Ano XXIX • nº 331 • Outubro / 2012 A saúde e o capital estrangeiro O setor movimenta R$ 183 milhões por dia em negociações na Bovespa. Conheça as perspectivas desse mercado e o que pensam políticos e lideranças sobre a proibição da entrada de capital estrangeiro nas empresas privadas que prestam assistência à saúde, incluindo os hospitais. Páginas 6 a 9 TISS 3.0 é publicada. Página 3 Médicos protestam contra os planos em todo o país. Página 10 Edi t o r i a l O mercado de ações e a saúde No início do mês de outubro, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) recebeu em seu auditório, de forma inédita, representantes do mercado de saúde para debater em seminário as perspectivas do setor. Das 455 empresas listadas na Bovespa, pouco mais de dez atuam na saúde. O nicho movimenta R$ 183 milhões por dia em negociações, e o valor das organizações listadas, como empresas de diagnósticos, planos de saúde e odontológicos e laboratórios farmacêuticos, está próximo de R$ 62 bilhões. O interesse no setor da saúde é tão grande que a Bovespa anunciou, durante o evento, que estuda a criação de um índice de Serviços de Saúde, uma espécie de indicador de desempenho de determinado conjunto de ações, a exemplo do que já existe nas áreas de energia elétrica, indústria, financeira, consumo etc. Apesar da euforia do mercado de capitais, os hospitais ainda encontram barreiras constitucionais à entrada de capital estrangeiro, o que é um absurdo frente à globalização e pior: acaba criando uma concorrência desleal. Essa é uma reivindicação antiga do SINDHOSP e de outras entidades que representam os prestadores de serviços de saúde. Afinal, por que hospitais e congêneres não podem contar com capital estrangeiro, enquanto a prática é permitida ao restante do mercado? Muitas ope- radoras de planos de saúde abriram capital e investiram na verticalização, adquirindo ou construindo hospitais. Então, qual o sentido dessa proibição? Empresas que ingressam no mercado de capitais são obrigadas a investir em gestão, em governança corporativa. Tornam-se, portanto, mais transparentes. As ações também ampliam a capacidade de investimento, de expansão. E isso beneficia diretamente a sociedade. Alguns profissionais têm receio de que o capital estrangeiro faça com que os nossos estabelecimentos de saúde percam a identidade e se elitizem. Balela. Dos 4.533 hospitais privados existentes no país só uma pequena parte deste universo tem capacidade para se adequar às rígidas regras do mercado financeiro, segundo especialistas. Essa edição do Jornal do SINDHOSP ouve políticos, médicos e demais profissionais da saúde sobre esse ainda polêmico assunto. Leia e tire suas próprias conclusões. Dante Montagnana presidente E xp ed i ente DELEGADOS REPRESENTANTES Efetivos: Dante Ancona Montagnana e Yussif Ali Mere Júnior - Suplentes: José Carlos Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto REGIONAIS SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO DIRETORIA EFETIVOS Dante Ancona Montagnana – presidente, Yussif Ali Mere Júnior – 1º vice-presidente, George Schahin – 2º vice-presidente, José Carlos Barbério – 1º tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º tesoureiro, Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária e Antonio Carlos de Carvalho – 2º secretário SUPLENTES Sérgio Paes de Melo, Carlos Henrique Assef, Danilo Ther Vieira das Neves, Simão Raskin, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes, Marcelo Luis Gratão e Irineu Francisco Debastiani CONSELHO FISCAL Efetivos: Roberto Nascimento Teixeira Mendes, Gilberto Ulson Pizarro e Marina do Nascimento Teixeira Mendes - Suplentes: Maria Jandira Loconte Ferrari, Paulo Roberto Rogich e Lucinda do Rosário Trigo 2 ABC Rua Porto Alegre, 257 - Vila Assunção CEP: 09030-610 - Santo André - SP Tel/Fax: (11) 4427-7047 e-mail: [email protected] BAURU Rua Bandeirantes, 7-20 - Centro - 17015-011 - Bauru - SP Tel: (14) 3223-4747 - Fax: (14) 3223-4718 e-mail: [email protected] CAMPINAS Rua Conceição, 233 - 15º andar - Sala 1510 - Centro CEP: 13010-050 - Campinas - SP Tel: (19) 3233-2655 - Fax: (19) 3233-2676 e-mail: [email protected] PRESIDENTE PRUDENTE Rua Joaquim Nabuco, 150 - Centro Presidente Prudente - SP - CEP: 19010-070 - Tel: (18) 3916-2435 e-mail: [email protected] RIBEIRÃO PRETO Rua Álvares Cabral, 576 - 5º andar - Edifício Mercúrio CEP: 14010-080 - Ribeirão Preto - SP Tel/Fax: (16) 3610-6529 - e-mail: [email protected] SANTOS Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 238 - Cj. 44 - Centro CEP: 11070-000 - Santos - SP - Tel/Fax: (13) 3233-3218 e-mail: [email protected] SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Av. Dr. João Guilhermino, 251 - 12º andar - sala 122 CEP: 12210-131 - São José dos Campos - SP Tel: (12) 3922-5777 / 3922-5023 - Fax (12) 3946-2638 e-mail: [email protected] SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Rua Tiradentes, 2449 - Boa Vista CEP: 15025-050 - São José do Rio Preto - SP Tel: (17) 3232-3030 e-mail: [email protected] SOROCABA Rua Cônego Januário Barbosa, 145 - Vergueiro CEP: 18030-200 - Sorocaba - SP Tel: (15) 3211-6660 - Fax: (15) 3233-0822 e-mail: [email protected] JORNAL DO SINDHOSP EDITORA: Ana Paula Barbulho (Mtb 22.170) REPORTAGENS: Ana Paula Barbulho, Aline Moura e Fabiane de Sá PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA: Ergon Art - (11) 2676-3211 PERIODICIDADE: Mensal TIRAGEM: 15.000 exemplares CIRCULAÇÃO: entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 9º andar, São Paulo, Capital, CEP 01041-000 Fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255 www.sindhosp.com.br e-mail: [email protected] N otícias Publicada versão 3.0 do Padrão TISS Foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU), do dia 10 de outubro, a Resolução Normativa (RN) nº 305 e a Instrução Normativa (IN) nº 51, ambas de 9/10/2012, da Diretoria de Desenvolvimento Setorial (Dides) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelecem a nova versão do Padrão da Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS) 3.0. Segundo a ANS, a evolução do Padrão TISS avança na interoperabilidade entre os sistemas de informações, na otimização dos recursos e na redução dos custos. A TISS abrange as trocas dos dados de atenção à saúde prestada aos beneficiários de plano privado de assistência à saúde e gerados na rede de prestadores de serviços contratados das operadoras. A finalidade do novo Padrão TISS, segundo a RN 305, é “padronizar as ações administrativas de verificação, solicitação, autorização, cobrança, demonstrativos de pagamento e recursos de glosas; subsidiar as ações da ANS de avaliação e acompanhamento econômico, financeiro e assistencial das operadoras de planos privados de assistência à saúde; e compor o registro eletrônico dos dados de atenção à saúde dos beneficiários de planos privados de assistência à saúde”. A construção da versão 3.0 contou com a participação da sociedade, por meio da consulta pública nº 43 (foram mais de 15 mil contribuições), e da atuação do Comitê de Padronização de Informações da Saúde Suplemen- tar (Copiss) e de seus grupos de trabalho, que contam com representantes de operadoras e de prestadores de serviços de saúde. O SINDHOSP é representado, nesse Comitê, pelo coordenador do departamento de Saúde Suplementar, Danilo Bernik. O mercado aguardava a nova versão da TISS há mais de um ano. Para a ANS, a versão 3.0 do Padrão TISS complementa o processo de