Confira neste segundo número da Revista Retrospectiva do ano de 2008: O que aconteceu na Seção em 2008 Artigos: Textos sobre Educação Matemática na EsPCEx, CN e EPCAr Missão Cumprida: Homenagem ao Major QCO Clovis Antonio de Lima Personalidades Matemáticas do Mundo Militar: Marechal Trompowski SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 MINISTÉRIO DA DEFESA DECEx DFA ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO EXÉRCITO (EPC de SP – 1940) César Augusto Nardi de Souza – Coronel Comandante e Diretor de Ensino Guy Hermínio Rocha – Coronel Subcomandante e Subdiretor de Ensino Carlos Eduardo Gomes de Queiroz – Major Chefe da Divisão de Ensino Cléo Jonas Cezimbra Lage – Coronel R/1 Chefe da Seção de Ciências Matemáticas Wilson Roberto Rodrigues – Coronel R/1 Chefe da Subseção de Desenho Alex Sandro Faria Manuel – 1º Tenente Chefe da Subseção de Matemática * * * EsPCEx: nasceste para vencer * * * 1 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Ano II Nº 02 – Outubro de 2008 Publicação da Seção de Ciências Matemáticas da Escola Preparatória de Cadetes do Exército ISSN 1983 – 4837 Av. Papa Pio XII Nº 350 Jd. Chapadão Campinas, SP. Fone: 3744 2020 e-mail: [email protected] Nostrum Populus Nostrum Vires .: EXPEDIENTE :. Direção da Revista Jefferson Biajone – 2º Tenente Conselho Editorial Samuel Santos de Miranda – Capitão Danielle Baretta – 1º Tenente Carlos Henrique de Vasconcelos Fidelis – 2º Tenente Profa. Maria Salute Rossi Luchetti Revisão Herickson Akihito Sudo Lutif – 2º Tenente Fotolito e Diagramação Impressão e Digitalização Seção de Ciências Matemáticas Graffcor .: NOSSA CAPA :. Idealização: Cap Samuel A imagem que ilustra a capa da Revista SecMat é composta de fotos dos treze professores da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx, organizadas no formato do algarismo dois, representativo do segundo número da publicação. A interligação entre as fotos sob o eixo cartesiano ilustra o caráter de articulação que sempre caracterizou o trabalho docente da Seção em prol da educação matemática do futuro Cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, nos seus mais de sessenta anos de serviços prestados à escola, ao Exército e ao Brasil. Da esquerda para a direita: Ten Aline Marques, Profa. Marina, Prof. Alessandro, Cel Lage, Profa. Therezinha, Ten Sandro, Cel Teixeira, Profa. Lúci, Cap Samuel, Cel Wilson, TC Thomé, Profa. Salute e Ten Biajone. * * * 2 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Sumário Apresentação 4 Editorial 5 Retrospectiva 2008 da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx OBMEP 07: Biblioteca da EsPCEx é agraciada com 60 livros Cel Wilson é homenageado no dia do Magistério do Exército Seção recebe reforço docente para a cadeira de Desenho Subseção de Desenho inicia os trabalhos de Monitoria para 2008 Subseção de Matemática inicia os Plantões de Dúvidas do ano Seção participa das comemorações do Dia da Vitória na 11º BDA INF L Passagem de Chefia da Seção de Ciências Matemáticas IV Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Aprendendo cônicas por meio de construções geométricas no PAN Seção de Ciências Matemáticas participa de visita à AMAN IV Desafio Militar EsPCEx 2008: Matemática e Instrução Militar I Congresso de Ciências Militares 2008 na EsAO Reunião da SBPC na UNICAMP: energia, tecnologia e ambiente Seção participa de visita ao centro experimental de ARAMAR Ex-pracinha Campineiro é entrevistado por alunos para TI IV Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Artigos A Educação Matemática da EsPCEx: reflexões, avanços e perspectivas - Wilson Roberto Rodrigues e Jefferson Biajone 7 8 9 9 10 11 12 13 13 15 18 21 22 23 23 24 25 26 O Ensino do Desenho na EsPCEx: evoluções, caminhos e impasses - Maria Salute Rossi Luchetti 31 Reflexos da Informática no Ensino e Aprendizagem da Matemática no Colégio Naval - Mauro José dos Santos Flora, Carlos Alberto da Silva Victor, Luiz Amorim Goulart e Aureni Silva Magalhães Marvila 36 Aplicação do Teste t para proporções: um estudo de caso de lóbulos de orelha com alunos da EPCAr - Paulo César Moraes Ribeiro e Lidiângela Dias Villar 39 Missão Cumprida! 44 Homenagem ao Major QCO R/1 Clóvis Antônio de Lima - Jefferson Biajone Personalidades matemáticas no mundo militar 45 Roberto Trompowski Leitão de Almeida: Professor de Matemática do Império e da República - Eduardo Gonçalves da Silva 3 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Apresentação As constantes alterações por que passam as sociedades têm exigido das instituições educacionais um constante repensar de suas práticas pedagógicas frente aos questionamentos e desafios que surgem. Em nível médio de ensino, às portas da formação em nível superior, os reflexos dessas alterações tornam-se cada vez mais evidentes e concretos. A atualidade permeada de demandas tem demonstrado que ao jovem egresso do Ensino Médio não cabe apenas uma sólida formação intelectual, mas um preparo para o exercício competente de uma cidadania fundamentada em valores e atitudes, de respeito à diversidade e às constantes evoluções que irão exigir dele um eterno aprender a ser, fazer, conviver e, sobretudo, conhecer. As escolas militares de Ensino Médio das Forças Armadas brasileiras, conscientes do seu papel na formação dos jovens militares sob suas auspicies, se encontram, assim como as suas instituições congêneres no meio civil, inseridas no presente contexto de incertezas educacionais, de revisão de práticas, de questionamentos de pedagogias e de papéis na formação do educando. A Matemática, enquanto