GLIFOSATO COMO MATURADOR durante a safra canavieira ..................................................................... 828
COMPARAÇÃO DE OITO CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum officinarum), EM
RELAÇÃO À CURVA BRIX, ÍNDICE DE MATURAÇÃO EM PRIMEIRO CORTE, NA REGIÃO OESTE
PAULISTA ......................................................................................................................................................... 834
AVALIAÇÃO DE CRESCIMENTO DE FEIJÃO PHASEOLUS VULGARIS , COM INOCULANTE DE
BACTÉRIA DO GÊNERO BACILLUS ANTAGONISTA Á MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS.. 841
COMPARAÇÃO DE TRÊS CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum officinarum), EM
RELAÇÃO À CURVA BRIX, ÍNDICE DE MATURAÇÃO EM TERCEIRO CORTE, NA REGIÃO OESTE
PAULISTA ......................................................................................................................................................... 846
CRESCIMENTO VEGETATIVO E MATURAÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR EM SOLOS TRATADOS
COM POLÍMEROS CONDICIONADORES1 ................................................................................................... 853
SIMULAÇÃO ECONÔMICA DO PLANTIO CONVENCIONAL E MECANIZADO DA CANA-DEAÇÚCAR (Saccharum Spp.) .............................................................................................................................. 858
SUSCETIBILIDADE DE MACADÂMIA (macadamia integrifolia) AO CORTE DA SAÚVA-LIMÃO (Atta
sexdens rubropilosa forel, 1908)(Hymenoptera: Formicidae) ............................................................................ 863
GLIFOSATO COMO MATURADOR durante a safra canavieira
Tadeu Alcides Marques1,Danilo Ferreira de Aquino2 Marcelo Ferreira de Aquino3
1
Prof. Dr. do Curso de Engenharia Agronômica – UNOESTE/Presidente Prudente.
Aluno do curso de Agronomia – UNOESTE/Presidente Prudente;
3
Eng. agrônomo da Usina Santa Terezinha, Paranacity - unidade II, Grupo Usaçúcar.
2
Palavras-chave: maturação, tecnologia, cana.
A cana de açúcar (Saccharum spp) assume posição de destaque no Brasil, por
se tratar de uma cultura que, além de um alto suporte econômico, possibilita a produção de
fontes alternativas de energia, sendo ainda de grande importância social pela mão-de-obra
empregada, tanto nas lavouras e na industrialização quanto nas empresas prestadoras de
serviços às unidades de processamento . O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do
mundo, sendo que a produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2007/2008 está estimada
em 549,9 milhões de toneladas, cultivadas em 7,0 milhões de hectares. Esse volume supera
em 15,8% a colheita passada, de 474,8 milhões de toneladas. A região Sudeste é responsável
por 68% da colheita no País e em São Paulo espera-se 319,0 milhões toneladas em uma área
de 3,7 milhões de hectares (CONAB, 2008).
A região de Presidente Prudente, no Estado de São Paulo, apresenta a cultura de canade-açúcar como um dos mais destacados produtos de importância econômica do setor
agropecuário. O objetivo desta exploração canavieira, no Estado de São Paulo, é a produção
de Álcool (Hidratado, Anidro, Neutro, Extrafino), Açúcar (Cristal Standard, Cristal Extra e
VHP), Melaço ou Mel Final, Levedura Seca e Bagaço, bem como a geração de energia
elétrica oriunda da queima de bagaço nas caldeiras a vapor.
O processo de maturação, ou seja, acúmulo de açúcares nos colmos da cana-de-açúcar,
tem sido estudado em diversos países, sendo de fundamental importância a determinação dos
parâmetros tecnológicos do caldo da cana-de-açúcar, para a determinação do estádio de
maturação fisiológica (Caputo, 2003). A aplicação de maturadores vegetais na cultura da
cana-de-açúcar tem se tornado, prática cada vez mais comum no setor sucroalcooleiro. O
objetivo desta utilização é antecipar e manter a maturação natural e assim disponibilizar
matéria-prima de boa qualidade para industrialização antecipada, além de auxiliar no manejo
das variedades (Gheller, 2001).
Dentro do complexo sistema de produção da indústria açucareira, a maturação da
cana-de-açúcar é um dos aspectos mais importantes, pois é dele que depende o fornecimento
828
de um fluxo contínuo de matéria prima para o funcionamento constante da usina durante o
período de safra. Sob uma perspectiva econômica e dentro da prática agronômica, a cana é
considerada madura economicamente, ou em condição de ser industrializada, quando
apresentar teor mínimo de sacarose (Pol% da cana) acima de 12,275% do peso do colmo,
sendo melhor o rendimento quanto maior for esta variável (DEUBER, 1988).
Durante a maturação fisiológica, a cana-de-açúcar armazena a sacarose a partir da base
para o ápice da planta, no início do processo, o terço basal do colmo mostra teor mais elevado
de açúcar do que o terço médio, e o terço médio apresenta valores maiores do que o terço
apical. À medida que a maturação progride, o teor de sacarose tende a se igualar nas diversas
partes dos colmos, quando o ápice apresenta teores de sacarose similares aos teores da base,
sendo então atingida a maturação fisiológica (Fernandes, 1982; Fernandes & Benda, 1985).
Para indução artificial da maturação econômica, são utilizados os produtos químicos
conhecidos como maturadores, sendo exemplo o glifosato, quando utilizado em doses
pequenas. Nestas aplicações ocorre a paralisação do crescimento e segundo Mutton (1993) o
glifosato apresenta efeito maturador por propiciar a maturação artificial da cultura da cana-deaçúcar, na medida em que modifica a participação dos fotoassimilados deslocando e
acumulando, na forma de sacarose, nos colmos, ao invés da utilização desta para o
crescimento da planta, podendo promover melhoria no rendimento agroindustrial. Já Duke et
al.(2003) relatam que o modo de ação desse maturador (utilização de dosagens reduzidas) é a
inibição da via metabólica do acido chiquímico, fundamental para a produção de aminoácidos
aromáticos, bem como a de compostos secundários.
O objetivo do presente trabalho é a avaliação dos parâmetros tecnológicos (Pol, Brix,
Pureza, Açúcares Redutores, fibra, matéria seca e ATR) e fisiológicos (taxa respiratória,
fotossintética e área foliar) de seis cultivares de cana-de-açúcar (RB-72454, RB-867515, RB855536, SP-801816, RB–845210, SP–813250), quando tratadas com maturador químico
glifosato, em diferentes doses, durante o período de safra no intuito de detectar se estas
aplicações de maturador podem promover melhorias na qualidade da cana não somente no
período inicial da safra.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a execução da pesquisa foram utilizadas seis cultivares de cana-de-açúcar
(RB-72454, RB-867515, RB-855536, SP-801816, RB–845210, SP–813250), sendo que o
experimento foi instalado em janeiro de 2005, na UNOESTE, em quatro blocos, composto de
seis parcelas (cultivares) constituídas de 5 linhas de 10 metros, espaçadas de 1,30m, em solo
829
classificado como “Argissolo Vermelho-Amarelo Distroférrico”, típico a moderado, textura
médio-argilosa (Embrapa, 1999). A análise química do solo apresentou os seguintes valores:
“pH (CaCl2) - 5,4”; “pH (SMP) - 7,0”; “H+ + Al+3 - 17mmol dm-3”;
“Al+3 - 0,00mmol dm-3”;
“M.O - 17g dm-3”; “Ca+2 - 11mmol dm-3”; “Mg+3 - 09mmol dm-3”; “K+ - 2,3mmol dm-3”; “P 27mg dm-3”; “SO-24 - 10,1mg dm-3”; “SB - 21mmol dm-3’; “M% - 0,00”; “CTC - 39mmol dm3”
; “V% - 59”. A característica climática de Presidente Prudente é do tipo CWa, pela
classificação de Köppen, com temperatura média anual de 25ºC e regime pluviométrico
caracterizado por dois períodos distintos, um chuvoso de outubro a março com média mensal
de 158,9 mm, e outro menos chuvoso de abril a setembro, com média mensal de 66,6 mm
(ALVES, 1999).
Após o primeiro corte, realizado em maio de 2006, a soqueira cresceu e em
maio de 2007 foram aplicadas de diferentes doses do maturador químico glifosato, visando a
avaliação nas seis variedades, em segundo corte,. As doses foram: T1 - testemunha (sem
aplicação); T2 - dose de 0,15 L ha-1; T3 - dose de 0,3 L ha-1; T4 – dose de 0.45 L ha-1, os
tratamentos T1 a T4 foram realizados respectivamente nos Blocos de B1 a B4. .
A aplicação do maturador foi realizada no mês de maio de 2007, através de
pulverizador costal com controle de pressão e as amostragens para análises tecnológicas
foram realizadas em julho do mesmo ano.
Os parâmetros de avaliação foram os seguintes: Pol; Brix; Pureza; AR; Fibra; Matéria
seca, segundo segundo (Fernandes, 2003); Peso fresco da parte aérea; Peso fresco de raízes;
Peso seco da parte aérea; Peso seco de raízes; numero de folhas fisiologicamente ativas; Área
Foliar será medida de maneira não destrutiva com um medidor portátil de área foliar total
(folhas ativas) (modelo LI-3000A, Li-Cor, USA);
O delineamento estatístico utilizado para todas as variáveis foi o de blocos
inteiramente casualizados, sendo seis as variedades (tratamentos) e quatro as doses do
maturador (blocos), segundo Gomes, 1990 e as comparações de media segundo Scott &
Knott, (1974).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1. observa-se que os valores de brix foram crescentes da primeira para
segunda leitura, contudo não notou-se diferenças estatísticas para as cultivares testadas.
830
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
RB72454
SP801816
RB867515
brix 08/05
RB845210
SP813250
RB855536
brix 2 08/06
Figura 1. Resultados das análises de brix anterior a aplicação do maturador
As variáveis Pol no caldo, Pol na cana, AR e ART não apresentaram diferenças
estatísticas entre os tratamentos efetuados, sendo as medias destas variáveis as seguintes:
Pol no caldo, sendo a média do ensaio 20,01%; Pol na cana, sendo a média do ensaio 14,88%
AR, sendo a média do ensaio 4,76%; ART, sendo a média do ensaio 16,34%; ATR média do
ensaio 147,92 kg t-1.
Na Tabela 1 percebe-se que o peso seco da parte aérea aumentou com os aumentos das doses
de glifosato como maturador, no mesmo sentido ocorreu a elevação no índice de pureza com
os aumentos das doses, fato que fica em concordância com o citado por Gheller (2001)e
Mutton (1993) os quais relatam o uso de maturadores com a finalidade de enviar para a
industrialização matéria-prima de melhor qualidade, no entanto os valores de brix, pol, não
apresentaram aumentos com as doses do glifosato, fato que ressalta a possibilidade de ter
ocorrido aceleração do metabolismo para compensar os danos proporcionados pelo glifosato
aplicado, sendo que os açúcares redutores sofreram redução significativa mesmo com a dose
mais baixa do glifosato, mostrando também que os componentes primários do metabolismo
energético (glucose e frutose) foram aceleradamente utilizadas. O Peso seco de raízes e as
áreas foliares aumentaram com a elevação das doses do glifosato, fato que também é
indicativo de aumento de metabolismo. Deve-se salientar que a aplicação do glifosato
ocorreu no mês de maio, sendo que as canas já se apresentavam em estagio de maturação e as
831
avaliações ocorreram em julho, estando portanto as cultivares em processo de maturação
adiantada.