faturamento, com ampliação da Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS) e inclusão das terminologias de diárias, taxas, gases medicinais, medicamentos, materiais e órteses e próteses, além de padronizar as rotinas de recursos de glosa. No total, são 108 mil terminações contempladas pela TUSS. As operadoras também enviarão os dados do Padrão TISS à ANS em conformidade ao estabelecido nos componentes da padronização. A partir desta versão, as operadoras de planos privados de assistência à saúde e seus prestadores de serviços devem disponibilizar, sem qualquer ônus, os dados de atenção à saúde do Padrão TISS solicitados pelo beneficiário, por seu responsável legal ou ainda por terceiros formalmente autorizados por eles, atendendo os requisitos de segurança e privacidade da TISS. A ANS acredita que com a disponibilidade dos dados de atenção à saúde para os beneficiários, reduz-se a assimetria de informações atual, criando as bases para implementação, no futuro, do registro eletrônico de saúde dos beneficiários de planos privados. O prazo limite de implantação do Padrão TISS – versão 3.0 é 30 de novembro de 2013. A partir de 1º/12/2013 sua adoção será obrigatória. CBIS 2012 acontece em novembro A Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) promove de 19 a 23 de novembro, em Curitiba-PR, o XIII Congresso Brasileiro de Informática em Saúde (CBIS 2012). Os objetivos do evento são promover o uso transformador da Tecnologia da Informação (TI) para a melhoria da saúde, por meio de projetos e pesquisas; debater sobre como a informática pode ser esse elemento transformador para a melhoria do setor; e compartilhar experiências na área de informática em saúde. Para o presidente da SBIS, Cláudio Giulliano Alves da Costa, a saúde é a “bola da vez”. “Grandes empresas, governo, universidades e todo o mercado têm destinado os seus investimentos para a área da saúde, especialmente no Brasil. Sabemos que ainda há muito que melhorar, especialmente no setor público, mas acredito que o momento é muito propício e agora temos a real oportunidade de tornar a informática um elemento transformador da saúde!” Entre os temas que serão discutidos, estão a avaliação de tecnologias de informação e comunicação em saúde, além de outros como políticas de informação, informática em saúde e aspectos éticos, segurança, confidencialidade, privacidade e sistemas de apoio à decisão e inteligência artificial. Uma novidade do CBIS neste ano será a composição de tracks segmentados em diversos temas como prontuário eletrônico, gestão estratégica, soluções para o setor público, PACS/RIS e soluções móveis, entre outras, para que o congressista possa assistir palestras específicas dentro de sua área de interesse e conhecer soluções voltadas a tais segmentos. O evento é dirigido a profissionais, estudantes, empresas e instituições de ensino interessados em debater ideias, fundamentos, aplicações e políticas relacionadas à informática em saúde. As inscrições para o “CBIS 2012 - XIII Congresso Brasileiro de Informática em Saúde” estão abertas e podem ser feitas pelo site www.sbis.org.br. Mais informações pelo telefone (11) 3791-3343. edição 331 3 N o t í c i a s Dia Mundial da Saúde Mental No dia 10 de outubro foi celebrado o 20º aniversário do Dia Mundial da Saúde Mental. Segundo dados do Ministério da Saúde, 3% dos brasileiros sofrem com transtornos mentais severos e persistentes e mais de 6% da população tem transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e drogas. Também de acordo com o órgão, 12% da população necessitam de algum atendimento em saúde mental. A lei 10.216/01 surgiu com o objetivo de redirecionar o modelo de assistência em saúde mental em âmbito nacional. Com dez anos completados em 2011, ela ainda é motivo de muita polêmica, já que o texto foi sendo desconfigurado por meio de resoluções, causando inúmeros conflitos entre lideranças políticas, profissionais, portadores de transtornos mentais, familiares e sociedade. A lei dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, garantindo ao cidadão ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários, e prevendo que a internação só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. Apesar de incluir o hospital especializado na cadeia de assistência, posições e ações ideológicas levaram à drástica redução de leitos nesses hospitais. “A lei 10.216 tinha tudo para ser um marco na psiquia- 4 tria, mas sofreu distorções diversas na sua execução. Com o fechamento indiscriminado de leitos, os pacientes foram divididos em dois tipos, os que podem pagar e aqueles que estão abandonados à própria sorte”, afirma o coordenador do departamento de Saúde Mental do SINDHOSP, Ricardo Mendes. Visão semelhante à do coordenador da Câmara Técnica de Saúde Mental do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha. “A lei, em nenhum momento, diz que se devem diminuir leitos. Por mais que a psiquiatria tenha evoluído, a internação continua necessária”, diz. Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, foram extintos, desde a criação da lei, mais de 80 mil leitos, restando apenas 36 mil. Para especialistas, vive-se hoje um “estado de desassistência” preocupante. Além da falta de leitos, os prontos-socorros dos hospitais gerais e suas equipes de trabalho não contam com suporte necessário para atender à demanda. Outros problemas foram encontrados nos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Estudo realizado pelo Cremesp em 2009 destacou um modelo “capscêntrico”, sem integração adequada com outros equipamentos de saúde mental. Entre os problemas encontrados estiveram desde falta de pessoal (inclusive psiquiatras), comunicação, qualificação técnica, até falta de retaguarda para emergências e internações. “O Ministério da Saúde empurra goela abaixo a ideia de que os CAPS resolvem o problema, mas esses centros são insuficientes para lidar com casos complexos. Um terço dos usuários de crack morrem ou acabam na prisão”, exclama o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira. “Se o sistema em rede funcionasse bem, talvez fossem necessários menos leitos, mas não é o que acontece. Fechar leitos nessas condições é um equivoco”, frisa o coordenador da Câmara Técnica de Saúde Mental do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha. A baixa remuneração do SUS também é motivo de críticas do SINDHOSP, Cremesp e demais entidades representativas da saúde à política do governo. “Reembolsar uma diária em hospital psiquiátrico a R$ 35, incluindo medicamentos, cinco refeições, serviços médicos e de enfermagem, assistência social e terapia ocupacional é um absurdo. É praticamente impossível oferecer um atendimento digno com esse valor. Essa é a política do governo: asfixiar os hospitais para reduzir ainda mais o número de leitos, em detrimento das estatísticas na área da saúde mental, que só crescem”, afirma Ricardo Mendes, do SINDHOSP. No mundo A Organização Mundial de Saúde (OMS) elegeu a depressão para dar o seu recado no Dia Mundial da Saúde Mental. Sob a égide “Depressão, uma crise global”, a entidade inicia campanha de alerta para o fato de 350 milhões de pessoas no mundo todo sofrerem da doença. Segundo a OMS, a depressão é frequente e os governos devem se empenhar para ajudar as pessoas a aceitá-la e, principalmente, tratá-la. Estima-se que metade deste contingente não receba nenhum tratamento. Ainda segundo a OMS, 20 milhões de pessoas tentam se