nos dois anos de avaliação de Matemática, em relação às médias de proficiência na Prova Brasil, as médias são maiores no grupo de escolas inscritas na OBMEP. A análise de retorno econômico trouxe resultados positivos, o que os levou a concluir que a realização da OBMEP proporciona benefícios para a qualidade da educação pública do país, com impacto direto nas avaliações educacionais e ganhos futuros em termos de rendimento no mercado de trabalho dos participantes. Biondi, Vasconcelos e Menezes (2007) centraram-se no processo da melhoria da qualidade da educação nas últimas avaliações nacionais e que as notas médias de Matemática são maiores no grupo de escolas inscritas na OBMEP e que sua realização proporciona benefícios para a qualidade da educação pública do país. Maciel (2008) desenvolveu seu trabalho com um grupo de estudantes do sexto ano do Ensino Fundamental do Colégio Militar de Porto Alegre que não apresenta os mesmos interesses, habilidades e dificuldades no aprendizado da Matemática e sentem-se motivados a melhorar. O pesquisador relata o processo de concepção, organização e realização de um conjunto de atividades organizadas no formato de minicurso de Análise Combinatória com este grupo de estudantes interessados em aprofundar seus conhecimentos em Matemática. Para tal, utilizou as Olimpíadas de Matemáticas não como objetivo central dos ____________ 2 Para maiores detalhes sobre as metodologias de impacto consulte o site: http://virtualbib.fgv.br/ocs/index.php/sbe/EBE09/paper/view/1092/315. 19 minicursos, mas como uma forma de despertar, nos estudantes, o interesse de desenvolver sua capacidade de resolver problemas matemáticos desafiadores. As atividades no formato de minicurso foram elaboradas com base em questões propostas nas provas da OBMEP e de acordo com alguns dos Fundamentos Filosóficos da Educação Inclusiva e da Educação Matemática Crítica3. Nesse sentido, a valorização da característica comum associada a esses estudantes – o interesse pelo estudo da Matemática – enquadra-se numa concepção de Educação Inclusiva, que defende o direito à diferença. Para consolidar esta atividade em formato de minicurso, foi necessário criar um espaço institucional chamado Grupo de Estudos Professor Malba TaHan (GEMaTh), que possibilitou que o grupo de alunos pudesse ser reconhecido pela comunidade escolar. Dentre as atividades em formato de minicurso, os estudantes utilizam exercícios de Contagem, razões, proporcionalidade e porcentagem utilizados pela OBMEP com a finalidade de despertar o interesse de desenvolver suas capacidades de resolver problemas matemáticos desafiadores e desenvolver hábitos regulares de estudos. Maciel (2008) conclui que suas convicções fundamentadas no ideal de que possa existir uma Escola onde o Ensino da Matemática seja planejado para respeitar os interesses e individualidades dos estudantes e ao concluir sua escolarização básica, estejam preparados para os desafios associados ao seu futuro acadêmico, profissional e que estejam comprometidos com a ética e a valorização do direito de todos. Em sua dissertação, Santander (2008) realizou uma pesquisa qualitativa no formato de entrevista com o professor Sylvio de Lima Nepomuceno4. A escolha do nome de Nepomuceno deve-se ao fato de ter registrado uma longa experiência como professor e autor numa coleção de livros didáticos – Ensino de Primeiro Grau, publicada em 1982. ____________ 3 O professor dinamarquês Ole Skovsmose é um dos principais responsáveis por divulgar o movimento da “educação matemática crítica” ao redor do mundo. Com mestrado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Copenhague e doutorado em Educação Matemática pela Royal Danish School of Education Studies, 4 Foi professor de Matemática do Colégio Santa Cruz em São Paulo e trabalhou junto ao GEEM na formação de professores por meio dos cursos que apresentavam as propostas defendidas pelo MMM. 20 A autora investigou a contribuição do professor na reconstituição da História da Educação Matemática e participação no Grupo de Estudos do Ensino da Matemática (GEEM5), na formação de professores no período do Movimento da Matemática Moderna (MMM6). Santander (2008) descreve que o livro didático como fonte de pesquisa na investigação da história da disciplina escolar teve um papel importante na medida em que sua análise possibilita verificar como os autores se apropriam das legislações ou num determinado período, considerando que a coleção didática analisada pautava-se no ideário do MMM, embora com restrições do autor nas questões metodológicas e de linguagem. Para Santander (2008), o professor Sylvio buscava caminhos para se aperfeiçoar num modelo de professor de Matemática atuando no Grupo de Estudos (GEEM), nas Olimpíadas de Matemática e na produção de material didático contribuindo assim para o Ensino da Matemática no Brasil. Com o objetivo de divulgar a Matemática Moderna em São Paulo, o GEEM desenvolveu diversas atividades, dentre elas a primeira Olimpíada de Matemática no Brasil, criada em 1967. Apesar do fracasso do Movimento da Matemática Moderna, houve uma contribuição significativa para o livro didático, como nos conteúdos que passaram a ser apresentados com rigor, na análise da estrutura de desenvolvimento do livro. A autora também menciona que havia uma preocupação muito grande com a Geometria, porém era colocada sempre nos últimos capítulos da obra. Santander (2008) observa que é necessário aprofundar os conhecimentos matemáticos, didáticos e, sobretudo o currículo. Uma vez que o domínio deles será transformado em saber escolar o que facilitará o processo ensino-aprendizagem e ressalta a importância do desenvolvimento profissional, pela possibilidade de compreender melhor os caminhos da Educação Matemática e, em especial, o papel do professor de Matemática. ____________ 5 O Grupo de Estudos de Matemática (GEEM) foi fundado na cidade de São Paulo em 1961 com objetivo de treinar professores, procurando conceituar os novos métodos de abordagem da Matemática e também foi responsável por inúmeras publicações e pela criação da Olimpíada de Matemáticas de São Paulo. 6 “Movimento da Matemática Moderna” é a expressão utilizada no âmbito dos estudos sobre o ensino da Matemática, que caracteriza um período em que se elaboram novas referencias para o ensino da disciplina (Valente) desencadeado no Brasil, especialmente em 1960 e 1070, provocou mudanças significativas nas práticas escolares. (Pinto). 21 Santander (2008) descreve que dentre muitas das atividades do GEEM, as Olimpíadas de Matemática foram o grande destaque e de uma importante iniciativa de “divulgação” do Movimento da Matemática Moderna em São Paulo, com o sentido da valorização do Ensino da Matemática e a contribuição significativa para o livro didático, principalmente, nos conteúdos que passaram a ser apresentados com rigor no livro. Em sua pesquisa, Peraino (2007) tinha como objetivo investigar um estudante com grande capacidade de aprendizagem em um assentamento rural onde residiu dos seis aos dezesseis anos de idade e recebeu uma formação educacional numa escola rural na cidade de Sidrolândia, Mato Grosso do Sul. Mesmo com carências financeiras e educacionais, o jovem de quinze anos de idade classificou-se em terceiro lugar na segunda edição da Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP- 2006), em Mato Grosso do Sul. Pelo seu desempenho, foi encaminhado para avaliação pelo Núcleo de Altas Habilidades/Superdotação de Mato Grosso do Sul (NAAH/A-MS). A partir de entrevistas com os pais, professora e coordenadora da escola rural, Peraino (2007), concluiu que o estudante em questão tinha altas habilidades em Matemática, o que mostra a necessidade de uma interação social e educacional diferenciada que auxilie a inserção, bem como, desse grupo de pessoas de seu convívio, na sociedade, lhes proporcionado assim um desenvolvimento propício para que possam, com sua capacidade, ajudar na evolução das áreas relacionadas com suas habilidades. A relevância da pesquisa foi pautada na identificação e no atendimento desse estudante, sob a condição de identificar suas habilidades e competências como superdotado no contexto familiar e social desta família. Peraino (2007) afirma que está iniciando uma nova fase na identificação de pessoas superdotadas no Brasil e é imprescindível criar atendimentos diferenciados para esse grupo de pessoas, que está distribuído em todas as classes sociais, e conseguiu atingir seus objetivos quando apresenta uma pessoa de classe socioeconômica desprivilegiada tendo um desempenho acadêmico superior à média de estudantes de sua idade. 22 Peraino (2007) tinha como objetivo investigar uma criança com grande capacidade de aprendizagem e encaminhar ao NAAH/S, setor da coordenação de educação especial com a finalidade de avaliar, atender e encaminhar as pessoas com indicativos de superdotação, bem como prestar esclarecimento e auxiliar aos pais e professores desta criança. A pesquisadora afirma que há mitos de que as pessoas com grandes habilidades não precisam de ajuda. Esta desmistificação vem sendo esclarecida por meio de estudos da inteligência humana, quando uma criança não instigada nas áreas de seu interesse se desestimula e estabiliza seu conhecimento, não tendo vontade de experimentar novas conquistas e não desenvolvendo suas habilidades como deveria. Para buscar informações essenciais para auxiliar o universo e delimitação de nossa pesquisa, foi necessário apresentar o passo inicial da dissertação – a pesquisa bibliográfica. As revisões dos trabalhos nos auxiliam na escolha de um método mais apropriado, assim como num conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa. Ressaltada sua importância, damos início a justificativa do interesse pela OBMEP para confirmar a relevância do trabalho. 1.2 Justificativa Percebemos que seria relevante para o meio acadêmico um estudo sobre a Olimpíada de Matemática em formato de competição individual que almeje a melhoria na qualidade de Ensino da Matemática e sirva como um instrumento de estímulo à busca de novos conhecimentos. O que garantiu ainda mais nossa disposição em realizar a pesquisa sobre os anseios da OBMEP foi verificar que sua proposta em promover o estudo da Matemática nas escolas públicas e a melhoria da qualidade da Educação Básica se assemelha com os objetivos da própria escola. A competição escolar, que provoca uma interação entre indivíduos de um mesmo grupo, é feita sob diversos formatos – Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíadas estaduais e Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP). 23 A OBMEP é o foco da presente dissertação pelo maior universo estabelecido – possui o maior número de estudantes brasileiros inscritos, sendo instituída pelo governo federal e realizada por todas as escolas públicas do país. Dados do Censo Escolar de 20097 mostram que há, no Brasil, 52.580.452 estudantes na Educação Básica, que compreende a Educação Infantil (creche e pré-escola), o Ensino Fundamental (1º a 9º ano ou 1ª a 8ª série), o Ensino Médio, a Educação Profissional, a Educação Especial e a Educação de Jovens e Adultos (nas etapas Ensino Fundamental e Ensino Médio). Do total de estudantes matriculados, 45.270.710 estão em escolas públicas (86,1%) e 7.309.742 estudam em escolas da rede privada (13,9%). As redes municipais são responsáveis por 24.315.309 matrículas (46,2% do total). Segundo o instituto, há em todo o território brasileiro 197.468 escolas. Mediante o registro federal, foi necessário delimitar o universo de pesquisa – alunos da 3º série do Ensino Médio – o que corresponde a 8,3 milhões de matrículas8. A escolha é feita pelo fato de ser o perfil de estudante que mais participou das edições de Olimpíada de Matemática (OBMEP) – cinco no total. A partir das suas percepções, será possível compreender e buscar o aprimoramento da disciplina e orientá-los para a competição. Por entender que o estudo sobre a Olimpíada de Matemática possa ser relevante para o meio acadêmico e por acreditar que a OBMEP represente um meio favorável para promover um ambiente de redescoberta dos saberes matemáticos tanto para o estudante, como para o professor, acreditamos que esse estudo preencha aspirações da pesquisa, como compreender, conhecer e visualizar diversas opiniões de quem participa da competição como estudante. Segundo Moreira e Callefe (2006, p. 16) a pesquisa desenvolvida pelo professor pode desafiar as noções tradicionais sobre conhecedores, conhecimentos e o que pode ser conhecido sobre a educação, pois tem potencial para redefinir a noção de um conhecimento de base para a educação e também desafiar a hegemonia ____________ 7 Dados coletados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira de 30 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news09_11.htm> 8 Dados coletados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira de 30 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news09_11.htm> 24 da universidade na geração de conhecimento na área, tendo em mente que os pesquisadores profissionais não detêm o monopólio da pesquisa (Cochran-Smith, 1993). Os resultados obtidos na presente dissertação podem provocar, também, novas estratégias de como aguçar o interesse dos estudantes pela Matemática, uma vez que serão apontados por eles mesmos se estão estimulados e preparados para participar da OBMEP. Para Alves (2006), as competições escolares, como estratégias de ensino, são menos exploradas no contexto escolar por possuírem uma organização complexa trabalhosa. Com a expectativa de tentar compreender opiniões e ações de quem participa da OBMEP, a pesquisa conduz a novos conhecimentos que se tornarão públicos por diversos meios, segundo Tardif e Zourhlal (2005). Há também a necessidade de saber se a participação na OBMEP estimula estudantes a buscar novos conhecimentos em Matemática. Segundo Nascimento e Oeiras (2008), competições escolares como as Olimpíadas de Matemática são atividades pedagógicas capazes de provocar desenvolvimento intelectual, autonomia, estímulo ao trabalho individual ou mesmo em equipe, objetivando aperfeiçoar conhecimento de natureza matemática. Desta forma nosso interesse é analisar como a OBMEP pode estimular e promover o estudo da Matemática entre os estudantes de escolas públicas, quais as ações para a melhoria da qualidade da Educação Básica e que contribuições a OBMEP oferece para o Ensino da Matemática. Inserido nesse interesse é necessário definir a delimitação do problema de pesquisa. 