Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 2 O presidente da Câmara Setorial da Viticultura, Vinhos e Derivados, Arnaldo Passarin, entregou, no dia 1º de março, a Agenda Estratégica 2011-2015 do setor vitivinícola brasileiro ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na reunião com os presidentes das 32 cadeias produtivas, em Brasília. Ele esteve acompanhado do diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani. Rossi destacou a importância do trabalho desenvolvido pelas Câmaras Setoriais e Temáticas para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, dizendo que elas “são essenciais para a formulação das políticas públicas”. “Muitas das questões tratadas pelos setores acabam repercutindo em ações concretas do governo”, disse. O ministro salientou que as agendas estratégicas estabelecem um canal de priorização das necessidades das cadeias produtivas. Nesse sentido, o setor vitivinícola definiu duas ações primordiais – o Programa de Modernização da Vitivinicultura e a Política de Controle dos Estoques de Vinhos. Além destas duas demandas prioritárias, o setor pede a realização do Cadastro Vinícola e do Cadastro Vitícola em nível nacional e apoio para ações de promoção no mercado interno e externo. No encontro, Rossi desafiou os setores a ajudarem o governo a formularem um livro, até o fim deste Foto: Elza Fiúza/Abr O MINISTRO da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, se reúne com os presidentes das câmaras setoriais ano, com artigos do ministro, dos representantes das câmaras setoriais e temáticas e dos secretários da pasta. A publicação levará à sociedade uma visão da agricultura brasileira atual, com perspectivas para os próximos anos, e será distribuída em universidades, instituições e casas legislativas. Presidente: Júlio Gilberto Fante Vice-presidente: Denis Debiasi Diretor-executivo: Carlos Raimundo Paviani Conselho Deliberativo formado pelas seguintes associações: Associação Gaúcha de Viticultores (Agavi), Federação das Cooperativas de Vinho do Estado do RS (Fecovinho), Associação Brasileira de Enologia (ABE), Comissão Interestadual da Uva, Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa), Sindicato da Indústria do Vinho do Rio Grande do Sul (SindivinhoRS), Sindicato Rural de Caxias do Sul (Sindirural-Caxias), Associação Nacional dos Engarrafadores de Vinho (ANEV), Associação Catarinense de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis) e União Brasileira da Vitivinicultura (Uvibra). Edição e textos: Orestes de Andrade Jr. Planejamento Gráfico: Alvo Global Publicidade e Propaganda IBRAVIN CNPJ: 02.728.155/0001-74. Alameda Fenavinho, 481. Edificação 29 Bento Gonçalves - RS Telefone e fax: + 55 54 3455.1800 E-mail: [email protected] Mal começou o ano e os vinhos brasileiros já atravessaram o mundo. O projeto Wines of Brasil já aterrissou na China, em Hong Kong e Pequim, assim como esteve presente promovendo os vinhos do Brasil nos Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Espanha, Croácia e Polônia. Tão importante quanto rodar o mundo, contudo, é marcar presença neste imenso solo brasileiro. Por isso o Ibravin se prepara para sua participação na Expovinis 2011, a maior feira de vinhos da América Latina e uma das dez mais importantes do mundo. Antes, estará no Encontro de Vinhos Off, um evento com mesas de degustação como é praxe pelo mundo afora. Mas um assunto merece amplo destaque. A divulgação dos diagnósticos do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Vinhos, Espumantes e Sucos de Uva, realizado em parceria entre o Sebrae e o Ibravin. Além do Raio-X sobre a produção vitivinícola nacional, foi revelado um inédito mapa do enoturismo no Brasil. No mundo inteiro, pessoas que trabalham com o vinho têm o perfil de bem receber. Vinho e turismo sempre andaram juntos. Mas será que isso ocorre no Brasil, com sua gente acolhedora e rica em tradições familiares? Será que o enoturismo já é uma indústria capaz de gerar postos de trabalho diretos nas vinícolas e indiretos em hotéis, restaurantes, prestadores de serviços, sendo o centro de desenvolvimento de muitas regiões? As respostas estão nas páginas seguintes. Não perca. Boa leitura e saúde! A produção de vinhos, sucos de uva e espumantes é uma atividade econômica com potencial de desenvolvimento e expansão no Brasil, inclusive para exportação. Também há gargalos a serem enfrentados e solucionados, entre eles o custo da mão de obra nas regiões produtoras de uva. Para cuidar destas questões, Sebrae e Ibravin realizam o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Vinhos, Espumantes e Sucos de Uva. As duas instituições acabam de lançar o Diagnóstico Qualitativo da Vitivinicultura Brasileira, que mapeia a atividade no país. O estudo foi elaborado por José Fernando da Silva Protas e Umberto Almeida Camargo, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho. Nove regiões no País produzem uvas e derivados. Os estados onde se cultiva a fruta são RS, SC, PR, SP, ES, MG, GO e PE. Neles há polos tradicionais, novos e em fase de resgate, conforme explica Protas. “Fizemos um perfil das diferentes regiões produtoras, sem nos preocuparmos com o tamanho da área”, explica o pesquisador. Foto: Bernardo Rebello ENIO QUEIJADA no Seminário do Setor Vitivinícola: Diagnóstico, Perspectivas e Desafios foi realizado em Brasília Desenvolvimento territorial Uma das novidades mostradas no diagnóstico do Sebrae e Ibravin vem de Goiás, onde há projetos importantes em andamento nos municípios de Santa Helena, Paraúna e Itaberaí. Nessas cidades, a produção de uva, vinho e sucos é uma alternativa para o desenvolvimento territorial e geração de empregos e renda em lugar do algodão. O vinho produzido em Goi- ás é em sua maioria (70%) envasado no Rio de Janeiro. Os resultados do estudo foram apresentados no Seminário do Setor Vitivinícola: Diagnóstico, Perspectivas e Desafios, realizado no dia 24 de março, em Brasília, com a presença de representantes do Sebrae, setor vitivinicultor, de órgãos do governo federal e de instituições públicas e privadas. No Brasil Custos A vocação cultural e histórica da Região Sul para a vitivinicultura é um dos principais motivos de sua alta competitividade no setor, especialmente no Rio Grande do Sul. Já outras áreas produtoras enfrentam dificuldades pelos custos de contratação da mão de obra, segundo Protas. Nos municípios de Andradas e Caldas, que fazem parte de uma região tradicional do setor vitivinícola no sul de Minas Gerais, alguns empresários preferem importar a fruta do Rio Grande do Sul a arcar com as despesas de seu cultivo e colheita. “Eles compram as melhores espécies de uvas gaúchas e processam o vinho em suas propriedades”, informa Protas. 29 de abril a 8 de maio - Fenavinho Brasil (Bento Gonçalves) 4 de maio - Quality Wine - Workshop de qualificação com o tema: A Sustentabilidade e seus Impactos no Setor Vitivinícola Brasileiro. 3 a 8 de maio - Projeto Imagem Nacional 9 a 12 de maio - APAS 27 de maio a 5 de junho - Dia do Vinho – Projeto Integrado 1º a 5 de junho - Projeto Imagem Blogueiros 2 de junho - Workshop de Mídias Sociais 2 a 5 de junho - Feira do Dia do Vinho em Porto Alegre 2 a 13 de junho - Cursos de Degustação na Expobento 2011 15 a 19 de junho - Projeto Imagem Senac 11 a 15 de julho - Circuito Brasileiro de Degustação No exterior 11 a 13 de maio - Sial Canadá (Toronto) 14 de maio - Decanter New World Encounter, em Londres 12 de maio - Evento de degustação em Zurique na Suiça 11 a 14 de maio - Hofex em Hong Kong 17 a 19 de maio - London International Wine Fair 20 de maio - Evento de degustação em Estocolmo na Suécia 29 de maio - Indy Car Race Indianápolis 11 de junho - Indy Car Race Texas 15 a 17 de junho - Missão Técnica a Borgonha 16 a 20 de maio - Missão EUA do Programa do Suco de Uva para a região de Nova Iorque 19 a 23 de junho - Vinexpo (França) 3 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 Textos e fotos: Maria Amélia Duarte Flores 4 O mais completo diagnóstico do enoturismo brasileiro. Este é o trabalho realizado pela consultora Maria Amélia Duarte Flores de julho de 2010 a fevereiro de 2011, fruto do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Vinhos, Espumantes e Sucos de Uva, realizado em parceria entre o Sebrae e o Ibravin. O resultado do diagnóstico é um mapa completo da atividade no País, com suas características e, sobretudo, potencialidades. A primeira conclusão é “o Brasil é um dos destinos de vinhos mais belos e diversificados do mundo. O mar de oportunidades, paisagens, sabores é tão grande, que nem sempre o enoturismo é visto de uma maneira profissional, pela maioria das empresas, no Brasil. É uma parte do mercado que o setor acaba se importando quando há crise ou quando o vizinho investe e acredita”, afirma Maria Amélia. Há bons exemplos a seguir. Por um lado, existem roteiros variados, diversificados, para todas as classes sociais. Há atrativos consagrados e simples - como os roteiros da vinícola Aurora, que recebe mais de 150 mil visitantes ao ano, ou as vinícolas de São Roque, em São Paulo, cuja cidade recebe cerca de 700 mil visitantes por ano. Também há opções sofisticadas, como o SPA do Vinho, no coração do Vale dos Vinhedos, ou mais singelos, mas não menos prazerosas, como ir aos porões da Família Bettu, em Garibaldi, onde o visitante chega a passar o dia conversando e “filosofando” com os proprietários. ESPÍRITO SANTO: paisagem serrana no centro do País atrai turistas do Brasil inteiro Por outro lado, o vinho cresce no Brasil, há muita gente querendo conhecer e explorar estas novas regiões. Os brasileiros, aliás, são o principal público visitante de Mendoza, na Argentina. Nenhum outro País no mundo possui tanta diversidade em um só território. No Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e Campos de Cima da Serra) e Sudeste (São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais), a produção é semelhante às clássicas regiões vitivinícolas européias, com uma colheita por ano (no verão) e um período de repouso dos vinhedos (no inverno). No Nordeste, na semi-árida região do Vale do São Francisco, nos estados da Bahia e Pernambuco, surgiu uma novidade, as colhei- tas em meses sucessivos (até duas e meia) durante o ano. Em Santa Catarina, ainda há os vinhos de altitude, desenvolvida em ambiente com temperaturas extremamente baixas, e a possibilidade de colher uvas no gelo. Tudo isso num só lugar. Tudo isso no Brasil. Em