Tabela 1. Resultados da análise estatística para as variáveis estudadas que apresentaram
diferenças estatísticas
Parâmetro
Avaliado
(L ha-1)
T1 -0
T2 -0,15
T3- 0,30
T4- 0,45
média
CV%
.
Médias
Brix
27,22a
24,72b
25,88ab
23,27c
25,27
5,27
Pol
20,00a
19,74b
20,33a
20,00a
25,27
5,27
AR
1,7a
0,7b
0,7b
0,5c
0,9
5,27
Fibra
20,91a
19,62ab
18,74ab
17,48b
19,18
10,23
PSPA
98,07b
109,93ab
109,07ab
177,70a
123,70
34,24
PSR
44,96b
39,86b
67,42a
74,28a
25,27
5,27
AF cm2
2736
2842
4265
7362
4301
20,27
Pureza
73,26c
79,82b
78,51b
85,99a
79,39
2,25
CONCLUSÕES
A utilização de maturadores com a finalidade de conseguir alguns acréscimos,
mesmo em estágio adiantado de maturação não é interessante tecnologicamente.
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833
COMPARAÇÃO DE OITO CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum
officinarum), EM RELAÇÃO À CURVA BRIX, ÍNDICE DE MATURAÇÃO EM
PRIMEIRO CORTE, NA REGIÃO OESTE PAULISTA
Erick Malheiros Rampazo; Angela M.M. Godinho; Tadeu Alcides Marques
Resumo
A cultura da cana-de-açúcar tem uma grande expressão econômica para o Brasil e atrai
interesse mundial, devido à diversidade de produtos que dela podem ser produzidos. Tem seu
cultivo em áreas de clima tropical e subtropical, em mais de 80 países. O desenvolvimento
econômico da região de Presidente Prudente, estado de São Paulo, sempre esteve vinculado à
agropecuária, recentemente, com a introdução de novas usinas e destilarias, que processam a
biomassa proveniente da cana-de-açúcar, esta região certamente terá uma expansão
considerável na área cultivada com cana-de-açúcar. O objetivo do presente ensaio é comparar
oito cultivares de cana-de-açúcar (SP 80-1816, RB 85-5453, RB 83-5486, SP 81-3250, RB
85-5536, SP 79-1011, RB 72-454, RB 86-7515), com relação a curva de brix, índice de
maturação em primeiro corte, na região oeste paulista. Estas comparações visam detectar
diferenças as cultivares. Para a execução do presente projeto de pesquisa as três cultivares de
cana-de-açúcar foram plantadas em área de pesquisa do Campus II da UNOESTE, no
esquema de blocos ao acaso, sendo quatros os blocos. As variáveis a serem analisadas serão
foram: brix da ponta, brix do meio e brix do pé e foi calculado o índice de maturação (IM).
1. INTRODUÇÃO
O setor sucroalcooleiro, no país, vem aumentando significativamente sua área
agrícola, capacidade de esmagamento, bem como capacidade produtiva (açúcar e álcool), isto
porque a demanda por açúcar no mercado internacional e a busca pela utilização de
combustíveis renováveis, como o álcool, estão crescentes e em grande destaque atualmente. A
cultura da cana-de-açúcar ocupa um grande espaço na agricultura, por sua importância
econômica e social, sendo uma das espécies mais cultivadas no mundo, alcançando mais de
80 países. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, sendo que nos últimos
anos houve aumento crescente na área plantada e na produção, estimulados principalmente
pelo aumento das exportações de açúcar e álcool anidro, despontando ainda como líder
mundial em exportações de açúcar, além de ser líder mundial na utilização de álcool anidro e
hidratado, oriundo de processo fermentativo do caldo de cana-de-açúcar. A produção
brasileira de cana-de-açúcar na safra 2007/2008 está estimada em 549,9 milhões de toneladas
834
cultivados em 7,0 milhões de hectares. Esse volume supera em 15,8% a colheita passada, de
474,8 milhões de toneladas. A região Sudeste é responsável por 68% da colheita no País e em
São Paulo espera-se 319,0 milhões toneladas em uma área de 3,7 milhões de hectares
(CONAB, 2008).
A cana-de-açúcar (Saccharum spp) pertence à família Poaceae, e é considerada
originária do Sudeste Asiático, na grande região da Nova Guiné Indonésia (Daniels e Roach,
1987). Inicialmente cultivava-se principalmente a espécie Saccharum officinarum (L.),
entretanto, os cultivares desta espécie passaram a sofrer dificuldades de adaptação ecológica e
severos danos provocados por doenças. Híbridos inter específicos, oriundos dos programas de
melhoramento genético, resistentes e melhor adaptados para diversas condições ambientais
permitiram a expansão da cultura pelo mundo (Figueiredo et al., 1995). Todavia, o Brasil que
é um dos mais tradicionais produtores de cana-de-açúcar pode cultivá-la em quase toda a sua
grande extensão territorial, vários tipos de solos que estão sob influência de diferentes climas,
resultando em vários tipos de ambientes para a produção desta cultura (Dias, 1997). A cultura
tem uma grande expressão econômica para o Brasil e atrai interesse mundial, devido à
diversidade de produtos que dela podem ser produzidos. Tem seu cultivo em áreas de clima
tropical e subtropical, em mais de 80 países. Atualmente a cultura da cana-de-açúcar auxilia
as 307 “centrais energéticas” existentes no Brasil, sendo que 128 estão no estado de São
Paulo, com a cogeração de energia elétrica oriunda da queima do bagaço de cana-de-açúcar.
O desenvolvimento econômico da região de Presidente Prudente, estado de São Paulo, sempre
esteve vinculado à agropecuária, recentemente, com a introdução de novas usinas e
destilarias, que processam a biomassa proveniente da cana-de-açúcar, esta região certamente
terá uma expansão considerável na área cultivada com cana-de-açúcar.
O objetivo do presente ensaio é comparar oito cultivares de cana-de-açúcar (SP 801816, RB 85-5453, RB 83-5486, SP 81-3250, RB 85-5536, SP 79-1011, RB 72-454, RB 867515), com relação a curva de brix, índice de maturação em primeiro corte, na região oeste
paulista. Estas comparações visam detectar diferenças entre as cultivares. Para a execução do
presente projeto de pesquisa as três cultivares de cana-de-açúcar foram plantadas em área de
pesquisa do Campus II da UNOESTE, no esquema de blocos ao acaso, sendo quatro os
blocos. As variáveis analisadas foram: brix da ponta, brix do meio e brix do pé e foi
calculado o IM.
835
2 REVISÃO
Segundo Delgado e Cesar (1977); Paranhos (1987); Lopes e Parazzi (1992) a
maturação da cana-de-açúcar pode ser determinada pelos parâmetros tecnológicos (Brix, Pol,
Pureza e Açúcares Redutores), I.M. (índice de maturação), tabelas de pontos.
Segundo Lopes e Parazzi (1992) a cana-de-açúcar passa por um período de acúmulo
de açúcar, sendo que durante a safra a concentração de açúcares pode ser analisada através da
curva de maturação. A curva de maturação segundo Delgado e César (1977) possui uma
correlação linear com a curva de brix e esta curva é dependente dos fatores: variedade, clima,
solo, tratos culturais, idade da cultura, doenças, pragas etc.
A refratometria, na escala brix, constitui em um método físico para medir a
quantidade de sólidos solúveis presentes em uma amostra. Baseia-se em um sistema de
aparelhos graduados especialmente para ser utilizado na indústria açucareira, mais
precisamente, na análise de açúcares em geral que estejam em solução. A Pol, que é a
sacarose aparente, é o parâmetro utilizado para determinação da maturação, pagamento e
balanço agrícola e industrial (Spencer, 1945).
De fato, a pureza, que vem a ser a pol por cento brix, é um dos principais parâmetros
na fabricação do açúcar, envolvendo todas as fases, desde a maturação da cana-de-açúcar, e
passando principalmente pela concentração do caldo visando a produção de sacarose, na seção
de evaporação, cozimento, cristalização e centrifugação, onde este parâmetro toma um caráter
de extrema importância. (Gonçalves, 1987).
Larsem (1969) estabeleceu que todas as manifestações morfológicas inerentes de
diferenças vegetais devem ultimamente, ter uma diferença bioquímica, mas nem todas essas
diferenças bioquímicas são necessariamente refletidas morfologicamente. Assim as diferenças
bioquímicas deverão ser mais numerosas do que as morfológicas.
Diversos fatores interferem na produção e maturação da cultura da cana-de-açúcar,
sendo os principais a interação edafoclimática, o manejo da cultura e a cultivar escolhida
(Cesar et al., 1987). Esses fatores que interferem na produção e qualidade da cana-de-açúcar,
estão sendo constantemente estudados sob diferentes aspectos. Estudar a cultura no seu
ambiente de desenvolvimento pode gerar uma enorme quantidade de informações para
adequar o melhor manejo e cultivar para os específicos ambientes (solo e clima). Assim é
possível explorar ao máximo o local de produção para promover o melhor rendimento da
cultura e conseqüentemente maior lucratividade ou competitividade para as agroindústrias da
cana-de-açúcar.
836
A maturação da cana-de-açúcar se inicia pelos internódios inferiores do colmo e pode
ser influenciada por fatores como o clima, solo, tratos culturais e variedade. É necessário que
haja uma deficiência térmica ou hídrica para que a cana-de-açúcar entre em maturação, caso
contrário ela permanece vegetando sem acumular sacarose. Solos argilosos com maior
capacidade de retenção hídrica podem retardar a maturação, por outro lado, em solos
arenosos, mais permeáveis, a maturação pode ser antecipada e acelerada (Delgado e Cesar,
1977)
Segundo Saes et al. (1989) a curva de Brix para uma cultivar de cana-de-açúcar
responde estatisticamente ao modelo quadrático.
Segundo Horii (2004) as cultivares de cana-de-açúcar, devido aos diferentes
comportamentos de maturação, são agrupadas em precoces (quando apresentam um teor de
Pol acima de 13% no início de maio), médias (quando atingem a maturação em julho) e
tardias (pico de maturação em agosto/setembro). Além disto, podem ser consideradas como
de PUI curto (< 120 dias), PUI médio (120 a 150 dias) e PUI longo (>150 dias). Stuppiello
(1987) relata que as canas classificadas como ricas são aquelas que no início da safra possuem
teores de açúcar suficientes para que possam ser industrializadas, as canas médias apresentam
os valores mínimos no meio da safra e as canas classificadas como pobres somente no final da
safra é que atingem os valores mínimos, sendo portanto desinteressante para as industrias.
