EDIFÍCIOS INTELIGENTES X CERTIFICAÇÃO GREEN BUILDING
Dilmer Rodrigues, Sergio Perensin
Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)
Av. Príncipe de Gales, 821 - Bairro Príncipe de Gales - Santo André, SP,
Brasil
[email protected]; [email protected]
Abstract:
Buildings are part of humans’ life. Men spend most of his life inside them.
Although, today the buildings are responsible for a large socioenvironmental impact. The purpose of this article is to evince that
sustainable buildings and Green Building certification fit perfectly in the
worldwide movement for sustainable, which purpose is to maintain the
current generation without harm the next generation, coming up against
economical imbalances that ravages all the nations of the world.
Keywords: sustainable
intelligent building.
development,
environment,
certification,
Resumo:
As edificações fazem parte da vida humana, é dentro delas que o homem
passa a maior parte de sua existência. No entanto, as construções são hoje
responsáveis por grande impacto socioambiental, este artigo tem por
objetivo evidenciar que as construções sustentáveis e certificação Green
Building se encaixam perfeitamente no movimento mundial a favor da
sustentabilidade, cujo objetivo é manter a geração atual sem prejuízo para
as gerações futuras, enfrentando desequilíbrios econômicos, sociais e
ambientais que assolam todas as nações do mundo.
Palavras Chaves: desenvolvimento sustentável, meio ambiente,
certificação, edifício inteligente.
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INTRODUÇÃO
A busca da sustentabilidade nas edificações é
uma constante cada vez mais presente na
arquitetura no mundo todo, e no Brasil está se
mostrando como um paradigma que adquire
cada vez mais força, despertando o interesse
de todos os setores ligados à área de
construção civil, os quais enxergam nele
benefícios tanto ecológicos quanto sociais e
economicos. O Brasil carece atualmente de
um sistema próprio de certificação ambiental,
razão pela qual são adotados modelos de
certificação de outros países quando
pretendemos que uma edificação seja
reconhecida como realmente mais sustentável.
Desta forma buscou-se a certificação
americana LEED, Leadership in Energy and
Environmental Design, parâmetro com
reconhecimento mundial e presente em alguns
países na América Latina como norteador para
processos de projetos de edifícios mais
sustentáveis.
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CONCEITO DE EDIFÍCIO
INTELIGENTE.
Edifício inteligente, edifício verde ou green
building, é aquele que leva em conta o
desempenho do empreendimento com base na
nova concepção de “ edifícios sustentáveis”,
ou seja, leva em conta a eficiência energética,
arquitetura bioclimática, uso racional da água,
materiais sustentáveis, conforto no ambiente
construído,
processos
e
tecnologias
construtivas sustentáveis, gestão de resíduos
de obra e resíduos gerados na operação do
edifício, responsabilidade social, etc. Quando
um empreendimento é concebido para ser um
green building, o conceito de inteligência é
aplicado desde a fase do projeto que é
desenvolvido de forma a se reduzir os
impactos no meio ambiente, considerando
toda sua vida útil: construção, uso e operação,
retrofit ou demolição. Existe uma diversidade
de tecnologias que reduzem estes impactos,
dentre as quais podemos citar: aproveitamento
de águas pluviais, tratamento de esgotos ou
águas cinzas provenientes das torneiras e
chuveiros, aquecimento solar, adoção de
padrões ou conceitos de arquitetura adequados
às condições climáticas locais, equipamentos
condicionadores de ar de alto desempenho,
sistemas de filtragem de ar dentre outras
soluções.
Um edifício inteligente pode ser definido
como aquele capaz de oferecer um ambiente
produtivo e com uma ótima relação custo
benefício otimizando seus sistemas, estruturas,
serviços, gerenciamento e manutenção pelo
seu tempo de vida útil. Sob este ponto de
vista, entende-se que a inteligência de um
edifício não pode ser avaliada apenas pela
quantidade de sistemas automatizados
disponível no mesmo, pois um edifício pode
ter um elevado nível de automação e não ser,
necessariamente inteligente. Então um edifício
inteligente deve implementar conceitos de
inteligência aos elementos que o compõe por
meio de um projeto integrado.
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AUTOMAÇÃO NO CONTROLE DE
SISTEMAS PREDIAIS.
A utilização de programas e softwares
dedicados ao controle de sistemas prediais
está se tornando uma ferramenta indispensável
nos dias atuais. Nos países desenvolvidos, a
aplicação destas ferramentas já é uma
premissa no desenvolvimento de projetos e
operações de edificações, uma vez que as
construções têm grande peso e participação no
consumo energético mundial e a escassez de
recursos energéticos tem elevado cada vez
mais os custos, muitas empresas consideram
tais recursos energéticos como insumos para
suas atividades finais, logo, toda e qualquer
economia representa melhores resultados para
a empresa.
