0 SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP | DeVry COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Williams Didier Victor ANTEPROJETO PARA UM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL CARUARU 2013 1 WILLIAMS DIDIER VICTOR ANTEPROJETO PARA UM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Área de atuação: Projeto Arquitetônico Orientador: Professor Fernando Medeiros. CARUARU 2013 Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE V642a Victor, Williams Didier. Anteprojeto para um centro de desenvolvimento de tecnologia digital / Williams Didier Victor. – Caruaru: FAVIP, 2014. 94 f. Orientador(a) : Fernando Luiz N. Medeiros da Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. Inclui apêndice. 1. Centro tecnológico. 2. Tecnologia. 3. Inovação. I. Victor, Williams Didier. II. Título CDU 72[14.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 2 WILLIAMS DIDIER VICTOR ANTEPROJETO PARA UM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Professor Fernando Medeiros. Aprovado em: 04/12/2013. ____________________________________________ Avaliador Interno – Rodrigo de Oliveira Gonçalves ____________________________________________ Avaliador Interno – Pollyanna Sitônio Domingos de Andrade ____________________________________________ Avaliador Externo – Francisco Lira ____________________________________________ Orientador - Fernando Luiz Nascimento Medeiros das Silva CARUARU 2013 3 Dedico este trabalho aos meus pais pelo amor e educação, os quais sempre me incentivaram a ir em busca dos meus sonhos. 4 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus pela força e o conhecimento concedido e por estar sempre a me guiar em busca dos meus objetivos. Agradeço a minha mãe Maria Aparecida e ao meu pai José Williams pelo incentivo e por sempre me ensinar a enfrentar meus medos e seguir confiante em busca dos meus sonhos. Ao meu irmão por acreditar em minha capacidade, minha avó e toda minha família pelo apoio. Aqui deixo meu agradecimento em especial a Yoran Ramalho, a grande pessoa que ela é, pois antes de cursar a faculdade, foi através dela que passei a conhecer mais sobre o curso de arquitetura, o que aumentou ainda mais o gosto o pelo curso, agradeço por sua amizade, companheirismo e por sua paciência, a quem também dedico este trabalho, por toda sua ajuda, esforço e contribuição para a realização deste sonho. Quero agradecer também, aos grandes amigos que conquistei durante essa longa jornada, pelo companheirismo e apoio, que fizeram deste árduo caminho, uma jornada de momentos de alegria e gargalhadas, nos difíceis trabalhos em grupo. Agradeço ao meu orientador Fernando Medeiros por todos os ensinamentos e a confiança ao me orientar durante o desenvolvimento do trabalho. Agradeço também a todos os professores pelo ensino, de onde adquiri conhecimento e experiência para minha carreira profissional. 5 “A vitalidade dos olhos parece exigir um horizonte. Nós nunca nos cansamos, contanto que possamos enxergar longe o suficiente” (Ralph Waldo Emerson) 6 RESUMO A tecnologia sempre esteve em constante inovação, buscando novos rumos e explorando novas áreas, tem sido um fator de grande importância no desenvolvimento e evolução do ser humano na sociedade. O presente trabalho apresenta um estudo através de referências teóricas e edificadas sobre a tecnologia, o que garante subsídio para planejamento arquitetônico através de um anteprojeto para um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Digital. O mesmo foi desenvolvido com a finalidade de promover e ainda despertar o conceito de inovação por meio de programas de pesquisas tecnológicas na cidade de Caruaru – PE. O tema proposto visa o apoio aos setores produtivos públicos e privados locais, oferecendo ainda espaços arquitetônicos adequados que atendam a programas de pesquisas científicas e empresas de base tecnológicas. Palavras-chave: Centro Tecnológico, Tecnologia, Inovação. 7 ABSTRACT Technology has always been in constant innovation, seeking for new paths and exploring new areas, and it has been a factor of great importance in the development and evolution of the humans in our society. The present work exposes a study through theoretical references and edifications about technology, which ensures subsidy for an architectural planning through a draft for a Center of Digital Technology Development. This draft was developed aiming to promote and arouse the concept of innovation via programs of technological research in the city of Caruaru – PE. The proposed theme aims to support the public and private productive sectors of our region, as well as offering appropriate architectural spaces to meet programs of scientific research and technology based companies. Keywords: Center of Digital Technology, Technology, Innovation. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Implantação do parque tecnológico............................................................ 33 Figura 2: Parque Tecnológico, Doha Catar ............................................................... 34 Figura 3: Implantação do Estacionamento ................................................................ 34 Figura 4: Corte longitudinal do volume central e do estacionamento ........................ 35 Figura 5: detalhe das placas de aço inoxidável na fachada ...................................... 35 Figura 6: Planta baixa, 1° pavimento do bloco central .............................................. 36 Figura 7: Corte transversal do centro incubador ....................................................... 36 Figura 8: Planta baixa do 2° pavimento do bloco central .......................................... 37 Figura 9: Vista do centro incubador do parque tecnológico ...................................... 37 Figura 10: Detalhe das fachadas dos centros de tecnologia ..................................... 38 Figura 11: Planta baixa do centro tecnológico........................................................... 38 Figura 12: Corte longitudinal do centro tecnológico .................................................. 39 Figura 13: Detalhe da coberta ................................................................................... 39 Figura 14: Estrutura da coberta ................................................................................. 40 Figura 15: Iluminação natural através de um átrio interno ........................................ 40 Figura 16: Iluminação ................................................................................................ 41 Figura 17: Implantação do centro tecnológico ........................................................... 43 Figura 18: Vista frontal do Centro tecnológico........................................................... 44 Figura 19: Corte que mostra a disposição dos três volumes no terreno ................... 45 Figura 20: Fachada frontal do primeiro anel do Centro Tecnológico ......................... 45 Figura 21: Elementos estruturais............................................................................... 46 Figura 22: Interior do centro tecnológico ................................................................... 46 Figura 23: Aberturas das fachadas da edificação ..................................................... 47 Figura 24: Planta baixa do Anel 01, pavimento inferior ............................................. 48 Figura 25: Planta baixa do primeiro anel, pavimento superior................................... 48 Figura 26: Planta baixa do segundo anel, pavimento inferior. ................................... 49 Figura 27: Planta baixa do segundo anel, pavimento superior .................................. 50 Figura 28: Espelho d’água na cobertura do segundo anel. ....................................... 50 Figura 29: Planta baixa do terceiro anel .................................................................... 51 Figura 30: Aberturas zenitais no interior da edificação.............................................. 52 Figura 31: Iluminação artificial ................................................................................... 52 Figura 32: Planta de situação do ITEP ...................................................................... 55 9 Figura 33: Centro Tecnológico do Agreste, Caruaru ................................................. 56 Figura 34: Vista frontal do Centro Tecnológico ......................................................... 56 Figura 35: Vista da fachada oeste ............................................................................. 57 Figura 36: Declividade natural do terreno do acesso ao estacionamento ................. 57 Figura 37: Auditório e foyer ....................................................................................... 58 Figura 38:Sala multimídia, laboratório de modelagem e sala de aula ....................... 58 Figura 39: Planta baixa do pavimento térreo ............................................................. 59 Figura 40: Planta baixa do primeiro pavimento ......................................................... 60 Figura 41: Setor laboratorial ...................................................................................... 61 Figura 42: Planta baixa do semi-enterrado ............................................................... 61 Figura 43: Acesso ao estacionamento do semienterrado ......................................... 62 Figura 44: Vista do foyer para a recepção ................................................................ 62 Figura 45: Estudo do contexto urbano ...................................................................... 67 Figura 46: Planta de situação .................................................................................... 68 Figura 47: Vista Frontal do terreno ............................................................................ 69 Figura 48: Vista da face leste do terreno ................................................................... 70 Figura 49: Estudo dos condicionantes naturais ......................................................... 71 Figura 50: Esquema gráfico organofluxograma......................................................... 79 Figura 51: Implantação do Centro Tecnológico ......................................................... 81 Figura 52- Circuitos impressos de um processador em uma placa mãe de computador ............................................................................................................... 82 Figura 53: Perspectiva da fachada posterior do Centro Incubador ........................... 83 Figura 54: Vista para o pátio central do Centro Incubador ........................................ 84 Figura 55: Estudo preliminar da divisão espacial do Centro incubador ..................... 84 Figura 56: Planta baixa definida do Centro Incubador .............................................. 85 Figura 57: Perspectiva da fachada frontal do Centro Incubador ............................... 85 Figura 58: Planta baixa do Auditório ......................................................................... 86 Figura 59: Perspectiva do Auditório .......................................................................... 87 Figura 60: Perspectiva do Auditório .......................................................................... 87 Figura 61: Corte longitudinal do Auditório ................................................................. 88 Figura 62: Planta baixa do bloco administrativo ........................................................ 89 Figura 63: Perspectiva geral do centro tecnológico................................................... 90 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Quadro comparativo dos estudos de casos ............................................ 64 Tabela 2 – Síntese Normas NBR 9050 ..................................................................... 73 Tabela 3 – Resumo das normas do COSCIP ............................................................ 75 Tabela 4 – Programa e Dimensionamento ................................................................ 77 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABDI – Agência de Desenvolvimento Industrial ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACM – Aluminum Composite Material ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores ARPA – Agência de Projetos de Pesquisa Avançada BR – Rodovia Brasileira COMTEC – Comunidade Tecnológica de Goiás CONDEP/FINDEM – Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco COSCIPE – Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco DML – Depósito de Material de Limpeza ENIAC – Calculadora e Integrador Numérico Eletrônico EPP – Etapa Pré-Projetual EUA – Estados Unidos da América FAFICA – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru FIEPE – Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco IASP – The International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Associação de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação) IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco M.R. – Módulo de referência NBR – Norma Brasileira PE – Pernambuco P.C.R. – Pessoa em cadeira de rodas P.M.R. – Pessoa com mobilidade reduzida P.O. – Pessoa obesa RAES-MTE – Relação Anual de Informações Sociais 12 SP – São Paulo TCC – Trabalho de Conclusão de Curso TG1 – Trabalho de Graduação 1 TG2 – Trabalho de Graduação 2 UNIVAC 1 – Universal Automatic Computer (Computador Automático Universal) UNIMED – Sociedade Cooperativa de Trabalho Médico UPE – Universidade de Pernambuco 13 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14 2. OBJETO DE ESTUDO ............................................................................. 16 2.1. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 16 2.2. OBJETIVOS ................................................................................................ 19 2.2.1. Objetivo Geral ...................................................................................... 19 2.2.1. Objetivos Específicos ......................................................................... 19 2.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................. 20 3. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 22 3.1. TECNOLOGIA ............................................................................................. 22 3.2. PARQUES TECNOLÓGICOS ..................................................................... 26 3.3. CENTROS DE TECNOLOGIA .................................................................... 29 4. ESTUDOS DE CASO ............................................................................... 32 4.1. ESTUDO 01: PARQUE TECNOLÓGICO, DOHA, CATAR. ....................... 33 4.1.1. Análise crítica: Potencialidades ......................................................... 41 4.1.2. Analise Crítica: Fragilidades............................................................... 42 4.2. ESTUDO 02: CENTRO TECNOLÓGICO MAHLE, JUNDIAÍ/ SP. ............. 43 4.2.1. Análise Crítica: Potencialidades ........................................................ 52 4.2.2. Analise Crítica: Fragilidades............................................................... 54 4.3. ESTUDO 03: CENTRO TECNOLÓGICO DO AGRESTE, CARUARU/ PE ..................................................................................................................... 55 4.3.1. Análise Crítica: Potencialidades ........................................................ 63 4.3.2. Análise Crítica: Fragilidades............................................................... 63 4.4. ANÁLISE COMPARATIVA .......................................................................... 64 5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS – EPP ........................................................ 66 5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO ................................... 66 5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO ...................................................... 