Stuppiello (1987) relata também que as cultivares médias jamais alcançam os valores
máximos das cultivares ricas, o mesmo acontecendo com as cultivares pobres em relação as
médias. Já Delgado e Cesar (1977) citam que a curva de maturação deve ser estudada
periodicamente para as cultivares, visto que ocorrem alterações de comportamento, isto talvez
por degenerações.
Segundo Fernandes (2003) os métodos de análises em cana-de-açúcar podem ser
divididos em três: método da moenda de laboratório, método do digestor a frio e método da
prensa hidráulica.
A metodologia da prensa hidráulica – Sistema Consecana-SP é a
metodologia utilizada com a finalidade de pagamento da matéria prima, sendo portanto a mais
utilizada como parâmetro de avaliação.
A cultivar IAC 86-2480 é um híbrido interespecífico resultante de cruzamento,
envolvendo o parental US 71-399 e cultivar desconhecida, selecionado em campo de seedings
instalado em Ribeirão Preto. De acordo com Landell et al. (2002) apresentou características
de boa produtividade agrícola e ótimas características tecnológicas. Uma variedade exigente
em relação à fertilidade do solo, resistência a acamamento e hábito de crescimento ereto,
associado à ausência de florescimento.
837
VILELA e MELO (1992) compararam a cultivar RB 72-454 com a IAC 86-2480,
com relação ao ganho de peso de bovinos alimentados no cocho, e constatou ganho de peso
maior com o uso da IAC 86-2480. Mesmo produzindo 10% menos que a RB 72-454, ela se
torna mais viável, pois apresenta 18% mais eficiência no que tange o índice de conversão
alimentar. Embora apresente infestação significativa de broca, o complexo broca/podridão é
de pequena ocorrência. A produtividade agrícola e industrial da variedade RB72-454 é alta
principalmente nos solos arenosos de baixa fertilidade. O teor de açúcar é alto e o PUI é
médio. A maturação é média para tardia. Deve ser evitado a colheita nos meses mais secos,
julho e agosto, pois a soca não brota satisfatoriamente. Também não se obteve bons resultados
de brotação em colheita mecanizada, talvez devido ao pisoteio. Em áreas de colheita mecânica
crua tende-se a ser substituída, porém está difícil encontrar substituta. Plantio mecanizado de
toletes tem apresentado falhas com alta freqüência. É resistente a escaldadura e a ferrugem. É
suscetível à estrias vermelhas, podridão abacaxi e aos nematóides.
A cultivar RB 86-7515 foi lançada pela Universidade Federal de Viçosa, e surgiu do
cruzamento da cultivar RB 72-454 com outra cultivar indefinida. O Crescimento dessa
cultivar é rápido com alta produtividade agrícola, esta cultivar é rica com curva de maturação
semelhante a da RB72-454. Deve ser plantada em solos de média/baixa fertilidade para ser
colhida em meados de safra, ou bem no final para explorar o rápido crescimento (cana de
ano). Tolerante a seca. De maneira geral, tem se adaptado muito bem aos solos arenosos do
estado de São Paulo e Paraná, onde o florescimento e chochamento ocorrem em menor
intensidade.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para a execução do presente projeto de pesquisa foram utilizados oito cultivares de
cana-de-açúcar (SP 80-1816, RB 85-5453, RB 83-5486, SP 81-3250, RB 85-5536, SP 791011, RB 72-454, RB 86-7515). As cultivares foram plantadas em área de pesquisa do
Campus II da UNOESTE no esquema de blocos ao acaso, sendo três os blocos.
As análises de brix foram realizadas semanalmente e diretamente na área
experimental, amostrando o brix da parte inferior do colmo, brix do terço médio e brix da
parte superior.
838
4 RESULTADOS PARCIAIS
Pode-se observar na Figura 1, que durante o mês de abril nenhuma variedade
apresentava o IM acima de 80%, critério necessário para considerar a cana madura, contudo a
variedade RB 85-5453 foi a que primeiramente cruzou o nível de 80%, mas a variedade SP
81-3250
foi
a
que
atingiu
maiores
valores,
ou
seja,
valores
acima
de
90%%.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
22/2/2008
13/3/2008
2/4/2008
22/4/2008
12/5/2008
1/6/2008
21/6/2008
SP 80 1816
RB 85 5453
RB 83 5486
SP 81 3250
RB 85 5536
SP 79 1011
RB 72 454
RB 86 7515
11/7/2008
Figura 1. Resultados para o IM das oito variedades estudadas.
O fato interessante destes resultados é que no mês de abril ocorreu uma queda no
índice de maturação de todas as cultivares testadas, sejam precoces médias ou tardias,
poderia-se pensar em preciptação pluviométrica, contudo esta possibilidade somente alteraria
o IM se proporcionasse alteração na velocidade do metabolismo metabólico de modo
diferenciado entre as regiões diferentes do colmo da cana-de-açúcar, ou seja, o ponteiro
apresentasse menores teores de sólidos solúveis que a região basal. Após esta redução no IM
no mês de abril ocorreu um processo de elevação deste índice, sendo que as cultivares
precoces apresentaram elevações mais rápidas que as demais. Pode-se concluir que o IM é
um índice fenotípico, ou seja, depende do genótipo da cultivar estudada e também do
ambiente onde esta cultivar está crescendo. O IM apresentou melhor separação entre as
cultivares precoces, médias e tardias que a determinação do brix do caldo.
839
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ArtigosTexto.asp?Codigo=2182. Acesso em. 09 ago. 2006.
840
AVALIAÇÃO DE CRESCIMENTO DE FEIJÃO PHASEOLUS VULGARIS , COM
INOCULANTE DE BACTÉRIA DO GÊNERO BACILLUS ANTAGONISTA Á
MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS.
Keila da Silva Louro
[email protected]
Giovana Cristina Vicente
[email protected]
Leni Coleti
[email protected]
Gilson Libório
[email protected]
Orientador: Fabio Fernando de Araujo
Palavras Chave: isolados bacterianos, crescimento, feijão.
Introdução
O rendimento do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é afetado pelo sistema de cultivo,
principalmente, pela utilização de cultivares tradicionais de baixa capacidade produtiva e de
pouca tolerância às enfermidades (Portes, 1996). Segundo alguns autores (Thung, 1990;
Vieira, 1992), o uso de fertilizantes pode proporcionar um incremento significativo no
rendimento do feijoeiro, embora a prática da adubação tenha pouca aceitação pelo produtor,
quer por falta de tradição em utilizar este insumo, quer por onerar os custos de produção e
ainda pela incerteza da colheita, ocasionada pela irregularidade no regime pluviométrico.
Sabe-se também que a simples substituição de cultivares tradicionais por cultivares
melhorados, tem demonstrado ser um dos fatores que mais contribuem para o aumento da
produtividade da cultura, 40% em média (Vieira, 1992), além de ser mais fácil de adotar, pois
não onera os custos de produção nem modifica o sistema tradicional de cultivo. O controle de
doenças do feijão tem um aliado importante, a tecnologia de cultura de tecidos (produção de
novos cultivares in vitro resistentes a certas doenças). Por outro lado também podem ser
utilizados na proteção da cultura microorganismos antagônicos á fungos fitopatogênicos, que
auxiliam no crescimento e desenvolvimento das plantas.
Justificativa
As bactérias do solo, especificamente as bactérias rizosféricas, podem ser eficientes no
controle de doenças causadas por fungos fitopatogênicos e promover crescimento (Bactérias
Promotoras de Crescimento em Plantas BPCP) (Oedjijono & Dragar, 1993; Andrade et al.,
1998). Bactérias do gênero Bacillus possuem grande potencial para serem usadas como
841
agentes de controle biológico, pois mantêm sua viabilidade quando estocadas por longos
períodos (Petras & Casida, 1985).
Objetivo
O objetivo do presente trabalho é testar o potencial antagônico de bactéria isolada de
rizosfera de feijão sob a proliferação de fitopatógenos e avaliar o crescimento dos cultivares
nos quais foram inoculados os isolados.
Material e métodos
O experimento foi realizado no laboratório de Microbiologia de Solo e em Casa de
Vegetação da Universidade do Oeste Paulista UNOESTE, Presidente, Prudente, SP. Para
isolamento das bactérias da rizosfera de feijão foi utilizado o seguinte procedimento:
Lavagem das raízes em água corrente por alguns segundos (para eliminação do excesso de
solo remanescente); separação de 4 fragmentos de raiz (1cm).Os fragmentos de raízes foram
colocados em tubos contendo água salina esteril e agitados manualmente por alguns minutos a
seguir os tubos foram submetidos a choque térmico em banho maria na temperatura de 70°C
por 10 minutos Da solução do tubo foi retirada 0,2mL e inoculado em 2 placas de petri
contendo meio de cultura Agar nutriente. O material foi espalhado na placa com auxilio da
alça de drigauski; e incubado em estufa a 28°C por 72 horas. Dez colônias bacterianas
formadas nas placas foram escolhidas e isolada em tubos contendo meio de cultura Agar
nutriente. Cada isolado bacteriano foi submetido a teste de antagonismo em placa com meio
agar batata (pareamento) contra o fungo Macrophomina phaseolina. Decorridos sete dias de
incubação foi avaliado o halo de inibição formado e selecionados os melhores antagonistas
que foram denominados de: G-1, K-1, L-1 e A3-5. Os isolados selecionados foram
observados em microscópio após preparo de lâmina como também submetidos ao teste de
Gram. Pela visualização microscópica todas as bactérias apresentavam forma de bastão e
gram positivas. Para avaliação da produção de hormônio vegetal (auxina) pelos isolados
bacterianos; todos os isolados bacterianos foram colocados em erlenmeyer contendo meio
liquido TSB suplementado com triptófano. A solução foi mantida em agitação mecânica por
24 horas e no escuro. A seguir foram retirados 1,5 ml de cada solução e colocado em triplicata
em ependorf. Os ependorfs foram centrifugados por 10 minutos (10000g). De Cada ependorf
foi retirado 1 ml do sobrenadante e misturado com 4ml do reagente de SALKOWISK. Após
30 minutos (escuro) foi realizada a leitura espectrofotométrica (530 nm) a qual foi utilizada
para estimar a quantidade de auxina produzida, Vasos plásticos contendo aproximadamente
842
2,0 kg de solo foram semeados com quatro sementes de Feijão (cv IAPAR 81) inoculadas
com Rhizobium phaseoli previamente; foram mantidas em casa de vegetação por 7 dias. Em
seguida as plantas emergidas foram inoculadas com 1ml de uma suspensão dos quatro
isolados bacterianos selecionados multiplicados previamente em caldo nutritivo durante sete
dias. A concentração final estabelecida foi de 1,0 108 células por mL para isolado avaliado.
