Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Aluna: Solange Alberti Andrzejewski1 Orientador: Marcos Abilio Bosquetti2 Tutor: Maria Luciana Biondo Silva3 Resumo Abstract Este artigo objetiva avaliar os aspectos epidemiológicos e o atendimento antirrábico humano realizado pelas equipes da Estratégia Saúde da Família nos nove centros de saúde do Distrito Sanitário Leste. Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter descritivo com abordagem quantitativa. Foi aplicado um questionário para 61 profissionais de tais centros. Através da investigação epidemiológica, essas equipes atendem e acompanham pacientes acometidos por mordedura de animais utilizando os protocolos estabelecidos pela Norma Técnica para Tratamento Profilático Antirrábico Humano em conformidade com as diretrizes nacionais e internacionais para a proteção em humanos contra o vírus da raiva. A pesquisa mostra como está o conhecimento desses profissionais sobre raiva humana, como estão efetuando esse atendimento e aponta como principal sugestão a elaboração de capacitações em serviços para as equipes de saúde. This research work has aimed evaluate the human anti rabies epidemiologic aspects and related treatment activities developed by the family health care strategic teams from Florianopolis’ East Sanitation District. The research work presents a quantitative analysis of existing qualitative data and from information taken from a survey applied to 61 East District professionals. The epidemiologic investigation, the heath care and follow up of patients bitten by animals were accessed through form protocols based on the national Human Prophylactic Anti-rabies Standard that is in accordance to human protection to rabies viruses national and international guidelines. The research shows that the analysis of the processes used, available resources the capability of the personnel involved are key to point out training needs and adjustment of processes and resources. Palavras-chave: Antirrábico. Vigilância Epidemiológica. Saúde da Família. 1 Key words: Anti rabies. Epidemiological Suveillance. Family Health. Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1981). Especialização em Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1990). E.mail: [email protected]. 2 Doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo – USP (2009) modalidade sanduíche com estágios na Melbourne University, Australia (2008) e na McGill University, Canada (2007). E-mail: [email protected]. 3 Graduação em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI (2000). Especialização (Lato Sensu) em Gestão de Pessoas nas Organizações pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2011). E-mail: [email protected]. Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos 1 Introdução A raiva, que ainda é considerada um grave problema de saúde pública, é uma doença infecciosa, de etiologia viral e caráter zoonótico, e de alta letalidade, transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico, presente na saliva e em secreções de animais infectados. Estima-se que ocorram 55.000 óbitos de raiva humana ao ano, a maioria transmitida por cães, principalmente na África e Ásia. No Brasil, em 2011, ocorreram dois casos de raiva humana, ambos na região Nordeste, e, em 2012, foram confirmados dois casos, um no Nordeste e outro na região Centro-Oeste. Desde 1987, não há registro de casos de raiva humana nos estados do Sul, sendo o último caso ocorrido no estado do Paraná (BRASIL, 2009a). Devido ao elevado número de casos de raiva humana transmitida principalmente por cães nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, municípios e estados desenvolveram atividades e regulamentações direcionadas ao controle de zoonoses, particularmente a raiva. Em 1973, foi instituído no Brasil o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva Humana (PNPR) com o objetivo de reduzir o número de casos humanos mediante o controle dessa zoonose em animais domésticos e realização de profilaxia em pessoas mordidas ou que tiveram possível contato com animais raivosos (GARCIA et al., 1999; FREITAS; SILVA, 2007) As ações do PNPR foram se expandindo gradativamente até sua implantação ser concluída, em todo território nacional, em 1977. Essas ações foram fortalecidas quando, em 1983, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) desenvolveu o Plano de Ação para Eliminação da Raiva Urbana das Principais Cidades da América Latina, resultando no compromisso internacional de eliminação da raiva humana transmitida por cães na América até 2012, o que ainda não ocorreu, mais um motivo para se manter o acompanhamento no atendimento desse agravo. Com a publicação da Portaria n. 5, de 21 de fevereiro de 2006, as epizootias e/ou mortes de animais passaram a ser reconhecidas como eventos sentinelas para a ocorrência de doenças em humanos e entraram na lista de notificação compulsória e imediata, o que representou um importante passo na vigilância e controle das zoonoses. (BRASIL, 2006) Alguns avanços foram obtidos no controle dessa doença, a exemplo da redução dos casos humanos e caninos devido, principalmente, às atividades 90 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva direcionadas ao controle da raiva em cães. No Brasil, entretanto, ainda existem áreas endêmicas para o ciclo urbano, o qual envolve reservatórios domésticos, como cães e gatos. Por sua vez, observou-se a emergência do ciclo silvestre e seus reservatórios selvagens, como morcegos, cachorros do mato, raposas e primatas não humanos. (MAIA-ELKHPOURY; ROCHA; WADA, 2011) A profilaxia