68 5.3. ANÁLISE 03: ESTUDO DOS CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS 70 5.4. ANÁLISE 04: ESTUDO DOS CONDICIONANTES LEGAIS ...................... 72 5.4.1. Plano Diretor Municipal de Caruaru/ PE ............................................ 72 5.4.2. Código de Obras Municipal de Caruaru/ PE ...................................... 72 5.4.3. Norma ABNT: NBR 9050 ..................................................................... 73 5.4.4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico de Pernambuco – COSCIPE ......................................................................................................... 74 5.5. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO ....................................................... 76 5.6. ORGANOFLUXOGRAMA ........................................................................... 78 6. ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO ........................................................ 80 6.1. MEMORIAL ................................................................................................. 80 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 91 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ........................................................... 92 14 1. INTRODUÇÃO A origem da tecnologia e suas mudanças tiveram suas grandes contribuições no decorrer da história, vários eventos e novas descobertas aconteceram na área científica e tecnológica, as quais contribuíram significativamente para o desenvolvimento da humanidade e indicaram de fato sua importância para a evolução do homem. A década de 1940 foi marcada pela Segunda Guerra Mundial, esse evento histórico foi o ápice da inovação tecnológica, nele vários novos equipamentos foram desenvolvidos em centros de pesquisa bélicos, na tentativa de melhorias estratégicas, onde o computador foi um desses novos inventos, que foi desenvolvido inicialmente para decifrar códigos inimigos e só tempos depois, empresas e centros de pesquisa o adaptaram para uso pessoal. O poder transformador da tecnologia não só apresentou influente participação no desenvolvimento e bem estar da sociedade, mas proporcionou igualmente importância sobre o sistema político e econômico dos dias atuais. Na atualidade, a tecnologia e sua influência em vários segmentos ainda refletem nas melhorias de diversos setores: saúde, alimentação, trabalho, transporte, lazer, química, construção civil e aero espacial, dentre o alcance de muitos outros setores. Atualmente a procura por inovação e novos conceitos na área da tecnologia tem se desenvolvido no entorno de grandes centros urbanos, em amplos centros tecnológicos planejados para o desenvolvimento de pesquisas científicas, onde se põe em prática novas ideias voltadas para determinado segmento de inovação do ramo econômico da criatividade. Caruaru é hoje um dos maiores centros produtivos do Estado de Pernambuco, a qual é popularmente conhecida pelo desenvolvimento do grande comércio popular local, através da Feira da Sulanca. A cidade tem apresentado números relevantes no crescimento econômico através da instalação de novos empreendimentos, o local possui também vários centros universitários com bons índices na formação de novos profissionais, o que é de grande importância para o desenvolvimento da região. 15 O trabalho é desenvolvido essencialmente em cinco partes, onde cada uma delas está apresentada em um capítulo. O primeiro capítulo refere-se ao objeto de estudo o qual apresenta a justificativa e problemática que incidiu no interesse de realizar o tema do trabalho, apontando os objetivos delimitados para o alcance do produto final, onde o mesmo é finalizado pela descrição das etapas as quais o trabalho foi organizado. O próximo capítulo busca o esclarecimento através da revisão literária, a qual tem por objetivo apresentar as definições, origens e particularidades que circundam a temática tecnológica, e ainda sobre os espaços para o desenvolvimento tecnológico. O capítulo seguinte vem complementar as informações do referencial teórico, através de estudos de casos, que são referências edificadas que auxiliam no processo do programa de necessidades e pré-dimensionamento dos ambientes, onde estes compõem o último capítulo. O penúltimo capítulo consiste na prática de todas as etapas anteriormente descritas, juntamente com a escolha e análises do terreno e seu entorno, a normatização que regulamenta a implantação e o planejamento da edificação. Onde a etapa pré-projetual é finalizada com a definição do programa de necessidades e prédimensionamento dos ambientes. O último capítulo apresenta o produto obtido através da descrição e representações gráficas do anteprojeto, as quais foram concebidas a partir de análises de conceitos provenientes de pesquisas referente à temática, sendo possível a obtenção de informações necessárias para construção da proposta. A partir do conhecimento de todo contexto histórico no que se refere à participação e importância da tecnologia no nosso cotidiano e seus desdobramentos, este trabalho apresenta como proposta, a elaboração de um anteprojeto de um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Digital, a ser implantado na cidade de Caruaru. O mesmo tem a finalidade de trazer inovação tecnológica para o setor produtivo local e proporcionar formação e requalificação de novos profissionais, com espaços voltados para o desenvolvimento de pesquisas. 16 2. OBJETO DE ESTUDO O presente capítulo objetiva descrever as potencialidades do tema proposto, especificando seus objetivos quanto às necessidades locais, na busca de soluções para a problemática que a área apresenta. Na metodologia procurou-se expor as pesquisas que descrevem os métodos utilizados para elaboração do anteprojeto, procurando referências através da pesquisa de empreendimentos do mesmo porte, com o intuito de auxiliar na compreensão do tema abordado. 2.1. JUSTIFICATIVA A tecnologia é o estudo da técnica, arte e ofício (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2013). Esta sempre teve participação fundamental na história da evolução do ser humano, na busca por melhoria da qualidade de vida como também, sempre esteve associada aos progressos no trabalho cotidiano e no dia a dia do homem da antiguidade. Já na atualidade a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias encontram-se cada vez mais em constante aperfeiçoamento e tem se tornado um fator de grande importância para a economia e desenvolvimento da sociedade contemporânea. Pernambuco possui hoje um dos principais polos de tecnologia da informação e comunicação do Brasil: o Porto Digital, que é formado por um conjunto de empresas públicas e privadas com parcerias entre universidades, tornando-se referência na produção de softwares, games, comunicação, saúde, segurança e finanças. (PORTAL BRASIL, 2010). De acordo com a CONDEPE/FIDEM1 em 2011, o setor correspondeu a 3,63% do PIB do Estado e foi eleito pela ANPROTEC2 o melhor Parque Tecnológico de inovação do Brasil. A busca por soluções inovadoras tem crescido proporcionalmente à procura de apoio para empresas e repartições públicas, através de pesquisas e novas tecnologias, com a finalidade de explorar novas áreas, conhecimentos e soluções para melhorias na economia, modernização dos setores industriais e empresariais, CONDEPE/FIDEM: Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. Fonte: www.condepefidem.pe.gov.br/web/condepe-fidem. Acesso em 04 mar. 2013. 2 ANPROTEC: Associação nacional de entidades promotoras de empreendimentos inovadores. Fonte: http://anprotec.org.br/site/.Acesso em 24 Fev.2013 1 17 refletindo em uma evolução benéfica à sociedade. Observa-se que as ações do governo juntamente com a participação de empresas voltadas para o campo de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias levou a implantação de Centros Tecnológicos de referência regional nos principais centros urbanos em potencial de Pernambuco, nos quais foram implantados: o CT Moda - Caruaru, CT Araripe Araripina, CT Pajeú - Serra Talhada, CT Cultura Digital do Nascedouro de Peixinhos (CTCD) - Olinda, CT Laticínios - Garanhuns, (ITEP) visando trazer modernização apoiando empreendimentos públicos e privados, voltados para o setor produtivo nos ramos: alimentício, imobiliário, agrícola, comercial e da moda, dentre outros. A Cidade de Caruaru apresenta crescimento econômico considerável no setor produtivo, o que contribui para o crescimento do PIB que chega a 2,42 bilhões. Segundo informações da CONDEPE/FIDEM com base nos dados do IBGE (2011), o setor comercial é um dos maiores situados no interior do Nordeste, juntamente com os setores de serviços, de indústria e de turismo. Conforme a FIEPE3, em 2012 novos empreendimentos se estabeleceram e já apresentam um número de aproximadamente 470 indústrias e 10 mil empresas. Destaca-se o polo têxtil de confecções em Pernambuco que abrange principalmente os municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, na mesorregião do Agreste, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAES-MTE, 2010), os quais mostram um número crescente de 70% na produção do Jeans, com relação ao ano de 2009. A problemática que impulsionou o interesse na produção do trabalho, parte da premissa que Caruaru possui apenas um único centro tecnológico, voltado para o mercado da moda, o qual indispõe de local adequado que atenda as necessidades relacionadas às atividades de desenvolvimento de tecnologia digital, visto que é um tema de abrangência e de extrema importância nos dias atuais. A cidade forma por ano, cerca de 100 profissionais nesta área (Sistema da informação UPE, Análise e desenvolvimento de sistemas e Curso de tecnólogo em Redes de Computadores FAFICA, dados de 2012). Devido ao grande desenvolvimento econômico local, existe a necessidade da criação de um novo espaço para ampliar, agregar e incubar novas empresas para o desenvolvimento de novas tecnologias como; sustentabilidade no mercado de confecção, beneficiamento têxtil, softwares, hardwares, biotecnologia, FIEPE Federação das indústrias do estado de Pernambuco. Fonte: www.fiepe.org.br/menu/institucional. Acesso em 25 Fev. 2013 3 18 comunicação digital, eletroeletrônica, mecânica, informática, games, multimídia e tecnologias para agropecuária, aplicadas às necessidades locais públicas e privadas. Partindo da análise da problemática, o presente trabalho propõe a elaboração de um anteprojeto arquitetônico de um centro de desenvolvimento de tecnologia digital, que englobará o desenvolvimento de inovação tecnológica regional e a requalificação profissional que será localizado na cidade de Caruaru - PE. O tema escolhido tem como objetivo abrigar e desenvolver tecnologias, promovendo estudos e pesquisas para a cidade de Caruaru e os municípios que compõem a mesorregião do Agreste, visando o desenvolvimento e modernização da sociedade, sendo assim será apresentado um anteprojeto para um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Digital. Deste modo o centro de tecnologia terá como proposta espaços que abriguem atividades de incubação de novos empreendimentos, e atendam profissionais que desenvolvam pesquisas e tecnologia direcionada a demanda da região. 19 2.2. OBJETIVOS 2.2.1. Objetivo Geral Elaborar um anteprojeto arquitetônico para um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Digital na cidade de Caruaru, com a finalidade de agregar programas de pesquisa, tecnologias e inovação na área pública e privada. 2.2.1. Objetivos Específicos − Propor uma edificação que através de sua composição arquitetônica faça referência à tecnologia e à inovação; − Elaborar uma edificação com espaços que atendam as necessidades para o desenvolvimento da criatividade em softwares e ideias de inovação na área de Tecnologia da Informação; − Propor um espaço destinado ao apoio de projetos e incubação de novas empresas; − Ampliar a formação de novos profissionais e a requalificação de outros já atuantes. 20 2.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para a elaboração do tema serão realizadas análises documentais através do método de pesquisas exploratórias (BERTUCCI, 2009, p. 48) com a finalidade de conhecer o tema, em busca de descrições dos problemas e potencialidades abordadas, para melhor compreensão e embasamento do objeto proposto. Assim os procedimentos utilizados constituíram na análise de documentos relacionados, pesquisas bibliográficas, elaboração de estudos de caso arquitetônicos referentes ao tema e por fim, foram realizadas análises pré-projetuais para a elaboração do anteprojeto. A primeira etapa baseia-se na pesquisa em referências bibliográficas, desenvolvida com a finalidade de compreender a origem da tecnologia, seus benefícios para a sociedade e sua evolução no decorrer histórico. A pesquisa ainda tem como objetivo obter conhecimento sobre os centros de desenvolvimento de tecnologias, para entendimento do tema, que objetiva identificar as potencialidades projetuais, sua funcionalidade e seus usos. Procurou-se conhecer a área que irá comportar o empreendimento, através da busca de dados e fontes sobre as potencialidades e fragilidades, observando as necessidades que o local proposto necessita no campo de inovação tecnológica, visando melhor justificativa para o trabalho. Houve também a elaboração de estudos de caso para fundamentação projetual, identificando os equipamentos e espaços que compõem um centro tecnológico, sua divisão espacial, concepção arquitetônica, uso dos materiais, análise das potencialidades e fragilidades, e os conceitos utilizados em cada projeto. Depois houve a pontuação dos aspectos mais relevantes de cada projeto analisado, de modo que resultou em um quadro comparativo entre eles, que identificou os pontos mais significativos a serem utilizados na concepção do anteprojeto. Já a visita in loco, possibilitou a elaboração do estudo de caso do Centro Tecnológico da Moda na cidade de Caruaru, para levantamento fotográfico e documental; a elaboração da planta baixa, para melhor descrição dos espaços e a elaboração de um programa de necessidades, na busca para obter o prédimensionamento dos ambientes que compõem o Centro Tecnológico. 21 Através das etapas pré-projetuais e do embasamento que os estudos de caso e referencial teórico forneceram foi realizada a escolha do terreno, estudando a incidência dos condicionantes físicos e ambientais e dos fluxos viários que dão acesso atualmente ao local, analisando também seu entorno de modo a conhecer a tipologia da área em que a proposta será implantada. Na etapa pré-projetual foi elaborado o estudo dos condicionantes legais, tomando como base de pesquisa a legislação local do plano diretor e o código de obras, através dos quais se procurou identificar os parâmetros construtivos impostos pela lei vigente e a zona na qual o terreno se encontra. À partir da coleta dos parâmetros construtivos e dos condicionantes naturais, foi elaborado e definido o zoneamento da edificação no terreno. Com esses procedimentos, foi possível ter uma melhor visão do contexto que o tema engloba, onde a partir das referências bibliográficas obteve-se um conhecimento sobre do que se tratava o tema e juntamente com a análise dos estudos de caso e do estudo do terreno, construiu-se um conhecimento conjunto, o que serviu de apoio para a idealização do anteprojeto do Centro de Tecnologia. 22 3. REFERENCIAL TEÓRICO Na atualidade, é de grande importância ressaltar um constante crescimento na criação de novos Parques e Centros tecnológicos para o desenvolvimento de novas tecnologias que potencializem a ampliação econômica de uma determinada região. Para isso, buscou-se entender como se deu a origem da tecnologia, quais foram suas contribuições para humanidade no decorrer da história, a origem dos centros tecnológicos; que necessidades levaram a sua criação e influenciaram a implantação desses equipamentos; quais os benefícios que eles proporcionaram para a sociedade e para os sítios em que estão inseridos. 