um só País, vários sabores, aromas e diferentes peculiaridades podem ser encontradas, dependendo da região onde a uva é produzida e o vinho é elaborado. “Não há lugar mais divertido para se fazer enoturismo no mundo”, declara Maria Amélia, enóloga e consultora em Marketing e Turismo do Vinho. Basta explorar esta potencialidade. Confira, nas próximas três páginas, as características dos principais destinos de enoturismo do Brasil. PAISAGEM tropical, com árvores frutíferas (manga) e bodes em meio ao vinhedo chamam a atenção dos visitantes 5 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 Textos e fotos: Maria Amélia Duarte Flores Há apenas 40 minutos de São Paulo está a “Estância Turística de São Roque”, já famosa por seus vinhos há mais de 50 anos. Além de uma infinidade de vinícolas de todos os portes - pequenas, médias e grandes - organizadas em roteiro, há estrutura de atrativos para as famílias. Chocolate, gastronomia portuguesa (diferente de outras regiões, aqui o vinho foi trazido por portugueses e não italianos), e um grande parque temático, o Ski Mountain Park são as diversões do paulista, que costuma passar o dia 6 e retornar para sua casa. O destaque é para a vinícola Góes, que além de um grande prédio, possui um complexo com restaurante, lago, lojas, sorveteria, para agradar toPARQUE temático em São Roque é um dos atrativos para as crianças dos os públicos. Já os destinos de Jundiaí e Lou- riência nas pequenas propriedades, veira reúnem famílias em turismo baseado em produtos coloniais, virural, através de roteiros de expe- nho, cachaça, paisagem e bem estar. familiares. O Caminho do Vinho – Colônia Mergulhão, que está no interior de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, uma das que mais consome vinho no Brasil, reúne pequenos produtores, cafés coloniais, paisagem e ateliers de arte. Também em Curitiba, o tradicional bairro italiano de Santa Felicidade recebe cerca de 4 a PÓRTICO de entrada da cidade de Bituruna no Paraná 5 mil visitantes Em outro estado em pleno desenvolvimento no Brasil, com ótima infra-estrutura hoteleira, aeroportos, estão inúmeras rotas de vinhos. Todas baseadas em empresas A beleza dos cânions, da vastidão do planalto catarinense, pintada de branco no inverno, começa a ganhar novos componentes na sua paisagem: vinhedos e vinícolas únicas. Futuro destino de luxo, a Serra Catarinense atraiu olhares de grandes empresários apaixonados por vinho, que através de projetos ambiciosos, alta tecnologia, consultorias internacionais, tem transformado a região. São inúmeros produtores, dispostos a elaborar o melhor que a região puder oferecer. Os vinhos brancos já estão entre os melhores da América Latina. Considerando o clima único, a neve de inverno, o por semana, com o maior restaurante do mundo e pequenas, porém equipadíssimas, vinícolas. Ali próximo também está Colombo, outra tradicional região produtora, repleta de restaurantes e casas coloniais. Já Bituruna, próximo a Santa Catarina, começa a se desenvolver como pólo de produção e engarrafamento, já sendo economicamente importante para o município o vinho e o turismo associado. Além destas, no Norte do Paraná, na região de Toledo, produtores artesanais começam a dividir espaço com projetos mais ambiciosos, transformando o vinho também em atrativo e diferencial. sabor do pinhão, a preservação Além de praias, Santa Catarina do meio ambiente e os cenários, passa a ser referencia: turismo é uma das maiores potenciali- para todas as classes, com geradades do enoturismo brasilei- ção de muitos novos empregos. Foto: Divulgação ro. Além da serra, há também um trabalho de resgate de vinhos artesanais com qualidade na região de Urussanga, com indicação de procedência através da uva Goethe. SERRA Catarinense tem potencial para ser um destino de luxo do enoturismo brasileiro A Serra Gaúcha é hoje referência mundial em enoturismo. Depois do Napa Valley, o Vale dos Vinhedos é a região mais organizada em turismo do vinho no mundo. São hotéis de todos os níveis, restaurantes de vários estilos, vinícolas de portas abertas e pessoal qualificadíssimo. Paisagens únicas cobertas de vinhedos mudam as cores conforme cada estação do ano. A infraestrutura de cidades como Bento Gonçalves e Caxias do Sul, que mesmo grandes preservam a essência do viver do interior, junto aos parques de eventos, gastronomia, indústrias metalúrgicas e moveleiras mostram o potencial em turismo de negócios. Sem contar as inúmeras rotas paralelas: Maria Fumaça, Rota dos Espumantes, Caminhos de Pedra, Caminhos da Colônia, Flores da Cunha, são atrativos para retornar muitas vezes. VINÍCOLA Aurora recebe mais de 150 mil visitantes por ano Uma região com menos de 30 cial ilimitado. Terroir de gaúcho, rusticidade. Talvez a promessa em anos de existência, mas um poten- de homem a cavalo, churrasco, qualidade de vinhos tintos. A paisagem confunde o Uruguai com o Foto: Divulgação Brasil. O pampa ainda possui seu bioma preservado, com animais nativos, flora, geografia. Cidades como Santana do Livramento, Bagé e Dom Pedrito começam a se destacar. Além de vinhos, estâncias, o viver campeiro, turismo de compras nos free shops. Mais uma opção de renda em uma das regiões que mais sofre com o êxodo rural, uma alternativa para fixar PAMPA GAÚCHO: paisagem natural, com cordeiros nos vinhedos da Campos de Cima em Itaqui este povo nos pampas. Vinho e turismo sempre andaram juntos. No mundo inteiro, pessoas que trabalham com o vinho têm o perfil de bem receber. Gostam de sua casa cheia, uma mesa farta, compartilhar ideias. Preservam a terra, sabem o valor do meio ambiente, têm valores familiares e tradições. Considerando também que entre vinhedos e vinícola gera-se um número de postos de trabalho, ao implantar o turismo surgem vagas incontáveis: é uma atividade que demanda muitas pessoas, além de empregos indiretos em hotéis, restaurantes, prestadores de serviços. Desenvolve toda uma região. Quando falamos de Brasil, um povo conhecido pela alegria, acolhedor, emotivo e muito criativo, o turismo relacionado ao vinho vai a outra dimensão. Mais do que beber, degustar, apreciar a paisagem, o enoturismo brasileiro é repleto de experiências afetivas, que remetem à infância, “a um passado onde tudo era melhor, mais verdadeiro, mais saboroso”. Provar o pão, o gosto do queijo, o sabor do vinho, conversar com os vinhateiros, ver os animais nas propriedades, remete a vida simples já perdida por muitos na correria das cidades grandes. Assim, grupos de famílias, com crianças, pais, avós, amigos, entram em seus carros e se deslocam semanalmente, seja para passar um dia ou desfrutar de uma semana, nos diferentes caminhos do vinho que o Brasil proporciona. Porém, há também um choque: ao se deparar com alta tecnologia, capricho e cuidado na elaboração, há uma mudança imediata da imagem do vinho brasileiro. O consumidor percebe que mesmo preservando tradições, terroir, há uma preocupação séria em não parar no tempo, fortalecendo e melhorando a passos largos a qualidade do vinho. Segundo Adriano Miolo, “o enoturismo é uma das formas mais eficazes de construção de imagem do vinho brasileiro, acabando com preconceitos, proporcionando experiências. Além de gerar empregos e faturamento, é um marketing imensurável.” Em um país onde o índice de migração preocupa e incha os grandes centros, o turismo é uma das mais eficientes ferramentas de fixação de homem no campo. Além do complemento (ou nova fonte) de renda, valoriza o ser humano. Ao ver o diferencial de sua propriedade, receber e conviver com outras pessoas, idiomas, culturas, a autoestima se fortalece, a família se une. Ele se orgulha de ficar na sua comunidade, se sente protegido. O jovem não se sente excluído, se orgulha de ser “colono”, mas um colono que acessa a internet, tem celular, frequenta bons lugares, viaja, se especializa. E se o diferencial for o vinho, melhor ainda: há o toque de charme, cultura e personalidade. Maria Amélia Duarte Flores Enóloga e consultora em Marketing e Turismo do Vinho 7 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 8 Depois dos diagnósticos, chega a hora da ação prática. O Ibravin, em parceria com o Sebrae, está com inscrições abertas para as vinícolas brasileiras participarem do Programa de Qualificação da Produção Vinícola, cujo objetivo é alavancar a competitividade do setor no mercado nacional e internacional. A programação do programa de qualidade contempla capacitação em BPA (Boas Práticas Agrícolas), BPE (Boas Práticas de Elaboração) e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), requisitos fundamentais para enfrentar com desenvoltura o disputado mercado local e global de vinhos. “Estes programas garantem a segurança alimentar dos produtos”, afirma a coordenadora de projetos do Ibravin, Raquel Rohden. Ela cita três razões básicas que respondem a pergunta das empresas: por que implantar estes processos? “Para ter controle da produção, reduzir custos e aumentar a produtividade”, responde Raquel. A fórmula BPA + BPE + APPCC resulta na elaboração de produtos sadios e Foto: Arquivo PROGRAMAS de qualidade garantem segurança alimentar dos produtos, como na Vinícola Salton de maior qualidade para melhorar a nutrição e alimentação das pessoas. “É a garantia de organização e controle das empresas e propriedades, que traz benefícios como trabalhadores mais saudáveis, sustentabilidade e acesso a novos mercados, inclusive no exterior”, destaca Raquel Rohden. O prazo de implantação da consultoria de implantação dos conceitos de BPA, BPE e APPCC tem duração de um ano. O Sebrae e o Ibravin subsidiam a metade dos custos para as empresas que se inscreverem no programa. Mais informações pelo e-mail [email protected] O Ibravin e demais entidades do setor vitivinícola brasileiro voltaram a solicitar ao governo brasileiro a permanência da proibição de importação de suco de uva concentrado a granel, destinado à industrialização, vindo da Argentina. O pedido enviado oficialmente às autoridades brasileiras foi motivado pela perspectiva de uma nova investida da presidente argentina Cristina Kirchner sobre a presidenta brasileira Dilma Rousseff pedindo a liberação deste produto da Argentina para o Brasil. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Adão Villaverde, informou ao Ibravin que o assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que, após debater o tema, o governo manteve posição contrária ao pleito argentino. Segundo ele, a posição do governo é que “é legítimo que o governo argentino traga o tema para pauta das reuniões, mas que o governo brasileiro já tem posição contrária a este pleito e pretende continuar apoiando o setor produtor de uvas, sucos e vinhos do Brasil.” Em almoço com lideranças do setor, no dia 25 de março, o secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Alessandro Teixeira, confirmou a posição do governo federal de apoiar a decisão do setor de não permitir o comércio de produtos derivados da uva e do vinho a granel, conforme estabelece o Regulamento Vitivinícola do Mercosul, construído entre as partes e aprovado ainda em 1996. Histórico No dia 27 de julho do ano passado, uma comitiva do setor vitivinícola gaúcho esteve em Brasí- Foto: Gilmar Gomes / Arquivo lia em audiência com os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, para solicitar a permanência da proibição de importação de suco de uva concentrado a granel vindo da Argentina. Carlos Raimundo Paviani (diretorexecutivo do Ibravin), Arnaldo Passarin (presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Viticultura, Vinhos e Derivados), Benito Panizzon (presidente da Agavi), Raimundo Bampi (Comissão Interestadual da Uva) IBRAVIN age para proteger os produtores de suco de uva no Brasil contra as e José Carlos Es- investidas dos argentinos tefenon (conselheiro da União da Brasileira de preocupação de proteger um setor Vitivinicultura) representaram os frágil e ainda em formação”, arinteresses de 20 mil famílias de gumentou o presidente da Agavi, viticultores gaúchos e de mais de Benito Panizzon. 700 vinícolas familiares de micro Nos documentos entregues no e pequeno porte, responsáveis por ano passado aos ministros da Agrimais de 100 mil pessoas. cultura e Desenvolvimento Agrá“Estamos alarmados e an- rio foram citados quatro argumengustiados com esta possibilida- tos principais contra a importação de, que, se confirmada, será um a granel do mosto concentrado ardesastre para a cadeia produtiva gentino pelo Brasil. São eles: 1) favitivinícola gaúcha e brasileira”, tores de ordem jurídica: a vedação disse, na época, o presidente da legal; 2) fatores de ordem sócioCâmara Setorial da Cadeia Pro- econômica; 3) fatores relativos à dutiva da Viticultura, Vinhos e concorrência desleal: subsídios aos Derivados, Arnaldo Passarin. produtores argentinos; e 4) fatores “Não se trata de uma discrimi- relativos ao abastecimento do mernação e sim de uma necessária cado interno. 9 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 10 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou que sucos de uva produzidos pelo tradicional sistema a vapor continuem sendo registrados como bebidas integrais. A medida beneficia mais de 500 produtores familiares do Brasil. O coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, integrante do Conselho Deliberativo do Ibravin, que esteve em Brasília participando de audiência com o ministro Wagner Rossi, diz que foi definido um prazo de três anos para que sejam estabelecidas as novas normas técnicas de produção e classificação deste produto pelas pequenas agroindústrias de suco de uva. “Foi uma decisão sábia e sensível do ministro”, reconhece Schiavenin. A produção de suco pelo sistema a vapor - ou “a panela” - é típica dos viticultores brasileiros. O resultado sempre foi considerado suco integral, com 100% da fruta, sem adição de água nem açúcar. Entratanto, uma nova interpretação dos técnicos do Ministério pretendia rever esta classificação. Isso obrigaria os produtores a vender a bebida como néctar ou refresco, uma vez que o processo a vapor leva ao risco de in- A legislação brasileira define suco integral como a bebida que não tem adição de água, não é fermentada e nem concentrada. Na fabricação do néctar, a fruta é diluída em água potável, com adição de açúcares. O refresco também não é fermentado e é obtido pela mistura em água. O teor de suco nos néctares e refrescos varia conforme a fruta, sendo que a porcentagem de suco no néctar nunca poderá ser inferior ao teor do suco encontrado no refresco. Foto: Orestes de Andrade Jr. / Arquivo OLIR SCHIAVENIN: “Foi uma decisão sábia e sensível do ministro” corporação de água ao produto. “O ministro foi claro, dizendo para os técnicos deixarem os produtores fazerem o que sempre fizeram”, afirma Schiavenin. “A norma afeta centenas de famílias que produzem o suco há anos. Temos que dar um prazo para que adaptem suas tecnologias”, explica o ministro. O sistema - que, grosso modo, consiste em ferver água em uma panela com os cachos de uva em um compartimento acima – é utilizado, principalmente, Como aproveitar melhor as oportunidades de mercado de um produto que só faz bem à saúde? Esta foi a proposta do 1º Seminário do Suco de Uva, realizado no dia 19 de abril, no CIC (Centro da Indústria e Comércio) de Bento Gonçalves, com patrocínio do Sebrae, e promoção do Ibravin e do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas), em parceria com a Apex-Brasil. Estas entidades desenvolvem, juntas, o Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, criado em agosto de 2009. Além de tratar da produção de por agricultores familiares que produzem suco em menor escala. Olir Schiavenin estima que a produção de suco por este método alcance 8 milhões de litros. O ministro da Agricultura formou um grupo de trabalho para realizar um estudo com vistas à criação de regulamento específico para a produção de suco pelo sistema de arraste a vapor. “Com o tempo, deve surgir uma classificação específica para este tipo de suco”, observa Schiavenin. uva em panela extratora, orientando os produtores presentes, o seminário abordou as novas tendências no mercado nacional e mundial de sucos. “Na teoria, é fácil promover uma bebida sem álcool, pura, natural e integral, sem adição de água nem açúcar. Mas na prática a disputa entre os concorrentes e similares é bastante complexa”, disse a coordenadora do programa, Raquel Rohden. O evento ainda abordou a promoção do suco de uva 100% natural pronto para beber entre os consumidores, analisando estratégias de marketing e comunicação. A segunda participação consecutiva das empresas brasileiras produtoras de suco de uva 100% natural pronto para beber na Gulfood, maior feira de alimentação do Oriente Médio, ocorreu de 27 de fevereiro a 2 de março, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Aurora, Catafesta, Galiotto e Irmãos Molon ocuparam o espaço do Ibravin no estande do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas), em parceria com a ApexBrasil. No ano passado, ocorreu a estreia do projeto “Grape Juice of Brazil” na Gulfood com a presença de produtos de quatro empresas (Casa de Madeira, Sinuelo, Panizzon e Natural Products), mais a Aurora, que além de seus sucos enviou representante para a feira. “A Gulfood é estratégica para o suco de uva 100% natural brasileiro por ser realizada nos Emirados Árabes Unidos, em uma região com alto poder aquisitivo e onde a venda e o consumo de bebidas alcoolicas são proibidos por questões religiosas aos muçulmanos”, afirma a coordenadora do Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, Raquel Rohden, que estave em Dubai acompanhando a feira. Três empresas – Catafesta, Galiotto e Irmãos Molon – fizeram a sua primeira participação na Gulfoof 2011. “Este ano nossa participação na feira teve mais força, porque contamos com a presença dos representantes de todas as empresas para negociar”, afirma Raquel. Segundo ela, o Sebrae Nacional patrocinou a participação das empresas na Gulfood, pagando a metade dos custos de deslocamento e hospedagem. Fotos: Aline Schenatto 11 COMO há a proibição de consumo de bebidas alcoólicas por questões religiosas, o suco de uva tem tido uma demanda crescente no Oriente Médio Mercados-alvo O Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, criado em agosto de 2009, já conta com a adesão de 12 empresas – Casa de Madeira, Catafesta, Cooperativa Aurora, Cooperativa Aliança, Cooperativa Garibaldi, Cooperativa Monte Vêneto, Irmãos Molon, Natural Products (Suvalan), Vinícola Muraro, Vinícola Galiotto, Vinícola Menakaho e Terragnolo. Conforme Raquel Rohden, o Brasil é conhecido no mercado externo pelo suco concentrado. “O objetivo do programa é di- vulgar o suco de uva 100% natural, que tem maior valor agregado”, esclarece. Ao lado de Estados Unidos, Canadá e Angola, os Emirados Árabes Unidos estão entre os quatro mercados-alvo para a promoção brasileira do suco de uva 100% natural no mundo este ano. Para os próximos anos, também serão trabalhados países como Chile, Colômbia, Guatemala e Venezuela. “A diversidade de uvas existentes no Brasil, que deixa o suco mais saboroso, é um dos maiores diferenciais do nosso suco de uva”, salienta Raquel. PROMOÇÃO do suco de uva 100% natural pronto para beber destaca que é um produto puro, sem adição de água, açúcar nem conservantes Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 12 Está confirmado o cronograma de destruição de bebidas apreendidas nas operações de combate ao descaminho da Receita Federal este ano. Com início nos dias 27 e 28 de abril, a inutilização de vinhos, espumantes, destilados, entre outros produtos contrabandeados pelas fronteiras do Brasil com o Paraguai, a Argentina e o Uruguai, terá uma programação mensal até dezembro. Ao todo, serão 15 eventos de destruição das bebidas ilegais, informa Joseane Araujo, chefe da Seção de Gestão de Mercadorias Apreendidas da 10ª Região Fiscal da Receita. As ações servirão para abrir espaço nos depósitos da Receita, que intensificará a fiscalização, principalmente sobre os vinhos e espumantes sem Selo de Controle Fiscal, obrigatório para rótulos nacionais e importados desde o dia 1º de janeiro. O descarte das mercadorias será feito por meio do Sistema de Tratamento de Efluentes de uma vinícola gaúcha, envolvendo uma parceria entre o Ibravin e a Receita Federal. Os vidros, plásticos e papel das embalagens dos produtos serão encaminhados para reciclagem pelo Ibravin. A programação foi acertada pela Receita Federal depois da destruição, no dia 25 de janeiro, de cerca de 6.000 garrafas de bebidas contrabandeadas apreendidas em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Em torno da metade dos itens recolhidos eram de vinhos e espumantes importados, que entraram de forma ilegal no Brasil. A outra metade era composta por destilados e cerveja. Volume Segundo o chefe da Divisão de Programação e Logística da Recei- Foto: Orestes de Andrade Jr. / Arquivo BEBIDAS contrabandeadas apreendidas, sendo metade vinhos e espumantes, foram destruídas em janeiro ta Federal em Porto Alegre, André Luís Souza da Silva, o volume de bebidas destruído em janeiro é apenas 10% do total de itens guardados nos oito depósitos existentes no Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo, Passo Fundo, Santa Maria, Santo Ângelo, Santana do Livramento e Uruguaiana). O valor dos produtos ilegais armazenados soma em torno de R$ 6 milhões. “Nossos depósitos estão abarrotados”, informa. Por isso, a Receita Federal propôs ao Ibravin esta parceria para abrir espaço a novas apreensões. “Queremos inutilizar pelo menos uma carga de pro- dutos apreendidos com aproximadamente 6 mil garrafas por mês”, revela. Conforme André Silva, o acordo com o Ibravin possibilitará um processo contínuo de descarte de produtos apreendidos pela fiscalização, criando espaço para novas ações de combate à entrada de bebidas por descaminho e de vinhos nacionais e importados sem o Selo de Controle Fiscal. “Estamos atuando em defesa do mercado e dos produtos nacionais”, destaca. “Criamos núcleos de repressão ao descaminho, contrabando e outras fraudes em várias cidades da fronteira do Estado e também no interior”, anuncia. Quem consome vinho tem muito mais razão em gritar “saúde!”