1.3 Delimitação do Problema Como já foi dito, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas foi inserida no cenário da educação brasileira há cinco anos pelo 25 governo federal. Desde a primeira edição da competição, acompanho de maneira direta ou indireta, ora atuando como colaborador9, ora corrigindo as avaliações, ora como Professor da Escola Estadual, colaborando com a direção na divulgação e na realização da avaliação da primeira fase da OBMEP. No documento do programa da OBMEP, um dos desígnios da realização do projeto como uma competição individual é a melhoria da qualidade da educação pública, especialmente no Ensino da Matemática. Para isso, a Comissão Organizadora dita em seu regulamento os objetivos que norteiam este projeto: 1. estimular e promover o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas; 2. contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica; 3. identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas; 4. incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para a sua valorização profissional; 5. contribuir para a integração das escolas públicas com as universidades públicas, os institutos de pesquisa e sociedades científicas; 6. promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento. Nesse sentido entendemos que trabalhar com as apostilas “Banco de Questões”, livros e revistas em um espaço da escola (sala ambiente) pode ser um fator de estímulo à aprendizagem dos estudantes e de aprimoramento profissional para o professor. Concordamos com Lorenzato (2006) quando diz que em a sala ambiente pode-se estruturar, organizar, planejar e fazer o pensamento matemático acontecer; entendemos que a utilização deste espaço físico pode tornar a ambiente estimulante à aprendizagem. O autor ainda menciona que o ambiente é um espaço que pode facilitar tanto ao estudante como ao professor – ____________ 9 Minha função era coordenar uma equipe de monitores para a aplicação da prova da segunda fase da OBMEP, reunindo apenas 5% de alunos de cada escola de uma determinada região de São Paulo da Zona Sul. 26 com questionamentos, conjecturas, experimentação, análises e conclusão. Enfim, um meio para o aprendizado. A razão que promove o desenvolvimento da OBMEP é a Olimpíada de Matemática e um dos resultados esperados é a promoção ao estudo da Matemática entre estudantes e a contribuição para a melhoria da qualidade da Educação, conforme aponta os objetivos da associação da OBMEP. Desta maneira, nosso objetivo de estudo é a relação entre o estudante e a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. A questão que norteia nossa pesquisa é: A OBMEP estimula e promove o estudo da Matemática entre os alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Tiago Alberione, localizada em São Paulo, e como a avaliação pode contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica? Para tentar encontrar respostas à pergunta, focaremos nossa análise na coleta de dados oriunda dos questionários respondidos pelos estudantes que participam das Olimpíadas de Matemática. Empregamos em nossa pesquisa uma abordagem qualitativa com 117 alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Tiago Alberione, localizada na avenida Ângelo Cristianini, 1434, CEP 04424 – 000, bairro Cidade Júlia em São Paulo. A instituição foi escolhida por ser um dos ambientes educacionais nos quais o pesquisador leciona. Para coletar as informações utilizaremos um questionário com questões abertas e fechadas para elaborar um perfil do aluno pesquisado e compreender se as respostas coletadas confrontam com os objetivos que estão propostos no regulamento da OBMEP. Desta forma, levantamos a seguintes hipóteses: ♦ A OBMEP consegue motivar o aluno a buscar conhecimentos matemáticos e estes estímulos são suficientes para que melhore a qualidade da Educação. ♦ As premiações da competição podem estimular o aluno a participar da OBMEP. 27 Concordamos com André (2005) quando menciona que tanto a coleta de dados quanto à divulgação dos dados devem ser pautados por princípios éticos, por respeito aos sujeitos, de modo que sejam evitados prejuízos aos participantes. Mediante esta responsabilidade, agimos de maneira honesta e clara com os nossos entrevistados. Dentro desses princípios de moralidade, valores e crenças e realizando recomendações de Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 103) que “visa realizar uma avaliação crítica a partir do confronto do que já foi pesquisada”, nossa aplicação tem os seguintes objetivos: ♦ Investigar como ocorre o envolvimento da escola na realização da OBMEP; ♦ Interpretar as contradições das respostas dadas pelos alunos – se existirem – em relação ao que a Comissão Organizadora propõe no “Objetivo da Olimpíada de Matemática”. Para compreender a adequação metodológica conforme as características da pesquisa a ser realizada, são necessárias conhecer as etapas e execução da pesquisa de campo, conforme explica o próximo excerto do estudo. Sendo assim no próximo capítulo passaremos a metodologia e procedimentos aplicados para a realização da pesquisa. 1.4 Procedimentos Metodológicos Para iniciar a avaliação do objeto de pesquisa e entender como a OBMEP pode estimular o estudo da Matemática entre os alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Tiago Alberione, localizada na periferia da zona sul da cidade de São Paulo. Com o princípio de analisar respostas coletadas na execução da pesquisa e confrontá-las com o regulamento que rege a OBMEP, utilizamos a pesquisa qualitativa para buscar respostas às situações-problema, técnica interpretativa que visa decodificar e descrever os componentes de um sistema. Segundo 28 NEVES (1996 apud CASTILLO, 2010), a pesquisa qualitativa “compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema de significados”. A aplicação do estudo será feita no local de origem dos dados, conforme explica NEVES (1996). Isto é, trata-se do “ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental”. Para obter um processo de reflexão e analise da realidade por meio da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico ou segundo sua estruturação – conforme aponta a pesquisa qualitativa – a aplicação mais pertinente ao estudo é a criação de um questionário é do tipo “misto”. Portanto, contou com uma combinação de questões abertas e fechadas para dar a possibilidade ao aluno de discorrer espontaneamente, em alguns casos, sobre o que é indagado. Segundo Fiorentini, Lorenzato (2006, p. 117), trata-se de um questionário misto, “combinando parte com perguntas fechadas e parte com perguntas abertas”. Com as respostas coletadas, pode-se detectar de forma mais eficiente à atitude e opiniões do pesquisado. Quando perguntados a respeito da motivação, as questões serão abertas com o objetivo de encontrar respostas às situações-problema da dissertação, já que fora desenvolvido um conjunto de categorias elaboradas pelo pesquisador. Com o princípio de buscar e coletar respostas dos estudantes; pensamos na possibilidade de delimitar o universo de pesquisa para coletar informações mais precisas. A escolha apesar de intencional - o que possa ser um viés do estudo - esteve de pleno acordo com Minayo (1993), pois a pesquisa qualitativa privilegiou os sujeitos sociais que detinham os atributos que pretendemos conhecer. Ao todo, foram oito questões direcionadas – para limitar e ter a possibilidade de ter todas as respostas - ao corpus de pesquisa formado por 117 alunos. Houve a necessidade de trabalhar com um grupo selecionado previamente que represente o aluno que participe da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, forma eficiente de obter informações sobre uma determinada realidade que importa conhecer. Logo, estabelecemos a criação 29 de uma técnica experimental que busque orientar o planejamento da pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações e, por fim, interpretar os resultados. Optamos por cinco classes distribuídas em uma instituição para que tenhamos a possibilidade de conhecer o universo delimitado da escola na disputa da competição, além de identificar possíveis jovens com habilidades em Matemática e visualizar como é possível incentivá-los para buscar conhecimento e aprimoramento nas áreas científicas. Aos alunos que aceitaram participar da pesquisa, foi entregue uma carta de esclarecimento (Apêndice A), anexo ao questionário (Apêndice B), para comprovar a autenticidade do estudo. Para a Comissão Organizadora da OBMEP, foi enviada, por email, uma mensagem para que esclareça como podemos acessar as notas dos alunos da segunda fase da OBMEP, divulgação na mídia sobre a premiação (Apêndice C). À direção da Escola Estadual Tiago Alberione, foi enviada uma carta – também por mensagem eletrônica - para que elucidem sobre a premiação, mostrando se possível o relatório de desempenho dos alunos que realizam as edições da OBMEP (Apêndice D). No entanto, não houve respostas da associação que aplica as provas e da própria escola. Na última etapa da pesquisa, reunimos os dados coletados do questionário produzidos pelos alunos, categorizando as respostas para produzir uma análise coletiva do que foi descrito, para chegar a uma conclusão. Por fim, comparamos resultados com os objetivos do regimento da OBMEP. No próximo capítulo apresentaremos a origem das Olimpíadas de Matemática, a implantação das competições no Brasil, assim como um breve histórico sobre algumas Olimpíadas Internacionais. 30 CAPÍTULO 2 HISTÓRICO DAS OLIMPÍADAS Iniciamos o capítulo apresentando o histórico sobre a origem das Olimpíadas de Matemática como a Olimpíada Paulista do Estado de São Paulo – OMESP, Olimpíada Paulista de Matemática – OPM, Olimpíada Brasileira de Matemática – OBM e Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP, em seguida mostraremos um breve histórico sobre as origens das Olimpíadas de Matemática Internacionais. 2.1 Origem das Olimpíadas de Matemática Segundo Sucupira (2008), o termo Olimpíada, assim como Matemática, também remete à Grécia Antiga. A Matemática, como aponta o etnomatemático Ubiratan D’Ambrosio (1990), universalizou-se ao se institucionalizar e integrar o currículo escolar de quase todos os países que privilegiam o Ler, escrever e contar. A idéia de um evento esportivo no formato de Olimpíada aconteceu por volta de 2 500 a.C, quando os gregos criaram na cidade de Olímpia uma competição com o objetivo de realizar festivais em homenagens aos deuses, sobretudo a Zeus (GULZMAN, 1992). Até então, a expressão olímpico não era usada – o termo começa a ser designado como competição quase dois mil anos depois, em 776 a.C., período em que os nomes dos vencedores começaram a ser registrados. Ifitos, o rei de Ilia, fez uma aliança com Licurgo, monarca de Esparta, 31 e Clístenes, rei da Pissa. O acordo foi selado no templo de Hera, no santuário de Olímpia, surgindo assim o nome Olimpíadas, de acordo com Abrucio (2008). Segundo Gulzman (1992), o acordo provocou uma ‘trégua sagrada’ na Grécia enquanto havia a disputa dos Jogos – o que era respeitado à risca. Na Guerra do Peloponeso, conflitos entre Atenas e Esparta, oponentes interromperam o combate, competindo lado a lado e só após a declaração dos vencedores olímpicos, resolveram a guerra. A vitória nos Jogos Olímpicos consagrava o atleta e proporcionava a ele uma recepção de herói no retorno à sua cidade de origem. Após a disputa da primeira Olimpíada, ficou acertado que os Jogos seriam realizados a cada quatro anos, durante os meses de julho ou agosto. Aos poucos, o número de competições foi aumentando, até chegar a dez eventos no quinto século antes de Cristo: corrida, pentatlo, arremesso de disco, salto em distância, lançamento de dardo, luta, boxe, pancrácio, corrida de bigas e corrida de cavalos, tudo em cinco dias. As pessoas que poderiam competir seriam homens gregos considerados como cidadãos livres que nunca tivesse cometido assassinatos ou outros crimes (GULZMAN, 1992). O declínio da competição denominada de Jogos Olímpicos da Era Antiga aconteceu em 456 a.C., quando os romanos invadiram e dominaram a Grécia. O espírito original de integração foi, paulatinamente, deixado de lado e as disputas, antes cordiais, passaram a ser encaradas como combates. A última Olimpíada da Era Antiga foi disputada em 393 d.C., quando o imperador Teodósio I proibiu a adoração aos deuses e cancelou os Jogos. Desde 776 a.C. foram realizados 293 Jogos. Segundo Muller (2000), os Jogos Olímpicos da era moderna foram realizados pela primeira vez em Atenas (Grécia), em 1896, por iniciativa do pedagogo francês Pierre de Fredy, mais conhecido como barão de Coubertin. A competição “Olimpíada da era moderna”, conhecida hoje como Jogos Olímpicos é realizada de quatro em quatro anos, quando atletas de centenas de países se reúnem em um determinado país sede escolhida pela sua comissão 32 organizadora para disputarem um conjunto de modalidades esportivas (COLLI, 2004). No mesmo período do início da competição esportiva, a Hungria organizou a primeira Olimpíada de Matemática em 1894 para alunos do último ano da escola secundária, (corresponde o Ensino Médio no Brasil), que não demorou a ser disseminada pelo leste europeu e ao mundo. O evento tinha como objetivo contestar e verificar a criatividade e o raciocínio matemático fez parte de uma homenagem ao Ministro da educação do país, Jósef Kürschák, professor de Matemática do Instituto Politécnico da Universidade de Budapeste e membro da Academia de Ciências da Hungria (FERNANDES; OLIVEIRA, 2005). Berinde (2004) ressalta, porém, que as competições matemáticas escolares – que não eram designadas como Olimpíadas – já aconteciam em 1885, na cidade de Bucareste, na Romênia. Cerca de setenta estudantes de uma escola primária disputavam onze prêmios, atribuído a nove meninos e duas meninas. A disputa estudantil húngara estimulou a criação em 1959 da primeira Olimpíada Internacional de Matemática (International Mathematical Olympiad – IMO); direcionada apenas aos alunos que, no Brasil, correspondem o Ensino Médio. Segundo Sucupira (2008), a primeira Olimpíada Internacional de Matemática foi realizada na Romênia com participação de sete países comunistas (Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia, Romênia e a União Soviética). Segundo KENDEROV (2006), cada nação poderia levar oito estudantes, acompanhado de dois professores. Hoje participam aproximadamente 90 países dos cinco continentes com mais de quinhentos alunos. Os países que integram o corpo de nações da Olimpíada Internacional começam a promover suas próprias Olimpíadas de Matemáticas nacionais, sendo que alguns deles criaram Olimpíadas de Matemáticas nas províncias e cidades (SILVA, 2004), como é o caso do Brasil. A primeira Olimpíada de Matemática nacional brasileira surge em 1967, no estado de São Paulo, com o Movimento da Matemática Moderna. Na época, a competição buscava privilegiar o estímulo competitivo dos alunos, além de 33 valorizar o ensino, de acordo com Burigo (1969). Doze anos depois, em 1979, surge a Olimpíada Brasileira de Matemática. 