3.1. TECNOLOGIA Na antiguidade, o ser humano sempre procurou uma forma de lidar com os afazeres do dia a dia, desta forma o homem desenvolveu técnicas durante sua vida de trabalho, no que se refere às suas habilidades, procedimentos e artefatos desenvolvidos sem a ajuda do conhecimento científico (BAZZO, LISINGER TEXEIRA, 2003, p.40-41). Deste modo, entende-se que a técnica é uma aptidão desenvolvida pelo próprio ser humano e sua tendência natural de buscar formas de melhorar seu modo de vida no meio em que vive, por meio de instrumentos, invenções e artifícios, a qual permite que evolua através do aperfeiçoamento na prática, que o leva a explorar novos conhecimentos, o que marca no tempo a cultura e as técnicas desenvolvidas pelos povos mais antigos, segundo Pierre Levy, 1999 “Uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma cultura encontra-se condicionada por suas técnicas [...]” (CIBERCULTURA, 1999). No decorrer da história, a partir do renascimento, no século XV, “era de novas descobertas”, a técnica estava constantemente sendo aperfeiçoada, através de estudos e pesquisas científicas e aliava-se com a ciência4 dando origem a Tecnologia5 o que promoveu a junção entre o saber e o fazer, união da teoria e da prática Segundo a UNESCO “é o conjunto de conhecimentos organizado sobre os mecanismos de causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”. (SILVEIRA, BAZZO, 2003) 5 Aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral, refere-se aos sistemas desenvolvidos levando em conta o conhecimento cientifico (BAZZO, LISINGER e TEXEIRA, 2003, p.41). 4 23 (MIRANDA, 2002, p.51). Dessa forma, o estudo da técnica juntamente com a ciência, fez com que a tecnologia se tornasse de grande importância para a sociedade, a qual faz parte do cotidiano, e passa a ser empregada e a abranger vários domínios: entretenimento, alimentação, vestuário e saúde. As novas tecnologias tiveram o seu grande salto no século XVIII na Inglaterra, época marcada pela primeira Revolução Industrial, na busca de melhorias na fabricação acelerada de mercadorias, se destaca a substituição das ferramentas manuais pelas máquinas de produção, como fiadeiras e os teares6, que foram revolucionários no modo de produzir e proporcionar às grandes fábricas de produção uma maior autonomia na confecção do produto, juntamente com a indústria siderúrgica na exploração do ferro e do aço e na fabricação de peças metálicas. Nos transportes, a grande evolução veio com a invenção da máquina a vapor que deu origem a vários meios de transporte, com a locomotiva a vapor (CASTELLS, 1999, p.71). No contexto o autor ainda acrescenta a importância e os efeitos da tecnologia e sua inovação para a sociedade da época: Os efeitos positivos, a longo prazo, das novas tecnologias industriais no crescimento econômico, na qualidade de vida e na conquista humana da natureza hostil (refletidos no aumento impressionante da expectativa de vida, que não tivera uma melhoria constante antes do século XVIII) são indiscutíveis nos registros históricos. Porém, não vieram cedo, apesar da difusão da máquina a vapor e das novas máquinas e equipamentos (1999, p.73). Esses efeitos mostram a necessidade de inovação para a melhoria das fábricas, a agilidade na produção em série continuou e uma busca por avanços tecnológicos sem precedentes foi se desenvolvendo através de pesquisas e estudos que passou a ser mais dependente do conhecimento científico. Em 1870 iniciou-se a Segunda Revolução Industrial caracterizada pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão interna, dos produtos químicos com base científica, da fundição eficiente do aço e do início das tecnologias da comunicação, com o telégrafo e a invenção do telefone, e em 1920 veio a se desenvolver o Fordismo, um sistema de produção em série padronizado (CASTELLS, 1999). 6 TEARES: É um aparelho em que permite tecelões criarem tecidos pelo entrelaçamento da urdidura e trama. Fonte: http://textileindustry.ning.com/forum/topics/o-que-e-um-tear-manual-veja-teares-pelomundo. Acesso 31 de mar. 2013. 24 O conhecimento científico foi o principal fator que guiou o desenvolvimento e a inovação tecnológica, onde Castells (1999, p.73) corrobora ao afirmar que: Inovação tecnológica não é uma ocorrência isolada, ela reflete um determinado estágio de conhecimento; um ambiente institucional e industrial especifico; uma certa disponibilidade de talentos para definir um problema técnico e resolvê-lo. Portanto, pode-se compreender que o processo de transformação das novas tecnologias dá-se pela constante busca do ramo científico por inovações, permitindo soluções inovadoras ao invés de utilizar-se de um único instrumento isolado, onde através de pesquisas na busca de melhorias para aperfeiçoar os inventos tecnológicos, abrem caminho para novos experimentos, onde surgem novas descobertas e expande a área de estudo, pois, permite maior amplitude para desenvolvimento de novos campos da tecnologia. Segundo R.J.Forbes apud Castells (1991, p.74): A Revolução Industrial e a invenção da máquina a vapor foi o fator central para desenvolvimento de novos equipamentos motores, responsáveis pela evolução dos meios de transportes, onde na Segunda Revolução Industrial apesar da descoberta de outros inventos, a eletricidade foi à força central, a qual através dela puderam se desenvolver outros campos da tecnologia e suas aplicações. Grande parte dos avanços tecnológicos do século XX foi desenvolvido durante as grandes guerras e a Guerra Fria, com objetivos militares e políticos (CASTELLS, 1999). Durante a Segunda Guerra Mundial e o período seguinte a ela, foi de fato o acontecimento mais importante para a era da ciência e da tecnologia, nela sua imagem passou por muitas modificações, a partir das necessidades de inovação acelerada dos equipamentos bélicos utilizados na guerra. Foi nela que se deu a descoberta dos principais achados tecnológicos na área da eletrônica: o transistor, fonte da microeletrônica, o primeiro microcomputador programável, o que marcou o início da revolução da tecnologia da informação. Os computadores foram concebidos pela mãe de todas as tecnologias, a Segunda Guerra Mundial (CASTELLS, 1999, p. 78) e relembra que como a máquina a vapor representou um grande salto tecnológico nos primeiros momentos da Revolução Industrial na Inglaterra, é a informática o grande marco transformador do mundo no final do século XX e início do século XXI. Foi durante a década de 40 que foram desenvolvidos os primeiros computadores, criados para fins bélicos e só foi 25 concedido para uso geral em 1946, o ENIAC (calculadora e integrador numérico eletrônico) primeiro computador eletrônico que pesava 30 toneladas, desenvolvido por Mauchly e Eckert, na universidade da Pensilvânia nos EUA, só em 1951 veio a ser desenvolvido sua primeira versão para fins comerciais, o UNIVAC1 (CASTELLS,1999, p.79). Durante esse período muitas outras empresas desenvolveram novos computadores, tudo isso mudou através da microeletrônica, Castells cita, que foi o que causou uma “revolução dentro da revolução” desenvolvendo novos seguimentos, como: o microprocessador em 1971 que possibilitou a criação do primeiro microcomputador de sucesso comercial idealizado por Steve Wozniak e Steve Jobs. Iniciava-se a Era da Informação lançada em 1976 (CASTELLS,1999). Nesse contexto, Manoel Castells (1999) retrata um início de uma Terceira revolução industrial, baseada em tecnologia de ponta, onde a sociedade ao mesmo tempo rompia as barreiras passando a viver a globalização através de um mundo conectado graças à criação da internet que teve origem no trabalho de umas das mais inovadoras instituições de pesquisa do mundo: a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA), um grande avanço nas tecnologias de comunicação, a qual levou a sociedade a um mundo de possibilidades na era da tecnologia digital, as quais cita Castells (1999, p.82): A tecnologia digital permitiu o empacotamento de todos os tipos de mensagens, inclusive de som, imagens e dados, criou-se uma rede que era capaz de comunicar seus nós sem usar centros de controles. A universalidade da linguagem digital e a pura lógica das redes do sistema de comunicação geraram as condições tecnológicas para a comunicação global horizontal. A era digital trouxe várias possibilidades, permitindo a difusão da computação através da rede conectada pela web, permitindo rápida troca de informações por email, mais conhecidos como correios eletrônicos, rompendo distâncias, o que promoveu maior conexão com serviços, divulgação de informação, entretenimento, permitindo uma participação interativa da sociedade, o que é chamado por Castells de “processo multidimensional”. Com essa visão Manoel Castells in Castells; Cardoso apud Gomes (2005, p.17), afirma que: O mundo está em processo de transformação estrutural desde há duas décadas. É um processo multidimensional, mas está associado à emergência 26 de um novo paradigma tecnológico, baseado nas tecnologias de comunicação e informação, que começaram a tomar forma nos anos 60 e que se difundiram de forma desigual por todo o mundo. Nós sambemos que a tecnologia não determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias. Com o processo de evolução da tecnologia entende-se de fato sua importância na participação no desenvolvimento e transformação histórica, política, econômica e social, é nesse período, diante de vários achados tecnológicos e de uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia, que surgiram os primeiros parques tecnológicos. Depois de ter um breve conhecimento da origem da tecnologia, suas transformações e a importância de sua participação no decorrer histórico para a sociedade, procurou-se conhecer no significado dos Parques Tecnológicos e seus conceitos, a definição para os Centros Tecnológicos. 3.2. PARQUES TECNOLÓGICOS Para obtenção de melhor compreensão sobre os centros de tecnologia, procurou-se referências relacionadas aos grandes Parques Tecnológicos, já que os centros de tecnologia são partes constituintes que formam essas instituições, na busca por conceitos, significados e a origem desses empreendimentos pioneiros na área de inovação tecnológica em todo o mundo. Procurou-se entender seu significado quanto à origem da palavra, que segundo Courson apud Magacho (2010, p. 31) técnolpolis é a combinação de duas palavras símbolo da modernidade cultural e científica: a técnica e o polo, que remete tanto à ciência física como a polis ou urbs, the city, la ville, a cidade. Assim, tecnópolis conota a reunião de diversos componentes interligados: instituições de ensino superior (universidades e centros de pesquisa), laboratórios de pesquisa, escritórios “high tech” e serviços associados às atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e produção. Com base no conceito citado por Courson, entende-se por parque tecnológico como um ambiente que reúne vários empreendimentos em um só local, os quais mantem uma relação entre si no que se diz a área de atuação, trabalhando de forma que um tenha conexão com o outro, desenvolvendo pesquisas na teoria e pondo-as 27 em prática. Com esses conceitos surgiu a ideia dos primeiros parques, ambientes especialmente designados para comportar práticas científicas de base tecnológica, iniciados de forma natural em ambientes acadêmicos. A iniciativa surgiu no final da década de 1940 nos EUA, na Universidade de Stanford-Califórnia, criado de forma espontânea e não estruturada, na tentativa de aliar o conhecimento científico a pesquisas acadêmicas, para a invenção de novas tecnologias. A iniciativa da criação dos centros tecnológicos deu origem a vários novos empreendimentos como o Vale do Silício, juntamente com iniciativas empresariais que apoiavam o desenvolvimento tecnológico e os sistemas institucionais de planejamento. (ABDI e ANPROTEC, 2008, p. 11). A partir das informações da ABDI e da ANPROTEC, compreende-se que os Parques Tecnológicos se formaram de forma impensada, de um simples conceito para equipamentos de grande importância para o desenvolvimento cientifico e tecnológico. Uma vez que, analisando o potencial inovador que o mesmo proporcionaria para o local em que estavam implantados, outros foram instalados e desde então muitos outros Parques surgiram e disseminaram seu poder transformador pelo mundo. Influenciados pelo sucesso dos Estados Unidos, os britânicos e os franceses iniciaram na Europa a implantação dos Parques Tecnológicos, o que contribuiu decisivamente para a evolução e construção do conceito, com destaque para a implantação dos parques europeus pioneiros: o francês Sophia-Antipolis e o britânico Cambridge no início dos anos 1970. (MAGACHO, 2010. p. 31). Conforme mencionado, viu-se a importância e o potencial do tema que inovou o campo científico e rapidamente ganhou abrangência no cenário mundial, vários parques foram se instalando em outros países, e com o passar do tempo, novos conceitos de Parques Tecnológicos foram surgindo e suas características mudaram e passaram a ser criados de forma planejada, com equipamentos implantados de maneira mais estruturada. Segundo informações da ABDI e da ANPROTEC (2008), a partir do levantamento de todos os Parques Tecnológicos no cenário mundial, foram identificados três tipos de Parques Tecnológicos que distinguem a sua geração em função da época em que foram predominantes e dos elementos que os tornaram 28 singulares. Ao longo dos últimos 50 anos, isso proporcionou melhor entendimento das características que cada um apresentava o que identificou melhor seus direcionamentos. As três gerações são caracterizadas por diferentes conceitos, conforme a análise da ABDI e ANPROTEC (2008): Parques de 1° Geração – Parques pioneiros - Criados de forma espontânea/natural, para promover o apoio [...] e a interação com as universidades fortes e dinâmicas. Neste tipo de parque é possível identificar claramente as condições favoráveis à inovação e ao desenvolvimento empresarial tais como: vocação regional, disponibilidade de recursos humanos e financeiros, infraestrutura de qualidade, etc. (p.12). De modo geral, essa primeira geração teve apoio e investimento estatal significativo e alcançaram alto grau de relevância estratégica para o país e/ou região. As iniciativas dos parques pioneiros, ou de 1° geração, permitiram que nações e regiões pudessem assumir uma posição competitiva privilegiada no desenvolvimento tecnológico mundial. Um exemplo de parque pioneiro é o Stanford Research Park, do qual se originou a região inovadora conhecida como Silicon Valley7. Parques de 2° Geração – Parques Seguidores - Criados de forma planejada, formal e estruturada, para “seguir” os passos de uma “tendência de sucesso” estabelecida a partir dos Parques Pioneiros. [...] visavam, essencialmente, promover o processo de interação universidade-empresa e estimular um processo de “valorização” (financeira ou institucional) de áreas físicas ligadas aos campi de universidades criando espaços para a implantação de empresas inovadoras no contexto de uma determinada região com pretensão de se tornar um polo tecnológico e empresarial. (p.12). A segunda geração desses parques teve suporte e apoio estatal, e apresentavam resultados simples e modestos, com relação ao seu poder de transformação e as influências que os mesmos proporcionavam ao local em que estavam implantados, os quais se restringiam a impactos locais ou regionais. Este tipo de parque constituiu um verdadeiro “boom” que se espalhou por universidades e polos tecnológicos de países desenvolvidos da América do Norte e Europa, ao longo das décadas de 1970 e 1990. Traduzido como Vale do Silício, está situado na Califórnia, Estados Unidos, região está denominada polo industrial e que concentra diversas empresas de tecnologia da informação, computação entre outras. O local começou a se desenvolver no ano de 1950, com o objetivo de gerar e fomentar inovações no campo científico e tecnológico. Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/vale-do-silicio/. Acesso em 25 mai. 2013 às 10h38min. 7 29 Parques de 3° Geração – Parques estruturantes – Este tipo de parque acumulou as experiências dos parques de 1° e 2° geração e está fortemente associado ao processo de desenvolvimento econômico e tecnológico de países emergentes. Criados como fruto de uma política regional ou nacional e orientados para promover um processo de desenvolvimento socioeconômico extremamente impactantes. [...] Este tipo de parque é influenciado por fatores contemporâneos, tais como: facilidade de acesso ao conhecimento, formação de clusters de inovação, ganhos de escala motivados pela especialização, vantagens competitivas motivadas pela diversificação e necessidades de velocidade de desenvolvimento motivada pela globalização. (p.13). Voltado para o mercado globalizado, os Parques Estruturantes tem como principal função desenvolver uma integração com políticas e estratégias de desenvolvimento urbano, regional e ambiental. Com relação à posição que um Parque Tecnológico assume no contexto urbano e sua infraestrutura, Spolidoro (1997) apud Magacho, descreve que: Um Parque Tecnológico é uma iniciativa com base numa área física, com uma gleba ou um conjunto de prédios, destinados a receber empresas inovadoras ou intensivas em conhecimento e de promover sua interação com instituições de ensino e pesquisa. (p.32). Com base nessa análise e as apresentadas pela AMPROTEC e a ABDI sobre as gerações de Parques Tecnológicos, a partir da compreensão dos conceitos que englobam o tema, sua função, seu objetivo e sua funcionalidade, é possível obter melhor concepção para a definição de Centros de Tecnologia. 3.3. CENTROS DE TECNOLOGIA A partir dos conceitos abordados pelos Parques de 2° geração, centros de tecnologia podem ser compreendidos como espaços planejados menos complexos, voltados para incubar empresas de base tecnológica inovadora, onde segundo a IASP (2009), o objetivo é criar um ambiente de alta qualidade para as atividades de pesquisa, desenvolvimento, trabalho e lazer. Centros Tecnológicos são espaços edificados que podem abrigar diversos tipos de atividades, os quais tem como finalidade disponibilizar um espaço com qualidade que desperte a criatividade favorecendo a prática de incubação de novas empresas, as quais segundo a ANPROTEC (2011) são entidades que tem como objetivo oferecer 30 suporte a empresas para que possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. Desta forma entende-se que incubação é uma prática desenvolvida nos centros tecnológicos os quais tem por finalidade oferecer infraestrutura e suporte para as novas empresas que estão se lançando no mercado empresarial, onde segundo dados da ANPROTEC (2011), descrevem os benefícios que essa prática propicia para os novos empreendedores: [...] a incubadora possibilita que o seu empreendimento tenha mais chances de ser bem sucedido. Além de condições favoráveis de infraestrutura e capacitação dos empreendedores, as empresas – pelo fato de estarem em um espaço onde há vários empreendimentos inovadores do mesmo porte – contam com inúmeras conexões, que favorecem o crescimento do negócio e o acesso ao mercado. Sendo assim, percebe-se a importância que a prática de incubação propicia para que os pequenos empreendedores iniciem a carreira no mercado de trabalho, mas para isso também se observa que o local em que estão instaladas influencia em sua capacitação, onde o Centro tecnológico deve oferecer infraestrutura e ambientes favoráveis que atendam essa prática. Para entender a morfologia da pratica de incubação, os dados da ANPROTEC 2011 mostram os tipos de incubadoras existentes no mercado: Incubadoras de Base Tecnológica: empresas cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas e nos quais a tecnologia representa alto valor agregado. Incubadoras tradicionais: que abriga empresas dos setores tradicionais da economia, as quais detêm tecnologia largamente difundida e queiram agregar valor aos produtos, processos ou serviços. Incubadoras mistas: organização que abriga tanto empreendimentos de Base Tecnológica como de Setores Tradicionais. Incubadoras sociais: são incubadoras que apoiam empreendimentos oriundos de projetos sociais. Incubadoras de Cooperativas: abrigam empreendimentos associativos em processo de formação e/ou consolidação. Com base nesses dados é possível entender as características de cada tipo de incubadora e a partir dos serviços que as mesmas abordam, tem-se assim uma compreensão de como devem ser concebidos os espaços, para que os mesmos ofereçam infraestrutura adequada. A revisão literária apresentou explanação sobre a tecnologia, sua definição e importância e exibiu as principais características de parques tecnológicos, onde os 31 mesmos, devido sua vasta escala, vêm a comportar centros de tecnologia. Ao final do presente capítulo, compreendeu-se a importância das empresas incubadoras na composição do programa. Portanto, foi realizada breve pesquisa sobre algumas tipologias de tais empresas, que transpõem o uso formal de uma edificação para um mix empresarial e educacional que também podem abrigar diversos tipos de incubadoras de diferentes ramos de atuação. Para completa compreensão sobre a temática, o próximo capítulo apresenta três estudos de casos e suas análises, as quais visam a complementar o embasamento teórico e funcional sobre a temática que será desenvolvida. 32 4. ESTUDOS DE CASO O estudo de caso é o instrumento utilizado para a análise crítica sobre os aspectos negativos e as potencialidades de determinado local, edificação ou objeto dentro da ótica da arquitetura. Deste modo, o presente capítulo apresenta três estudos de caso e sua análise crítica, os quais serviram de referências para o planejamento do centro de desenvolvimento de tecnologia digital. O primeiro estudo localiza-se na cidade de Doha no Catar8, o mesmo foi escolhido, pois possui estética diferenciada e funcional, o qual se utiliza de técnicas construtivas inspiradas na cultura local e pela utilização de novos materiais ao seu favor, para minimizar as condições climáticas da região. O segundo estudo é o centro tecnológico de Mahle, localizado em Jundiaí, em São Paulo, implantado na zona industrial, o equipamento se destaca por sua forma de implantação adotada para se acomodar as condições topográficas do local, que procurou minimizar o impacto ambiental, já que se localiza em uma área de preservação. Também se destaca pelos conceitos utilizados na composição de sua arquitetura, que o diferencia dos complexos industriais locais. O terceiro estudo de caso escolhido, foi o Centro Tecnológico do Agreste, situado na cidade de Caruaru em Pernambuco, o mesmo tem seu foco principal voltado ao campo da moda, os aspectos que levaram a escolha desse empreendimento para ser analisado foi à possibilidade de uma visita presencial no local, e ainda o fator que se identificou como problemática, já que a edificação indispõe de um ambiente especialmente planejado para essa finalidade. O Catar, também referido comumente como Qatar, é um país árabe, conhecido oficialmente como um emirado do Oriente Médio, ocupando a pequena Península do Catar na costa nordeste da Península Arábica. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, e o Golfo Pérsico envolve o resto do país. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Catar. Acesso em 31 mar. 2013. 8 33 4.1. ESTUDO 01: PARQUE TECNOLÓGICO, DOHA, CATAR. O parque tecnológico está localizado na cidade de Doha no Catar, teve sua construção iniciada em 2007 e finalizada em março de 2009, projetada pelo arquiteto Woods Bagot, foi criado para ser conhecido como o centro internacional de pesquisas, tecnologias e explorações científicas, projetado para incubar médias e grandes empresas, trazer inovação e desenvolver a economia do conhecimento. Figura 1: Implantação do parque tecnológico Fonte: www.maps.google.com.br/maps, adaptado pelo autor 2013. Acesso em 24 mar. 2013 O parque possui uma área construída de 98.500 m², sendo composto por quatro volumes separados, entretanto, conectados por uma coberta metálica, que mostra uma disposição arquitetônica hierárquica entre eles, o espaço dispõe ainda de um centro incubador e três centros de tecnologia, com laboratórios e centros de treinamento. 34 Figura 2: Parque Tecnológico, Doha Catar Fonte: www.wordosouth.com. Acesso em 24 mar. 2013. O empreendimento faz parte de um projeto conhecido como Cidade da Educação, projeto do Qatar Foundation9, cuja área abriga grandes equipamentos como: centros de convenções, centros médicos, montadoras automobilísticas e universidades, que estão integrados. Figura 3: Implantação do Estacionamento Fonte: www.maps.google.com.br/maps, adaptado pelo autor 2013. Acesso em 24 mar. 2013 As edificações estão dispostas sobre um talude, cuja elevação foi criada para abrigar o estacionamento subterrâneo do clima quente da região, a solução adotada também evitou o trafego livre de veículos dentro do parque, já que nas tradições islâmicas os espaços de convivência são ambientes isolados, voltados para a reunião 9 Organização privada, sem fins lucrativos que serve os moradores do Qatar, apoiando e operando programas em três áreas de missões principais: educação, ciência e pesquisa e desenvolvimento da comunidade. Fonte: www.qf.org.qa/about. Acesso em 23 mar. 2013 as 14h00min 35 de pessoas, isso possibilitou maior conectividade aos acessos deixando livre acesso para os usuários, criando assim uma estrutura de campus. O acesso à edificação é feito por várias entradas do estacionamento (Figura 3), conectadas com as principais vias locais, permitindo ingresso direto pelo estacionamento subterrâneo da edificação, uma segunda entrada é acessada por uma caixa de vidro localizada logo abaixo da edificação central, entre as duas vias locais que cortam transversalmente o parque, elevadores espalhados pelo estacionamento levam os usuários até área de convivência que está no andar acima. (Figura 4). Figura 4: Corte longitudinal do volume central e do estacionamento Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013. O volume central é caracterizado por uma forma retangular com disposição espacial simétrica dos ambientes internos que se abre em ambas as extremidades para espaços de convivência com jardins elevados e espelhos d’água. No abrigo da grande coberta o volume é revestido por ACM10 e uma malha de placas de aço inoxidável perfurada (Figura 5) que protege os panos de vidro da incidência solar, o qual incorpora o centro incubador, o centro administrativo e centro de negócios, dispostos em dois pavimentos. Figura 5: detalhe das placas de aço inoxidável na fachada Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 Aluminum Composite Material. É um painel composto, constituído por duas chapas de alumínio, sobtensão controlada com um núcleo de polietileno de baixa densidade. Fonte: www.acmprime.com.br. Acesso em 31 mar. 2013. Ás 19h e 40min. 10 36 O primeiro pavimento concentra a área administrativa e o centro de negócios dispostos em um único vão. O espaço possui salas para escritórios, ambientes de convivência, recepções, refeitório, copa, cozinha e banheiros, todos dispostos em um único vão com divisão espacial simétrica. O acesso ao pavimento se dá por átrios centrais através de escadas rolantes e elevadores que direcionam as circulações que levam aos demais ambientes através de fluxos que se caracteriza por circulações centrais e periféricas no interior da edificação (Figura 6). Figura 6: Planta baixa, 1° pavimento do bloco central Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 Figura 7: Corte transversal do centro incubador Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/.Acesso em 27 mar. 2013 O segundo pavimento é voltado para as atividades de incubação. O espaço possui característica mais empresarial, em sua divisão espacial o ambiente dispõe de salas desenvolvidas para abrigar os escritórios das empresas encubadas, o ambiente possui também espaço de convivência, copa e banheiros. O acesso também se dá por elevadores e escadas rolantes locados nos átrios centrais. 37 Figura 8: Planta baixa do 2° pavimento do bloco central Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/. Acesso em 27 mar. 2013 O centro incubador é suspenso por duas caixas em vidro, localizadas em cada uma das extremidades, onde estas dão acesso às recepções e ao estacionamento por meio de elevadores que conduzem a um átrio central do total de 03 (três) átrios existentes no local, os quais são elementos característicos da cultura islâmica, pois agrega as funções de iluminação e ventilação natural no interior da edificação. Figura 9: Vista do centro incubador do parque tecnológico Fonte: www.e-architect.co.uk. Acesso em 24 mar. 2013 Dois volumes estão dispostos paralelamente à direita e à esquerda da edificação principal e o outro se encontra no final, no flanco direito do volume central, estão instalados os centros de tecnologia com: laboratórios, salas de desenvolvimento e pesquisa e os centros de treinamento cujas formas remetem a figuras geométricas simples, as fachadas são compostas por panos de vidro e ocultas por uma malha de placas metálicas perfuradas que lembram os muxarabis11 árabes, (Figura 10), que produz uma ideia de reclusão, conceito utilizado na arquitetura islâmica, a qual proporciona privacidade e melhoria do conforto térmico para o interior da edificação. Muxarabis. É um elemento da arquitetura árabe em madeira de onde se pode ver sem ser visto (semelhante ao combogó) Fonte: www.michaelis.uol.com.br. Acesso em 31 mar. 2013. 11 38 Figura 10: Detalhe das fachadas dos centros de tecnologia Fonte: www.archello.com. Acesso em 24 mar. 2013. Os três centros tecnológicos possuem as mesmas características espaciais, os ambientes são voltados para a prática e desenvolvimento de protótipos, divididos em dois pavimentos, possuem ambientes flexíveis com grandes vãos de aproximadamente 1500 m², o espaço também comporta recepções localizadas em um corredor central, com apoio de copa e banheiro. Figura 11: Planta baixa do centro tecnológico Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park. Acesso em 27 mar. 2013 A conexão entre os pavimentos do centro tecnológico é feita através de elevadores e escadas posicionados no centro das circulações que cortam a edificação no sentido longitudinal e transversal, a configuração dos ambientes mostra uma 39 simetria já que sua forma é espelhada paralelamente, com a repetição dos mesmos ambientes. Figura 12: Corte longitudinal do centro tecnológico Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/. Acesso em 27 mar. 2013 Na coberta ondulada da edificação, o arquiteto adotou como partido detalhes da geografia, como a ondulação das dunas de areia do deserto e aliado com o movimento do véu da mulher árabe, através de suaves curvas que dão mais leveza a edificação aliada a sua funcionalidade, a mesma faz o papel de unificar as demais edificações tornado-se um único volume aos olhos de quem vê a uma determinada distância. Sombreando o percurso entre os edifícios, a cobertura funciona como barreira, reduzindo a incidência de calor dentro e fora da edificação. Construída em chapas duplas perfuradas de aço inoxidável, o arquiteto procurou proporcionar dinamismo na sua estética, o que transmite ao observador uma sensação de movimento quando vista por baixo no interior da edificação (Figura 13). Figura 13: Detalhe da coberta Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 A coberta é sustentada por um feixe de quatro colunas de perfil circular que formam um “V”, o telhado se apoia de forma leve e imponente sobre a edificação, com um sistema de treliça espacial em três dimensões (3D), o que proporcionou ao 40 arquiteto dar uma forma ondulada, vencer maiores vãos e dar maior leveza na sua composição estética (DESMENA, 2013). Figura 14: Estrutura da coberta Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 Quanto à iluminação, a luz natural incide nas edificações através de grandes átrios, os quais são muito utilizados na arquitetura islâmica, priorizando a luminosidade e a ventilação para o interior do edifício. Compostos por caixas envidraçadas, os átrios12 possuem pé direito triplo que permite maior transparência e iluminação aos demais ambientes. Figura 15: Iluminação natural através de um átrio interno Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 A iluminação artificial é utilizada de forma a focar as edificações e dando destaque aos elementos estéticos, colunas, fachadas e a coberta, com spots e luz de 12 Átrio. É um Pátio ou saguão, utilizado no interior ou exterior de edificações. Fonte: www.michaelis.uol.com.br. Acesso em 31 mar. 2013. 