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SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA
FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP | DeVry
COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Williams Didier Victor
ANTEPROJETO PARA UM
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL
CARUARU
2013
1
WILLIAMS DIDIER VICTOR
ANTEPROJETO PARA UM
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Faculdade do Vale do
Ipojuca, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.
Área de atuação: Projeto Arquitetônico
Orientador: Professor Fernando Medeiros.
CARUARU
2013
Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
V642a Victor,
Williams Didier.
Anteprojeto para um centro de desenvolvimento de
tecnologia digital / Williams Didier Victor. – Caruaru: FAVIP,
2014.
94 f.
Orientador(a) : Fernando Luiz N. Medeiros da Silva.
Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo)
-- Faculdade do Vale do Ipojuca.
Inclui apêndice.
1. Centro tecnológico. 2. Tecnologia. 3. Inovação. I. Victor,
Williams Didier. II. Título
CDU 72[14.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
2
WILLIAMS DIDIER VICTOR
ANTEPROJETO PARA UM
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA DIGITAL
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Faculdade do Vale do
Ipojuca, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Professor Fernando Medeiros.
Aprovado em: 04/12/2013.
____________________________________________
Avaliador Interno – Rodrigo de Oliveira Gonçalves
____________________________________________
Avaliador Interno – Pollyanna Sitônio Domingos de Andrade
____________________________________________
Avaliador Externo – Francisco Lira
____________________________________________
Orientador - Fernando Luiz Nascimento Medeiros das Silva
CARUARU
2013
3
Dedico este trabalho aos meus pais pelo amor e educação,
os quais sempre me incentivaram a ir em busca dos meus sonhos.
4
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus pela força e o conhecimento concedido e por estar sempre a
me guiar em busca dos meus objetivos. Agradeço a minha mãe Maria Aparecida e ao
meu pai José Williams pelo incentivo e por sempre me ensinar a enfrentar meus
medos e seguir confiante em busca dos meus sonhos. Ao meu irmão por acreditar em
minha capacidade, minha avó e toda minha família pelo apoio.
Aqui deixo meu agradecimento em especial a Yoran Ramalho, a grande pessoa
que ela é, pois antes de cursar a faculdade, foi através dela que passei a conhecer
mais sobre o curso de arquitetura, o que aumentou ainda mais o gosto o pelo curso,
agradeço por sua amizade, companheirismo e por sua paciência, a quem também
dedico este trabalho, por toda sua ajuda, esforço e contribuição para a realização
deste sonho.
Quero agradecer também, aos grandes amigos que conquistei durante essa
longa jornada, pelo companheirismo e apoio, que fizeram deste árduo caminho, uma
jornada de momentos de alegria e gargalhadas, nos difíceis trabalhos em grupo.
Agradeço ao meu orientador Fernando Medeiros por todos os ensinamentos e
a confiança ao me orientar durante o desenvolvimento do trabalho. Agradeço também
a todos os professores pelo ensino, de onde adquiri conhecimento e experiência para
minha carreira profissional.
5
“A vitalidade dos olhos parece exigir um horizonte.
Nós nunca nos cansamos, contanto que possamos enxergar longe o suficiente”
(Ralph Waldo Emerson)
6
RESUMO
A tecnologia sempre esteve em constante inovação, buscando novos rumos e
explorando novas áreas, tem sido um fator de grande importância no desenvolvimento
e evolução do ser humano na sociedade. O presente trabalho apresenta um estudo
através de referências teóricas e edificadas sobre a tecnologia, o que garante subsídio
para planejamento arquitetônico através de um anteprojeto para um Centro de
Desenvolvimento de Tecnologia Digital. O mesmo foi desenvolvido com a finalidade
de promover e ainda despertar o conceito de inovação por meio de programas de
pesquisas tecnológicas na cidade de Caruaru – PE. O tema proposto visa o apoio aos
setores produtivos públicos e privados locais, oferecendo ainda espaços
arquitetônicos adequados que atendam a programas de pesquisas científicas e
empresas de base tecnológicas.
Palavras-chave: Centro Tecnológico, Tecnologia, Inovação.
7
ABSTRACT
Technology has always been in constant innovation, seeking for new paths and
exploring new areas, and it has been a factor of great importance in the development
and evolution of the humans in our society. The present work exposes a study through
theoretical references and edifications about technology, which ensures subsidy for an
architectural planning through a draft for a Center of Digital Technology Development.
This draft was developed aiming to promote and arouse the concept of innovation via
programs of technological research in the city of Caruaru – PE. The proposed theme
aims to support the public and private productive sectors of our region, as well as
offering appropriate architectural spaces to meet programs of scientific research and
technology based companies.
Keywords: Center of Digital Technology, Technology, Innovation.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Implantação do parque tecnológico............................................................ 33
Figura 2: Parque Tecnológico, Doha Catar ............................................................... 34
Figura 3: Implantação do Estacionamento ................................................................ 34
Figura 4: Corte longitudinal do volume central e do estacionamento ........................ 35
Figura 5: detalhe das placas de aço inoxidável na fachada ...................................... 35
Figura 6: Planta baixa, 1° pavimento do bloco central .............................................. 36
Figura 7: Corte transversal do centro incubador ....................................................... 36
Figura 8: Planta baixa do 2° pavimento do bloco central .......................................... 37
Figura 9: Vista do centro incubador do parque tecnológico ...................................... 37
Figura 10: Detalhe das fachadas dos centros de tecnologia ..................................... 38
Figura 11: Planta baixa do centro tecnológico........................................................... 38
Figura 12: Corte longitudinal do centro tecnológico .................................................. 39
Figura 13: Detalhe da coberta ................................................................................... 39
Figura 14: Estrutura da coberta ................................................................................. 40
Figura 15: Iluminação natural através de um átrio interno ........................................ 40
Figura 16: Iluminação ................................................................................................ 41
Figura 17: Implantação do centro tecnológico ........................................................... 43
Figura 18: Vista frontal do Centro tecnológico........................................................... 44
Figura 19: Corte que mostra a disposição dos três volumes no terreno ................... 45
Figura 20: Fachada frontal do primeiro anel do Centro Tecnológico ......................... 45
Figura 21: Elementos estruturais............................................................................... 46
Figura 22: Interior do centro tecnológico ................................................................... 46
Figura 23: Aberturas das fachadas da edificação ..................................................... 47
Figura 24: Planta baixa do Anel 01, pavimento inferior ............................................. 48
Figura 25: Planta baixa do primeiro anel, pavimento superior................................... 48
Figura 26: Planta baixa do segundo anel, pavimento inferior. ................................... 49
Figura 27: Planta baixa do segundo anel, pavimento superior .................................. 50
Figura 28: Espelho d’água na cobertura do segundo anel. ....................................... 50
Figura 29: Planta baixa do terceiro anel .................................................................... 51
Figura 30: Aberturas zenitais no interior da edificação.............................................. 52
Figura 31: Iluminação artificial ................................................................................... 52
Figura 32: Planta de situação do ITEP ...................................................................... 55
9
Figura 33: Centro Tecnológico do Agreste, Caruaru ................................................. 56
Figura 34: Vista frontal do Centro Tecnológico ......................................................... 56
Figura 35: Vista da fachada oeste ............................................................................. 57
Figura 36: Declividade natural do terreno do acesso ao estacionamento ................. 57
Figura 37: Auditório e foyer ....................................................................................... 58
Figura 38:Sala multimídia, laboratório de modelagem e sala de aula ....................... 58
Figura 39: Planta baixa do pavimento térreo ............................................................. 59
Figura 40: Planta baixa do primeiro pavimento ......................................................... 60
Figura 41: Setor laboratorial ...................................................................................... 61
Figura 42: Planta baixa do semi-enterrado ............................................................... 61
Figura 43: Acesso ao estacionamento do semienterrado ......................................... 62
Figura 44: Vista do foyer para a recepção ................................................................ 62
Figura 45: Estudo do contexto urbano ...................................................................... 67
Figura 46: Planta de situação .................................................................................... 68
Figura 47: Vista Frontal do terreno ............................................................................ 69
Figura 48: Vista da face leste do terreno ................................................................... 70
Figura 49: Estudo dos condicionantes naturais ......................................................... 71
Figura 50: Esquema gráfico organofluxograma......................................................... 79
Figura 51: Implantação do Centro Tecnológico ......................................................... 81
Figura 52- Circuitos impressos de um processador em uma placa mãe de
computador ............................................................................................................... 82
Figura 53: Perspectiva da fachada posterior do Centro Incubador ........................... 83
Figura 54: Vista para o pátio central do Centro Incubador ........................................ 84
Figura 55: Estudo preliminar da divisão espacial do Centro incubador ..................... 84
Figura 56: Planta baixa definida do Centro Incubador .............................................. 85
Figura 57: Perspectiva da fachada frontal do Centro Incubador ............................... 85
Figura 58: Planta baixa do Auditório ......................................................................... 86
Figura 59: Perspectiva do Auditório .......................................................................... 87
Figura 60: Perspectiva do Auditório .......................................................................... 87
Figura 61: Corte longitudinal do Auditório ................................................................. 88
Figura 62: Planta baixa do bloco administrativo ........................................................ 89
Figura 63: Perspectiva geral do centro tecnológico................................................... 90
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quadro comparativo dos estudos de casos ............................................ 64
Tabela 2 – Síntese Normas NBR 9050 ..................................................................... 73
Tabela 3 – Resumo das normas do COSCIP ............................................................ 75
Tabela 4 – Programa e Dimensionamento ................................................................ 77
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABDI – Agência de Desenvolvimento Industrial
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACM – Aluminum Composite Material
ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
ARPA – Agência de Projetos de Pesquisa Avançada
BR – Rodovia Brasileira
COMTEC – Comunidade Tecnológica de Goiás
CONDEP/FINDEM – Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco
COSCIPE – Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de
Pernambuco
DML – Depósito de Material de Limpeza
ENIAC – Calculadora e Integrador Numérico Eletrônico
EPP – Etapa Pré-Projetual
EUA – Estados Unidos da América
FAFICA – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru
FIEPE – Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
IASP – The International Association of Science Parks and Areas of Innovation
(Associação de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação)
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco
M.R. – Módulo de referência
NBR – Norma Brasileira
PE – Pernambuco
P.C.R. – Pessoa em cadeira de rodas
P.M.R. – Pessoa com mobilidade reduzida
P.O. – Pessoa obesa
RAES-MTE – Relação Anual de Informações Sociais
12
SP – São Paulo
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
TG1 – Trabalho de Graduação 1
TG2 – Trabalho de Graduação 2
UNIVAC 1 – Universal Automatic Computer (Computador Automático Universal)
UNIMED – Sociedade Cooperativa de Trabalho Médico
UPE – Universidade de Pernambuco
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14
2. OBJETO DE ESTUDO ............................................................................. 16
2.1. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 16
2.2. OBJETIVOS ................................................................................................ 19
2.2.1. Objetivo Geral ...................................................................................... 19
2.2.1. Objetivos Específicos ......................................................................... 19
2.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................. 20
3. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 22
3.1. TECNOLOGIA ............................................................................................. 22
3.2. PARQUES TECNOLÓGICOS ..................................................................... 26
3.3. CENTROS DE TECNOLOGIA .................................................................... 29
4. ESTUDOS DE CASO ............................................................................... 32
4.1. ESTUDO 01: PARQUE TECNOLÓGICO, DOHA, CATAR. ....................... 33
4.1.1. Análise crítica: Potencialidades ......................................................... 41
4.1.2. Analise Crítica: Fragilidades............................................................... 42
4.2. ESTUDO 02: CENTRO TECNOLÓGICO MAHLE, JUNDIAÍ/ SP. ............. 43
4.2.1. Análise Crítica: Potencialidades ........................................................ 52
4.2.2. Analise Crítica: Fragilidades............................................................... 54
4.3. ESTUDO 03: CENTRO TECNOLÓGICO DO AGRESTE, CARUARU/ PE
..................................................................................................................... 55
4.3.1. Análise Crítica: Potencialidades ........................................................ 63
4.3.2. Análise Crítica: Fragilidades............................................................... 63
4.4. ANÁLISE COMPARATIVA .......................................................................... 64
5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS – EPP ........................................................ 66
5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO ................................... 66
5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO ...................................................... 68
5.3. ANÁLISE 03: ESTUDO DOS CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS
70
5.4. ANÁLISE 04: ESTUDO DOS CONDICIONANTES LEGAIS ...................... 72
5.4.1. Plano Diretor Municipal de Caruaru/ PE ............................................ 72
5.4.2. Código de Obras Municipal de Caruaru/ PE ...................................... 72
5.4.3. Norma ABNT: NBR 9050 ..................................................................... 73
5.4.4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico de Pernambuco –
COSCIPE ......................................................................................................... 74
5.5. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO ....................................................... 76
5.6. ORGANOFLUXOGRAMA ........................................................................... 78
6. ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO ........................................................ 80
6.1. MEMORIAL ................................................................................................. 80
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 91
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ........................................................... 92
14
1. INTRODUÇÃO
A origem da tecnologia e suas mudanças tiveram suas grandes contribuições
no decorrer da história, vários eventos e novas descobertas aconteceram na área
científica
e
tecnológica,
as
quais
contribuíram
significativamente
para
o
desenvolvimento da humanidade e indicaram de fato sua importância para a evolução
do homem.
A década de 1940 foi marcada pela Segunda Guerra Mundial, esse evento
histórico foi o ápice da inovação tecnológica, nele vários novos equipamentos foram
desenvolvidos em centros de pesquisa bélicos, na tentativa de melhorias estratégicas,
onde o computador foi um desses novos inventos, que foi desenvolvido inicialmente
para decifrar códigos inimigos e só tempos depois, empresas e centros de pesquisa o
adaptaram para uso pessoal.
O poder transformador da tecnologia não só apresentou influente participação
no desenvolvimento e bem estar da sociedade, mas proporcionou igualmente
importância sobre o sistema político e econômico dos dias atuais. Na atualidade, a
tecnologia e sua influência em vários segmentos ainda refletem nas melhorias de
diversos setores: saúde, alimentação, trabalho, transporte, lazer, química, construção
civil e aero espacial, dentre o alcance de muitos outros setores.
Atualmente a procura por inovação e novos conceitos na área da tecnologia
tem se desenvolvido no entorno de grandes centros urbanos, em amplos centros
tecnológicos planejados para o desenvolvimento de pesquisas científicas, onde se
põe em prática novas ideias voltadas para determinado segmento de inovação do
ramo econômico da criatividade.
Caruaru é hoje um dos maiores centros produtivos do Estado de Pernambuco,
a qual é popularmente conhecida pelo desenvolvimento do grande comércio popular
local, através da Feira da Sulanca. A cidade tem apresentado números relevantes no
crescimento econômico através da instalação de novos empreendimentos, o local
possui também vários centros universitários com bons índices na formação de novos
profissionais, o que é de grande importância para o desenvolvimento da região.