2.2 Olimpíadas De Matemática No Brasil Ressaltaremos quatro Olimpíadas de Matemática Nacionais em ordem de criação: Olimpíada Paulista de Matemática, (primeira e segunda versão), Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e, finalmente, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). 2.2.1 Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo – OMESP Segundo Santander (2008), foi fundado em 1961 – durante o Movimento da Matemática Moderna – o Grupo de Estudo do Ensino de Matemática (GEEM), com apoio da Secretaria de Educação de São Paulo, com o objetivo de coordenar e divulgar a introdução da Matemática Moderna na Escola Secundária. O GEEM era presidido pelo Professor Osvaldo Sangiorgi10 e tinha como docente colaborador o George Springer, que havia sido seu professor no Curso de Verão da Universidade de Kansas. Burigo (1989, p. 159) aponta que dentre muitas atividades propostas pelo GEEM a de maior destaque foi a Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo (OMESP), além de uma importante iniciativa de “divulgação da Matemática Moderna em São Paulo realizada neste período, com o sentido da valorização do ensino da Matemática e do trabalho de renovação desenvolvido em várias escolas”. ____________ 10 34 Professor Osvaldo Sangiorgi teve uma grande participação no Movimento da Matemática Moderna no Brasil na década de 60. A primeira edição da OMESP foi realizada entre os meses de agosto e outubro de 1967, no ginásio do Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Segundo Lima (2006), o GEEM, em convênio com a Chefia de serviço do Ensino Secundário e Normal do Departamento de Educação de São Paulo, promoveu a Olimpíada com o objetivo de incentivar competição no indivíduo e na equipe, entre os alunos do Ensino Secundário do Estado de São Paulo, tanto das escolas estaduais quanto das particulares e, de acordo com Burigo (1989), contou com uma participação de mais 100 000 alunos. Segundo Santander (2008), a segunda edição da Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo (OMESP), promovida pelo GEEM, ocorreu no mês de outubro de 1969 na cidade de São Paulo com cerca de 400 000 alunos secundaristas, sendo que suas provas eram dissertativas e provas de teste com questões de múltipla escolha. Durante o movimento da Matemática Moderna, realizaram apenas duas edições da OMESP e com sua extinção o estado de São Paulo ficou oito anos sem Olimpíada de Matemática. 2.2.2 Olimpíada Paulista de Matemática – OPM Por motivo do fracasso do Movimento da Matemática Moderna a Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo (OMESP) foi extinta. Oito anos depois, em 1977 surge a Olimpíada Paulista de Matemática idealizada em pelo Professor Doutor Shigueo Watanabe, pesquisador e docente do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Numa entrevista realizada em 2006 pela repórter da “Microsoft educação” o Professor Shigueo afirmou que na primeira edição da Olimpíada Paulista de Matemática, percebeu que deveria contribuir de alguma forma para que estudantes de escolas públicas de baixa renda não parassem de estudar para trabalhar, ampliando suas oportunidades profissionais. A solução encontrada foi conceder bolsas de estudo para cinco estudantes por ano. "Continuem 35 estudando, o futuro depende disso", concluiu o Professor Shigueo.11 “Eles são importantes para o desenvolvimento científico e tecnológico do país”, acredita o Professor Doutor Shigueo, que, aos 86 anos em 2010, não mede esforços para ajudar os alunos a encontrarem seu caminho.12 A Olimpíada Paulista de Matemática (OPM) é um evento anual organizado pela Associação Paulista de Olimpíada de Matemática (APOM) com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Sociedade Brasileira de Matemática e a Fundação Carlos Chagas. É uma competição individual aberta aos alunos das Escolas Públicas (Estaduais, Municipais e Federais), realizada no estado de São Paulo e seu objetivo é incentivar o aluno a estudar Matemática, descobrir novos talentos e estimulá-lo para uma carreira científica. Com mais de trinta anos de existência, a OPM já premiou com Medalhas denominadas de Ouro, Prata ou Bronze para mais de 200 estudantes de Instituições públicas e privadas do Estado de São Paulo e proporcionou oportunidades de desenvolvimento13 profissional e pessoal e com a finalidade de ampliar a divulgação do evento – elemento considerado imprescindível para um número maior de participantes – criou-se uma associação denominada Associação Paulista de Olimpíada de Matemática (APOM) sem fins lucrativos que é regida pela legislação brasileira com sede na cidade de São Paulo. A APOM propõe organizar a OPM, publicar material de preparação aos alunos e professores sobre Olimpíadas por meio de livros, revistas ou meio eletrônico, organizar capacitações para os alunos e professores por site, além de apoiar a participação de alunos na Olimpíada Rioplatense, na Argentina, com aulas, indicações bibliográficas e sites de Olimpíadas de Matemática internacionais. ____________ 11 Ragazzi, Vivian. Olimpíada Paulista de Matemática: desafio e oportunidade para estudantes. Microsoft educação, Brasil, 29 de outubro de 2006. Disponível em: <http: //www.microsoft.com/brasil/educacao/parceiro/olimpiada.mspx > Acesso em: 20 jul. 2009. 12 SOFTWARE Olimpíada Paulista de Matemática: desafio e oportunidade para estudantes. Microsoft educação, Brasil, 27 de março de 2006. Disponível em: <http://www.microsoft.com/brasil/educacao/parceiro/opm.mspx> Acesso em: 20 jul. 2009. 13 Informação extraída do site: http://www.opm.mat.br/ >Acesso em 20 jul. 2009. 36 A OPM é uma competição individual, aberta aos alunos de escolas públicas e privadas do estado de São Paulo. Para inscrevê-los, é necessário que o colégio indique um professor – preferencialmente de Matemática – que tenha um elo oficial de comunicação com a Comissão Organizadora da OPM. Ele será o representante da instituição para a disputa. Caso o aluno queira se inscrever sem a representação de uma instituição escolar deve entrar em contato com a Comissão Organizadora. Ainda poderão ser aceitos como participantes da OPM, a critério da Comissão Organizadora, alunos de entidades escolares de outros estados de Federação e Países. A competição da OPM possui duas fases e é dividida em três níveis: nível Alfa (alunos matriculados no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental), nível Beta (alunos matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental) e nível Gama (alunos da primeira e segunda série do Ensino Médio). As provas da primeira fase da OPM são elaboradas pela Comissão Organizadora e estas deverão ser aplicadas e corrigidas pelos professores de cada unidade escolar, onde não há limite para o número de inscrição de alunos nesta fase, sendo que esta ocorre em agosto e consiste em cinco questões dissertativas. Caso ocorra empate em quaisquer umas das categorias de Medalhas, a Comissão Organizadora poderá oferecer mais Medalhas denominadas de Ouro, de Prata ou de Bronze. O professor responsável pela inscrição dos alunos de cada escola participante enviará por mensagem eletrônica o Relatório de Desempenho dos Alunos a Comissão Organizadora que irá analisar e então divulgará em seu site a lista de convocação dos alunos para a fase final. A avaliação final da OPM será elaborada e corrigida pela Comissão Organizadora e terá cinco questões dissertativas. A prova é realizada no instituto de Física da USP na primeira quinzena de novembro com aproximadamente 600 alunos. Nesta etapa cada escola poderá participar com no máximo cinco alunos de cada nível. A correção das provas da fase final é realizada no mesmo dia no Instituto de Física da USP e corrigida pela Comissão Organizadora. A cerimônia de premiação é realizada no mesmo dia da Fase Final, a partir das 16 h 30 min na cidade de São Paulo. 37 A premiação ocorre da mesma maneira que a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e Olimpíada internacional de Matemática (IMO) – são oferecidos prêmios aos alunos que obtiverem as maiores pontuações finais. Esses prêmios são chamados de Medalhas de Ouro, Medalhas de Prata e Medalhas de Bronze e as quantidades de Medalhas oferecidas atenderão aproximadamente a proporção 1:2:3 e também serão oferecidas Menções Honrosas a critério da banca de correção de provas. A Comissão Organizadora da Olimpíada Paulista de Matemática mantêm os mesmos conteúdos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para as avaliações das duas fases nos três níveis e os conteúdos de anos anteriores poderão ser incluídos nas provas de diferentes fases e de diferentes níveis. Segundo a entidade responsável pela competição14, a participação de alunos paulistas em cada edição da Olimpíada de Matemática é expressiva, cerca de 1 000 escolas e 45 000 alunos inscrevem-se anualmente para esta competição. A aplicação das avaliações ganhou amplitude e importância, tanto que, desde 2006, instituições de ensino de Portugal participam do evento. 2.2.3 Olimpíada Brasileira de Matemática – OBM Em 1979, a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) organizou a primeira Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Desde então, a OBM sofre mudanças em seu formato, porém mantém a sua idéia central de estimular o estudo da Matemática pelos alunos, de desenvolver e aperfeiçoar a capacitação dos professores, de influenciar na melhoria do ensino, além de descobrir jovens talentos.15 Segundo a OBM (2009) as diversas mudanças foram as seguintes: em 1979 – Primeira Olimpíada Brasileira de Matemática. ____________ 14 Informações disponíveis em < http://www.opm.mat.br/>. Acesso em 21 jul. 2009. 15 38 Informações extraídas do site http://www.obm.org.br/opencms/quem_somos/breve_historico/. Acesso em 21 jul. 2009. em 1991 a OBM possuía dois níveis: Junior para estudantes com no máximo 15 anos completados em 1991; Sênior para estudantes cursando o ensino médio. em 1992 a OBM possuía duas fases: a primeira fase a prova continha vinte e cinco questões de múltiplas escolhas; a segunda fase a prova era realizada em dois dias com três problemas para cada dia; o nível Junior passa a ser para estudantes que cursava até a 8ª serie. em 1993 a segunda fase do Nível Junior volta a ser como era, em um único dia com cinco problemas. em 1995 o Nível Junior volta a ser como era antes, para estudantes de até 15 anos. em 1998 a OBM passa a possuir três níveis e três fases: nível I para estudantes de 5ª e 6ª série; nível II para estudantes de 7ª e 8ª série; nível III para estudantes do Ensino Médio. primeira e a segunda fase serão realizadas nas Escolas cadastradas; primeira fase com vinte ou vinte e cinco questões de múltipla escolha; segunda fase com seis questões abertas; terceira fase com cinco questões para os Níveis I e II e seis questões para o nível I em dois dias. em 1999 as provas do Nível II na fase final passam a ser realizadas em dois dias. em 2001 foi criado o Nível Universitário com duas fases. 39 A OBM é um evento anual organizado pela Sociedade Brasileira de Matemática com a cooperação o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Academia Brasileira de Ciências e Instituto do Milênio – Avanço Global e Integrado da Matemática Brasileira (IM – AGIMB)16. Em 1979, a Sociedade Brasileira de Matemática e o IMPA desenvolveram um projeto que pretende contribuir para a melhoria do ensino de Matemática no Brasil utilizando as Olimpíadas como mecanismo propagador. Para atingir os objetivos das ações estabelecidas no projeto, as entidades receberam apoio do CNPq, como uma secretaria para centralizar atividades olímpicas e a criação da Revista Eureka17 visando estabelecer um estreito relacionamento com os alunos e escolas objetivando divulgar informações importantes e atividades preparatórias para Olimpíadas. Também foi criada a Associação da Olimpíada Brasileira de Matemática (AOBM) sem fins lucrativos e para fins não econômicos que será regida pela legislação brasileira com sede na cidade do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro. A AOBM18 propõe organizar a Olimpíada Brasileira de Matemática, promover competições similares em caráter nacional e internacional, publicar material de preparação aos alunos e professores sobre Olimpíadas por meio de livros, revistas e site, organizar capacitações para os alunos e professores, além de apoiar a participação de alunos em competições internacionais e organizar eventos. Aos professores, há cursos de aperfeiçoamento na cidade do Rio de Janeiro para profissionais de diversas regiões do país, um site com um vasto banco de problemas e uma biblioteca especializada localizados na sede no IMPA para capacitações dos alunos. ____________ 16 Para maiores informações sobre (IM – AGIMB) consulte o site: http://milenio.impa.br/ 17 Revista Eureka é responsável por artigos relevantes na preparação dos estudantes para a Olimpíada Brasileira de Matemática em seus diversos níveis e para várias olimpíadas de caráter internacional das quais o Brasil participa. Acesso em 15 jul. 2009. 