Pensando nisso, o projeto de automação
predial é parte importante no pacote de
projetos
executivos,
integrando
as
funcionalidades de todos os sistemas prediais,
tais
como:
elétrica,
iluminação,
ar
condicionado, exaustão, hidráulica, detecção e
combate à incêndio, pressurização de escadas,
fluxo de elevadores, controles de acesso, etc.
Os programas de gerenciamento das
instalações e dos sistemas de automação
2
predial
conhecidos
como
softwares
supervisórios serão os responsáveis pela
gestão de rotinas de controle e monitoramento
dos sistemas prediais que irão proporcionar as
economias e parâmetros de desempenho para
acompanhamento e verificação da eficiência
do empreendimento ao longo de sua operação.
O principal fator que gera economia e
eficiência energética com a aplicação da
automação predial encontra-se na redução e
eliminação da “falha humana” na operação
dos sistemas, como por exemplo iluminação
ou ar condicionado ligados em ambientes
desocupados.
As normas aplicáveis para sistemas de
automação predial são as seguintes:
ASHRAE Standad 90.1-2004 – Norma
internacional criada pela Associação de
Engenheiros de Sistemas de Aquecimento,
Refrigeração e Ar Condicionado, que
normatiza diretrizes energéticas para edifícios
eficientes, além de parâmetros a serem
considerados em softwares de simulação
energética.
PROCEL EDIFICA – Norma brasileira
análoga à ASHRAE Standard 90.1 com
algumas adaptações.
IPMVP – Protocolo Internacional de Medição
e Verificação de Performance – principal
metodologia aplicada internacionalmente para
medição e verificação de performance
energética das edificações durante a operação.
4
CONCEITO GREEN BUILDING NO
BRASIL.
A preocupação com o desenvolvimento
sustentável ganhou impulso a partir da
ECO92, realizada no Brasil, quando governo,
empresas, e sociedade civil passaram a se
empenhar em desenhar instrumentos de
política e de gestão que levassem em conta,
além das preocupações econômicas, as
dimensões social e ambiental. Este movimento
veio pouco a pouco chegando ao setor de
construção, ganhando impulso maior a partir
do ano de 2000.
O sistema de certificação LEED (Leadership
in Energy and Environmental Design) foi
desenvolvido pelo United States Green
Building Concil em 1993. É uma certificação
voluntária e uma metodologia amplamente
difundida e de grande adesão.
No mercado brasileiro, o Green Building
Concil Brasil dissemina o sistema de
certificação LEED. Com um grande trabalho
iniciado em janeiro de 2008, o GBCB reuniu
profissionais altamente capacitados, dentre
eles, professores, projetistas, engenheiros,
biólogos, arquitetos, médicos, consultores,
profissionais LEED AP (credenciados pelo
USGBC), associações de classe, que se
reuniram e trabalharam voluntariamente,
compartilhando experiência e conhecimento
técnico para interpretar a adaptar o modelo do
LEED-NC para a realidade brasileira.
Foram criados cinco comitês temáticos, que
abordam os cinco critérios de avaliação da
ferramente LEED: Espaços Sustentáveis (SS),
Uso Racional de Água (WE), Energia e
Atmosfera (EA), Materiais e Recursos (MR) e
Qualidade Ambiental Interna (EQ). Está
previsto para entrar em vigor até o final deste
ano a regionalização do sistema de
certificação LEED sendo que todo o processo
de adaptação será apresentado e aprovado pelo
USGBC. Outro referencial que começa a
ganhar espaço no brasil é o AQUA – Alta
Qualidade Ambiental, que consiste em uma
adaptação técnica para o Brasil do modelo
Francês
HQE
(
Haute
Qualité
Environnementale), ferramenta de avaliação
de critérios de sustentabilidade em edifícios
utilizada em países da Europa desde 2002.
Para obter a certificação LEED de uma
edificação, primeiramente, o projeto deve ser
registrado junto ao USGBC para indicar se
atenderá a todos os pré-requisitos exigidos
para atingir uma determinada pontuação.
A certificação só será efetivada após a
construção do prédio e a confirmação de que
os pré-requisitos foram atendidos. De acordo
com o número de pontos obtidos por uma
determinada edificação, esta poderá ser
certificada
em
uma
das
seguintes
classificações: Platinum (“platina”), Gold
(“ouro”) ou Silver (“prata”). Atualmente, já
3
existem no Brasil vinte e quatro projetos
registrados para obtenção da certificação
LEED, sendo que somente um já obteve a
classificação na categoria prata.
Uma das principais bandeiras da arquitetura
brasileira, a construção sustentável entrou
definitivamente na agenda da Copa de 2014.
Em 4 de agosto, o comitê organizador do
Mundial recomendou às cidades-sede que
adotem nos estádios a certificação de
sustentabilidade LEED.