suicidar a cada ano, sendo que pelo menos um milhão morrem através desta prática. De cada dois suicídios consumados, um tem a depressão como causa direta, enquanto a percentagem chega a ser superior a 50% em relação às tentativas. A depressão é o resultado de complexas interações entre fatores sociais, psicológicos e biológicos. Há relações entre a depressão e a saúde física; assim, por exemplo, as doenças cardiovasculares também podem ser capazes de produzir depressão e vice-versa. Além disso, as circunstâncias estressantes, como pressões econômicas, desemprego, conflitos e desastres naturais, também podem contribuir para um quadro depressivo. De acordo com Shekhar Saxena, diretor do departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, metade das pessoas que sofre de depressão não a reconhece e, por isso, não busca tratamento e nem apoio psicossocial, que costumam ser tão importantes quanto os remédios. Em homenagem ao Dia Mundial da Saúde Mental, o site do SINDHOSP (www.sindhosp. com.br) publicou matéria extensa sobre o tema mostrando, inclusive, como funciona a assistência em saúde mental em países como Portugal, Estados Unidos, China e Austrália. E nt rev ista Boa gestão na saúde é determinante Jornal do SINDHOSP – O “achismo” ainda é a base da tomada de decisões da maioria das empresas brasileiras, e não só do setor saúde. Como a sra vê essa prática e o que o CEAHS propõe para mudar isso? Libânia Paes – Realmente, muitos gestores ainda agem de acordo com a sua intuição, sua percepção. Não que isso seja ruim, mas quando você age baseado em dados, informações, a probabilidade de errar é menor. O CEAHS tem disciplinas, como Gestão de Processos e Sistemas e Gestão da Informação, que objetivam fazer com que o futuro gestor aja apoiado em dados. Essa noção de gestão é importante porque 90% dos nossos alunos vêm da área técnica, como medicina, enfermagem, fisioterapia, entre outras. SINDHOSP – Já é possível afirmar que a profissionalização na área de saúde deixou de ser uma vantagem competitiva ou diferencial da instituição para se tornar determinante básico? Libânia Paes – Sim e isso aconteceu pelas necessidades do bom médico? Um bom enmercado. As empresas fermeiro? É errar menos? do setor começaram Qual a tolerância de erros a enxergar a imporda empresa? Os eventos tância da profissionaadversos são notificados? lização da gestão em Ou são empurrados para saúde pelas mudandebaixo do tapete? Como ças ocorridas na ecoo gestor avalia a produtivinomia e também pordade das equipes? Como que a área tem suas as gerencia? São questões particularidades. Um que precisam estar bem Libânia Paes hospital, por exemplo, claras para o gestor. Ele não fecha para balanprecisa saber o que quer ço. Mantém suas atividades ininterruptae precisa medir. E, claro, conhecer o valor mente. Com o advento do Plano Real e o que deseja impor à empresa. fim da ciranda financeira, as operadoras de planos de saúde começaram a pressionar SINDHOSP – Tudo isso, claro, evidenos prestadores de serviços para reduzirem cia a importância dos indicadores e do custos. E hoje toda a cadeia de saúde é benchmarking. pressionada. No CEAHS, já vemos uma Libânia Paes – Exatamente. Eles são diversidade de profissionais vindos da importantíssimos. É preciso comparar a indústria fabricante, de operadoras e não empresa com os concorrentes. Os indisó dos prestadores, que antes eram maiocadores não devem servir para encher ria. As empresas hoje trabalham com foco gavetas. Eles precisam ser usados no geem qualidade e custos e uma boa gestão renciamento do dia a dia. O que vemos são é fundamental para o crescimento delas. muitas instituições em busca da acreditação e que, por exigência, estabelecem inSINDHOSP - Pela sua experiência, quais dicadores. Mas não os utilizam. Só irão se são os erros mais comuns que os prestadores preocupar novamente com eles na época de serviços de saúde cometem na gestão do da recertificação, da auditoria, e perdem a seu capital humano? oportunidade da previsibilidade, o que é Libânia Paes – Geralmente, o hospital possível, sim, ter na área da saúde. pega o seu melhor enfermeiro e o transforma em chefe, em líder. Com isso, na SINDHOSP - O CEAHS possui parceria maioria das vezes, acaba perdendo um com o Hospital das Clínicas da Faculdade excelente enfermeiro e ganhando um de Medicina da Universidade de São Paulo péssimo líder, um péssimo gestor. É preci(HCFMUSP) há 40 anos. Hoje, muitos hospiso preparar o colaborador para esse novo tais privados estão criando suas próprias esdesafio, pois na saúde não se formam colas ou tentando estabelecer parcerias com profissionais técnicos com foco na gestão. universidades para capacitar seus colaboradores. Como a sra analisa esse movimento? SINDHOSP – Realmente, os estabeLibânia Paes – De forma muito positilecimentos de saúde sofrem com a baixa va. Investir na profissionalização é fundaqualificação profissional. Como mudar mental. Em paralelo, temos oportunidaessa realidade? des que começam a ser exploradas pelo Libânia Paes – Ao gestor cabe incenmercado, como maior foco na assistência tivar a educação continuada e gerenciar. É aos idosos. É preciso criar incentivos para preciso conhecer, medir. E treinar também. a formação de profissionais nas áreas de Afinal, o que é para a instituição ser um maior necessidade. Foto: Divulgação Com o objetivo de formar gestores profissionais com uma visão ampla na área de Administração de Empresas, o Curso de Especialização em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde (CEAHS) da Fundação Getúlio Vargas está completando 35 anos de existência. Considerado o curso de gestão em saúde mais tradicional do mercado, essa pós-graduação lato sensu é voltada para profissionais graduados há mais de três anos com interesse de expandir suas habilidades gerenciais e seus conhecimentos sobre o setor de saúde. A boa notícia é que o número de interessados vem crescendo e a concorrência do CEAHS também. Há três anos existiam apenas três cursos voltados para a Administração em Saúde em São Paulo. Em 2012 são 15. Para entender as mudanças ocorridas na área, bem como os desafios ainda existentes, o Jornal do SINDHOSP ouviu a coordenadora do curso, Libânia Alvarenga Paes. edição 331 5 Capa Façam as suas apostas: a saúde es Foto: Divulgação Bovespa Das 455 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) em 2012, mais de dez atuam no setor de saúde. Entre elas, estão grupos de varejo e laboratórios farmacêuticos, planos de saúde e odontológicos, empresas de diagnósticos. O bom desempenho no jogo de xadrez que é o mercado de capitais tem chamado a atenção de investidores e analistas de investimento, estes responsáveis por recomendar a compra ou venda de ações. Segundo Cristiane Pereira, diretora de Desenvolvimento de Empresas da Bovespa, o nicho movimenta R$ 183 milhões por dia em negociações, e o valor das organizações listadas está próximo de R$ 62 bilhões. Um sintoma deste interesse crescente foi o fato de a própria Bovespa receber, de forma inédita, representantes do mercado de saúde para debater as perspectivas do setor em seu auditório, nos dias 2 e 3 de outubro. A iniciativa foi em parceria com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Na plateia, investidores e analistas interessados em conhecer o marco regulatório do segmento privado, e um pouco mais da história das empresas que já abriram ou que pretendem abrir capital. Durante o seminário, a