PROJETO DISCIPLINA NOTA 10 Terezinha Rodrigues de Sousa Diógenes Escola Municipal de Tempo Integral Luiz Nunes de Oliveira [email protected] O presente artigo trata-se de um relato de experiência cujo objetivo é descrever a experiência da utilização do projeto disciplina nota 10, as intervenções e resultados que culminaram na redução da indisciplina na Escola de Tempo Integral Luiz Nunes de Oliveira. O mesmo teve inicio no ano 2007 e permanece ativo e tem a cada necessidade os instrumentos reestruturados, como resultado é possível pontuar a quebra da rejeição a proposta inicial que atribuía um caráter de acobertamento, devido a não punição imediata, principalmente por parte dos professores, melhoria no processo de comunicação entre todos os envolvidos (aluno-aluno, aluno-professor, escola-família), uma escola mais harmônica menos agressiva em que o pensar se constitui na retomada da ação e melhoria das relações. Ainda é possível afirmar que a estratégia utilizada contribuiu tanto para a redução da indisciplina na escola como para melhoria do processo ensino-aprendizagem, permitiu ainda aos alunos uma maior reflexão sobre os problemas apresentados pela família numa relação de diálogo, mudanças de autoconhecimento e de estrutura familiar. Palavras Chave: Indisciplina. Orientação Educacional. Descrição da Experiência. Introdução: O presente artigo é resultado de um projeto elaborado e em execução numa escola municipal na cidade de Palmas, Tocantins, trata-se de um relato de experiência cujo objetivo é descrever passo a passo como se deu a elaboração, a construção e aplicação de instrumentos e os resultados obtidos a partir do projeto disciplina nota 10, o mesmo teve inicio em 2007 e permanece ativo e tem a cada necessidade os instrumentos reestruturados, como resultado é possível pontuar a quebra da rejeição a proposta inicial que atribuía um caráter de acobertamento, devido a não punição imediata, principalmente por parte dos professores, melhoria no processo de comunicação entre todos os envolvidos (aluno-aluno, alunoprofessor, escola-família), uma escola mais harmônica menos agressiva em que o pensar se constitui na retomada da ação e melhoria das relações. Ainda é possível afirmar que a estratégia utilizada contribuiu tanto para a redução da indisciplina na escola como para melhoria do processo ensino-aprendizagem, permitiu ainda aos alunos uma maior reflexão sobre os problemas apresentados pela família numa relação de diálogo, mudanças de autoconhecimento e de estrutura familiar. Indisciplina Nos ambientes escolares e também nas famílias a indisciplina tem se apresentado com uma força constante e de modo que a sociedade presencia esse reflexo. No processo educacional a indisciplina se apresenta como um entrave no desenvolvimento do trabalho do professor, causando de modo impensado um desgaste e a desmotivação de ensinar. Aquino (1996) diz que, “muitos distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular no cotidiano escolar para se tornarem, talvez, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais”. Os educadores em sua maioria não possuem a capacidade de interpretar e administrar e reprimir o ato indisciplinar. A sociedade vive um processo de avanço muito frequente, de modo que a família e suas relações de convívio também fazem parte desta história. É necessário que a escola acompanhe esse processo de modo a se relacionar com a família por meio do aluno, elaborando assim meios de orientação e construção reflexiva. Serviço de Orientação O serviço de orientação educacional desta unidade escolar é entendido como um processo dinâmico, contínuo e sistemático que encara o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional. O Currículo escolar deve favorecer esse processo uma vez que é vivo e está em constante movimento na busca da contemplação da necessidade do aluno. Na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis. “mas por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional.” (GRINSPUN, 2002, p.28) Com base nesta proposta a escola desenvolve desde 2007 o “Projeto Disciplina nota 10”. O mesmo se fundamenta na reflexão e no diálogo para mediar conflitos e fortalecer o processo educativo como um todo, construindo no aluno uma identidade própria, consciente e responsável. Esta proposta não contempla a suspensão de alunos, por entender que a escola tem sempre o papel de incluir e não de excluir o aluno. Acredita-se também que tirar o aluno do ambiente escolar não irá contribuir para sua formação pessoal e acadêmica. O SOE organiza os registros dos alunos que ficam arquivados em portfólios individuais para acompanhamento junto ao Orientador. Quando o aluno é encaminhado com frequência ao SOE o mesmo é levado a analisar seus próprios registros e aprende a acompanhar seu próprio crescimento, assim como observar compromissos firmados por ele mesmo anteriormente. Nesta prática, preza-se o ato de pensar como uma ferramenta de auto avaliação realizada pelo próprio aluno, pois se entende que a promoção do pensamento reflexivo contribui para a formação integral e para a prática da cidadania pelo sujeito. Descrição da Experiência O presente projeto denominado “Disciplina Nota 10” está sendo desenvolvido na Escola de Tempo Integral Luiz Nunes de Oliveira (ETI Luiz Nunes de Oliveira) e foi pensado devido