15
O trabalho é desenvolvido essencialmente em cinco partes, onde cada uma
delas está apresentada em um capítulo. O primeiro capítulo refere-se ao objeto de
estudo o qual apresenta a justificativa e problemática que incidiu no interesse de
realizar o tema do trabalho, apontando os objetivos delimitados para o alcance do
produto final, onde o mesmo é finalizado pela descrição das etapas as quais o trabalho
foi organizado.
O próximo capítulo busca o esclarecimento através da revisão literária, a qual
tem por objetivo apresentar as definições, origens e particularidades que circundam a
temática tecnológica, e ainda sobre os espaços para o desenvolvimento tecnológico.
O capítulo seguinte vem complementar as informações do referencial teórico, através
de estudos de casos, que são referências edificadas que auxiliam no processo do
programa de necessidades e pré-dimensionamento dos ambientes, onde estes
compõem o último capítulo.
O penúltimo capítulo consiste na prática de todas as etapas anteriormente
descritas, juntamente com a escolha e análises do terreno e seu entorno, a
normatização que regulamenta a implantação e o planejamento da edificação. Onde
a etapa pré-projetual é finalizada com a definição do programa de necessidades e prédimensionamento dos ambientes.
O último capítulo apresenta o produto obtido através da descrição e
representações gráficas do anteprojeto, as quais foram concebidas a partir de análises
de conceitos provenientes de pesquisas referente à temática, sendo possível a
obtenção de informações necessárias para construção da proposta.
A partir do conhecimento de todo contexto histórico no que se refere à
participação e importância da tecnologia no nosso cotidiano e seus desdobramentos,
este trabalho apresenta como proposta, a elaboração de um anteprojeto de um Centro
de Desenvolvimento de Tecnologia Digital, a ser implantado na cidade de Caruaru. O
mesmo tem a finalidade de trazer inovação tecnológica para o setor produtivo local e
proporcionar formação e requalificação de novos profissionais, com espaços voltados
para o desenvolvimento de pesquisas.
16
2. OBJETO DE ESTUDO
O presente capítulo objetiva descrever as potencialidades do tema proposto,
especificando seus objetivos quanto às necessidades locais, na busca de soluções
para a problemática que a área apresenta. Na metodologia procurou-se expor as
pesquisas que descrevem os métodos utilizados para elaboração do anteprojeto,
procurando referências através da pesquisa de empreendimentos do mesmo porte,
com o intuito de auxiliar na compreensão do tema abordado.
2.1. JUSTIFICATIVA
A tecnologia é o estudo da técnica, arte e ofício (DICIONÁRIO MICHAELIS,
2013). Esta sempre teve participação fundamental na história da evolução do ser
humano, na busca por melhoria da qualidade de vida como também, sempre esteve
associada aos progressos no trabalho cotidiano e no dia a dia do homem da
antiguidade. Já na atualidade a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias
encontram-se cada vez mais em constante aperfeiçoamento e tem se tornado um fator
de grande importância para a economia e desenvolvimento da sociedade
contemporânea.
Pernambuco possui hoje um dos principais polos de tecnologia da informação
e comunicação do Brasil: o Porto Digital, que é formado por um conjunto de empresas
públicas e privadas com parcerias entre universidades, tornando-se referência na
produção de softwares, games, comunicação, saúde, segurança e finanças. (PORTAL
BRASIL, 2010). De acordo com a CONDEPE/FIDEM1 em 2011, o setor correspondeu
a 3,63% do PIB do Estado e foi eleito pela ANPROTEC2 o melhor Parque Tecnológico
de inovação do Brasil.
A busca por soluções inovadoras tem crescido proporcionalmente à procura de
apoio para empresas e repartições públicas, através de pesquisas e novas
tecnologias, com a finalidade de explorar novas áreas, conhecimentos e soluções para
melhorias na economia, modernização dos setores industriais e empresariais,
CONDEPE/FIDEM: Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. Fonte:
www.condepefidem.pe.gov.br/web/condepe-fidem. Acesso em 04 mar. 2013.
2
ANPROTEC: Associação nacional de entidades promotoras de empreendimentos inovadores. Fonte:
http://anprotec.org.br/site/.Acesso em 24 Fev.2013
1
17
refletindo em uma evolução benéfica à sociedade. Observa-se que as ações do
governo juntamente com a participação de empresas voltadas para o campo de
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias levou a implantação de Centros
Tecnológicos de referência regional nos principais centros urbanos em potencial de
Pernambuco, nos quais foram implantados: o CT Moda - Caruaru, CT Araripe Araripina, CT Pajeú - Serra Talhada, CT Cultura Digital do Nascedouro de Peixinhos
(CTCD) - Olinda, CT Laticínios - Garanhuns, (ITEP) visando trazer modernização
apoiando empreendimentos públicos e privados, voltados para o setor produtivo nos
ramos: alimentício, imobiliário, agrícola, comercial e da moda, dentre outros.
A Cidade de Caruaru apresenta crescimento econômico considerável no setor
produtivo, o que contribui para o crescimento do PIB que chega a 2,42 bilhões.
Segundo informações da CONDEPE/FIDEM com base nos dados do IBGE (2011), o
setor comercial é um dos maiores situados no interior do Nordeste, juntamente com
os setores de serviços, de indústria e de turismo. Conforme a FIEPE3, em 2012 novos
empreendimentos
se
estabeleceram
e
já
apresentam
um
número
de
aproximadamente 470 indústrias e 10 mil empresas. Destaca-se o polo têxtil de
confecções em Pernambuco que abrange principalmente os municípios de Caruaru,
Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, na mesorregião do Agreste, de acordo com a
Relação Anual de Informações Sociais (RAES-MTE, 2010), os quais mostram um
número crescente de 70% na produção do Jeans, com relação ao ano de 2009.
A problemática que impulsionou o interesse na produção do trabalho, parte da
premissa que Caruaru possui apenas um único centro tecnológico, voltado para o
mercado da moda, o qual indispõe de local adequado que atenda as necessidades
relacionadas às atividades de desenvolvimento de tecnologia digital, visto que é um
tema de abrangência e de extrema importância nos dias atuais. A cidade forma por
ano, cerca de 100 profissionais nesta área (Sistema da informação UPE, Análise e
desenvolvimento de sistemas e Curso de tecnólogo em Redes de Computadores
FAFICA, dados de 2012). Devido ao grande desenvolvimento econômico local, existe
a necessidade da criação de um novo espaço para ampliar, agregar e incubar novas
empresas para o desenvolvimento de novas tecnologias como; sustentabilidade no
mercado de confecção, beneficiamento têxtil, softwares, hardwares, biotecnologia,
FIEPE Federação das indústrias do estado de Pernambuco.
Fonte: www.fiepe.org.br/menu/institucional. Acesso em 25 Fev. 2013
3
18
comunicação digital, eletroeletrônica, mecânica, informática, games, multimídia e
tecnologias para agropecuária, aplicadas às necessidades locais públicas e privadas.
Partindo da análise da problemática, o presente trabalho propõe a elaboração
de um anteprojeto arquitetônico de um centro de desenvolvimento de tecnologia
digital, que englobará o desenvolvimento de inovação tecnológica regional e a
requalificação profissional que será localizado na cidade de Caruaru - PE. O tema
escolhido tem como objetivo abrigar e desenvolver tecnologias, promovendo estudos
e pesquisas para a cidade de Caruaru e os municípios que compõem a mesorregião
do Agreste, visando o desenvolvimento e modernização da sociedade, sendo assim
será apresentado um anteprojeto para um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia
Digital. Deste modo o centro de tecnologia terá como proposta espaços que abriguem
atividades de incubação de novos empreendimentos, e atendam profissionais que
desenvolvam pesquisas e tecnologia direcionada a demanda da região.
19
2.2. OBJETIVOS
2.2.1. Objetivo Geral
Elaborar um anteprojeto arquitetônico para um Centro de Desenvolvimento de
Tecnologia Digital na cidade de Caruaru, com a finalidade de agregar programas de
pesquisa, tecnologias e inovação na área pública e privada.
2.2.1. Objetivos Específicos
−
Propor uma edificação que através de sua composição arquitetônica faça
referência à tecnologia e à inovação;
−
Elaborar uma edificação com espaços que atendam as necessidades para o
desenvolvimento da criatividade em softwares e ideias de inovação na área de
Tecnologia da Informação;
−
Propor um espaço destinado ao apoio de projetos e incubação de novas
empresas;
−
Ampliar a formação de novos profissionais e a requalificação de outros já
atuantes.
20
2.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a elaboração do tema serão realizadas análises documentais através do
método de pesquisas exploratórias (BERTUCCI, 2009, p. 48) com a finalidade de
conhecer o tema, em busca de descrições dos problemas e potencialidades
abordadas, para melhor compreensão e embasamento do objeto proposto. Assim os
procedimentos utilizados constituíram na análise de documentos relacionados,
pesquisas bibliográficas, elaboração de estudos de caso arquitetônicos referentes ao
tema e por fim, foram realizadas análises pré-projetuais para a elaboração do
anteprojeto.
A primeira etapa baseia-se na pesquisa em referências bibliográficas,
desenvolvida com a finalidade de compreender a origem da tecnologia, seus
benefícios para a sociedade e sua evolução no decorrer histórico. A pesquisa ainda
tem como objetivo obter conhecimento sobre os centros de desenvolvimento de
tecnologias, para entendimento do tema, que objetiva identificar as potencialidades
projetuais, sua funcionalidade e seus usos.
Procurou-se conhecer a área que irá comportar o empreendimento, através da
busca de dados e fontes sobre as potencialidades e fragilidades, observando as
necessidades que o local proposto necessita no campo de inovação tecnológica,
visando melhor justificativa para o trabalho.
Houve também a elaboração de estudos de caso para fundamentação
projetual, identificando os equipamentos e espaços que compõem um centro
tecnológico, sua divisão espacial, concepção arquitetônica, uso dos materiais, análise
das potencialidades e fragilidades, e os conceitos utilizados em cada projeto. Depois
houve a pontuação dos aspectos mais relevantes de cada projeto analisado, de modo
que resultou em um quadro comparativo entre eles, que identificou os pontos mais
significativos a serem utilizados na concepção do anteprojeto.
Já a visita in loco, possibilitou a elaboração do estudo de caso do Centro
Tecnológico da Moda na cidade de Caruaru, para levantamento fotográfico e
documental; a elaboração da planta baixa, para melhor descrição dos espaços e a
elaboração de um programa de necessidades, na busca para obter o prédimensionamento dos ambientes que compõem o Centro Tecnológico.
21
Através das etapas pré-projetuais e do embasamento que os estudos de caso
e referencial teórico forneceram foi realizada a escolha do terreno, estudando a
incidência dos condicionantes físicos e ambientais e dos fluxos viários que dão acesso
atualmente ao local, analisando também seu entorno de modo a conhecer a tipologia
da área em que a proposta será implantada.
Na etapa pré-projetual foi elaborado o estudo dos condicionantes legais,
tomando como base de pesquisa a legislação local do plano diretor e o código de
obras, através dos quais se procurou identificar os parâmetros construtivos impostos
pela lei vigente e a zona na qual o terreno se encontra. À partir da coleta dos
parâmetros construtivos e dos condicionantes naturais, foi elaborado e definido o
zoneamento da edificação no terreno.
Com esses procedimentos, foi possível ter uma melhor visão do contexto que
o tema engloba, onde a partir das referências bibliográficas obteve-se um
conhecimento sobre do que se tratava o tema e juntamente com a análise dos estudos
de caso e do estudo do terreno, construiu-se um conhecimento conjunto, o que serviu
de apoio para a idealização do anteprojeto do Centro de Tecnologia.
22
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Na atualidade, é de grande importância ressaltar um constante crescimento na
criação de novos Parques e Centros tecnológicos para o desenvolvimento de novas
tecnologias que potencializem a ampliação econômica de uma determinada região.
Para isso, buscou-se entender como se deu a origem da tecnologia, quais foram suas
contribuições para humanidade no decorrer da história, a origem dos centros
tecnológicos; que necessidades levaram a sua criação e influenciaram a implantação
desses equipamentos; quais os benefícios que eles proporcionaram para a sociedade
e para os sítios em que estão inseridos.
3.1. TECNOLOGIA
Na antiguidade, o ser humano sempre procurou uma forma de lidar com os
afazeres do dia a dia, desta forma o homem desenvolveu técnicas durante sua vida
de trabalho, no que se refere às suas habilidades, procedimentos e artefatos
desenvolvidos sem a ajuda do conhecimento científico (BAZZO, LISINGER TEXEIRA,
2003, p.40-41). Deste modo, entende-se que a técnica é uma aptidão desenvolvida
pelo próprio ser humano e sua tendência natural de buscar formas de melhorar seu
modo de vida no meio em que vive, por meio de instrumentos, invenções e artifícios,
a qual permite que evolua através do aperfeiçoamento na prática, que o leva a explorar
novos conhecimentos, o que marca no tempo a cultura e as técnicas desenvolvidas
pelos povos mais antigos, segundo Pierre Levy, 1999 “Uma técnica é produzida dentro
de uma cultura, e uma cultura encontra-se condicionada por suas técnicas [...]”
(CIBERCULTURA, 1999).
No decorrer da história, a partir do renascimento, no século XV, “era de novas
descobertas”, a técnica estava constantemente sendo aperfeiçoada, através de
estudos e pesquisas científicas e aliava-se com a ciência4 dando origem a Tecnologia5
o que promoveu a junção entre o saber e o fazer, união da teoria e da prática
Segundo a UNESCO “é o conjunto de conhecimentos organizado sobre os mecanismos de
causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”.
(SILVEIRA, BAZZO, 2003)
5
Aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral, refere-se aos sistemas desenvolvidos
levando em conta o conhecimento cientifico (BAZZO, LISINGER e TEXEIRA, 2003, p.41).
4
23
(MIRANDA, 2002, p.51). Dessa forma, o estudo da técnica juntamente com a ciência,
fez com que a tecnologia se tornasse de grande importância para a sociedade, a qual
faz parte do cotidiano, e passa a ser empregada e a abranger vários domínios:
entretenimento, alimentação, vestuário e saúde.
As novas tecnologias tiveram o seu grande salto no século XVIII na Inglaterra,
época marcada pela primeira Revolução Industrial, na busca de melhorias na
fabricação acelerada de mercadorias, se destaca a substituição das ferramentas
manuais pelas máquinas de produção, como fiadeiras e os teares6, que foram
revolucionários no modo de produzir e proporcionar às grandes fábricas de produção
uma maior autonomia na confecção do produto, juntamente com a indústria
siderúrgica na exploração do ferro e do aço e na fabricação de peças metálicas. Nos
transportes, a grande evolução veio com a invenção da máquina a vapor que deu
origem a vários meios de transporte, com a locomotiva a vapor (CASTELLS, 1999,
p.71). No contexto o autor ainda acrescenta a importância e os efeitos da tecnologia
e sua inovação para a sociedade da época:
Os efeitos positivos, a longo prazo, das novas tecnologias industriais no
crescimento econômico, na qualidade de vida e na conquista humana da
natureza hostil (refletidos no aumento impressionante da expectativa de vida,
que não tivera uma melhoria constante antes do século XVIII) são
indiscutíveis nos registros históricos. Porém, não vieram cedo, apesar da
difusão da máquina a vapor e das novas máquinas e equipamentos (1999,
p.73).