Bovespa anunciou que estuda a criação de um índice de Serviços de Saúde, uma espécie de indicador de desempenho de determinado conjunto de ações. Hoje, existem diversos índices setoriais, que medem como andam os papéis negociados nas áreas de energia elétri- As instalações da Bovespa ca, indústria, financeira, consumo etc. No pool da saúde, entre os que já lançaram o seu IPO (Oferta Pública Inicial, da sigla em inglês Initial Public Offering), estão Fleury, Dasa, SulAmérica, Odontoprev, Brazil Pharma, Raia Drogasil, Qualicorp e a vedete do momento, Amil. Uma semana após o seminário realizado pela Bovespa, o empresário Edson Godoy Bueno, da Amil, anunciou em teleconferência a ven6 da de 90% da empresa ao grupo UnitedHealth, a líder do mercado de seguradoras de planos de saúde dos Estados Unidos. A transação, histórica, representa uma mudança de paradigma para a saúde do país. Isso porque o negócio, que deve girar em torno de R$ 10 bilhões, inclui a venda dos 22 hospitais pertencentes à operadora. A legislação brasileira, por meio de seu texto constitucional, proíbe a entrada de capital estrangeiro nas empresas privadas que prestam assistência à saúde, incluindo aí os hospitais. A mesma regra, no entanto, não vale para planos de saúde, laboratórios farmacêuticos, farmácias e drogarias, empresas de medicina diagnóstica, entre outros. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, em 23 de outubro, a venda da Amil, aceitando o argumento da operadora, de que seus hospitais são próprios e utilizados como ferramenta de redução de custos. O debate sobre a proibição de abertura de capital é polêmico e já dura décadas. Afinal, por que hospitais e congêneres não podem contar com capital estrangeiro, enquanto a prática é permitida ao restante do mercado? Projetos de lei que buscam modificar a Constituição tramitam no Legislativo desde 1990 (leia mais à pagina 8). Para Leandro Fonseca, diretor-adjunto da Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, os investidores estrangeiros são bem-vindos no país, inclusive para alavancar a atividade dos hospitais. “Vejo a prática com bons olhos. Isso traz maior nível de governança às organizações e amplia a capacidade de expansão da rede. A limitação em relação aos hospitais é intrigante. Por que uma operadora que possui hospital pode abrir capital, e um hospital não?”, questionou, durante participação em evento na Bovespa. Imune à polêmica, a Saúde na Bolsa só cresce, assim como a exploração deste negócio no Brasil. O cenário, apesar de seus gargalos já conhecidos, é promissor na visão dos investidores. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 10 milhões de pessoas ingressaram para a classe C nos últimos dois anos. Isso significa que boa parte deste contingente possui agora a tão almejada carteirinha do plano de saúde. Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), a demanda está em alta e o setor privado será o grande responsável pela expansão do acesso. “No Brasil, 53% de todo o gasto com saúde já diz respeito ao setor privado. E, apesar de os gastos públicos terem sofrido aumento, quem vai suprir esta demanda seremos nós”. Aos que duvidam deste crescimento, a compra da Amil pela UnitedHealth é sintomática. Os olhos dos investidores estrangeiros brilham ao se voltarem para o Brasil. Ao comparar as líderes de mercado aqui e acolá, dá para se ter uma dimensão do tamanho da cobiça alheia: a líder de mercado Amil soma uma carteira de 5,8 milhões de usuários, possui cinco mil funcionários e faturou R$ 9,27 bilhões em 2011. Já a United possui nada menos que 78 milhões de beneficiários, emprega 99 mil funcionários e faturou o equivalente a R$ 205 bilhões no mesmo período. Almeja se agigantar ainda mais em terras brasileiras, segundo anunciou seu presidente, Stephen J. Hemsley, na ocasião do anúncio da compra. “Para nós, o potencial parece ser o mesmo que o mercado dos Estados Unidos tinha 20 anos atrás ou mais”, afirmou. Dentre as 140 aquisições já feitas pelo grupo norte-americano, o negócio da Amil é a maior já realizada fora dos Estados Unidos e a segunda mundialmente, só perdendo para a compra da californiana PacifiCare, por US$ 9 bilhões, em 2005. Tamanho potencial de mercado, seguindo a tendência de consolidação, se repete em outros segmentos, como o odontológico. No Brasil, apenas 9% da população possui planos deste tipo. Nos Estados Unidos, 60%. José Roberto Pacheco, diretor de Controladoria e Relações com Investidores da Odontoprev, prevê um crescimento acima da média para os próximos anos, levando em conta o aumento do acesso e a baixa sinistralidade da modalidade. Para se ter uma ideia, a média da sinistralidade da SulAmérica, um dos maiores grupos de operadoras de planos de saúde do país, é de 84,6%. Na Odontoprev, este índice cai para 48,2% (em 2011). Para Pacheco, também por este motivo, os planos odontológicos têm vivido crescimento acima do registrado no mercado de planos convencionais. A abertura do IPO da empresa, em 2006, ajudou na consolidação e abriu a temporada de aquisições. “Temos acionistas de 34 países, promovemos redução de despesas administrativas, distribuímos dividendos mensalmente e registramos retorno de 466% desde então”, enumerou. A curva ascendente tem sido a lógica para quem entra na bolsa. O case do grupo Fleury é outro dos que emblema a tendência. Apesar de ser um prestador de serviços em saúde, a lei não lhe proíbe a abertura de capital por atuar no segmento de diagnósticos. Seu IPO se deu em 2009, após intenso trabalho de profissionali- Negóc de está no jogo mento, a é sintotrangeirasil. Ao e acolá, anho da mil soma s, possui bilhões nos que a 99 mil R$ 205 agiganegundo Hemsley, a nós, o mercado ou mais”, tas pelo Amil é a idos e a o para a r US$ 9 guindo a m outros o Brasil, os deste Roberto elações evê um róximos o acesso de. Para dade da e operae 84,6%. ,2% (em motivo, scimene planos mpresa, abriu a nistas de espesas os men% desde ica para o Fleury . Apesar úde, a lei or atuar O se deu ssionali- zação da gestão, implementação de práticas de governança corporativa e cumprimento rígido das metas estipuladas em seu planejamento estratégico. “Somos uma empresa de serviços médicos, mas contamos com o mercado de capitais para ampliar nossa visão e atuação”, afirmou João Patah, diretor de Relações com Investidores do Fleury, em evento na Bovespa. Após a abertura de capital, a empresa fez diversas aquisições país afora, como a compra dos laboratórios Lab´s D´Or e mais recentemente da Papaiz (de diagnóstico em odontologia), em parceria com a Odontoprev. Em 2011, ainda lançou uma nova marca, a a+ Medicina Diagnóstica, de olho nas classes B e C. Segundo Patah, o volume médio negociado nos últimos seis meses, na Bovespa, foi de R$ 5 milhões. O setor farmacêutico brasileiro também se vale do capital estrangeiro para crescer. Não são apenas os grandes laboratórios que estão na bolsa. Entraram para o jogo, nos últimos anos, também as redes de varejo. Elas ganharam escala em suas vendas, impulsionadas mais uma vez pelo aumento de renda da população, que consome mais remédios. Hoje, um cenário considerado impensável há alguns anos tornou-se rotina nas farmácias: o consumidor pega uma senha de atendimento, e se senta em uma das inúmeras cadeiras, dispostas em frente ao balcão de medicamentos, para aguardar a sua vez. “Aumentou muito o tempo de dispensação e o número de pessoas nas farmácias”, reconhece Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Os