. É isto que a campanha de final de ano do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) procurou informar com uma ação de marketing direcionada aos pontos de venda da bebida de Baco no Rio Grande do Sul, principal estado produtor no Brasil e o segundo em consumo. A campanha “Saúde, em 2011, viva melhor, beba vinhos, espumantes e suco de uva do Brasil”, desenvolvida pela agência Escala, esteve presente em 70 supermercados das seis principais redes varejistas instaladas em 25 municípios do RS. Segundo o gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, Diego Bertolini, no final do ano passado a mídia deu um destaque ainda maior para os conhecidos benefícios do vinho para a saúde. “Surgiram novidades apontadas por pesquisadores brasileiros, como o potencial do vinho no combate a diabetes, hipertensão e excesso de colesterol”, aponta. “Nossa intenção é estimular o consumo de vinhos e espumantes do Brasil como um hábito saudável, sempre com moderação”, destaca. A campanha utilizada para ambientar os pontos de venda com mensagem de vinho e saúde utilizou cartazes, take one (material volante que amplia as informações sobre os benefícios da saúde para as pessoas) e tags (colocadas nas garrafas de vinhos e espumantes brasileiros). Pela internet, o Ibravin disparou e-mail marketing demonstrando a importância do consumo de vinhos e espumantes para uma vida melhor. Todo o material permanece disponível para as vinícolas interessadas. Os supermercados que receberam a ambientação do Ibravin foram Carrefour, Zaffari, Big/Nacional, Apolo, Peruzzo e Asun nos municípios de Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Carazinho, Ijuí, Lagoa Vermelha, Santa Cruz do Sul, Marau, Bento Gonçalves, Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, ZAFFARI: 13 lojas em Passo Fundo, Cruz Alta, Carazinho, Porto Alegre, Ijuí, Lagoa Vermelha, Santa Cruz do Sul e Marau. Cerca de 10 mil litros de vinho foram apreendidos pelos técnicos do Departamento de Produção Vegetal (DPV), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), em ação de fiscalização que vem sendo realizada em estabelecimentos comerciais em todo o Estado. As equipes da Divisão de Enologia fizeram 60 apreensões do produto, cuja inutilização ocorreu no dia 11 de janeiro. A mercadoria apreendida foi recolhida ao depósito localizado no município de Bento Gonçalves, mantido em parceria com o Ibravin. Segundo Plínio Manosso, da Regional de Caxias do Sul, o vinho foi jogado fora no sistema de efluentes de uma vinícola gaúcha, sem causar nenhum dano ao meio ambiente. BIG/NACIONAL: 12 lojas em Porto Alegre, Bento Gonçalves, Alvorada, Viamão e Cachoeirinha. PERUZZO: 18 lojas em Bagé, Candiota, Pelotas, Caçapava, Canguçu, Dom Pedrito Santa Maria e Alegrete. APOLO: 8 lojas em Bento Gonçalves e Garibaldi. CARREFOUR: 8 lojas em Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo Santa Maria e Caxias do Sul. ASUN: 11 lojas na Grande Porto Alegre e em Estância Velha. 13 Bagé, Candiota, Pelotas, Caçapava, Canguçu, Dom Pedrito, Alegrete, Garibaldi e Estância Velha. Globo Repórter Conforme o programa Globo Repórter dedicado exclusivamente ao assunto, no dia 17 de dezembro, o vinho pode evitar a morte de células cerebrais, o resveratrol presentes na casca da uva auxilia no combate ao câncer associado à quimioterapia e o vinho diminui o risco de doenças do coração. Além disso, pesquisadores aconselham as pessoas a tomarem uma taça de vinho por dia nas refeições como forma de prevenirem diversas doenças. O suco de uva, segundo pesquisas recentes, também previne enfermidades e aumenta a expectativa de vida. Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 14 Um dos mais famosos críticos de vinhos do mundo – o britânico Oz Clarke – esteve no Brasil pela segunda vez para conhecer melhor da produção vitivinícola verdeamarela. Ele participou do Projeto Imagem do Wines of Brasil, projeto de promoção comercial dos vinhos finos brasileiros no mercado externo, realizado em parceria entre o Ibravin e a Apex-Brasil, ao lado de mais quatro jornalistas internacionais, especializados no setor: Michael Desimme e Jeffrey Joseph Jenssen, dos Estados Unidos; Antti Uusitalo, da Finlândia; e Frank Kaemmer, da Alemanha. O grupo visitou 11 vinícolas na Serra Gaúcha – Miolo, Pizzato, Casa Valduga, Don Laurindo, Aurora, Don Giovani, Geisse, Lidio Carraro, Boscato, Perini e Salton – todas integrantes do Wines of Brasil. Ainda participaram de degustações de vinhos das vinícolas Irmãos Basso, Piagentini, Adega Cavalleri, Campos de Cima e Courmayeur e das cantinas do Planalto Catarinense (Santo Emílio e Sanjo), além de fazerem uma visita à Escola de Gastronomia UCS-ICIF, situada em Flores da Cunha, e na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. Confira, a seguir, as opiniões de Oz Clarke sobre os vinhos do Brasil. A íntegra de seu depoimento, transformado na entrevista abaixo, pode ser vista no site Youtube, no endereço http://www.youtube.com/ watch?v=eItCl7UxWeQ. as, o sangue dessas pessoas é basicamente italiano. E há todas essas uvas, Merlot, Cabernet, Cabernet Franc, Tannat, Chardonnay, todas do tipo francês. Fotos: Gilmar Gomes “Vocês fazem vinho muito bem aqui na Serra Gaúcha, com baixo teor alcoólico, que é uma habilidade especial. Conseguem textura, sabor e equilíbrio nos vinhos tintos com 12%, 12.5% de álcool, e isso é raro”. “Vocês têm os mais fantásticos espuComo o sr. acha que deveriam mantes moscatéis do mundo. Eles são puro ser os vinhos da Serra Gaúcha? prazer. De alto padrão. É uma bebida maOz Clarke: O que eu gostaria ravilhosa”. de ver aqui nestas maravilhosas “Os seus Charmats elaborados de Charcolinas é mais o lugar de onde os donnay e Pinot Noir são fantásticos. A qualiprodutores vieram e as uvas que dade no nariz a baixo custo é incrível! Todos os seus espumantes são muito bons”. trouxeram consigo. Gostaria de voltar ao norte da Itália e encon“A enologia aqui é muito correta. Os vinhos que não tinham expressão, agora têm. trar uvas como Corvina, Molinara, Eles são muito corretos, mas eles vestem Rondinella, Lagrien. Eu sei que terno e gravata. Tirem a gravata, o terno, tem Lagrien aqui, degustei um vicoloquem a camiseta de praia, e vão para a nho maravilhoso. Refosco do norte piscina com o melhor vinho que conseguirem produzir”. do Vêneto. Degustei dois Refoscos. Teroldego, sabemos que tem Teroldego, degustei dois ou três. mante moscatel é uma bebida matal essas? Vale a pena tentar? Acho Gostaria de ver mais disso. ravilhosa. Não pensem só como vique sim. nho, não pensem com que comida E os vinhos brancos? combina. É um vinho de sobremeOs espumantes brasileiros são Oz Clarke: Sempre que bebesa? Sim, se quiser. É uma bebida, mos vinho branco é Chardonnay. muito elogiados. O sr. gostou do é como uma caipirinha, um bom Tenho degustado Chardonnays que experimentou? gin-tônica, uma bebida, isso que o Oz Clarke: Vocês têm os mais por anos e, por isso, preciso de um espumante moscatel é. E assim debom Chardonnay para me animar. fantásticos espumantes moscatéis MARCA regisstrada: Oz veria ser vendido. Eu tive contato com alguns do Bra- do mundo. Eles são puro prazer. Clarke fecha os olhos ar cada vinho para degusta sil, um sem carvalho, muito bom, De alto padrão. Vocês têm essa linE os outros espumantes? e um de Santa Catarina, muitíssi- da versão de vinho branco moscato Oz Clarke: Os seus Charmats mo bom, com carvalho. Mas, no exclusiva, só de vocês, com acielaborados de Chardonnay e Pinot geral, acredito que a região deva dez alta e lindo perfume de fruta. Noir são fantásticos. A qualidade encontrar mais uvas brancas para E fazem ótimo uso disso. Contino nariz a baixo custo é incrível! cultivar. Se olharem em dez anos nuem fazendo isso, o mais fresco No mundo inteiro encontramos o mundo não estará correndo para possível, mais brilhante possível, Charmats que quase sempre são as suas portas pedindo mais Char- não elevem muito o açúcar, não um lixo. Os seus são realmente donnay. O mundo não correrá para tem necessidade. Eu gostaria que bons. Vocês também têm espubritânico visitou pedir mais Merlot. Porque o mun- tivessem uma versão mais seca CRÍTICO mantes elaborados pelo método onze vinícola as na Serra do já produz muitos Chardonnays, junta com a sua normal. O espu- Gaúcha tradicional, que são até melhores. Merlots e Cabernets excelentes. Todos os seus espumantes são O sr. encontrou a tradição itamuito bons. liana nos produtores imigrantes da Serra Gaúcha? Quais seriam as opções? Na sua opinião, o vinho brasiOz Clarke: Menos do que deveOz Clarke: Que tal voltar à Itáleiro pertence ao Novo ou ao Veria. Esse é provavelmente um dos lia e procurar variedades brancas lho Mundo do vinho? paradoxos da Serra Gaúcha. Eu que são difíceis de cultivar e que, Oz Clarke: A cultura de vinhos vejo a história, a cultura, tudo da mesmo assim, são cultivadas por no Brasil é ainda jovem. Não há cultura italiana. Todavia, os produ- lá. Talvez elas se adaptem as suas nada errado com isso, é ótimo ser tores estão um pouco presos a uma condições da Serra Gaúcha. Que jovem! Ser velho muitas vezes