Foram efetuadas medições de área foliar e comprimento da haste com intervalo de sete dias.
Depois de completados 35 dias da semeadura as plantas foram coletadas e pesadas. Os
nódulos formados na raiz foram contados e pesados. O delineamento utilizado no experimento
de casa de vegetação foi inteiramente casualizados com quatro repetições. Sendo utilizado o
teste t (5%) para comparação das médias após realização da análise de variância.
Resultados e discussão
O isolado bacteriano G-1 foi o que apresentou maior produção de auxina, sendo que os
demais isolados apresentaram valores insignificantes. As BPCP atuam promovendo
diretamente o crescimento das plantas pela produção de ácido cianídrico, fitohormônios,
enzimas como a ACC-deaminase, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfatos,
fixação do nitrogênio e aumento da absorção pelas raízes, entre outros (Conn et al., 1997;
Lazarovits & Nowak, 1997). As principais BPCP são encontradas entre as Pseudomonas spp
não fluorescentes e fluorescentes; espécies de Bacillus, Streptomyces, Rhizobium,
Bradyrhizobium, Acetobacter e Herbaspirilum;, Agrobacterium radiobacter, Enterobacter
cloacae e Burkholderia cepacia, entre outras.
Na tabela 1 foi verificado que o isolado L-1 proporcionou aumento de área foliar de
feijão na avaliação realizada aos 29 dias após a semeadura. Os outros isolados avaliados não
alteraram o crescimento do feijão medido pelas variáveis utilizadas. O aumento na produção
de massa seca na parte aérea do feijão também foi proporcionado pelo isolado L-1 que
conferiu ganhos para a planta nesta variável. A inoculação dos diferentes isolados na planta
não interferiu na nodulação do feijão (Tabela 2). De acordo com Silveira et al. (1995),
Pseudomonas spp fluorescentes aplicadas a plântulas de feijão juntamente com micorrizas e
Rhizobium tropici promoveram aumentos de peso seco de caules e nódulos, conteúdo de
fósforo e nitrogênio, bem como maior colonização por micorrizas.
843
Tabela 1. Altura e área foliar de feijão em diferentes dias após a emergência (DAS) afetada
pela inoculação das plantas com diferentes isolados bacterianos.
Tratamentos
Área foliar (cm2)
Altura de planta (cm)
14 DAS
22 DAS
29 DAS
14 DAS
22 DAS
29 DAS
Testemunha
7,8 a
9,4 ab
14,6 ab
48,3 a
69,9 a
108,7 b
Isolado K-1
5,7 a
8,6 b
13,9 b
47,5 a
75,3 a
124,1 ab
Isolado A3-5
8,2 a
10,4 ab
15,2 ab
49,4 a
79,8 a
132,1 ab
Isolado G-1
8,3 a
10,6 a
15,5 ab
41,6 a
70,8 a
116,7 ab
Isolado L-1
8,4 a
10,4 ab
16,3 a
50,8 a
90,6 a
157,1 a
1 Media seguida de mesma letra não diferem pelo teste t a 5(%)
Tabela 2. Biomassa seca e nodulação de feijão aos 35 dias após a semeadura afetado pelo
inoculação das plantas com diferentes isolados bacterianos.
Tratamentos
Biomassa seca (g)
Nodulação
No de nódulos Massa seca (mg)
Parte aérea
Raiz
Testemunha
2,65 b
3,15 a
54,0 a
97,5 a
Isolado K-1
2,72 b
3,09 a
67,5 a
105,0 a
Isolado A3-5
3,20 ab
2,89 a
56,8 a
157,5 a
Isolado G-1
3,22 ab
3,25 a
48,3 a
100,5 a
Isolado L-1
3,78 a
3,81 a
69,3 a
122,5 a
1 Media seguida de mesma letra não diferem pelo teste t a 5(%)
Os resultados encontrados demonstram que o isolado bacteriano L-1 apresenta
potencial para indicação como rizobactéria promotora do crescimento de plantas, sendo
necessários novos experimentos de casa de vegetação e de campo para confirmação deste
efeito.
Conclusões
Dos quatro isolados, oriundos da rizosfera de feijão, avaliados neste trabalho apenas o
isolado L-1 proporcionou aumento no desenvolvimento da planta de acordo com as variáveis
utilizadas no experimento. Este isolado destacou-se como de potencial para utilização em
outros trabalhos de promoção de crescimento com a cultura.
844
Referências
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de bactérias na produção de mudas de pepino. Horticultura Brasileira. 2004. (Prelo).
845
846
COMPARAÇÃO DE TRÊS CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum
officinarum), EM RELAÇÃO À CURVA BRIX, ÍNDICE DE MATURAÇÃO EM
TERCEIRO CORTE, NA REGIÃO OESTE PAULISTA
Pesquisador: Prof. Dr. Tadeu Alcides Marques
Resumo
A cultura da cana-de-açúcar tem uma grande expressão econômica para o Brasil e atraí
interesse mundial, devido à diversidade de produtos que dela podem ser produzidos. Tem
seu cultivo em áreas de clima tropical e subtropical, em mais de 80 países. O
desenvolvimento econômico da região de Presidente Prudente, estado de São Paulo, sempre
esteve vinculado à agropecuária, recentemente, com a introdução de novas usinas e
destilarias, que processam a biomassa proveniente da cana-de-açúcar, esta região certamente
terá uma expansão considerável na área cultivada com cana-de-açúcar. O objetivo do
presente ensaio é comparar três cultivares de cana-de-açúcar (RB 72-454, RB 86-7515, IAC
86-2480), com relação a curva de brix, índice de maturação em terceiro corte, na região oeste
paulista. Estas comparações visam detectar diferenças as cultivares e justifica-se pelo fato de
que duas delas já são bem exploradas na região (RB 72-454 e RB 86-7515), para uso
industrial e a terceira cultivar (IAC 86-2480) tem uso forrageiro, com enorme procura e
plantio pelos pecuaristas da região, contudo para fornecimento como forrageira ou industrial
existem dúvidas sobre recomendação. Para a execução do presente projeto de pesquisa as três
cultivares de cana-de-açúcar foram plantadas em área de pesquisa do Campus II da
UNOESTE, no esquema de blocos ao acaso, sendo três os blocos. As variáveis a serem
analisadas serão: brix da ponta, brix do meio e brix do pé, no final do ensaio será determinada
a produtividade da cana em terceiro corte, fazendo amostragem de um metro em cada linha da
parcela, desprezando as duas linhas de bordadura.
2. INTRODUÇÃO
O setor sucroalcooleiro, no país, vem aumentando significativamente sua área
agrícola, capacidade de esmagamento, bem como capacidade produtiva (açúcar e álcool), isto
porque a demanda por açúcar no mercado internacional e a busca pela utilização de
combustíveis renováveis, como o álcool, estão crescentes e em grande destaque atualmente. A
cultura da cana-de-açúcar ocupa um grande espaço na agricultura, por sua importância
econômica e social, sendo uma das espécies mais cultivadas no mundo, alcançando mais de
80 países. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, nos últimos anos houve
846
847
aumento crescente na área plantada e na produção, estimulados principalmente pelo aumento
das exportações de açúcar e álcool anidro, despontando ainda como líder mundial em
exportações de açúcar, além de ser líder mundial na utilização de álcool anidro e hidratado,
oriundo de processo fermentativo do caldo de cana-de-açúcar. A produção brasileira de canade-açúcar na safra 2007/2008 está estimada em 549,9 milhões de toneladas cultivados em 7,0
milhões de hectares. Esse volume supera em 15,8% a colheita passada, de 474,8 milhões de
toneladas. A região Sudeste é responsável por 68% da colheita no País e em São Paulo
espera-se 319,0 milhões toneladas em uma área de 3,7 milhões de hectares (CONAB, 2008).
A cana-de-açúcar (Saccharum spp) pertence à família Poaceae, e é considerada
originária do Sudeste Asiático, na grande região da Nova Guiné Indonésia (Daniels e Roach,
1987). Inicialmente cultivava-se principalmente a espécie Saccharum officinarum (L.),
entretanto , os cultivares desta espécie passaram a sofrer dificuldades de adaptação ecológica
e severos danos provocados por doenças. Híbridos inter específicos, oriundos dos programas
de melhoramento genético, resistentes e melhor adaptados para diversas condições ambientais
permitiram a expansão da cultura pelo mundo (Figueiredo et al., 1995). Todavia, o Brasil que
é um dos mais tradicionais produtores de cana-de-açúcar pode cultivá-la em quase toda a sua
grande extensão territorial, vários tipos de solos que estão sob influência de diferentes climas,
resultando em vários tipos de ambientes para a produção desta cultura (Dias, 1997). A cultura
tem uma grande expressão econômica para o Brasil e atraí interesse mundial, devido à
diversidade de produtos que dela podem ser produzidos. Tem seu cultivo em áreas de clima
tropical e subtropical, em mais de 80 países. Atualmente a cultura da cana-de-açúcar auxilia
as 307 ‘centrais energéticas' existentes no Brasil, sendo que 128 estão no estado de São Paulo,
com a cogeração de energia elétrica oriunda da queima do bagaço de cana-de-açúcar. O
desenvolvimento econômico da região de Presidente Prudente, estado de São Paulo, sempre
esteve vinculado à agropecuária, recentemente, com a introdução de novas usinas e
destilarias, que processam a biomassa proveniente da cana-de-açúcar, esta região certamente
terá uma expansão considerável na área cultivada com cana-de-açúcar.
O objetivo do presente ensaio é comparar três cultivares de cana-de-açúcar (RB
72-454, RB 86-7515, IAC 86-2480), com relação aos parâmetros tecnológicos, biométricos,
fisiológicos e bromatológicos, em dois cortes, na região oeste paulista. Estas comparações
visam detectar possíveis diferenças estatísticas entre estas cultivares, visto que duas delas são
exploradas na região (RB 72-454 e RB 86-7515), para uso industrial e a terceira cultivar IAC
86-2480 tem uso forrageiro. A justificativa principal para o presente ensaio, é o estudo
comparativo visando proporcionar conhecimentos da cultura no seu ambiente de
847
848
desenvolvimento e gerar informações para adequar o melhor manejo, cultivar e aplicações
(industrial ou forrageira). Sendo assim, explorar ao máximo o local de produção e promover
o melhor rendimento da cultura.
2 REVISÃO
Segundo Delgado e Cesar (1977); Paranhos (1987); Lopes e Parazzi (1992) a
maturação da cana-de-açúcar pode ser determinada pelos parâmetros tecnológicos (Brix, Pol,
Pureza e Açúcares Redutores), I.M. (índice de maturação), tabelas de pontos.
Segundo Lopes e Parazzi (1992) a cana-de-açúcar passa por um período de acúmulo
de açúcar, sendo que durante a safra a concentração de açúcares pode ser analisada através da
curva de maturação. A curva de maturação segundo Delgado e César (1977) possui uma
correlação linear com a curva de brix e esta curva é dependente dos fatores: variedade, clima,
solo, tratos culturais, idade da cultura, doenças, pragas etc.