dados confirmam: em 2011 o varejo cresceu 19%, atingindo R$ 38 bilhões em vendas. Para os próximos cinco anos, o mercado deve atingir R$ 87 bilhões, o que representará cerca de 135 bilhões de unidades de doses vendidas (foram 90 bi em 2011). Sydney Clark, vice-presidente na América Latina da IMS Health, aposta não só no aumento de renda dos pacientes, mas também no crescimento do programa Farmácia Popular – que impulsionou o segmento farmacêutico com crescimento de 92% no período de um ano – e a inclusão de um novo serviço, já em estudo na ANS: a assistência farmacêutica via plano de saúde. Negócio de gente grande Não fosse pelo fato de ser proibido por lei um hospital abrir seu capital, muitos deles já o teriam feito. Afinal, transformar-se numa empresa de capital aberto implica em vender ações e converter papéis em dinheiro. Muito dinheiro. A título de comparação, a média de captação de recursos em Bolsa no Brasil, em 2011, foi de R$ 400 milhões por IPO. Isso quer dizer que uma só empresa, numa tacada, consegue captar uma considerável soma em investimentos. Em contrapartida, os empréstimos totais concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a empresas que atuam no setor de saúde não chegaram a R 1,5 bilhão, no mesmo período. No entanto, para alcançar o sonho de chegar à bolsa de valores, o caminho pode ser longo. Permanecer no mercado financeiro de maneira sustentável também não é tarefa fácil. Dos 6.746 hospitais existentes no país, 4.533 são privados, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), de 2012. No entanto, apenas uma pequena parte deste universo teria capacidade para se adequar às rígidas regras do mercado financeiro. Isso porque as exigências para ser aceito numa Bovespa da vida, por exemplo, são inúmeras. É preciso que a organização, em primeiro lugar, invista em processos de gestão baseados em governança corporativa. Também que divulgue seus balanços para o mercado de forma pública e irrestrita, trimestralmente. Uma auditoria, independente, tem de ser contratada constantemente para validar as informações prestadas. Também a criação de um departamento de Relações com Investidores é fundamental para manter vínculos com os analistas, que atuam junto às corretoras na avaliação de compra ou venda de ações. Sem este relacionamento, uma empresa que abre IPO na bolsa está fadada ao fracasso, segundo Lucy Souza, da Apimec. Para Arthur Farme d´Amoed Neto, diretor de Relações com Investidores da SulAmérica, a visão dos analistas em relação ao mercado de saúde mudou para melhor. “As seguradoras, por exemplo, eram vistas como um subproduto dos bancos. Mas isso mudou. Somos um segmento em aquecimento, num país emergente. Os olhos se voltaram para nós”. Entre os hospitais, há pelo menos dois grandes grupos brasileiros que ensaiam sua estreia no mercado de capitais. Rede D´Or e Grupo Vita encontraram maneiras de aportar capital sem necessariamente vender ações em bolsa. Em 2010, a rede do empresário Jorge Moll recebeu empréstimo de R$ 55 milhões do International Finance Corporation (IFC), braço direito do Banco Mundial para o setor privado. A verba foi o impulso para uma parceria com o BTG Pactual, mediante acordo para subscrição de debêntures conversíveis em ações da rede. A principal diferença entre debênture e ação é que quem adquire uma debênture vira credor da empresa. Já quem compra ações vira acionista da mesma, ou seja, sócia com direito a participação nos lucros. A manobra tem se transformado num instrumento para investidores internacionais se associarem a hospitais e clínicas no país. Algo semelhante, mediante a criação de um fundo de private equity, foi realizado para o aporte financeiro do Grupo Vita. A aposta dos investidores, da própria Boves- Foto: Divulgação emanda O seminário lotou o auditório da Bovespa pa, e principalmente dos hospitais, é que a lei que proíbe a entrada de capital estrangeiro no Brasil caia por terra. Em recente parecer favorável ao projeto de lei que propõe a mudança, o senador Valdir Raupp argumenta: “Embora a Constituição Federal de 1988 reflita, em seus dispositivos relativos ao ordenamento econômico e social, as ambiguidades e contradições do quadro político anterior à queda do Muro de Berlim, houve um processo de liberalização nas normas constitucionais que ainda não chegou ao setor de saúde”. O senador admite que, logo após a promulgação da Constituição, diversas reformas foram promovidas, a fim de abrir a economia ao capital estrangeiro (mesmo que com limites de participação) ou de permitir que a iniciativa privada atuasse em inúmeros segmentos. Foi o caso da navegação, da exploração dos recursos naturais, da energia elétrica, do refino de petróleo, do sistema financeiro, da área de comunicação, entre outros. “Não há como justificar que o setor saúde tenha especificidades nessa questão frente a outros segmentos da economia. Não é crível que o empresariado brasileiro do setor saúde seja mais ou menos ganancioso na sua ânsia por lucro do que o estrangeiro. Trata-se apenas de reserva de mercado que, se por um lado beneficia de forma imediata o empresário nacional pertencente ao setor de saúde, por outro, prejudica o usuário brasileiro, por diminuir a concorrência no setor e o aporte de novos recursos financeiros”. edição 331 7 Capa Saúde precisa de investidores para voltar a crescer Fotos: Divulgação de Hospitais Privados (CAE) e o parecer do seu A compra da Amil pela americana Unite(Anahp), Francisco Barelator, senador Valdir dHealth Group reabriu o debate sobre a parlestrin, concorda com o Raupp (PMDB-RO), diz ticipação de empresas de capital estrangeiro deputado e diz que esta que ”não há vestígio de no setor de saúde brasileiro. A Constituição realidade vivenciada pelo inconstitucionalidade Federal de 1988, no entanto, veda a participamercado suplementar de na proposta”. Ademais, o ção direta ou indireta de empresas ou capitais saúde brasileiro dificulta parlamentar afirma que estrangeiros na assistência à saúde, mais espea modernização, expana saúde brasileira se rescificamente nos serviços de saúde, incluindo são e fortalecimento dos sente da falta de recursos hospitais, home care ou empresas de remoção, hospitais brasileiros ine investimento, no setor salvo na existência de lei específica. Neste caso, dependentes. Também público e também no é a lei 9.656/98, que permite a participação de torna desiguais as posprivado. “Nesse cenário, capital estrangeiro nas operadoras de planos sibilidades de competinão acreditamos que vade saúde, mas não cita os hospitais. O presidente da Frente Parlamentar ção com os hospitais das lha realmente a pena disAlém da Constituição, o setor de assisda Saúde, Darcisio Perondi operadoras de planos de pensar os investimentos tência à saúde ainda é regido pela Lei Orsaúde verticalizadas, que estrangeiros em prol de gânica da Saúde, lei nº 8.080, de 19/9/1990, podem contar com o capital estrangeiro. um pretenso nacionalismo”, afirma Raupp. que também veda a participação de inves“Acredito que a aprovação do PLS 259/09 O presidente da Frente Parlamentar tidores estrangeiros, mas permite doações seria extremamente importante e saudável de Saúde (FPS), deputado federal Darcísio de organismos internacionais vinculados à para o sistema de saúde, uma vez que os hosPerondi (PMDB-RS), concorda com o relator, Organização das Nações Unidas (ONU), de pitais privados independentes teriam acesso