abordagem francesa nos vinhos tal uvas como Falengina, Fiano, atrapalha. A Nova Zelândia tem OZ CLARKE ganhou da Vinícola Salton uma camiseta da que elaboram. A raiz dessas pesso- Avalino, Pecorino, Catarata, que Seleção Brasileira personalizada com o seu nome cultura jovem no vinho, o Chile é jovem, a Argentina é bem jovem, a Austrália tem 30 ou 40 anos, a África do Sul, a verdadeira África do Sul, que faz vinhos maravilhosos, tem 5 ou 10 anos. Então juventude é ótimo, pois permite fazer o que quiser. Tentem de tudo. Quais regiões produtoras mais lhe chamaram a atenção no Brasil? Oz Clarke: Tenho grandes esperanças na Serra do Sudeste e na Campanha Gaúcha. Essas regiões, para mim, parecem ser um novo mundo para o Brasil. Tenho grandes esperanças em Santa Catarina. Tenho esperança que aquela altitude e boa insolação, noites frias e dias quentes, possam produzir muito bem. E a Serra Gaúcha? Oz Clarke: A Serra Gaúcha, se continuar com as uvas que tem, será uma região de Velho Mundo, e nada há nada de errado nisso. Há uma atmosfera de Velho Mundo em Bento Gonçalves, uma sensação de Velho Mundo sobre as colinas, os vales, tudo aqui é lindo! É o Velho Mundo de Piemonte, Trento, do norte do Vêneto, isso é absolutamente fantástico. Se quiserem ficar com os seus Merlots e Chardonnays etc, tudo bem. Só façam o melhor possível. Vocês fazem vinho muito bem aqui na Serra Gaúcha, com baixo teor alcoólico, que é uma habilidade especial. Conseguem textura, sabor e equilíbrio nos vinhos tintos com 12%, 12.5% de álcool, e isso é raro. Aliás, a tendência no mundo é de se consumir mais vinho com menos álcool. Se conseguirem sabor e personalidade com 12%, 12.5% de álcool, é uma conquista fantástica, uma habilidade fantástica. Isso é Velho Mundo ou novo mundo? É Velho Mundo beber vinho nesse teor. Costumavam fazer isso, bebiam vinho a 11%, 10%. Querem elaborar vinho com 11%? Tentem! Mas 12 no momento serve, para começar. O que mais pode ser o diferencial do Brasil? Oz Clarke: Sou curioso para saber o que os produtores brasileiros conseguiriam fazer se tivessem uma abordagem diferente, ao invés de insistir nessas formas francesas, nesses exemplos franceses. Que tal se aventurar para ver o que pode funcionar? Adoraria voltar em alguns anos e ouvir as pessoas dizerem, “cultivamos essa uvas que encontramos na Áustria, na República Checa, no norte da Itália, em Portugal”. Sabe que as uvas de Portugal talvez se adaptem melhor à Serra do Sudeste e à Campanha. Gostaria de voltar e encontrar pessoas dizendo, “estamos cultivando mais variedades”. Qual a sua avaliação geral sobre a qualidade dos vinhos brasileiros? Oz Clarke: A enologia aqui é muito correta, até melhor do que era dois anos atrás. Os vinhos que não tinham expressão, agora têm. Eles são muito corretos, com essa forma certinha. Mas eles vestem terno e gravata, eles não tiram as roupas e vestem um camisetão de praia e dizem: “ei olhem para nós!” Esse não é o Brasil... Não é o que vocês fazem! Vocês vão a praia, tiram a roupa, querem se divertir. Tudo isso pode estar nos seus vinhos. Tem muita gente séria por aí. Querem ser sérios, vão para Bourdeaux por uma semana, Champagne... Querem ser sérios? Vão lá, vão para Chianti, lugares assim para ver se alguém está se divertindo. Deveria haver exuberância nos seus vinhos. Nada muito sério, tirem a gravata, joguem fora, tirem o terno, coloque a camiseta de praia vão para a piscina com o melhor vinho que conseguirem produzir. 15 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 16 O crescente conhecimento dos vinhos brasileiros no mundo – respaldados por mais de 2,3 mil premiações internacionais desde 2005 – despertou o interesse de dois importantes especialistas em vinhos pela produção vitivinícola nacional. A inglesa Julia Harding, Master of Wine que escreve e edita livros com a famosa crítica Jancis Robinson, e o norte-americano Theodore Michael Luongo, jornalista independente da revista Wine Enthusiast, uma das mais importantes dos Estados Unidos, estiveram de 1º a 4 de março na Serra Gaúcha, a convite do Projeto Imagem Internacional do Wines of Brasil, realizado pelo Ibravin e pela Apex-Brasil. Julia Harding e Theodore Michael Luongo visitaram nove vinícolas (Miolo, Pizzato, Casa Valduga, Geisse, Perini, Aurora, Lidio Carraro, Don Guerino e Salton) e degustaram produtos de outras sete empresas – Dunamis, Don Laurindo, Don Giovanni, Peterlongo, Piagentini, além de Sanjo e Santo Emílio, do Planalto Catarinense. Nos dias 6 e 7 de março, eles assistiram aos desfiles da escolas de samba do Rio de Janeiro no camarote da Apex-Brasil na Marquês de Sapucaí, que foi abastecido por vinhos e espumantes brasileiros. Conforme a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan, esta foi a primeira vez que Julia Harding veio ao Brasil. “O interesse de uma das mais importantes conhecedoras de vinhos do Brasil é um reconhecimento sobre o estágio avançado de qualidade que os vinhos brasileiros alcançaram”, afirma. Andreia lembra que entre os livros escritos e editados por Jancis Robinson e Julia Harding está o conhecido Atlas Foto: Orestes de Andrade Jr. JULIA Harding e Theodore Michael Luongodegustando vinhos e espumantes na sede do Ibravin do Mundo do Vinho, que cita os vinhos brasileiros. O norte-americano Theodore Michael Luongo veio com uma missão especial: produzir um suplemento exclusivo sobre os Theodore Michael Luongo, da revista Wine Enthusiast, focou a sua avaliação sobre o enoturismo brasileiro, especialmente da Serra Gaúcha, onde ele esteve. “É um diferencial poder visitar a região e falar direto com os proprietários, em um ambiente familiar, característica que não se vê há muito tempo no Napa Valley e que desapareceu em Mendoza nos últimos anos”, afirma. O norte-americano revela que, até novembro de 2010, quando esteve no Festival de Gramado, desconhecia que o Brasil produzia vinhos. Isso que ele escreve sobre turismo e enoturismo na vinhos brasileiros para a revista Wine Enthusiast, que será publicado em setembro. Confira, na próxima página, as impressões de Júlia Harding sobre os vinhos brasileiros. América do Sul há 12 anos, tendo morado na Argentina durante um bom tempo. Para ele, é importante promover o vinho também como um produto do turismo do Brasil, a exemplo do que outros países fazem. “Os produtos que são a força do Brasil no mercado interno também o serão em nível internacional”, opina. Sobre a ideia de o Brasil ter uma uva emblemática, Michael diz que isso tem suas vantagens e desvantagens. “Na Argentina, por exemplo, todos só querem saber do Malbec, o que dificulta a venda de vinhos de outras variedades de uvas”, pondera. Julia Harding, braço direito da mais famosa crítica de vinhos do mundo, Jancis Robinson, acaba de divulgar suas opiniões sobre os vinhos brasileiros no site www.jancisrobinson.com. Ela fez questão se ressaltar a qualidade crescente dos vinhos brasileiros. No site, ela publica notas de degustação de mais de 120 produtos que ela provou no Brasil. A última vez que Julia degustou os produtos verde-amarelos foi há seis anos, quando estava selecionando rótulos de produtores para a 6ª edição do Atlas Mundial do Vinho. “Não tenho dúvida dos progressos que têm sido conquistados desde então, não apenas nos vinhos mais ambiciosos, mas também nos baratos vinhos varietais”, escreveu. Como já virou rotina os especialistas estrangeiros e nacionais elogiarem a alta qualidade dos espumantes brasileiros, Julia Harding fez um comentário original. “Vejo mais potencial nos vinhos brasileiros do que nos espumantes, que, a meu ver, estão no ápice, enquanto os tintos ainda têm muito a ser explorado”, vaticina. Sobre os vinhos tintos do Brasil, a britânica verificou diferentes estilos dentre os rótulos degustados. Ela gostou bastante do estilo geral, que mantém o frescor da fruta, a pureza e o álcool moderado. “O vinho brasileiro é leve e prazeroso, pode ser bebido mais de uma taça”, observa. “A qualidade me impressionou, especialmente porque não provei nenhum vinho ruim ou defeituoso. Ao contrário, todos estavam bem balanceados, desde os mais baratos aos mais caros”, elogia. Foto: Gilmar Gomes 17 JULIA Harding e seu inseparável notebook: “Vejo mais potencial nos vinhos do Brasil do que nos espumantes” bernet Sauvignon e a Merlot. Mas ela fez uma ressalva importante. “Há muito Merlot no mercado”, alerta. Julia ficou surpresa com a jovialidade dos vinhos brasileiros. “Mesmo após quatro, cinco anos, eles mantém muita fruta e frescor. Por isso os vinhos do Brasil não são exóticos, são sim frescos e puros”, sentencia. Sobre os espumantes, Julia diz que os elaborados pelo método Charmat se destacaram, até porque ela esperava mais complexidade nos do método tradicional. “Devo abrir uma exceção para os espumantes feitos pelo método tradicional da Vinícola Geisse”, salienta. Segundo Julia, os espumantes brasileiros têm mais fruta e são bem mais interessantes do que os Prossecos e as Cavas com preços Preferências As variedades mais apreciadas até 6 libras. Acerca dos espumanpor Julia nos vinhos brasileiros tes moscatéis, que na Inglaterra foram Cabernet Franc, Tannat, Ca- concorrem com os Astis, ela acha as borbulhas brasileiras mais delicadas e com mais qualidade. A respeito dos vinhos brancos, a britânica diz que não degustou amostras suficientes para ter um parecer. Julia recomenda que seria um erro focar em uma variedade emblemática para representar o Brasil. “É melhor trabalhar algumas que sejam fortes, mas também não procurem centenas de variedades”, sugere. Uma crítica feita por Julia é a influência demasiada de sabor doce de carvalho americano, mesmo quando usado com moderação, que contrastava com o frescor da fruta e a acidez brilhante. Para encerrar, ela aposta em um bom futuro para os vinhos e espumantes brasileiros, desde que se mantenha boa qualidade por um bom preço, mantendo os frescos e bem equilibrados estilos, com álcool moderado e indo além das variedades tradicionais, como Merlot e Chardonnay. Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 Fotos: Iassanã dos Santos 18 Os espumantes brasileiros brilharam no São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio deste ano. O casting de cinco vinícolas verdeamarelas que desfilaram em São Paulo, de 28 de janeiro a 2 de fevereiro, no maior evento de moda do País, foi formado por Aurora, Pizzato, Antônio Dias, Domno, Miolo e Casa Valduga, todas reunidas pelo Ibravin, em parceria com a Abest (Associação Brasileira de Estilistas) e a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções). No Rio de Janeiro, as borbulhas verde-amarelas estiveram presentes no Fashion Rio Outono/ Inverno 2011, ocorrido de 11 a 15 de janeiro, com a participação das vinícolas Casa Valduga, Domno, Geisse, Pizzato e Cooperativa Vinícola Garibaldi. Como em São Paulo, os produtos foram servidos no lounge da Abest e da Abit. As borbulhas brasileiras foram servidas, pelo segundo ano consecutivo, no lounge da ABIT e da Abest na Fundação Bienal, no Parque do Ibirapuera, sede dos lançamentos do inverno 2011 da 30ª edição do São Paulo Fashion Week, que este ano recebeu estrelas como o ator Ashton Kutcher, a atriz Demi Moore e a socialite Paris Hilton. O local recebeu diariamente cerca de 250 pessoas, entre estilistas, jornalistas, formadores de opinião e convidados vip das associações organizadoras. “Fizemos a nossa estreia no Fashion Week de São Paulo em 2010 e, como deu certo, repetimos este ano”, afirma o gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, ESPUMANTES brasileiros foram apreciados por formadores de opinião do setor da moda Diego Bertolini. “Espumante e moda tem tudo a ver, porque am- destaca. No ano passado, o Ibravin so, Miolo e Salton) no São Paulo bos têm glamour e são consumi- colocou os espumantes de quatro Fashion Week, que ocorreu de 8 a dos por pessoas de bom gosto”, vinícolas (Aurora, Irmãos Bas- 14 de junho. A segunda etapa do trabalho de inserção de calçados brasileiros no mercado asiático contou com a presença dos vinhos verde-amarelos e do suco 100% natural pronto para beber. Os eventos realizados por oito marcas de calçados nacionais por três cidades da Ásia – Hong Kong, Beijing e Xangai – tiveram como companhia os vinhos brasileiros, graças a uma parceria entre a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e o Ibravin, através do projeto Wines of Brasil (Wof), realizado com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e o Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, desenvolvido junto com Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e a Apex-Brasil. Em Hong Kong e Xangai, os vinhos e espumantes verde-amarelos foram as estrelas dos coqueteis servidos para jornalistas, editores de moda e formadores de opinião após os desfiles dos calçados brasileiros. No dia 1º de março, no desfile em Xangai, foram servidos vinhos e espumantes da Aurora (Aurora Pequenas Partilhas Carmenère e Aurora Espumante Moscatel), Dom Cândido (Vinho Tinto DC Merlot) e Galiotto (Vinho Tinto Merlot Casa Galiotto), além do suco 100% natural da Catafesta. O primeiro desfile dos calçados brasileiro na Ásia foi em Hong Kong, no dia 21 de fevereiro, com a presença de produtos da Miolo Wine Group. Cerca de 40 convidados, entre eles imprensa, autoridades e principais compradores, prestigiaram o desfile, que contou com a participação de celebridades locais e modelos internacionais. O objetivo da ação é potencializar a promoção dos vinhos brasileiros no mercado asiático, já que Foto: Carlinhos Rodrigues / Arquivo 19 TAÇAS dos chineses foram servidas com vinhos, espumantes e suco de uva do Brasil Hong Kong faz parte dos oito países-alvo do projeto Wines of Brasil. “Como a intenção da Abicalçados é levar um pouco do Brasil e do estilo de vida do brasileiro para os asiáticos, nada mais apropriado do que termos os vinhos e espumantes verde-amarelos servidos nas taças dos convidados”, afirma a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan. Já a coordenadora de projetos do Ibravin, Raquel Rohden, diz que a participação do suco de uva 100% natural nestes eventos de moda contribui para disseminar a imagem de saudabilidade do produto. “Foi uma boa oportunidade de divulgarmos o nosso suco de uva 100% natural, que não tem adição de água nem de açúcar”, comenta. O Ibravin participou das reuniões de experts da Organização da Uva e do Vinho (OIV), que ocorreu de 7 a 19 de março, em Paris, na França. A consultora jurídica do Ibravin, Kelly Bruch, e a professora Regina Vanderlinde, coordenadora técnica do Vanderlinde, vice-presidente da OIV Laren (Laboratório de Refe- REGINA e ex-presidente, Peter Heis, Kelly Bruch, e o rência Enológica), represen- representante da Comissão Europeia, Denis de taram o Brasil nos encontros Froidmont que reuniram participantes de 40 países. Nas reuniões na OIV foram tratados temas como as novas tecnologias para produção de vinho, a análise econômica do mercado internacional, passando pelo uso da biotecnologia na elaboração dos produtos e os efeitos do aquecimento global sobre a produção vinífera. Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 20 A segunda participação dos vinhos brasileiros na New York Wine Expo, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, teve a presença de oito vinícolas, quase o triplo da estreia no ano passado. A comitiva brasileira ocupou quatro mesas – com o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) –, de 25 a 27 de fevereiro, na NY Wine Expo, uma feira voltada ao trade e também aberta ao consumidor norte-americano. O time do Wines of Brasil, projeto realizado pelo Ibravin e pela Apex-Brasil com o objetivo de posicionar o vinho brasileiro fino no mercado internacional, esteve escalado com Aurora, Lidio Carraro, Casa Valduga , Miolo e a trading Suriana, que representou as vinícolas Geisse, Sanjo, Santo Emílio e Dom Cândido. A ação contou com o planejamento e acompanhamento da representante dos vinhos brasileiros em Nova Iorque, a consultora Fotos: Divulgação Nora Favelukes, presidente da QW Wine Experts, radicada há mais de 20 anos nos EUA, e que desde o ano passado trabalha para o Wines of Brasil. “Intensificamos no ano passado a promoção dos produtos brasileiros nos Estados FRANCINE Kaga, da trading Suriana, representou as vinícolas Dom Cândido, Geisse, Sanjo e Santo Emilio Unidos, que é o segundo país importador de vi- ros para cerca de 40 convidados no nhos no mundo”, afirma a gerente dia 27 de fevereiro. “Este seminário de Promoção Comercial do Wines buscou ampliar o conhecimento dos of Brasil, Andreia Gentilini Milan. produtos brasileiros entre os imporDentro da programação da feira tadores e, depois, entre os consumide vinhos nova-iorquina, ocorreu dores norte-americanos”, comenta um seminário sobre vinhos brasilei- Andreia. Para potencializar a participação na New York Wine Expo e atender um pedido das vinícolas, o Wines of Brasil, em conjunto com o MRE, realizou, no dia 24 de fevereiro, uma Rodada de Negócios na Embaixada do Brasil em Nova Iorque com a presença das vinícolas que estiveram presentes na feira, exceto Casa Valduga e Miolo, que já contam com importadores nos EUA. O encontro reuniu oito importadores para encontros com as vinícolas Aurora, Lidio Carraro, Dom Cândido, Geisse, Sanjo e Santo Emilio (estas quatro últimas representadas pela Suriana Trading). Foram realizadas 24 reuniões. Segundo a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan, o evento deu seguimento aos contatos realizados pelas vinícolas no evento “Buscando Importa- dor”, realizado no dia 30 de setembro do ano passado, também em Nova Iorque. “A ação foi extremamente positiva, pois conseguimos avançar nas negociações entre importadores e vinícolas brasileiras interessadas no mercado norte-americano”, relata. Os compradores, alguns com distribuição nacional, foram selecionados conforme o perfil dos participantes. Os vinhos brasileiros foram apresentados com sucesso na Holanda no dia 21 de março. Como ocorreu nos últimos anos e por duas vezes em 2010, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com o projeto Wines of Brasil, realizado pelo Ibravin e pela Apex-Brasil, promoveu uma degustação para um Clube de Sommeliers da Holanda no NH Barbizon Palace Hotel, em Amsterdã. Onze (11) vinícolas – Aurora, Boscato, Casa Valduga, Cordilheira de Santana, Irmãos Basso, Lidio Carraro, Miolo, Piagentini, Pizzato, Salton e Santo Emilio – estiveram presentes mostrando seus vinhos e espumantes a 17 sommeliers convidados pela Embaixada Brasileira nos Países Baixos. Eventos de degustação têm se mostrado bastante eficazes para as vinícolas verde-amarelas. No ano passado, as exportações de vinhos brasileiros para a Holanda cresceram 150%, na comparação com o ano anterior. Foram US$ 250,5 mil no ano passado, ante US$ 101 mil em 2009. Assim, o país dos moinhos passou da 6ª posição, em 2009, para o 3º lugar no ranking dos principais destinos dos produtos vinícolas nacionais em 2010. “No evento deste ano, os sommeliers disseram ter notado uma evolução nos vinhos brasileiros degustados”, afirma a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan, acrescentando que, segundo eles, provavelmente este acréscimo de qualidade se deve à maior idade das videiras plantadas no Brasil. Os espumantes continuam sendo uma unanimidade, tanto por sua excelente qualidade como pela boa relação custo-benefício. Os Foto: Ana Paula Kleinowski 21 A DEGUSTAÇÃO acompanhada de palestra sobre os vinhos brasileiros foi feita pelo professor e jornalista holandês, Chris Ablas, que esteve no Brasil no ano passado vinhos tintos de variedades mais exóticas – como Cabernet Franc, Ancellotta e Teroldego, entre outros – foram os mais elogiados. Mas também sobraram elogios a rótulos tradicionais elaborados a partir das cepas Merlot, Cabernet Sauvignon e Tannat. Houve a sugestão de que o espumante rosé poderia ser um atrativo para as comemorações do Dia dos Namorados. Depois da palestra, ocorreu uma degustação aberta para 70 pessoas, entre importadores, jornalistas e formadores de opinião escolhidos pela Embaixada do Brasil nos Países Baixos. Para encerrar o dia, um jantar harmonizado com vinhos brasileiros celebrou a parceria entre o MRE e o Ibravin, além da crescente presen- ça dos produtos verde-amarelos na Holanda. Entre as autoridades presentes estavam o ministro Carlos Alberto Asfora, o cônsul honorário Reiner W. L. Russel, o gestor de projetos da Apex-Brasil, Marcos Soares, além do diretor de Comércio e Turismo da Embaixada do Brasil em Haia, Ivens Signorini. Saiba mais Empresas como Casa Valduga, Lidio Carraro e Miolo, sempre presentes nos eventos promovidos na Holanda, aumentaram significativamente suas vendas para a Holanda. As exportações da Lidio Carraro para o país dobraram em 2010; as da Casa Valduga cresceram quatro vezes; e as da Miolo mais de cinco vezes. Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 22 O investimento dos vinhos brasileiros no mercado alemão chegou a um marco importante. O projeto Wines of Brasil fez a sua melhor e mais preparada participação na ProWein 2011, de 27 a 29 de março, em Düsseldorf, na Alemanha. Antes de enfrentar a prova de degustadores e compradores do mundo todo pela sétima vez consecutiva na principal feira de vinhos alemã e uma das mais importantes da Europa, as vinícolas brasileiras fizeram o seu dever de casa. No ano passado, o Wines of Brasil contratou a consultoria técnica de dois especialistas em vinhos da Alemanha, o jornalista Jürgen Mathäss e o consultor Peer Holm. Depois de uma semana conhecendo as principais cantinas brasileiras, eles fizeram uma série de recomendações aos produtores que querem ter sucesso no mercado alemão. “Depois deste brand analysis, as vinícolas levaram para a feira as suas novidades, com produtos devidamente adequados ao gosto do consumidor alemão”, afirma a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan. Fotos: Gunter Dreibi EVENTO de degustação dos vinhos brasileiros foi realizado no hotel cinco estrelas Van der Valk ProWein Goes City A grande novidade da participação do Wines of Brasil na Alemanha este ano foi a presença, pela primeira vez, no ProWein Goes City, um programa organizado com o objetivo de proporcionar aos enófilos a oportunidade de degustar os produtos que estavam sendo apresentados na feira, aberta somente para profissionais especializados. O evento de degustação dos vinhos brasileiros foi realizado no hotel cinco estrelas Van der Valk, reunindo 150 pessoas, entre jornalistas, importadores, sommeliers e público em geral. BELEZA das mulheres brasileiras - Patrícia, Elisa, Ana e Rosana - atraiu a atenção de 150 pessoas para os produtos verde-amarelos A TAM Airlines, por meio do diretor José Soares, ofereceu duas passagens de ida e volta ao Brasil, que foram sorteadas entre os presentes no evento. Dos 35 restaurantes que integraram o programa ProWein Goes City, o que acolheu os vinhos do Brasil foi o mais visitado e com maior número de jornalistas presentes. “Esta parceria com a TAM ajudou muito a atrair público ao nosso evento”, reconhece Andreia. “No próximo ano, queremos realizar este mesmo evento em outros restaurantes da cidade”, revela. Andreia acertou na ProWein a vinda de seis jornalistas alemães em novembro, quando eles visitarão cantinas da Serra Gaúcha e o Festival de Turismo de Gramado. O Wines of Brasil ainda planeja realizar duas degustações de vinhos brasileiros na Alemanha em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE). As cidades de Frankfurt e Hamburgo devem receber os eventos no segundo semestre. “A ideia é obter uma maior aproximação com o trade em busca da consolidação da marca dos vinhos brasileiros neste mercado tão importante”, explica Andreia. As 11 vinícolas integrantes do projeto Wines of Brasil, realizado em parceria entre o Ibravin e a Apex-Brasil, prospectaram US$ 900 mil em negócios para os próximos 12 meses na 18ª edição da ProWein, uma das mais importantes feiras de vinhos da Europa, realizada de 27 a 29 de março, em Düsseldorf, na Alemanha. Duas empresas – Miolo e Casa Valduga – fecharam negócios na própria feira, mas não revelaram valores. Segundo a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan, foram feitos 249 contatos com compradores de toda a Europa, o que dá uma média de 22 contatos por empresa participante da feira. “Este ano a feira teve menos movimento, porém, os contatos foram mais qualificados, mais profissionais”, conta Andreia. As vinícolas participantes da feira e das atividades na Alemanha foram Aurora, Boscato, Casa Valduga, Irmãos Basso, Lidio Carraro, Miolo, Pizzato e Vinibrasil, além da trading Suriana, que representou três vinícolas butique (Cordilheira de Santana, Piagentini e Santo Emilio). Fotos: Gunter Dreibi 23 ESTANDE do Wines of Brasil na ProWein 2011 teve a presença de 11 vinícolas verde-amarelas O jornalista alemão Jürgen Mathäss, que esteve no Brasil no ano passado, conduziu, pela segunda vez consecutiva, uma degustação de vinhos brasileiros das empresas presentes na feira para sommeliers e jornalistas da Alemanha. Ele ainda levou os representantes das vinícolas para uma missão técnica pelos pontos de venda referenciais de vinho em Düsseldorf, com patrocínio do MRE. “Esta incursão pelo que o consumidor alemão tem DEGUSTAÇÃO de vinhos brasileiros para especialistas foi conduzida pelo jornalista alemão Jürgen Mathäss, que esteve na Serra Gaúcha no ano passado a sua disposição nos ajuda a compreender melhor o estilo de vinhos que o Brasil deve oferecer neste mercado”, comenta Andreia. Outra ação inédita este ano na ProWein foi a presença dos vinhos brasileiros no Press Center, onde os jornalistas de todo o mundo fazem as suas refeições e trabalham. Balanço A persistência tem mostrado resultados práticos. Em 2006, as empresas integrantes do Wines of Brasil venderam US$ 160 mil à Alemanha. No ano seguinte, o valor passou para US$ 237 mil. Em 2008, ocorreu um salto para US$ 355 mil e em 2009 a Alemanha comprou US$ 368 mil em vinhos e espumantes brasileiros. Em 2010, houve um recuo, para US$ 226 mil, mas o preço médio por litro passou de US$ 2,58 (em 2009) para US$ 3,44 (no ano passado). Aurora, Boscato, Casa Valduga, Lidio Carraro, Miolo e Salton foram as vinícolas integrantes do projeto Wines of Brasil que exportaram para a Alemanha em 2010. Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 Fotos: Ana Paula Kleinowski A parceira entre o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o projeto Wines of Brasil (Wof), realizado pelo Ibravin e pela ApexBrasil, continua ativa no mundo todo. Desta vez, a promoção dos vinhos brasileiros chegou até a Croácia, em um jantar na capital Zagreb, na noite do dia 25 de fevereiro, e na Polônia, no dia 23 de março, com palestra e degustação, dirigidas a 30 convidados na Mmaison Hotel La Régina, em Varsóvia. 24 Croácia A convite da Embaixada Brasileira na Croácia, os vinhos e espumantes das vinícolas Aurora, Casa Valduga, Lidio Carraro, Miolo e Salton harmonizaram com um cardápio tipicamente brasileiro servido no salão Cristal do Hotel Westin, um dos principais cinco estrelas da cidade. Entre os 200 convidados estavam importadores, chefs, sommeliers, donos de restaurantes, formadores de opinião e jornalistas que participam do “Zagreb Wine Gourmet Festival”, um evento de vinhos e gastronomia que reuniu produtores de 140 países nos dias DEGUSTAÇÃO de vinhos brasileiros na Croácia TIME das vinícolas do Wines of Brasil na Polônia 25 e 26 de fevereiro. “Foi mais uma oportunidade de mostrar a qualidade do vinho brasileiro”, comenta a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan. Polônia A Polônia, país da vodka, é um dos mais novos mercados-alvo dos vinhos do Brasil. Os primeiros eventos de degustação, além de uma missão técnica para conhecer o mercado polonês, foram organizados pelo MRE, por meio da Embaixada do Brasil em Varsóvia, para 11 vinícolas verde-amarelas integrantes do projeto Wines of Brasil. As vinícolas receberam cerca de 150 convidados, entre compradores e jornalistas, para uma degustação de vinhos e espumantes das vinícolas Aurora, Boscato, Casa Valduga, Cordilheira de Santana, Irmãos Basso, Lidio Carraro, Miolo, Piagentini, Pizzato, Salton e Santo Emilio. A palestra com degustação de vinhos brasileiros foi conduzida pelo jornalista Tomasz PrangeBarczyński, que esteve no Brasil no ano passado conhecendo as cantinas gaúchas. No público estavam também distribuidores, donos de lojas especializadas e sommeliers, ávidos por conhecer mais sobre o vinho brasileiro, que no ano passado teve as suas exportações aumentadas em 146% para a Polônia. O Ibravin incentivou as vinícolas brasileiras a participarem do Encontro de Vinhos Off, que será realizado dia 25 de abril, em São Paulo, um dia antes do início da Expovinis 2011. O conceito utilizado é o mesmo que ocorre nos eventos como a Vinexpo Bordeaux, Vinitaly e outros, que têm também a sua feira off acontecendo em paralelo. Na segunda edição, o evento será realizado no charmoso espaço da Pizzaria Bendita Hora de Perdizes (Rua Wanderley, 795), conhecido como Pomar. Cinco vinícolas brasileiras aceitaram a convocação do Ibravin – Casa Valduga, Casa Pedrucci, Domno, Lidio Carraro e Villaggio Grando – e estarão presentes na feira, que têm o formato dos eventos realizados nos Estados Unidos e na Europa, ou seja, mesas de degustação do mesmo tamanho para todos os expositores. No ano passado, só a Lidio Carraro participou. Na extensão do evento realizado em Ribeirão Preto, também no ano passado, Casa Valduga, Rastros Foto: Orestes de Andrade Jr. EVENTO realizado em Ribeirão Preto em 2010 teve participação de três empresas do Pampa e Lidio Carraro estiveram presentes, assim como um representante do Ibravin. “A meta para 2012 é atingir pelo menos um número de 20 vinícolas brasileiras participando do nosso evento”, afirma Daniel Perches (do blog Vinhos de Corte), um dos organizadores do evento, ao lado de Beto Duarte (do blog Papo de Vinho). “O Encontro de Vinhos sempre apoiou e incentivou a participação de vinícolas brasileiras nos eventos para que o vinho produzido aqui seja melhor divulgado no centro do País”, destaca Beto Duarte. Uma palestra, em primeira mão, da Aprovale, trará as regras da primeira D.O. brasileira, a do Vale dos Vinhedos. O Encontro de Vinhos ainda promoverá a eleição dos Top5, uma degustação às cegas, com jornalistas e sommeliers convidados. A entrada para o evento, que ocorre das 12h às 22h, custa R$ 60 e dá direito a provar todos os vinhos e a degustar as pizzas (servidas em formato de coquetel). O Ibravin participou da FIMMA sórios para a Indústria Moveleira), tivo de 50m² dos Vinhos do Brasil Brasil 2011 (Feira Internacional de de 25 a 29 de março, em Bento reuniu seis vinícolas – Aurora, Casa Máquinas, Matérias-Primas e Aces- Gonçalves (RS). O estande cole- Valduga, Dal Pizzol, Miolo, Peterlongo e Salton. Foto: Iassanã dos Santos “Estivemos pela primeira vez presentes na feira para aproveitar a presença de expositores de todo o Brasil e também do exterior, além dos milhares de visitantes que vem até Bento Gonçalves”, afirma o gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, Diego Bertolini. Segundo ele, a feira recebeu mais de 40 mil visitantes que lotaram os hotéis da serra gaúcha. A 10ª edição da FIMMA Brasil contou com 675 expositores, sendo 468 