18 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/ Acesso em 20 jul. 2009 40 A OBM é uma competição aberta aos estudantes de escolas públicas e privadas do Brasil com a participação de aproximadamente de 350 000 alunos. O estudante pode participar por intermédio de sua escola nomeando um professor representante que seja um elo oficial de comunicação com a comissão organizadora da OBM. Caso o estudante queira se inscrever sem a participação de sua escola poderá entrar em contato com o Coordenador Regional ou com a Secretaria da OBM no IMPA. A competição da OBM possui três fases que é dividida em três níveis; nível 1 aos alunos matriculados no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental quando da realização da primeira fase da OBM; nível 2 aos alunos matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental quando da realização da primeira fase da OBM ou que tenha concluído o Ensino Fundamental menos de um ano antes, não tenha ingressado no Ensino Médio até a data da realização da primeira fase da OBM; nível 3 aos alunos matriculados em qualquer série do Ensino Médio quando da realização da primeira fase da OBM ou que, tendo concluído o Ensino Médio menos de um ano antes, não tenham ingressado em curso de nível superior até a data de realização da primeira fase da OBM. Há também o Nível Universitário, avaliação dividida em duas fases para alunos que não tenham concluído qualquer curso superior. Para os níveis 1, 2 e 3, as provas da OBM são realizadas em três fases – sendo que a primeira fase é realizada no primeiro semestre, a segunda e a terceira fase no segundo semestre. Para o Nível Universitário, a avaliação é realizada no segundo semestre coincidindo em dia e horário com a segunda e terceira fase dos níveis 2 e 3. A prova da primeira fase para os três níveis é de múltipla escolha com 25 questões, realizada na própria escola e tempo máximo para resolvê-la é de três horas. A prova da segunda fase, para os três níveis, é mista (avaliações dissertativas e em testes) realizada nas escolas que enviaram o relatório da primeira fase, o tempo máximo para resolvê-la é de quatro horas e trinta minutos. A prova da terceira fase é realizada numa escola determinada pelo Coordenador 41 Regional19. Para o nível 1, a prova é discursiva com cinco problemas com tempo máximo para resolvê-la é de quatro horas e trinta minutos e para os níveis 2 e 3 as provas são discursivas realizadas em dois dias consecutivos com três problemas em cada dia com tempo máximo para resolvê-la é de quatro horas e trinta minutos em cada dia. A prova da primeira e segunda fase do Nível Universitário é discursiva com seis problemas que tem duração máxima de quatro horas e trinta minutos aplicada no mesmo dia e horário da segunda e terceira fase dos níveis 1, 2 e 3. A premiação ocorre da mesma maneira que a Olimpíada internacional de Matemática (IMO) – são oferecidos prêmios aos estudantes que obtiverem as maiores pontuações finais. Esses prêmios são concedidos como Medalhas chamadas de Ouro, Medalhas de Prata e Medalhas de Bronze e as quantidades de Medalhas oferecidas atenderão aproximadamente a proporção 1:2:3; também são feitas Menções Honrosas a critério da banca de correção de provas. Caso ocorra empate em quaisquer das categorias de Medalhas, a Comissão Organizadora poderá oferecer mais Medalhas denominadas de Ouro, de Prata e de Bronze que as previstas na proporção 1:2:3. A cerimônia de premiação da OBM coincide com a reunião anual da Comissão Nacional de Olimpíada de Matemática, durante a realização da Semana Olímpica.20 A Convocação para as Olimpíadas Internacionais é realizada nesta “Semana Olímpica”, onde são selecionados os estudantes que formarão as equipes brasileiras que representando o Brasil nas seguintes competições: • Olimpíada de Matemática do Cone Sul será representada por quatro estudantes com até 16 anos; • Olimpíada Iberoamericana de Matemática (OIM) será representada por quatro estudantes com até 18 anos; ____________ 19 Os Coordenadores Regionais são professores - em sua maioria universitário - escolhidos para representar a OBM nos diversos Estados brasileiros e são responsáveis pelo apoio às escolas de sua região nas diversas fases da Olimpíada. 20 A Semana Olímpica é uma atividade realizada desde 1998 na segunda dezena no mês de janeiro do ano seguinte da OBM com a finalidade de reunir os estudantes contemplados para receber suas Medalhas e para participar de uma capacitação intensiva junto a uma equipe de professores de diversas partes do país. 42 • Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária será representada por qualquer número de estudantes; • Olimpíada Internacional de Matemática (IMO) será representada por seis estudantes do Ensino Médio com até 19 anos; • Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários (OIMU) será representada por uma equipe de uma Universidade formada por um professor líder21 e quatro estudantes. A formação da equipe brasileira de Matemática para as competições Internacionais será formada por estudantes premiados pela OBM com Medalhas chamadas de Ouro, Prata, Bronze e Menções Honrosas do ano imediatamente anterior ao processo seletivo. Outra possibilidade é a solicitação de inclusão no processo seletivo para a IMO, OIM e Olimpíada de Matemática do Cone Sul para aqueles estudantes que foram premiados em anos anteriores pela OBM em qualquer umas das premiações de Medalhas, porém é de responsabilidade da Comissão Encarregada da Seleção, decidir a inclusão ou não deste aluno. A Comissão Encarregada da Seleção (CES) é responsável pela formação das equipes brasileiras para as competições internacionais de Matemática e pela elaboração de um documento com a classificação e pontuação dos resultados da OBM; provas de seleção e listas de capacitação dos estudantes que pleiteiam participar das Olimpíadas Internacionais. Este documento será enviado com uma sugestão de equipe para julgamento da Comissão da Olimpíada que pode aconselhar modificações. 2.2.4 Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) é promovida pelo governo federal desde 2005 pelo Ministério da Educação e Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com o Instituto de Matemática ____________ 21 Professor líder é o elo oficial de comunicação com a comissão organizadora da OIMU e a equipe da Universidade. 43 Pura e Aplicada (IMPA) e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), sendo os dois últimos responsáveis pela Direção Acadêmica. Segundo a OBMEP, em 2009, ano da quinta edição da competição, mais de 19 milhões de alunos inscritos realizaram a primeira fase. A cada edição observa-se um número cada vez maior de escolas e estudantes participantes, como mostra a tabela 1. Tabela 1 – Inscrições das cinco primeiras edições da OBMEP – 1ª fase Ano Número de escolar Nº de alunos inscritos % de municípios 2005 2006 2007 2008 2009 31 030 32 655 38 450 40 377 43 654 10 520 831 14 181 705 17 341 732 18 326 029 19 198 710 93,5% 94,5% 98,1% 98,7% 99% Fonte: Dados do site da OBMEP 2009 O número de estudantes participantes desse programa é expressivo quando comparado às outras avaliações educacionais existentes no país e no mundo (Fuvest, Enem, Saresp, Prova Brasil, OBM, Concurso Canguru sem fronteiras22 etc.), – é considerado o maior concurso realizado entre os estudantes de escolas públicas do país. Os sucessivos recordes de participação fazem da OBMEP a maior Olimpíada de Matemática do mundo23. Segundo o Censo Escolar de 200924, do total de alunos matriculados em todo o país, 45 270 710 estão em escolas públicas (86,1%) e 7.309.742 estudam em escolas da rede privada ____________ 22 Na década de 1980, Peter O’holloran um professor de Matemática em Sydnei, criou um novo tipo de jogo em escolas australianas. Este jogo consiste num questionário de múltipla escolha corrigida por computador. Em 1991, dois franceses, André Deledicq et Jean Pierre Boudine decidiram iniciar a competição na França com o nome “Canguru” para homenagear os amigos australianos, Com enorme sucesso e atraindo a atenção dos países vizinhos, então foi criado o “Canguru sem fronteiras”. Atualmente, a associação conta com representantes de 42 países e mais de cinco milhões de participantes em todo mundo. Informação extraída dos site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/cangurumatematico.html e http://www.math-ksf.org/index.php?menu=histo. Acesso em 27 jul. 2010. 23 Informações extraídas do site da OBMEP: http://obmep2009.obmep.org.br/apresentacao.html. Data do acesso: 20 jul. 2009. 24 Dados coletados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira de 30 de nov. de 2009. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news09_11.htm> 44 (13,9%). As redes municipais são responsáveis por 24.315.309 matrículas (46,2% do total). O evento é dirigido aos estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Escolas Públicas municipais, estaduais e federais que concorrem a prêmios os estudantes que conseguirem o maior número de pontos nas avaliações, os professores destes estudantes, as escolas e as Secretarias de Educação. Esta premiação baseia-se exclusivamente no resultado das provas da segunda fase. As notas da primeira fase não serão utilizadas na classificação final. A OBMEP, em seu regulamento, descreve os seguintes objetivos: estimular e promover o estudo da Matemática entre alunos de escolas públicas; contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica; identificar jovens com habilidades em Matemática e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas; incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para a sua valorização profissional; contribuir para a integração das escolas públicas com as Universidades Públicas, os institutos de pesquisa e sociedades científicas; e por fim promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento. Segundo o Ministério da Educação e Ministério da Ciência e Tecnologia, a OBMEP é um projeto que cria um ambiente estimulante para o estudo da Matemática entre estudantes e professores de todo o país com o compromisso de afirmar a excelência como valor maior no ensino público. Suas atividades mostram a importância da Matemática para o futuro dos jovens e para o desenvolvimento do Brasil. A OBMEP é realizada em duas fases. Na primeira, todas as escolas públicas do país podem inscrever voluntariamente e participar com seus estudantes nos três níveis. As provas desta edição são objetivas e contém 20 questões de múltipla escolha, que são realizadas e corrigidas pelos próprios professores da escola. O tempo máximo para resolvê-la é de duas horas e trinta minutos e a escola deve encaminhar para a Coordenação Geral da OBMEP somente 5% dos estudantes que conseguiram a maior pontuação para ter o 45 direito em participar na segunda fase da Olimpíada. Não serão classificados estudantes com nota 0 (zero) na primeira fase25. A prova da segunda fase se caracteriza pela aplicação de prova discursiva (seis questões) e o tempo máximo para resolvê-la é de três horas em locais designados pela Comissão Organizadora. Os estudantes participantes serão divididos em três níveis, de acordo com sua escolaridade: nível 1 – estudantes matriculados no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, no ano letivo correspondente ao da realização das provas; nível 2 – estudantes matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental, no ano letivo correspondente ao da realização das provas.nível 3 – estudantes matriculados em qualquer série do Ensino Médio, no ano letivo correspondente ao da realização das provas. Dentre as realizações da OBMEP, destacam-se a produção e distribuição de material didático; o estágio dos Professores premiados, um momento de reconhecimento à competência e dedicação desses profissionais, o Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) foi criado pelo CNPq para motivar os jovens na escolha profissional por carreiras científicas e tecnológicas e é dirigido aos estudantes contemplados com Medalhas denominadas de Ouro, Prata e Bronze da OBMEP estudem Matemática por um ano, com bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); o Programa de Iniciação Científica – Mestrado (PICME), para os estudantes contemplados com Medalhas denominadas de Ouro, Prata e Bronze da OBMEP que estejam cursando graduação com bolsas do CNPq (IC) e CAPES (Mestrado); a Preparação Especial para Competições Internacionais (PECI). Direcionada a aproximadamente trinta estudantes contemplados com Medalhas denominadas de Ouro selecionado pelas suas habilidades e competências em Matemática; o programa de iniciação Científica visa prepará-los para participação de competições internacionais de Matemática; a mobilização de Coordenadores Regionais para a realização de atividades como seminários com professores, cerimônias de premiação e encontros com diretores de escolas; os ____________ 25 Informações extraídas do site: http://www.obmep.org.br/. Acesso em 15 abr. 2010. 46 encontros dos estudantes contemplados com Medalhas denominadas de Ouro da OBMEP. Segundo a OBMEP o Programa de Iniciação Científica (PIC – OBMEP) é dirigido aos estudantes contemplados com Medalhas denominadas de Ouro, Prata e Bronze que tem como objetivo despertar nos estudantes o gosto pela Ciência, motivar os estudantes na escolha profissional pelas carreiras científicas e tecnológicas, aprofundar o seu conhecimento matemático, estimular autonomia no estudo e nos processos de aprendizagem, incentivar o aprimoramento matemático dos professores e aproximar escolas e universidades. Segundo a OBMEP, a competição premiará estudantes, professores, escolas e secretarias de educação. Essa premiação baseia-se exclusivamente no resultado das provas da segunda fase que serão distribuídas para as escolas municipais, estaduais e federais da seguinte forma: a premiação para os estudantes totaliza 500 (quinhentas) Medalhas denominadas de Ouro, sendo que 200 (duzentas) Medalhas para o nível 1, 200 (duzentas) Medalhas para o nível 2 e 100 (cem) Medalhas para o nível 3; 900 (novecentas) Medalhas denominadas de Prata, que 300 (trezentas) Medalhas para o nível 1, 300 (trezentas) Medalhas para o nível 2 e 300 (trezentas) Medalhas para o nível 3; 1800 (mil e oitocentas) Medalhas denominadas de Bronze, sendo que 15 (quinze) alunos – 5 (cinco) de cada nível – de escolas municipais e estaduais que obtiverem as primeiras colocações em sua respectiva Unidade da Federação (UF), que são 27 (vinte e sete), totalizando 415 (quatrocentas e quinze) Medalhas denominadas de Bronze. Os estudantes de escolas municipais estaduais e federais que obtiverem as 465 (quatrocentas e sessenta e cinco) maiores pontuações, em cada um dos três níveis, a partir do 501º lugar da classificação nacional para os níveis 1 e 2 e a partir do 401º lugar da classificação nacional para o nível 3, excluídos os 405 (quatrocentas e cinco) Medalhas distribuídas anteriormente, totalizando 1395 (mil trezentos e noventa e cinco) Medalhas denominadas de bronze. Além disso, serão concedidos certificados de Menção Honrosa a até 30.000 alunos, que não forem contemplados com as Medalhas denominadas de Ouro, Prata e Bronze. 