Esses efeitos mostram a necessidade de inovação para a melhoria das
fábricas, a agilidade na produção em série continuou e uma busca por avanços
tecnológicos sem precedentes foi se desenvolvendo através de pesquisas e estudos
que passou a ser mais dependente do conhecimento científico. Em 1870 iniciou-se a
Segunda Revolução Industrial caracterizada pelo desenvolvimento da eletricidade, do
motor de combustão interna, dos produtos químicos com base científica, da fundição
eficiente do aço e do início das tecnologias da comunicação, com o telégrafo e a
invenção do telefone, e em 1920 veio a se desenvolver o Fordismo, um sistema de
produção em série padronizado (CASTELLS, 1999).
6
TEARES: É um aparelho em que permite tecelões criarem tecidos pelo entrelaçamento da urdidura e
trama. Fonte: http://textileindustry.ning.com/forum/topics/o-que-e-um-tear-manual-veja-teares-pelomundo. Acesso 31 de mar. 2013.
24
O conhecimento científico foi o principal fator que guiou o desenvolvimento e a
inovação tecnológica, onde Castells (1999, p.73) corrobora ao afirmar que:
Inovação tecnológica não é uma ocorrência isolada, ela reflete um
determinado estágio de conhecimento; um ambiente institucional e industrial
especifico; uma certa disponibilidade de talentos para definir um problema
técnico e resolvê-lo.
Portanto, pode-se compreender que o processo de transformação das novas
tecnologias dá-se pela constante busca do ramo científico por inovações, permitindo
soluções inovadoras ao invés de utilizar-se de um único instrumento isolado, onde
através de pesquisas na busca de melhorias para aperfeiçoar os inventos
tecnológicos, abrem caminho para novos experimentos, onde surgem novas
descobertas e expande a área de estudo, pois, permite maior amplitude para
desenvolvimento de novos campos da tecnologia. Segundo R.J.Forbes apud Castells
(1991, p.74):
A Revolução Industrial e a invenção da máquina a vapor foi o fator central
para desenvolvimento de novos equipamentos motores, responsáveis pela
evolução dos meios de transportes, onde na Segunda Revolução Industrial
apesar da descoberta de outros inventos, a eletricidade foi à força central, a
qual através dela puderam se desenvolver outros campos da tecnologia e
suas aplicações.
Grande parte dos avanços tecnológicos do século XX foi desenvolvido durante
as grandes guerras e a Guerra Fria, com objetivos militares e políticos (CASTELLS,
1999). Durante a Segunda Guerra Mundial e o período seguinte a ela, foi de fato o
acontecimento mais importante para a era da ciência e da tecnologia, nela sua
imagem passou por muitas modificações, a partir das necessidades de inovação
acelerada dos equipamentos bélicos utilizados na guerra. Foi nela que se deu a
descoberta dos principais achados tecnológicos na área da eletrônica: o transistor,
fonte da microeletrônica, o primeiro microcomputador programável, o que marcou o
início da revolução da tecnologia da informação.
Os computadores foram concebidos pela mãe de todas as tecnologias, a
Segunda Guerra Mundial (CASTELLS, 1999, p. 78) e relembra que como a máquina
a vapor representou um grande salto tecnológico nos primeiros momentos da
Revolução Industrial na Inglaterra, é a informática o grande marco transformador do
mundo no final do século XX e início do século XXI. Foi durante a década de 40 que
foram desenvolvidos os primeiros computadores, criados para fins bélicos e só foi
25
concedido para uso geral em 1946, o ENIAC (calculadora e integrador numérico
eletrônico) primeiro computador eletrônico que pesava 30 toneladas, desenvolvido por
Mauchly e Eckert, na universidade da Pensilvânia nos EUA, só em 1951 veio a ser
desenvolvido sua primeira versão para fins comerciais, o UNIVAC1 (CASTELLS,1999,
p.79).
Durante esse período muitas outras empresas desenvolveram novos
computadores, tudo isso mudou através da microeletrônica, Castells cita, que foi o
que causou uma “revolução dentro da revolução” desenvolvendo novos seguimentos,
como: o microprocessador em 1971 que possibilitou a criação do primeiro
microcomputador de sucesso comercial idealizado por Steve Wozniak e Steve Jobs.
Iniciava-se a Era da Informação lançada em 1976 (CASTELLS,1999).
Nesse contexto, Manoel Castells (1999) retrata um início de uma Terceira
revolução industrial, baseada em tecnologia de ponta, onde a sociedade ao mesmo
tempo rompia as barreiras passando a viver a globalização através de um mundo
conectado graças à criação da internet que teve origem no trabalho de umas das mais
inovadoras instituições de pesquisa do mundo: a Agência de Projetos de Pesquisa
Avançada (ARPA), um grande avanço nas tecnologias de comunicação, a qual levou
a sociedade a um mundo de possibilidades na era da tecnologia digital, as quais cita
Castells (1999, p.82):
A tecnologia digital permitiu o empacotamento de todos os tipos de
mensagens, inclusive de som, imagens e dados, criou-se uma rede que era
capaz de comunicar seus nós sem usar centros de controles. A
universalidade da linguagem digital e a pura lógica das redes do sistema de
comunicação geraram as condições tecnológicas para a comunicação global
horizontal.
A era digital trouxe várias possibilidades, permitindo a difusão da computação
através da rede conectada pela web, permitindo rápida troca de informações por
email, mais conhecidos como correios eletrônicos, rompendo distâncias, o que
promoveu maior conexão com serviços, divulgação de informação, entretenimento,
permitindo uma participação interativa da sociedade, o que é chamado por Castells
de “processo multidimensional”. Com essa visão Manoel Castells in Castells; Cardoso
apud Gomes (2005, p.17), afirma que:
O mundo está em processo de transformação estrutural desde há duas
décadas. É um processo multidimensional, mas está associado à emergência
26
de um novo paradigma tecnológico, baseado nas tecnologias de
comunicação e informação, que começaram a tomar forma nos anos 60 e que
se difundiram de forma desigual por todo o mundo. Nós sambemos que a
tecnologia não determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que dá
forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das
pessoas que utilizam as tecnologias.
Com o processo de evolução da tecnologia entende-se de fato sua importância
na participação no desenvolvimento e transformação histórica, política, econômica e
social, é nesse período, diante de vários achados tecnológicos e de uma sociedade
cada vez mais dependente da tecnologia, que surgiram os primeiros parques
tecnológicos. Depois de ter um breve conhecimento da origem da tecnologia, suas
transformações e a importância de sua participação no decorrer histórico para a
sociedade, procurou-se conhecer no significado dos Parques Tecnológicos e seus
conceitos, a definição para os Centros Tecnológicos.
3.2. PARQUES TECNOLÓGICOS
Para obtenção de melhor compreensão sobre os centros de tecnologia,
procurou-se referências relacionadas aos grandes Parques Tecnológicos, já que os
centros de tecnologia são partes constituintes que formam essas instituições, na
busca por conceitos, significados e a origem desses empreendimentos pioneiros na
área de inovação tecnológica em todo o mundo.
Procurou-se entender seu significado quanto à origem da palavra, que segundo
Courson apud Magacho (2010, p. 31) técnolpolis é a combinação de duas palavras
símbolo da modernidade cultural e científica: a técnica e o polo, que remete tanto à
ciência física como a polis ou urbs, the city, la ville, a cidade. Assim, tecnópolis conota
a reunião de diversos componentes interligados: instituições de ensino superior
(universidades e centros de pesquisa), laboratórios de pesquisa, escritórios “high tech”
e serviços associados às atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e
produção.
Com base no conceito citado por Courson, entende-se por parque tecnológico
como um ambiente que reúne vários empreendimentos em um só local, os quais
mantem uma relação entre si no que se diz a área de atuação, trabalhando de forma
que um tenha conexão com o outro, desenvolvendo pesquisas na teoria e pondo-as
27
em prática. Com esses conceitos surgiu a ideia dos primeiros parques, ambientes
especialmente designados para comportar práticas científicas de base tecnológica,
iniciados de forma natural em ambientes acadêmicos.
A iniciativa surgiu no final da década de 1940 nos EUA, na Universidade de
Stanford-Califórnia, criado de forma espontânea e não estruturada, na tentativa de
aliar o conhecimento científico a pesquisas acadêmicas, para a invenção de novas
tecnologias. A iniciativa da criação dos centros tecnológicos deu origem a vários novos
empreendimentos como o Vale do Silício, juntamente com iniciativas empresariais que
apoiavam o desenvolvimento tecnológico
e os sistemas institucionais de
planejamento. (ABDI e ANPROTEC, 2008, p. 11).
A partir das informações da ABDI e da ANPROTEC, compreende-se que os
Parques Tecnológicos se formaram de forma impensada, de um simples conceito para
equipamentos de grande importância para o desenvolvimento cientifico e tecnológico.
Uma vez que, analisando o potencial inovador que o mesmo proporcionaria para o
local em que estavam implantados, outros foram instalados e desde então muitos
outros Parques surgiram e disseminaram seu poder transformador pelo mundo.
Influenciados pelo sucesso dos Estados Unidos, os britânicos e os franceses
iniciaram na Europa a implantação dos Parques Tecnológicos, o que contribuiu
decisivamente para a evolução e construção do conceito, com destaque para a
implantação dos parques europeus pioneiros: o francês Sophia-Antipolis e o britânico
Cambridge no início dos anos 1970. (MAGACHO, 2010. p. 31).
Conforme mencionado, viu-se a importância e o potencial do tema que inovou
o campo científico e rapidamente ganhou abrangência no cenário mundial, vários
parques foram se instalando em outros países, e com o passar do tempo, novos
conceitos de Parques Tecnológicos foram surgindo e suas características mudaram e
passaram a ser criados de forma planejada, com equipamentos implantados de
maneira mais estruturada.
Segundo informações da ABDI e da ANPROTEC (2008), a partir do
levantamento de todos os Parques Tecnológicos no cenário mundial, foram
identificados três tipos de Parques Tecnológicos que distinguem a sua geração em
função da época em que foram predominantes e dos elementos que os tornaram
28
singulares. Ao longo dos últimos 50 anos, isso proporcionou melhor entendimento das
características que cada um apresentava o que identificou melhor seus
direcionamentos.
As três gerações são caracterizadas por diferentes conceitos, conforme a
análise da ABDI e ANPROTEC (2008):
Parques de 1° Geração – Parques pioneiros - Criados de forma
espontânea/natural, para promover o apoio [...] e a interação com as
universidades fortes e dinâmicas. Neste tipo de parque é possível identificar
claramente as condições favoráveis à inovação e ao desenvolvimento
empresarial tais como: vocação regional, disponibilidade de recursos
humanos e financeiros, infraestrutura de qualidade, etc. (p.12).
De modo geral, essa primeira geração teve apoio e investimento estatal
significativo e alcançaram alto grau de relevância estratégica para o país e/ou região.
As iniciativas dos parques pioneiros, ou de 1° geração, permitiram que nações e
regiões pudessem assumir uma posição competitiva privilegiada no desenvolvimento
tecnológico mundial. Um exemplo de parque pioneiro é o Stanford Research Park, do
qual se originou a região inovadora conhecida como Silicon Valley7.
Parques de 2° Geração – Parques Seguidores - Criados de forma planejada,
formal e estruturada, para “seguir” os passos de uma “tendência de sucesso”
estabelecida a partir dos Parques Pioneiros. [...] visavam, essencialmente,
promover o processo de interação universidade-empresa e estimular um
processo de “valorização” (financeira ou institucional) de áreas físicas ligadas
aos campi de universidades criando espaços para a implantação de
empresas inovadoras no contexto de uma determinada região com pretensão
de se tornar um polo tecnológico e empresarial. (p.12).
A segunda geração desses parques teve suporte e apoio estatal, e
apresentavam resultados simples e modestos, com relação ao seu poder de
transformação e as influências que os mesmos proporcionavam ao local em que
estavam implantados, os quais se restringiam a impactos locais ou regionais. Este tipo
de parque constituiu um verdadeiro “boom” que se espalhou por universidades e polos
tecnológicos de países desenvolvidos da América do Norte e Europa, ao longo das
décadas de 1970 e 1990.
Traduzido como Vale do Silício, está situado na Califórnia, Estados Unidos, região está denominada
polo industrial e que concentra diversas empresas de tecnologia da informação, computação entre
outras. O local começou a se desenvolver no ano de 1950, com o objetivo de gerar e fomentar
inovações no campo científico e tecnológico.
Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/vale-do-silicio/. Acesso em 25 mai. 2013 às 10h38min.
7
29
Parques de 3° Geração – Parques estruturantes – Este tipo de parque
acumulou as experiências dos parques de 1° e 2° geração e está fortemente
associado ao processo de desenvolvimento econômico e tecnológico de
países emergentes. Criados como fruto de uma política regional ou nacional
e orientados para promover um processo de desenvolvimento
socioeconômico extremamente impactantes. [...] Este tipo de parque é
influenciado por fatores contemporâneos, tais como: facilidade de acesso ao
conhecimento, formação de clusters de inovação, ganhos de escala
motivados pela especialização, vantagens competitivas motivadas pela
diversificação e necessidades de velocidade de desenvolvimento motivada
pela globalização. (p.13).
Voltado para o mercado globalizado, os Parques Estruturantes tem como
principal função desenvolver uma integração com políticas e estratégias de
desenvolvimento urbano, regional e ambiental. Com relação à posição que um Parque
Tecnológico assume no contexto urbano e sua infraestrutura, Spolidoro (1997) apud
Magacho, descreve que:
Um Parque Tecnológico é uma iniciativa com base numa área física, com
uma gleba ou um conjunto de prédios, destinados a receber empresas
inovadoras ou intensivas em conhecimento e de promover sua interação com
instituições de ensino e pesquisa. (p.32).
Com base nessa análise e as apresentadas pela AMPROTEC e a ABDI sobre
as gerações de Parques Tecnológicos, a partir da compreensão dos conceitos que
englobam o tema, sua função, seu objetivo e sua funcionalidade, é possível obter
melhor concepção para a definição de Centros de Tecnologia.
3.3. CENTROS DE TECNOLOGIA
A partir dos conceitos abordados pelos Parques de 2° geração, centros de
tecnologia podem ser compreendidos como espaços planejados menos complexos,
voltados para incubar empresas de base tecnológica inovadora, onde segundo a IASP
(2009), o objetivo é criar um ambiente de alta qualidade para as atividades de
pesquisa, desenvolvimento, trabalho e lazer.
Centros Tecnológicos são espaços edificados que podem abrigar diversos tipos
de atividades, os quais tem como finalidade disponibilizar um espaço com qualidade
que desperte a criatividade favorecendo a prática de incubação de novas empresas,
as quais segundo a ANPROTEC (2011) são entidades que tem como objetivo oferecer
30
suporte a empresas para que possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las
em empreendimentos de sucesso.