nacionais e 207 estrangeiros. ESTANDE Vinhos do Brasil na FIMMA em Bento Gonçalves 25 Saca-rolhas informativo Ano 2 | Nº 3 | Maio de 2011 26 O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) ocupará o maior estande da Expovinis 2011 com área de 557 m² para uma participação coletiva de 31 vinícolas verde-amarelas. No espaço Vinhos do Brasil estarão presentes outras 16 cantinas, totalizando uma participação recorde de 47 empresas nacionais na 15ª edição do Salão Internacional do Vinho, a maior feira do setor da América Latina e uma das dez mais importantes do mundo. O principal estado produtor de vinhos do País – o Rio Grande do Sul – estará representado nas suas diferentes regiões – a Serra, o Vale dos Vinhedos e a Campanha Gaúcha. O estande coletivo do Ibravin ainda terá uma vinícola do Paraná (a Dezem) e uma de Santa Catarina (Santo Emílio). Veja no quadro ao lado a lista de todas as empresas presentes na feira. “A Expovinis é a principal vitrine de vinho da América Latina”, afirma o gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, Diego Bertolini. Ele lembra que a eleição dos dez melhores vinhos em exposição, o Top 10 Expovinis, tem uma força comparável, guardadas as devidas proporções, ao Julgamento de Paris, que ocorreu em 1976, na França, rendendo fama aos vinhos californianos que venceram uma degustação às cegas com os franceses. Como a seleção dos melhores da Expovinis também é feita às cegas – sem o conhecimento dos rótulos e dos países de origem – os Foto: Orestes de Andrade Jr. LANÇAMENTOS das vinícolas brasileiras estarão em destaque no estande Vinhos do Brasil vinhos brasileiros têm surpreendido os céticos nos últimos anos. No ano passado, a Villagio Grando, de Santa Catarina, ganhou o prêmio de melhor Chardonnay da feira. Nesta mesma categoria, disputada por vinhos do mundo todo, a Cordilheira de Santana, da Campanha Gaúcha, já havia vencido em 2008, surpreendendo o júri de especialistas e o público em geral. Bertolini recorda, porém, que a maior surpresa na categoria custobenefício foi em 2008, quando o vinho tinto Rio Sol Cabernet/Shirraz, que na época custava somente R$ 26, acabou ficando em 1º lugar na categoria vinhos tintos nacionais, empatado com o Marson Gran Reserva Cabernet Sauvignon. É neste palco que as vinícolas brasileiras irão mostrar seus últimos lançamentos para um público superior a 16 mil pessoas, que terão a sua disposição 300 expositores do mundo todo. O melhor caminho, contudo, estará logo na entrada do Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte pelos corredores verde-amarelos do estande Vinhos do Brasil, dando as boas-vindas aos visitantes. Aliprandini e Meyer Vinhos Finos, Antonio Dias Vinhos Finos, Boscato Indústria Vinícola, Cave Marson Vinhos e Espumantes, Cooperativa Vinícola Aurora, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Cordilheira de Santana, Don Bonifácio Vinhos Finos, Don Giovanni Vinhos Finos, Don Guerino Vinícola Casa Motter, Dunamis Vinhos e Vinhedos, Vinícola Armando Peterlongo, Vinícola Valmarino, Guatambu Ind. e Com. Alimentos, José Sozo Vinhos Finos, Pomar Arerunguá, Vinhos Don Laurindo, Vinícola Almaúnica, Vinícola Campos de Cima, Vinícola Dezem, Vinícola Dom Cândido, Vinícola Galiotto, Vinícola Góes & Venturini, Vinícola Irmãos Basso, Vinícola Marco Luigi, Vinícola Monte Lemos, Vinícola Perini, Vinícola Peruzzo, Vinícola Santo Emílio, Vinícola Viapiana e Wine Park. O Ibravin preparou uma programação especial e diferenciada para atender os profissionais e visitantes da Expovinis 2011. Em parceria com o Senac/SP, serão realizadas palestras e workshops sobre o mercado de trabalho no mundo do vinho, as regiões produtoras do Brasil e harmonizações de produtos brasileiros com sobremesas, entre outros temas. Estes cursos serão realizados nos dias 26 e 27, das 14h às 15h, das 16h às 17h e das 20h às 21h. No dia 28, serão dois horários, das 14h às 15h e das 16h às 17h. As inscrições serão feitas na hora, no local e por ordem de chegada. Sucesso no ano passado, o projeto “Para Saber o Sabor dos Vinhos do Brasil”, realizado entre o Ibravin com a Escola de Gastronomia UCS/ ICIF e a FSI-Brasil (Federação dos Sommeliers Internacionais do Brasil), terá uma segunda edição este ano. Em 2010, o evento também foi realizado em três cidades gaúchas – Porto Alegre, Flores da Cunha e Gramado. Depois da Expovinis, deve chegar a outras capitais este ano. O projeto consiste em harmonizar 21 vinhos selecionados por um grupo de especialistas [veja lista completa no quadro acima] com cinco pratos elaborados por Mauro Cingolani, diretor técnico da Escola de Gastronomia. A condução da harmonização será feita por Jefferson Sancineto Nunes, presidente da FSI Brasil, nos dias 26, 27 e 28, sempre das 18h às 19h, na sala de degustações Vinhos do Brasil na Expovinis. As inscrições serão feitas no próprio local, por ordem de chegada. Os cinco pratos que serão harmonizados com sete vinhos por dia na Expovinis 2011 foram escolhidos por seis convidados, entre os quais sommeliers e chefs de cozinha. Os espumantes brut serão servidos com o prato Filé de atum cozido a baixa temperatura em azeite de oliva com batata nature. Os vinhos brancos com Roast-beef de cordeiro em redução de tomate aromatizada com échalote. Já os rosés serão harmonizados com o prato Escondidinho de pato confit com purê de mandioquinha ao toque de tomilho. Os vinhos tintos irão à mesa com Brasato clássico ao vinho tinto com stinco de cordeiro. Por fim, o espumante moscatel será harmonizado com a sobremesa Panforte. Espumantes brut: Nero Brut (Domno), Don Giovanni Espumante Brut 12 meses e Pizzato Espumante Tradicional Brut Branco 2009. Espumantes moscatéis: Nero Moscatel (Domno), Santa Augusta Vinho Moscatel Espumante 2010 e Casa Moscatel Espumante Moscatel 2010. Vinhos brancos: Reserva Boscato Chardonnay 2010, Casa Pisani Viognier 2010, Casa Valduga Gran Reserva Chardonnay 2010, Chardonnay Casa Venturini Reserva 2009, Dádivas Chardonnay 2010 e Viapiana Sauvignon Blanc 2010. Vinhos rosé: Do Lugar Rosé 2010 (Dal Pizzol), Miolo Seleção Rosé 2010 e Taipa Vinho Fino Rosé 2010. Vinhos tintos: Aracuri Collector Cabernet Sauvignon 2008, Rastros do Pampa Premium Cabernet Sauvignon 2009, Lídio Carraro Grande Vindima Merlot 2005, Pizzato DNA 99 Single Vineyard Merlot 2005, Antonio Dias Tannat 2008 e Reserva da Família 2005. 26/4/2011 - Terça-feira Horário Projeto Tema Palestrante 14h00 - 15h00 Senac Empregabilidade e Gestão de Pessoas no Mundo do Vinho Rodrigo Rodrigues 16h00 - 17h00 Senac Degustação de Vinhos Brasileiros Maduros José Pagliari 18h00 - 19h00 UCS/ICIF/FSI/IBRAVIN Projeto Para Saber o Sabor dos Vinhos do Brasil Jefferson Nunes 20h00 - 21h00 Senac Regiões do Brasil e seus Vinhos Característicos Moises Lacerda 27/4/2011 - Quarta-feira Horário Projeto Tema Palestrante 14h00 - 15h00 Senac Oportunidades e Desafios no Mercado de Vinho na Atualidade Christian Wilkens 16h00 - 17h00 Senac Degustação de Espumantes Brasileiros Silvia Mascella Rosa 18h00 - 19h00 UCS/ICIF/FSI/IBRAVIN Projeto Para Saber o Sabor dos Vinhos do Brasil Jefferson Nunes 20h00 - 21h00 Senac Descobrindo as Regiões do Sul do Brasil Marcelo Souza 28/4/2011 - Quinta-feira Horário Projeto Tema Palestrante 14h00 - 15h00 Senac Bar e Vinhos: Coquetéis para a Meia Estação Pedro Cardoso 16h00 - 17h00 Senac Harmonização de Vinhos Brasileiros com Sobremesas Vinicius Cassarotti 18h00 - 19h00 UCS/ICIF/FSI/IBRAVIN Projeto Para Saber o Sabor dos Vinhos do Brasil Jefferson Nunes 27 O projeto Wines of Brasil, parceria entre o Ibravin e a Apex-Brasil, esteve presente no 3º Congresso Mundial sobre Mudança Climática e Vinho, que ocorreu nos dias 13 e 14 de abril, em Marbella, na Espanha. A gerente de Promoção Comercial do projeto, Andreia Gentilini Milan, foi moderadora do painel “A Mudança Climáticas e os Espumantes”. A participação no evento contou com o apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Quatro vinícolas integrantes do projeto de exportação dos vinhos finos brasileiros estiveram presentes nesse que é o mais importante evento mundial sobre sustentabilidade climática relacionada à produção de vinhos. Eduardo Valduga, da Casa Valduga, Ademir Brandelli, da Don Laurindo, Thiago Peterle e Júlio Cesar Kunz, da Dunamis, e Flavio Pizzato, da Pizzato, participaram do Congresso. Outras quatro vinícolas – Aurora, Garibaldi, Miolo e Salton – enviaram produtos para serem degustados pelos participantes do evento. A participação do Wines of Brasil contou com três mesas, onde foram servidos vinhos e espumantes nos intervalos das palestras. O almoço de abertura do Congresso também foi regado a vinhos das cantinas verde-amarelas. “Aproveitamos a presença dos principais nomes da vitivinicultura mundial para mostrar o que o Brasil está produzindo de melhor em vinhos e espumantes”, destaca Andreia. Antes do Congresso, o Wines of Brasil realizou uma missão técnica na Região das Cavas, na Espanha, nos dias 11 e 12 de abril, pelas empresas Freixenet, Gramona e Torres. Foto: Divulgação RÓTULOS brasileiros foram servidos no mais importante evento mundial sobre sustentabilidade climática vitivinícola Vinhos e espumantes brasileiros foram servidos no almoço oferecido pela presidenta Dilma Rousseff para 800 convidados, entre empresários e autoridades chinesas, no dia 12 de abril, em Pequim, na China. Para a ocasião, o chef Rodrigo Sanchez escolheu o vinho Lote 43 e o espumante Millésime, ícones da Miolo, uma das 37 vinícolas integrantes do consórcio de exportação de vinhos finos brasileiros Wines of Brasil. Em Hong Kong, a gerente de Promoção Comercial do projeto, Andreia Gentilini Milan, fechou a participação das vinícolas brasileiras em dois eventos na China em novembro, além da feira HOFEX, que será de 11 a 14 de maio, e terá a Miolo representada atra- vés do seu importador local. O Wines of Brasil estará presente na Hong Kong Wine Expo, de 3 a 5 de novembro, com a participação de seis vinícolas verdeamarelas. Durante a semana da feira, será realizada uma Master Class (palestra com degustação) para cerca de 50 VIPS locais (sommeliers, compradores e formadores de opinião), seguida por um Walkaround Tasting, onde serão montadas mesas para as vinícolas participantes na feira. Logo depois, as cantinas brasileiras estarão na Wine Future Hong Kong, evento organizado pela Wine Academy of Spain, que terá as presenças de Robert Parker, Jancis Robinson e outros grandes nomes do mundo do vinho.