antirrábica destina-se à proteção de humanos com exposição ao vírus da raiva, através do uso de vacina e/ou soro contra a raiva. Para a adequada utilização desses produtos, existem protocolos estabelecidos pela Norma Técnica para Tratamento Profilático Antirrábico Humano, em conformidade com as diretrizes nacionais e internacionais preconizadas para a proteção em humanos, contra o vírus da raiva. A descentralização dos atendimentos em saúde para as equipes Estratégias Saúde da Família é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), e a descentralização da Vigilância Epidemiológica (VE) é um importante passo para a evolução do atendimento antirrábico humano, considerando ainda os aspectos conceituais de avaliação desses atendimentos. Será avaliada neste artigo a situação do atendimento antirrábico humano realizado pelas equipes Estratégia Saúde da Família. O resultado desta pesquisa servirá para avaliar o potencial dessas equipes e como a VE do Distrito Sanitário Leste gerenciará as questões abordadas, as dificuldades e os desafios para desenvolver as ações de prevenção e promoção dos cuidados de atendimento. 2 Descentralização da Vigilância Epidemiológica A descentralização da gestão da atenção à saúde representa um componente fundamental na consolidação do sistema de saúde do Brasil. Adotada para oferecer atenção integral e ampliada à população, essa estratégia vem sendo implementada nos municípios brasileiros, desde 1993, com vistas à reorganização dos sistemas locais de saúde inspirada nos princípios da integralidade, equidade, descentralização e participação popular. (BRASIL, 2009b) A descentralização da VE para os municípios ocorre gradualmente, com repasse das responsabilidades e também dos recursos da esfera federal para a esfera municipal (MELO; SANTOS, 2008). Assim, um grande passo para a reorientação das práticas de saúde é a descentralização da VE para a Equipe Saúde da Família, à medida que os profissionais incorporam-na como uma Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 91 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos atividade cotidiana do trabalho e desde que o contexto político local seja favorável a esse processo de mudanças. 2.1 Conceituação de Epidemiologia A epidemiologia é o eixo da saúde pública que proporciona bases para a avaliação das medidas de profilaxia, fornece pistas para os diagnósticos de doenças transmissíveis ou não e enseja a verificação de hipóteses de causalidade. Ela estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade a fim de traçar o perfil de saúde e doença nas comunidades humanas. Realiza testes de eficácia e de inocuidade de vacinas, desenvolve a vigilância epidemiológica, analisa os fatores ambientais e socioeconômicos que possam ter alguma influência na eclosão de doenças e nas condições de saúde e constitui um dos elos entre a comunidade e o governo, estimulando a prática da cidadania através do controle dos serviços de saúde, exercido pela sociedade. A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA) cita três objetivos principais de epidemiologia: descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças; e estabelecer prioridades e identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Pode-se dizer que uma definição precisa do termo epidemiologia não é fácil, pois sua temática é dinâmica e seu objeto complexo. De uma maneira mais simplificada, a epidemiologia define-se como: [...] ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. (GOLDBAUM, 1990, p. 247) 2.2 Prevenção A saúde pública e a epidemiologia são consideradas indissociáveis quanto aos seus objetivos sociais e quanto à sua prática, sendo a segunda o instrumento privilegiado para orientar a atuação da primeira. Se a saúde 92 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva pública é a face tecnológica, a epidemiologia é a face científica. A saúde pública intervém buscando evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência. A epidemiologia faz a observação exata, a sistematização científica dos eventos de saúde e doença em nível coletivo, orientando as ações de intervenção. (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 1999) Saúde pública é a ciência e a arte de evitar doença, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência, através dos esforços organizados da comunidade para saneamento do meio ambiente, o controle de infecções na comunidade, organização de serviços médicos e paramédicos, para diagnóstico precoce e o tratamento preventivo de doenças, e o aperfeiçoamento da máquina social, que irá assegurar a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde. (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 1999, p. 25) A prevenção é abrangente, incluída não só a ação dos profissionais, mas cabe a eles uma importante parcela de ação preventiva com uma decisão técnica, com ação direta e parte de ação educativa. 2.3 Vigilância Epidemiológica e Estratégia Saúde da Família A Vigilância Epidemiológica (VE), segundo a Lei Orgânica de Saúde (BRASIL, 2009b), é o conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção e a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva. Ela tem como finalidade recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos. Essa concepção rompe com um modelo de atenção à saúde com enfoque biológico e centrado na atenção à doença e, para implementar medidas eficazes de controle, adota como paradigma o conhecimento dos fatores que determinam e condicionam o aparecimento de um agravo nos espaços coletivos. Segundo Brasil (1990), são funções da vigilância epidemiológica a coleta e o processamento de dados; a análise e a interpretação dos dados processados; a recomendação das medidas de controle apropriadas; a promoção das ações de controle indicadas; a avaliação da eficácia e da efetividade das medidas adotadas; e a divulgação das informações pertinentes. Tais funções estão pautadas, portanto, na tríade informação-decisão-ação. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 93 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Para que haja o fortalecimento da vigilância epidemiológica, é preciso ampliar sua atuação para além do controle das doenças transmissíveis, com a inclusão de outros agravos relevantes para a saúde da população. A atuação da VE deve ultrapassar o enfoque da doença, procurando identificar os fatores que determinam o processo saúde-doença e, assim, desenvolver práticas voltadas para a promoção da saúde. O Programa de Saúde da Família (PSF) assume papel fundamental, pois deve se constituir na porta de entrada do atendimento de saúde no SUS. A partir da década de 1960, a VE foi solidificada internacionalmente e compreendida como o conhecimento da história natural da doença e dos seus fatores condicionantes, permitindo indicar medidas eficazes e eficientes para prevenir e controlar determinadas doenças (MENCK; RACZ, 2004). A Portaria n. 104, de 25 de janeiro de 2011, Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades [...]. (BRASIL, 2011, p. 37) Na Lista de Notificação Compulsória, está incluído, entre os agravos e eventos relacionados aos de interesse deste artigo, o atendimento antirrábico, e fazem parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória Imediata a raiva humana, doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que pode acarretar a ocorrência de doenças em humanos, com destaque para os primatas não humanos, morcegos e canídeos. (BRASIL, 2011) O Programa Saúde da Família (PSF) foi implementado para modificar as práticas sanitárias, à medida que as ações estariam direcionadas para as famílias de cada território, permitindo conhecer mais de perto o estado de saúde da população local. Assim, existem maiores possibilidades de as Equipes Saúde da Família (ESF) desenvolverem com eficácia as funções inerentes à VE, implicando a melhoria dos indicadores de saúde dos grupos populacionais, uma vez que a ESF convive mais de perto com os problemas de saúde da população e tem condições de intervir oportunamente nos fatores determinantes do processo saúde-doença. 94 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva Os serviços envolvidos na melhoria das condições de vida e saúde da população, a vigilância epidemiológica e a atenção básica em saúde atuam em diferentes escopos, mas agem integrados dentro de um mesmo objeto de trabalho, ou seja, na coletividade, dividindo suas atuações na detecção de agravos e resposta a eventos de saúde. Embora pesem alguns obstáculos enfrentados para a sua efetivação, a descentralização dos serviços e ações de saúde no país apresenta avanços, sobretudo na reorganização da Atenção Básica aos municípios, nos quais a Estratégia Saúde da Família (ESF) foi efetivamente adotada e o modelo de Vigilância da Saúde (VS) centrada na integralidade da atenção foi assumido. (ARAÚJO; ROCHA, 2007) A concepção de integralidade que fundamenta essa estratégia favorece a ação interdisciplinar do trabalho em equipe, implicando na possibilidade da prática de um profissional se reconstruir na prática do outro e, desse modo, alcançar maior impacto sobre os diferentes fatores que interferem no processo saúde-doença. (MAIA-ELKHPOURY; ROCHA; WADA, 2011) A VE tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e a organização e execução de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento dos problemas existentes. Para a identificação de novas situações e potenciais ameaças sanitárias, a inserção da VE no cotidiano das rotinas das equipes de saúde da família traz, de forma gradativa, impacto nos principais indicadores de saúde, mudando a realidade e a qualidade de vida das populações. 3 Estratégia Saúde da Família A origem do Programa Saúde da Família teve início em 1994 como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção primária. A família passa a ser o objeto de atenção, no ambiente em que vive, permitindo se ter uma compreensão ampliada do processo saúde-doença. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a Estratégia Saúde da Família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentado, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 95 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação, em unidades básicas de saúde, de equipes multiprofissionais, as quais são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes e na manutenção da saúde dessas famílias. O trabalho das Equipes Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do agente comunitário de saúde. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um técnico ou auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliadas, contam ainda com um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de uma determinada área, e esta passa a ter corresponsabilidade no cuidado da saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como porta de entrada a um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde, por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade, por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta, por prestar assistência integral, permanente e de qualidade, por realizar atividades de educação e promoção da saúde, por estabelecer vínculos de compromisso e de corresponsabilidade com a população, por estimular a organização das comunidades, para exercer o controle social das ações e serviços de saúde, por utilizar sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões, e por atuar de forma intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos, das famílias e da comunidade. A Saúde da Família, como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde, tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas pelas Equipes Saúde da Família. (MAIA-ELKHPOURY; ROCHA; WADA, 2011) 96 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva 4 Raiva Conhecida desde a antiguidade e descrita por historiadores, estudiosos e religiosos, a raiva humana é uma das doenças infecciosas mais antigas e letais que acompanham a trajetória humana. No século XVIII, Pasteur afirmava que “Para se ter raiva, havia a necessidade de se ter envolvimento com um cão raivoso”. Em 1911, o veterinário Antonio Carini contesta essa idéia e levanta a possibilidade da participação dos morcegos como transmissores da raiva [...], mas, entre 1925 e 1929, após um possível surto de paralisia ascendente em humanos e botulismo em animais, na ilha de Trinidad, no Caribe, os médicos Hurst e Pawan desfizeram o erro diagnóstico e confirmaram que a doença em bovinos e humanos tratava-se de raiva transmitida por morcegos hematófagos. Em 1931-1932, aceitou-se finalmente a idéia de que morcegos hematófagos também podiam transmitir raiva aos animais e aos seres humanos. A historicidade dos relatos ao longo dos séculos demonstra a existência de inúmeras interfaces entre a raiva humana e animal; a complexidade dessa doença continua sendo um dos grandes desafios para a ciência, a raiva humana mantém-se em sua história natural como uma antropozoonose, com quadro de encefalite viral aguda transmitida por mamíferos; é de suma importância epidemiológica, pois apresenta 100% de letalidade. (FREITAS; SILVA, 2007, s. p.) Depois de instalada, a raiva não tem tratamento específico, e não se tem relato de imunidade natural no homem. No entanto, dispõe-se de medidas eficientes de prevenção tanto em relação ao ser humano quanto à fonte de infecção (vacina e soros homólogos e heterólogos), sendo considerada doença passível de eliminação no ciclo urbano. A raiva apresenta dois ciclos básicos de transmissão: urbano e silvestre. No ciclo urbano, as principais fontes de infecção são o cão e o gato. O morcego é o principal responsável pela manutenção do ciclo silvestre, por ser o único mamífero que voa, mantendo a disseminação do vírus ao transpor barreiras geográficas (CARDOSO; FERREIRA; FILGUEIRA, 2011). Ainda no ciclo silvestre, têm-se, entre outros animais, as raposas, macacos, quatis e guaxinins como agentes transmissores. Na zona rural, a doença afeta animais de produção, bovinos, equinos, suínos e caprinos, que contribuem como sentinelas, Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 97 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos pois, quando adoecem com diagnóstico de raiva, sinalizam para a presença no ambiente de morcegos infectados com o vírus rábico. Na atualidade, persistem casos de raiva em todos os continentes, com exceção da Oceania. Alguns países da América (Uruguai, Barbados, Jamaica e Ilhas do Caribe), da Europa (Portugal, Espanha, Irlanda, Grã-Bretanha, Países Baixos e Bulgária) e da Ásia (Japão) encontram-se livres da infecção no seu ciclo urbano (transmitidas por cães e gatos). Entretanto, outros países (França e Inglaterra, EUA e Canadá) ainda enfrentam problemas quanto ao ciclo silvestre da doença relacionado especialmente com raposas. (GARCIA et al., 1999) Os casos de raiva humana transmitida por cão e gato estão controlados nas regiões Sul e Sudeste. No entanto, devido a modificações ambientais, vem sendo observado no país um novo perfil epidemiológico de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos e não hematófagos (MENCK; RACZ, 2004). Em áreas urbanas, observa-se ainda a presença do vírus em pequenos primatas e carnívoros silvestres, que, ao se aproximarem das cidades, agridem as pessoas, contribuindo para o aparecimento de casos. (CARDOSO; FERREIRA; FILGUEIRA, 2011) O vírus rábico pertence à ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos, incluindo glândulas salivares, nas quais também se replica e é eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos. Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissibilidade. (SOLLA; TEIXEIRA, 2006) O período de incubação é variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no homem e de 10 dias a dois meses no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação menor que no indivíduo adulto. O período de incubação está diretamente associado à localização, extensão e 98 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva profundidade do ferimento ou contato com a saliva de animais infectados; à distância entre o local do ferimento e os troncos nervosos; e à concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. Após a introdução do vírus no organismo, há um período variável de incubação, no qual aparecem sintomas que duram de dois a quatro dias e são inespecíficos. O paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Podem ocorrer alterações de comportamento e hiperestesia e parestesia próximas ao local da mordedura, no trajeto de nervos periféricos. A infecção progride, surgindo manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários e generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa. O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e evolução para