alegando ser um atraso tal protecionismo. entidades de cooperação técnica e de fia recursos para investimento e modernização “O mundo globalizado tem feito com que nanciamento e empréstimos. Porém, diante não disponíveis atualmente, proporcionanos investidores busquem do cenário atual em que do uma competição mais justa para o setor.” mercados onde seus capio Sistema Único de SaúAssim também pensa o diretor-presitais possam ser mais bem de (SUS) não consegue dente da Federação Nacional dos Estaberemunerados. Nesse sensatisfazer plenamente lecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), tido, a abertura de capital o direito à saúde, e as Humberto Gomes de Melo. “Entendo que contribui para o fortaleoperadoras de planos de deva ser dado às empresas de assistência à cimento do mercado de saúde estão investindo, saúde os mesmos direitos dados às operasaúde.” Perondi acredita cada vez mais, em redes doras e às empresas de medicina diagnósque a abertura de capital próprias e conseguindo tica, inclusive para que tenham as mesmas para as demais áreas da investidores para isso, os condições de concorrência e transparência, saúde pode representar hospitais independentes com maiores possibilidades de aquisição de um avanço significativo, vêm enfrentando dificulrecursos para investimentos.” em um ambiente onde dades para se manter no “Todo o setor saúde deveria ter a posa regulação mostra-se mercado. Esta é a visão Dante Montagnana, sibilidade de ter investimentos e atrair avançada e consolidada, do senador Flexa Ribeiro do SINDHOSP recursos estrangeiros para crescer, melhorar como é o caso do Brasil, (PSDB-PA), autor do Proa assistência aos usuários, contratar mais e promovendo o crescimento do mercado jeto de Lei do Senado (PLS) nº 259/2009, que poder qualificar essa mão de obra.” Esta é a cada vez mais a cada ano. Para ele, os efeitos propõe alterar o artigo 23 da lei 8.080/90 opinião do presidente do SINDHOSP, Dante na saúde suplementar seriam positivos. “O para permitir a participação de empresas e Montagnana. “O setor precisa investir em investimento estrangeiro contribuiria para de capital estrangeiro na assistência à saúde. capacitação e treinamena melhoria dos hospitais, O PLS 259 estabelece restrições quanto to e não tem condições clínicas e laboratórios. ao investimento estrangeiro aos hospitais, econômicas. Acredito Isso poderia ser verificado com prevalência de serviços de cirurgia vasque abrindo o capital no acesso a novas tecnocular, terapia ou propedêutica hemodinâmipara investimentos eslogias, melhora no acesso ca, quimioterapia, radioterapia, hemodiálise trangeiros o cenário da a diagnósticos, além da e transplantes, bem como bancos de órgãos, saúde só tem a melhorar.” troca de experiências em tecidos e partes do corpo humano “por O SINDHOSP sempre mercados maiores, o que serem estratégicos e de interesse nacional, apoiou a abertura de capoderia significar melhodevendo apenas ser operacionalizados pelo pital para investimentos ra na gestão com efeitos SUS ou empresa brasileira”. A justificativa e recursos estrangeiros. altamente positivos, com de Ribeiro para o projeto é que “a entrada Há oito anos, foi feita uma reflexos inclusive na saúde recursos contribuirá para que os preços proposta de projeto de de pública.” da assistência à saúde tornem-se menos lei, nos moldes do PLS O presidente do Cononerosos à população, ao governo e aos Enrico De Vettori, da Deloitte 259/09, pedindo alteração selho de Administração planos privados”. O PLS está em tramitação na lei vigente e estendenda Associação Nacional na Comissão de Assuntos Econômicos 8 capital estrangeiro no mercado brasileiro grande mudança que de saúde suplementar vai obrigar as comcause impacto. A não panhias locais a elevarem o patamar dos ser abrir o capital para serviços prestados e promover também uma empresas estrangeiras, a nova escala na concorrência no Brasil. curto e médio prazos, não O presidente da Associação Brasileira vislumbro nada para o de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo setor”, afirmou De Vettori. de Almeida, também acredita que a injeção Mesmo com todos esNegócio de risco de recursos internacionais só trará impactos ses argumentos, há quem O Brasil hoje é consipositivos para a saúde suplementar como um não veja com bons olhos a derado atraente aos intodo. “Não há impacto ruim. É uma questão abertura de capital estranvestidores estrangeiros, de justiça com os hospitais independentes, geiro para a saúde. O depor ter um câmbio estável e o setor como um todo, com capital, terá putado federal Eleuses Paie uma economia confiáO deputado federal, Eleuses Paiva crescimento. Não vejo como uma privatização va (PSD-SP) não concorda vel. Mas conseguir finanda saúde e acho o Estado fundamental para a e teme um estrangeirismo ciamento no país para o saúde da população e para o sustento do setor, do setor. “Sabemos que a mercado de saúde, princimas há espaço para todos. Vários países estão deficiência está no SUS e da importância da palmente para o setor de assistência à saúde, se valendo disso.“ Mas para entrar no mercado saúde privada para a população. É um setor não é fácil. O sócio da área de Life Science de capitais, uma empresa precisa estar alinhada estratégico, social e que não deve ser aberto e Healthcare da Deloitte, Enrico De Vettori, a uma série de exigências, comuns às bolsas de aos estrangeiros dessa forma. É um risco. Não explica que o investimento no mercado de valores, como integrar programas internaciopodemos ter a saúde dos brasileiros nas mãos hospitais pode ser um negócio de risco, daí a nais de qualidade ou fazer parte de relatórios de grandes grupos estrangeiros.” dificuldade de se conseguir recursos advindos de gestão. Estaria o mercaO deputado também de financiamentos. “No Brasil, tem-se o custo do de saúde, em especial não concorda com a aberde capital muito elevado para os hospitais o dos hospitais e clínicas, tura ao capital estrangeiro independentes. Eles brigam com os hospisuficientemente maduro para operadoras e empretais de rede, que têm o poder de barganha e para isso? sas de medicina diagnóstitêm acesso ao capital estrangeiro. Isso é uma Neste ponto a opica e apresentou um novo grande distorção que precisa ser corrigida, nião dos especialistas pois representa uma fragilidade no negócio.” projeto de lei (PL 4.542/12) se diverge. Para o presipara regular a aquisição De Vettori diz que se os hospitais indedente da Anahp, as insdesses tipos de empresas pendentes e congêneres não tiverem acesso a tituições hospitalares por estrangeiro ou pessoa capital não terão como ofertar aos seus usuáprivadas de excelência jurídica estrangeira. “Esses rios tecnologia de ponta, rede estável e consojá estão alinhadas a essas grupos internacionais não lidada, com capilaridade, porque dificilmente exigências, como adesão podem ficar adquirindo terão outra forma de captar recursos. “Mesmo à governança corporamais que 50% das emquerendo e tendo uma posição forte no merO presidente da Abramge, tiva, modelo de gestão presas de saúde do Brasil. cado, os hospitais e clínicas independentes Arlindo de Almeida que preza a equidade, Poderíamos ficar nas mãos não conseguem nem tomar empréstimos, por transparência e accountability (prestação deles e isso seria ruim para o mercado. Teríanão terem como ofertar garantias. À medida de contas). Já para a superintendente jumos que aceitar os preços por eles impostos, que