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Mal-Estar e Bem-Estar Docente e Educação Inclusiva: um Estudo
em Escolas Públicas e Privadas de Porto Alegre
V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Jamile Zacharias1, Claus Dieter Stobäus1 (orientador)
1
Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, PUCRS 2
Resumo
Introdução
A temática do mal-estar docente vem sendo investigada desde a década de 1970 e
reflete uma preocupação mundial. Segundo Stobäus, Mosquera e Santos (2007, p. 262), os
problemas que afligem os docentes encontram-se “ligados à própria origem, ao
desenvolvimento histórico e à valorização social dessa profissão”. Isto porque, antigamente,
os professores eram respeitados e tinham prestígio, sendo considerados uma fonte de
sabedoria. Com as mudanças sociais, econômicas e políticas que ocorreram nas últimas
décadas, e com a democratização do conhecimento, o professor foi perdendo seu
reconhecimento social, seu status, e sua profissão passou a ser desvalorizada. Logo, “o malestar docente é doença social que provoca a pessoal e é causado pela falta de apoio da
sociedade aos professores, tanto no terreno dos objetivos de ensino, como nas compensações
materiais e no reconhecimento do status que se lhes atribui” (STOBÄUS; MOSQUERA 1996,
p. 141). Dentre as causas do mal-estar docente podemos destacar: carência de tempo para
realizar um trabalho de qualidade; descrença no ensino como elemento modificador da
aprendizagem dos alunos; modificação no conhecimento, provocando ansiedade e sentimento
de inutilidade; deficiência do Estado como desencadeador de uma educação eficiente; falta de
uma Filosofia de Educação analisada e discutida por todos; necessidade de uma educação para
a cidadania; e deficiência em considerar o conhecimento como modificador da sociedade
(STOBÄUS; MOSQUERA 1996).
Nesta perspectiva, muitos docentes sentem-se insatisfeitos, desvalorizados, esgotados,
apáticos, frustrados, com baixa auto-estima, baixa motivação e desejo de abandonar a
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profissão, caracterizando manifestações de mal-estar (JESUS, 2004). Estudos têm
comprovado que os professores que iniciam a carreira manifestam um grau maior de mal-estar
(JESUS, 2001), devido ao choque com a realidade plural da sala de aula e com a distorção de
valores por parte dos alunos. Associado a isto, surgem outras questões que contribuem para o
mal-estar, como a falta de preparo do professor e apoio para realizar a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais (NEE). No entanto, têm professores que, apesar das
complexas adversidades presentes na educação, conseguem desenvolver bem-estar na
profissão.
Segundo Esteve (1994, p. 24-25, tradução nossa), o conceito de mal-estar docente vem
sendo utilizado para “descrever os efeitos permanentes de caráter negativo que afetam a
personalidade do professor como resultado das condições psicológicas e sociais em que se
exerce a docência”. Estas condições psicológicas e sociais estão produzindo um “ciclo
degenerativo da eficácia docente” (BLASE, 1982 apud ESTEVE, 1994, p. 25, tradução
nossa). Neste sentido, Blase (1982 apud ESTEVE, 1994) estabeleceu uma classificação dos
possíveis fatores que configurariam a presença de mal-estar docente: os fatores de primeira
ordem ⎯ que incidem diretamente sobre a ação docente, gerando tensões de caráter negativo
em sua prática cotidiana, como recursos materiais e condições de trabalho, violência nas
instituições escolares e esgotamento docente e acumulação de exigências sobre o professor ⎯
e os fatores de segunda ordem ⎯ que incidem indiretamente sobre a ação docente,
relacionando-se com as condições ambientais e o contexto em que se exerce a docência, como
modificação no papel do professor e dos agentes tradicionais de socialização, contestação e
contradições da função docente, modificação do apoio do contexto social, objetivos do
sistema de ensino e avanço dos conhecimentos e imagem do professor. Ademais, os fatores de
segunda ordem afetam a eficácia do professor ao promover uma diminuição da sua motivação
no trabalho, no que diz respeito a sua implicação e ao seu esforço.
Desse modo, pensamos ser importante realizar uma pesquisa que analise os aspectos
do mal-estar e do bem-estar docente e sua relação com a educação inclusiva, para reunirmos
informações que possam contribuir no aprofundamento desta temática, possibilitando um
olhar mais real da profissão docente, bem como servindo de apoio aos professores que sofram
de mal-estar, na medida em que se identificarão com outros colegas de profissão e terão
exemplos positivos de professores que desenvolvam bem-estar. Diante desta proposta,
formulamos o seguinte problema: que aspectos do mal-estar e do bem-estar docente estão
presentes em escolas públicas e privadas que realizem inclusão de alunos com NEE no
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município de Porto Alegre? Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar os
aspectos do mal-estar e do bem-estar docente em escolas públicas e privadas que realizem
inclusão de alunos com NEE no município de Porto Alegre. Para tanto, foram traçados os
seguintes objetivos específicos: analisar os aspectos do mal-estar docente; analisar os aspectos
do bem-estar docente; e identificar os fatores e sintomas do mal-estar e bem-estar docente
perante a inclusão de alunos com NEE.
Metodologia
A abordagem metodológica será de cunho quanti-qualitativo. Para tanto, estamos
realizando a revisão de literatura acerca do tema da pesquisa e utilizaremos como
instrumentos questionários e entrevistas semi-estruturadas. Os questionários já vêm sendo
utilizados em outras pesquisas, como o de Jesus (1997), portanto, estão validados. Serão
trabalhados com base na Análise de Estatística Descritiva e Inferencial, que será realizada
com auxílio de professor de Estatística. As entrevistas semi-estruturadas serão
complementares e trabalhadas com base na Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2004).
Os sujeitos da pesquisa serão professores de escolas públicas e privadas que realizem inclusão
de alunos com NEE no município de Porto Alegre e que aceitarem participar da pesquisa,
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Como a pesquisa está em projeto e não foi realizada a análise de dados, ainda não
temos resultados nem conclusões formulados.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
ESTEVE, José M.. El Malestar Docente. 3. ed. Barcelona: Paidós, 1994.
JESUS, Saul Neves de. Psicologia da Educação. Coimbra: Quarteto, 2004.
______. Pistas Para o Bem-Estar dos Professores. Educação, Porto Alegre, ano XXIV, n. 43, p. 123-132, abr. 2001.
______. Bem-Estar dos Professores. Estratégias para Realização e Desenvolvimento Profissional. Coimbra: Edição do
Autor, 1997.
STOBÄUS, Claus Dieter; MOSQUERA, Juan José M.. O Mal-Estar na Docência: Causas e Conseqüências. Educação, Porto
Alegre, ano XIX, v. 19, n. 31, p. 139-146, 1996.
STOBÄUS, Claus Dieter; MOSQUERA, Juan José M.; SANTOS, Bettina Steren dos. Grupo de Pesquisa Mal-Estar e BemEstar na Docência. Educação, Porto Alegre, ano XXX, n. especial, p. 259-272, out. 2007.
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