GBETH Newsletter Volume 05 Número 23 19 de agosto de 2007 BRAF GBETH Newsletter é uma publicação semanal distribuída aos sócios do Grupo Brasileiro de Estudos de Tumores Hereditários Sede R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP CEP 01503-001 e Câncer Colorretal Erika Maria Monteiro Santos Centro de Ensino e Pesquisa Hospital A.C. Camargo Gene BRAF O gene BRAF também conhecido como v-raf murine sarcoma viral oncogene E-mail [email protected] homolog B, BRAF1, RAFB1 está localizado no cromossomo 7q34 é composto por 18 éxons. Sua proteína fica localizada no citoplasma e é uma quinase serina/ Editores Erika Maria M Santos Ligia P Oliveira treonina que pertence a via RAS/RAF/MEK/ERK/MAPK, que está envolvida na Diretoria Presidente Benedito Mauro Rossi Vice-Presidente Erika Maria Monteiro Santos Diretor Científico Gilles Landman Secretário Geral Fábio de Oliveira Ferreira Primeira Secretária Ligia Petrolini de Oliveira Tesoureiro Wilson T Nakagawa se ao GDP, mas quando liga-se ao GTP torna-se ativo e promove a fosforilação e transdução de sinais da membrana celular ao núcleo. RAS é inativo quando liga- ativação de BRAF e a ativação da dia de sinalização. Diversos genes são ativados por esta via, dentre eles ciclina D1, ciclina D2 e ciclina D3 (auto-suficiência em sinais de crescimento), VEGF (angiogênese), c-myc (insensibilidade aos sinais anti-crescimento), b3-integrina (invasão tecidual e metástase) e mdm2 (evasão da apoptose).(1) Não foram descritas mutações germinativas. Mutações somáticas foram descritas em diversos tumores, predominantemente melanoma maligno, câncer colorretal, carcinoma de ovário de baixo grau e câncer papilar de tireóide. Cerca de 80% destas mutações corresponde a mutação T1799A que causa a substituição do aminoácido V600E. Os outros 20% são mutações missense.(1) A mutação V600E é associada com tumores colorretais que apresentam instabilidade de microssatélites (40% dos tumores com MSI) e em menor freqüência nos tumores MSS (5%). Nos tumores esporádicos com MSI está mutação é associada em 80% dos casos com metilação no MLH1.(1) BRAF e Câncer Colorretal BRAF e ao diagnóstico superior a 50 anos; sexo feminino; e Câncer Colorretal alteração na IHQ para MLH1. Também foi observada Uma vez que mutações em BRAF são observadas em tumores esporádicos com MSI, artigos sugerem que a investigação de BRAF faça parte de rotina de investigação molecular na Síndrome de Lynch. uma freqüência maior de tumores proximais, no entanto, não foi estatisticamente significativa.(3) Kadiyska et al.(4) também investigaram tumores colorretais esporádicos e observaram associação Três artigos publicados no Journal of Medical com as seguintes características: MSI, localização Genetics, Familial Cancer e Cancer Detection and proximal, grau de diferenciação moderado, produção Prevention têm os mesmos objetivos: verificar mucinosa e estadiamento I e II. a freqüência da mutação em BRAF em tumores colorretais de pacientes com Síndrome de Lynch e tumores esporádicos, e identificar características clínicas e patológicas associadas à esta mutação. Domingo et al.(2) investigou a mutação V600E em BRAF em 206 tumores esporádicos de instituições européias, uma instituição japonesa e uma instituição americana, e também investigou 111 casos de câncer colorretal com mutações germinativas em MLH1 (77 tumores) e MSH2 (34 tumores). Nos tumores com mutação germinativa nos genes de reparo não foi observada nenhuma mutação somática em BRAF. Já nos tumores esporádicos foi identificada mutação em BRAF em 82 das amostras (40% dos tumores). (2) Loughrey et al.(3) analisaram 500 casos consecutivos de CCR entre 1998 e 2004, e identificaram 68 tumores com MSI-H ou alteração na IHQ nos genes de reparo. Os pacientes foram submetidos ao seqüenciamento nos genes de reparo e o tumor foi submetido à análise de BRAF. Assim como no estudo de Domingo et al, não foi observada nenhuma mutação somática em BRAF nos pacientes com mutação germinativa em MLH1. A mutação em BRAF foi associada às seguintes características: idade Incorporação de BRAF na Investigação Molecular da Síndrome de Lynch Todos estes autores sugerem que a análise de mutação somática em BRAF deve ser incorporada a investigação molecular na Síndrome de Lynch. Uma vez que as características patológicas são semellhantes às observadas na SL, a adoção desta estratégia pode facilitar a seleção de pacientes para o seqüenciamento.(2-4) Segundo Segundo Domingo et al.(2) em cerca de 17% dos pacientes com critérios Bethesda e com MSI o seqüenciamento nos genes de reparo pode ser evitado com a investigação em BRAF, uma vez que pacientes com mutação somática em BRAF não apresentam mutação germinativa nos genes de reparo. Loughrey et al.(3) sugerem que em pacientes que preenchem critérios Bethesda e que apresentam ausência de expressão em MLH1 na IHQ seja realizada investigação de BRAF: para os pacientes com mutação, a investigação molecular deve ser interrompida, pois apresentam tumores somáticos, já pacientes sem mutação em BRAF podem ser encaminhados para seqüenciamento em MLH1. Os pacientes com GBETH Newsletter 2007 Volume 05 Número 23 BRAF e Câncer Colorretal ausência de expressão em MSH2 e MSH6 devem ser encaminhados para seqüenciamento. Os autores discutem que não se deve desconsiderar a história familiar. Em famílias que preenchem critérios de Amsterdam, se um indivíduo investigado apresenta mutação somática em BRAF, outros indivíduos devem ser investigados, pois em uma família com Síndrome de Lynch (mutação germinativa em genes de reparo), pode ocorrer casos de tumores esporádicos.(2;3) Referências (1) Domingo E, Schwartz S Jr. BRAF. Atlas Genet Cytogenet Oncol Haematol 2004 Available from: URL: http:// atlasgeneticsoncology.org/Genes/BRAFID828.html (2) Domingo E, Laiho P, Ollikainen M, Pinto M, Wang L, French AJ, et al. BRAF screening as a low-cost effective strategy for simplifying HNPCC genetic testing. J Med Genet 2004 Sep;41(9):664-8. (3) Loughrey MB, Waring PM, Tan A, Trivett M, Kovalenko S, Beshay V, et al. Incorporation of somatic BRAF mutation testing into an algorithm for the investigation of hereditary non-polyposis colorectal cancer. Fam Cancer 2007;6(3):301-10. (4) Kadiyska TK, Konstantinova DV, Atanasov VR, Kremensky IM, Mitev VI. Frequency and application of the hot spot BRAF gene mutation (p.V600E) in the diagnostic strategy for Hereditary Nonpolyposis Colorectal Cancer. Cancer Detect Prev 2007 Jun 11. GBETH Newsletter 2007 Volume 05 Número 23