óbito. Observa-se ainda a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia. O período de evolução do quadro clínico, da ocorrência dos primeiros sinais e sintomas até o óbito, é em geral de cinco a sete dias. No exame físico, ante a suspeita clínica, deve ser observada a presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia e alterações de comportamento. A confirmação do caso de raiva se faz através de exame laboratorial realizado pelo método de imunofluorescência direta (IFD) em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual (swab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da região cervical. As amostras devem ser encaminhadas para o laboratório local de cada Estado, o qual enviará as amostras positivas de cães, gatos, humanos e animais silvestres ao laboratório de referência, para a realização de tipificação. Os laboratórios devem notificar o solicitante do exame e a Secretaria Municipal de Saúde, que, por sua vez, repassará as informações para a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde. (SOLLA; TEIXEIRA, 2006) 5 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Ao se falar em treinamento ou capacitação, deve-se levar em consideração que esse processo é fundamental para se ter um desenvolvimento pessoal Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 99 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos à altura da qualidade do serviço oferecido e é mais do que necessário para a sobrevivência de uma empresa ou instituição; além do mais, é importante que se passe a efetuar treinamentos, capacitações de maneira habitual, fazendo com que a educação permanente seja integrada na prática dos serviços efetuados. Verificar periodicamente se os profissionais estão atuando com ética, com respeito às normas estabelecidas, de maneira coerente e com eficiência é uma tarefa que deve ser executada pelos gestores ou responsáveis. A partir disso, deve-se estabelecer planos de ação para moldar e melhorar a produtividade e o serviço ofertado. Um ponto crucial deve ser a construção de uma nova consciência de sujeito público, que gere novos pensamentos e ações, no sentido de criar modelos assistenciais alternativos. (PAIM, 2001) O processo de treinamento é uma forma de ação intencional com o objetivo de fornecer meios para possibilitar a aprendizagem, que pode ser definida como o processo pelo qual adquire-se a experiência que leva a aumentar a capacidade produtiva das pessoas, a alterar disposições de ações em relação ao ambiente e à mudança de comportamento. (BOOG, 2001) Investir em treinamento e desenvolvimento é uma das formas que as instituições encontram para trabalhar suas equipes de maneira a capacitá-las e consequentemente garantir o seu sucesso no ramo de atividade. Capacitar o grupo favorece a qualidade dos serviços prestados, além de padronizar e melhorar as tomadas de decisões. Treinamento é o processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. O treinamento envolve a transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho, atitudes perante aspectos da organização, da tarefa e do ambiente e desenvolvimento de habilidades. (CHIVENATO, 2006) O processo de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) ajuda a desenvolver características individuais que auxiliam na aprendizagem, na transmissão de informações e no desenvolvimento de habilidades e conceitos, a fim de modificar determinadas atitudes; é um processo de assimilação cultural que objetiva repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho. O treinamento produz um estado de mudança no conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) de cada trabalhador, uma vez que implementa ou modifica a sua bagagem de conhecimentos. Afirma-se que o T&D é um dos subsistemas mais importantes da área de recursos humanos e é composto pelo levantamento das necessidades, planejamento, programa- 100 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva ção de módulos, treinamento (operacional e administrativo), avaliação de desempenho, desenvolvimento (executivos e talentos), biblioteca e banco de dados. (MARRAS, 2000) Segundo Chiavenato (1999a, p. 294), [...] a conceituação de treinamento apresenta significados diferentes. Antigamente alguns especialistas em RH consideravam o treinamento um meio para adequar cada pessoa ao seu cargo e desenvolver a força de trabalho da organização a partir dos cargos ocupados. Mais recentemente passou-se a ampliar o conceito, considerando o treinamento um meio para alavancar o desempenho no cargo [...]. Já para Boog (2001), o treinamento tornou-se fundamental para o desenvolvimento das civilizações, pois possibilitou a transmissão dos conhecimentos e habilidades das invenções e criações do homem. Modernamente o treinamento é considerado um meio para desenvolver competências nas pessoas, para que elas se tornem produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais. Assim, também Chiavenato (2006) cita que o programa de treinamento pode ser de quatro fases: a) levantamento de necessidades de treinamento (diagnóstico); b) programação de treinamento para atender às necessidades; c) implementação e execução; e d) avaliação dos resultados. O processo de treinamento não deve ser confundido com a simples questão de realizar cursos e proporcionar informações. Significa atingir o nível de desempenho almejado pela instituição através do desenvolvimento contínuo das pessoas que nela trabalham e identificar constantemente as necessidades, de acordo com as estratégias organizacionais. 