A refratometria, na escala brix, constitui em um método físico para medir a
quantidade de sólidos solúveis presentes em uma amostra. Baseia-se em um sistema de
aparelhos graduados especialmente para ser utilizado na indústria açucareira, mais
precisamente, na análise de açúcares em geral que estejam em solução. A Pol, que é a
sacarose aparente, é o parâmetro utilizado para determinação da maturação, pagamento e
balanço agrícola e industrial (Spencer, 1945).
De fato, a pureza, que vem a ser a pol por cento brix, é um dos principais parâmetros
na fabricação do açúcar, envolvendo todas as fases, desde a maturação da cana-de-açúcar, e
passando principalmente pela concentração do caldo visando a produção de sacarose, na seção
de evaporação, cozimento, cristalização e centrifugação, onde este parâmetro toma um caráter
de extrema importância. (Gonçalves, 1987).
Larsem (1969) estabeleceu que todas as manifestações morfológicas inerentes de
diferenças vegetais devem ultimamente, ter uma diferença bioquímica, mas nem todas essas
diferenças bioquímicas são necessariamente refletidas morfologicamente. Assim as diferenças
bioquímicas deverão ser mais numerosas do que as morfológicas.
Diversos fatores interferem na produção e maturação da cultura da cana-de-açúcar,
sendo os principais a interação edafoclimática, o manejo da cultura e a cultivar escolhida
(Cesar et al., 1987). Esses fatores que interferem na produção e qualidade da cana-de-açúcar,
estão sendo constantemente estudados sob diferentes aspectos. Estudar a cultura no seu
ambiente de desenvolvimento pode gerar uma enorme quantidade de informações para
adequar o melhor manejo e cultivar para os específicos ambientes (solo e clima). Assim é
848
849
possível explorar ao máximo o local de produção para promover o melhor rendimento da
cultura e conseqüentemente maior lucratividade ou competitividade para as agroindústrias da
cana-de-açúcar.
A maturação da cana-de-açúcar se inicia pelos internódios inferiores do colmo e pode
ser influenciada por fatores como o clima, solo, tratos culturais e variedade. É necessário que
haja uma deficiência térmica ou hídrica para que a cana-de-açúcar entre em maturação, caso
contrário ela permanece vegetando sem acumular sacarose. Solos argilosos com maior
capacidade de retenção hídrica podem retardar a maturação, por outro lado, em solos
arenosos, mais permeáveis, a maturação pode ser antecipada e acelerada (Delgado e Cesar,
1977)
Segundo Saes et al. (1989) a curva de Brix para uma cultivar de cana-de-açúcar
responde estatisticamente ao modelo quadrático.
Segundo Horii (2004) as cultivares de cana-de-açúcar, devido aos diferentes
comportamentos de maturação, são agrupadas em precoces (quando apresentam um teor de
Pol acima de 13% no início de maio), médias (quando atingem a maturação em julho) e
tardias (pico de maturação em agosto/setembro). Além disto podem ser consideradas como
de PUI curto (< 120 dias), PUI médio (120 a 150 dias) e PUI longo (>150 dias). Stuppiello
(1987) relata que as canas classificadas como ricas são aquelas que no início da safra possuem
teores de açúcar suficientes para que possam ser industrializadas, as canas médias apresentam
os valores mínimos no meio da safra e as canas classificadas como pobres somente no final da
safra é que atingem os valores mínimos, sendo portanto desinteressante para as industrias.
Stuppiello (1987) relata também que as cultivares médias jamais alcançam os valores
máximos das cultivares ricas, o mesmo acontecendo com as cultivares pobres em relação as
médias. Já Delgado e Cesar (1977) citam que a curva de maturação deve ser estudada
periodicamente para as cultivares, visto que ocorrem alterações de comportamento, isto talvez
por degenerações.
Segundo Fernandes (2003) os métodos de análises em cana-de-açúcar podem ser
divididos em três: método da moenda de laboratório, método do digestor a frio e método da
prensa hidráulica.
A metodologia da prensa hidráulica – Sistema Consecana-SP é a
metodologia utilizada com a finalidade de pagamento da matéria prima, sendo portanto a mais
utilizada como parâmetro de avaliação.
A cultivar IAC 86-2480 é um híbrido interespecífico resultante de cruzamento,
envolvendo o parental US 71-399 e cultivar desconhecida, selecionado em campo de seedings
instalado em Ribeirão Preto. De acordo com Landell et al. (2002) apresentou características
849
850
de boa produtividade agrícola e ótimas características tecnológicas. Uma variedade exigente
em relação à fertilidade do solo, resistência a acamamento e hábito de crescimento ereto,
associado à ausência de florescimento.
VILELA e MELO (1992) compararam a cultivar RB 72-454 com a IAC 86-2480,
com relação ao ganho de peso de bovinos alimentados no cocho, e constatou ganho de peso
maior com o uso da IAC 86-2480. Mesmo produzindo 10% menos que a RB 72-454, ela se
torna mais viável, pois apresenta 18% mais eficiência no que tange o índice de conversão
alimentar. Embora apresente infestação significativa de broca, o complexo broca/podridão é
de pequena ocorrência. A produtividade agrícola e industrial da variedade RB72-454 é alta
principalmente nos solos arenosos de baixa fertilidade. O teor de açúcar é alto e o PUI é
médio. A maturação é média para tardia. Deve ser evitado a colheita nos meses mais secos,
julho e agosto, pois a soca não brota satisfatoriamente. Também não se obteve bons resultados
de brotação em colheita mecanizada, talvez devido ao pisoteio. Em áreas de colheita mecânica
crua tende-se a ser substituída, porém está difícil encontrar substituta. Plantio mecanizado de
toletes tem apresentado falhas com alta freqüência. É resistente a escaldadura e a ferrugem. É
suscetível à estrias vermelhas, podridão abacaxi e aos nematóides.
A cultivar RB 86-7515 foi lançada pela Universidade Federal de Viçosa, e surgiu do
cruzamento da cultivar RB 72-454 com outra cultivar indefinida. O Crescimento dessa
cultivar é rápido com alta produtividade agrícola, esta cultivar é rica com curva de maturação
semelhante a da RB72-454. Deve ser plantada em solos de média/baixa fertilidade para ser
colhida em meados de safra, ou bem no final para explorar o rápido crescimento (cana de
ano). Tolerante a seca. De maneira geral, tem se adaptado muito bem aos solos arenosos do
estado de São Paulo e Paraná, onde o florescimento e chochamento ocorrem em menor
intensidade.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para a execução do presente projeto de pesquisa serão utilizados três cultivares de
cana-de-açúcar (IAC 86-2480, RB 86-7515 e RB 72-454). As cultivares serão plantadas em
área de pesquisa do Campus II da UNOESTE no esquema de blocos ao acaso, sendo três os
blocos.
A análise estatística, será realizada de acordo com o delineamento de blocos ao acaso
com parcelas subdivididas ao tempo.
850
851
As análises de brix serão realizadas semanalmente e diretamente na área
experimental, amostrando o brix da parte inferior do colmo, brix do terço médio e brix da
parte superior.
No final de novembro serão amostradas três linhas da parcela desprezando as
bordaduras. Cada linha deverá ser amostra em um metro linear, totalizando três metros. A
cana-de-açúcar obtida deverá ser separada em ponteiro, folha e colmos, os quais devarão ser
pesados, três metros no total para cada parcela (folha, ponteiro e colmos)
4 RESULTADOS PARCIAIS
Na Tabela 1 pode-se observar os resultados parciais obtidos, e destes valores detecta-se que
pelo brix médio todas as variedades poderiam ser consideradas maduras, ou seja, com médias
superiores a 18, no entanto quando analisa-se o índice de maturação o maior valor obtido em média é
para a variedade IAC 86-2480 no valor de 0,79 estando inferior ao valor de 0,80 referencia para
determinação de talhões maduros, este dado foi obtido na segunda medição em meados do mês de
maio.
Tabela 1. Resultados parciais para brix pé, brix médio, brix ponta e IM.
amostra
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
16/5/2008
blocos
B1
B1
B1
B2
B2
B2
B3
B3
B3
variedades
IAC 86-2480
RB 86-7515
RB 72-454
IAC 86-2480
RB 72-454
RB 86-7515
RB 86-7515
RB 72-454
IAC 86-2480
brix - pé
19
22
20
20
22
16
18
17
18,5
brix - meio
17
18
20
19
22
18
17,5
20,5
19
briz - ponta
11
12,5
9
6
18
10
12
17,5
17,5
IM
0,58
0,57
0,45
0,30
0,82
0,63
0,67
1,03
0,95
amostra
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
21/5/2008
blocos
B1
B1
B1
B2
B2
B2
B3
B3
B3
variedades
IAC 86-2480
RB 86-7515
RB 72-454
IAC 86-2480
RB 72-454
RB 86-7515
RB 86-7515
RB 72-454
IAC 86-2480
brix - pé
24
23,5
19
21
18
18
22
24
19,5
brix - meio
17
18,5
16
16
14
16
20
24
22
briz - ponta
17,5
10
12
12
11
12
16
20
21
IM
0,73
0,43
0,63
0,57
0,61
0,67
0,73
0,83
1,08
851
852
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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852
853
CRESCIMENTO VEGETATIVO E MATURAÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR EM
SOLOS TRATADOS COM POLÍMEROS CONDICIONADORES1
*Tadeu Alcides Marques2; Marcos Wanderlei Suriani3
1
Prof. Dr. Tecnologia de Cana, Açúcar e Álcool da Faculdade de Ciências Agrárias – UNOESTE - Rod Raposo
Tavares km572 - Presidente Prudente SP - Brasil 19067-175
tel: 55 18 32292077 r220/221 Mestrado Agronomia - cel: 55 18 9736 7555
E-mail: [email protected]
2
Aluno do curso de Pós-graduação (Mestrado) em agronomia da Faculdade de Ciências Agrárias – UNOESTE Rod Raposo Tavares km572 - Presidente Prudente SP - Brasil 19067-175
1
Projeto de Pesquisa a ser desenvolvido no Mestrado resultante de iniciação científica
RESUMO
O objetivo do ensaio foi comparar doses de polímeros condicionadores de solo (hidrogel), em
cana-de-açúcar cultivar RB 86-7515, durante a fase de crescimento vegetativo e fase de
maturação.