abrirmos o mercado teremos subida nos rídica do SINDHOSP, Eriete Teixeira, ainda o que iria encarecer demais a saúde para os ativos, mais gente querendo comprar esses é preciso uma profissionalização grande cerca de 20% da população que hoje buscam serviços e atrairemos mais investimentos.” do setor. “Quem investir aqui no Brasil vai atendimento na saúde Ele ainda faz um querer retorno. Teremos que ter uma modisuplementar. O SUS não prognóstico nada anificação profunda na forma de desenvolver teria como atender toda mador para o setor sem o trabalho no setor. As empresas na saúde essa demanda”, justifica o o investimento internaainda são muito familiares, voltadas para um deputado. cional. “Infelizmente, tepúblico interno. Teremos que ter mudança O sócio da Deloitte mos um histórico muito de postura”, ressaltou Eriete. não vê a possibilidade de negativo no sentido de O sócio da Deloitte concorda com a investimentos internaciolinhas de crédito. Até advogada. Para ele, o segmento não está nais na saúde como algo mesmo no aspecto de maduro, mas é possível uma adequação. que prejudique o setor. desoneração, é um setor “Pela necessidade, as empresas vão correr Para ele, isso representa muito onerado tributariaatrás disso até para dar garantia aos invesprogresso e evolução mente. Os empresários e tidores. É preciso uma cultura de aversão a na forma de gestão e as associações estão se riscos e políticas de qualidade. Não vejo isso mudança no modelo de unindo para encontrar Humberto Gomes de Melo, com preocupação e acredito que podemos governança. Segundo apoio na política pública, presidente da Fenaess alcançar esta evolução.” De Vettori, o ingresso de mas nada que seja uma do a todos os segmentos da saúde a possibilidade de receber investimentos estrangeiros, proposta que foi encaminhada ao Congresso Nacional. edição 331 9 N o t í c i a s Outubro é marcado por protestos Foto: Divulgação buscado incessantemente o diálogo com Dentre os desafios enfrentados na saúMédicos de todo o Brasil suspenderam as empresas da área de saúde suplementar, de pública, os médicos destacam na carta a prestação de serviços aos planos de mas os avanços ainda são insatisfatórios. O ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a saúde por até 15 dias no mês de outubro – que está em jogo é o exercício profissional falta de financiamento e de infraestrutura entre os dias 10 e 25. Para marcar a mobilide 170 mil médicos e a assistência a quase adequada. Também pedem a valorização zação nacional, os profissionais realizaram 48 milhões de pacientes”, completou Aloído trabalho no setor, com a adoção de atos públicos (assembleias, caminhadas e sio Tibiriçá Miranda, 2º vice-presidente do parâmetros nacionais de cargos, carreiras concentrações) nos Estados e paralisaram, CFM e coordenador da Comissão Nacional e vencimentos para os médicos e outros em sua maioria, o atendimento eletivo aos de Saúde Suplementar (Comsu). profissionais. usuários de planos de operadoras que não Diversas entidades representativas dos Na saúde suplementar, denunciam a estão negociando com os profissionais de médicos, cirurgiões-dentistas, consumiprevalência dos interesses econômicos medicina. Os atendimentos de urgência dores e hospitais e demais sociedades de das empresas em detrimento à qualidade e emergência foram mantidos durante o prestadores de serviços da saúde assinados serviços oferecidos pelos planos de movimento. ram uma nota pública sobre o atual cenásaúde. Cobram ainda resposta da Agência O protesto ganhou forte adesão nario preocupante da saúde suplementar. O Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por cional, com manifestações em todos os SINDHOSP também assinou o documento, meio de normativa, à proposta de contraEstados. Em nove deles (Acre, Amazonas, pois, para o seu presidente, Dante Montagtualização, encaminhada pelas entidades Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, nana, o relacionamento comercial entre médicas em abril de 2012. Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondôoperadoras e prestadores de serviços é nia), a suspensão do atendimento atingiu ruim e a reivindicação dos médicos é a todas as empresas de saúde suplementar. O movimento em SP Em outros 12 Estados (Bahia, Os médicos do Estado Goiás, Maranhão, Mato Grosde São Paulo suspenderam so, Paraíba, Pernambuco, o atendimento eletivo a dez Rio de Janeiro, Rio Grande operadoras de saúde, entre do Sul, Santa Catarina, São os dias 10 e 18 de outubro. Paulo, Sergipe e Tocantins), Somente os atendimentos a mobilização afetou conde urgência e emergência sultas e procedimentos a foram mantidos. Foram susplanos selecionados localpensos os atendimentos aos mente. Outras seis unidades usuários dos planos Green da federação (Alagoas, AmaLine, Intermédica, Itálica, pá, Distrito Federal, Espírito Metrópole, Prevent Sênior, Santo, Paraná e Roraima) Santa Amália, São Cristódecidiram apoiar a manivão, Seisa, Transmontano e festação com atos públicos, Universal. mas sem paralisação. Essa Nos dias 10 e 18 (Dia foi a quarta paralisação de do Médico), a suspensão Essa foi a quarta paralisação de atendimento aos planos em um ano e meio atendimento aos planos no dos serviços atingiu todas intervalo de um ano e meio. as especialidades médimesma feita pelos hospitais, clínicas e laA quantidade de dias parados e os planos cas destes dez planos que ainda não boratórios. “Ainda vivenciamos essa visão de saúde que foram alvo do movimento tinham negociado com os profissionais dúbia no setor: a operadora procurando o foram decididos por cada Estado. de medicina, segundo a APM. De 11 a menor custo e o estabelecimento de saúde Para o presidente da Associação Médi17 de outubro, o atendimento eletivo foi buscando o valor justo pelo que realiza”, ca Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, a suspenso em rodízio de especialidades. afirmou Montagnana. saúde suplementar brasileira vive um moAs urgências e emergências também mento de falta de credibilidade. Ele citou a foram mantidas neste período. A pauta pesquisa Datafolha/Associação Paulista de de reivindicações do movimento médico Dia do médico Medicina (APM), divulgada em agosto, em paulista inclui consulta a R$ 80, valores No dia 18 de outubro – data em que se que 15% dos entrevistados (1,5 milhão de dos procedimentos atualizados conforme comemora o Dia do Médico - as entidades pessoas) afirmaram ter recorrido ao Sistema a Classificação Brasileira Hierarquizada de médicas nacionais entregaram uma carta Único de Saúde (SUS), em média, 2,6 vezes e Procedimentos Médicos (CBHPM), inserao Ministério da Saúde, chamando a aten9% (950 mil usuários) ao atendimento partição nos contratos de critério de reajuste a ção para os obstáculos que comprometem cular, em média, duas vezes, nos últimos 24 cada 12 meses conforme a fórmula [(IGPM a assistência oferecida aos 190 milhões de meses. “Há grande insatisfação de usuários + INPC + IPCA) / 3 x 0,3] + (índice ANS brasileiros. O documento, assinado pelos do sistema, assim como de médicos. Não x 0,7), detalhamento nos contratos dos presidentes da AMB, CFM e Federação é possível manter qualidade nos serviços critérios para o descredenciamento do Nacional dos Médicos (Fenam), enumera com o atual aviltamento dos honorários.” médico e o fim da interferência na relação ainda uma série de soluções possíveis para “O movimento médico brasileiro tem médico-paciente. os principais percalços do setor. 