saber instrumental para o conhecer e lidar com o entorno natural, social, cultural, econômico, político e tecnológico que constituem o lócus de exercício da cidadania, talvez nunca tenha assumido maior relevância para esse exercício do que nos dias atuais, se encararmos o fato de que no atual contexto de produção e difusão informacional sem precedentes, sociedades regulam a vida de seus cidadãos por meio de dados e indicadores numéricos que influenciam decisões as quais, muitas vezes, são “consumidas” indiscriminada e passivamente, sem uma prévia depuração, levando o seu consumidor – o cidadão comum – a interpretações que podem muitas vezes não corresponder à realidade. Para essas e outras razões, a Educação Matemática consolidou-se enquanto campo científico de investigação do processo de ensino e aprendizagem da Matemática tendo em vista as possibilidades e potencialidades desse saber para com a formação integral do cidadão. Nas escolas de formação de Ensino Médio das Forças Armadas de nosso país, a Educação Matemática por elas fomentada encontra-se compromissada com a formação de seus jovens alunos para a cidadania, sob o viés da especificidade do preparo para oficialato que eles exercerão em suas respectivas forças. A Revista SecMat: Educação Matemática Militar em Revista, traz no seu bojo a intenção de demonstrar este compromisso, ao congregar no seu segundo número, artigos sobre o tema da Educação Matemática Militar nas três escolas de Ensino Médio Militar das Forças Armadas de nosso país. Uma boa leitura! Jefferson Biajone, 2º Ten OTT Diretor da Revista SecMat: Educação Matemática Militar em Revista 4 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Editorial Cléo Jonas Cezimbra Lage (*) Chefe da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx Entendo que os professores de Matemática, enquanto educadores matemáticos, têm como principal missão desenvolver o raciocínio lógico, na intenção de colaborar na interdisciplinaridade, bem como dar prontidão e acompanhamento à rapidez das transformações sociais e tecnológicas em curso. No seu segundo número e ano de existência, a revista SecMat: Educação Matemática em Revista, objetiva tornar público a participação da Seção de Ciências Matemáticas da Escola Preparatória de Cadetes do Exército nas atividades que se envolveu ao longo do ano letivo de 2008. Mais do que um retrospecto das atividades, eventos, missões e participações vivenciadas pela Seção, a revista SecMat demonstrou sua outra vocação: uma publicação da produção intelectual daqueles que a compõem, seus professores. Neste número dois da revista, podemos afirmar que o seu escopo está sendo deveras engrandecido com a colaboração de articulistas de seções de Matemática congêneres à nossa nas escolas de Ensino Médio Militar das outras forças armadas – a Escola Preparatória de Cadetes do Ar e o Colégio Naval. É com profundo sentimento de gratidão que reconheço o desprendimento que estas escolas militares tiveram em colaborar com seus artigos para esta edição pioneira e histórica que constitui o segundo número dessa revista. Nos cinco artigos que ora apresentamos, dois são da Seção de Matemática da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, um da autoria do coronel tenente Wilson e do segundo- Biajone, resgatando os últimos vinte anos de ensino da Matemática na escola. O outro artigo é da professora Maria Salute, que lança um olhar sobre o ensino de Desenho, suas possibilidades e desafios. A Seção de Matemática do Colégio Naval, na autoria dos professores Mauro, Carlos Alberto, Aureni e Luiz Amorim, discute o impacto da informatização no ensino da Matemática e, a Seção de Matemática da Escola Preparatória de Cadetes do Ar nos contempla com um artigo dos professores Paulo César e Lidiângela, referente ao trabalho interdisciplinar entre Matemática e Biologia, sobre interessante aplicação de testes probabilísticos. A revista nos fornece a grata satisfação de ainda apresentar uma homenagem pela missão cumprida a um dos ex-professores da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx, 5 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 o major Clóvis, que recentemente ingressou na reserva, após 17 anos dedicados à educação matemática do futuro cadete de Caxias. Por fim, um quinto e último artigo, ilustrando a seção “personalidades matemáticas do mundo militar” do aluno Eduardo Silva, da EsPCEx, que num esforço para fazer representar a razão de ser da Seção de Ciências Matemáticas nesta escola, produziu brilhante artigo sobre o insigne professor de Matemática do Império e da República, o Marechal Trompowski, patrono – pelos seus feitos na Educação – do Magistério do Exército Brasileiro. A maior expectativa da publicação desta revista é alcançar a aceitação de seu conteúdo por aqueles que nos honrarem com sua atenção e leitura. Desde já, faz-se oportuno agradecer àqueles que foram os nossos mais sinceros colaboradores. Dentre eles, ressalto, em especial, a chefia da Divisão de Ensino da EsPCEx, a qual soube durante todos os momentos motivar, compreender e propiciar os meios que tornaram possível esta publicação. Às respectivas Divisões de Ensino do Colégio Naval e da EPCAr, por terem pressurosamente acolhido o convite de participar desta publicação por intermédio de seus professores e a todos aqueles que direta e/ou indiretamente tiveram parte na concretização deste empreendimento. BRASIL ACIMA DE TUDO! (*) O Coronel do serviço de Intendência Ref Cléo Jonas Cezimbra Lage foi aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Graduou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1965 e na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 1978. É Bacharel em Administração de Empresas pelas Faculdades Machado Sobrinho de Juiz de Fora (1972), licenciado em Ciências pela CES de Juiz de Fora (1975) e Matemática pela PUCCAMP (1990). Desde 2008, como oficial PTTC, é professor da subseção de Matemática e o atual chefe da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx. 6 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Retrospectiva 2008 da Seção de Ciências Matemáticas No sítio da Seção de Ciências Matemáticas na intranet da EsPCEx, foram disponibilizados, ao longo deste ano, notícias referentes às atividades que a seção promoveu, para as quais contribuiu e nas quais esteve presente. Pela profusão de notícias, eventos, missões e encontros, 2008 provou ser um ano profícuo para a seção e, por conseguinte, para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército. As notícias que seguem atestam esta percepção e servem de resgate histórico dos acontecimentos vividos, estando estes organizados em ordem cronológica crescente, retirados que foram do sítio oficial da Seção na intranet da escola. III OBMEP 07: Biblioteca da EsPCEx é agraciada com 60 livros Acervo bibliográfico da EsPCEx recebe reforço em obras de Matemática O Excelente resultado obtido pela equipe da EsPCEx na III Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas em 2007 logrou à biblioteca Guilherme de Almeida o recebimento de sessenta livros de Matemática, os quais versam desde o ensino da disciplina até curiosidades, atividades e jogos. Além da premiação recebida pela Biblioteca, o Comando da EsPCEx recebeu um cartão de felicitações do Comandante da AMAN, ressaltando o brilho da vitória alcançada pelos jovens premiados. Para os oficiais orientadores da equipe da EsPCEx, Ten Sandro e Ten Biajone, os excelentes resultados obtidos na III OBMEP refletiram o nível da formação, a garra e o comprometimento destes alunos que deram, sem sombra de dúvida, o melhor de si para representarem sua escola e registrarem o nome dela no rol das melhores instituições de Ensino Médio público do país na educação matemática que propicia. A Seção de Ciências Matemáticas saúda e parabeniza estes alunos - muito em breve cadetes de Caxias - vencedores da III Olimpíada de Matemáticas das Escolas Públicas em 2007. 7 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 A vitória da EsPCEx na III OBMEP no NE de Nº 10.502 de 30 de Agosto de 2008 Cel Wilson é homenageado no dia do Magistério do Exército Professor da Seção de Matemática é elogiado no dia do Magistério No encarte à Edição do Noticiário do Exército de Nº 10.455, de 8 de fevereiro de 2008, saiu nota alusiva ao dia do Magistério do Exército, elogiando os docentes que mais se destacaram nos Colégios Militares e na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, estabelecimentos de Ensino Médio do Exército Brasileiro. Na plêiade de professores homenageados, encontra-se o Cel R/1 PTTC Wilson Roberto Rodrigues, professor de Desenho e chefe em exercício da Seção de Ciências Matemáticas. Parabéns, Cel Wilson! Sua dedicação ao longo de todos esses anos tem sido de valor inestimável para a Educação Matemática do futuro Cadete de Caxias. 8 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Seção recebe reforço docente para a cadeira de Desenho A primeira professora militar a integrar a Seção de Ciências Matemáticas Na quarta-feira do dia 16 de Abril de 2008, o corpo docente da Seção de Ciências Matemáticas deu as boas vindas à sua mais nova integrante: a Aspirante-a-Oficial OTT Aline Marques Martins, proveniente do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, onde concluiu com aproveitamento o Estágio de Serviço Técnico, sendo dali classificada para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Natural de São Caetano do Sul, SP, a Asp Aline Marques é bacharel e licenciada em Matemática pela Universidade do Grande ABC. Sua chegada na Seção de Ciências Matemáticas constitui um marco histórico: trata-se da primeira militar do sexo feminino a integrar o corpo docente da Seção desde a fundação da EsPCEx e, ao lado das professoras Lúci (1993 - primeira professora civil de Matemática da EsPCEx), Maria Salute (2000 - primeira professora civil de Desenho da EsPCEx), Marina (2004) e Therezinha (2007), vem a engrossar as fileiras das mulheres no ensino de uma área do saber humano que, dentro e fora da Força, costumava ser predominantemente praticada pelo segmento masculino. Como nas demais profissões, a mulher vem ganhando espaço pela sua competência, altivez, compromisso e reconhecida dedicação. Seja bem vinda Asp Aline Marques à Escola que nasceu para vencer! Subseção de Desenho inicia os trabalhos de Monitoria para 2008 Os trabalhos de acompanhamento para 2008 iniciaram-se na cadeira de Desenho Assim como em 2007, quando a Seção de Ciências Matemáticas propôs métodos de integrar conhecimento entre alunos, a monitoria para 2008 seguiu as mesmas propostas pedagógicas, que por sua vez atingiram os objetivos em dois campos de atuação do ensino militar: a área cognitiva e a afetiva. Realizado no dia 23 de abril de 2008 às 19h30, a recuperação de Desenho referente à segunda questão da PFI1 (Prova Formal Intermediária do primeiro semestre) foi coordenada pelos professores da subseção de Desenho, Cel Wilson, Cap Samuel e Asp Aline Marques, e fundamentou-se nas ações metodológicas por monitoria, entre alunos que se destacaram na disciplina e aqueles que necessitavam da recuperação para suplementar seus conhecimentos. Paralelo a estas ações, a camaradagem e a cooperação foram os principais atributos observados pelos professores e postos em prática pelos monitores voluntários. Os alunos de recuperação tiveram a oportunidade de compreender o conteúdo de forma mais significativa e facilitadora, preenchendo assim, lacunas deixadas nas aulas regulares que não foram observadas pelos professores. 