As variáveis a serem acompanhadas são: com relação aos parâmetros
tecnológicos (Pol, Brix, Pureza e AR), parâmetros biométricos (diâmetro médio do colmo,
altura média do colmo, número de perfilhos por metro linear, número de folhas
fisiológicamente ativas e número de folhas totais), parâmetros fisiológicos (Fv/Fm, ∆F/Fm’,
NPQ, ETR, Área foliar), parâmetros bromatológicos (Fibra bruta, Proteína Bruta, Extrato
Etéreo, Extrativo não nitrogenado e Nutrientes Digestivos Totais) e produtividade agrícola
(Toneladas de cana por hectare, Toneladas de açúcar por hectare e ATR por hectare). A
cultivar será plantada no esquema de blocos ao acaso, com quatro tratamentos (testemunha,
50% da dose ideal, dose ideal, 150% da dose ideal) e cinco repetições (blocos), a unidade
experimental (parcela) será composta de cinco linhas com dez metros de comprimento, sendo
o espaçamento de 1,5m. As amostras serão realizadas nas três linhas internas desprezando o
primeiro e o último metro das extremidades.
Palavras-chave: Cana-de-açúcar, polímeros, condicionadores, solo.
INTRODUÇÃO
A produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2007/2008 está estimada em 549,9
milhões de toneladas cultivados em 7,0 milhões de hectares. Esse volume supera em 15,8% a
colheita passada, de 474,8 milhões de toneladas. A região Sudeste é responsável por 68% da
colheita no País e em São Paulo espera-se 319,0 milhões toneladas em uma área de 3,7
milhões de hectares (CONAB, 2008). O objetivo do ensaio foi comparar doses de polímeros
condicionadores de solo (hidrogel), em cana-de-açúcar cultivar RB 86-7515, durante a fase de
853
854
crescimento vegetativo e fase de maturação. Estas comparações visaram detectar possíveis
diferenças entre os tratamentos e confirmar ou não o potencial de uso destes polímeros em
escala comercial, visto que estes polímeros são amplamente utilizados em produção de
mudas, justamente por proporcionar melhor umidade do solo neste estádio, no caso da cultura
da cana-de-açúcar, a expansão das áreas faz com que ela seja cultivada nos solos do oeste de
São Paulo, sul do Matogrosso do sul e noroeste do Paraná, estas áreas apresentam
características edafoclimáticas típicas, sendo uma delas a ocorrência de veranicos que
dificultaram o crescimento da atividade agrícola nesta região, restando a pecuária, pois a
mesma depende principalmente do crescimento de plantas da família das poaceas para a
alimentação do gado, sendo a cana-de-açúcar um exemplo destas plantas. Naturalmente a
cana-de-açúcar pode desenvolver em solos arenosos sem grandes prejuízos, contudo a
produtividade e a longevidade do canavial fica comprometida, sendo interessante a utilização
de novas tecnologia que tentem diminuir este efeito negativo.
REVISÃO DE LITERATURA
Alleoni, et al. (1995), estudando na variedade RB 735275 associou biometria com
produtividade, já
Casagrande
(1991) e Lima & Catâneo (1997) concordam com a
dependência da produtividade da cana-de-açúcar com as variáveis biométricas e que estas são
dependentes das variáveis ambientais e genéticas, sendo portanto dependentes do local onde a
cultura está instalada. Diversos fatores, segundo Cesar et al. (1987), interferem na produção
e maturação da cana-de-açúcar, sendo os principais a interação edafoclimática, o manejo da
cultura e a cultivar escolhida. O Brasil que é um dos mais tradicionais produtores de cana-deaçúcar pode cultivá-la em quase toda a sua extensão territorial, com exceção da Amazônia e
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São vários os tipos de solos que estão sob
influência de diferentes climas, resultando diferentes ambientes de produção, o que
proporciona características fisiológicas diferenciadas (Dias, 1997). Os fatores que interferem
na produção e na qualidade da cana-de-açúcar devem ser constantemente estudados, sob
diferentes aspectos. De acordo com Casagrande (1991), as avaliações biométricas, realizadas
nos estádios de crescimento da cana-de-açúcar, são de grande significância para projeções de
produtividades e envolve a medição de diversos parâmetros. De acordo com Casagrande
(1991) e Lima & Catâneo (1997) as variáveis biométricas são dependentes das variáveis
ambientais e genéticas, sendo portanto, dependente do número de perfilhos por metro linear, o
qual é um fator dependente da brotação da cana-de-açúcar. Diversos fatores interferem na
brotação da cana-de-açúcar, sendo um dos principais o fornecimento de água para as gemas
854
855
recém plantadas (Cesar et al., 1987). O Brasil que é um dos mais tradicionais produtores de
cana-de-açúcar pode cultivá-la em quase toda a sua extensão territorial, com exceção da
Amazônia e estados da região Sul, sendo vários os tipos de solos e climas, resultando
diferentes ambientes para a brotação do tolete (Dias, 1997; Lima & Catâneo, 1997).
Com relação à definição de condicionador do solo, pode-se dizer que é um produto
adicionado ao meio poroso, solo ou substrato orgânico, com o objetivo de melhorar suas
propriedades (Kämpf, 1999). Dentre esses produtos se encontram os polímeros
hidroabsorventes. Na década de 80 foram desenvolvidos vários tipos de polímeros sintéticos
com diferentes finalidades, também conhecidos como polímeros absorventes ou hidrogéis,
alguns recomendados para a utilização agrícola como condicionadores de solo, devido à sua
capacidade de melhorar as propriedades físico-químicas do solo. O uso de condicionadores
sintéticos tem contribuído para aumentar a capacidade de retenção de água, reduzindo a
freqüência de irrigação e permitindo a utilização mais efetiva dos recursos solo e água,
contribuindo para melhorar o rendimento das culturas (Nimah et al., 1983; Wang & Boogher,
1987).
Nos Estados Unidos da América e na Europa a utilização de polímeros sintéticos na
agricultura, como condicionadores de solo, têm sido amplamente estudada, entretanto, a
grande maioria dos estudos publicados é realizada com os polímeros aniônicos, que atuam
estruturando o solo, controlando erosão, melhorando a infiltração de água e ajudando na
recuperação de solos salinos (Wallace et al., 1986; Shainberg & Levy, 1994). Poucos são os
estudos realizados com os polímeros hidroabsorventes que têm atuação direta na retenção de
água. Esses polímeros não reagem com os constituintes do solo, mas exercem efeito direto,
aumentando a retenção de água pelo solo (Nimah et al., 1983).
Oliveira et al. (2004) avaliaram a influência da concentração de um polímero
hidroabsorvente nas características de retenção de água de dois solos classificados como
Latossolo Vermelho-Amarelo, de textura franco-argilo-arenosa, e Argissolo Câmbico
Vermelho-Amarelo, de textura argilosa. Verificou-se que, para potenciais matriciais
superiores a –1,0 MPa, a retenção de água foi maior à medida que se aumentou a
concentração do polímero na mistura, para os dois solos estudados. No entanto, para
potenciais matriciais inferiores, a retenção de água não foi influenciada pela concentração do
produto.
855
856
MATERIAL E MÉTODOS
Para a execução da pesquisa será utilizadas as cultivar de cana-de-açúcar RB 86-7515.
Esta cultivar será plantada em setembro de 2008 no esquema de blocos ao acaso, sendo cinco
os blocos, quatro os tratamentos,e totalizando 20 parcelas, as quais serão compostas de cinco
linhas de dez metros de comprimento espaçadas em 1,5m.
As análises biométricas realizadas serão: Altura dos perfilhos durante o processo de
crescimento; diâmetro médio colmo, número de perfilhos por metro linear, número de folhas
fisiologicamente ativas e número de folhas totais.
Após dez meses de crescimento vegetativo serão iniciadas as análises tecnológicas mensais,
para determinação dos parâmetros tecnológicos (PBU, Fibra, Pol, Brix, AR, Pu, ART, PC, ARC e
ATR), segundo (Fernandes, 2003).
Os parâmetros fisiológicos serão medidos com um fluorômetro portátil de luz
modulada (modelo FMS-2, Hansatech, UK), sendo eles: eficiência quântica potencial (Fv/Fm)
e efetiva (∆F/Fm’) do FSII, coeficiente de extinção não-fotoquímico [NPQ = (Fm-Fm’)/Fm’]
da fluorescência, e a taxa de transporte de elétrons (ETR = DFFF * ∆F/Fm’ * 0,5 * 0,84, onde
DFFF usou-se a densidade de fluxo de fótons fotossintéticos) (Bilger et al., 1995). Os valores
de Fm e Fv indicam, respectivamente, as fluorescências máxima e variável, determinadas
após 30 minutos de adaptação ao escuro, e Fm’ a florescência máxima das plantas na presença
de luz. As medidas de trocas gasosas (A, assimilação de CO2, gs, condutância estomática, E,
tranpiração, Ci, concentração intercelular de CO2) serão feitas com um medidor portátil de
trocas gasosas por infravermelho (modelo CIRAS-2, PPSystem, UK). Sendo realizadas três
amostragens durante o período de crescimento. As medidas de fluorescência e trocas gasosas
serão realizadas das 9:30 às 11:30 horas em dias sem presença de nuvens, em folhas
totalmente expandidas sem sinais de danos ou deficiências nutricionais.
Área Foliar foi realizada com um medidor portátil de área foliar (modelo LI-3000A,
Li-Cor, USA).
As análises bromatológicas serão executadas segundo a metodologia de Silva &.
Queiroz. (1990) e constarão das seguintes variáveis (Matéria Mineral MM, Extrato Etéreo
EE, Fibra Bruta – FB, Proteína Bruta – PB, Extrativo não Nitrogenado – ENN).
Todos os dados serão submetidos à análise de variância (ANOVA, p<0,05) e ao teste
de comparação de médias Tukey (p<0,05), segundo Gomes (1990).
856
857
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Cronograma de Execução
Nome do Pesquisador: Danilo Batista
Gomes
Especificação das Fases e/ou Etapas
Revisão de literatura e treinamento
analítico
Instalação do ensaio
Acompanhamento e análises
Análises tecnológicas e produtividade
E Apresentação no ENEPE
Elaboração do trabalho para publicação
Envio do trabalho para revista científica
Ano: 2008 |
2009
AS O N D J F MA M J
X X
X
X X X X X X X X X X
J A S
X X X
X
O
N
X
X
X
X
X
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Disponível em:
http: // www.clubedofazendeiro.com.br / Cietec / Artigos /
ArtigosTexto.asp?Codigo=2182. Acesso em. 09 ago. 2006.
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SIMULAÇÃO ECONÔMICA DO PLANTIO CONVENCIONAL E MECANIZADO
DA CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum Spp.)
Patrícia Angélica Marques(1), Diego Henriques Santos(2), Frank Akiyoshi Kuwahara(2) &
Tadeu Alcides Marques(1)
(1)
Professor Doutor, Unoeste. Rod. Raposo Tavares, Km 572. Presidente Prudente - SP. E-mail:
[email protected]; (2) Engenheiro Agrônomo, mestrando em Produção Vegetal, Unoeste.
Palavras chave: simulação, plantio, cana-de-açúcar.