47 A premiação aos professores está vinculada à premiação dos seus alunos, sendo que serão premiados apenas 127 (cento e vinte e sete) professores de Matemática com placa de homenagem e uma coleção de livros. Para a existência da premiação ao professor de Matemática, a OBMEP desenvolveu os seguintes critérios: 5 (cinco) pontos para cada estudante premiado com Medalhas denominada de Ouro, 4 (quatro) pontos para cada estudante premiado com Medalhas denominada de Prata, 3 (três) pontos para cada a estudante premiado com Medalhas denominada de Bronze e 1 (um) ponto para cada estudante premiado com Menção Honrosa. A premiação para os 127 (cento e vinte e sete) professores será distribuída da seguinte maneira: 2 (dois) professores de escolas municipais e estaduais de cada UF serão contemplados que obtiverem a maior pontuação em sua UF, perfazendo um total de 54 (cinquenta e quatro) professores; 46 (quarenta e seis professores) de escolas: municipais e estaduais que obtiverem a maior números de pontos na classificação nacional, independente da UF, excluídos dos 54 (cinquenta e quatro) já premiados e 27 (vinte e sete) professores de escolas federais, um para cada UF, com o maior número de pontos dentre os professores das escolas federais de sua UF. A premiação para as escolas está vinculada à premiação de seus alunos, sendo que serão premiados 100 (cem) escolas com um kit de material esportivo, e livros/vídeos para a composição de uma biblioteca básica em Matemática e Ciências. O critério para premiação da escola de cada estudante premiado receberá pontos de acordo com os seguintes critérios; 5 (cinco) pontos para cada estudante premiado com Medalhas denominada de Ouro, 4 (quatro) pontos para cada estudante premiado com Medalhas denominada de Prata, 3 (três) pontos para cada estudante premiado com Medalhas denominada de Bronze e 1 (um) ponto para cada estudante premiado com Menção Honrosa. Das 100 (cem) escolas premiadas, 81 (oitenta e uma) escolas municipais ou estaduais, sendo que 3 (três) para cada UF que alcançarem o maior número pontos em suas respectivas UF’s e 19 (dezenove) escolas municipais ou 48 estaduais que obtiverem a maior pontuação nacional independentemente da UF, excluídas as das 81 (oitenta e uma) escolas já premiadas. O prêmio não é concedido caso a escola já tenha sido premiada em edições anteriores, recebe então, um troféu alusivo à sua premiação. A premiação para as Secretarias de Educação está vinculada à pontuação de suas respectivas escolas municipais e estaduais inscritas na segunda fase, obedecendo ao seguinte critério; a pontuação de cada secretaria municipal de educação é a média aritmética dos pontos obtidos por todos as suas escolas municipais a ela vinculadas, inscritas na segunda fase e serão concedidos, em cada UF, troféus às 2 (duas) secretarias municipais que obtiverem maior pontuação em sua respectiva UF, totalizando 52 (cinquenta e duas) secretarias municipais. A pontuação de cada secretaria estadual de educação é a média aritmética dos pontos obtidos por todos as escolas estaduais a ela vinculadas, inscritas na segunda fase e serão concedidos, em cada UF, troféus às 5 (cinco) Secretarias Estaduais de Educação, sendo uma por cada região geográfica que obtiverem maior pontuação em sua região geográfica (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). A Direção Acadêmica da OBMEP é responsável pela elaboração de planejamento e organização do projeto, elaboração das questões, das instruções de aplicação e dos gabaritos das provas e seu envio aos locais onde estas serão realizadas, da organização e encaminhamento das informações sobre os resultados da primeira e segunda fase enviados pelas escolas, assim com da correção e divulgação dos resultados. 2.3 Olimpíadas de Matemática Internacionais Abordaremos apenas algumas das Olimpíadas de Matemática Internacional em que o Brasil tem-se destacado e marcado a presença com a conquista de várias Medalhas: Olimpíada Rioplatense de Matemática, Olimpíada de Matemática do Cone Sul, Olimpíada Iberoamericana de Matemática, 49 Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária, Olimpíada de Maio, Olimpíada Internacional de Matemática, Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários. 2.3.1 Olimpíada Rioplatense de Matemática A Olimpíada Rioplatense de Matemática26 é uma Olimpíada de Matemática realizada apenas na Argentina e sua primeira edição foi realizada em 1992. É uma competição internacional realizada com um seleto grupo de países, dentre os quais, Argentina, Brasil (do Brasil são convidados apenas os estados de São Paulo e Ceará), Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Anualmente os estudantes premiados com Medalhas na Olimpíada Paulista de Matemática são convidados a participar do processo de seleção da equipe que irá representar o Brasil na Olimpíada Rioplatense de Matemática que é realizada em Buenos Aires, Argentina na primeira quinzena do mês de dezembro do mesmo ano, com a participação de vários países da América latina. A competição da Olimpíada Rioplatense de Matemática é dividida em três categorias; nível A para estudantes matriculados no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, nível 1 para estudantes matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental e nível 2, para estudantes da primeira e segunda série do Ensino Médio. A comissão Organizadora da Olimpíada Rioplatense de Matemática elabora duas avaliações, sendo que cada uma delas possui três questões dissertativas e o tempo máximo para resolvê-la é de três horas e trinta minutos aplicadas em dias diferentes. A equipe brasileira é um dos grandes destaques na América do Sul, conquistando muitas Medalhas; nos últimos quatro anos conquistou 3 (três) ____________ 26 50 Informação extraída do site: http://www.opm.mat.br/premiados/rioplatense2009.php. Acesso em 02 mai. 2010. Medalhas denominadas de Ouro, 12 (doze) Medalhas denominadas de Prata e 20 (vinte) Medalhas denominadas de Bronze. 2.3.2 Olimpíada de Matemática do Cone Sul A primeira Olimpíada de Matemática do Cone Sul27 foi realizada em 1988 no Uruguai, sendo que esta é uma competição realizada anualmente para os estudantes dos países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. A equipe dos países é formada por quatro estudantes que não tenha completado 16 anos até 31 de dezembro do ano imediatamente anterior à celebração da Olimpíada de Matemática. A equipe brasileira é formada por meio de um processo de seleção, em que todos os estudantes premiados com Medalhas denominadas de Ouro, Prata, Bronze e Menções Honrosas na OBM do ano anterior ao processo de seleção e os estudantes que tem sido contemplados com Medalhas em edições anteriores da OBM podem pedir para serem incluídos no processo de seleção, porém caberá à comissão de olimpíadas decidir se aceita o pedido ou não. A comissão encarregada da seleção da equipe brasileira (ou delegação brasileira) para competições internacionais (CES) deve elaborar “rankings” com a classificação e pontuação de todos os estudantes participantes do processo em cada um dos seguintes eventos: Resultado na OBM; Provas de seleção; Listas de treinamento. Cabe ao CES enviar essas informações com sugestões de equipe para apreciação pela Comissão de Olimpíadas, que pode aprová-la ou sugerir as modificações que considerar adequadas. Caso CES e Comissão de Olimpíadas não entrem em acordo, a Comissão de Olimpíadas tem a “última palavra”. Depois da definição da equipe, a CES enviará para todos os participantes do processo de ____________ 27 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/olimp_conesul.html. Acesso em 02 mai. 2010 51 seleção uma carta com os resultados de Provas de seleção e Listas de treinamento. A CES e a Comissão de Olimpíadas podem, se julgarem conveniente, levar em consideração os resultados dos estudantes em Olimpíadas de Matemática de edições anteriores ou em provas de seleção e listas de preparação para outras olimpíadas, como Olimpíada Iberoamericana de Matemática (OIM) e a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). A equipe brasileira participa desta competição desde a primeira edição em 1988 no Uruguai, desde então a equipe já conquistou 19 (dezenove) Medalhas denominadas de Ouro, 27 (vinte e sete) Medalhas denominadas de Prata e 27 (vinte e sete) Medalhas denominadas de Bronze. 2.3.3 Olimpíada Iberoamericana de Matemática A primeira Olimpíada Iberoamericana de Matemática28 (OIM) foi realizada em 1985 na Colômbia, sendo que esta é uma competição realizada anualmente para os estudantes dos países da América Latina, Espanha e Portugal e é patrocinada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura. A equipe dos países é formada por quatro estudantes que não tenha completado 18 anos até 31 de dezembro do ano imediatamente anterior à celebração da Olimpíada e não tenha participado em duas OIM’s em anos anteriores. O processo de seleção para participar da Olimpíada Iberoamericana de Matemática é o mesmo da Olimpíada de Matemática do Cone. A equipe brasileira participa desta competição desde a primeira edição em 1985 na Colômbia, desde então a equipe já conquistou 48 (quarenta e oito) ____________ 28 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/olimp_iberoamericana.html. Acesso em 02 mai. 2010 52 Medalhas denominadas de Ouro, 30 (trinta) Medalhas denominadas de Prata e 10 (dez) Medalhas denominadas de Bronze e em 1990 na Espanha Carlos Gustavo T. de A. Moreira conquista o prêmio Hors Concours. 2.3.4 Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária A primeira Olimpíada Ibero-Americana de Matemática Universitária29 (OIMU) foi realizada em 1998 na Colômbia, sendo que esta é uma competição realizada anualmente para os estudantes dos países da Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espanha, Equador, México, Venezuela e participação não oficial de Nova Zelândia e Rússia. A equipe dos países participantes será formada por qualquer número de estudantes de graduação matriculados em Universidades e não possuir título Universitário ou equivalente. A organização do OIMU é de responsabilidade do país participante que será realizada no primeiro sábado de outubro de cada ano que consta de uma única prova com sete problemas e o tempo máximo para resolvê-la é de cinco horas. A equipe brasileira participa desta competição desde a primeira edição em 1998, desde então a equipe brasileira já conquistou 11 (onze) Medalhas denominadas de Ouro, 20 (vinte) Medalhas denominadas de Prata e 40 (quarenta) Medalhas denominadas de Bronze e 32 (trinta e duas) Menções Honrosas. 2.3.5 Olimpíada de Maio Olimpíada de Maio é uma competição internacional de conhecimento de matemática realizada anualmente sempre no mês de maio para os estudantes dos países da América Latina, Espanha e Portugal desde 1995, patrocinada pelo ____________ 29 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/oimu.html . Acesso em 02 mai. 2010 53 Centro Latino-americano de Matemática e Informática (CLAMI) e pela Federação de Competições de Matemática e suas avaliações serão enviadas para a Comissão Organizadora na Argentina para uma classificação final. A Olimpíada de Maio30 é uma competição realizada para os estudantes das delegações da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai que tem como objetivo possibilitar a troca de conhecimentos e reforçar os contatos culturais entre diversas nações latino-americanas e suas avaliações são realizadas em dois níveis: nível 1 e para estudantes de com idade até treze anos; nível 2 e para estudantes de com idade maior que ou igual a treze anos e menor que quinze anos. No processo de seleção para formação da equipe brasileira para ingressar a competição da Olimpíada de Maio, o estudante terá que ser premiado pela Olimpíada Brasileira de Matemática com a Medalha denominada de Ouro, Prata, Bronze, Menções Honrosas ou tenha sido indicado pelo próprio Coordenador Regional. O Brasil só começou a participar da Olimpíada de Maio em 1997 na sua terceira edição. A comissão Organizadora da Olimpíada de Maio elabora a prova do primeiro e segundo nível com cinco questões dissertativas e o tempo máximo para resolve-la é de três horas aplicadas em dias diferentes. A equipe brasileira participa desta competição desde a terceira edição em 1997, desde então a equipe já conquistou no nível 1 (até 13 anos), 13 (treze) Medalhas denominadas de Ouro, 27 (vinte e sete) Medalhas denominadas de Prata e 42 (quarenta e duas) Medalhas denominadas de Bronze e 38 (trinta e oito) Menções Honrosas e no nível 2 (entre 13 e 15 anos), 13 (treze) Medalhas denominadas de Ouro, 26 (vinte e seis) Medalhas denominadas de Prata e 42 (quarenta e duas) Medalhas denominadas de Bronze e 40 (quarenta) Menções Honrosas. ____________ 30 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/olimp_maio.html. Acesso em 02 mai. 2010 54 2.3.6 Olimpíada Internacional de Matemática A Olimpíada Internacional de Matemática31 (International Mathematical Olympiad – IMO) é uma competição realizada anualmente no mês de julho desde 1959 com aproximadamente 100 países participantes. A competição é considerada a mais importante da área pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)32. Todas as nações participantes serão representadas por uma equipe de seis estudantes do Ensino Médio ou equivalente ou que não tenha ingressado no Curso superior ou equivalente até a data da celebração da Olimpíada. A primeira participação da equipe brasileira de Matemática ocorreu em 1979 e a partir desta data sempre esteve presente em todas outras edições. A equipe brasileira conquistou um lugar de grande destaque entre os países participantes, posicionando entre os vintes melhores países classificados. Segundo a OBM, as Olimpíadas de Matemática é um bom divertimento e um passaporte ao sucesso em vestibulares nas melhores Universidades brasileiras e do exterior. Há vários estudantes bem sucedidos na IMO e citaremos sete deles que conquistaram oito Medalhas denominadas de Ouro: O estudante Nicolau Corção Saldanha foi o primeiro brasileiro a ganhar a Medalha denominada de Ouro, este fato ocorreu na XXII IMO, nos Estados Unidos em 1981. Hoje, Nicolau hoje é graduado e mestre em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, possui doutorado em Matemática por Princeton University e Pós-Doutorado em Ecole Normale Suprieure, França. Atualmente é professor associado do Departamento de Matemática da PUC-Rio33. ____________ 31 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/olimp_internacional.html. Acesso em 02 mai. 2010 32 Informação extraída do site http://portal.mec.gov.br/ em 02 mai. 2010 33 Informação extraída do site http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 08 jul. 2009 55 O estudante Ralph Costa Teixeira participou de três edições da IMO e ganhou duas Medalhas denominadas de Ouro; sua primeira competição ocorreu na Finlândia em 1985 na XXVI IMO onde não foi premiado, porém no ano seguinte conquistou a sua primeira Medalha denominada de Ouro, na XXVII IMO, na Polônia, 1986 e a segunda medalha veio da XXVIII IMO em cuba, 1987. Hoje Ralph é graduado em Engenharia de Computação pelo Instituto Militar de Engenharia, mestre em Matemática pelo IMPA, mestre e doutor em Matemática pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos. Atualmente é professor Adjunto do Departamento de Matemática Aplicada da Universidade Federal Fluminense em Niterói, Rio de Janeiro34. Depois de três anos surge um novo estudante a conquistar outra medalha da Olimpíada Internacional de Matemática; Carlos Gustavo Tamm de Araujo Moreira que participa pela primeira vez na XXX IMO na Alemanha em 1989 e conquista uma Medalha denominada de Bronze; somente no ano seguinte em 1990, na XXXI IMO, na Alemanha, conquista a quarta Medalha denominada de Ouro. Carlos Gustavo é graduado em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre e doutor em Matemática pelo IMPA. Atualmente é Pesquisador titular do mesmo Instituto que se formou mestre e doutor35. O aluno Arthur Ávila Cordeiro de Melo foi o único que não passou por uma experiência anterior na IMO para conquistar a Medalha denominada de Ouro. Quando lá chegou ao Canadá, na XXXVI IMO em 1995, Arthur conquista a quinta Medalha denominada de Ouro. Hoje, Arthur é graduado em Matemática pela UFRJ, mestre e doutor em Matemática pelo IMPA. Atualmente é Pesquisador da Centre National de la Recherche Scientifique, Pesquisador da Clay Institute e Pesquisador do IMPA36. O estudante Rui Lopes Viana Filho, de família de classe média paulistana, iniciou seus estudos em escolas públicas. Ganhou duas Medalhas denominadas, uma de Prata e outra de Ouro. Sua primeira participação foi na Argentina em 1997 na XXXVIII IMO, onde conquistou a Medalha denominada de Prata e no ano ____________ 34 Informação extraída do site http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 08 jul. 2009 35 Informação extraída do site http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 08 jul. 2009 36 Informação extraída do site http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 08 jul. 2009 56 seguinte, 1998 na XXXIX IMO em Taiwan conquista a Medalha denominada de Ouro. Rui ganhou um total de 15 Medalhas sendo sete no exterior e oito no Brasil, essas conquistas foram decisivas para obter uma vaga no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, em Cambridge nos Estados Unidos. O estudante paulista Gabriel Tavares Bujokas, de 17 anos conquistou a sétima Medalha denominada de Ouro na XLVI edição da IMO realizada nos dias 8 a 19 de julho de 2005, no México. Bujokas foi o único brasileiro representante latino-americano a conquistar uma Medalha denominada de Ouro nesta edição. Sua primeira participação foi em Atenas, Grécia em 2004 onde conquistou a Medalha denominada de Prata. O estudante baiano Henrique Pondé de Oliveira Pinto participou de três edições da IMO e ganhou três Medalhas, duas denominadas de Pratas e uma denominada de Ouro. A primeira medalha conquistou na XLVIII IMO, Hanói, Vietnã, em 2007, a segunda medalha foi conquistada no ano seguinte em Madri, Espanha. Em 2009, L IMO, Bremen, Alemanha conquista a sua terceira medalha na IMO, sendo esta Medalha denominada de Ouro, totalizando a oitava medalha brasileira. Dos sete estudantes que ganharam Medalhas denominadas de Ouro na IMO, cinco deles são professores pesquisadores de grandes universidades brasileiras. 