9 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 O conteúdo programático para a realização das tarefas são aqueles que os professores da subseção julgam ser os mais importantes do PLADIS, ou seja, aqueles que fazem parte do CORE. No caso específico desta atividade, os conteúdos foram paralelismo, perpendicularismo, transporte de ângulos e segmentos proporcionais. Após a realização da primeira parte da recuperação, os alunos monitores deram por encerrada suas atividades de monitoria, sendo logo após isto, realizada a prova de recuperação, em que se buscou avaliar os assuntos relativos à primeira unidade didática do PLADIS (paralelismo, perpendicularismo, transporte de ângulos e segmentos proporcionais. O resultado foi satisfatório e atendeu as expectativas dos professores de Desenho, e todos os alunos de recuperação atingiram o objetivo - recuperar o conhecimento e a compreensão dos assuntos supracitados, que serão requisitos para a primeira Prova Formativa Periódica. A Seção de Ciências Matemáticas, na sua cadeira de Desenho, parabeniza a todos os alunos que participaram desta atividade. Subseção de Matemática inicia os Plantões de Dúvidas do ano O plantão de dúvidas da Matemática teve maciça participação de voluntários 10 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 A subseção de Matemática iniciou em 28 de Abril seu tradicional trabalho de Plantão de Dúvidas com o Corpo de Alunos, contando com a participação de alunos plantonistas voluntários, de forma a ajudar os colegas que se encontram em recuperação na disciplina de Matemática, que estão com dificuldades de aprendizagem na matéria, que têm dúvidas ou ainda aqueles que almejam aprofundar seus estudos nos conteúdos lecionados em sala. Sob a coordenação do Ten Biajone e da Profa. Therezinha, o Plantão de Dúvidas contará este ano com equipes de três alunos monitores de cada um dos quinze pelotões, em sistema de rodízio, de forma que todos tenham a oportunidade de participar do esforço de ajuda aos colegas, e ao mesmo tempo, evidenciar os futuros chefes militares com pendor para a instrução e o magistério. SecMat participa de celebração do Dia da Vitória na 11º BDA INFL SecMat prestigiou a formatura alusiva ao final da II Guerra Mundial A 8 de Maio de 1945 chegava ao fim a II Grande Guerra Mundial. O Brasil, que participou neste conflito por intermédio da sua Força Expedicionária Brasileira, comemora todos os anos o significado desta data para a preservação da liberdade e da democracia em todo o mundo. Em Campinas, as comemorações do Dia da Vitória aconteceram na sede da 11º Brigada de Infantaria Leve (GLO), cujo comandante, Gen Bda Francisco Carlos Modesto, recepcionou os pracinhas de Campinas que compareceram ao evento, oferecendo-lhes um café da manhã colonial, para logo em seguida prestigiarem uma formatura alusiva àquela importante data. A Seção de Ciências Matemáticas esteve presente, nas pessoas do Cap Samuel e do Ten Biajone, a convite da Associação dos Expedicionários Campineiros (AExpCamp), organização que cuja missão é manter viva a memória do pracinha campineiro, seus feitos, sua história e seu legado para as gerações futuras. Mantendo aceso o cachimbo da vitória! http://aexpcamp.vilabol.uol.com.br 11 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Passagem de Chefia da Seção de Ciências Matemáticas Cel Wilson se despede da chefia da seção, assumindo o Cel Lage. Em 1º de Maio de 2008, após a apresentação dos oficiais PTTC recém-chegados à escola, seguiu-se na Seção de Ciências Matemáticas uma cerimônia simples de passagem de chefia da Seção. Cel R/1 PTTC do Quadro de Engenheiros Militares Wilson Rodrigues, ladeado pelos seus oficiais e professores civis da seção, recepcionam o Cel R/1 PTTC do Serviço de Intendência Cléo Jonas Cezimbra Lage. O Cel Wilson deixa a chefia da Seção após estar à frente da mesma em várias ocasiões nos 15 anos de serviços prestados à EsPCEx, passando agora a chefiar a Subseção de Desenho. O Cel Lage, seu substituto, também retorna à cátedra da Matemática na EsPCEx, magistério que exerceu dos anos de 1986 a 1991. A Seção de Ciências Matemáticas dá as boas vindas pelo retorno do Cel Lage aos seus quadros e, sob a sua liderança, continua na missão de educar matematicamente o futuro Cadete de Caxias para os desafios quantitativos que a Academia Militar das Agulhas Negras irá lhe oferecer. Por ocasião da assunção do Cel Lage à chefia da SecMat, dois outros Coronéis R/1 PTTC também foram apresentados e passaram a integrar o quadro docente da Seção: o Coronel do Quadro de Material Bélico José Sérgio Teixeira Pinto e o Tenente Coronel de Infantaria Antonio Carlos Baptista Thomé. Coronéis Lage, Teixeira e Thomé O Cel Teixeira foi professor de Desenho de EsPCEX de 1997 a 2001 e o TC Thomé de 1993 a 2004. Ambos já chefiaram a Divisão de Ensino da escola e o retorno deles à SecMat vem a reforçar o quadro docente da Seção que lhes dá boas vindas e lhes deseja um período profícuo de trabalho. 