Introdução
De acordo com Souza et al. (1999), a cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma das
culturas de grande importância socioeconômica no Brasil, tendo como principais derivados o
açúcar e o álcool, imprescindíveis ao mercado mundial. De acordo com Caixeta Filho (2001),
modelos matemáticos são representações idealizadas para situações do mundo real. A
modelagem e a simulação possuem valor heurístico, ajudando o pesquisador a formular
hipóteses sobre processos e interações relevantes, a quantificar o impacto de variáveis simples
sobre o desempenho do sistema, e a sugerir novas necessidades de experimentação
(Wullschleger et al., 1994). Simulação é um processo de experimentação com um modelo
detalhado de um sistema real, para determinar como o sistema responderá a mudanças em sua
estrutura, ambiente ou condições de contorno. Um modelo bem construído auxilia a encontrar
as respostas às questões importantes e, portanto, torna a simulação uma técnica útil e poderosa
para a solução de problemas.
Segundo Ripoli & Ripoli (2004), dois tipos de plantio de cana-de-açúcar são
largamente utilizados no país, o sistema convencional e o mecanizado. No primeiro a
sulcação é efetuada mecanicamente, já a deposição das mudas é manual, lançadas de
caminhões de carga. O corte do colmo em toletes também é realizado manualmente e por fim
a cobertura é mecanizada. No sistema mecanizado, realizam-se todas as operações (sulcação,
deposição de mudas, corte em toletes, adubação e cobrimento do sulco) de uma só vez, e com
um único implemento.
Objetivo
O objetivo deste trabalho consiste em comparar, sob os pontos de vista técnico e
econômico, o plantio convencional e o mecanizado da cana-de-açúcar. O estudo procurou
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contemplar as condições representativas da maioria das áreas canavieiras do Brasil,
utilizando-se de várias premissas para determinação dos resultados objeto desse trabalho.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido na Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente –
SP, durante os meses de março a junho de 2008. Para o plantio convencional foram variados
os valores referentes ao preço dos tratores, a capacidade de trabalho da mão-de-obra e o preço
do caminhão. Já para o plantio mecanizado variou-se os valores de óleo diesel, capacidade de
plantio da plantadora e as taxas de juros praticadas no mercado.
Foram consultados os valores de cinco caminhões com características especificas para
atender o setor sucroalcooleiro, como potencia acima de 400 cv, alta capacidade de tração e
torque acima de 2000 Nm, permitindo transportar com eficiência cargas altamente densas e
volumosas em terrenos de difícil acesso. São eles o Volkswagen 31-370e Constelattion 6x4
diesel (R$ 289.683,00); o Scania P420 6x4 diesel (R$ 377.279,00); o Mercedes-Benz Axor
3344 6x4 diesel (R$ 387.976,00); o Ford Cargo 5032e 6x4 diesel (R$ 241.124,00); e o Volvo
NH 12 380 Globetotter (R$ 325.164,00). Logo, temos como valor máximo R$ 387.976,00;
mínimo de R$ 241.124,00; e um modal de R$ 330.767,00. Os valores foram obtidos junto as
concessionárias e o consumo de combustível junto ao setor de transporte da Universidade do
Oeste Paulista.
Outro valor que sofreu variação foi o preço do óleo diesel, cotado nos postos e
distribuidoras de combustível da região no mês de abril e maio de 2008. O valor máximo
obtido foi de R$ 2,89 por litro; mínimo de R$ 2,84; e um modal de R$ 2,86. Para as taxas de
juros considerou-se o crédito rural (4,5% ao ano) e o crédito convencional (8,0% ao ano),
modal de 5,5% ao ano.
Já para as plantadoras, realizou-se pesquisa de preços em três diferentes empresas, a
Civemasa Implementos Agrícolas Ltda. (Plantadora Automática de Cana Civemasa - PACC
2L), a DMB Máquinas e Equipamentos Agrícolas Ltda (Plantadora de Cana - PCP 6000) e a
Santal Equipamentos S/A (Plantadora PCP 2 Santal), tendo os três equipamentos as mesmas
caracteristicas operacionais e capacidade de plantio de 2 linhas. O valor médio obtido foi de
R$ 190.000,00. Já para o motocana, utilizado para o carregamento dos caminhões, o valor
mínimo encontrado nas concessionárias e empresas fabricantes foi de R$ 55.000, máximo de
R$ 60.000, e modal de 57.500.
O levantamento de custos referentes à mão-de-obra, disponibilidade, variação de
pagamento e a capacidade de trabalho da mão-de-obra foi realizado junto a Casa da
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Agricultura de Presidente Prudente. Para o plantio convencional considerou-se a equipe de
trabalho composta por 4 lançadores, 5 arranjadores e 10 picadores, totalizando 19
funcionários com ganho de R$ 450,00 mensais, além de dois operadores de máquinas
agrícolas com salário de R$ 800,00 mensais. A equipe de trabalho leva de 1,4 a 2,0 horas por
hectare, sendo o modal de 1,6 horas para plantar 1,0 hectare de cana, sistema convencional de
plantio. Já as máquinas plantadoras possuem capacidade de plantar entre 1,0 e 1,25 ha.hora-1,
modal de 1,11 ha por hora trabalhada.
O valor máximo consultado nas concessionárias da região para o trator de 100 cv foi
de R$ 95.000, mínimo de R$ 89.000 e modal de R$ 92.000. Já para os tratores de 180 cv temse o valor máximo de R$ 180.000, mínimo de R$ 160.000 e modal de R$ 162.000.
O custo total referente ao plantio (convencional ou mecanizado) é dado por: CTP =
CF + CV, em que: CTP = custo total do plantio (R$ ha-1); CF = custo fixo (R$ ha-1); CV =
custo variável (R$ ha-1). Os dados de entrada para a análise de viabilidade econômica do
plantio mecanizado na cultura da cana-de-açúcar foram: juros (4,85% a 7,65%); fator de
recuperação do capital (0,128562898 a 0,146685328); preço do óleo diesel (R$ 2,845 a R$
2,885 por litro); rendimento (1,025 a 1,225 hectares plantados por hora trabalhada); prestação
do trator de 180 cv e da máquina plantadora (R$ 50.075 a R$ 59.846); consumo do trator de
180 cv puxando a plantadora (R$ 3.851 a R$ 3.905); prestação do motocana (R$ 8.396 a R$
10.034); consumo do motocana (R$ 924 a R$ 937); mão-de-obra (R$ 6.833 a R$ 8.166);
prestação do caminhão (R$ 18.891 a R$ 21.527); e consumo do caminhão (R$ 320 a R$ 383).
Os dados de entrada para a análise de viabilidade econômica do plantio convencional
na cultura da cana-de-açúcar foram: juros (4,85% a 7,65%); fator de recuperação do capital
(0,128562898 a 0,146685328); preço do óleo diesel (R$ 2,845 a R$ 2,885 por litro);
rendimento (1,46 a 1,94 horas por hectare); prestação do trator (R$ 25.340 a R$ 33.671);
consumo do trator durante a abertura do sulco de plantio (R$ 11.854 a R$ 12.021); consumo
do trator durante o fechamento do sulco de plantio (R$ a R$); prestação do caminhão (R$
11.928 a R$ 15.850); consumo do caminhão (R$ 1.314 a R$ 1.116); mão-de-obra ligada ao
campo (R$ 52.012 a R$ 69.112); mão-de-obra para operação das maquinas agrícolas (R$
9.733 a R$ 12.933).
Resultados e Discussão
Para o plantio mecanizado o custo total das operações onde observou-se maior
freqüência ficou entre R$ 94.678,00 e 109.283,00, com média igual a R$ 102.269,00 por
hectare. Já para o plantio convencional o custo total das operações onde observou-se maior
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freqüência ficou entre R$ 126.443,00 e 152.886,00, com média igual a R$ 139.661,00 por
hectare, mostrando a maior viabilidade econômica no sistema de plantio mecanizado. Esta
diferença se deve aos maiores gastos com mão-de-obra no sistema convencional. Enquanto os
custos ligados a mão-de-obra no plantio mecanizado variaram de R$ 6.833 a R$ 8.166, no
plantio convencional variaram de R$ 52.012 a R$ 69.112 para a mão-de-obra ligada ao
campo, somado ainda a mão-de-obra para a operação das maquinas agrícolas, que variou de
R$ 9.733 a R$ 12.933.
O estudo procurou contemplar as condições representativas da maioria das áreas
canavieiras do Brasil e, de acordo com os resultados apresentados, o plantio mecanizado
mostrou-se economicamente vantajoso, para as condições estudadas. Esta vantagem
econômica é conseqüência da versatilidade operacional proporcionada pelo sistema
mecanizado e da redução de custos com mão-de-obra. Analisando exclusivamente sob a ótica
técnica, o sistema de plantio mecanizado ainda se mostra superior, devido a maior eficiência
operacional, reduzindo o tempo gasto com as operações de plantio. Os dados apontaram ainda
que mesmo pagando as maiores taxas de juros, elevando desta forma a prestação dos tratores,
dos caminhões e da máquina plantadora, pagando o maior valor cobrado pelo óleo diesel na
região, e ainda que se trabalhasse na maior faixa de consumo dos tratores, do motocana e dos
caminhões, pagando os mais elevados salários práticos no setor, o plantio mecanizado ainda
seria vantajoso em relação ao plantio convencional. O valor máximo observado nesta
simulação econômica do plantio para o sistema de plantio mecanizado foi de R$ 112.745,00.
Já o valor mínimo observado no sistema convencional de plantio foi de R$ 139.661,00, como
pode ser observado na Figura 01.
Fig. 01. Freqüência de observações referentes ao custo total do Plantio Convencional (A) e
(A)
(B)
Plantio Mecanizado(B).
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Conclusões
O sistema de plantio mecanizado mostrou-se tecnicamente e economicamente
vantajoso em relação ao convencional devido à versatilidade operacional proporcionada pelo
sistema, que possui maior eficiência, reduzindo o tempo e a mão-de-obra utilizada nas
operações de plantio.
Referências Bibliográficas
CAIXETA FILHO, J.V. Pesquisa operacional: técnicas de otimização aplicadas a sistemas
agroindustriais. São Paulo: Atlas, 2001. 171p.
RIPOLI, T.C.C; RIPOLI, M.L.C. Biomassa de cana-de-açúcar: colheita, energia e ambiente.
Piracicaba: Ed. Dos Autores, 2004. 309p.
SOUZA, E. F.; BERNARDO, S.; CARVALHO, J.A. Função de produção da cana-de-açúcar
em relação a água para três variedades em Campos dos Goytacazes. Engenharia Agrícola,
Jaboticabal, v.19, n.1, p.28-12, 1999.
WULLSCHLEGER, S.D.; LYNCH, J.P.; BERNTSON, G.M. Modeling the belowground
response of plants and soil biota to edaphic and climatic change – What can we expect to
gain? Plant and Soil, v.165, p.149-160, 1994.