5
CRITÉRIOS PARA CERTIFICAÇÃO
AMBIENTAL EM EDIFICAÇÕES.
Na construção civil os termos sustentabilidade
ou construção sustentável, são conceitos ainda
novos, que implicam novos paradigmas, é
importante ressaltar que seja natural a
existência de várias linhas de atuação,
pesquisas ou projetos em desenvolvimento
voltados à esta questão. É fundamental, no
entanto, atenção às questões socioambientais e
a todas as abordagens das questões e
tecnologias sustentáveis de uma construção, e
não apenas a uma abordagem parcial de um ou
outro aspecto da sustentabilidade, pois isto
não garante que um empreendimento seja
realmente sustentável, mas atenda somente um
aspecto dentro de uma gama de soluções a
serem implementadas para que se obtenha a
certificação.
Design), concedido pelo USGBC (United
States Green Building Concil), Organização
Não Governamental (ONG) que promove a
construção sustentável. O LEED define
critérios
a
serem
atendidos
pelo
empreendimento em seis grandes capítulos:
escolha sustentável do terreno; uso racional da
água; uso racional de energia e emissões
atmosféricas; consumo de materiais e geração
de resíduos; qualidade do ambiente
construído; e processo de inovação e projeto.
Nos dias atuais, para ampliar as possibilidades
e desenvolver ao máximo a sustentabilidade
do ambiente constrído, existem certificações
LEED para novas construções, edifícios já
existentes, interiores comerciais, edifícios
comerciais, construções residenciais e
desenvolvimento urbano, desta forma temos:
Certificação LEED for New Construction:
Avalia e reconhece as soluções sustentáveis
adotadas em novas construções para reduzir
impactos causados no meio ambiente pelo seu
projeto, construção e uso.
Certificação LEED for Core & Shell: Avalia e
reconhece as soluções sustentáveis adotadas
no empreendimento para reduzir os impactos
causados no meio ambiente pelo seu projeto,
construção e uso, considerando o núcleo do
edifício, as áreas comuns e as fachadas da
edificação.
Para estabelecer critérios e validar um edifício
sustentável ou “green building”, existe uma
grande diversidade de modelos para
certificação ambiental de edifícios no mundo.
As certificações, além de possuírem grande
peso e impulsionarem o movimento da
sustentabilidade na construção, são formas
consistentes de se medir o desempenho
ambiental do empreendimento. Baseadas em
avaliações de entidades independentes,
agregam credibilidade e permitem a
comparação de desempenho em edifícios
diferentes.
Certificação LEED for Commercial Interiors
(LEED CI): Avalia e reconhece projetos de
interiores de alto desempenho ambiental, que
criam ambientes internos mais saudáveis e
produtivos para os usuários, têm baixo
impacto ambiental e baixos custos de
operação e manutenção. O LEED CI
possibilita o desenvolvimento de projetos
sustentáveis mesmo que não se tenha o
controle sobre a operação e uso da edificação
como um todo.
No Brasil, vem sendo adotado o modelo
internacional de certificação ambiental para
edificações, presente em 78 países: o LEED
(Leadership in Energy and Environmental
Certificação LEED for Existing Buildings:
Avalia e apresenta os requisitos para que os
proprietários e operadores do edifício possam
4
desenvolver a operação e as práticas de
manutenção sustentáveis e, assim reduzir o
impacto ambiental durante o seu ciclo de vida.
Nesta certificação, vários aspectos podem ser
abordados, tais como: uso consciente e
racional de água e energia, a qualidade do ar e
ambiente interno, programa de manutenções
das áreas externas, produtos ambientalmente
corretos para limpeza, entre outros.
6
DIRETRIZES PRELIMINARES PARA
OBRAS SUSTENTÁVEIS.
Economia de água:
-Tecnologias economizadoras (bacias dual
flush, mictórios low flow, torneiras de
fechamento automático, restritores de vazão, e
outros componentes)
-Captação e aproveitamento de água de chuva
e reúso de águas cinzas.
-Uso de água não potável para irrigação do
paisagismo.
-Sistema de irrigação controlado com timmer.
Eficiência energética:
A construção sustentável se inicia na fase de
projeto, com uma concepção que busca
identificar as necessidades dos clientes, as
condições climáticas e os materiais locais, as
potencialidades e as tecnologias sustentáveis
passíveis de serem desenvolvidas e
implantadas. A construção sustentável alia
concepção de projeto a um melhor e mais
eficiente
desempenho
ambiental
do
empreendimento, de suas partes e dos
sistemas prediais, visando um comportamento
eficaz durante a fase de uso e operação,
menores custos operacionais, respeitando-se o
meio ambiente, os usuários, a comunidade, a
sociedade e as futuras gerações.