12 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 IV Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas As datas das provas estão confirmadas. Neste ano de 2008, a Seção de Ciências Matemáticas almeja dar prosseguimento aos excelentes resultados obtidos na edição anterior da Olimpíada, na qual, em 2007, a EsPCEx obteve o 4º e o 5º lugares no Brasil, além de várias medalhas de ouro, prata, bronze, bolsas de estudos e menções honrosas. Sob a orientação do Ten Sandro e do Ten Biajone, a equipe da escola deste ano será constituída por alunos voluntários que participarão das provas da 1º fase da IV OBMEP 2008, prevista para o dia 26 de agosto. Os melhores resultados obtidos nesta primeira fase serão os indicados para compor a equipe que realizará a segunda e última fase, no dia 8 de novembro. Este ano voluntariam-se 119 alunos, 25% do efetivo do CA. Alunos, é chegada a hora de lutar pela escola que nasceu para vencer! Ensino de cônicas por meio de construções no PAN Uma proposta de abordagem alternativa de ensino do conteúdo de Cônicas No entendimento que a aprendizagem não podem vir dissociada da exploração do objeto do conhecimento pelo sujeito cognoscente, a Seção de Ciências Matemáticas, na sua cadeira de Matemática, desenvolveu o conteúdo Cônicas por intermédio da construção dos diversos lugares geométricos de maneira prática, com a utilização de materiais simples, de forma a maximizar o processo construtivo e, por meio dele, a aprendizagem discente. Diferentemente da abordagem tradicional do conteúdo apresentado na lousa para a partir desta, focar na resolução de exercícios, a atividade proposta ao ar livre, em porção do Pátio das Agulhas Negras (PAN), permitiu a inversão daquele paradigma de ensino da Matemática: posicionou-se o aluno na condição de protagonista do seu aprendizado, em particular, do conteúdo de cônicas, na elaboração de lugares geométricos da circunferência, elipse e hipérbole. Munidos de uma corda, folhas para demarcação dos pontos notáveis e eixos das seções cônicas, um CD e rolos de papel higiênico, dois alunos voluntários posicionaramse enquanto focos da elipse a ser construída, segurando cada qual a extremidade da corda. 13 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Um quarto aluno, portando rolo de papel higiênico, ficou responsável pela demarcação da trajetória percorrida pelo aluno ponto, de forma a evidenciar o conceito de elipse: conjunto de pontos cuja soma das distâncias aos dois focos é sempre uma constante. O CD através do seu furo central, permitiu com que o aluno ponto se movimentasse ao redor dos dois alunos focos, podendo fazê-lo ora acelerando, ora reduzindo o passo, de forma a caracterizar a trajetória elíptica, alguns conceitos físicos envolvidos e a questão da excentricidade. O trabalho realizado com a construção da circunferência seguiu processo similar, no qual pela aproximação dos focos da elipse, discutiu-se o conceito de excentricidade e ao coincidirem-se estes mesmos focos, exibiu-se a circunferência. 14 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Na construção da cônica hipérbole, optou-se por fazê-lo a partir da desmontagem da elipse por retas perpediculares passando pelos seus focos, apresentando na discussão que se seguiu os conceitos e elementos principais da hipérbole, em comparação com os da elipse. Visto do alto de uma das sacadas que dá acesso ao PAN, as seções cônicas da elipse e da hipérbole assim ficaram e a partir do trabalho realizado no campo, a sistematização do conhecimento adquirido ficou bem mais contextualizada para se efetivar em sala de aula. Seção de Ciências Matemáticas participa de visita à AMAN A caminho da AMAN, o Corpo de Alunos visita outras unidades do EB Na manhã de 4 de Junho de 2008, o Corpo de Alunos da EsPCEx deslocou-se para a sua anual visita à Academia Militar das Agulhas Negras. Neste ano, a ida à AMAN incluiu a visita a unidades do Exército sediadas no vale do Paraíba. Foram visitados o 2º Batalhão de Engenharia de Combate - Batalhão Borba Gato - duas Companhias de Engenharia de Combate e o Depósito de Material de Pontes, todos sediados na interiorana cidade de Pindamonhagaba, SP. Tanto no Batalhão, quanto nas companhias, a recepção dos alunos foi calorosa e contou com a apresentação de palestras sobre a carreira do oficial de engenharia de combate ministrada por militares das unidades. Outros aspectos do trabalho da 15 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 engenharia no âmbito do Exército Brasileiro também foram ressaltados nas visitas e quando da ida do CA ao Depósito de Material de Pontes, uma ponte do tipo passadeira, apoiada por meio-pontões, foi construída ligando duas margens do rio frente ao depósito. Durante a montagem, os soldados, ainda que com poucos meses de incorporação no Exército, demonstraram alto grau de operacionalidade e sinergia no manuseio do material de forma que, em pouco tempo, a passadeira estava concluída e alguns alunos voluntários, portando salva-vidas, puderam testar a funcionalidade da mesma atravessando-a de uma margem à outra. Na parte da tarde desse mesmo dia, o CA deslocou-se para Taubaté, a fim de visitar a Base de Aviação do Exército sediada naquela cidade. Em pelotões, os alunos visitaram o 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx), o Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército (BMSAvEx) e o Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx). Nestas diferentes unidades, os alunos foram apresentados à Aviação do Exército, suas aeronaves, meios, recursos e pessoal. Puderam, ao longo das demonstrações oferecidas, conhecer as especificidades do serviço da aviação, da carreira dos oficiais e sargentos daquele segmento