POEMS: PATIENTS-ORIENTED EVIDENCE THAT MATTERS
Combinação de agonistas de
GLP-1 e insulina basal melhor que
outros hipoglicemiantes em DM
Autores da tradução:
Pablo Gonzáles BlascoI, Marcelo Rozenfeld LevitesII, Pedro Subtil de PaulaII
Sociedade Brasileira de Medicina de Família
QUESTÃO CLÍNICA
CASUÍSTICA
Seria a combinação de agonistas de GLP-1 (glucagon-like
peptide-1) mais insulina basal em pacientes com diabetes
tipo 2 mais eficaz do que outros tratamentos?
Ambulatorial.
RESUMO
Desconhecido.
Nessa revisão sistemática, os pacientes tratados com agonistas do GLP-1 tiveram maiores reduções nos níveis de hemoglobina glicada e peso corporal e eram mais propensos a
atingir níveis de hemoglobina glicada de menos de 7,0% do
que os pacientes de controle. Os resultados foram observados
sem apresentação de hipoglicemia significativa.1
Nível de evidência: 1a.2
DESENHO DO ESTUDO
Ensaios clínicos randomizados.
FINANCIAMENTO
Autofinanciado ou sem financiamento.
ALOCAÇÃO
DISCUSSÃO
Esses autores, dois dos quais reportam laços significativos com a indústria, sistematicamente revisaram vários
bancos de dados para identificar ensaios clínicos randomizados de duração de pelo menos oito semanas que compararam agonistas de GLP-1 e insulina basal contra qualquer
outro tratamento. Os estudos tiveram de comunicar as mudanças nos níveis de hemoglobina glicada, ou a proporção
de pacientes que alcançaram nível de hemoglobina glicada
inferior a 7,0%, ou o número de pacientes que experimentam
episódios de hipoglicemia. Os agonistas de GLP-1 incluídos
foram: exenatida (Bydureon, Byetta), liraglutida (Victoza),
lixisenatida (Lyxumia), dulaglutida (Trulicity), albiglutida
(Tanzeum), semaglutida (ainda não aprovado pelo Food and
Médico de família, doutor em Medicina, diretor científico e membro-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa).
Médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa).
I
II
Editores responsáveis por esta seção:
Pablo Gonzáles Blasco. Médico de família, doutor em Medicina, diretor científico e membro-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina de Família
(Sobramfa).
Marcelo Rozenfeld Levites. Médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa).
Pedro Subtil de Paula. Médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa).
Tradução e adaptação:
Sobramfa (Sociedade Brasileira de Medicina de Família)
Rua Sílvia, 56 — Bela Vista — São Paulo (SP) — CEP 01331-000
Tel. (11) 3253-7251/3285-3126
E-mail: [email protected] — http://www.sobramfa.com.br
Entrada: 11 de maio de 2015 — Última modificação: 20 de maio de 2015 — Aceite: 20 de maio de 2015
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Diagn Tratamento. 2015;20(3):100-1.
Pablo Gonzáles Blasco | Marcelo Rozenfeld Levites | Pedro Subtil de Paula
Drug Administration, FDA), e taspoglutida (o fabricante parou a fase de ensaios por causa de efeitos adversos III). Dada a
novidade dessa classe de drogas (várias drogas nessa classe
foram aprovados pela FDA desde 2013), a falha dos autores
em entrar em contato com as empresas farmacêuticas para
dados não publicados é grave. A fraude perpetrada pelo fabricante de oseltamivir deve servir como lembrete da necessidade de se avaliarem todos os dados para saber toda a verdade
sobre a prescrição de medicamentos. Em última análise, os
autores incluíram 15 estudos com cerca de 4.400 pacientes.
Dado que houve sete potenciais agonistas GLP-1, eu sou cético de que os autores identificaram todas as pesquisas relevantes. A duração média dos estudos incluídos foi de seis
meses. Seis dos estudos compararam os agonistas GLP-1 contra placebo. Todos com exceção de dois dos estudos foram
patrocinados pela indústria e oito estudos não relataram se
os coletores de dados ou os avaliadores de resultados estavam mascarados. Em geral, os pacientes tratados com GLP-1
agonistas tiveram queda no seu nível de hemoglobina glicada
de 0,4% e tiveram duas vezes mais probabilidade de alcançar
os níveis de hemoglobina glicada abaixo de 7% (diferença absoluta foi de 17,4%, traduzindo a um número necessário para
tratar de 6). Além disso, os pacientes tratados com agonistas
de GLP-1 perderam 3,2 kg a mais do que os demais comparados. Nos 11 estudos que relatam hipoglicemia, a taxa de eventos foi a mesma entre os vários tratamentos.
ANÁLISE DOS TRADUTORES
Considerando os vieses apontados e, ainda, a dificuldade
de acesso aos agonistas do GLP-1 para o público brasileiro
devido ao seu alto custo, a presente análise serve como alerta
para uma possibilidade a mais no controle glicêmico, principalmente em pacientes cuja condição clínica aponte benefício (obesos, pacientes com muitos eventos hipoglicêmicos).
As demais situações devem ser analisadas com cautela.
REFERÊNCIAS
1. Eng C, Kramer CK, Zinman B, Retnakaran R. Glucagon-like
peptide-1 receptor agonist and basal insulin combination
treatment for the management of type 2 diabetes: a systematic
review and meta-analysis. Lancet. 2014;384(9961):2228-34.
2. Essential Evidence Plus. Levels of evidence. Disponível em:
http://www.essentialevidenceplus.com/product/ebm_loe.
cfm?show=oxford. Acessado em 2015 (15 mai).
RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO DESTA SEÇÃO: SOBRAMFA
Diagn Tratamento. 2015;20(3):100-1.
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