Desta forma entende-se que incubação é uma prática desenvolvida nos centros
tecnológicos os quais tem por finalidade oferecer infraestrutura e suporte para as
novas empresas que estão se lançando no mercado empresarial, onde segundo
dados da ANPROTEC (2011), descrevem os benefícios que essa prática propicia para
os novos empreendedores:
[...] a incubadora possibilita que o seu empreendimento tenha mais chances
de ser bem sucedido. Além de condições favoráveis de infraestrutura e
capacitação dos empreendedores, as empresas – pelo fato de estarem em
um espaço onde há vários empreendimentos inovadores do mesmo porte –
contam com inúmeras conexões, que favorecem o crescimento do negócio e
o acesso ao mercado.
Sendo assim, percebe-se a importância que a prática de incubação propicia
para que os pequenos empreendedores iniciem a carreira no mercado de trabalho,
mas para isso também se observa que o local em que estão instaladas influencia em
sua capacitação, onde o Centro tecnológico deve oferecer infraestrutura e ambientes
favoráveis que atendam essa prática.
Para entender a morfologia da pratica de incubação, os dados da ANPROTEC
2011 mostram os tipos de incubadoras existentes no mercado:
Incubadoras de Base Tecnológica: empresas cujos produtos, processos ou
serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas e nos
quais a tecnologia representa alto valor agregado.
Incubadoras tradicionais: que abriga empresas dos setores tradicionais da
economia, as quais detêm tecnologia largamente difundida e queiram agregar
valor aos produtos, processos ou serviços.
Incubadoras mistas: organização que abriga tanto empreendimentos de
Base Tecnológica como de Setores Tradicionais.
Incubadoras sociais: são incubadoras que apoiam empreendimentos
oriundos de projetos sociais.
Incubadoras de Cooperativas: abrigam empreendimentos associativos em
processo de formação e/ou consolidação.
Com base nesses dados é possível entender as características de cada tipo de
incubadora e a partir dos serviços que as mesmas abordam, tem-se assim uma
compreensão de como devem ser concebidos os espaços, para que os mesmos
ofereçam infraestrutura adequada.
A revisão literária apresentou explanação sobre a tecnologia, sua definição e
importância e exibiu as principais características de parques tecnológicos, onde os
31
mesmos, devido sua vasta escala, vêm a comportar centros de tecnologia. Ao final do
presente capítulo, compreendeu-se a importância das empresas incubadoras na
composição do programa. Portanto, foi realizada breve pesquisa sobre algumas
tipologias de tais empresas, que transpõem o uso formal de uma edificação para um
mix empresarial e educacional que também podem abrigar diversos tipos de
incubadoras de diferentes ramos de atuação.
Para completa compreensão sobre a temática, o próximo capítulo apresenta
três estudos de casos e suas análises, as quais visam a complementar o
embasamento teórico e funcional sobre a temática que será desenvolvida.
32
4. ESTUDOS DE CASO
O estudo de caso é o instrumento utilizado para a análise crítica sobre os
aspectos negativos e as potencialidades de determinado local, edificação ou objeto
dentro da ótica da arquitetura. Deste modo, o presente capítulo apresenta três estudos
de caso e sua análise crítica, os quais serviram de referências para o planejamento
do centro de desenvolvimento de tecnologia digital.
O primeiro estudo localiza-se na cidade de Doha no Catar8, o mesmo foi
escolhido, pois possui estética diferenciada e funcional, o qual se utiliza de técnicas
construtivas inspiradas na cultura local e pela utilização de novos materiais ao seu
favor, para minimizar as condições climáticas da região.
O segundo estudo é o centro tecnológico de Mahle, localizado em Jundiaí, em
São Paulo, implantado na zona industrial, o equipamento se destaca por sua forma
de implantação adotada para se acomodar as condições topográficas do local, que
procurou minimizar o impacto ambiental, já que se localiza em uma área de
preservação. Também se destaca pelos conceitos utilizados na composição de sua
arquitetura, que o diferencia dos complexos industriais locais.
O terceiro estudo de caso escolhido, foi o Centro Tecnológico do Agreste,
situado na cidade de Caruaru em Pernambuco, o mesmo tem seu foco principal
voltado ao campo da moda, os aspectos que levaram a escolha desse
empreendimento para ser analisado foi à possibilidade de uma visita presencial no
local, e ainda o fator que se identificou como problemática, já que a edificação indispõe
de um ambiente especialmente planejado para essa finalidade.
O Catar, também referido comumente como Qatar, é um país árabe, conhecido oficialmente como
um emirado do Oriente Médio, ocupando a pequena Península do Catar na costa nordeste da Península
Arábica. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, e o Golfo Pérsico envolve o resto do país. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Catar. Acesso em 31 mar. 2013.
8
33
4.1. ESTUDO 01: PARQUE TECNOLÓGICO, DOHA, CATAR.
O parque tecnológico está localizado na cidade de Doha no Catar, teve sua
construção iniciada em 2007 e finalizada em março de 2009, projetada pelo arquiteto
Woods Bagot, foi criado para ser conhecido como o centro internacional de pesquisas,
tecnologias e explorações científicas, projetado para incubar médias e grandes
empresas, trazer inovação e desenvolver a economia do conhecimento.
Figura 1: Implantação do parque tecnológico
Fonte: www.maps.google.com.br/maps, adaptado pelo autor 2013. Acesso em 24 mar. 2013
O parque possui uma área construída de 98.500 m², sendo composto por
quatro volumes separados, entretanto, conectados por uma coberta metálica, que
mostra uma disposição arquitetônica hierárquica entre eles, o espaço dispõe ainda de
um centro incubador e três centros de tecnologia, com laboratórios e centros de
treinamento.
34
Figura 2: Parque Tecnológico, Doha Catar
Fonte: www.wordosouth.com. Acesso em 24 mar. 2013.
O empreendimento faz parte de um projeto conhecido como Cidade da
Educação, projeto do Qatar Foundation9, cuja área abriga grandes equipamentos
como: centros de convenções, centros médicos, montadoras automobilísticas e
universidades, que estão integrados.
Figura 3: Implantação do Estacionamento
Fonte: www.maps.google.com.br/maps, adaptado pelo autor 2013. Acesso em 24 mar. 2013
As edificações estão dispostas sobre um talude, cuja elevação foi criada para
abrigar o estacionamento subterrâneo do clima quente da região, a solução adotada
também evitou o trafego livre de veículos dentro do parque, já que nas tradições
islâmicas os espaços de convivência são ambientes isolados, voltados para a reunião
9
Organização privada, sem fins lucrativos que serve os moradores do Qatar, apoiando e operando
programas em três áreas de missões principais: educação, ciência e pesquisa e desenvolvimento da
comunidade. Fonte: www.qf.org.qa/about. Acesso em 23 mar. 2013 as 14h00min
35
de pessoas, isso possibilitou maior conectividade aos acessos deixando livre acesso
para os usuários, criando assim uma estrutura de campus.
O acesso à edificação é feito por várias entradas do estacionamento (Figura 3),
conectadas com as principais vias locais, permitindo ingresso direto pelo
estacionamento subterrâneo da edificação, uma segunda entrada é acessada por uma
caixa de vidro localizada logo abaixo da edificação central, entre as duas vias locais
que cortam transversalmente o parque, elevadores espalhados pelo estacionamento
levam os usuários até área de convivência que está no andar acima. (Figura 4).
Figura 4: Corte longitudinal do volume central e do estacionamento
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013.
O volume central é caracterizado por uma forma retangular com disposição
espacial simétrica dos ambientes internos que se abre em ambas as extremidades
para espaços de convivência com jardins elevados e espelhos d’água. No abrigo da
grande coberta o volume é revestido por ACM10 e uma malha de placas de aço
inoxidável perfurada (Figura 5) que protege os panos de vidro da incidência solar, o
qual incorpora o centro incubador, o centro administrativo e centro de negócios,
dispostos em dois pavimentos.
Figura 5: detalhe das placas de aço inoxidável na fachada
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
Aluminum Composite Material. É um painel composto, constituído por duas chapas de alumínio,
sobtensão controlada com um núcleo de polietileno de baixa densidade. Fonte: www.acmprime.com.br.
Acesso em 31 mar. 2013. Ás 19h e 40min.
10
36
O primeiro pavimento concentra a área administrativa e o centro de negócios
dispostos em um único vão. O espaço possui salas para escritórios, ambientes de
convivência, recepções, refeitório, copa, cozinha e banheiros, todos dispostos em um
único vão com divisão espacial simétrica. O acesso ao pavimento se dá por átrios
centrais através de escadas rolantes e elevadores que direcionam as circulações que
levam aos demais ambientes através de fluxos que se caracteriza por circulações
centrais e periféricas no interior da edificação (Figura 6).
Figura 6: Planta baixa, 1° pavimento do bloco central
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
Figura 7: Corte transversal do centro incubador
Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/.Acesso em 27 mar. 2013
O segundo pavimento é voltado para as atividades de incubação. O espaço
possui característica mais empresarial, em sua divisão espacial o ambiente dispõe de
salas desenvolvidas para abrigar os escritórios das empresas encubadas, o ambiente
possui também espaço de convivência, copa e banheiros. O acesso também se dá
por elevadores e escadas rolantes locados nos átrios centrais.
37
Figura 8: Planta baixa do 2° pavimento do bloco central
Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/. Acesso em 27 mar. 2013
O centro incubador é suspenso por duas caixas em vidro, localizadas em cada
uma das extremidades, onde estas dão acesso às recepções e ao estacionamento
por meio de elevadores que conduzem a um átrio central do total de 03 (três) átrios
existentes no local, os quais são elementos característicos da cultura islâmica, pois
agrega as funções de iluminação e ventilação natural no interior da edificação.
Figura 9: Vista do centro incubador do parque tecnológico
Fonte: www.e-architect.co.uk. Acesso em 24 mar. 2013
Dois volumes estão dispostos paralelamente à direita e à esquerda da
edificação principal e o outro se encontra no final, no flanco direito do volume central,
estão instalados os centros de tecnologia com: laboratórios, salas de desenvolvimento
e pesquisa e os centros de treinamento cujas formas remetem a figuras geométricas
simples, as fachadas são compostas por panos de vidro e ocultas por uma malha de
placas metálicas perfuradas que lembram os muxarabis11 árabes, (Figura 10), que
produz uma ideia de reclusão, conceito utilizado na arquitetura islâmica, a qual
proporciona privacidade e melhoria do conforto térmico para o interior da edificação.
Muxarabis. É um elemento da arquitetura árabe em madeira de onde se pode ver sem ser visto
(semelhante ao combogó) Fonte: www.michaelis.uol.com.br. Acesso em 31 mar. 2013.
11
38
Figura 10: Detalhe das fachadas dos centros de tecnologia
Fonte: www.archello.com. Acesso em 24 mar. 2013.
Os três centros tecnológicos possuem as mesmas características espaciais, os
ambientes são voltados para a prática e desenvolvimento de protótipos, divididos em
dois
pavimentos,
possuem
ambientes
flexíveis
com
grandes
vãos
de
aproximadamente 1500 m², o espaço também comporta recepções localizadas em um
corredor central, com apoio de copa e banheiro.
Figura 11: Planta baixa do centro tecnológico
Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park. Acesso em 27 mar. 2013
A conexão entre os pavimentos do centro tecnológico é feita através de
elevadores e escadas posicionados no centro das circulações que cortam a edificação
no sentido longitudinal e transversal, a configuração dos ambientes mostra uma
39
simetria já que sua forma é espelhada paralelamente, com a repetição dos mesmos
ambientes.
Figura 12: Corte longitudinal do centro tecnológico
Fonte: http://dezzzme.com/2012/10/10/qatar-science-and-technology-park/. Acesso em 27 mar. 2013
Na coberta ondulada da edificação, o arquiteto adotou como partido detalhes
da geografia, como a ondulação das dunas de areia do deserto e aliado com o
movimento do véu da mulher árabe, através de suaves curvas que dão mais leveza a
edificação aliada a sua funcionalidade, a mesma faz o papel de unificar as demais
edificações tornado-se um único volume aos olhos de quem vê a uma determinada
distância. Sombreando o percurso entre os edifícios, a cobertura funciona como
barreira, reduzindo a incidência de calor dentro e fora da edificação. Construída em
chapas duplas perfuradas de aço inoxidável, o arquiteto procurou proporcionar
dinamismo na sua estética, o que transmite ao observador uma sensação de
movimento quando vista por baixo no interior da edificação (Figura 13).
Figura 13: Detalhe da coberta
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
A coberta é sustentada por um feixe de quatro colunas de perfil circular que
formam um “V”, o telhado se apoia de forma leve e imponente sobre a edificação, com
um sistema de treliça espacial em três dimensões (3D), o que proporcionou ao
40
arquiteto dar uma forma ondulada, vencer maiores vãos e dar maior leveza na sua
composição estética (DESMENA, 2013).
Figura 14: Estrutura da coberta
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
Quanto à iluminação, a luz natural incide nas edificações através de grandes
átrios, os quais são muito utilizados na arquitetura islâmica, priorizando a
luminosidade e a ventilação para o interior do edifício. Compostos por caixas
envidraçadas, os átrios12 possuem pé direito triplo que permite maior transparência e
iluminação aos demais ambientes.
Figura 15: Iluminação natural através de um átrio interno
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
A iluminação artificial é utilizada de forma a focar as edificações e dando
destaque aos elementos estéticos, colunas, fachadas e a coberta, com spots e luz de
12 Átrio. É um Pátio ou saguão, utilizado no interior ou exterior de edificações. Fonte:
www.michaelis.uol.com.br. Acesso em 31 mar. 2013.
41
led. Luminárias com designe diferenciado dão um ar mais contemporâneo aos
espaços de convivência, juntamente com pontos de luz no piso que servem como
balizadores.
Figura 16: Iluminação
Fonte: www.desmena.com. Acesso 24 mar. 2013
4.1.1. Análise crítica: Potencialidades
A edificação está inserida em uma área voltada para grandes equipamentos,
com espaços planejados para expansão construtiva, o empreendimento encontra-se
situado fora do centro da cidade, que permite uma melhor fluidez e setorização no
fluxo local.
O acesso por várias entradas dos estacionamentos subterrâneos torna o
mesmo rápido, pois integram-se diretamente com as vias locais que circundam o
edifício, facilitando o fluxo na entrada e saída dos veículos para uso privado dos
funcionários. Possui dois estacionamentos externos exclusivos para visitantes e
dispõe de um acesso específico para serviço. Projetado para o clima do deserto, o
estacionamento ficou sob abrigo da edificação que tem como aspecto positivo a
proteção do usuário da incidência solar, proporcionando maior conforto térmico no seu
interior e evita que a edificação necessite de grandes áreas externas para
estacionamentos.
A forma de acesso direto pelo estacionamento permite ao usuário percorrer
curtas distâncias embaixo do sol, já que elevadores instalados em diversos pontos no
subterrâneo conduzem diretamente as edificações que estão acima, que fica restrita
a circulação de veículos. Possui espaços para convivência, com jardins elevados e
espelhos de água que criam microclimas no espaço.