6 Descrição do Distrito Sanitário Leste A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianópolis está dividida em cinco Distritos Sanitários de Saúde: Distrito Sanitário Sul, Leste, Centro, Norte e Continente, os quais possuem base territorial e epidemiológica regionalizadas e encontram-se vinculados e subordinados técnica e administrativamente à Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 101 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Secretaria Municipal de Saúde. Cada distrito sanitário é composto pelo Diretor do Distrito Sanitário, pelo Supervisor de Atenção Primária, pelo Supervisor de Média/Alta Complexidade, pelo Assessor Regional de Vigilância em Saúde e pelo Assessor Administrativo/Logística. Eles foram criados em 2002, inicialmente com o nome de Regionais de Saúde, oficializados pela Lei n. 137/2004 (FLORIANÓPOLIS, 2004). Segue o regimento do Distrito Sanitário, que em resumo tem a finalidade de descentralizar os serviços, auxiliar na resolução de problemas levantados, intermediar o processo de trabalho e gerenciar recursos humanos, logística, planejamento, educação permanente e ações de controle entre os centros de saúde sob a responsabilidade de cada Distrito Sanitário, intermediando com os demais setores e os gestores da Secretaria Municipal de Saúde. O Distrito Sanitário Leste é composto por nove Centros de Saúde (CS): CS Barra da Lagoa, CS Costa da Lagoa, CS Lagoa da Conceição, CS Canto da Lagoa, CS Córrego Grande, CS Pantanal, CS Itacorubi, CS João Paulo, CS Saco Grande; um Centro de Zoonose; e um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas da Ilha (CAPS AD Ilha). A sede do Distrito Sanitário Leste situa-se na Rua José Henrique Veras, número 203, na Lagoa da Conceição; e este é composto pelos seguintes membros: a) uma diretora de DS (médica); b) uma supervisora de atenção primária (enfermeira); c) uma supervisora de média complexidade (enfermeira); d) um apoio logístico (dentista); e) um auxiliar administrativo; f) duas enfermeiras de vigilância epidemiológica (VE), uma das quais ocupa o cargo de chefe de departamento; e g) uma técnica de enfermagem de VE. Cada membro das equipes tem suas funções definidas e norteadas pelo nível central da SMS, atuando como ponte entre as demandas de serviços e as ações que são desenvolvidas nos Centros de Saúde, com o nível central, com a finalidade de auxiliar, agilizar e resolver questões técnicas e administrativas. No setor de VE do Distrito Sanitário Leste, os trabalhos são de investigação de agravo de notificação compulsória, de óbito infantil e óbito de mulheres em idade fértil, monitoramento em imunização, organização e avaliação de 102 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva campanhas de vacinação, controle de surtos, capacitações e treinamentos em VE e suporte técnico em agravos e doenças imunopreveníveis. Entre os serviços efetuados, é de responsabilidade da VE do Distrito Sanitário Leste monitorar, acompanhar e assessorar a investigação do atendimento antirrábico humano realizado pelas equipes de saúde da família dos CS, fornecer dados epidemiológicos, alinhar estratégias para coberturas vacinais, e estar atento a situações de risco epidemiológico, a fim de que possam ser definidas ações em tempo hábil de impedir surtos ou calamidades, em conjunto com a Diretoria de Vigilância em Saúde. 7 Metodologia Foi realizado um estudo descritivo dos casos de raiva humana, e os atendimentos antirrábicos humanos foram notificados no SINAN, no município de Florianópolis, no ano de 2011. O atendimento antirrábico humano (ARH) é o agravo de maior ocorrência anualmente no Município de Florianópolis, totalizando 1.726 notificações em 2011. Não se tem registro de raiva humana na região Sul do Brasil desde 1987. (FREITAS; SILVA, 2007) Dos casos de ARH notificados, foi feito um levantamento das frequências por espécie de animal agressor segundo a faixa etária, por tipo de ferimento, por tratamento indicado segundo a espécie de animal agressor e por abandono de tratamento indicado. Foi escolhido para pesquisa o ano 2011, por ser o mais recente com casos encerrados no Sistema Nacional de Notificação (SINAN). Para essa informação, foi feita a busca na Gerência de Vigilância Epidemiológica, setor de doenças agudas da Secretaria Municipal de Saúde. As frequências foram colocadas em planilha Excel e mostradas mais adiante, juntamente com as demais análises e resultados. Também foi realizada uma pesquisa de campo, aplicando-se um questionário para profissionais dos nove Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste. Responderam a ele aproximadamente 61 pessoas com as seguintes formações profissionais: enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 103 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos As perguntas do questionário foram elaboradas com a intenção de verificar como está sendo realizado o atendimento antirrábico humano nos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste, qual é o entendimento de cada componente da equipe Estratégia Saúde da Família e que ações estão sendo realizadas, avaliando não só a questão técnica como também as condições de capacitação, recursos humanos, disponibilidade de vacina/soro antirrábico e encaminhamentos necessários para o desenvolvimento do atendimento. 