41 led. Luminárias com designe diferenciado dão um ar mais contemporâneo aos espaços de convivência, juntamente com pontos de luz no piso que servem como balizadores. Figura 16: Iluminação Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013 4.1.1. Análise crítica: Potencialidades A edificação está inserida em uma área voltada para grandes equipamentos, com espaços planejados para expansão construtiva, o empreendimento encontra-se situado fora do centro da cidade, que permite uma melhor fluidez e setorização no fluxo local. O acesso por várias entradas dos estacionamentos subterrâneos torna o mesmo rápido, pois integram-se diretamente com as vias locais que circundam o edifício, facilitando o fluxo na entrada e saída dos veículos para uso privado dos funcionários. Possui dois estacionamentos externos exclusivos para visitantes e dispõe de um acesso específico para serviço. Projetado para o clima do deserto, o estacionamento ficou sob abrigo da edificação que tem como aspecto positivo a proteção do usuário da incidência solar, proporcionando maior conforto térmico no seu interior e evita que a edificação necessite de grandes áreas externas para estacionamentos. A forma de acesso direto pelo estacionamento permite ao usuário percorrer curtas distâncias embaixo do sol, já que elevadores instalados em diversos pontos no subterrâneo conduzem diretamente as edificações que estão acima, que fica restrita a circulação de veículos. Possui espaços para convivência, com jardins elevados e espelhos de água que criam microclimas no espaço. 42 A arquitetura do parque utiliza-se de detalhes da cultura regional e materiais modernos sem fugir do tema quanto aos aspectos culturais da região em que se insere. Através do uso de diferentes materiais, a composição arquitetônica de cada equipamento faz o papel de dividir hierarquicamente as edificações em espaços distintos quanto ao uso, facilitando a localização por parte dos usuários. O uso dos detalhes da arquitetura e cultura local trouxe melhor conforto e interação dos usuários com o ambiente interno e externo, melhorando a iluminação e a ventilação no interior das edificações, através dos diversos elementos como: átrios internos, fachadas com chapas metálicas vazadas que funcionam como brises, coberta com estética funcional proporcionando beleza e criando sombra em toda edificação. 4.1.2. Analise Crítica: Fragilidades A edificação por se encontrar elevada sobe o estacionamento, só apresenta acessos através de escadas rolantes e elevadores, não apresenta rampas para acessibilidade, no caso de falhas no sistema elétrico em situações de emergência o que dificulta a evacuação do recinto. Os espaços de convivência por sua dimensão apresentam pontos ociosos sem que existam atrativos pra determinados locais, com falta de mobiliários, o arquiteto deveria explorar mais o ambiente com equipamentos que se integrassem com espaço, com cafés, lanchonetes, proporcionando um lazer a mais no local. Por se encontrar em uma área de clima seco e quente, a edificação não apresenta um projeto paisagístico que tentasse minimizar as condições climáticas no local, o qual deveria ter explorado mais um paisagismo com espécies nativas da região criando massas verdes juntamente com pequenos lagos no seu entorno, já que apresenta uma grande escala construtiva. 43 4.2. ESTUDO 02: CENTRO TECNOLÓGICO MAHLE, JUNDIAÍ/ SP. Localizado às margens da rodovia Bandeirantes, o centro tecnológico foi concebido pelos arquitetos Roberto Loeb e Luís Capote, teve sua construção iniciada em dezembro de 2006, o qual foi concluído em abril de 2008, a edificação possui área construída de 17.000 m², entretanto, a mesma ocupa 1/5 (um quinto) da área total do terreno. Figura 17: Implantação do centro tecnológico Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 Inserido em uma área de preservação ambiental na Serra do Japi, o terreno possui área de 125.000 m² com topografia acidentada, a implantação do equipamento se caracteriza por uma forma semicircular, dividida em três anéis acomodados no declive do terreno em três taludes que, segundo o arquiteto, a forma foi inspirada nas curvas de nível, técnica aplicada em terrenos acidentados usada na agricultura. O acesso é feito diretamente pela rodovia, através de uma pequena via interna que segue diretamente para o pátio de estacionamentos localizado na parte inferior do terreno juntamente com o primeiro anel da edificação, a mesma via segue subindo os três níveis, até a parte mais alta do terreno que dá acesso ao anel superior da edificação (Figura 17). A disposição dos três volumes em diferentes níveis do terreno permite aos espaços internos de cada volume ter uma relação de integração maior com o exterior, o que proporciona visualização panorâmica da paisagem natural do entorno. 44 Figura 18: Vista frontal do Centro tecnológico Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 À distância, a edificação é vista como um único volume (Figura 18), onde a declividade do terreno dá à impressão de um edifício com tipologia de vários andares, as curvas de sua forma quebram a simetria da horizontalidade da edificação, sua cor branca predominante em toda edificação, a mesma proporciona um contraste com o verde da paisagem natural em sua volta, que se destaca ainda mais por ser uma edificação isolada na paisagem e com poucos equipamentos presentes no seu entorno. A composição dos volumes se dá através de grandes aberturas nas fachadas principais, com panos de vidro que permitem maior relação com o entorno, proporcionando leveza e transparência às edificações. Os três anéis que compõem o centro tecnológico definem uma ordem hierárquica através de sua orientação no terreno e tipologias diferenciadas de uso, seguindo uma ordem escalonada de implantação, onde se inicia com o edifício anel 01 possuindo dois pavimentos, no primeiro talude o edifício anel 02 também com dois pavimentos caracterizado por um pilotis que eleva a construção acima do anel 1 e por fim na porção mais alta do terreno, o segundo talude que comporta o edifício anel 3 (Figura 19). 45 Figura 19: Corte que mostra a disposição dos três volumes no terreno Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 A simetria dos volumes segue de forma harmoniosa em uma disposição horizontal seguindo de forma escalonada a curvatura dos volumes que se assemelha com as suaves formas curvas de nível do terreno, sem que interfira na paisagem. A composição das fachadas é feita de forma sutil, sem que altere a leveza de sua plasticidade, composta por elementos simples que aliam sua funcionalidade a estética do edifício. Figura 20: Fachada frontal do primeiro anel do Centro Tecnológico Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 A estrutura da edificação é em concreto pré-moldado e estruturas metálicas secundárias, expostas e claramente identificadas em suas fachadas, em conjunto com o grande vão proporcionado pela laje alveolar e transparência do pano de vidro contínuo em toda a fachada (Figura 20), cujas colunas formam um pilotis que dá maior leveza ao volume. Em seu interior os arquitetos optaram por deixar os elementos 46 estruturais aparentes, o que acabou por remeter a um ambiente industrial moderno (Figura 21). Figura 21: Elementos estruturais Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 Os materiais empregados na composição de suas fachadas aliam estética e funcionalidade relacionada ao conforto visual e térmico do ambiente interno, utilizando-se panos de vidros em todo seguimento da fachada, os quais ficam ao abrigo da sombra de marquises em estruturas metálicas compostas por brises que evitam a incidência direta dos raios solares através do pano de vidro (Figura 21). Em seu interior a cor branca usada nos ambientes maximiza a incidência da iluminação natural, o concreto aparente nas passarelas, estruturas e escadas dão ao ambiente um aspecto moderno que remetem uma arquitetura brutalista13. Figura 22: Interior do centro tecnológico Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 13 Surgiu nas décadas de 50 e 60, impulsionada pelos arquitetos do movimento modernista, principais características é a real exposição da estrutura da edificação, expondo todos os elementos estruturais, colunas, vigas, perfis metálicos, deixando a mostra também o concreto armado aparente. Fonte: http://www.infoescola.com/arquitetura/arquitetura-brutalista/. Acesso 01 mai. 2013. 47 As configurações da composição arquitetônica dos volumes seguem um ritmo simétrico se visto frontalmente, e diminui sua massa volumétrica à medida que se acomodam ao escalonamento topográfico do terreno. Nas fachadas o rasgo marcado pelos panos de vidro dá ao volume mais leveza, mas com o fechamento dos brises internos proporcionam a volumetria uma característica mais sólida (Figura 23). Figura 23: Aberturas das fachadas da edificação Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013 A divisão espacial dos volumes é determinada de acordo com o uso, por se tratar de um equipamento voltado para o desenvolvimento de pesquisas científicas na área de mecânica automotiva, a configuração da volumetria se caracteriza por uma forma circular que se adapta ao terreno. O primeiro volume (anel 01) (Figura 24), possui dois pavimentos, o térreo abriga a recepção, os setores administrativos, ambulatório, biblioteca e serviços, na porção mais baixa do terreno, o ambiente proporciona maior facilidade de acesso, o espaço ainda dispõe da área de serviço, com cozinha industrial, refeitório, vestiários para funcionários, depósito com portaria para carga e descarga. O segundo pavimento do primeiro anel tem uma definição espacial mais flexível, caracterizada por um único vão, o espaço comporta os escritórios que são padronizados, ocupando todo o vão do pavimento, na extremidade em um espaço reservado encontra-se o restaurante da diretoria, o qual recebe apoio da cozinha industrial no pavimento abaixo (Figura 25). 48 Figura 24: Planta baixa do Anel 01, pavimento inferior Legenda: Recepção/Museu/Banco/Ambulatórios/Treinamento/Salas multiuso/Refeitório/Cozinha de apoio/Portaria de serviço Vestiários/ Copa/Café Biblioteca Informática Depósitos Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#. Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013. Figura 25: Planta baixa do primeiro anel, pavimento superior Legenda: Restaurante da diretoria Escritórios Escritórios Escritórios BWCs Circulações Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#, Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013. 49 O segundo volume (anel 02), intermediário, tem uma pequena diminuição na sua massa volumétrica em relação ao primeiro anel, o espaço abriga áreas destinadas a atividades de produção, no primeiro pavimento (Figura 26) os ambientes se dividem em salas de testes onde são estudados e desenvolvidos protótipos. Figura 26: Planta baixa do segundo anel, pavimento inferior. Legenda: Desenvolvimento de camadas Sala de Filtros Salas de Componentes Oficina Metalurgia Metrologia Salas de Eletrônica Sala de Química Sala de testes Espelho D’água BWCs Circulações Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#, Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013. No segundo pavimento (Figura 27) estão localizados os escritórios dos técnicos que desenvolvem as atividades de pesquisa. Ainda neste pavimento há um espelho d’água criado pelos arquitetos, o qual proporciona uma agradável sensação térmica e visual aos usuários. Este liga a cobertura do primeiro anel ao primeiro piso do segundo anel, e este último por sua vez, também possui outro espelho d’água em sua cobertura. 50 Figura 27: Planta baixa do segundo anel, pavimento superior Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#, Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013. Legenda: Escritórios Sala de informática Salas de Treinamento Escritórios Salas de CAD BWCs Circulações Fonte da legenda: www.arcoweb.com.br/, adaptado pelo autor. Acesso em 30 de mar. 2013. Figura 28: Espelho d’água na cobertura do segundo anel Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013. O terceiro anel (Figura 29) está localizado na parte mais superior do terreno, sua massa volumétrica é menor em relação aos outros. O espaço possui várias salas inteiramente voltadas para realização de testes com uso mais restrito, desta forma, permite maior concentração dos usuários nos ambientes isolados acusticamente, onde os mesmos ficam livres de ruídos e vibrações. 51 Figura 29: Planta baixa do terceiro anel Legenda: Salas de testes BWCs Circulações Espelho D’água Fonte: www.arcoweb.com.br/, adaptado pelo autor. Acesso em 30 de mar. 2013. O acesso entre os volumes é feito por uma escada que corta no sentido longitudinal os três anéis, onde passarelas conectadas a escada direcionam o fluxo para conexões periféricas, criando uma circulação única no interior da edificação o que facilita o acesso aos demais ambientes. A configuração da planta mostra a divisão de ambientes com espaços definidos, dispostos perpendicularmente às circulações periféricas que segue a forma circular do edifício, apresenta também planta livre e ambientes flexíveis com grandes vãos. A iluminação natural no interior da edificação é maximizada pelos grandes panos de vidro nas fachadas das edificações, o que proporciona eficaz iluminação dos ambientes, juntamente com aberturas no teto dos corredores que aumentam a incidência da luminosidade natural nos demais espaços e a entrada de ventilação (Figura 30). 52 Figura 30: Aberturas zenitais no interior da edificação Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013. A iluminação artificial na fachada destaca o volume na paisagem durante a noite em cores suaves de azul e verde, as quais são refletidas pela cor branca das paredes. No interior, a composição de luzes torna o ambiente moderno em um espaço aconchegante, com luzes convencionais e de tonalidades azuis, embutidas na estrutura que dá destaque aos elementos estruturais do seu interior (Figura 31). Figura 31: Iluminação artificial Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013. 