42
A arquitetura do parque utiliza-se de detalhes da cultura regional e materiais
modernos sem fugir do tema quanto aos aspectos culturais da região em que se
insere. Através do uso de diferentes materiais, a composição arquitetônica de cada
equipamento faz o papel de dividir hierarquicamente as edificações em espaços
distintos quanto ao uso, facilitando a localização por parte dos usuários.
O uso dos detalhes da arquitetura e cultura local trouxe melhor conforto e
interação dos usuários com o ambiente interno e externo, melhorando a iluminação e
a ventilação no interior das edificações, através dos diversos elementos como: átrios
internos, fachadas com chapas metálicas vazadas que funcionam como brises,
coberta com estética funcional proporcionando beleza e criando sombra em toda
edificação.
4.1.2. Analise Crítica: Fragilidades
A edificação por se encontrar elevada sobe o estacionamento, só apresenta
acessos através de escadas rolantes e elevadores, não apresenta rampas para
acessibilidade, no caso de falhas no sistema elétrico em situações de emergência o
que dificulta a evacuação do recinto.
Os espaços de convivência por sua dimensão apresentam pontos ociosos sem
que existam atrativos pra determinados locais, com falta de mobiliários, o arquiteto
deveria explorar mais o ambiente com equipamentos que se integrassem com espaço,
com cafés, lanchonetes, proporcionando um lazer a mais no local.
Por se encontrar em uma área de clima seco e quente, a edificação não
apresenta um projeto paisagístico que tentasse minimizar as condições climáticas no
local, o qual deveria ter explorado mais um paisagismo com espécies nativas da região
criando massas verdes juntamente com pequenos lagos no seu entorno, já que
apresenta uma grande escala construtiva.
43
4.2. ESTUDO 02: CENTRO TECNOLÓGICO MAHLE, JUNDIAÍ/ SP.
Localizado às margens da rodovia Bandeirantes, o centro tecnológico foi
concebido pelos arquitetos Roberto Loeb e Luís Capote, teve sua construção iniciada
em dezembro de 2006, o qual foi concluído em abril de 2008, a edificação possui área
construída de 17.000 m², entretanto, a mesma ocupa 1/5 (um quinto) da área total do
terreno.
Figura 17: Implantação do centro tecnológico
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
Inserido em uma área de preservação ambiental na Serra do Japi, o terreno
possui área de 125.000 m² com topografia acidentada, a implantação do equipamento
se caracteriza por uma forma semicircular, dividida em três anéis acomodados no
declive do terreno em três taludes que, segundo o arquiteto, a forma foi inspirada nas
curvas de nível, técnica aplicada em terrenos acidentados usada na agricultura.
O acesso é feito diretamente pela rodovia, através de uma pequena via interna
que segue diretamente para o pátio de estacionamentos localizado na parte inferior
do terreno juntamente com o primeiro anel da edificação, a mesma via segue subindo
os três níveis, até a parte mais alta do terreno que dá acesso ao anel superior da
edificação (Figura 17). A disposição dos três volumes em diferentes níveis do terreno
permite aos espaços internos de cada volume ter uma relação de integração maior
com o exterior, o que proporciona visualização panorâmica da paisagem natural do
entorno.
44
Figura 18: Vista frontal do Centro tecnológico
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
À distância, a edificação é vista como um único volume (Figura 18), onde a
declividade do terreno dá à impressão de um edifício com tipologia de vários andares,
as curvas de sua forma quebram a simetria da horizontalidade da edificação, sua cor
branca predominante em toda edificação, a mesma proporciona um contraste com o
verde da paisagem natural em sua volta, que se destaca ainda mais por ser uma
edificação isolada na paisagem e com poucos equipamentos presentes no seu
entorno.
A composição dos volumes se dá através de grandes aberturas nas fachadas
principais, com panos de vidro que permitem maior relação com o entorno,
proporcionando leveza e transparência às edificações. Os três anéis que compõem o
centro tecnológico definem uma ordem hierárquica através de sua orientação no
terreno e tipologias diferenciadas de uso, seguindo uma ordem escalonada de
implantação, onde se inicia com o edifício anel 01 possuindo dois pavimentos, no
primeiro talude o edifício anel 02 também com dois pavimentos caracterizado por um
pilotis que eleva a construção acima do anel 1 e por fim na porção mais alta do terreno,
o segundo talude que comporta o edifício anel 3 (Figura 19).
45
Figura 19: Corte que mostra a disposição dos três volumes no terreno
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
A simetria dos volumes segue de forma harmoniosa em uma disposição
horizontal seguindo de forma escalonada a curvatura dos volumes que se assemelha
com as suaves formas curvas de nível do terreno, sem que interfira na paisagem. A
composição das fachadas é feita de forma sutil, sem que altere a leveza de sua
plasticidade, composta por elementos simples que aliam sua funcionalidade a estética
do edifício.
Figura 20: Fachada frontal do primeiro anel do Centro Tecnológico
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
A estrutura da edificação é em concreto pré-moldado e estruturas metálicas
secundárias, expostas e claramente identificadas em suas fachadas, em conjunto com
o grande vão proporcionado pela laje alveolar e transparência do pano de vidro
contínuo em toda a fachada (Figura 20), cujas colunas formam um pilotis que dá maior
leveza ao volume. Em seu interior os arquitetos optaram por deixar os elementos
46
estruturais aparentes, o que acabou por remeter a um ambiente industrial moderno
(Figura 21).
Figura 21: Elementos estruturais
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
Os materiais empregados na composição de suas fachadas aliam estética e
funcionalidade relacionada ao conforto visual e térmico do ambiente interno,
utilizando-se panos de vidros em todo seguimento da fachada, os quais ficam ao
abrigo da sombra de marquises em estruturas metálicas compostas por brises que
evitam a incidência direta dos raios solares através do pano de vidro (Figura 21). Em
seu interior a cor branca usada nos ambientes maximiza a incidência da iluminação
natural, o concreto aparente nas passarelas, estruturas e escadas dão ao ambiente
um aspecto moderno que remetem uma arquitetura brutalista13.
Figura 22: Interior do centro tecnológico
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
13
Surgiu nas décadas de 50 e 60, impulsionada pelos arquitetos do movimento modernista, principais
características é a real exposição da estrutura da edificação, expondo todos os elementos estruturais,
colunas, vigas, perfis metálicos, deixando a mostra também o concreto armado aparente. Fonte:
http://www.infoescola.com/arquitetura/arquitetura-brutalista/. Acesso 01 mai. 2013.
47
As configurações da composição arquitetônica dos volumes seguem um ritmo
simétrico se visto frontalmente, e diminui sua massa volumétrica à medida que se
acomodam ao escalonamento topográfico do terreno. Nas fachadas o rasgo marcado
pelos panos de vidro dá ao volume mais leveza, mas com o fechamento dos brises
internos proporcionam a volumetria uma característica mais sólida (Figura 23).
Figura 23: Aberturas das fachadas da edificação
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013
A divisão espacial dos volumes é determinada de acordo com o uso, por se
tratar de um equipamento voltado para o desenvolvimento de pesquisas científicas na
área de mecânica automotiva, a configuração da volumetria se caracteriza por uma
forma circular que se adapta ao terreno.
O primeiro volume (anel 01) (Figura 24), possui dois pavimentos, o térreo abriga
a recepção, os setores administrativos, ambulatório, biblioteca e serviços, na porção
mais baixa do terreno, o ambiente proporciona maior facilidade de acesso, o espaço
ainda dispõe da área de serviço, com cozinha industrial, refeitório, vestiários para
funcionários, depósito com portaria para carga e descarga. O segundo pavimento do
primeiro anel tem uma definição espacial mais flexível, caracterizada por um único
vão, o espaço comporta os escritórios que são padronizados, ocupando todo o vão do
pavimento, na extremidade em um espaço reservado encontra-se o restaurante da
diretoria, o qual recebe apoio da cozinha industrial no pavimento abaixo (Figura 25).
48
Figura 24: Planta baixa do Anel 01, pavimento inferior
Legenda:
Recepção/Museu/Banco/Ambulatórios/Treinamento/Salas multiuso/Refeitório/Cozinha de
apoio/Portaria de serviço
Vestiários/ Copa/Café
Biblioteca
Informática
Depósitos
Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#.
Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013.
Figura 25: Planta baixa do primeiro anel, pavimento superior
Legenda:
Restaurante da diretoria
Escritórios
Escritórios
Escritórios
BWCs
Circulações
Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#,
Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013.
49
O segundo volume (anel 02), intermediário, tem uma pequena diminuição na
sua massa volumétrica em relação ao primeiro anel, o espaço abriga áreas destinadas
a atividades de produção, no primeiro pavimento (Figura 26) os ambientes se dividem
em salas de testes onde são estudados e desenvolvidos protótipos.
Figura 26: Planta baixa do segundo anel, pavimento inferior.
Legenda:
Desenvolvimento de camadas
Sala de Filtros
Salas de Componentes
Oficina
Metalurgia
Metrologia
Salas de Eletrônica
Sala de Química
Sala de testes
Espelho D’água
BWCs
Circulações
Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#,
Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013.
No segundo pavimento (Figura 27) estão localizados os escritórios dos técnicos
que desenvolvem as atividades de pesquisa. Ainda neste pavimento há um espelho
d’água criado pelos arquitetos, o qual proporciona uma agradável sensação térmica e
visual aos usuários. Este liga a cobertura do primeiro anel ao primeiro piso do segundo
anel, e este último por sua vez, também possui outro espelho d’água em sua
cobertura.
50
Figura 27: Planta baixa do segundo anel, pavimento superior
Fonte: http://openbuildings.com/buildings/mahle-metal-leve-new-tech-center-profile-4090/media#,
Adaptada pelo autor, Acesso 26 de mai. 2013.
Legenda:
Escritórios
Sala de informática
Salas de Treinamento
Escritórios
Salas de CAD
BWCs
Circulações
Fonte da legenda: www.arcoweb.com.br/, adaptado pelo autor. Acesso em 30 de mar. 2013.
Figura 28: Espelho d’água na cobertura do segundo anel
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013.
O terceiro anel (Figura 29) está localizado na parte mais superior do terreno,
sua massa volumétrica é menor em relação aos outros. O espaço possui várias salas
inteiramente voltadas para realização de testes com uso mais restrito, desta forma,
permite maior concentração dos usuários nos ambientes isolados acusticamente,
onde os mesmos ficam livres de ruídos e vibrações.
51
Figura 29: Planta baixa do terceiro anel
Legenda:
Salas de testes
BWCs
Circulações
Espelho D’água
Fonte: www.arcoweb.com.br/, adaptado pelo autor. Acesso em 30 de mar. 2013.
O acesso entre os volumes é feito por uma escada que corta no sentido
longitudinal os três anéis, onde passarelas conectadas a escada direcionam o fluxo
para conexões periféricas, criando uma circulação única no interior da edificação o
que facilita o acesso aos demais ambientes. A configuração da planta mostra a divisão
de ambientes com espaços definidos, dispostos perpendicularmente às circulações
periféricas que segue a forma circular do edifício, apresenta também planta livre e
ambientes flexíveis com grandes vãos.
A iluminação natural no interior da edificação é maximizada pelos grandes
panos de vidro nas fachadas das edificações, o que proporciona eficaz iluminação dos
ambientes, juntamente com aberturas no teto dos corredores que aumentam a
incidência da luminosidade natural nos demais espaços e a entrada de ventilação
(Figura 30).
52
Figura 30: Aberturas zenitais no interior da edificação
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013.
A iluminação artificial na fachada destaca o volume na paisagem durante a
noite em cores suaves de azul e verde, as quais são refletidas pela cor branca das
paredes. No interior, a composição de luzes torna o ambiente moderno em um espaço
aconchegante, com luzes convencionais e de tonalidades azuis, embutidas na
estrutura que dá destaque aos elementos estruturais do seu interior (Figura 31).
Figura 31: Iluminação artificial
Fonte: www.arcoweb.com.br/ acesso em 30 de mar. 2013.
4.2.1. Análise Crítica: Potencialidades
A localização do Centro Tecnológico está implantada em área industrial, a oito
quilômetros do centro da cidade, o local apresenta fluxo intenso, entretanto possui boa
estrutura viária que permite fácil acesso direto pela via paralela à rodovia principal.
Implantado em uma área de preservação ambiental, o projeto foi concebido de
maneira que não interfira na paisagem minimizando o impacto ambiental no terreno,
respeitando sua declividade, evitando terraplanagem. Com bom uso da técnica das
53
curvas de nível através de taludes, que acomodam os três volumes de forma
escalonada no terreno.
O tipo de implantação permitiu boa interação do meio externo da paisagem
natural com o interior da edificação, o qual é proporcionado pela elevação dos volumes
em pilotis nos taludes do terreno que deixa o piso térreo com vista livre alinhado com
a coberta do volume em sequência.
A divisão em três volumes permitiu boa setorização por se tratar de um
equipamento de grande porte. Essa setorização melhorou a distribuição dos espaços
internos que classifica os volumes de acordo com seu determinado uso,
proporcionando assim boa interação do usuário na utilização do espaço.
A composição construtiva dos volumes agrega elementos estéticos e funcionais
como as marquises que diminuem a incidência solar no interior da edificação e
protegem os panos de vidro, as quais demarcam as fachadas dos volumes,
proporcionando melhor iluminação natural no interior da edificação. Aberturas no teto
dos corredores aumentam a luminosidade no interior dos ambientes, assim como a
cor branca dos ambientes ajuda a maximizar a iluminação natural.
Em termos espaciais os ambientes seguem a configuração da edificação, ou
seja, apesar do porte apresenta uma planta bem definida com ambientes paralelos às
circulações que se encontram nas extremidades do volume, a mesma facilita ao
usuário o acesso a uma circulação central de escadas e passarelas juntamente com
elevadores que conectam os volumes, distribuindo os fluxos nas demais circulações.
Os espelhos d’água nas coberturas dos volumes propiciaram melhor interação
com a beleza da paisagem e serviram para criar um microclima que minimiza a
54
incidência dos raios solares na coberta o que evita ainda o aquecimento do espaço,
proporcionando conforto térmico para os ambientes.
4.2.2. Analise Crítica: Fragilidades
Arquitetonicamente a concepção do equipamento tem estética arrojada com
linhas suaves e aberturas que definem suas fachadas, mas os arquitetos não se
preocuparam em ocultar os equipamentos e instalações de ar condicionado, o que
polui visualmente a fachada, deixando o volume com uma aparência mais industrial.
As instalações elétricas e de ar condicionado também ficam expostas no interior dos
ambientes repetindo-se em vários pontos da edificação, o que também ocasiona o
mesmo efeito de poluição visual, intervindo ainda na concepção dos arquitetos na
exposição dos elementos estruturais.
A implantação em um terreno com declividade proporcionou uma boa
composição nos volumes, mas preocupou quanto ao atendimento no aspecto da
acessibilidade, já que os acessos entre os volumes só são feitos através de escadas,
passarelas e elevadores, o espaço não dispõe de rampas nesses percursos.