uma antiga prática que costumar usar a repreensão e a suspensão, durante muito tempo utilizando o regimento escolar o qual orientava sobre essas atitudes normativas, constatei que essa não trazia benefícios para o aluno, uma vez que não partia dele a proposta de mudança, aqui viu-se a necessidade de construir com o próprio aluno alternativas para o seu crescimento como sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, somente uma transformação no tipo das relações estabelecidas dentro das escolas, famílias e sociedade poderão fazer objetivar que os princípios subjacentes às regras a serem cumpridas pelo sujeito tenham como pressuposto os ideais democráticos de justiça e igualdade, bem como a construção de relações que auxiliem esse sujeito a “obrigar sua consciência” a agir com base com que o problema da indisciplina seja encarado sob uma perspectiva diferente. Nesse sentido, deve-se no respeito a esses princípios, e não por obediência. (ARAUJO, 1996, p. 14) Com esse pensamento imaginei o projeto o qual tem por objetivo promover à reflexão a partir de instrumentos de auto avaliação, a proposta é que tais instrumentos o levem a questionar e pensar sobre seu próprio comportamento dentro e fora da escola, e contribua para o seu comprometimento com a aprendizagem. Passo - a – passo Diante de qualquer ato que configure indisciplina, o aluno é encaminhado para o Serviço de Orientação Educacional, ou procura espontaneamente esse serviço. Nesse espaço o aluno relata de forma escrita o motivo que o trouxe, em seguida realiza a leitura do próprio registro e, neste momento estabelece-se um diálogo entre aluno e Orientador. A partir daí o aluno tem um momento para pensar sobre seus atos. Após, registra a sua própria reflexão e o compromisso de mudança pensado por ele mesmo. O Registro do aluno fica arquivado em seu portfólio para acompanhamento junto ao Orientador. Quando o aluno é encaminhado com frequência ao SOE o mesmo é levado a analisar seus próprios registros e aprende a acompanhar seu próprio crescimento, assim como observar compromissos firmados por ele mesmo anteriormente, na 3ª vez que o aluno vai ao SOE pelo mesmo motivo ou não, o pai ou responsável é convidado para um momento de diálogo na Escola entre pai, aluno e orientador. Nessa oportunidade o pai tem a oportunidade de analisar o portfólio junto ao aluno, e o referido aluno preenche um instrumento firmando compromisso de mudança na presença do responsável. Isso o leva também a adquirir responsabilidades. Segundo Freire (2004, p.68), Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. [...] O educador já não é mais o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos. Quando há conflitos entre alunos e educadores há momentos para diálogo e reflexão a respeito do ocorrido e para pedidos de desculpas. Conselhos, bem como, reuniões entre os educadores, aluno(s) e pais, equipe diretiva. Se acontecer um caso mais grave onde o aluno represente uma ameaça para os demais, o pai ou responsável será convidado a vir a Escola participar de uma reunião com a presença da Direção, Supervisão, Orientação, aluno (se maior de idade) e Conselho Escolar Comunitário. Haverá registro de ata, momento para diálogo, assinatura de compromissos a serem assumidos pelos pais, pelo próprio aluno e participação no RRE (Reflexão e Reforço na Escola), trata-se um momento especial na Sala do SOE, o aluno fica 01 hora por dia (Conforme acordo firmado com a família, aluno e Equipe Diretiva) refletindo sobre sua postura como aluno e colega. Para isso o aluno tem que responder alguns questionamentos, que o leve a pensar sobre seu comportamento dentro e fora da Escola. Nesse sentido quando o aluno é encaminhado ao SOE com frequência, realiza-se uma reunião com o pai, aluno, professor e Equipe Diretiva com o objetivo de refletirmos juntos sobre o ocorrido e o aluno é orientado a participar do MRF (Momento de Reflexão com a Família). Trata-se de um momento que o aluno passa com a família - por 02 dias, sem frequentar a escola, nesse período o aluno junto com a família realiza atividades reflexivas elaboradas pelo SOE, bem como, atividades elaboradas pelos professores; ao retornar a escola o aluno deve trazer as atividades respondidas e assinadas pela família. Na Escola haverá um momento de diálogo entre o aluno e a orientadora com a finalidade de análise do instrumento MRF, o aluno faz a leitura das atividades e fala das dificuldades e firma mais uma vez o compromisso de mudança. No momento o aluno é encaminhado para um momento com a Direção da Escola. Os instrumentos utilizados na realização das atividades passam por alterações de acordo com a necessidade. O resultado tem se evidenciado positivo fato comprovado pelos resultados alcançados no decorrer do período em que este tem estado em execução na escola, sem dúvida trata-se de uma construção colaborativa e de formação de cidadãos e cidadãs responsáveis e conscientes. Referência Bibliográfica AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. Moralidade e Indisciplina: uma leitura possível a partir do referencial piagetiano. In: AQUINO, Julio Groppa (Org). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 38.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004 GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2002. ANEXO I ANEXO II