Artigo - Sustentabilidade 1 Liderança sem Romantismo Steve Sample (*) Onde estão os Washingtons e os Lincolns de hoje? Essa é uma pergunta que ouço freqüentemente dos alunos de um curso sobre liderança que dou, junto com Warren Bennis, na University of Southern California. Esses estudantes estão à procura de, pelo menos, alguns líderes vivos que possam tomar como modelos. Estaríamos muito melhor se apreciássemos a complexidade das áreas em que os líderes atuam – política, indústria, educação, negócios. A vida nessas áreas exige assumir compromissos e passar por fracassos e ataques à boa reputação. Convido você a refletir sobre sete princípios imutáveis: 1. Verdadeiros líderes têm um cálculo moral bem desenvolvido - É um mito a noção de que a boa liderança sempre envolve proposições do tipo ´vencer ou vencer´. O verdadeiro líder compreende que acidentes muitas vezes são inevitáveis. Os líderes enfrentam dilemas regularmente. Os melhores aprendem a agir demarcando em sua mente uma linha moral que não pode ser cruzada. 2. Verdadeiros líderes mobilizam as pessoas - Os líderes não atraem simplesmente legiões de admiradores, mas real dedicação, levando os outros a fazerem o que não estariam naturalmente inclinados a fazer. São diferentes das pessoas hábeis, populares, influentes mesmo, mas que não mobilizam as outras em uma nova direção. 3. Visão é essencial, mas às vezes é supervalorizada - É verdade que os líderes precisam de uma visão estimulante, mas dizer que a visão é tudo de que necessitam é um mito. Muitos professores, jornalistas e críticos têm uma visão notável, mas poucos sabem negociar face a um acontecimento inesperado. Do mesmo modo, muitos líderes atuantes ficam paralisados quando as pressões da rotina subvertem uma visão nobre. 4. Bons líderes vêem as coisas por uma perspectiva diferente - Perspectiva não é o mesmo que visão. Os líderes devem ver as situações sob novos ângulos e fazer novas associações – algumas inusitadas – que outros deixariam passar. Um líder não precisa ser um pensador revolucionário, mas deve saber reconhecer uma boa idéia, ainda que não seja sua. Se não tiver a capacidade de ver as coisas de modo diferente, vai estar agindo mais como um administrador. 5. Os melhores líderes têm um radar e uma bússola giroscópica - Líderes sem bússola giroscópica, ao menor sinal de mudança de opinião entre os stakeholders, são afastados do curso que pretendiam seguir. Líderes sem radar atraem o desastre, pois avançam cegamente, tentando forçar os outros a seguirem uma direção para a qual ainda não estão prontos. Os melhores líderes desenvolvem tanto um radar como uma bússola giroscópica. 6. Líderes conscientes conseguem ´pensar cinza´ - A maioria das pessoas adota uma abordagem binária em relação à vida, categorizando instantaneamente as coisas como boas ou más, verdadeiras ou falsas, pretas ou brancas. Líderes conscientes estudam as sombras de cor cinza inerentes à situação antes de tomar uma decisão. Artigo - Sustentabilidade 2 menos como o juiz, que pesa todos os fatos ligados a um caso – antes de tomar a decisão final. 7. Verdadeiros líderes fazem o próprio trabalho sujo - Pouco depois que meu pai levou a família a se mudar da cidade para uma pequena fazenda, um dos nossos cavalos quebrou a perna e precisava ser sacrificado. A sabedoria do nosso vizinho foi simples e profunda: ´Um homem tem que matar seu próprio cavalo.´ Meu pai, então, sacrificou o animal. Líderes que deixam para outros a tarefa de despedir um subordinado ou transmitir uma má notícia raramente conquistam a mesma credibilidade e confiança que conseguem aqueles que corajosamente fazem o próprio trabalho sujo. Verdadeiros líderes têm as roupas sujas de lama. A sujeira pode esconder temporariamente suas realizações, e poucos são reconhecidos de imediato. Mas seu trabalho perdura. AÇÃO: Pare de lamentar a falta de grandes líderes e comece a ser um deles. (*) Diretor da Universidade da Califórnia; autor do livro The Contrarian’s Guide (Jossey-Bass), incluído na lista dos mais vendidos do Los Angeles Times e selecionado pelo Toronto Globe como um dos 10 melhores livros sobre negócios do ano de 2001. Fonte: Artigo publicado na revista Executive Excellence, editora Qualitymark – Acessado em 26/2/2003