2.3.7 Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários A Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários37 (IMC) é uma competição realizada anualmente no mês de julho com a participação das melhores Instituições de Ensino Superior (Universidades), num total superior a 160 Universidades de 43 países. A IMC é uma competição de Universidades e não de países e cada país poderá inscrever várias ____________ 37 Informação extraída do site: http://www.obm.org.br/opencms/competicoes/internacionais/imc.html. Acesso em 02 mai. 2010 57 Universidades. A equipe de uma Universidade é formada por um professor líder e quatro estudantes. A X edição da IMC foi realizada em 2003, na Romênia, Universidade Babes-Bolyai, em Cluj-Napoca; neste ano a equipe brasileira participa pela primeira vez com grande estilo, conquistando três Medalhas denominadas de Prata, três de Bronze e duas Menções Honrosas. As instituições de ensino mais renomadas mundialmente como Cambridge, École Polytechnique, Instituto Max Planck, Instituto Technion, MIT, Oxford, Universidade Complutense de Madri e Universidade de Moscou também participaram desta edição abrilhantando ainda mais as conquistas brasileiras. Os alunos que abrilhantaram conquistando Medalhas denominadas de Ouro no IMC em todas edições a partir de 2004: 1) Em 2004, na Macedônia (XI IMC), Yuri Gomes Lima representante da UFC foi o primeiro brasileiro a conquistar a Medalha denominada de Ouro; 2) Em 2005, na Bulgária (XII IMC), Alex Corrêa Abreu38 representante da UFRJ, nesta edição ganharam também Medalhas denominada de Ouro Fábio Dias Moreira representante da PUC-RIO e Thiago Barros Rodrigues Costa representante da UNICAMP; 3) Em 2006, Ucrânia (XIII IMC), Fábio Dias Moreira (segunda Medalha denominada de Ouro), representante da PUC-RIO, Thiago Barros Rodrigues Costa representante da UNICAMP e Humberto Silva Naves representante da UNICAMP; 4) Em 2007, Bulgária (XIV IMC), Fábio Dias Moreira (terceira Medalha denominada de Ouro), representante da PUC-RIO; 5) Em 2008, Bulgária (XV IMC), Fábio Dias Moreira (quarta Medalha denominada de Ouro), representante da PUC-RIO; ____________ 38 Esta medalha de Ouro Especial é a Medalha Grand First Prize conquista por Alex Corrêa Abreu na XII Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários em 2005 na Bulgária. 58 6) Em 2009, Hungria (XVI IMC), Rafael Daigo Hirama representante do ITA e Rafael Marini Silva representante da Escola Politécnica de Paris, França, ganharam Medalhas denominadas de Ouro. 7) Em 2010, Bulgária (XVII IMC), Régis Prado Barbosa representante do ITA ganha a última Medalha denominada Ouro. No IMC as equipes brasileiras conquistaram um total de doze Medalhas denominadas de Ouro e todas estas conquistas se deram pelo desempenho dos próprios estudantes com a colaboração de seus respectivos professores. O programa de Olimpíadas de Matemática é dedicado a encontrar jovens com habilidades para a Matemática ou para ciências afins. 59 CAPÍTULO 3 A PESQUISA Neste capítulo apresentaremos a construção e descrição da pesquisa e seus sujeitos envolvidos, além de analisar as informações obtidas por meio do questionário para observar o comportamento do aluno em relação às atividades propostas e executadas na OBMEP. 3.1 Sujeitos da Pesquisa Por se tratar de um grande número de alunos – 8,3 milhões de estudantes39 na 3ª série do ensino médio em escolas públicas – foi necessário delimitar o universo de pesquisa. Inicialmente pretendíamos fazer a pesquisa com os 199 alunos matriculados em cinco classes da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Tiago Alberione. No dia da aplicação do questionário, faltaram 77 alunos e, por razões particulares, 5 deles se recusaram a responder. Portanto, 117 alunos responderam o questionário, sendo que 13 (treze) alunos têm 16 anos, 68 (sessenta e oito) 17 anos; 22 (vinte e dois); 18 anos, 8 (oito); 19 anos, 2 (dois) 20 anos; 1 (um) 21 anos; 1 (um) 23 anos; 1 (um) 25 anos; 1 (um) 35 anos. A escola está localizada na periferia da zona sul de São Paulo, é frequentada por alunos de classe menos favorecida, isto é, a renda mensal é baixa. ____________ 39 Dados coletados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira de 30 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news09_11.htm> 61 Para conhecer o universo de pesquisa, faz-se necessário conhecer e mensurar o tamanho da instituição a ser explorada para o estudo. Ao todo, a Escola Estadual Padre Tiago Alberione possui três turnos e 2.321 alunos, como explica a tabela 2. É importante esclarecer que a 5ª série refere-se ao 6º ano, a 6ª série corresponde ao 7º ano e assim por diante. Tabela 2 – Número de alunos por classe da EE Padre Tiago Alberione Ensino Fundamental Médio Série Matutino Vespertino Noturno Total 5ª 397 397 6ª 322 322 7ª 317 317 8ª 363 363 1ª 137 276 413 2ª 310 310 3ª 199 199 785 2321 Total 817 719 Fonte: Dados da Escola Estadual Padre Tiago Alberione. A Escola Estadual Padre Tiago Alberione pode ser considerada de grande porte por possuir um número expressivo de alunos matriculados – a maioria dos estudantes da terceira série é oriunda da segunda série da mesma escola. Logo, são poucos os alunos de origem de escolas vizinhas. As classes apresentam características bem distintas entre si em relação ao gênero: apenas uma classe (3ª A) tem o mesmo número de alunas e alunos, porém as demais têm um número maior de alunas, principalmente as terceiras séries do Ensino Médio C e D. As cinco classes da terceira série do Ensino Médio estão distribuídas de acordo com o gênero como mostra a tabela 3: 62 Tabela 3 – Número de alunos da 3ª série do Ensino Médio Série Alunos Masculinos Femininos 3ª A 40 20 20 3ª B 40 18 22 3ª C 40 15 25 3ª D 39 15 24 3ª E 40 19 21 Total 199 87 112 Fonte: Dados da Escola Estadual Padre Tiago Alberione A tabela 3 aponta que a terceira série do Ensino Médio da Escola Pública é composta por mais estudantes do gênero feminino. 3.2 Descrição da Aplicação O questionário foi aplicado em duas datas distintas, escolhidas aleatoriamente, sem aviso prévio aos alunos da escola para alcançar o maior número de respostas e informações possível. Acreditamos que um anúncio antecipado aos alunos da aplicação do questionário poderia provocar um maior número de ausências. O primeiro dia de coleta de resultados aconteceu no dia 11 de junho de 2010, sexta-feira, com alunos da terceira série da turma A, B e E. Três dias depois – dia 14 de junho do mesmo ano, numa segunda-feira - o questionário foi distribuído aos alunos da terceira série da turma C e D. Nas duas datas, a aplicação da pesquisa teve a duração de 15 a 20 minutos. O questionário apresentou oito perguntas e contou com uma combinação de questões abertas e fechadas para fornecer a possibilidade ao aluno de discorrer espontaneamente, em alguns casos, sobre o que é indagado. Portanto, buscamos a participação voluntária de cada aluno, sendo que, em nenhum momento, os estudantes foram coagidos ou pressionados a participarem em responder o questionário e a fim de proteger a identidade de 63 cada um dos alunos e por questão de sigilo, seus nomes não foram solicitados. Conforme Moreira e Caleffe (2006) apontam, a estratégia é adotada no momento da aplicação do questionário, sendo que o pesquisador deve evitar interromper os alunos quando buscam esclarecimento; sem se envolver, interferir nas respostas dando exemplos ou explicando o que significa cada questão. Ao coletar dados por meio de um questionário, os alunos podem ou não ser leais sobre o que realmente sentem e podem fornecer apenas uma resposta para ser agradável. Concordamos com Moreira e Caleffe (2006, p. 195) quando apontam “[...] instrumento de coleta de dados como questionário, o pesquisador confia em um auto-relato de como o indivíduo participante do estudo comporta-se ou no que ele acredita”. Com os dados coletados por meio do questionário, houve o momento para o desenvolvimento de análise das respostas dos alunos. 3.3 Análise do Questionário Com enfoque nas contribuições da OBMEP para estimular e promover o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas e contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo investigar os alunos de uma escola estadual da periferia de São Paulo. Os dados coletados por meio do questionário foram reunidos e distribuídos em uma única tabela para iniciar a mensuração das respostas e categorizar variáveis – ou seja, verificou-se a escolha e respostas subjetivas dos 117 alunos para tentar chegar a uma conclusão e confrontá-la com os objetivos que regem a OBMEP. Apesar de muitas ausências de alunos nos dois dias em que foi respondido o questionário, acreditamos ter um número significativo de alunos que participaram de alguma edição da prova. 64 QUESTÃO 1 1) Você já participou da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)? ( ) Não ( ) Sim Se sim, assinale os períodos em que você participou. ( ) 2005 ( ) 2006 ( ) 2007 ( ) 2008 ( ) 2009 A primeira indagação se refere ao período e ao número de participações na Olimpíada de Matemática, que tem como objetivo conhecer o histórico dos alunos em relação à Olimpíada, pois queremos saber quantas edições da OBMEP alunos têm participado. Acreditamos que os alunos responderão que participaram mais de três ou quatro das cinco edições, já que são alunos da terceira série do Ensino Médio e, provavelmente, possuem experiências com a Olimpíada de Matemática. Desde 2005, ano que foi instituída a OBMEP, estes alunos no mínimo estudavam na sexta série (7º ano), logo acreditamos que estes tenham no mínimo quatro ou cinco participações. ANÁLISE Analisando as 117 respostas coletadas, observamos que 32 alunos nunca participaram das edições da OBMEP; dos 85 alunos que participaram de alguma das edições, 39 participaram apenas uma vez; 26, em duas oportunidades; 16, em 3 ocasiões; um estudante esteve presente em 4 edições e 3 alunos competiram por 5 vezes. Estes números indicam que o corpus da pesquisa fica reduzido a um número menor de pessoas por não esperar a expressiva quantidade de alunos que responderam que nunca participaram de uma edição da OBMEP, já que estes tiveram cinco oportunidades para participar da competição. Acreditamos que a Comissão Organizadora da OBMEP, neste requisito, não atinge o aluno 65 com a sua proposta nos seus quadros de premiação ou no que propõe em benefício ao aluno. No caso desta primeira indagação, esperávamos que um número maior de alunos tivesse participado das avaliações da Olimpíada de Matemática – o que não ocorreu. Portanto, concluímos que a questão deveria ter uma pergunta aberta para identificar o motivo que levaram à baixa frequência nas edições da OBMEP. A primeira questão elimina trinta e dois questionários de alunos que nunca participaram das edições da OBMEP. Logo, analisaremos oitenta e cinco questionários de alunos que participaram de alguma edição. QUESTÃO 2 2) Você conhece a premiação da OBMEP? ( ) sim ( ) não A questão permite saber se os alunos realmente conhecem a premiação e, por consequência, o regulamento da OBMEP. Antes de obter as respostas, acreditamos que a Comissão Organizadora da OBMEP e a direção da escola não fazem divulgação adequada para a avaliação, assim como para a sua premiação. Portanto, o aluno responderá que não conhece a premiação. ANÁLISE O resultado obtido é semelhante ao que se esperava: dos 85 alunos, apenas 24 afirmam conhecer a premiação; 61 não conhecem. Acreditamos que, pela ausência de divulgação adequada para os alunos na escola sobre a premiação da OBMEP, o aluno desconhece meandros da competição, tais como o efeito de sua participação – se questionando sobre a possibilidade de realizar ou não a avaliação. 66 QUESTÃO 3 3) Você passou para a segunda fase da OBEMP. ( ) Não Como se sente ao receber a notícia que não foi classificado para a segunda fase da OBMEP? _____________________________________________________________ ( ) Sim Assinale os períodos em que você foi para a segunda fase. ( ) 2005 ( ) 2006 ( ) 2007 ( ) 2008 ( ) 2009 Como se sente ao receber a notícia que foi classificado para a segunda fase da OBMEP? _____________________________________________________________ A presente questão analisa reações e formas de manifestação do aluno com a classificação ou não para a segunda fase da OBMEP. Acreditamos que o aluno responderá que se sente muito bem por se classificar para a próxima fase da competição, pois apenas um grupo restrito de estudantes – 5% das melhores notas da escola avançam à próxima fase da OBMEP. Essa informação deve ser notificada a todos antes da execução da prova. ANÁLISE Analisando as 85 respostas de alunos que já participaram das edições da OBMEP – conforme mostra o quadro 1 – percebemos que dos 24 alunos que conhecem a premiação da OBMEP, 11 passaram para a segunda fase e 13, não. Dos 61 estudantes que não conhecem a premiação da OBMEP, 9 alunos avançaram à próxima etapa, enquanto 52 não passaram. 