De forma sistêmica e não detalhada, o escopo
e as diretrizes para a construção sustentável
envolve os seguintes tópicos:
-Projetos e sistemas de iluminação eficiêntes.
-Sistema de aquecimento de água eficiênte.
-Equipamentos com alto índice de eficiência
energética (certificados).
-Projetos eficientes das envoltórias (fachadas
e cobertura).
-Fontes alternativas de energia.
-Medição e monitoramento do consumo de
energia.
Materiais:
-Utilização de materiais com conteúdo de
reciclados, de origem regional, rapidamente
renováveis ou provenientes de reúso ou
demolição.
-Utilização de madeiras certificadas.
Implantação do empreendimento e terreno:
-Paisagismo nativo e inserção ou aumento de
áresa verdes.
-Permeabilidade do terreno e gestão do
escoamento de águas pluviais.
-Acessibilidade (acesso à transportes públicos
e inserção no tecido urbano com acesso aos
serviços básicos).
-Impactos na vizinhança provocados pela
inserção do empreendimento.
-Melhoria nas condições do entorno
(infraestrutura, transporte, descontaminação
do terreno).
-Utilização de materiais com baixa emissão de
compostos orgânicos voláteis.
-Gestão dos resíduos gerados na obra.
-Projeto de gestão e coleta seletiva dos
recicláveis do empreendimento durante o uso
e operação.
-Sistemas
construtivos
racionalizados,
visando
desperdícios.
e
projetos
redução
de
Qualidade do ambiente interno:
-Qualidade do ar interior, visando condições
satisfatórias para a saúde dos usuários.
-Proibição do fumo.
5
-Gestão da qualidade do ar da obra, durante a
fase de construção e pré ocupação.
7
-Controlabilidade dos sistemas de iluminação
e condicionamento de ar.
Podemos afirmar que os edifícios inteligentes
ou construções sustentáveis hoje deixam de
ser apenas uma tendência para se transformar
em realidade, pois há novas exigências por
parte da sociedade civil, de investidores,
agentes financeiros e consumidores que
obrigam as empresas a levarem em conta o
impacto de suas atividades em todo seu
entorno. Vivemos portanto, um momento
favorável para implantação da construção
sustentável e esta questão deve ser tratada
como visão estratégica, que agrega valor aos
empreendimentos e resulta em ganhos tanto
para a empresa quanto para seus clientes, a
comunidade, a sociedade e as gerações
futuras.
-Conforto ambiental – térmico e iluminação.
-Manual do condomínio e do usuário,
explicitando as diretrizes de sustentabilidade
do empreendimento.
-Implantação do sistema de gestão do
condomínio pelo incorporador durante um
ano, visando manter a gestão da
sustentabilidade na fase de uso e operação.
Responsabilidade social para as obras:
-Eliminação da informalidade nas obras por
meio da contratação e registro dos
trabalhadores, respeitando as legislações
trabalhistas vigentes e cumprindo as
convenções coletivas de trabalho.
-Relacionamento da obra com a comunidade e
a vizinhança local, promovendo controles
ambientais em relação aos potenciais impactos
provocados.
-Promoção de programas de alfabetização dos
operários de obra no próprio canteiro.
-Programas de educação socioambiental para
os operários próprios e de empreiteiros.
-Programas de qualificação profissional,
envolvendo gestão da qualidade, treinamento
operacional e inclusão digital.
-Programas
de
ginástica
laboral,
desenvolvimento da leitura, cultura e arte no
canteiro.
-Programas de inserção da família dos
operários e valorização do profissional da
construção.
-Programas de capacitação em segurança do
trabalho, saúde e higiene do trabalho.
8
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Certificação Green Building no mundo disponível
em:http://www.cte.com.br/site/artigos_ler.php?id_artig
o=1379 Acesso em: 03/11/2009
A eficiência dos projetos sustentáveis disponível
em:http://www.cte.com.br/site/artigos_ler.php?id_artig
o=604 Acesso em: 03/11/2009
Sustentabilidade: práticas e iniciativas no setor da
construção
disponível
em:http://www.cte.com.br/site/artigos_ler.php?id_artig
o=226 Acesso em: 20/10/2009
Edifícios sustentáveis: um novo paradigma para a
construção
disponível
em:http://www.cte.com.br/site/artigos_ler.php?id_artig
o=1174 Acesso em: 26/10/2009
Automação: novas ferramentas auxiliam na
simulação e controle de desempenho das instalações
disponível
em:http://www.cte.com.br/site/artigos_ler.php?id_artig
o=1250 Acesso em: 26/10/2009
-Promoção de cursos e palestras sobre
prevenção de acidentes, saúde e higiene em
suas várias dimensões e realização da SIPAT
com inclusão do tema meio ambiente.
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