8 Análise e Resultados Na Tabela 1, verifica-se que, entre os atendimentos antirrábicos humanos realizados em Florianópolis no ano 2011, a maior a frequência por espécie de animal agressor está na faixa etária entre 5 a 34 anos, totalizando 869 ocorrências, que representam 50,3% do total de atendimentos. Observa-se também que, em todas as faixas etárias, a maior ocorrência de ataques é da espécie canina. Tabela 1: Frequência por espécie de animal agressor segundo a faixa etária Faixa Etária <1 Ano 1-4 5-14 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65 e+ Total Ign/ Branco Canina Felina Quiróptera Primata Outra Total 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 26 102 336 216 244 184 187 161 117 1.573 3 6 16 20 29 20 14 18 12 138 0 0 0 2 1 0 0 0 2 5 0 0 0 1 1 0 3 0 0 5 0 0 0 0 2 2 0 0 0 4 29 108 353 239 277 206 204 179 131 1.726 Fonte: Brasil (2013) Três tipos de ferimentos, superficial, profundo e dilacerante ocorreram no ano 2011. O de maior frequência é o ferimento superficial, com 1.050 casos, que representam 60,8 % do total (Tabelas 2, 3 e 4). 104 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva Tabela 2: Frequência por ferimento profundo segundo o tipo de ferimento Ferimento Ign/Branco Único Múltiplo Total Ign/ Branco 8 4 0 12 Profundo Não Total 0 295 325 620 5 788 301 1.094 13 1.087 626 1.726 Fonte: Brasil (2013) Tabela 3: Frequência por ferimento superficial segundo o tipo de ferimento Ferimento Ign/Branco Superficial Não Total 8 2 0 10 5 762 283 1.050 0 323 343 666 13 1.087 626 1.726 Ign/Branco Único Múltiplo Total Fonte: Brasil (2013) Tabela 4: Frequência por ferimento dilacerante segundo o tipo de ferimento Ferimento Ign/Branco Único Múltiplo Total Ign/Branco Dilacerante Não Total 8 3 0 11 0 45 94 139 5 1.039 532 1.576 13 1.087 626 1.726 Fonte: Brasil (2013) Ao se analisarem as fichas de atendimento antirrábico humano realizado pelas Unidades de Saúde em 2011, verificou-se que a maior frequência de indicação de tratamento foi em relação a cão ou gato, com 1.292 indicações, que representam 78,8% dos casos. Esse fato comprova a importância de se fazer o acompanhamento no período de observação do cão ou gato, que é de 10 dias após a exposição da agressão. A segunda maior frequência é a indicação da vacina contra raiva, com 311 indicações, totalizando 18,0% dos casos, seguida da indicação de soro mais vacina, com 78 indicações, representando 4,5% dos atendimentos (Tabela 5). Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 105 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Tabela 5: Frequência por tratamento indicado segundo a espécie do animal agressor Espécie de Ignorado ou em animal agressor branco Pré Dispensa de exposição tratamento Observação do animal (se cão ou gato) Observação mais vacina Vacina Soro mais vacina Esquema de Reexposição Total Ign/Branco 1 0 0 0 0 0 0 0 1 Canina 3 4 1 1.202 25 287 49 2 1.573 Felina 2 1 0 90 5 24 16 0 138 Quiróptera (morcego) 0 0 0 0 0 0 5 0 5 Primata (macaco) 0 0 0 0 0 0 5 0 5 Outra 1 0 0 0 0 0 3 0 4 Total 7 5 1 1.292 30 311 78 2 1.726 Fonte: Brasil (2013) A pesquisa realizada foi para amostragem. Participaram os profissionais que compõem as equipes básicas de Estratégia Saúde da Família (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, agente comunitário de saúde e coordenadores dos Centros de Saúde (CS) do Distrito Sanitário Leste). Foi aplicado questionário com perguntas objetivas e dissertativas para: a) 11 médicos; b) 12 enfermeiros; c) 17 técnicos de enfermagem; d) 12 agentes comunitários de saúde; e e) 9 coordenadores dos centros de saúde. Todos os nove centros de saúde do Distrito Sanitário Leste foram contemplados na pesquisa e todos fazem o atendimento Antirrábico Humano (ARH), independente de possuírem ou não sala de vacina; inclusive, seis deles possuem sala de vacinação e três não. Analisando as respostas dadas ao questionário pelos profissionais, têm-se as seguintes avaliações concluídas, que estão colocadas em forma nos 15 gráficos a seguir. 106 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva 120 100 80 60 40 20 0 Gráfico 1: Resposta dos enfermeiros dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 18% 36% Muito bom Bom Regular 46% Gráfico 2: Opinião dos enfermeiros sobre o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 107 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Treinamento/capacitação 16 Melhorar as notificações em ARH 8 Ter ficha de notificação no InfoSaúde 8 55 Ter ARH nas UPAs Todos os CS com sala de vacina 8 Não tem sugestão 8 Gráfico 3: Sugestão dos enfermeiros para melhorar o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 4: Resposta dos médicos dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 108 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva 18,2% 27,3% Muito bom Bom Regular Sem opinião 9% 45,5% Gráfico 5: Opinião dos médicos sobre o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Gráfico 6: Sugestão dos médicos para melhorar o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 109 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Gráfico 7: Resposta dos coordenadores dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 11,1% 11,2% Muito bom Bom Regular 77,7% Gráfico 8: Opinião dos coordenadores sobre o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 110 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva Treinamento/capacitação 33,3% Material para consulta de fácil acesso 55,5% Não ter falta de vacina contra a raiva humana 11,1% Não tem sugestão 11,1% Gráfico 9: Sugestão dos coordenadores para melhorar o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 10: Resposta dos técnicos de enfermagem dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 111 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos 5,9% 5,8% Muito bom Bom Regular 88,3% Gráfico 11: Opinião dos técnicos de enfermagem sobre o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Gráfico 