operacional da Força e conhecer de perto a importância da manutenção constante e meticulosa que os helicópteros passam para que possam estar em condições operacionais de vôo. A visita chegou ao seu termo no final da tarde, no Centro de Aviação do Exército, quando os alunos conheceram os softwares de ensino desenvolvidos pelo pessoal do 16 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 centro, o simulador de vôo para pilotos e o trabalho ali realizado na seleção, formação e especialização de sargentos e oficiais para as diversas missões da Aviação do Exército. A Seção de Ciências Matemáticas e a Seção de Ciências Naturais da EsPCEx, representadas pelo Ten Biajone e Ten Fidelis, acompanharam o CA nas visitas às Organizações Militares de Pindamonhagada e Taubaté e puderam junto dos alunos enriquecer seus conhecimentos sobre as diversas vertentes de operacionalidade da Força Terrestre, o que, sem dúvida, pode se tornar útil na contextualização do ensino/aprendizagem em sala de aula e servir de subsídio para fomentar a motivação ao futuro Cadete de Caxias para a carreira das Armas. A chegada na AMAN se deu na noite do mesmo dia 4, onde sob a espessa neblina que pairava no Pátio Marechal Mascarenhas de Morais, o CA foi recebido e apresentado ao Comandante do Curso Básico, sendo alojado nas dependências da Academia a fim de, no dia seguinte, iniciar os trabalhos de visita àquela instituição de Ensino Superior do Exército Brasileiro. Na manhã do dia 5, a Divisão de Ensino da EsPCEx reuniu-se com a Divisão de Ensino da AMAN, no seu anual encontro para trocas de experiências e ajustes de PLADIS intra-seções de ensino. Representando a Seção, o Ten Biajone e a Asp Aline Marques participaram do diálogo que a EsPCEx realizou com a AMAN por intermédio de suas divisões de ensino e, no que competiu às disciplinas de Matemática e Desenho, puderam reforçar os laços de reciprocidade e cooperação mútua no que cabe à educação matemática do Aluno na sua formação, transição e ingresso na Academia. Professores de Matemática da AMAN e da EsPCEx: parceria educacional 17 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 IV Desafio Militar EsPCEx 2008: Matemática e Instrução Militar A missão interdisciplinou Geometria Analítica e rudimentos de Topografia Militar Ocorrido na sexta-feira do dia 13 de junho de 2008, o Desafio Militar EsPCEx contou, nesta sua quarta edição, com a concatenação dos esforços do Corpo de Alunos e a Divisão de Ensino nas suas várias seções e subseções. Tal como nas versões anteriores, o nível de complexidade das tarefas e atividades propostas aos quinze pelotões foi diversificado e interdisciplinar, com subseções de ensino propondo desafios em comum. Ao final do dia, o evento foi coroado com a vivência do tradicional churrasco de confraternização na atividade do fogo de chão. A missão proposta pela Seção de Ciências Matemáticas para este Desafio Militar foi simples: encontrar no mapa do teatro de operações a localização onde munição, armamento e posição de tiro estariam para se efetuar o disparo que abateria uma torre inimiga de transmissão de energia. A missão, porém, só seria iniciada após a solução de um enigma, entregue às patrulhas no ponto de partida do Desafio Militar, no Pátio das Agulhas Negras: Três vezes ao dia, sete dias por semana, dão 21 vezes que este local é freqüentado pelo CA. Se multiplicado pelo número 30, tem-se que em um mês há 630 entradas neste local. Tomando-se por base que o ano de instrução do CA é de aproximadamente 10 meses chega-se ao número de 6300 entradas que se multiplicado pelo número de clientes que o referido local recebe a cada acesso, perfazeria um total de 3.150.000 acessos por ano de instrução em que suprimentos de Classe 1 de Intendência são consumidos. Dirija-se para este local e receba sua missão. EXECUÇÃO! A solução do enigma, que direcionava a patrulha para o Rancho dos Alunos, dava início à missão proposta pela SecMat, que se desdobrou em duas fases. Na primeira fase, a patrulha teria de utilizar de seus conhecimentos de Geometria Analítica para encontrar pontos em mapa da EsPCEx. Junto destes mapas, havia papéis manteiga com eixos cartesianos demarcados em centímetros à disposição das patrulhas para que os cálculos pudessem ser realizados. Três rotas, (A, B e C), foram oferecidas, de tal forma que os pontos encontrados no mapa não conflitassem e que os fluxos das quinze patrulhas a serem recepcionadas pudessem seguir os diferentes destinos. Independente da rota, os cálculos realizados pela patrulha apontariam quatro pares ordenados, cujas coordenadas plotadas no mapa da escola forneceriam a posição exata da localização do cunhete de munição (P1), da metralhadora MAG (P2), da posição de tiro (P3) e do alvo a ser alvejado pela metralhadora (P4). Os cálculos realizados envolveram conteúdos de Geometria Analítica ministrados no primeiro semestre letivo em Matemática, a saber: pontos, retas, circunferências, intersecção de retas e circunferências, parábolas, elipses e hipérboles. 