MICROBIOLOGIA DE LANCHES DE UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA MICROBIOLOGY OF SNACKS FOR A COMMERCIAL ESTABLISHMENT OF BAHIA RECÔNCAVO Cíntia Loren Conceição Tibúrcio1, Arilsângela de Jesus Conceição1, Patrícia Conceição Brito1, Vanessa Oliveira Matos1, Paluzzi de Andrade Souza1, Isabella de Matos Mendes da Silva2 1 Discente do curso de Nutrição - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB 2 Professora Adjunto - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB Palavras-chave: condições higiênico-sanitárias, coliformes termotolerantes, Staphylococcus coagulase positiva Introdução Todo tipo de gênero alimentício destinado à comercialização, deve atender as exigências de qualidade ao consumidor, possuindo além do valor nutricional adequado e aparência, boas condições de higiene e sanidade. Quando o alimento não apresenta condições higiênicosanitárias adequadas, pode ocasionar Doenças Transmitidas por Alimentos - DTAs (FURLANETO e CORRÊA). Este estudo teve como objetivo avaliar as condições higiênicas e sanitárias de lanches comercializados em um estabelecimento na cidade de Santo Antônio de Jesus, localizado no Recôncavo Sul da Bahia. Material e métodos No período de setembro de 2010 realizou-se a avaliação da qualidade microbiológica de lanches em um estabelecimento comercial. Foram coletadas 10 (dez) amostras de lanches, as quais foram acondicionadas de forma asséptica em embalagens plásticas individuais, codificadas e postas em bolsa térmica com gelo químico e posteriormente enviadas ao Laboratório de Microbiologia no Centro de Ciências da Saúde da UFRB. Durante a coleta das amostras foi mensurada a temperatura e aplicada uma lista de verificação direcionada ao manipulador e à conservação dos lanches, de acordo a Resolução RDC nº 275 da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002). A metodologia aplicada nas análises microbiológicas baseou-se no Método de Contagem direta em placas (S. aureus coagulase positivo), e o método do Número Mais Provável (NMP) para quantificação de Coliformes termotolerantes; ambos os métodos sendo do American Public Health Association (APHA) (SILVA et al. 2007). Resultados e discussão Na tabela 1 estão demonstrados os resultados obtidos na análise microbiológica de Staphylococcus aureus e de coliformes termotolerantes. A pesquisa de bactérias indicou contaminação por S. aureus em 6 amostras (60%) dos lanches coletados, com contagens variando de 2 x 103 UFC/g a > 3 x 106 UFC/g, portanto superior ao permitido pela legislação vigente, 1 x 103 UFC/g (BRASIL, 2001). Em metade destas, foram encontrados valores acima de níveis considerados seguros quanto à produção de enterotoxinas, uma vez que contagens a partir de 105 unidades formadoras de colônia por grama de alimento são consideradas necessárias para que haja sua produção. Referente às análises de amostras indicativas em alimentos prontos para consumo, a Resolução RDC 12/2001 recomenda o limite máximo de 10² UFC/g de coliformes termotolerantes, deste modo, apenas a amostra G estava em desacordo. Tabela 1 – Contagem de Staphylococcus aureus e coliformes termotolerantes, e temperatura de distribuição em amostras de lanhes em um estabelecimento. Coliformes Staphylococcus Amostras Lanches Temperatura termotolerantes aureus (UFC/g) (NMP/g) A Pãozinho simples 28,2°C 4 x10³ <3 B Banana real 33,2°C 2 x 10² <3 C Coxinha 41°C 5 x 10 <3 D Pastel de queijo 32,7°C >3 x 10 6 <3 E Croissant (frango) 36,2°C >3 x 10 6 <3 F Empada (frango) 37,8°C 5 x 10 <3 6 G Bauru (queijo e 34,4°C >3 x 10 1,1 x 10³ presunto) H Quiche (queijo, 32°C 2 x 10 ³ <3 presunto e milho) I Quibe 41°C 5 x 10² <3 J Croquete de 42°C 2,9 x 10³ <3 bacalhau A presença das espécies de microrganismos encontradas na análise microbiológica possui correlação direta com as condições higiênico-sanitárias de manipulação. Tais condições estão evidenciadas na análise da lista de verificação, em que foram observados aspectos como vestuário, procedimentos higiênicos durante a manipulação e estado de saúde. Os resultados apresentaram 18,2 % para não conformidades. Quanto à avaliação de alimentos aprontados foram observadas as condições de processamento durante a venda, áreas de exposição, equipamentos, temperatura, área do serviço de alimentação destinado ao recebimento de dinheiro e distinção de funcionários responsáveis por esta atividade. Destas, 20% para não conformidades, sendo o item temperatura de exposição imprópria (variando entre 28,2°C a 42°C) frente ao limite mínimo de 60°C recomendado pela Resolução RDC 216/2004. Conclusões A contaminação microbiológica dos lanches e a constatação de falhas de Boas Práticas de Produção apontam para a adoção de medidas de controle, objetivando a prevenção de possíveis surtos de DTAs. Cuidados apropriados se fazem relevantes quanto à conservação do alimento já pronto para o consumo, em detrimento a adequação e monitoramento da temperatura da estufa em que estão expostos os lanches, como também a necessidade de capacitação dos manipuladores de alimentos. Referências Bibliográficas BRASIL, 2001. Resolução – RDC Nº 12, de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. BRASIL, 2002. Resolução - RDC Nº 275, de 21 de Outubro de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. BRASIL, 2004. Resolução - RDC N° 216, de 15 de Setembro de 2004. Regulamento Técnico de Boas práticas para Serviços de Alimentação. FURLANETO, L.; CORRÊA, D. S. Avaliação microbiológica de componentes de pratos árabes. Rev. Ciências Biológicas e da Saúde, Ponta Grossa, v.12,n.4, p.17-22, dez. 2006. SILVA N.; JUNQUEIRA V.C.A.; SILVEIRA N.F.A; TANIWAKI, M.H.; SANTOS, R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. 3.ed. São Paulo: Varela, 2007. Autor a ser contactado: Cíntia Loren Conceição Tibúrcio, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB – e-mail: [email protected]