12: Sugestão dos técnicos de enfermagem para melhorar o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 112 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva 75 66,6 58,3 50 33,3 25 25 8,3 Gráfico 13: Respostas dos agentes comunitários de saúde dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 16% Muito bom 42% Bom Regular Sem opinião 42% 0% Gráfico 14: Opinião dos agentes comunitários de saúde sobre o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 113 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos Gráfico 15: Sugestão dos agentes comunitários de saúde para melhorar o ARH nos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste Fonte: Elaborada pelo autora deste artigo 9 Considerações Finais Esta pesquisa foi realizada com a intenção de analisar, através das respostas aos questionários que deram os profissionais que compõem as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) dos centros de saúde do Distrito Sanitário Leste, o seu entendimento sobre o atendimento antirrábico humano (ARH) dos componentes da equipe de saúde, que é composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários. Também foi verificado como os coordenadores dos centros de saúde (CS) percebem esse atendimento. As enunciações avaliativas das entrevistas indicaram desempenho positivo quanto à capacidade de intervenção da ESF, ainda que relacionado sobretudo com a detecção dos cuidados que devem ser aplicados no que se refere à mordedura de animais com risco de transmitir raiva humana. Apesar de positiva, esta avaliação mostrou também que há necessidade de melhorar o atendimento antirrábico humano (ARH) e capacitar profissionais da saúde para atuarem efetivamente nesse atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Na classe médica, o que chamou a atenção foi que, apesar de 90% efetuarem o ARH, apenas 60% sabem quando há necessidade de indicar o soro antirrábico humano para tratamento. O enfermeiro 114 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Solange Alberti Andrzejewski #Marcos Abilio Bosquetti # Maria Luciana Biondo Silva foi quem demonstrou mais entendimento sobre o ARH, mas apenas 63,7% têm conhecimento de que há casos de raiva humana no Brasil. Os técnicos de enfermagem executam a parte de vacinação antirrábica e fazem o acompanhamento dos pacientes durante o período de observação do cão e gato que os agrediram. Desses técnicos, 58,8% tiveram dúvidas em relação à indicação do soro antirrábico humano e 64,7% não sabem que há casos de raiva humana no país. Entre as respostas dos técnicos em relação às sugestões, 35,2% não tiveram nenhuma sugestão, o mesmo percentual de quem solicitou capacitação ou treinamento. Quanto ao agente comunitário de saúde (ACS), apesar de ele compor a equipe ESF, não faz parte de suas atribuições realizar o ARH; sua função nesse processo é auxiliar na observação do animal doméstico (cão e gato). Apesar de o conhecimento em ARH ser menor nessa categoria, 58,3% não tiveram sugestão para melhorá-lo e apenas 33,3% opinaram para que houvesse capacitação nesse tema. Entre os coordenadores, 88,8% sabem que esse é um agravo de notificação compulsória, mas só 33,3% disseram que há raiva humana no Brasil. O que ainda surpreendeu foi que mais da metade (55,5%) dos coordenadores não tinha sugestão para melhorar esse atendimento. Pode-se dizer que, entre as classes profissionais pesquisadas, o enfermeiro mostrou maior conhecimento do assunto, seguido do médico e do técnico de enfermagem. Essa tendência se confirma, pois são esses os profissionais que mais se envolvem no ARH. Em relação aos coordenadores dos centros de saúde, os resultados também são o esperado, já que eles não compõem a equipe de saúde ou são poucos os que a compõem. A pesquisa mostra ainda que todas as classes consideram o ARH bom ou muito bom e que, com exceção dos ACS, os demais apontaram a necessidade de receberem capacitações sobre o tema e orientação em relação ao ARH. O Ministério da Saúde tem uma estratégia proposta, chamada de Política Nacional de Educação Permanente, para atuar efetivamente com as necessidades populacionais. Diante da situação em que se encontra esse atendimento e seguindo o objetivo proposto neste artigo, são indispensáveis a criação e a adoção de políticas públicas educativas que contribuam positivamente para a promoção da saúde e colaborem para o trabalho em equipe entre profissionais, gestores e comunidade, com vistas ao bom resultado e à efetividade do atendimento antirrábico humano nos centros de saúde. Compondo um dos objetivos do planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, está a implementação da educação permanente Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 115 Análise da Realização e a Avaliação do Atendimento Antirrábico Humano Realizado pela Equipe de Estratégia Saúde da Família dos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Leste do Município de Florianópolis, Considerando-se Indicadores Epidemiológicos aos profissionais das unidades de saúde. O Distrito Sanitário Leste propõe elaborar uma capacitação em atendimento antirrábico humano reforçando a importância dos profissionais de saúde permanecerem atentos à avaliação e indicação adequada e oportuna do tratamento antirrábico. Este estudo apontou para a necessidade de um investimento continuado de aprendizado, buscando identificar avanços e superar os entraves numa intervenção complexa e fundamental para mudar o estado de saúde da população. Referências ALMEIDA FILHO, N. de; ROUQUAYROL, M. Z. 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