18 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Os professores da Seção de Ciências Matemáticas estiveram presentes durante o desenvolvimento desta primeira fase, acompanhando a resolução dos cálculos e a plotagem correta dos pares ordenados no papel manteiga, que sobreposto ao mapa, daria a localização dos pontos necessários para o cumprimento da missão. De posse das coordenadas das posições, a patrulha os transcrevia no pronto das fases da missão, documento o qual deveria a patrulha trazer consigo durante todo o deslocamento a ser efetuado e entregue ao oficial das forças aliadas quando da destruição do alvo. Deixando o rancho e em direção ao ponto (P1), a patrulha recebia do militar das forças aliadas o cunhete de munição e, dali, dirigia-se para o ponto (P2) onde teria acesso à metralhadora MAG... 19 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 ... que somente seria entregue se a patrulha decodificasse uma mensagem em código morse. Se a decodificação e tradução da mensagem para o Português forem as corretas (pois a mensagem decodificada estava em Latim) a patrulha receberia a metralhadora e partiria para o próximo ponto. Caso contrário, se errasse na decodificação ou não soubesse a tradução, seria punida com acréscimo de tempo e algumas flexões para reavivar as correntes elétricas entre as sinapses. Uma vez de posse do cunhete e da metralhadora, o destino seria o ponto (P3) onde a patrulha encontraria o ponto de realização do disparo. O oficial das forças aliadas que lá encontrassem receberia o pronto das fases da missão e orientaria a patrulha no encaixe da metralhadora no tripé e... ...por fim, acompanharia a patrulha na tomada da linha de mira e de visada em relação ao alvo cuja posição corresponderia ao ponto (P4). Estas linhas seriam então conferidas pelo oficial das forças aliadas e se corretas na direção do alvo, o disparo poderia ser realizado com êxito e a missão estaria cumprida. 20 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Como nas edições anteriores do DM EsPCEx em que a Seção de Ciências Matemáticas participou, atributos da área afetiva dos alunos puderam ser evidenciados durante o cumprimento da missão, salientando-se: liderança por parte dos chefes da patrulha; cooperação por parte de cada integrante no cumprimento da missão, seja nos deslocamentos, no carregamento das munições e do armamento; disciplina para ouvir um ao outro, obedecer as instruções do oficial de ligação, do chefe da patrulha; meticulosidade e raciocínio para apreciar/avaliar/solucionar a dificuldade do desafio; adaptabilidade para enfrentar os obstáculos encontrados e suplantá-los e decisão para tomar a atitude correta em face aos meios oferecidos e à crescente passagem do tempo, sempre na contramão do deslocamento da patrulha. Por fim, cabe ressaltar que a integração da Seção de Ciências Matemáticas com a Divisão de Ensino, a Divisão Administrativa e o Estado Maior do Corpo de Alunos, foi o que tornou possível a realização da missão proposta, pois não somente os meios (seis metralhadoras e cunhetes, barracas e viatura), mas o pessoal empregado (16 militares e professores da escola e do 28º BIL) foram resultantes da concatenação dos esforços destas instâncias, a qual, sem sombra de dúvida, reflete o espírito de trabalho em equipe em prol da formação do aluno que tem caracterizado a atividade do Desafio Militar EsPCEx desde a sua primeira edição em 2007. I Congresso de Ciências Militares 2008 Seção participou de congresso sobre operações militares e meio ambiente na EsAO Ocorrido na semana de 07 a 11 de Julho de 2008, o I Congresso de Ciências Militares foi o primeiro de uma série de congressos anuais que o Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército Brasileiro propôs nas suas diretrizes visando a integração entre conhecimentos e práticas militares e civis nas mais variadas áreas de interesse das FFAA: Defesa, Estratégia, Segurança Nacional, Ciências Militares, Educação, Cultura e Meio Ambiente. O tema deste primeiro congresso, Operações Militares e Meio Ambiente, teve o propósito de estimular a reflexão sobre assuntos da atualidade, com enfoque específico na condução do adestramento militar, das atividades militares em tempo de paz, das operações militares em tempo de guerra e dos empreendimentos governamentais 21 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 conduzidos sob a responsabilidade das Forças Armadas, observando-se a gestão do meio ambiente e a educação ambiental em suas relações com a sociedade. Durante o congresso, painéis e comunicações foram apresentados e debatidos por militares, representantes de órgãos públicos e do meio acadêmico. Militares do CFN, da EsPCEx, da PMERJ e da 11º Bda Inf L durante o congresso A EsPCEx, assim como a ECEME, AMAN. EsAEx, EsSA e Colégios Militares, esteve presente no evento, sendo representada por um dos professores da Seção de Ciências Matemáticas, o Ten Biajone. Além daqueles EE do Exército, representações da Marinha do Brasil, Fuzileiros Navais, FAB e Polícias Militares prestigiaram o congresso nos seus cinco dias de desenvolvimento e realizaram cursos em Educação Ambiental, Gestão de Resíduos, Gestão de Resíduos Hospitalares e Justiça Ambiental. Sediado que foi na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, no Rio de Janeiro, o I Congresso de Ciências Militares congregou 351 militares e 201 civis, de 22 estados da união e de todas as regiões do país e, quando do seu encerramento, foi anunciado o II Congresso de Ciências Militares, a ocorrer de 6 a 11 de Julho de 2009, na Escola de Comando e Estado Maior do Exército, versando sobre o tema "Defesa Nacional e o Mundo Contemporâneo". Até lá! Reunião da SBPC na UNICAMP: energia, tecnologia e ambiente SecMat e SecNat acompanham alunos à 60º edição do evento Ocorrida na semana de 13 a 18 de Julho de 2008, a 60º Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência teve como seu local de realização a Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. O tema da reunião deste importante órgão científico brasileiro para 2008 foi Energia, Ambiente