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SUSCETIBILIDADE DE MACADÂMIA (macadamia integrifolia) AO CORTE DA
SAÚVA-LIMÃO (Atta sexdens rubropilosa forel, 1908)(Hymenoptera: Formicidae)
Patrícia Silva1; Rodrigo Fragas2; Vânia Maria Ramos3
Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, Faculdade de Ciências Agrárias, Campus II, Rodovia Raposo
Tavares, km 572, CEP 19067-175, Presidente Prudente-SP. 1Engenheira Agrônoma, 2Discente do curso de
graduação em Agronomia - UNOESTE; 3Docente do curso de graduação em Agronomia - UNOESTE,
Presidente Prudente, SP.
Palavras chaves: Formiga Saúva - Limão, macadâmia, eucalipto, citros.
INTRODUÇÃO
As formigas saúvas são insetos exclusivamente americanos, sendo que sua área de
dispersão vai do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina; assim, todos os países
americanos compreendidos nessa região, têm saúvas. Tais insetos são conhecidos por
cortarem inúmeras partes de vegetais, mas estas são utilizadas apenas para o cultivo do fungo
simbionte do qual as saúvas se alimentam. As formigas cortadeiras pertencem a família
Formicidae, subfamília Myrmicinae e tribo Attini, que se dividem em dois grupos:
Acromyrmex, que são as quenquéns, e as do gênero Atta, que são as saúvas. A espécie Atta
sexdens rubrupilosa É conhecida vulgarmente como saúva-limão, porque, quando sua cabeça
é esmagada, exala um aroma de limão. Anualmente as colônias maduras produzem formigas
aladas (machos e fêmeas) que abandonam a mesma onde foram produzidos para fundarem
novas colônias, assim dando continuidade na perpetuação da espécie. São insetos de ampla
dispersão geográfica no Brasil, causando prejuízos significativos em diversos ramos do setor
agropecuário. Devido ao seu grande “status” de praga, esta pesquisa buscou a identificar o
grau de seleção de plantas de macadâmia (Macadamia integrifolia) como substrato de
forrageamento pela saúva-limão.
MATERIAS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Entomologia da Faculdade de
Ciências Agrárias da UNOESTE, Campus II, Presidente Prudente – SP. Foram utilizadas 04
colônias da espécie Atta sexdens rubropilosa, (saúva-limão) cedidas pelo, Departamento de
Entomologia da UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” - Campus
de Botucatu – SP., para a realização de testes de seleção de plantas, objetivando identificar
quais espécies vegetais são mais susceptíveis ao corte. Os bioensaios foram realizados em
dois dias o primeiro no dia 30/10/2007 (quarta-feira) e o outro no dia 10/11/2007 (sábado),
com duração em média de oito horas cada. As colônias foram colocadas em uma sala especial,
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que seu ambiente era controlado com temperaturas entre 22ºC a 24ºC .Em função da
importância econômica que ocupam no cenário do agronegócio brasileiro as culturas
utilizadas Foram: Citros (Citrus aurantium L.), Eucalipto (Eucaliptus grandis) e Macadâmia
(Macadamia integrifolia) variedade 660. As folhas das plantas foram coletadas momentos
antes dos testes, em áreas experimentais, situadas na Universidade do Oeste Paulista –
Campus II. Este material coletado anteriormente os teste foi verificado se houve aplicação de
produtos fitossanitários, como as mesma não obtinham nenhum vestígio químico, foi
realizado a limpeza , com álcool 70% para a retirada de quaisquer impurezas que pudessem
mascarar os resultados. O período de avaliação experimental foi composto de 2 bioensaios,
sendo executados em uma seqüência de 5 testes, para cada uma das colônias. Assim as
culturas avaliadas citros, eucalipto e macadâmia, foram oferecidos às 4 colônias (repetições)
na forma de discos de folhas padronizados. Em cada um dos bioensaios foram oferecidos à
cada colônia ou repetição, 50 discos de folhas de cada tratamento, divididos em 5 testes
seqüentes de 10 discos cada (tabelas 1 e 2). Os discos foram colocados na câmara de
forrageamento das colônias, com livre chance de escolha e de modo aleatório. Cada
apresentação foi finalizada no momento em que todos os discos de um mesmo tratamento
eram transportados pelas operárias para a câmara de fungo, e nesse momento o fluxo das
mesmas era interrompido para se realizar a contagem dos discos pertencentes aos tratamentos
restantes. As câmaras de forrageamento onde foram oferecidos os discos receberam limpeza
prévia com álcool 70% a cada vez que se iniciava uma nova oferta de folhas. Logo após
procedia-se à contagem dos discos restantes, para que os resultados pudessem ser
contabilizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os resultados obtidos ao final dos 2 bioensaios verificou-se que as folhas de
eucalipto
foram
mais
susceptíveis
ao
corte
pela
saúva-limão,
respectivamente, das folhas da nogueira macadâmia e dos citros.
sendo
seguidas,
Tais resultados são
contrários àqueles descritos por FILHO et al. (2002), onde se comparando 41 espécies
florestais nativas e exóticas, também em condições de laboratório, as folhas de eucalipto
mostraram-se menos atrativas para as operárias da saúva-limão, sendo seguido pelas espécies
Guazuma tomentosa (mutamba) e Cariniana strellensis (jequitibá). Apesar de conflitante, o
resultado encontrado não é inesperado, já que é fato conhecido da literatura que as formigas
cortadeiras, apesar de seletivas, são polífagas, e freqüentemente cortam muitas espécies
diferentes de vegetais, ainda que alguns o sejam feito com maior abundância (GARCIA et al.,
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1997). Este mesmo raciocínio também explica a baixa taxa de carregamento do tratamento
composto de folhas de citros, já que esta é uma cultura referida como uma das espécies de
maior preferência pela saúva-limão, juntamente com o eucalipto e a roseira, sendo
intensamente forrageadas em qualquer idade (SANTANA & COUTO, 1990). Segundo
SCHILINDWEIN (2004), um dos grandes problemas de se estudar saúvas é o seu
comportamento complexo na escolha dos recursos que vão ser cortados. Apesar dos conflitos
aqui discutidos, os dados encontrados evidenciaram que a cultura da nogueira macadâmia,
pode ser suscetível ao corte por formigas cortadeiras, sendo possível inferir que, em áreas de
monocultura, o manejo destes insetos deverá ser realizado previamente à instalação do
plantio, pois, de forma contrária, as injúrias provocadas nas plantas acarretarão rapidamente
em dano econômico à cultura em questão. Desta forma, esta pesquisa pode servir como base
para futuras estudos na área de Entomologia Agrícola, podendo ser realizado com outras
culturas ou outras espécies de formigas do gênero Atta.
CONCLUSÃO
A cultura da macadâmia pode ser é suscetível ao corte pela formiga cortadeira Atta
sexdens rubropilosa (saúva-limão), exigindo controle prévio ao plantio das mudas quando
detectada a presença destes insetos na área a ser cultivada e, não descartando o manejo após o
plantio, pode ocorrer novos olheiros.
LITERATURA CITADA .
BATES, H. B. The naturalist in amazon river. London: Jonh Murray, 1876. p. 301.
BELT, T. The naturalist on Nicaragua. London: E. Bumpus. 1874, p 300.
FILHO, O P., Dorval A, Filho, E. B. – Preferência de saúva – limão, Atta sexdens rubropilosa
Forel, 1908 (Hymenoptera, Formicidae) a diferentes espécies florestais, em condições de
laboratório. Rev. Ciência Florestal, ano/vol 12, número 002. Universidade Federal de Santa
Maria – Santa Maria, Brasil p. 1-7. 2002.
FISCHER, P. J.; STRADLING, D. J.; PEGLLER, D. N. – Mycologist, 1994, p 20.1.
FORTI, L,. C.; BOARETTO, M. A. C. – Formigas Cortadeiras – Biologia, Ecologia,
Danos e Controle. Botucatu, SP, Brasil. Setembro 1997. nº p. 61.
GARCIA, I.P. Atividade forrageira da saúva Atta sexdens L., 1758 (Hymenoptera,
Formicidae) em Eucalypitus grandis Hill ex Maiden em mata secundária. Botucatu, 1997.
136p. Tese (Doutorado em Agronomia/ Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista.
OLIVEIRA, H. G.; LACERDA, F. G.; MARINHO, C. G. S.; DELLA LUCIA, Atratividade
de Atta sexdens rubropilosa por plantas de eucalipto atacadas previamente ou não por
Thyrinteina arnobia Nota Científica – Universidade Federal de Viçosa – MG Departamento
de Biologia Animail.
SCHLINDWEIN, M. NIVERT ; Dinâmica do ataque de atta sexdens rubropilosa forel, 1908
sobre a vegetação: uso de manipulação de recursos e armadilha de solo para se estimar o
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comportamento de forrageamento.Rev. Uniara (Centro Universitário de Araraquara –
SP) – Unesp – Campus de Rio Claro – SP (2004).
SOUTO, L.S., GUERRA, M.B.B., SCHOEREDER, J.H. Determinação do fator de conversão
em colônias de Atta sexdens rubropilosa (Hymenoptera: Formicidae) e sua relação com a
qualidade do material vegetal cortado. Rev. Árvore, Jan./Fev. 2007, vol.31,n. 1, p. 163 – 166.
ISSN 0100 – 6762.
QUINLAN, R. J. ; CHERRET, J. M. –Physiol. Ent., 1995, p20.1.
TABELAS
TABELAS E FIGURAS
Tabela 1. Bioensaio de seleção de plantas por formigas cortadeiras: oferecimento, na câmara de forrageamento, de 10
discos de folhas de cada tratamento por colônia ou repetição.
Repetições (Colônias)
Trat.
Descrição (Cultura)
1
2
3
4
1
Citros
10
10
10
10
2
Macadâmia
10
10
10
10
3
Eucalipto
10
10
10
10
(1)
30
30
30
30
(2)
150
150
150
150
(3)
300
300
300
300
(1) Número de discos de folhas oferecidos para cada colônia ou repetição, em 1 teste ou apresentação.
(2) Número de discos de folhas oferecidos para cada colônia ou repetição, ao final dos 5 testes (ou 1 bioensaio).
(3) Número de discos de folhas oferecidos para cada colônia ou repetição, ao final do período experimental (2 bioensaios).
Tabela 2. Bioensaio de seleção de plantas por formigas cortadeiras: quantidade total de discos utilizados de todos os
tratamentos.
Repetições (Colônias)
Total
Trat.
Descrição
1
2
3
4
(A)
(B)
(C)
1
Citros
10
10
10
10
40
200
400
2
Macadâmia
10
10
10
10
40
200
400
3
Eucalipto
10
10
10
10
40
200
400
(A) Número de discos de folhas oferecidos por tratamento, em 1 teste ou apresentação.
(B) Número de discos de folhas oferecidos por tratamento, ao final dos 5 testes (ou 1 bioensaio).
(C) Número de discos de folhas oferecidos por tratamento, ao final do período experimental (2 bioensaios)
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