Testes Genéticos: Novo horizonte na Medicina Personalizada
Os seres humanos são indivíduos únicos. Com a exceção dos gêmeos idênticos, nossos
genomas são únicos também. Apesar de todos sermos geneticamente muito semelhantes, há
pequenas diferenças no DNA que são particulares de cada um e que nos tornam únicos em
termos de saúde, doença e da nossa resposta a determinados tratamentos.
As variações naturais (polimorfismos do DNA) encontradas nos nossos genes
desempenham um papel no nível de risco de desenvolvermos ou não determinadas doenças. A
combinação dessas variações em diversos genes – juntamente com numerosos fatores
externos, tais como o ambiente, a dieta e o exercício – afetam o risco de cada indivíduo. As
variações genéticas naturais também fazem parte da razão pela qual os mesmos fármacos
funcionam bem em determinado indivíduo e não em outro. As variações do DNA podem levar
a diferenças na forma como os fármacos são absorvidos, metabolizados e usados pelo corpo. A
compreensão dessas variações genéticas e das suas interações com os fatores ambientais
auxilia aos pesquisadores a produzir melhores diagnósticos e fármacos e aos médicos a
escolher melhor os tratamentos e doses, com base nas necessidades individuais do paciente,
caracterizando assim esta nova abordagem de diagnóstico e tratamento como Medicina
Personalizada.
A Medicina Personalizada se utiliza dos novos métodos de análise molecular do
genoma humano para administrar melhor o tratamento de doenças ou da predisposição às
doenças apresentada pelo paciente. Esta abordagem inovadora tem por objetivo alcançar
melhores resultados na prática clínica, ajudando os médicos e pacientes a escolher as formas
de tratamento da doença com maior probabilidade de sucesso, dentro do contexto do perfil
genético individual e ambiental do paciente. Estes objetivos são alcançados através de
programas de rastreamento genético que diagnosticam com precisão doenças e seus subtipos,
ou ajudam os médicos a selecionar o tipo e dose de medicação mais adequada para
determinado grupo de pacientes. Os tratamentos podem incluir a administração de uma
terapia farmacológica, bem como recomendações de mudanças no estilo de vida que podem
retardar o início de uma doença ou reduzir seu impacto.
Os testes de diagnóstico molecular já estão sendo utilizados na prática clínica, seja
para identificar aquelas pacientes com câncer de mama e de cólon que têm maior
probabilidade de se beneficiar dos novos tratamentos, seja para as pacientes recentemente
diagnosticadas com câncer de mama invasivo em estágio inicial que poderão agora ser
testadas quanto à probabilidade de recorrência. Em outro exemplo, o teste genético para
pacientes com cardiopatias hereditárias pode ajudar os médicos a definir a linha de
tratamento para a hipertensão que será prescrita e assim maximizar o benefício e minimizar os
efeitos colaterais graves.
O paradigma da medicina personalizada pode ser ilustrado da seguinte maneira:
Esta seta reflete o fluxo atual e os pontos de intervenção que sofreriam mudanças à
medida que a medicina for se tornando mais personalizada. O teste de detecção precoce
continuará baseado no risco da população em geral (ex.: mamografias), enquanto as novas
formas de avaliação de risco serão incorporadas (ex.: determinações de quais mulheres são
portadoras de uma mutação genética que aumenta seu risco de desenvolver câncer). Apesar
de a verdadeira prevenção precisar ocorrer antes que os sintomas da doença estejam
presentes, uma melhor avaliação do risco permite a aplicação de um monitoramento mais
dirigido (ou seja, mulheres com essa variação genética deveriam fazer mamografias com maior
freqüência); seguidos do diagnóstico baseado nos sintomas, através do qual o monitoramento
molecular pode, possivelmente, identificar os subtipos da doença que não podem ser
determinados clinicamente. Esse diagnóstico pode ou não levar a uma terapia dirigida, mas de
qualquer maneira, também é possível se beneficiar das melhorias no monitoramento da
resposta do paciente a determinada terapia.
Estas novas tecnologias utilizam o DNA do paciente retirado de células da mucosa
bucal para detectar alterações genéticas em indivíduos com risco elevado para várias doenças
complexas como câncer de pulmão, câncer de próstata, doenças cardiovasculares, e diabetes
entre outras. Alguns destes testes auxiliam os médicos a prescrever uma terapia mais eficaz
para os indivíduos, com base em seus perfis genéticos. Outros testes são preditivos e medem a
susceptibilidade a doenças hereditárias aonde o ambiente ou o comportamento podem
desencadear o aparecimento da doença nas pessoas geneticamente mais vulneráveis.
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