Fundação Getulio Vargas 13/01/2010 JB On Line - RJ Tópico: IBRE Editoria: PRIMEIRO CADERNO Pg: Online Pobreza extrema pode ser superada (Carolina Eloy) O Brasil pode alcançar índice de pobreza e desigualdade similares a de países desenvolvidos em 2016, segundo segundo o estudo Pobreza, desigualdade e políticas públicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o documento, se projetados o desempenho alcançado pelo país no período de 2003 a 2008, para 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O país pode praticamente superar o problema de pobreza extrema – população que recebe até 25% do salário mínimo – e alcançar taxa nacional de 4% de pobreza absoluta – grupo que recebe até 50% do salário mínimo – o que significa quase sua erradicação, segundo o estudo. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, destaca que nos anos analisados foi possível observar que a taxa de pobreza cai mais rápido que a diminuição na medida de desigualdade. Com isso, o combate à pobreza, para ele, parece ser menos complexo que o enfrentamento da desigualdade de renda. – O Brasil está em posição privilegiada por conseguir diminuir simultaneamente a taxa de pobreza e a desigualdade dos rendimentos. Mas, mesmo assim, para resolver a desigualdade de renda será necessário maiores esforços e uma política mais forte nos próximos anos – diz. Para Pochmann, a redistribuição tributária é um passo que precisa ser dado para que o país alcance índices melhores. Ele ressaltou que o sistema tributário nacional tem que ser mais ativo, aliviando os tributos da população mais pobre. – O governo redistribui os impostos com os programas de assistência, então poderia diminuir a arrecadação nessa parcela da população, em vez de promover programas sociais com esses tributos – sugere Pochmann. A maior parte dos avanços atualmente alcançados pelo Brasil no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está, segundo o estudo, direta ou indiretamente associada à estruturação das políticas públicas de intervenção social do estado, motivadas pela Constituição Federal de 1988. – Mais do que políticas de governantes, será preciso ações de Estado, pois estas têm atuação de longo prazo independentemente de políticos – afirma o presidente do Ipea. Um estudo divulgado no início do mês pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) também aponta redução da miséria. Segundo o documento, nos próximos cinco anos, o Brasil deve reduzir o número de miseráveis pela metade e aumentar em 50% as classes A e B. A projeção de Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais, da FGV, estima que no início de 2015, os pobres serão apenas 8% dos brasileiros, caindo para quase um quarto da proporção que vigorava em 1993, de 35%. Segundo o documento da FGV, de 1993 a 2015, um total de 51,6 milhões de brasileiros muito pobres, numa população de 147 milhões, poderá ser reduzido a 16,1 milhões, em 222 milhões. O valor significaria uma queda de quase 70% em termos absolutos. A pesquisa atribui a estimativa à manutenção de políticas que melhoraram as condições sociais da população nos últimos anos e prevê que o Brasil terá um perfil social diferente no futuro, caminhando para se tornar um país de classe média O documento do Ipea destaca três fatores para a diminuição da pobreza: a elevação do gasto social – relação do total das despesas sociais nas três esferas da administração pública do país com o Produto Interno Bruto (PIB) – que cresceu de 19% em 1990 para 21,9% do PIB em 2005. Outra mudança nos últimos anos, citada pelo Ipea, foi o movimento de descentralização da política social. O papel dos municípios expandiu 53,8% em participação nos gastos sociais de 1980 para 2008. O terceiro ponto está relacionado à participação social na gestão das políticas sociais brasileiras. Segundo o documento, em geral, todas as principais políticas sociais possuem conselhos de participação social federal, estadual e municipal, o que evidenciaria maior transparência e eficácia na aplicação dos recursos.