10 N otícias PLs preocupam empresas façam a adequação da carga horária gradativamente e em até 15 anos esteja vigorando a carga de 30 horas semanais à categoria de enfermeiros. Porém, as entidades representantes dos empregados rejeitaram. “Diante desta situação, precisamos nos unir e apelar aos parlamentares, buscar uma solução conjunta e fazer uma composição para que entendam o impacto que a aprovação deste projeto trará à saúde”, explicou Polachini O PL 4.924/04 tramita em caráter conclusivo na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), aguardando o parecer do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Alvarez ressaltou a necessidade de levar aos gestores de quanto será o impacto nos custos das empresas de saúde com a aprovação do projeto. “É preciso fazer as contas e o RH não pode só reagir; tem que ser proativo e apresentar o real cenário do mercado.” Outros PLs também merecem atenção. É o caso do PL 4.451/12 – que torna facultativa a antecipação do pagamento de férias; PL 4.460/12 - aumenta a remuneração do trabalho noturno; PL 4.461/12 - inclui prerrogativas aos sindicatos; PL 4.462/12 – altera o prazo de proibição de despedida arbitrária de empregados membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidente (Cipa); PL 4.440/12 – que pretende disciplinar o que é relativo às horas de sobreaviso; PLS 3.995/12 – classifica como insalubres e penosas as atividades dos empregados em serviços de limpeza, asseio, conservação e coleta de lixo; PL 3.771/12 – estabelece diretrizes para o reajuste do salário mínimo a partir da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pelo IBGE e da taxa de crescimento real positiva do PIB per capita; PLS 281/11 – que visa estimular as empresas a custear plano de saúde para seus empregados; e PLS 198/12 - estabelece isenção da contribuição previdenciária ao trabalhador que receber aviso prévio indenizado. Encerrando o encontro, o coordenador da Comissão apresentou a pesquisa efetuada pela Cia Talento sobre a empresa Foto: Divulgação A Comissão de Recursos Humanos (RH) do SINDHOSP reuniu-se no dia 17 de outubro, no auditório do Sindicato, em sua sede, para tratar da legislação trabalhista e dos temas que afetam o cotidiano dos profissionais de RH das empresas de saúde. Entre os vários assuntos pertinentes à área, destaque para os mais de mil projetos de lei (PL) que tramitam no Congresso Nacional e afetam diretamente o setor saúde. Segundo Nelson Alvarez, coordenador da Comissão de RH e consultor de Gestão Empresarial, “os movimentos no setor saúde demoraram a engrenar, mas, agora, vieram com força no Legislativo nacional. Precisamos estar atentos e nos mobilizar para uma ação conjunta, só assim teremos força para enfrentar o que vem pela frente”, alertou. De acordo com Alvarez, entre os projetos que mais podem trazer prejuízos financeiros às empresas de saúde estão os PLS 2.295/00, que estabelece jornada máxima de 30 horas semanais para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e o PL 4.924/09, que fixa o piso salarial dos enfermeiros em R$ 4.680, dos técnicos em R$ 3.255 e para os auxiliares de enfermagem em R$ 2.325. A advogada do departamento Jurídico do SINDHOSP, Cristina Polachini, esclareceu que o PL 2.295/00, que ia ser votado no plenário em junho, foi retirado da pauta a pedido da presidente Dilma Rousseff, que atendeu às solicitações das entidades de saúde que alertaram sobre o impacto que a aprovação de tal medida traria para o setor. Na reunião realizada em setembro, as entidades patronais apresentaram uma proposta para que os estabelecimentos Nelson Alvarez, coordenador da Comissão de RH dos sonhos para jovens e para executivos, que mostrou que somente bons salário e benefícios não retêm profissionais. Para Alvarez, “principalmente os jovens não querem a estagnação. Eles almejam ter suas próprias empresas e buscam quem investe em suas carreiras e propõem um desenvolvimento profissional. É uma grande mudança no mercado de trabalho e temos que mudar a nossa visão para ter mão de obra qualificada e reter esses talentos”. A próxima reunião da Comissão de RH será dia 5 de dezembro. Fleury entra no mercado de diagnóstico odontológico O Fleury e o grupo de assistência odontológica Odontoprev anunciaram em outubro acordo para a compra em conjunto da paulista Papaiz Diagnósticos por Imagem, especializada em radiologia odontológica. Com oito unidades na região metropolitana de São Paulo, a receita bruta da empresa, entre 2006 e 2011, teve crescimento médio anual de 20%, segundo o Fleury. O valor da aquisição é de cerca de R$ 18,4 milhões, com dívida líquida de R$ 260 mil sendo descontada do preço total. O Fleury Centro de Procedimentos Médicos Avançados (CPMA) ficará com 51% da Papaiz e a Clínica Dentária Especializada Cura D’ars (Clidec), controlada pela Odontoprev, terá o restante. A aquisição precisava, até o fechamento desta edição, ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser concluída, quando então R$ 14,8 milhões do preço total da operação serão pagos. edição 331 11 N o t í c i a s ANS lança Agenda Regulatória 2013/2014 As diretrizes gerais da Agenda Regulatória da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o biênio 2013/2014 foram apresentadas em meados de outubro. Sete eixos temáticos compõem o documento: Sustentabilidade do setor; Garantia de acesso e qualidade assistencial; Relacionamento entre operadoras e prestadores; Incentivo à concorrência; Garantia de acesso à informação; Integração da Saúde Suplementar com o SUS e Governança regulatória. Segundo o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Bruno Sobral, mais de 95% da Agenda Regulatória proposta para os anos de 2011/2012 foram cumpridos. O que ainda está pendente foi incorporado à Agenda do próximo biênio. Um dos próximos eixos que será adotado pela ANS é a sustentabilidade. Brunança interna, que é no Sobral defendeu fundamental para a que esse sempre foi o ANS dar conta de seus objetivo da Agência: desafios. “A próxima ter um setor em que Agenda tem menos se produz saúde, mas Eixos, mas tem mais com saúde financeira itens. Há um comdas empresas, dos ponente importanprofissionais, dos hoste, que é um item de pitais, dos médicos, compromisso interno de toda a cadeia prode melhoria da capaBruno Sobral, da ANS dutiva. “Manter esse cidade da Agência de equilíbrio financeiro e lidar com o setor. E gerar saúde, que é o principal, são os acredito que esse é um dos grandes objetivos da Agência e, nesse sentido, avanços dessa Agenda: estamos nos não podemos jamais abandonar esse comprometendo a melhorar nosso eixo de sustentabilidade”. processo de trabalho, melhorar nossa Em entrevista ao boletim P&P – capacidade de regulação, toda nossa Saúde Suplementar, Bruno Sobral área de gestão interna, para que posdisse que a próxima Agenda Regula- samos, de fato, atender aos anseios tória traz um compromisso de gover- da sociedade”. CEAHS. A PÓS EM ADMINISTRAÇÃO DA GV PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE Curso acreditado como MBA de nível internacional pela AMBA - Association of MBAs CEAHS FGV-EAESP A evolução da sua carreira O CEAHS - Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde possui mais de 35 anos de tradição na formação de gestores que se destacam no mercado. Com ele, você se prepara para gerenciar hospitais, clínicas, laboratórios e planos de saúde. 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