4.2.1. Análise Crítica: Potencialidades A localização do Centro Tecnológico está implantada em área industrial, a oito quilômetros do centro da cidade, o local apresenta fluxo intenso, entretanto possui boa estrutura viária que permite fácil acesso direto pela via paralela à rodovia principal. Implantado em uma área de preservação ambiental, o projeto foi concebido de maneira que não interfira na paisagem minimizando o impacto ambiental no terreno, respeitando sua declividade, evitando terraplanagem. Com bom uso da técnica das 53 curvas de nível através de taludes, que acomodam os três volumes de forma escalonada no terreno. O tipo de implantação permitiu boa interação do meio externo da paisagem natural com o interior da edificação, o qual é proporcionado pela elevação dos volumes em pilotis nos taludes do terreno que deixa o piso térreo com vista livre alinhado com a coberta do volume em sequência. A divisão em três volumes permitiu boa setorização por se tratar de um equipamento de grande porte. Essa setorização melhorou a distribuição dos espaços internos que classifica os volumes de acordo com seu determinado uso, proporcionando assim boa interação do usuário na utilização do espaço. A composição construtiva dos volumes agrega elementos estéticos e funcionais como as marquises que diminuem a incidência solar no interior da edificação e protegem os panos de vidro, as quais demarcam as fachadas dos volumes, proporcionando melhor iluminação natural no interior da edificação. Aberturas no teto dos corredores aumentam a luminosidade no interior dos ambientes, assim como a cor branca dos ambientes ajuda a maximizar a iluminação natural. Em termos espaciais os ambientes seguem a configuração da edificação, ou seja, apesar do porte apresenta uma planta bem definida com ambientes paralelos às circulações que se encontram nas extremidades do volume, a mesma facilita ao usuário o acesso a uma circulação central de escadas e passarelas juntamente com elevadores que conectam os volumes, distribuindo os fluxos nas demais circulações. Os espelhos d’água nas coberturas dos volumes propiciaram melhor interação com a beleza da paisagem e serviram para criar um microclima que minimiza a 54 incidência dos raios solares na coberta o que evita ainda o aquecimento do espaço, proporcionando conforto térmico para os ambientes. 4.2.2. Analise Crítica: Fragilidades Arquitetonicamente a concepção do equipamento tem estética arrojada com linhas suaves e aberturas que definem suas fachadas, mas os arquitetos não se preocuparam em ocultar os equipamentos e instalações de ar condicionado, o que polui visualmente a fachada, deixando o volume com uma aparência mais industrial. As instalações elétricas e de ar condicionado também ficam expostas no interior dos ambientes repetindo-se em vários pontos da edificação, o que também ocasiona o mesmo efeito de poluição visual, intervindo ainda na concepção dos arquitetos na exposição dos elementos estruturais. A implantação em um terreno com declividade proporcionou uma boa composição nos volumes, mas preocupou quanto ao atendimento no aspecto da acessibilidade, já que os acessos entre os volumes só são feitos através de escadas, passarelas e elevadores, o espaço não dispõe de rampas nesses percursos. Apesar de se encontrar em uma área de floresta, o espaço não apresenta uma configuração paisagística que realce seu agenciamento, apresenta apenas pequenos jardins secos na entrada do edifício e no seu interior. Informações estas que ao certo foram tomadas como partido projetual. 55 4.3. ESTUDO 03: CENTRO TECNOLÓGICO DO AGRESTE, CARUARU/ PE. O Centro Tecnológico está localizado na cidade de Caruaru, implantado no centro urbano em uma área caracterizada por uso comercial e residencial, o entorno tem uma configuração degradada com edificações abandonadas, inacabadas e terrenos baldios, o local concentra um fluxo viário intenso por estar próximo da BR – 104. O equipamento está inserido em um terreno de esquina com topografia de declive acentuado por se encontrar nas proximidades das margens do rio Ipojuca. Figura 32: Planta de situação do ITEP Fonte: Williams Didier Victor, 2013. O acesso à edificação se dá pela Avenida Vera Cruz, via paralela que está ligada diretamente à BR 104, a qual permite fácil visualização da fachada frontal, voltada para o norte com panorama para via local, a fachada lateral direita está direcionada para o oeste e sua fachada lateral esquerda voltada para leste, a qual se encontra conjugada com a edificação vizinha. A edificação mantém relação diferenciada com o entorno, mesmo fazendo parte do conjunto edificado, por estar conjugada (Figura 33), mas há contraste em relação às demais edificações por sua composição, elementos arquitetônicos e seu porte. Possui estética que combinam elementos cheios e vazios, com paleta de cores em tons pastéis, em conjunto com panos de vidros compõem sua fachada frontal, 56 atribuindo um aspecto mais arrojado na sua composição arquitetônica apesar de simples. Figura 33: Centro Tecnológico do Agreste, Caruaru Fonte: Williams Didier Victor. 2013 Sua composição é definida em um único volume monolítico de formato retangular simples disposto em três pavimentos que se acomodam na declividade do terreno, a fachada frontal é marcada por um septo circular que sobressai de um “rasgo” horizontal fechado por de um pano de vidro recuado, cuja reentrância frontal cria um pórtico em conjunto com a platibanda. Na entrada, um pequeno canteiro recebe o usuário, o qual representa a única área de solo natural de toda unidade construída. Figura 34: Vista frontal do Centro Tecnológico Fonte: Williams Didier Victor. 2013 57 A fachada oeste (Figura 35) possui sua configuração volumétrica com aberturas que se repetem, a qual é marcada por pequenos rasgos na vertical e janelas em fita de diferentes tamanhos posicionadas na horizontal. A forma geométrica retangular das janelas é seccionada por pilares estruturais que ficam sobressalentes através de uma reentrância que marca a fachada com uma paginação de material diferente. Figura 35: Vista da fachada oeste Fonte: Williams Didier Victor. 2013 Quanto à paginação, o volume possui poucos elementos em suas fachadas os quais contribuem para a estética da edificação. As fachadas são compostas por uma mistura de diferentes revestimentos com pastilhas cerâmicas na cor branca, a qual reveste toda edificação e reentrâncias em pintura acrílica de tons azuis claros, de modo a criar uma composição diferenciada. Figura 36: Declividade natural do terreno do acesso ao estacionamento Fonte: Williams Didier Victor. 2013 58 A forma linear do volume caracteriza uma configuração agrupada dos espaços no interior da edificação, a qual possui uma linha central de circulação que distribui o fluxo para os demais ambientes. A planta apresenta desenho espacial definido, com espaços amplos, divididos em área administrativa, salas de ensino, biblioteca, auditório com capacidade para 186 pessoas, sala de controle de som e um foyer com pé-direito duplo, proporcionando maior amplitude ao espaço, cujo o mesmo está localizado na entrada do centro tecnológico. Figura 37: Auditório e foyer Fonte: Williams Didier Victor. 2013 Figura 38:Sala multimídia, laboratório de modelagem e sala de aula Fonte: Williams Didier Victor. 2013 No térreo (Figura 39) o acesso é feito através de uma pequena escadaria, e possui uma rampa que atende as normas de acessibilidade para cadeirantes, o centro também dispõe de um estacionamento com guarita para o controle de entrada e saída, tendo acesso por uma rampa, a qual segue até a parte mais baixa do terreno, onde está localizado o pavimento do semienterrado. 59 Figura 39: Planta baixa do pavimento térreo Legenda: Setor de ensino WCs Estacionamento Setor administrativo Circulação Legenda dos ambientes: 123456- 789101112- Foyer Auditório Sala de som Sala de Telecomunicações Laboratório de informática Sala de Gerência Central de ar (Auditório) Recepção Copiadora Gestão CTPE Ger. Financeira Procuração de Conteúdo 13141516171819- Sala de Reunião Copa e Cozinha WC’s Biblioteca Guarita Lixeira Estacionamento Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013. O primeiro pavimento tem acesso através de uma escada helicoidal e uma rampa, que estão localizados no foyer do pavimento térreo, o mesmo possui as configurações espaciais do térreo com ambientes definidos. O andar abriga salas de ensino, sala de multimídia, laboratórios de modelagem, WC’s e as salas de incubação, as quais tem acesso pelo meio de uma circulação central dispondo perpendicularmente as salas, o que facilita o fluxo para o usuário (Figura 40). 60 Figura 40: Planta baixa do primeiro pavimento Legenda: Setor de ensino Setor de incubação Setor administrativo WCs Circulação Legenda dos ambientes: 12345- Sala Multimídia Laboratório de Modelagem Salas de aula Incubadoras WC’s 678910- Secretaria Sala de Reunião Sala de Professores Secretaria Gestor de Educação Núcleo de Design Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013. No pavimento semi-enterrando, está localizado o setor laboratorial, com salas de análise e pesquisa, salas de manipulação de produtos químicos, estufa, depósito de utensílios, sala de treinamento, sala de técnicos, salas de incubação e os WC’s. O local ainda tem apoio de uma sala externa a qual abriga a lavanderia, para testes. Entretanto, por tratar-se de um espaço que foi adaptado a um centro tecnológico, não sendo planejado inicialmente para essa finalidade, para comportar o setor laboratorial, os ambientes são espacialmente pequenos o que compromete as principais necessidades para o funcionamento adequado para o laboratório (Figura 41). 61 Figura 41: Setor laboratorial Fonte: Williams Didier Victor. 2013 Figura 42: Planta baixa do semi-enterrado Legenda: Setor laboratorial Estacionamento WC’s Legenda dos ambientes: 1234- Garagem Depósito Incubadora Antessala 5678- Incubadora Sala de técnicos Estufas Autoclave 910111213- Lavagem Preparação Recepção de amostras WC’s Lavanderia Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013. O acesso ao semi-enterrado é feito através de dois lances de escadas os quais levam aos laboratórios e a garagem (Figura 43), o pavimento é desprovido de rampa 62 e não oferece acessibilidade, com espaços pequenos que não atendem as necessidades, o local também comporta um estacionamento com trinta vagas, o qual tem acesso por uma rampa externa. Figura 43: Acesso ao estacionamento do semienterrado Fonte: Williams Didier Victor. 2013 Os espaços internos recebem iluminação natural adequada, através das várias aberturas que possibilitam sua incidência, propiciando aos ambientes, maior amplitude o que confere ao usuário maior conforto. A edificação não possui um projeto de iluminação artificial que dê destaque ao edifício, e o local não oferece iluminação pública adequada, todavia nos ambientes internos, possui boa iluminação dos ambientes. Figura 44: Vista do foyer para a recepção Fonte: Rodrigo Macêdo. 2013. 63 4.3.1. Análise Crítica: Potencialidades A edificação possui boa localização e mantém proximidade com o centro da cidade, permite fácil acesso ao local por estar próximo a BR 104 que facilita o escoamento dos fluxos. A mesma possui adequada divisão espacial dos ambientes no primeiro e segundo pavimento, com salas de aula com dimensionamento satisfatório. Apesar da simplicidade de sua forma construída, a arquitetura do edifico possui um diferencial com traços modernistas formados por uma composição de elementos e aberturas, dando uma dinâmica nas fachadas simples da edificação. 4.3.2. Análise Crítica: Fragilidades Apesar de apresentar configurações espaciais adequadas em alguns ambientes, o local acomoda salas com espaços insuficientes para atendimento às necessidades às quais o local é destinado. O espaço do terreno é limitado impossibilitando a sua expansão, esse aspecto levou a serem realizadas adaptações em alguns ambientes para atender as necessidades. Possui poucas salas para incubação de empresas e as existentes não têm espaço adequado. O estacionamento no semi-enterrado é aparentemente pequeno, o qual será adaptado para dar lugar a novas salas de incubação, deixando a edificação com um número negativo de vagas no estacionamento externo. O centro não possui um espaço adequado para feiras de amostras e convenções, tendo que se utilizar do foyer para suprir essa necessidade. 64 4.4. ANÁLISE COMPARATIVA ASPECTOS NEGATIVOS ASPECTOS POSITIVOS Tabela 1 – Quadro comparativo dos estudos de casos PARQUE ESTUDO DE CASO 02: ESTUDO DE CASO 03: TECNOLÓGICO, DOHA, CENTRO TECNOLÓGICO CENTRO TECNOLÓGICO CATAR MAHLE, JUNDIAÍ-SP DO AGRESTE, CARUARUPE. − Boa setorização dos equipamentos; − Vasto estacionamento; − A forma de implantação do estacionamento permite fácil e rápido acesso a edificação; − Estacionamento coberto o que proporciona mais conforto aos usuários; − Separação dos equipamentos de acordo com seus usos; − Proposta da coberta metálica para minimiza a incidência solar; − Uso de detalhes da cultura local na concepção do projeto; − Uso de elementos da arquitetura local, para minimizar a incidência dos fatores climáticos; − Proposta de área prevista pra expansão; − Uso de novos materiais na composição arquitetônica; − Dispõe de três grandes centros tecnológicos; − Possui um grande centro incubador. − Boa localização do equipamento; − O local tem fácil acesso e boa disposição dos fluxos viários internos; − A utilização das técnicas de curvas de níveis no partido arquitetônico e na forma de implantação; − As circulações internas permitem boa conexão entre os ambientes; − Boa definição dos ambientes; − A forma de implantação escalonada no terreno inclinado minimizou a remoção terra, evitando maiores impactos ambientais ao loca; − A divisão em três volumes permitiu melhor setorização dos usos; − Uso de elementos construtivos funcionais na composição das fachadas; − Uso de espelhos d’água na cobertura proporcionando melhor conforto térmico. − O equipamento tem boa localização, com fácil acesso; − O auditório é amplo, apresentando boa acústica; − Possui boa disposição dos espaços em alguns ambientes; − O local oferece rampas para acessibilidade; − Os banheiros atendem as normas de acessibilidade. − Não apresenta rampas para acessibilidade; − Comparado à dimensão construtiva do equipamento, o mesmo não apresenta um projeto paisagístico adequado; − Distância muito longa entre as edificações. − Falta de rampas para acessibilidade; − Estacionamento pequeno; − Não possui bom agenciamento paisagístico. − O espaço não dispõe de área de expansão; − Por estar localizado em uma área com intenso fluxo viário, o local proporciona desconforto acústico; − Não possui espaço adequado para incubação de novas empresas; − Em alguns pontos, o local não possui acessibilidade; − Alguns espaços têm dimensões inadequadas. Fonte: Williams Didier, 2013. 65 A partir da análise do quadro comparativo, foi possível observar com mais clareza os principais aspectos abordados em cada estudo, o que permitiu identificar as relevâncias positivas entre cada um dos estudos de caso e suas determinadas fragilidades. Dessa forma, a análise dos estudos de caso concedeu melhor compreensão sobre o tema e uma descrição mais adequada dos espaços que constituem os centros tecnológicos. Junto à apreciação das características dos estudos de caso que foram apresentados, paralelamente à revisão literária, evidencia-se que o espaço edificado pode ser de caráter privado ou público, podendo assumir uma relação com instituições de ensino e empresas, ampliando o uso para diversas funções. O estudo contribuiu para a escolha do terreno, implantação e zoneamento do espaço destinado ao Centro Tecnológico, da mesma forma colaborou para elaboração o programa de necessidades e pré-dimensionamento dos espaços. 66 5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS – EPP As etapas pré-projetuais são passos utilizados na fase inicial do projeto arquitetônico para análise dos diversos parâmetros que antecederam a fase do planejamento do tema proposto. O presente capítulo apresenta as análises da escolha da cidade e do terreno, nesta etapa são feitos os estudos iniciais necessários para o desenvolvimento do objeto proposto, analisando todo o contexto de sua implantação no espaço urbano, seguido do estudo dos condicionantes físicos e ambientais do terreno. O estudo também aborda a análise sobre a legislação municipal, estadual e nacional, as quais servirão de base para a definição do zoneamento e prédimensionamento dos espaços que vão compor o Centro de Tecnologia. Posteriormente as etapas pré-projetuais são finalizadas com o programa arquitetônico elaborado com base na análise dos estudos de casos, referências literárias, dentre os outros aspectos analisados no decorrer do trabalho, sendo alcançados os ambientes necessários para o funcionamento do espaço, seguido do dimensionamento final, zoneamento e organofluxograma, onde todos estes deram subsídio na elaboração do anteprojeto. 