67 Quadro 1 – Referente à questão 3 – Alunos que passaram para a 2ª fase OBMEP Premiação da OBMEP 24 afirmam que conhecem Total de alunos 11 alunos passaram 13 alunos não passaram 61 afirmam que não conhecem 9 alunos passaram 52 alunos não passaram Assim, dos 85 alunos que responderam o questionário, 20 avançaram para a segunda fase da OBMEP. Os 65 estudantes que não passaram correspondem, aproximadamente, ao triplo dos que passaram à próxima etapa da competição. Para facilitar a compreensão dos dados extraídos do quadro 1, vamos categorizar as respostas dos alunos. Primeiramente analisamos as respostas que afirmaram que passaram para a segunda fase da competição e classificamos cada manifestação do aluno coletada em quatro categorias: feliz, indiferente, inseguro e surpreso. Dos 20 estudantes que avançaram 15 mostraram felicidade por ter passado para a segunda fase; 2 ficaram indiferentes, 2 ficaram surpresos e um inseguro. Estes dados nos remetem concluir que 3 4 do total dos alunos classificados representam a categoria dos “felizes”, ou seja, satisfeitos com os resultados. O ponto surpreendente da coleta de respostas é exibido na sinceridade de um aluno que, mesmo passando para a próxima etapa da competição, admite ter escolhido aleatoriamente as alternativas. Diz o estudante: “fico feliz apesar de saber que só passei para a segunda fase por ter “chutado” a maioria das respostas”. Ao analisar as 65 respostas de alunos que não avançaram à segunda fase, os classificamos em quatro categorias: triste, indiferente, desapontado e despreparado. Do total, 10 afirmam que ficaram tristes, 27 indiferentes, 8 desapontados e 20 se consideraram despreparados. Os registros indicam que grande parte dos estudantes não se importava com a realização da prova. 68 A presente questão permite também produzir outros dados. A tabela 4 foi criada para delimitar o universo daqueles que afirmam conhecer a premiação - 24 alunos - e aqueles que passaram para a 2ª fase da OBMEP, que corresponde a 11 estudantes. A tabela 4 sintetiza as questões 1, 2 e 3 exemplificando o conhecimento do estudante sobre a premiação do evento e enumera a quantidade de estudantes que avançaram à segunda fase. Tabela 4 – Tabela síntese das questões 1, 2 e 3 Participação Nº de alunos Conhecem a premiação Passaram para a 2ª fase 1 38 4 5 2 27 14 12 3 16 5 2 4 1 0 0 5 3 1 1 Total 85 24 20 Dos 85 alunos que participam das edições da OBMEP, por pelo menos uma vez, 24 alunos disseram conhecer a premiação - este número representa mais que o triplo do universo delimitado – 85 alunos, isto nos leva acreditar que os alunos desconhecem parte do regulamento da OBMEP. Dos alunos que passaram para a segunda fase, o resultado é ainda menor – 20 estudantes garantiram ter avançado para a próxima etapa da competição. A coleta dos resultados garante que o número de alunos que avançaram à segunda fase da OBMEP é próximo ao registro de estudantes que dizem conhecer a premiação. No entanto, há um dado curioso: 9 alunos que não conhecem a premiação passaram para a segunda fase, enquanto 12 estudantes que conhecem a premiação não avançaram à próxima etapa. 69 QUESTÃO 4 4) Você se prepara para participar na OBMEP? ( ) Não ( ) Sim O objetivo desta pergunta é conhecer se o aluno se prepara para participar da Olimpíada de Matemática. Preparar-se pressupõe que o estudante faz estudos prévios para participar da competição. Acreditamos que o aluno afirmará que não realiza uma preparação para participar da prova da OBMEP. ANÁLISE Analisando os 85 alunos que responderam o questionário, 20 deles se classificaram para a segunda fase. Destes, 6 garantem se preparar para realizar a avaliação; 14, não se preparam. Dos 65 alunos que não classificaram para a segunda fase, 17 afirmam se preparar para realizar a OBMEP; 48 alunos garantiram que não se preparam. Quadro 2 – Referente à questão 4 – O aluno se prepara para participar na OBMEP 2ª fase da OBMEP 20 afirmam que se classificaram Total de alunos 6 alunos se prepararam 14 alunos não se prepararam 65 afirmam que não se classificaram 17 alunos se prepararam 48 alunos não se prepararam Das 85 respostas coletadas, 23 alunos afirmam se preparar para realizar a prova da OBMEP – o que representa aproximadamente quatro vezes do universo delimitado; por outro lado, 62 afirmam não se preparar. Percebemos após a aplicação da questão que não é possível chegar a uma conclusão sobre a falta de preparação do aluno, já que este não teve espaço para explicar o motivo de sua 70 escolha, que poderia envolver o próprio desinteresse pessoal pela prova até a ausência de materiais fornecidos pela escola ou pela OBMEP. Entretanto, para que exista um registro maior de estudantes que se preparem e avancem à segunda fase da prova, é necessário que existam maior divulgação e aplicação do material – exercícios disponíveis no site da OBMEP, provas de edições anteriores e “Banco de Questões”, conteúdos que são caracterizados pela OBMEP como indicações para a preparação da prova. Diz a OBMEP40: “como os atletas de qualquer competição, é sempre bom treinar para aprender mais e se familiarizar com o estilo da prova. Neste site você encontra as questões das provas dos anos anteriores com todas as soluções, e também o Banco de Questões, que são bons materiais para quem quer se preparar para a OBMEP. Existem também diversos outros sites com problemas de olimpíadas de Matemática”. QUESTÃO 5 5) Você já fez parte de algum grupo de estudo para participar da OBMEP? ( ) Não ( ) Sim Quando fiz parte do grupo de estudo eu: ( ) consultei alguns livros específicos, ( ) utilizei o “Banco de questões” da escola. ( ) utilizei o “Banco de questões” do site da OBMEP. ( ) ofereceram-me preparação prévia direcionada para a OBMEP. Esta questão busca averiguar se há capacitação para o aluno participar das edições da Olimpíada de Matemática Acredita-se que o aluno afirmará que não participa de grupo de estudo. No entanto, faltou questionar o estudante sobre qual seriam as razões por não ____________ 40 Informação extraída do site: http://www.obmep.org.br/faq.html. Acesso em 29 jul. 2010. 71 participar de um grupo de estudo – o que poderia dar subsídios aos questionamentos sobre estímulos e motivação para realizar a avaliação. ANÁLISE Verificando os 85 questionários de alunos que já participaram da OBMEP – conforme mostra o quadro 3 – é necessário resgatar informações da análise da questão 4, como os números de estudantes que afirmam ou não se preparar para a avaliação. Portanto, dos 23 alunos que declaram se preparar para participar da OBMEP, 4 deles fazem parte de algum grupo de estudo. Dos 62 alunos que declaram não se prepararem para participar da OBMEP, um deles faz parte de um grupo de estudos para participar da Olimpíada de Matemática. O único aluno que faz parte deste universo garante não fazer parte de um grupo de estudo, porém participou de simuladores ou revisão de conteúdo. Analisando apenas os cinco questionários dos alunos que afirmaram fazer parte de algum grupo de estudo para participar da Olimpíada de Matemática – três deles consultaram alguns livros específicos, um utilizou o “Banco de questões” e um lhe ofereceram preparação prévia direcionada para a OBMEP. Quadro 3 – Referente à questão 5 – Fazem parte de grupo de estudo. Fazem parte de grupo de estudo 23 afirmam que se prepararam Total de alunos 4 alunos fazem parte de grupo 19 alunos não fazem parte de grupo 62 afirmam que não se prepararam 1 aluno faz parte de grupo 61 alunos não fazem parte de grupo Para fazer a relação das questões 4 e 5, é necessário delimitar o universo daqueles que afirmam se preparar para a Olimpíada (23 alunos) e aqueles que fazem parte de algum grupo de estudos para participar da OBMEP (5 alunos). A tabela 5 busca sintetizar as duas perguntas exemplificando a preparação do estudante para participar sobre a premiação do evento e enumera a quantidade de estudantes que avançaram à segunda fase. 72 Tabela 5 – Tabela síntese das questões 4 e 5. Participação Nº de alunos Preparam para participar na OBMEP Fazem parte de um grupo de estudo 1 38 12 3 2 27 4 1 3 16 6 1 4 1 - - 5 3 1 - Total 85 23 5 Dos 85 alunos que participaram das edições da OBMEP por pelo menos uma vez, 23 alunos se prepararam para participar das edições da OBMEP. Dos alunos que fazem parte do grupo de estudos o dado é ainda menor – cinco estudantes. Analisando apenas os cinco questionários dos alunos que afirmam ter participado de algum grupo de estudo, observamos que, daqueles que participaram uma única vez nas edições da OBMEP, houve um maior número de alunos que fizeram parte de um grupo de estudo, ou seja, consultam alguns livros específicos. Porém, três alunos que têm cinco participações não fizeram parte de nenhum grupo de estudo por motivo desconhecido. Entre os cinco estudantes que afirmam fazer parte de um grupo de estudo, apenas um mencionou que utiliza o “Banco de Questões” da escola, o que permite levantar duas conclusões: a falta de desinteresse do estudante com a prova ou a ausência de comunicação da escola ao recurso disponível em dois ambientes: biblioteca e site oficial da OBMEP. Para a OBMEP, o “Banco de Questões” é um dos artifícios mais importantes de preparação do aluno à prova. Segundo Biondi, Vasconcellos e Menezes (2007), o “Banco de Questões” pode influenciar na melhoria do desempenho dos estudantes nas avaliações educacionais. 73 QUESTÃO 6 6) Você participou de atividades promovidas pelos professores na preparação para Olimpíadas? ( ) Não ( ) Sim, cite algumas delas. _______________________________________________________________ O objetivo desta questão é analisar a existência de atividades promovidas pela unidade escolar na preparação do aluno para participar da Olimpíada de Matemática. ANÁLISE Analisando os questionários dos 85 alunos que afirmaram ter participado da Olimpíada de Matemática, 13 alunos garantem que fizeram atividades promovidas pelos professores para participar da OBMEP. Nesse restrito grupo, que não é formado por uma única turma, destaca-se um aluno que afirma não se lembrar das atividades; dois garantem ter resolvido exercícios de Olimpíadas; dois alunos não informaram as atividades promovidas e oito declaram que fizeram revisão de exercícios. Entre uma das explicações do restrito grupo de oito estudantes, um aluno explica que os professores se reuniram para ajudar apenas aqueles que avançaram à segunda fase, o que permite concluir que a escola e seu corpo docente só deram importância à prova a partir da segunda etapa da competição – momento que é restrito a um grupo de alunos. Caso esta mobilização dos professores fosse realizada anteriormente, ou seja - na primeira fase – poderíamos ter a possibilidade de alunos mais motivados e, conseqüentemente, um registro maior de estudantes que avançassem à segunda fase. 74 Quadro 4 – Referente à questão 6 – Atividades promovidas pelos professores Grupo de estudo Total de alunos 5 alunos afirmam que fizeram parte de grupo de estudo 1 aluno participou de atividades 4 alunos não participaram de atividades 80 alunos afirmam que não 12 alunos participaram de atividades fizeram parte de grupo de estudo 68 alunos não participaram de atividades Concluímos que, dos treze alunos que participaram das atividades promovidas pelos professores na preparação para Olimpíadas de Matemática, apenas dois alunos passaram para a segunda fase, sendo os alunos de número 48 e 68. Para fazer a relação das questões 4, 5 e 6, foi necessário criar a tabela 6, que delimita o universo daqueles que se preparam para participar da OBMEP e afirmam fazer parte de um grupo de estudos – cinco alunos – e aqueles que participaram de atividades promovidas pela escola na preparação para Olimpíadas. Neste caso, somente um aluno. Tabela 6 – Tabela síntese das questões 4, 5 e 6. Participação Nº de alunos Preparam para participar na OBMEP Fizeram parte de um grupo de estudo Atividades promovidas pelos professores 1 38 12 3 1 2 27 4 1 - 3 6 6 1 - 4 1 - - - 5 3 1 - - Total 85 23 5 1 Para analisar a tabela 6, vamos categorizar as respostas com estudantes que participaram ou não de atividades para a execução da prova. Dos 85 alunos que participaram das edições da OBMEP por pelo menos uma oportunidade, 23 alunos garantem ter se preparado para a prova. Dos alunos que fazem parte do grupo de estudos o dado é ainda menor - somente cinco estudantes. Entretanto, 75 só um aluno que fez parte do grupo de estudos e se preparou para a avaliação participou de atividades promovidas pelos professores. Analisando o número de participações dos alunos, qualquer estudante que tenha feito a prova em quatro ou cinco oportunidades garante não ter feito nenhuma atividade promovida pelos professores ou até mesmo ter criado um grupo de estudos. O que chama atenção é saber que, uma vez que o estudante tenha participado em mais de uma oportunidade da OBMEP, fica evidente o crescimento do desinteresse pela competição. Portanto, podemos concluir que a OBMEP não estimula e promove o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas, conforme explica o item 3.1 de seu regulamento41. QUESTÃO 7 7) A participação na OBMEP te estimula a buscar novos conhecimentos de Matemática? Por quê? ________________________________________________________________ O objetivo desta questão é analisar se a participação da Olimpíada de Matemática pode estimular novos conhecimentos aos alunos. Acreditamos que a participação na avaliação cria mecanismos ou estímulos para o aluno buscar novos conhecimentos na Matemática, pois o ato de competir pressupõe querer obter mais conhecimento na área, mostrando ao próprio aluno e ao seu círculo social que é possível resolver desafios na disciplina. ANÁLISE Analisando os 85 questionários de alunos que afirmaram ter participado da OBMEP, 18 responderam que a participação não estimula a busca de novos conhecimentos na Matemática; destes, 4 não se sentem motivados, 9 afirmam estar desinteressados, 3 ressaltam a dificuldade com o conteúdo de Matemática e 2 estudantes garantem não gostar de Matemática. Portanto, não podemos ____________ 41 Informação extraída do site: http://www.obmep.org.br/regulamento.html. Acesso em 29 jun. 2010. 