Apesar de se encontrar em uma área de floresta, o espaço não apresenta uma
configuração paisagística que realce seu agenciamento, apresenta apenas pequenos
jardins secos na entrada do edifício e no seu interior. Informações estas que ao certo
foram tomadas como partido projetual.
55
4.3. ESTUDO 03: CENTRO TECNOLÓGICO DO AGRESTE, CARUARU/ PE.
O Centro Tecnológico está localizado na cidade de Caruaru, implantado no
centro urbano em uma área caracterizada por uso comercial e residencial, o entorno
tem uma configuração degradada com edificações abandonadas, inacabadas e
terrenos baldios, o local concentra um fluxo viário intenso por estar próximo da BR –
104. O equipamento está inserido em um terreno de esquina com topografia de declive
acentuado por se encontrar nas proximidades das margens do rio Ipojuca.
Figura 32: Planta de situação do ITEP
Fonte: Williams Didier Victor, 2013.
O acesso à edificação se dá pela Avenida Vera Cruz, via paralela que está
ligada diretamente à BR 104, a qual permite fácil visualização da fachada frontal,
voltada para o norte com panorama para via local, a fachada lateral direita está
direcionada para o oeste e sua fachada lateral esquerda voltada para leste, a qual se
encontra conjugada com a edificação vizinha.
A edificação mantém relação diferenciada com o entorno, mesmo fazendo parte
do conjunto edificado, por estar conjugada (Figura 33), mas há contraste em relação
às demais edificações por sua composição, elementos arquitetônicos e seu porte.
Possui estética que combinam elementos cheios e vazios, com paleta de cores em
tons pastéis, em conjunto com panos de vidros compõem sua fachada frontal,
56
atribuindo um aspecto mais arrojado na sua composição arquitetônica apesar de
simples.
Figura 33: Centro Tecnológico do Agreste, Caruaru
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
Sua composição é definida em um único volume monolítico de formato
retangular simples disposto em três pavimentos que se acomodam na declividade do
terreno, a fachada frontal é marcada por um septo circular que sobressai de um
“rasgo” horizontal fechado por de um pano de vidro recuado, cuja reentrância frontal
cria um pórtico em conjunto com a platibanda. Na entrada, um pequeno canteiro
recebe o usuário, o qual representa a única área de solo natural de toda unidade
construída.
Figura 34: Vista frontal do Centro Tecnológico
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
57
A fachada oeste (Figura 35) possui sua configuração volumétrica com aberturas
que se repetem, a qual é marcada por pequenos rasgos na vertical e janelas em fita
de diferentes tamanhos posicionadas na horizontal. A forma geométrica retangular
das janelas é seccionada por pilares estruturais que ficam sobressalentes através de
uma reentrância que marca a fachada com uma paginação de material diferente.
Figura 35: Vista da fachada oeste
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
Quanto à paginação, o volume possui poucos elementos em suas fachadas os
quais contribuem para a estética da edificação. As fachadas são compostas por uma
mistura de diferentes revestimentos com pastilhas cerâmicas na cor branca, a qual
reveste toda edificação e reentrâncias em pintura acrílica de tons azuis claros, de
modo a criar uma composição diferenciada.
Figura 36: Declividade natural do terreno do acesso ao estacionamento
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
58
A forma linear do volume caracteriza uma configuração agrupada dos espaços
no interior da edificação, a qual possui uma linha central de circulação que distribui o
fluxo para os demais ambientes. A planta apresenta desenho espacial definido, com
espaços amplos, divididos em área administrativa, salas de ensino, biblioteca,
auditório com capacidade para 186 pessoas, sala de controle de som e um foyer com
pé-direito duplo, proporcionando maior amplitude ao espaço, cujo o mesmo está
localizado na entrada do centro tecnológico.
Figura 37: Auditório e foyer
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
Figura 38:Sala multimídia, laboratório de modelagem e sala de aula
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
No térreo (Figura 39) o acesso é feito através de uma pequena escadaria, e
possui uma rampa que atende as normas de acessibilidade para cadeirantes, o centro
também dispõe de um estacionamento com guarita para o controle de entrada e saída,
tendo acesso por uma rampa, a qual segue até a parte mais baixa do terreno, onde
está localizado o pavimento do semienterrado.
59
Figura 39: Planta baixa do pavimento térreo
Legenda:
Setor de ensino
WCs
Estacionamento
Setor administrativo
Circulação
Legenda dos ambientes:
123456-
789101112-
Foyer
Auditório
Sala de som
Sala de Telecomunicações
Laboratório de informática
Sala de Gerência
Central de ar (Auditório)
Recepção
Copiadora
Gestão CTPE
Ger. Financeira
Procuração de Conteúdo
13141516171819-
Sala de Reunião
Copa e Cozinha
WC’s
Biblioteca
Guarita
Lixeira
Estacionamento
Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013.
O primeiro pavimento tem acesso através de uma escada helicoidal e uma
rampa, que estão localizados no foyer do pavimento térreo, o mesmo possui as
configurações espaciais do térreo com ambientes definidos. O andar abriga salas de
ensino, sala de multimídia, laboratórios de modelagem, WC’s e as salas de incubação,
as
quais
tem
acesso
pelo
meio
de
uma
circulação
central
dispondo
perpendicularmente as salas, o que facilita o fluxo para o usuário (Figura 40).
60
Figura 40: Planta baixa do primeiro pavimento
Legenda:
Setor de ensino
Setor de incubação
Setor administrativo
WCs
Circulação
Legenda dos ambientes:
12345-
Sala Multimídia
Laboratório de Modelagem
Salas de aula
Incubadoras
WC’s
678910-
Secretaria
Sala de Reunião
Sala de Professores
Secretaria Gestor de Educação
Núcleo de Design
Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013.
No pavimento semi-enterrando, está localizado o setor laboratorial, com salas
de análise e pesquisa, salas de manipulação de produtos químicos, estufa, depósito
de utensílios, sala de treinamento, sala de técnicos, salas de incubação e os WC’s. O
local ainda tem apoio de uma sala externa a qual abriga a lavanderia, para testes.
Entretanto, por tratar-se de um espaço que foi adaptado a um centro
tecnológico, não sendo planejado inicialmente para essa finalidade, para comportar o
setor laboratorial, os ambientes são espacialmente pequenos o que compromete as
principais necessidades para o funcionamento adequado para o laboratório (Figura
41).
61
Figura 41: Setor laboratorial
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
Figura 42: Planta baixa do semi-enterrado
Legenda:
Setor laboratorial
Estacionamento
WC’s
Legenda dos ambientes:
1234-
Garagem
Depósito
Incubadora
Antessala
5678-
Incubadora
Sala de técnicos
Estufas
Autoclave
910111213-
Lavagem
Preparação
Recepção de amostras
WC’s
Lavanderia
Fonte: ITEP, adaptado pelo autor, 2013.
O acesso ao semi-enterrado é feito através de dois lances de escadas os quais
levam aos laboratórios e a garagem (Figura 43), o pavimento é desprovido de rampa
62
e não oferece acessibilidade, com espaços pequenos que não atendem as
necessidades, o local também comporta um estacionamento com trinta vagas, o qual
tem acesso por uma rampa externa.
Figura 43: Acesso ao estacionamento do semienterrado
Fonte: Williams Didier Victor. 2013
Os espaços internos recebem iluminação natural adequada, através das várias
aberturas que possibilitam sua incidência, propiciando aos ambientes, maior
amplitude o que confere ao usuário maior conforto. A edificação não possui um projeto
de iluminação artificial que dê destaque ao edifício, e o local não oferece iluminação
pública adequada, todavia nos ambientes internos, possui boa iluminação dos
ambientes.
Figura 44: Vista do foyer para a recepção
Fonte: Rodrigo Macêdo. 2013.
63
4.3.1. Análise Crítica: Potencialidades
A edificação possui boa localização e mantém proximidade com o centro da
cidade, permite fácil acesso ao local por estar próximo a BR 104 que facilita o
escoamento dos fluxos. A mesma possui adequada divisão espacial dos ambientes
no primeiro e segundo pavimento, com salas de aula com dimensionamento
satisfatório. Apesar da simplicidade de sua forma construída, a arquitetura do edifico
possui um diferencial com traços modernistas formados por uma composição de
elementos e aberturas, dando uma dinâmica nas fachadas simples da edificação.
4.3.2. Análise Crítica: Fragilidades
Apesar de apresentar configurações espaciais adequadas em alguns
ambientes, o local acomoda salas com espaços insuficientes para atendimento às
necessidades às quais o local é destinado.
O espaço do terreno é limitado impossibilitando a sua expansão, esse aspecto
levou a serem realizadas adaptações em alguns ambientes para atender as
necessidades. Possui poucas salas para incubação de empresas e as existentes não
têm espaço adequado.
O estacionamento no semi-enterrado é aparentemente pequeno, o qual será
adaptado para dar lugar a novas salas de incubação, deixando a edificação com um
número negativo de vagas no estacionamento externo. O centro não possui um
espaço adequado para feiras de amostras e convenções, tendo que se utilizar do foyer
para suprir essa necessidade.
64
4.4. ANÁLISE COMPARATIVA
ASPECTOS NEGATIVOS
ASPECTOS POSITIVOS
Tabela 1 – Quadro comparativo dos estudos de casos
PARQUE
ESTUDO DE CASO 02:
ESTUDO DE CASO 03:
TECNOLÓGICO, DOHA,
CENTRO TECNOLÓGICO
CENTRO TECNOLÓGICO
CATAR
MAHLE, JUNDIAÍ-SP
DO AGRESTE, CARUARUPE.
− Boa setorização dos
equipamentos;
− Vasto estacionamento;
− A forma de implantação
do estacionamento
permite fácil e rápido
acesso a edificação;
− Estacionamento
coberto o que
proporciona mais
conforto aos usuários;
− Separação dos
equipamentos de
acordo com seus usos;
− Proposta da coberta
metálica para minimiza
a incidência solar;
− Uso de detalhes da
cultura local na
concepção do projeto;
− Uso de elementos da
arquitetura local, para
minimizar a incidência
dos fatores climáticos;
− Proposta de área
prevista pra expansão;
− Uso de novos materiais
na composição
arquitetônica;
− Dispõe de três grandes
centros tecnológicos;
− Possui um grande
centro incubador.
− Boa localização do
equipamento;
− O local tem fácil acesso e
boa disposição dos fluxos
viários internos;
− A utilização das técnicas
de curvas de níveis no
partido arquitetônico e na
forma de implantação;
− As circulações internas
permitem boa conexão
entre os ambientes;
− Boa definição dos
ambientes;
− A forma de implantação
escalonada no terreno
inclinado minimizou a
remoção terra, evitando
maiores impactos
ambientais ao loca;
− A divisão em três volumes
permitiu melhor
setorização dos usos;
− Uso de elementos
construtivos funcionais na
composição das fachadas;
− Uso de espelhos d’água
na cobertura
proporcionando melhor
conforto térmico.
− O equipamento tem boa
localização, com fácil
acesso;
− O auditório é amplo,
apresentando boa
acústica;
− Possui boa disposição dos
espaços em alguns
ambientes;
− O local oferece rampas
para acessibilidade;
− Os banheiros atendem as
normas de acessibilidade.
− Não apresenta rampas
para acessibilidade;
− Comparado à dimensão
construtiva do
equipamento, o mesmo
não apresenta um
projeto paisagístico
adequado;
− Distância muito longa
entre as edificações.
− Falta de rampas para
acessibilidade;
− Estacionamento pequeno;
− Não possui bom
agenciamento
paisagístico.
− O espaço não dispõe de
área de expansão;
− Por estar localizado em
uma área com intenso
fluxo viário, o local
proporciona desconforto
acústico;
− Não possui espaço
adequado para incubação
de novas empresas;
− Em alguns pontos, o local
não possui acessibilidade;
− Alguns espaços têm
dimensões inadequadas.
Fonte: Williams Didier, 2013.
65
A partir da análise do quadro comparativo, foi possível observar com mais
clareza os principais aspectos abordados em cada estudo, o que permitiu identificar
as relevâncias positivas entre cada um dos estudos de caso e suas determinadas
fragilidades. Dessa forma, a análise dos estudos de caso concedeu melhor
compreensão sobre o tema e uma descrição mais adequada dos espaços que
constituem os centros tecnológicos.
Junto à apreciação das características dos estudos de caso que foram
apresentados, paralelamente à revisão literária, evidencia-se que o espaço edificado
pode ser de caráter privado ou público, podendo assumir uma relação com instituições
de ensino e empresas, ampliando o uso para diversas funções. O estudo contribuiu
para a escolha do terreno, implantação e zoneamento do espaço destinado ao Centro
Tecnológico, da mesma forma colaborou para elaboração o programa de
necessidades e pré-dimensionamento dos espaços.
66
5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS – EPP
As etapas pré-projetuais são passos utilizados na fase inicial do projeto
arquitetônico para análise dos diversos parâmetros que antecederam a fase do
planejamento do tema proposto. O presente capítulo apresenta as análises da escolha
da cidade e do terreno, nesta etapa são feitos os estudos iniciais necessários para o
desenvolvimento do objeto proposto, analisando todo o contexto de sua implantação
no espaço urbano, seguido do estudo dos condicionantes físicos e ambientais do
terreno. O estudo também aborda a análise sobre a legislação municipal, estadual e
nacional, as quais servirão de base para a definição do zoneamento e prédimensionamento dos espaços que vão compor o Centro de Tecnologia.
Posteriormente as etapas pré-projetuais são finalizadas com o programa
arquitetônico elaborado com base na análise dos estudos de casos, referências
literárias, dentre os outros aspectos analisados no decorrer do trabalho, sendo
alcançados os ambientes necessários para o funcionamento do espaço, seguido do
dimensionamento final, zoneamento e organofluxograma, onde todos estes deram
subsídio na elaboração do anteprojeto.
5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO
O local escolhido para implantação do anteprojeto foi à cidade de Caruaru –
Pernambuco, em razão do crescente potencial econômico que a mesma apresenta e
ainda devido à problemática apontada, a qual expressa a necessidade de possuir um
local adequadamente planejado para o desenvolvimento de tecnologia.
Caruaru está situada na mesorregião do agreste pernambucano, na região do
Vale do Ipojuca, a 137 km da capital Recife. Localizada em um ponto geográfico
importante, a cidade é cortada por duas rodovias, no sentido Leste e Oeste seu
território é cortado transversalmente pela BR – 232 e no sentido Norte e Sul cortado
longitudinalmente pela BR – 104, conectando a cidade com os principais municípios
produtores da região, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, fazendo dela a principal
rota comercial de Pernambuco.