5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO O local escolhido para implantação do anteprojeto foi à cidade de Caruaru – Pernambuco, em razão do crescente potencial econômico que a mesma apresenta e ainda devido à problemática apontada, a qual expressa a necessidade de possuir um local adequadamente planejado para o desenvolvimento de tecnologia. Caruaru está situada na mesorregião do agreste pernambucano, na região do Vale do Ipojuca, a 137 km da capital Recife. Localizada em um ponto geográfico importante, a cidade é cortada por duas rodovias, no sentido Leste e Oeste seu território é cortado transversalmente pela BR – 232 e no sentido Norte e Sul cortado longitudinalmente pela BR – 104, conectando a cidade com os principais municípios produtores da região, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, fazendo dela a principal rota comercial de Pernambuco. 67 Figura 45: Estudo do contexto urbano N SEM ESCALA Legenda: 1 Terreno proposto Centro Médico Hospital UNIMED Fórum de Caruaru PE – 95 2 BR – 104 3 Av. Amazonas Clube de Eventos 4 Av. Portugal Fonte: Prefeitura de Caruaru, adaptada pelo autor. 2013 A cidade de Caruaru dispõe de vários empreendimentos produtivos, dos quais o que mais se destaca é o mercado da moda com a produção de confecções, além de outros importantes setores, o que faz dela um grande polo econômico. Pelo motivo do seu reconhecimento na produção têxtil, visando a importância desse crescimento, foi instalado na cidade, o Centro Tecnológico do Agreste, voltado exclusivamente para este setor. Analisando o conjunto geográfico e a importância dos fatores urbanos foi feita a escolha do terreno para a implantação do tema proposto voltado para o desenvolvimento de tecnologia digital. Para a escolha do terreno foi levado em consideração que o local dispusesse de ampla área visando à expansão da edificação, já que a tecnologia está em constante renovação a qual necessita de espaço para o seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo é importante estar localizado em área de fácil acesso e visualização, o 68 local também deve dispor de serviços de infraestrutura básicos como: pavimentação, energia elétrica e rede de água. 5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO A partir do contexto urbano, juntamente com as potencialidades identificadas na área, o terreno proposto encontra-se, no bairro Universitário, o local caracteriza-se pela predominância de edificações residenciais, com níveis de baixo adensamento construtivo. Figura 46: Planta de situação Fonte: Acervo Williams Didier Victor. 2013 O local está próximo a centros médicos, universidade, repartições federais e condomínios residenciais, a área se caracteriza por possuir parcelamento organizado e sistema viário bem distribuído, com vias largas. O terreno situa-se nas extremidades do perímetro urbano da cidade de Caruaru, as margens da rodovia estadual PE – 95, que se conecta diretamente com a BR – 104, que se liga a BR – 232, deste modo oferece suporte de acesso às cidades circunvizinhas. 69 Figura 47: Vista Frontal do terreno Fonte: Williams Didier, 2013. A escolha do terreno teve como principal critério, a sua facilidade de acesso ao local, o que é de grande importância para sua logística tendo como via de circulação principal, um acesso estadual, que facilita fluxo viário e está conectada com uma via federal que liga outras cidades, também se encontra próximo à avenidas que ligam ao centro da cidade. Outro critério foi sua boa localização, por estar situado em uma área de expansão urbana. Outro fator importante para escolha do local foi o fato de estar próximo aos centros universitários da cidade, já que grande parte das atividades desenvolvidas em centros tecnológicos está sempre ligada a pesquisas e ideias pré-concebidas em instituições acadêmicas, como também a proximidade com empresas que necessitam do apoio desse tipo de equipamento para desenvolverem parcerias. 70 Figura 48: Vista da face leste do terreno Fonte: Williams Didier, 2013. O terreno possui uma área de aproximadamente de 28.000 m² cujas dimensões são necessárias para a implantação do anteprojeto prevendo área de expansão, o mesmo faz confrontações com duas linhas de fluxo viário, ao norte com a PE – 95 e a leste com a Avenida Amazonas. O local está próximo ao Campus Universitário da ASCES, o Centro Médico do Agreste e o clube de eventos Palladium (Figura 45). 5.3. ANÁLISE 03: ESTUDO DOS CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS Situado em uma área de expansão urbana da cidade, o local ainda dispõe de grandes áreas não parceladas, e apresenta poucas construções no seu entorno, as quais não constituem barreira física que venham a comprometer fisicamente na incidência dos condicionantes climáticos. Com relação à estrutura geográfica do terreno, a área apresenta uma superfície com topografia com pequenas baixas devido à drenantes naturais com pequenos declives, onde os mesmos serão considerados na fase do anteprojeto arquitetônico. 71 Quanto à incidência dos condicionantes naturais foi elaborado um esquema gráfico conforme mostra a (Figura 49), o qual representa análise fundamental dos principais fatores ambientais que incidem no terreno, e interpreta as áreas de principal influência da ventilação e da insolação. Figura 49: Estudo dos condicionantes naturais Legenda: Trajetória do Sol Terreno Fonte: Imagem cedida pela Prefeitura Municipal de Caruaru, adaptado pelo autor. 2013 Conforme a imagem apresentada, a análise demonstra maior incidência da ventilação na face sudeste a qual recebe 70% dos ventos, já a face nordeste terá menor influência com apenas 30%, quanto à insolação a representação da trajetória solar, mostra que a face norte do terreno será a mais afetada. O estudo da influência desses condicionantes contribuiu na melhor disposição dos ambientes e de seu zoneamento na implantação da edificação no terreno. 72 5.4. ANÁLISE 04: ESTUDO DOS CONDICIONANTES LEGAIS Esta etapa compõem análises que foram consideradas através dos parâmetros especificados pela legislação vigente no local, o mesmo fez com que a edificação siga as condições impostas pelas diretrizes aplicadas para o município. Para que o anteprojeto seguisse todos os parâmetros direcionados, foi utilizado o Plano Diretor e o Código de Obras do município, a NBR 9050 e o COSCIP - Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco, obedecendo às exigências, que refletiu na melhor adequação e concepção do anteprojeto. 5.4.1. Plano Diretor Municipal de Caruaru/ PE De acordo com o plano diretor de Caruaru, a área proposta está localizada na zona residencial 3 – ZR3 no bairro Universitário, caracterizado pela predominância de adjacências de uso residencial unifamiliares e multifamiliares, a área também apresenta tendência à verticalização e com vias de traçado regular. A legislação vigente prevê diretrizes urbanísticas como coeficiente de utilização 3,0 e taxa de solo natural de 25%. Por se tratar de um equipamento de grande porte, a legislação ainda prevê afastamentos que minimizem, o impacto construtivo, as dimensões adotadas para recuos frontais de 5,00m, para um terreno de esquina, o qual será aplicado a duas faces já que o mesmo possui duas testadas frontais, quanto aos afastamentos laterais, são previstos 2,50m e recuo de 2,50m para os fundos do terreno. 5.4.2. Código de Obras Municipal de Caruaru/ PE Para a implantação do Centro Tecnológico buscou-se no código de obras da cidade de Caruaru, trata-se de uma lei que determina os parâmetros construtivos para o tipo de edificação que está sendo proposta, onde foi verificado que o mesmo não apresenta uma lei específica pra o tipo de projeto a ser concebido. Com isso adotaram-se leis as quais são impostas pelo plano diretor, que determina diretrizes e parâmetros urbanísticos. 73 5.4.3. Norma ABNT: NBR 9050 A norma ABNT – NBR 9050 é dedicada à acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Onde a mesma tem a propriedade de proporcionar a utilização autônoma e segura do espaço à maior quantidade possível de pessoas, através de parâmetros técnicos a serem observados no projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Para acesso à edificação as rampas devem obedecer à largura mínima de 1,50 metros, dependendo do comprimento a ser percorrido, e ainda observar a declividade recomendada para todos os vãos a se vencerem. As rampas deverão ainda ser revestidas por material antiderrapante, possuir corrimão e guarda corpo. A normatização recomenda ainda que as vagas de estacionamento destinadas aos portadores de necessidades especiais e mobilidade reduzida, devem estar o mais próximo quanto possível dos acessos principais da edificação. Com o objetivo de compreensão, e decorrentes pesquisas, as principais recomendações contidas na Norma Brasileira 9050 (2004) foram extraídas e dispostas na tabela a seguir. Tabela 2 – Síntese Normas NBR 9050 RESUMO DA NORMA NBR 9050 LOCAIS ACESSOS CIRCULAÇÕES RECOMENDAÇÕES Todas as entradas deverão ser acessíveis Largura mínima de 0,90m; Pisos com superfície regular e antiderrapante. PORTAS Deverão ter vão livre de 0,80m As vagas destinadas a portadores de deficiência deverão possuir circulação de 1,20m, podendo ser compartilhada por duas vagas. VAGAS ESTACIONAMENTO Quantificação: Até 10 vagas, não necessita prever nenhuma vaga acessível. De 11 a 100 vagas é necessário prever 01 (uma) vaga acessível. Acima de 100 vagas totais, deverá reservar 1% do total para vagas acessíveis. Devem possuir, na área destinada ao público, espaços reservados para P.C.R., assentos para P.M.R e para P.O. Devem estar localizados em rota acessível e próximo à rota de fuga, distribuídos pelo recinto e ainda com − − − AUDITÓRIOS 74 assento para acompanhante. Devem ainda estar localizados em local com boa visibilidade e local de piso plano horizontal. A tabela a seguir mostra a quantidade dos espaços reservados para cadeirantes, pessoas obesas e com mobilidade reduzida: ESCOLAS A entrada dos alunos deve estar localizada na via de menor fluxo de tráfego de veículos. Deve existir pelo menos uma rota acessível que liga os alunos às áreas administrativas, de recreação, alimentação, salas de aula, laboratórios, bibliotecas, centros de leitura e demais ambientes, que deverão também ser acessíveis. BIBLIOTECAS Todos os locais deverão ser acessíveis, e possuir 5% do total, com pelo menos uma das mesas acessíveis, assim como os terminais de consulta por meio de computadores deverão atender à esse total e ainda 10% sejam adaptáveis à acessibilidade. SANITÁRIOS 5% (cinco por cento) do total de cada peça sanitária deverão ser acessíveis, com quantidade mínima de pelo menos 01 (uma) unidade de cada. VESTIÁRIOS Os boxes acessíveis deverão ter no mínimo 1,70 x 1,50m para rotação de 180º. As barras de apoio devem ter comprimento mínimo de 0,65m e diâmetro de 0,03m. As cabines individuais acessíveis deverão possuir as dimensões mínimas de 1,80 x 1,80m, com superfície de 0,80 x 1,80m e 0,46m de altura para troca de roupas deitado. Prever barras de apoio horizontais de comprimento mínimo de 0,80m e altura de 0,75m do piso. Fonte: NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, 2004. Sintetizado pelo autor, 2013. 5.4.4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico de Pernambuco – COSCIPE O COSCIP - Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco, tem a finalidade de estabelecer condições mínimas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações. São da competência do próprio Corpo de 75 Bombeiros o estudo, análise, planejamento, fiscalização e execução das normas que fazem obedecer ao assunto. O centro de desenvolvimento tecnológico vem a ser enquadrado em vários parâmetros segundo o Cap. II, referente à classificação das ocupações, pois, virá a possuir um programa de necessidades com diferentes usos. Portanto, o espaço pode ser classificado segundo suas ocupações: − Tipo “H” – Edificação de Reunião Pública, “cuja natureza de ocupação específica venha a congregar uma população flutuante ou temporária em um dado momento, provocada por um evento isolado esporádico, transitório ou descontínuo” (Art. 7º, VIII). A classificação é referente ao espaço para Convenções. Devido ao espaço ser um local para o desenvolvimento tecnológico, o programa de necessidades irá prever espaços para salas de ensino e pesquisa, o que a encaixa ainda como: − Edificações escolares, “são aquelas destinadas ao ensino pedagógico, à formação, aperfeiçoamento, habilitação, e atualização de profissionais, à educação ou à formação escolar em todos os graus” (Art. 18º). “As edificações escolares apresentam como característica básica a existência de um grupo de pessoas reunidas para os fins descritos anteriormente, com permanência de tempo não inferior a 60 (sessenta) dias” (δ 1º). Tabela 3 – Resumo das normas do COSCIP QUADRO SÍNTESE DO CÓDIGO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO ARTIG O DESCRIÇÃO Art. 40 Será obrigatória a instalação de extintores de incêndio nas edificações previstas neste Código, independentemente da existência de qualquer outro sistema de segurança. Art. 57 A reserva mínima para combate a incêndios deverá ser dimensionada em função da classe de ocupação do risco correspondente, em conformidade com o disposto na tabela abaixo: 76 Art. 107 O sistema de proteção por chuveiros automáticos tem por finalidade a proteção de áreas de maior risco, evitar a propagação dos incêndios e garantir um caminhamento seguro às rotas de fuga. Art. 132 e 140 É exigido que o edifício possuísse um sistema de chuveiros automáticos em todas as áreas de circulação e garagem, além de um sistema de detecção e alarme de incêndio. Art. 142 Os sistemas e dispositivos para evacuação das edificações classificadas neste Código serão exigidos em função de sua classe de ocupação e destinam-se a: Possibilitar que sua população possa abandoná-las, em caso de sinistro, no menor espaço de tempo possível, e protegido em sua integridade física; − Permitir o fácil acesso de auxílio externo, para o combate ao sinistro e a retirada da população. Os sistemas e dispositivos de evacuação devem dotar as edificações de um caminhamento seguro e protegido, dos pontos mais afastados até as saídas de emergência, em cada pavimento, e destas até as áreas de descarga. − Art. 143 Art. 175 As portas das saídas de emergência e as portas das salas e compartimentos com capacidade acima de 50 (cinquenta) pessoas, e em comunicação com os acessos, devem abrir no sentido de trânsito de saída. Art. 178 Em salas com capacidade acima de 200 pessoas, a porta de comunicação com o acesso deverá ser dotada de ferragens ou dispositivos do tipo anti-pânico. Fonte: Lei nº 11.186- Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para Pernambuco- COSCIP, 1994. Sintetizado pelo autor, 2013. 5.5. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO A partir da análise dos estudos de caso foi possível se obter os dados necessários para a elaboração desta etapa, onde foi elaborado um quadro com todas as informações obtidas, as quais foram essenciais para a elaboração do programa de necessidades e do dimensionamento dos ambientes que constituem o centro de tecnologia. 