76 concluir a falta de estímulo para buscar novos conhecimentos à dificuldade de obter conhecimento matemático. O que também chama atenção é que, dentre os 9 estudantes que afirmam estar desinteressados, 3 deles usam como argumento a falta de estímulos e preparo da escola na competição: “a escola não nos estimula a nem participar da OBMEP”, diz um dos estudantes. Uma dessas declarações permite inferir – e não concluir - que um dos motivos do aluno estar desinteressado não parte da opinião pessoal de não gostar de Matemática: 1 3 das manifestações dos alunos nesta questão aponta que a escola não está preparada para fornecer e aplicar provas da OBMEP. Para 58 alunos, a participação na OBMEP estimula a buscar novos saberes; destes 9 estudantes se sentem motivados, 40 dizem que a Olimpíada provoca buscar novos conhecimentos em Matemática, 6 consideram a prova importante e 3 tratam a OBMEP como algo indiferente. O mais interessante, neste caso, foi o número de alunos que não responderam a questão – 9 no total. Neste caso, acreditamos que parte dos alunos desinteressados em participar da Olimpíada descarta automaticamente responder essa questão. QUESTÃO 8 8) Existe algum trabalho durante as aulas sobre Olimpíadas de Matemática? ( ) sim Qual é esse trabalho? _______________________________________________________________ ( ) não Você gostaria que tivesse? Por quê? ________________________________________________________________ O objetivo desta questão é avaliar se há o interesse do aluno em participar da Olimpíada de Matemática e se este considera necessária a realização de atividade-extra em sala de aula. 77 Acreditamos que o estudante responderá que não há nenhum tipo de trabalho, porém se espera que ele queira realizar alguma atividade com exercícios semelhantes ao da OBMEP, principalmente aqueles estudantes que têm afinidades para a Matemática, seja pela possibilidade de resolução de desafios ou prazer pessoal de estar integrado a um grupo de alunos que competem. ANÁLISE Analisando as 85 respostas coletadas, 7 estudantes garantem existir um trabalho relacionado às Olimpíadas de Matemática durante as aulas, no entanto, estes não mencionam qual a tarefa executada em sala; outros 13 alunos preferiram não responder a questão. A maior parte dos estudantes – 65 – afirma não ter nenhum trabalho, porém espera que a escola desenvolva tarefas que antecedam avaliações da OBMEP, registro que chama atenção pelo número de estudantes interessados em obter novos conhecimentos para participar da prova. Podemos concluir, neste caso, que o aluno demonstra interesse em participar da competição, mas a falta de preparação e estímulo da escola provoca a ausência do aluno na Olimpíada e, conseqüentemente, o desinteresse pela participação. O que chama atenção é que o argumento utilizado pelos 65 estudantes coincide com um dos objetivos propostos pela OBMEP, conforme explica o item 3.242: “contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica”. Grande parte dos discursos apresentados pelos alunos envolve aperfeiçoamento da Matemática, como por exemplo: “os trabalhos poderiam contribuir para melhorar meu conhecimento”, “as tarefas ajudariam em meu aprendizado”, “aprimoram o conhecimento de uma matéria tão complexa, mostrando também a realidade dos vestibulares que seguem o mesmo padrão”. ____________ 42 Informação extraída do site: http://www.obmep.org.br/regulamento.html. Acesso em 29 jun. 2010. 78 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando como objeto de estudo a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), decidimos aprofundar a busca de novos conhecimentos e adotamos como eixo orientador à análise das ações e impactos realizados pela OBMEP. Direcionamos nosso foco aos objetivos propostos pela Comissão Organizadora da OBMEP e entendemos que a metodologia aplicada favoreceu o direcionamento na coleta de dados por meio de um questionário com oito questões. Elaboramos um levantamento de trabalhos existentes que abordem o tema Olimpíadas de Matemática, com artigos, dissertações e documentos que possam contribuir de uma forma ou de outra para nossa pesquisa. Com a necessidade de uma resposta da questão de pesquisa e influências de trabalhos anteriores, acreditamos que a coleta de respostas e análise final possa trazer um caráter inovador em face de seus escopos. Em nossas considerações finais destacaremos oportunamente algumas contribuições que nos possa ser útil. Com apoio ao referencial teórico para o desenvolvimento de nosso estudo, chegamos à questão de pesquisa. Para responder ao problema do estudo, foi elaborado um questionário para compreender se as respostas coletadas confrontam com os objetivos que estão no regulamento da OBMEP. No entanto, a pesquisa aponta que as propostas exibidas pela associação não são apresentadas na Escola Estadual Padre Tiago Alberione. Dos 199 estudantes matriculados na 3ª série do Ensino Médio da escola, apenas 117 se propuseram a responder o questionário, sendo que 85 afirmam ter 79 realizado por, pelo menos, uma prova da OBMEP. O que chama mais atenção é que apenas 20 estudantes afirmaram participar por três vezes ou mais da OBMEP, sendo que, ao todo, tiveram cinco oportunidades para realizar a prova. Neste registro, é possível mostrar a desvalorização da prova da OBMEP junto ao aluno. Outro dado coletado pertinente é o registro de alunos que usaram o “Banco de Questões” em uma das oportunidades que antecedem a prova. Apenas um único aluno afirmou ter usado o recurso para se preparar para a competição. Acreditamos que este recurso pode contribuir para o sucesso do aluno na prova da OBMEP, pois apresenta formato semelhante à avaliação e, conforme Biondi, Vasconcelos e Menezes (2007) explica, o “Banco de Questões” ajuda na melhoria na qualidade do desempenho dos alunos nas avaliações da OBMEP. Porém, se percebe falta de comunicação para que isso se ocorra: a OBMEP não informou adequadamente à escola sobre a existência deste instrumento para aprendizagem; conseqüentemente, o aluno não tem condições de saber quais são os instrumentos que o auxiliam para se preparar para a competição. Portanto, fica como sugestão a criação de um espaço de construção coletiva de saberes, o uso do “Banco de Questões” e edições anteriores das provas da OBMEP aos alunos interessados em Olimpíadas que atendam alunos e professores no processo de aprendizado. Aos professores, é necessário instituir cursos de capacitação ao longo do ano, com a possibilidade de trocar experiências da competição e, principalmente, incentivar o uso da tecnologia para ajudar no aprendizado. Sobre a divulgação da prova da OBMEP, acreditamos que a associação não cumpra com eficiência a exposição do evento, o que pode gerar ou não estímulos para participar da competição. Dos 85 estudantes que responderam o questionário, apenas 24 conheciam os prêmios dos vencedores. Destes, apenas 11 avançaram à segunda fase da OBMEP. Portanto, sugerimos que a associação atue de forma mais intensa, acompanhando o desenvolvimento da prova junto aos professores da escola – o que não foi visto até o momento. A partir desta ponderação, acreditamos que os alunos não estão motivados para participar da OBMEP devido à falta de informação em torno da competição – como a 80 premiação. Caso a associação cumpra com o objetivo de melhorar a qualidade da educação, conforme aponta seu regulamento, o beneficiado será o aluno. O resultado da pesquisa também permite concluir que há interesse do próprio estudante em adquirir novos conhecimentos para participar da OBMEP. Entre os alunos que responderam o questionário, descobrimos que a grande maioria deseja que existam conteúdos específicos relacionados à prova. Apesar do estímulo pessoal, apenas um pequeno grupo – cinco alunos – revelou fazer parte de uma turma de estudos. Entretanto, a pesquisa não soube revelar se a falta de estímulos para participar é originária da própria escola ou da Comissão Organizadora da OBMEP. Para completar nosso trabalho, enviamos um email a Comissão Organizadora da OBMEP com um questionário (Apêndice C) para esclarecer como podemos acessar as notas dos alunos da segunda fase da OBMEP, se a própria promove divulgação na mídia sobre a premiação, como um aluno faz para saber sua classificação, se é feita alguma capacitação para os alunos não premiados, ou se a comissão organizadora oferece algum relatório de desempenho dos alunos para as escolas e quais são as ações para atingir seus objetivos como estimular o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas e qual a contribuição para a melhoria da qualidade da Educação Básica. Contudo, nenhuma informação foi repassada ou respondida. Enviamos também à direção da Escola Estadual Tiago Alberione um e-mail (Apêndice D) para esclarecer como o aluno obtém a sua classificação na segunda fase da OBMEP, se a escola divulga a premiação da OBMEP, se a escola promove alguma preparação aos alunos para participar da OBMEP e se a OBMEP já ofereceu à escola um relatório de desempenho dos alunos. A exemplo da associação, as indagações não foram respondidas. No entanto, não podemos concluir pela omissão ou ausência de respostas. Participar da Olimpíada de Matemática é um motivo de ordem social que é determinado pela história de vida de cada aluno e pelos momentos vivenciados na escola. O desenvolvimento pessoal, o sucesso, o bem-estar serve como motivo para o aluno aprender, que pode ser explorado pela OBMEP estimulandoo por meio de suas premiações. Conforme Cedro (2008) aponta, os alunos não 81 nasceram com o objetivo de querer aprender, mas necessitam ser mobilizados para que isto ocorra. Esperamos que estas considerações não se tornem limitantes e sim estimuladoras para novas pesquisas educacionais pertinentes à discussão das Olimpíadas de Matemática e que esta nova atividade implique no aparecimento de novas discussões sobre o tema. 82 REFERÊNCIAS ABRUCIO, Marcos. Odisséia Olímpica: a história das olimpíadas e seus heróis, Editora Cortez, 2008. ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de caso em Pesquisa e Avaliação Educacional. Brasília: Líber Livro Editora, 70 p. (Série Pesquisa, vol. 13), 2005. ALVES, Eva Maria. A ludicidade e o ensino de Matemática. Campinas, São Paulo: Papirus, 2006. BERINDE, V. The Native Country of International Mathematical Olympiads. A brief history of Romanian Mathematical Society, Baia Mare, 2004. BIONDI, Roberta Loboda; VASCONCELOS, Lígia e MENEZES FILHO, Naercio Aquino de: Avaliando o impacto da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no desempenho de Matemática nas avaliações educacionais. 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Difusão da Pesquisa Educacional entre profissional entre do Ensino e Círculos Acadêmicos. Caderno de Pesquisa, v. 35, n. 125, p. 13–35, maio/ago. 2005. 86 APÊNDICES APÊNDICE A: CARTA AO ALUNO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Caro Aluno; Você está recebendo um questionário que faz parte de minha pesquisa de Mestrado em Ensino da Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva. O questionário tem a finalidade de obtenção de informações que servirão como subsídios para estudos e pesquisa na área do Ensino da Matemática A identidade do aluno será preservada. Atenciosamente, Washington José Santos Alves. 87 APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PUC/SP Programa de Estudos Pós-Graduados no Ensino da Matemática Idade: ______________ gênero: ________________ Escola Estadual Padre Tiago Alberione. 1) Você já participou da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)? ( ) Não ( ) Sim Se sim, assinale os períodos em que você participou. ( ) 2005 ( ) 2006 ( ) 2007 ( ) 2008 ( ) 2009 2) Você conhece a premiação da OBMEP? ( ) sim ( ) não 3) Você passou para a segunda fase da OBEMP. ( ) Não Como se sente ao receber a notícia que não foi classificado para a segunda fase da OBMEP? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ( ) Sim Assinale os períodos em que você foi para a segunda fase. ( ) 2005 ( ) 2006 ( ) 2007 ( ) 2008 ( ) 2009 88 Como se sente ao receber a notícia que foi classificado para a segunda fase da OBMEP? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4) Você prepara-se para participar da OBMEP? ( ) Não ( ) Sim 5) Você já fez parte de algum grupo de estudos para participar da OBMEP? ( ) Não ( ) Sim Quando fiz parte do grupo de estudo eu: ( ) consultei alguns livros específicos, ( ) utilizei o “Banco de questões” da escola. ( ) utilizei o “Banco de questões” do site da OBMEP. ( ) ofereceram-me preparação prévia direcionada para a OBMEP. 6) Você participou de atividades promovidas pelos professores na preparação para Olimpíadas? ( ) Não ( ) Sim, cite algumas delas. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 7) A participação na OBMEP te estimula a buscar novos conhecimentos da Matemática? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 89 8) Existe algum trabalho durante as aulas sobre Olimpíadas de Matemática? ( ) sim Qual é esse trabalho? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ( ) não Você gostaria que tivesse? Por que? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 90 APÊNDICE C: CARTA A COMISSÂO ORGANIZADORA DA OBMEP PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Prezados Senhores Sou Washington José Santos Alves, professor de Matemática da Escola Estadual Tiago Alberione situado na Cidade de São Paulo e gostaria que respondessem o questionário que faz parte da dissertação de Mestrado em Ensino da Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva. O questionário tem a finalidade de obter informações que servem como subsídios para estudos e pesquisa na área do Ensino da Matemática. 1) Como consigo obter as notas da segunda fase da OBMEP dos alunos da Escola Estadual Tiago Alberione dos anos de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009? 2) A OBMEP promove alguma divulgação na mídia (TV, jornal, revista, rádio ou internet) sobre a premiação? 3) Os alunos conhecem a premiação da OBMEP? 4) Como um aluno faz para saber a sua classificação após a participação na segunda fase? 5) Durante o ano, a Comissão da OBMEP promove alguma atividade ou preparação aos alunos (não premiados)? 6) A OBMEP oferece às escolas um relatório de desempenho dos alunos? 7) Quais são as ações da OBMEP para atingir os objetivos a seguir: 1. Estimular e promover o estudo da Matemática entre alunos das escolas públicas; 2. Contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica. 91 APÊNDICE D: CARTA A DIREÇÃO DA ESCOLA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Prezada Senhora Diretora Sou Washington José Santos Alves, professor desta Unidade Escolar, Escola Estadual Tiago Alberione localizado na cidade de São Paulo e gostaria que a respondesse o questionário que faz parte da minha dissertação do Mestrado em Ensino da Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva. O questionário tem a finalidade de obter informações que servirão como subsídios para estudos e pesquisa na área do Ensino da Matemática. 1) Como o aluno obtém a sua classificação na segunda fase da OBMEP? 2) A escola divulga a premiação da OBMEP? 3) A escola promove alguma preparação aos alunos para participar da OBMEP? 4) A OBMEP já ofereceu à escola um relatório de desempenho dos alunos? 92