67
Figura 45: Estudo do contexto urbano
N
SEM ESCALA
Legenda:
1
Terreno proposto
Centro Médico
Hospital UNIMED
Fórum de Caruaru
PE – 95
2
BR – 104
3 Av. Amazonas
Clube de Eventos
4 Av. Portugal
Fonte: Prefeitura de Caruaru, adaptada pelo autor. 2013
A cidade de Caruaru dispõe de vários empreendimentos produtivos, dos quais
o que mais se destaca é o mercado da moda com a produção de confecções, além
de outros importantes setores, o que faz dela um grande polo econômico. Pelo motivo
do seu reconhecimento na produção têxtil, visando a importância desse crescimento,
foi instalado na cidade, o Centro Tecnológico do Agreste, voltado exclusivamente para
este setor. Analisando o conjunto geográfico e a importância dos fatores urbanos foi
feita a escolha do terreno para a implantação do tema proposto voltado para o
desenvolvimento de tecnologia digital.
Para a escolha do terreno foi levado em consideração que o local dispusesse
de ampla área visando à expansão da edificação, já que a tecnologia está em
constante renovação a qual necessita de espaço para o seu desenvolvimento. Ao
mesmo tempo é importante estar localizado em área de fácil acesso e visualização, o
68
local também deve dispor de serviços de infraestrutura básicos como: pavimentação,
energia elétrica e rede de água.
5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO
A partir do contexto urbano, juntamente com as potencialidades identificadas
na área, o terreno proposto encontra-se, no bairro Universitário, o local caracteriza-se
pela predominância de edificações residenciais, com níveis de baixo adensamento
construtivo.
Figura 46: Planta de situação
Fonte: Acervo Williams Didier Victor. 2013
O local está próximo a centros médicos, universidade, repartições federais e
condomínios residenciais, a área se caracteriza por possuir parcelamento organizado
e sistema viário bem distribuído, com vias largas. O terreno situa-se nas extremidades
do perímetro urbano da cidade de Caruaru, as margens da rodovia estadual PE – 95,
que se conecta diretamente com a BR – 104, que se liga a BR – 232, deste modo
oferece suporte de acesso às cidades circunvizinhas.
69
Figura 47: Vista Frontal do terreno
Fonte: Williams Didier, 2013.
A escolha do terreno teve como principal critério, a sua facilidade de acesso ao
local, o que é de grande importância para sua logística tendo como via de circulação
principal, um acesso estadual, que facilita fluxo viário e está conectada com uma via
federal que liga outras cidades, também se encontra próximo à avenidas que ligam ao
centro da cidade. Outro critério foi sua boa localização, por estar situado em uma área
de expansão urbana.
Outro fator importante para escolha do local foi o fato de estar próximo aos
centros universitários da cidade, já que grande parte das atividades desenvolvidas em
centros tecnológicos está sempre ligada a pesquisas e ideias pré-concebidas em
instituições acadêmicas, como também a proximidade com empresas que necessitam
do apoio desse tipo de equipamento para desenvolverem parcerias.
70
Figura 48: Vista da face leste do terreno
Fonte: Williams Didier, 2013.
O terreno possui uma área de aproximadamente de 28.000 m² cujas dimensões
são necessárias para a implantação do anteprojeto prevendo área de expansão, o
mesmo faz confrontações com duas linhas de fluxo viário, ao norte com a PE – 95 e
a leste com a Avenida Amazonas. O local está próximo ao Campus Universitário da
ASCES, o Centro Médico do Agreste e o clube de eventos Palladium (Figura 45).
5.3. ANÁLISE 03: ESTUDO DOS CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS
Situado em uma área de expansão urbana da cidade, o local ainda dispõe de
grandes áreas não parceladas, e apresenta poucas construções no seu entorno, as
quais não constituem barreira física que venham a comprometer fisicamente na
incidência dos condicionantes climáticos.
Com relação à estrutura geográfica do terreno, a área apresenta uma superfície
com topografia com pequenas baixas devido à drenantes naturais com pequenos
declives, onde os mesmos serão considerados na fase do anteprojeto arquitetônico.
71
Quanto à incidência dos condicionantes naturais foi elaborado um esquema
gráfico conforme mostra a (Figura 49), o qual representa análise fundamental dos
principais fatores ambientais que incidem no terreno, e interpreta as áreas de principal
influência da ventilação e da insolação.
Figura 49: Estudo dos condicionantes naturais
Legenda:
Trajetória do Sol
Terreno
Fonte: Imagem cedida pela Prefeitura Municipal de Caruaru, adaptado pelo autor. 2013
Conforme a imagem apresentada, a análise demonstra maior incidência da
ventilação na face sudeste a qual recebe 70% dos ventos, já a face nordeste terá
menor influência com apenas 30%, quanto à insolação a representação da trajetória
solar, mostra que a face norte do terreno será a mais afetada. O estudo da influência
desses condicionantes contribuiu na melhor disposição dos ambientes e de seu
zoneamento na implantação da edificação no terreno.
72
5.4. ANÁLISE 04: ESTUDO DOS CONDICIONANTES LEGAIS
Esta etapa compõem análises que foram consideradas através dos parâmetros
especificados pela legislação vigente no local, o mesmo fez com que a edificação siga
as condições impostas pelas diretrizes aplicadas para o município. Para que o
anteprojeto seguisse todos os parâmetros direcionados, foi utilizado o Plano Diretor e
o Código de Obras do município, a NBR 9050 e o COSCIP - Código de Segurança
Contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco, obedecendo às exigências,
que refletiu na melhor adequação e concepção do anteprojeto.
5.4.1. Plano Diretor Municipal de Caruaru/ PE
De acordo com o plano diretor de Caruaru, a área proposta está localizada na
zona residencial 3 – ZR3 no bairro Universitário, caracterizado pela predominância de
adjacências de uso residencial unifamiliares e multifamiliares, a área também
apresenta tendência à verticalização e com vias de traçado regular.
A legislação vigente prevê diretrizes urbanísticas como coeficiente de utilização
3,0 e taxa de solo natural de 25%. Por se tratar de um equipamento de grande porte,
a legislação ainda prevê afastamentos que minimizem, o impacto construtivo, as
dimensões adotadas para recuos frontais de 5,00m, para um terreno de esquina, o
qual será aplicado a duas faces já que o mesmo possui duas testadas frontais, quanto
aos afastamentos laterais, são previstos 2,50m e recuo de 2,50m para os fundos do
terreno.
5.4.2. Código de Obras Municipal de Caruaru/ PE
Para a implantação do Centro Tecnológico buscou-se no código de obras da
cidade de Caruaru, trata-se de uma lei que determina os parâmetros construtivos para
o tipo de edificação que está sendo proposta, onde foi verificado que o mesmo não
apresenta uma lei específica pra o tipo de projeto a ser concebido. Com isso
adotaram-se leis as quais são impostas pelo plano diretor, que determina diretrizes e
parâmetros urbanísticos.
73
5.4.3. Norma ABNT: NBR 9050
A norma ABNT – NBR 9050 é dedicada à acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Onde a mesma tem a propriedade de
proporcionar a utilização autônoma e segura do espaço à maior quantidade possível
de pessoas, através de parâmetros técnicos a serem observados no projeto,
construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos.
Para acesso à edificação as rampas devem obedecer à largura mínima de 1,50
metros, dependendo do comprimento a ser percorrido, e ainda observar a declividade
recomendada para todos os vãos a se vencerem. As rampas deverão ainda ser
revestidas por material antiderrapante, possuir corrimão e guarda corpo. A
normatização recomenda ainda que as vagas de estacionamento destinadas aos
portadores de necessidades especiais e mobilidade reduzida, devem estar o mais
próximo quanto possível dos acessos principais da edificação.
Com o objetivo de compreensão, e decorrentes pesquisas, as principais
recomendações contidas na Norma Brasileira 9050 (2004) foram extraídas e dispostas
na tabela a seguir.
Tabela 2 – Síntese Normas NBR 9050
RESUMO DA NORMA NBR 9050
LOCAIS
ACESSOS
CIRCULAÇÕES
RECOMENDAÇÕES
Todas as entradas deverão ser acessíveis
Largura mínima de 0,90m;
Pisos com superfície regular e antiderrapante.
PORTAS
Deverão ter vão livre de 0,80m
As vagas destinadas a portadores de deficiência deverão possuir circulação
de 1,20m, podendo ser compartilhada por duas vagas.
VAGAS
ESTACIONAMENTO Quantificação:
Até 10 vagas, não necessita prever nenhuma vaga acessível.
De 11 a 100 vagas é necessário prever 01 (uma) vaga acessível.
Acima de 100 vagas totais, deverá reservar 1% do total para vagas
acessíveis.
Devem possuir, na área destinada ao público, espaços reservados para
P.C.R., assentos para P.M.R e para P.O. Devem estar localizados em rota
acessível e próximo à rota de fuga, distribuídos pelo recinto e ainda com
−
−
−
AUDITÓRIOS
74
assento para acompanhante. Devem ainda estar localizados em local com
boa visibilidade e local de piso plano horizontal. A tabela a seguir mostra a
quantidade dos espaços reservados para cadeirantes, pessoas obesas e com
mobilidade reduzida:
ESCOLAS
A entrada dos alunos deve estar localizada na via de menor fluxo de tráfego
de veículos. Deve existir pelo menos uma rota acessível que liga os alunos
às áreas administrativas, de recreação, alimentação, salas de aula,
laboratórios, bibliotecas, centros de leitura e demais ambientes, que deverão
também ser acessíveis.
BIBLIOTECAS
Todos os locais deverão ser acessíveis, e possuir 5% do total, com pelo
menos uma das mesas acessíveis, assim como os terminais de consulta por
meio de computadores deverão atender à esse total e ainda 10% sejam
adaptáveis à acessibilidade.
SANITÁRIOS
5% (cinco por cento) do total de cada peça sanitária deverão ser acessíveis,
com quantidade mínima de pelo menos 01 (uma) unidade de cada.
VESTIÁRIOS
Os boxes acessíveis deverão ter no mínimo 1,70 x 1,50m para rotação de
180º. As barras de apoio devem ter comprimento mínimo de 0,65m e diâmetro
de 0,03m.
As cabines individuais acessíveis deverão possuir as dimensões mínimas de
1,80 x 1,80m, com superfície de 0,80 x 1,80m e 0,46m de altura para troca de
roupas deitado.
Prever barras de apoio horizontais de comprimento mínimo de 0,80m e altura
de 0,75m do piso.
Fonte: NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, 2004.
Sintetizado pelo autor, 2013.
5.4.4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico de Pernambuco –
COSCIPE
O COSCIP - Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para o Estado de
Pernambuco, tem a finalidade de estabelecer condições mínimas de segurança contra
incêndio e pânico nas edificações. São da competência do próprio Corpo de
75
Bombeiros o estudo, análise, planejamento, fiscalização e execução das normas que
fazem obedecer ao assunto.
O centro de desenvolvimento tecnológico vem a ser enquadrado em vários
parâmetros segundo o Cap. II, referente à classificação das ocupações, pois, virá a
possuir um programa de necessidades com diferentes usos. Portanto, o espaço pode
ser classificado segundo suas ocupações:
−
Tipo “H” – Edificação de Reunião Pública, “cuja natureza de ocupação
específica venha a congregar uma população flutuante ou temporária em um dado
momento, provocada por um evento isolado esporádico, transitório ou descontínuo”
(Art. 7º, VIII). A classificação é referente ao espaço para Convenções.
Devido ao espaço ser um local para o desenvolvimento tecnológico, o programa
de necessidades irá prever espaços para salas de ensino e pesquisa, o que a encaixa
ainda como:
−
Edificações escolares, “são aquelas destinadas ao ensino pedagógico, à
formação, aperfeiçoamento, habilitação, e atualização de profissionais, à educação
ou à formação escolar em todos os graus” (Art. 18º).
“As edificações escolares apresentam como característica básica a existência
de um grupo de pessoas reunidas para os fins descritos anteriormente, com
permanência de tempo não inferior a 60 (sessenta) dias” (δ 1º).
Tabela 3 – Resumo das normas do COSCIP
QUADRO SÍNTESE DO CÓDIGO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
ARTIG
O
DESCRIÇÃO
Art. 40
Será obrigatória a instalação de extintores de incêndio nas edificações previstas neste
Código, independentemente da existência de qualquer outro sistema de segurança.
Art. 57
A reserva mínima para combate a incêndios deverá ser dimensionada em função da
classe de ocupação do risco correspondente, em conformidade com o disposto na
tabela abaixo:
76
Art. 107
O sistema de proteção por chuveiros automáticos tem por finalidade a proteção de
áreas de maior risco, evitar a propagação dos incêndios e garantir um caminhamento
seguro às rotas de fuga.
Art. 132
e 140
É exigido que o edifício possuísse um sistema de chuveiros automáticos em todas as
áreas de circulação e garagem, além de um sistema de detecção e alarme de incêndio.
Art. 142
Os sistemas e dispositivos para evacuação das edificações classificadas neste Código
serão exigidos em função de sua classe de ocupação e destinam-se a:
Possibilitar que sua população possa abandoná-las, em caso de sinistro, no menor
espaço de tempo possível, e protegido em sua integridade física;
− Permitir o fácil acesso de auxílio externo, para o combate ao sinistro e a retirada
da população.
Os sistemas e dispositivos de evacuação devem dotar as edificações de um
caminhamento seguro e protegido, dos pontos mais afastados até as saídas de
emergência, em cada pavimento, e destas até as áreas de descarga.
−
Art. 143
Art. 175
As portas das saídas de emergência e as portas das salas e compartimentos com
capacidade acima de 50 (cinquenta) pessoas, e em comunicação com os acessos,
devem abrir no sentido de trânsito de saída.
Art. 178
Em salas com capacidade acima de 200 pessoas, a porta de comunicação com o
acesso deverá ser dotada de ferragens ou dispositivos do tipo anti-pânico.
Fonte: Lei nº 11.186- Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para Pernambuco- COSCIP,
1994. Sintetizado pelo autor, 2013.
5.5. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO
A partir da análise dos estudos de caso foi possível se obter os dados
necessários para a elaboração desta etapa, onde foi elaborado um quadro com todas
as informações obtidas, as quais foram essenciais para a elaboração do programa de
necessidades e do dimensionamento dos ambientes que constituem o centro de
tecnologia.
77
Através da análise das plantas nos estudos de caso, foi possível identificar os
ambientes que compõem o espaço, que permitiu ainda distinguir ordem setorial na
composição organizacional do equipamento. O arranjo de um centro de tecnologia é
dividido em quatro zonas: o Centro Incubador, Área de Desenvolvimento e Pesquisa,
Área de Convenções com auditório e a Área administrativa, tais características foram
fundamentais para a elaboração do anteprojeto.
O dimensionamento constitui no quadro de áreas por ambientes, o qual foi
obtido juntamente com o programa de necessidades, de forma a atender às
exigências de cada setor. Foi elaborado com base nas informações obtidas no estudo
de caso presencial, algumas dimensões foram adotadas, já outras puderam ser
utilizadas como base as referências espaciais da NBR 9050, com dimensões que
atendessem os critérios voltados para as normas de acessibilidade.
ÁREA ADMINISTRATIVA
QTD.