77 Através da análise das plantas nos estudos de caso, foi possível identificar os ambientes que compõem o espaço, que permitiu ainda distinguir ordem setorial na composição organizacional do equipamento. O arranjo de um centro de tecnologia é dividido em quatro zonas: o Centro Incubador, Área de Desenvolvimento e Pesquisa, Área de Convenções com auditório e a Área administrativa, tais características foram fundamentais para a elaboração do anteprojeto. O dimensionamento constitui no quadro de áreas por ambientes, o qual foi obtido juntamente com o programa de necessidades, de forma a atender às exigências de cada setor. Foi elaborado com base nas informações obtidas no estudo de caso presencial, algumas dimensões foram adotadas, já outras puderam ser utilizadas como base as referências espaciais da NBR 9050, com dimensões que atendessem os critérios voltados para as normas de acessibilidade. ÁREA ADMINISTRATIVA QTD. Tabela 4 – Programa e Dimensionamento PROGRAMA ÁREA ÁREA TOTAL 01 Recepção e Lobby 58,15m² 58,15m² 01 Administração 50,00m² 50,00m² 01 WC Feminino 18,00m² 18,00m² 01 WC Masculino 18,00m² 18,00m² 01 Sala da Superintendência 22,00m² 22,00m² 01 Sala da Gerência Administrativa 21,80m² 21,80m² 01 Sala da Gerência Financeira 21,00m² 21,00m² 01 Sala de Reunião 50,00m² 50,00m² 01 Sala Direção 24,00m² 24,00m² 01 Sala Coordenação 27,00m² 27,00m² 01 Sala Professores 55,22m² 55,22m² 01 Secretaria 63,90m² 63,90m² 01 Arquivo 24,00m² 24,00m² 02 Copa 9,00m² 18,00m² 01 Depósito 10,00m² 10,00m² 02 Banheiro Acessível Feminino 2,89m² 5,78m² 02 Banheiro Acessível Masculino 2,89m² 5,78 m² 01 Almoxarifado 21,30m² 21,30m² INCUBADORAS AUDITÓRIO 78 01 Depósito de Material de Limpeza (DML) 6,00m² 6,00m² 01 Foyer 314,79m² 314,79m² 02 Antecâmara 6,70m² 13,40m² 01 Auditório 424,80m² 424,80m² 01 Palco 82,00m² 82,00m² 01 Coxia 35,65m² 35,65m² 01 Camarim 15,82m² 15,82m² 02 WC 2,89m² 5,78m² 01 Controle de som 14,00m² 14,00m² 01 WC Feminino 11,00m² 11,00m² 01 WC Masculino 11,00m² 11,00m² 01 Recepção 4,60m² 4,60m² 02 Laboratório de Informática 50,00m² 100,00m² 06 Salas de Aula e Treinamento 50,00m² 300,00m² 02 Salas Multimídia 50,00m² 100,00m² 01 Laboratório de Análise e Pesquisa 100,00m² 100,00m² 01 Biblioteca 153,00m² 153,00m² 01 Laboratório de Informática (1º Pavimento) 100,00m² 100,00m² 01 Laboratório de Análise e Pesquisa (1º Pavimento) 153,00m² 153,00m² 10 Salas de Incubação de Empresas 50,00m² 500,00m² 04 Depósito de Material de Limpeza (DML) 5,00m² 20,00m² ÁREA TOTAL 3.583,37m² Estacionamento (84 vagas) 1.135,28m² Fonte: Williams Didier, 2013. 5.6. ORGANOFLUXOGRAMA O organofluxograma é um diagrama utilizado nos projetos de arquitetura, resulta da união de dois processos. O primeiro, o organograma é utilizado para a representação organizacional dos ambientes, através da disposição hierárquica, que demonstra representação esquemática dos setores e suas conexões, enquanto que o fluxograma aponta a relação de tráfego dos ambientes, desta forma permitiu a realização da análise sobre intensidade dos fluxos responsáveis pela ligação dos demais setores. 79 Figura 50: Esquema gráfico organofluxograma Fonte: Williams Didier, 2013. 80 6. ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO 6.1. MEMORIAL O centro tecnológico está inserido no bairro universitário da cidade de Caruaru – PE, localizado em um terreno de topografia em declive e vegetação rasteira de arbustos, sem a presença de árvores em sua totalidade, implantado em uma área de expansão urbana, possuindo vista para a paisagem edificada da cidade. O local possui duas faces frontais as quais orientou a implantação do anteprojeto, definida também a partir dos fatores físicos e naturais do local, possibilitando assim o zoneamento do anteprojeto. A infraestrutura viária foi um dos fatores que determinou o acesso geral ao espaço, devido as principais faces do terreno ser paralelas, as quais se confrontam com duas vias locais, a PE-95 e a Av. Amazônia, das quais, para o acesso principal a edificação, foi levada em consideração a de menor fluxo. A entrada geral é controlada por uma guarita e está ligada a dois acessos, um que leva diretamente a centro de ensino e de incubação, e outro por uma esplanada de eixo leste, oeste, disposta paralelamente a edificação que abriga as incubadoras, se integrando com uma praça central para a concentração de pessoas, a qual conecta os usuários aos eixos centrais de acesso as demais edificações. 81 Figura 51: Implantação do Centro Tecnológico Fonte: Williams Didier, 2013. A solução volumétrica partiu de três volumes distintos, divididos por função o centro administrativo, o centro de convenções e o centro incubador e pesquisas ambos conectados por eixos de ligação, os quais foram separados por recortes não ortogonais, onde procurou-se quebrar a simetria dos volumes de modo que proporcionasse maior dinamicidade à volumetria dos blocos. O partido arquitetônico adotado surgiu dos conceitos que envolvem o campo da inovação tecnológica, buscando em sua forma mutável a velocidade de evolução e de conexão, os quais foram proporcionados pelo desenvolvimento de novas tecnologias no decorrer histórico, provocando grande impacto na sociedade atual. 82 Figura 52- Circuitos impressos de um processador em uma placa mãe de computador Fonte: http://www.tecnomundo.com.br. Acesso em out. de 2013. A partir desses conceitos, buscou-se elaborar no projeto, espaços flexíveis que apresentassem acessos rápidos, fluidez nos fluxos e que ao mesmo tempo estivessem conectados, como em uma CPU14 de computador, em que tudo está interligado através de circuitos que se ligam a um processador central, onde cada componente exerce sua função (Figura 52). Foi através de uma arquitetura com volumes fragmentados, com traços não lineares e ainda da irregularidade dos polígonos, buscou-se impacto e a dinâmica de volumes arquitetônicos em suas formas bidimensionais e tridimensionais. O centro incubador foi idealizado em um volume linear em forma retangular com uma pequena deflexão no seu eixo, de modo a quebrar sua linearidade, posicionado no sentido leste oeste, a composição da forma volumétrica é constituída a partir de septos em concreto armado, em formas de réguas de madeira, deixando-o aparente em sua forma bruta, criando assim uma textura superficial. Com formas de polígonos irregulares, os septos têm alturas que variam de 11 a 13 metros, os quais estão dispostos um paralelo ao outro, criando um sistema estrutural único, que por sua vez suporta duas lajes de concreto, dividindo o bloco em Sigla inglesa de Central Processing Unit, que significa “Unidade Central de Processamento” também conhecido como processador. Fonte: http://www.significados.com.br/cpu. Acesso nov. de 2013. 14 83 dois pavimentos. A coberta em laje impermeabilizada proporcionou à edificação mais leveza, a qual se tem a impressão que repousa sobre uma caixa de vidro, protegida pelos septos, os quais ao se intersecionarem criam aberturas triangulares na fachada, deixando aparente a transparência dos panos de vidro. Figura 53: Perspectiva da fachada posterior do Centro Incubador Fonte: Williams Didier 2013 Os septos foram posicionados linearmente, mas afastados uns dos outros de modo a criar frestas entre si, permitindo a entrada de ventilação e iluminação natural, que também é proporcionada por aberturas na laje da coberta. Espelhos d’água no entorno da edificação, juntamente com jardins internos criam um micro clima maximizando o conforto térmico no interior da edificação. O volume possui um pátio interno central, dividindo o bloco ao meio, porém permanece conectado através dos septos de concreto e da coberta, uma passarela no primeiro pavimento mantem a conexão entre os volumes, a mesma se projeta para o exterior da edificação, através de um rasgo formado pela intersecção dos septos, criando um terraço e ao mesmo tempo marcando o segundo acesso da edificação. 84 Figura 54: Vista para o pátio central do Centro Incubador Fonte: Williams Didier 2013 Inicialmente os ambientes foram dispostos paralelamente a uma circulação de formato irregular (Figura 55), quebrando o paralelismo no interior da edificação, deste modo as salas passariam a ter um espaço disforme o que tornaria a divisão espacial inadequada, então optou-se por manter um ortogonalidade nos ambientes tendo assim mais uniformidade em seu interior (Figura 56). Figura 55: Estudo preliminar da divisão espacial do Centro incubador Fonte: Williams Didier 2013 85 Figura 56: Planta baixa definida do Centro Incubador Fonte: Williams Didier 2013 O espaço que corresponde às salas de aula e às incubadoras foram rotacionados em relação ao eixo principal da edificação, de modo que ficassem sacando dos septos de concreto na parte externa, criando uma assim um bloco retangular saliente com um grande pano de vidro na fachada, por sua vez tendo 9 metros de altura, dando mais assimetria a volumetria. Parte do volume que saca dos septos possui coberta em isotelha que admite uma inclinação de 6%, permitindo uma platibanda baixa, sem que altere a estética desejada. Figura 57: Perspectiva da fachada frontal do Centro Incubador Fonte: Williams Didier 2013 O bloco está dividido em dois pavimentos. No térreo, está localizada a área acadêmica, com salas de aula utilizadas para treinamento, laboratórios de informática, salas multimídias, baterias de banheiros, biblioteca e um laboratório para o desenvolvimento de análises e pesquisas. O primeiro pavimento foi destinado para abrigar um ambiente corporativo, privado ao desenvolvimento de novas empresas, 86 com salas destinadas a incubação de novos empreendimentos, bateria de banheiros, laboratórios de informática, de análise e pesquisa dão apoio as incubadoras. O auditório foi implantado no eixo longitudinal do terreno acompanhando as curvas de níveis mais acentuadas, de forma que evitasse grandes remoções de terra, acomodando assim sua arquibancada ao desnível natural do terreno. A edificação encontra-se separada dos demais volumes, embora esteja conectada pela praça central, cuja intenção foi criar um ambiente de convenções isolado, de forma que os eventos ali realizados não viessem a causar transtorno ao setor de ensino e incubação. Figura 58: Planta baixa do Auditório Fonte: Williams Didier 2013 Com uma forma volumétrica monolítica, o auditório é circundado por espelhos d’água e septos de concreto em forma de polígonos irregulares que se encontram paralelos ao volume central, os mesmos têm o objetivo de ocultar as saídas de emergência e as entradas para o camarim, deixando a edificação com uma fachada limpa, mas apresentando certa dinamicidade em sua composição, juntamente com jardins internos por onde se sobressaem palmeiras entre os septos. 87 Figura 59: Perspectiva do Auditório Fonte: Williams Didier 2013 Os acessos ao auditório são feitos a partir da entrada principal marcada por uma grande laje impermeabilizada que abriga o foyer, entradas laterais através de uma rampa entre os espelhos d’agua, as quais levam o usuário aos camarins, a entrada tem ainda ligação direta com as saídas de emergência que estão posicionadas paralelamente à circulação. Figura 60: Perspectiva do Auditório Fonte: Williams Didier 2013 Antecâmaras posicionadas paralelamente uma a outra são utilizadas para isolamento acústico, as quais por sua vez acesso ao interior do auditório que possui 88 uma área de 425 m², com capacidade para 254 pessoas, dispostas em uma arquibancada escalonada para melhor visibilidade da plateia, em degraus com altura de 15 cm e piso com espaçamento de 1,10 m, espaço delimitado para comportar uma cadeira e a circulação entre os assentos para os usuários, na parte mais alta, 6 vagas foram destinadas para deficientes físicos. Figura 61: Corte longitudinal do Auditório Fonte: Williams Didier 2013 O espaço também comporta uma sala para o controle de som, um palco o qual possui acesso pelo camarim o qual está conectado a uma coxia, espaço que antecede a entrada ao palco. O espaço possui um pé direito que varia de altura de 5 a 6 metros, o mesmo recebeu tratamento acústico com forro em placas refletoras dispostas de forma escalonada, evitando o paralelismo, proporcionando maior dispersão sonora. Uma platibanda oculta a coberta do auditório que está disposta em uma estrutura metálica com duas águas, a mesma foi utilizada para vencer o vão, que em seu maior comprimento possui 17 metros de largura, o qual é forrado com isotelhas, que permitem uma inclinação mínima de até 6%. O bloco administrativo está posicionado paralelo ao eixo central do terreno, o volume possui duas entradas distintas, uma privada aos funcionários próxima ao estacionamento, e outro acesso geral se abre para a praça central conectando o usuário as demais edificações. 89 Figura 62: Planta baixa do bloco administrativo Fonte: Williams Didier 2013 O volume do centro administrativo está configurado em forma de um cubo, onde uma circulação central corta o bloco de vértice a vértice, cruzando toda a edificação, dividindo-o em duas partes locadas por função, de um lado a administração acadêmica do outro administração geral, com salas dispostas a circulações periféricas voltadas para o interior do edifício. No centro um hall de recepção se abre para vários jardins, os quais formam átrios, permitindo a entrada de iluminação e ventilação natural. Com a forma pura de um cubo, o volume é composto por recortes diagonais formando aberturas em panos de vidro de forma triangular dispostos nos vértices da edificação. Septos paralelos às faces transformam a singularidade do bloco, proporcionando mais dinâmica a fachada e ao mesmo tempo protegendo os ambientes da incidência solar. 90 Figura 63: Perspectiva geral do centro tecnológico Fonte: Williams Didier, 2013. O resultado final é um espaço arquitetônico, com edificações distintas, que assumem posições definidas por função, as quais se mantém conectadas por meio de praças de concentração e convivência, e esplandas que conduzem o usuário, permitindo que o observador tenha visualização de todo ambiente edificado criando assim um cenário urbano, se integrando a paisagem na qual está inserida. 91 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa desenvolvida ao longo da disciplina revelou as potencialidades que a região apresenta e a importância de ter em seu âmbito um equipamento voltado para o desenvolvimento da tecnologia digital, onde foi visto que estes equipamentos assumem um papel importante para o local em que estão inseridos, os quais têm por finalidade abrigar empresas de base tecnológica que proporcionem desenvolvimento e inovação para o ramo empresarial local através da produção de novas tecnologias. Diante das potencialidades da cidade de Caruaru, observou-se ainda que a mesma possua um local para o desenvolvimento de tecnologia voltado especificamente para o mercado da moda. Porém, não supre suas necessidades, o qual apresenta fragilidades por não existir um espaço especialmente planejado para tal finalidade. A partir do estudo do contexto em volta da temática, o trabalho teve como objetivo elaborar um anteprojeto para um Centro de desenvolvimento de tecnologia digital para a cidade de Caruaru, o qual decorra com o propósito de apoiar os demais empreendimentos do setor produtivo local, aonde através de pesquisas e novas tecnologias venham a proporcionar melhorias para a localidade. Desta forma, para o cumprimento do objetivo proposto, este trabalho de graduação estudou e apresentou as particularidades provenientes da temática para o desenvolvimento do equipamento, baseando-se em estudos literários e análises práticas sobre o tema. O mesmo foi complementado com o produto inicial desejado, através da elaboração do anteprojeto arquitetônico para o espaço de tecnologia digital. 92 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ABDI. Parques tecnológicos no Brasil: Estudo, análise e preposições. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/Parques%20Tecnol%C3%B3gicos%20%20 Estudo%20an%C3%A1lises%20e%20Proposi%C3%A7%C3%B5es.pdf>. Acesso 24 de fev. 2013. 2008, 560p. AGÊNCIA ESTADUAL DE PLANEJAMENTO E PESQUISA DE PERNAMBUCO. CONDEPE FIDEM. Disponível em: <www2.condepefidem.pe.gov.br/web/condepefidem> Acesso em 12 mar. 2013. Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. AMPROTEC: Definições sobre incubadoras e parques. Disponível em: <http://anprotec.org.br/site/incubadoras-e-parques>. Acesso em 9 mar. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2004. 97p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6027: Informação e documentação - Sumário - Apresentação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2002. 02p. __________. NBR 10520: Informação e documentação: Apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2002. 07p. 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