Tabela 4 – Programa e Dimensionamento
PROGRAMA
ÁREA
ÁREA TOTAL
01
Recepção e Lobby
58,15m²
58,15m²
01
Administração
50,00m²
50,00m²
01
WC Feminino
18,00m²
18,00m²
01
WC Masculino
18,00m²
18,00m²
01
Sala da Superintendência
22,00m²
22,00m²
01
Sala da Gerência Administrativa
21,80m²
21,80m²
01
Sala da Gerência Financeira
21,00m²
21,00m²
01
Sala de Reunião
50,00m²
50,00m²
01
Sala Direção
24,00m²
24,00m²
01
Sala Coordenação
27,00m²
27,00m²
01
Sala Professores
55,22m²
55,22m²
01
Secretaria
63,90m²
63,90m²
01
Arquivo
24,00m²
24,00m²
02
Copa
9,00m²
18,00m²
01
Depósito
10,00m²
10,00m²
02
Banheiro Acessível Feminino
2,89m²
5,78m²
02
Banheiro Acessível Masculino
2,89m²
5,78 m²
01
Almoxarifado
21,30m²
21,30m²
INCUBADORAS
AUDITÓRIO
78
01
Depósito de Material de Limpeza (DML)
6,00m²
6,00m²
01
Foyer
314,79m²
314,79m²
02
Antecâmara
6,70m²
13,40m²
01
Auditório
424,80m²
424,80m²
01
Palco
82,00m²
82,00m²
01
Coxia
35,65m²
35,65m²
01
Camarim
15,82m²
15,82m²
02
WC
2,89m²
5,78m²
01
Controle de som
14,00m²
14,00m²
01
WC Feminino
11,00m²
11,00m²
01
WC Masculino
11,00m²
11,00m²
01
Recepção
4,60m²
4,60m²
02
Laboratório de Informática
50,00m²
100,00m²
06
Salas de Aula e Treinamento
50,00m²
300,00m²
02
Salas Multimídia
50,00m²
100,00m²
01
Laboratório de Análise e Pesquisa
100,00m²
100,00m²
01
Biblioteca
153,00m²
153,00m²
01
Laboratório de Informática (1º Pavimento)
100,00m²
100,00m²
01
Laboratório de Análise e Pesquisa (1º Pavimento)
153,00m²
153,00m²
10
Salas de Incubação de Empresas
50,00m²
500,00m²
04
Depósito de Material de Limpeza (DML)
5,00m²
20,00m²
ÁREA TOTAL
3.583,37m²
Estacionamento (84 vagas)
1.135,28m²
Fonte: Williams Didier, 2013.
5.6. ORGANOFLUXOGRAMA
O organofluxograma é um diagrama utilizado nos projetos de arquitetura,
resulta da união de dois processos. O primeiro, o organograma é utilizado para a
representação organizacional dos ambientes, através da disposição hierárquica, que
demonstra representação esquemática dos setores e suas conexões, enquanto que o
fluxograma aponta a relação de tráfego dos ambientes, desta forma permitiu a
realização da análise sobre intensidade dos fluxos responsáveis pela ligação dos
demais setores.
79
Figura 50: Esquema gráfico organofluxograma
Fonte: Williams Didier, 2013.
80
6. ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO
6.1. MEMORIAL
O centro tecnológico está inserido no bairro universitário da cidade de Caruaru
– PE, localizado em um terreno de topografia em declive e vegetação rasteira de
arbustos, sem a presença de árvores em sua totalidade, implantado em uma área de
expansão urbana, possuindo vista para a paisagem edificada da cidade. O local
possui duas faces frontais as quais orientou a implantação do anteprojeto, definida
também a partir dos fatores físicos e naturais do local, possibilitando assim o
zoneamento do anteprojeto.
A infraestrutura viária foi um dos fatores que determinou o acesso geral ao
espaço, devido as principais faces do terreno ser paralelas, as quais se confrontam
com duas vias locais, a PE-95 e a Av. Amazônia, das quais, para o acesso principal a
edificação, foi levada em consideração a de menor fluxo.
A entrada geral é controlada por uma guarita e está ligada a dois acessos, um
que leva diretamente a centro de ensino e de incubação, e outro por uma esplanada
de eixo leste, oeste, disposta paralelamente a edificação que abriga as incubadoras,
se integrando com uma praça central para a concentração de pessoas, a qual conecta
os usuários aos eixos centrais de acesso as demais edificações.
81
Figura 51: Implantação do Centro Tecnológico
Fonte: Williams Didier, 2013.
A solução volumétrica partiu de três volumes distintos, divididos por função o
centro administrativo, o centro de convenções e o centro incubador e pesquisas
ambos conectados por eixos de ligação, os quais foram separados por recortes não
ortogonais, onde procurou-se quebrar a simetria dos volumes de modo que
proporcionasse maior dinamicidade à volumetria dos blocos.
O partido arquitetônico adotado surgiu dos conceitos que envolvem o campo
da inovação tecnológica, buscando em sua forma mutável a velocidade de evolução
e de conexão, os quais foram proporcionados pelo desenvolvimento de novas
tecnologias no decorrer histórico, provocando grande impacto na sociedade atual.
82
Figura 52- Circuitos impressos de um processador em uma placa mãe de computador
Fonte: http://www.tecnomundo.com.br. Acesso em out. de 2013.
A partir desses conceitos, buscou-se elaborar no projeto, espaços flexíveis que
apresentassem acessos rápidos, fluidez nos fluxos e que ao mesmo tempo
estivessem conectados, como em uma CPU14 de computador, em que tudo está
interligado através de circuitos que se ligam a um processador central, onde cada
componente exerce sua função (Figura 52).
Foi através de uma arquitetura com volumes fragmentados, com traços não
lineares e ainda da irregularidade dos polígonos, buscou-se impacto e a dinâmica de
volumes arquitetônicos em suas formas bidimensionais e tridimensionais.
O centro incubador foi idealizado em um volume linear em forma retangular
com uma pequena deflexão no seu eixo, de modo a quebrar sua linearidade,
posicionado no sentido leste oeste, a composição da forma volumétrica é constituída
a partir de septos em concreto armado, em formas de réguas de madeira, deixando-o
aparente em sua forma bruta, criando assim uma textura superficial.
Com formas de polígonos irregulares, os septos têm alturas que variam de 11
a 13 metros, os quais estão dispostos um paralelo ao outro, criando um sistema
estrutural único, que por sua vez suporta duas lajes de concreto, dividindo o bloco em
Sigla inglesa de Central Processing Unit, que significa “Unidade Central de Processamento” também
conhecido como processador. Fonte: http://www.significados.com.br/cpu. Acesso nov. de 2013.
14
83
dois pavimentos. A coberta em laje impermeabilizada proporcionou à edificação mais
leveza, a qual se tem a impressão que repousa sobre uma caixa de vidro, protegida
pelos septos, os quais ao se intersecionarem criam aberturas triangulares na fachada,
deixando aparente a transparência dos panos de vidro.
Figura 53: Perspectiva da fachada posterior do Centro Incubador
Fonte: Williams Didier 2013
Os septos foram posicionados linearmente, mas afastados uns dos outros de
modo a criar frestas entre si, permitindo a entrada de ventilação e iluminação natural,
que também é proporcionada por aberturas na laje da coberta. Espelhos d’água no
entorno da edificação, juntamente com jardins internos criam um micro clima
maximizando o conforto térmico no interior da edificação.
O volume possui um pátio interno central, dividindo o bloco ao meio, porém
permanece conectado através dos septos de concreto e da coberta, uma passarela
no primeiro pavimento mantem a conexão entre os volumes, a mesma se projeta para
o exterior da edificação, através de um rasgo formado pela intersecção dos septos,
criando um terraço e ao mesmo tempo marcando o segundo acesso da edificação.
84
Figura 54: Vista para o pátio central do Centro Incubador
Fonte: Williams Didier 2013
Inicialmente os ambientes foram dispostos paralelamente a uma circulação de
formato irregular (Figura 55), quebrando o paralelismo no interior da edificação, deste
modo as salas passariam a ter um espaço disforme o que tornaria a divisão espacial
inadequada, então optou-se por manter um ortogonalidade nos ambientes tendo
assim mais uniformidade em seu interior (Figura 56).
Figura 55: Estudo preliminar da divisão espacial do Centro incubador
Fonte: Williams Didier 2013
85
Figura 56: Planta baixa definida do Centro Incubador
Fonte: Williams Didier 2013
O espaço que corresponde às salas de aula e às incubadoras foram
rotacionados em relação ao eixo principal da edificação, de modo que ficassem
sacando dos septos de concreto na parte externa, criando uma assim um bloco
retangular saliente com um grande pano de vidro na fachada, por sua vez tendo 9
metros de altura, dando mais assimetria a volumetria. Parte do volume que saca dos
septos possui coberta em isotelha que admite uma inclinação de 6%, permitindo uma
platibanda baixa, sem que altere a estética desejada.
Figura 57: Perspectiva da fachada frontal do Centro Incubador
Fonte: Williams Didier 2013
O bloco está dividido em dois pavimentos. No térreo, está localizada a área
acadêmica, com salas de aula utilizadas para treinamento, laboratórios de informática,
salas multimídias, baterias de banheiros, biblioteca e um laboratório para o
desenvolvimento de análises e pesquisas. O primeiro pavimento foi destinado para
abrigar um ambiente corporativo, privado ao desenvolvimento de novas empresas,
86
com salas destinadas a incubação de novos empreendimentos, bateria de banheiros,
laboratórios de informática, de análise e pesquisa dão apoio as incubadoras.
O auditório foi implantado no eixo longitudinal do terreno acompanhando as
curvas de níveis mais acentuadas, de forma que evitasse grandes remoções de terra,
acomodando assim sua arquibancada ao desnível natural do terreno. A edificação
encontra-se separada dos demais volumes, embora esteja conectada pela praça
central, cuja intenção foi criar um ambiente de convenções isolado, de forma que os
eventos ali realizados não viessem a causar transtorno ao setor de ensino e
incubação.
Figura 58: Planta baixa do Auditório
Fonte: Williams Didier 2013
Com uma forma volumétrica monolítica, o auditório é circundado por espelhos
d’água e septos de concreto em forma de polígonos irregulares que se encontram
paralelos ao volume central, os mesmos têm o objetivo de ocultar as saídas de
emergência e as entradas para o camarim, deixando a edificação com uma fachada
limpa, mas apresentando certa dinamicidade em sua composição, juntamente com
jardins internos por onde se sobressaem palmeiras entre os septos.
87
Figura 59: Perspectiva do Auditório
Fonte: Williams Didier 2013
Os acessos ao auditório são feitos a partir da entrada principal marcada por
uma grande laje impermeabilizada que abriga o foyer, entradas laterais através de
uma rampa entre os espelhos d’agua, as quais levam o usuário aos camarins, a
entrada tem ainda ligação direta com as saídas de emergência que estão
posicionadas paralelamente à circulação.
Figura 60: Perspectiva do Auditório
Fonte: Williams Didier 2013
Antecâmaras posicionadas paralelamente uma a outra são utilizadas para
isolamento acústico, as quais por sua vez acesso ao interior do auditório que possui
88
uma área de 425 m², com capacidade para 254 pessoas, dispostas em uma
arquibancada escalonada para melhor visibilidade da plateia, em degraus com altura
de 15 cm e piso com espaçamento de 1,10 m, espaço delimitado para comportar uma
cadeira e a circulação entre os assentos para os usuários, na parte mais alta, 6 vagas
foram destinadas para deficientes físicos.
Figura 61: Corte longitudinal do Auditório
Fonte: Williams Didier 2013
O espaço também comporta uma sala para o controle de som, um palco o qual
possui acesso pelo camarim o qual está conectado a uma coxia, espaço que antecede
a entrada ao palco. O espaço possui um pé direito que varia de altura de 5 a 6 metros,
o mesmo recebeu tratamento acústico com forro em placas refletoras dispostas de
forma escalonada, evitando o paralelismo, proporcionando maior dispersão sonora.
Uma platibanda oculta a coberta do auditório que está disposta em uma
estrutura metálica com duas águas, a mesma foi utilizada para vencer o vão, que em
seu maior comprimento possui 17 metros de largura, o qual é forrado com isotelhas,
que permitem uma inclinação mínima de até 6%.
O bloco administrativo está posicionado paralelo ao eixo central do terreno, o
volume possui duas entradas distintas, uma privada aos funcionários próxima ao
estacionamento, e outro acesso geral se abre para a praça central conectando o
usuário as demais edificações.
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Figura 62: Planta baixa do bloco administrativo
Fonte: Williams Didier 2013
O volume do centro administrativo está configurado em forma de um cubo, onde
uma circulação central corta o bloco de vértice a vértice, cruzando toda a edificação,
dividindo-o em duas partes locadas por função, de um lado a administração
acadêmica do outro administração geral, com salas dispostas a circulações periféricas
voltadas para o interior do edifício. No centro um hall de recepção se abre para vários
jardins, os quais formam átrios, permitindo a entrada de iluminação e ventilação
natural.
Com a forma pura de um cubo, o volume é composto por recortes diagonais
formando aberturas em panos de vidro de forma triangular dispostos nos vértices da
edificação. Septos paralelos às faces transformam a singularidade do bloco,
proporcionando mais dinâmica a fachada e ao mesmo tempo protegendo os
ambientes da incidência solar.
90
Figura 63: Perspectiva geral do centro tecnológico
Fonte: Williams Didier, 2013.
O resultado final é um espaço arquitetônico, com edificações distintas, que
assumem posições definidas por função, as quais se mantém conectadas por meio
de praças de concentração e convivência, e esplandas que conduzem o usuário,
permitindo que o observador tenha visualização de todo ambiente edificado criando
assim um cenário urbano, se integrando a paisagem na qual está inserida.
91
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa desenvolvida ao longo da disciplina revelou as potencialidades que
a região apresenta e a importância de ter em seu âmbito um equipamento voltado
para o desenvolvimento da tecnologia digital, onde foi visto que estes equipamentos
assumem um papel importante para o local em que estão inseridos, os quais têm por
finalidade abrigar empresas de base tecnológica que proporcionem desenvolvimento
e inovação para o ramo empresarial local através da produção de novas tecnologias.
Diante das potencialidades da cidade de Caruaru, observou-se ainda que a
mesma possua um local para o desenvolvimento de tecnologia voltado
especificamente para o mercado da moda. Porém, não supre suas necessidades, o
qual apresenta fragilidades por não existir um espaço especialmente planejado para
tal finalidade.
A partir do estudo do contexto em volta da temática, o trabalho teve como
objetivo elaborar um anteprojeto para um Centro de desenvolvimento de tecnologia
digital para a cidade de Caruaru, o qual decorra com o propósito de apoiar os demais
empreendimentos do setor produtivo local, aonde através de pesquisas e novas
tecnologias venham a proporcionar melhorias para a localidade.
Desta forma, para o cumprimento do objetivo proposto, este trabalho de
graduação estudou e apresentou as particularidades provenientes da temática para o
desenvolvimento do equipamento, baseando-se em estudos literários e análises
práticas sobre o tema. O mesmo foi complementado com o produto inicial desejado,
através da elaboração do anteprojeto arquitetônico para o espaço de tecnologia
digital.
92
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
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