e Tecnologia e contou com a representação de vários setores da sociedade acadêmica e cultural do país e também do exterior. Uma das discussões que alcançou maior relevo pelo evento foi sobre a Amazônia, onde ficou evidenciado que o conhecimento é o principal aliado para defender a Amazônia e a biodiversidade em geral. A Escola Preparatória de Cadetes do Exército esteve presente nos alunos voluntários que enviou para conhecer o evento e 22 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 se inteirarem das novidades e realizações nas mais variadas áreas do saber humano que ali foram divulgadas. Professores das Seções de Ciências Matemáticas e Ciências Naturais acompanharam os alunos na visita à SBPC e puderam constatar em loco o potencial e a diversidade científica que o Brasil possui, bem como o entusiasmo dos alunos frente às inovações tecnológicas encontradas. Seção participa de visita ao centro experimental de ARAMAR Centro da Marinha é referência nacional em pesquisas nucleares A 11 de Agosto do corrente, uma comitiva da EsPCEx visita o centro experimental de ARAMAR, na interiorana cidade de Iperó, SP. O centro de ARAMAR trata-se de órgão da Marinha do Brasil responsável pelo desenvolvimento de pesquisas nucleares no seio daquela força. Em suas instalações, funciona o Laboratório de Enriquecimento Isotópico e a Usina de Demonstração de Enriquecimento (USIDE), onde são realizados os testes de enriquecimento de urânio. A comitiva da EsPCEx visitou as instalações e pode conhecer de perto estes testes. Detalhes de algumas das instalações da ARAMAR A Seção de Ciências Matemáticas, representada por dois de seus professores, o Ten Biajone e a Asp Aline Marques, bem como militares de outras divisões da EsPCEx acompanharam a comitiva na visita ao centro de excelência de pesquisa da Marinha, e puderam conhecer de perto o real significado de seu lema: " Tecnologia Própria é independência! " Ex-pracinha campineiro é entrevistado por alunos para TI Alunos e professor da Seção entrevistam ex-integrante campineiro da FEB Na tarde da sexta-feira de 15 de Agosto de 2008, o Sr. Justino Alfredo, Tenente R/1 e ex-pracinha da Força Expedicionária Brasileira, recebeu em sua residência os alunos Alex Mendonça, Amaro, Daniel Batista e Santos Soares, desejosos que estavam em entrevistá-lo objetivando aprender sobre a participação dos brasileiros na II Guerra Mundial, tema do trabalho interdisciplinar por eles em desenvolvimento e coordenado por um dos professores da Seção de Ciências Matemáticas, o Ten 23 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Biajone que, por intermédio da Associação dos Expedicionários de Campinas, tornou possível a realização da entrevista para que o TI dos alunos obtivesse este diferencial nos dados que levantariam. Recebidos calorosamente pelo ex-pracinha e seus familiares, o grupo sentiu-se à vontade para mais ouvir do que indagar aquele distinto cidadão campineiro de origem humilde e de impressionante memória, que não poupou palavras para descrever os fatos que vivenciou nos campos da Itália com enorme lucidez, perspicácia e excelente bom humor, nos seus quase 88 anos. O ST Alonso Bicalho, responsável pelo estúdio fotográfico da EsPCEx, acompanhou o grupo, realizando a filmagem da entrevista, que se tornou notícia no site da Associação dos Expedicionários Campineiros. Após a sua edição, a entrevista será gravada em DVD e doada ao Sr. Justino Alfredo como forma de agradecimento da EsPCEx ao exemplo de vida e aos aprendizados por ele propiciados aos alunos. IV Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Os resultados da primeira fase saíram. A EsPCEx segue adiante para a segunda Aproximadamente 121 alunos voluntários participaram neste dia 26 de agosto de 2008 da prova da primeira fase da IV OBMEP 2008. Segundo o Ten Sandro, os resultados foram positivos, destacando o desempenho do Aluno Daniel Inácio, do 6º Pelotão, que gabaritou as vinte questões propostas pela prova. Confira nos quadros de aviso o gabarito oficial dos 25 alunos convocados para a segunda fase da IV OBMEP que ocorrerá em 8 de Novembro de 2008. A Seção de Ciências Matemáticas parabeniza todos os alunos que participaram e seus respectivos professores pelos excelentes resultados uma vez mais alcançados. EsPCEx: nascestes para vencer! 24 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Artigos Temática: Educação Matemática nas Escolas de Ensino Médio Militar do Brasil Atendendo ao convite da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx, o Colégio Naval e a Escola Preparatória de Cadetes do Ar contribuíram com artigos escritos por professores de suas respectivas seções de Matemática. É, portanto, com enorme satisfação que a Revista SecMat traz à lume textos das três escolas de Ensino Médio Militar do Brasil compreendendo olhares sobre o ensino e aprendizagem da Matemática nestas tradicionais casas de ensino de nossas Forças Armadas. 25 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 A Educação Matemática da EsPCEx: Reflexões, Avanços e Perspectivas Wilson Roberto Rodrigues (*) Jefferson Biajone (**) Introdução O final da década de 1980 e particularmente a década de 1990, foram bastante significativos para a História da EsPCEx. Nesse período a Escola passou por profundas mudanças, com destaque para a reestruturação do curso, com a redução de três para um ano e a criação do Quadro Complementar de Oficiais, que mudou de certa maneira o perfil do professor militar nos Estabelecimentos de Ensino. Também data dessa época o início das ações voltadas para a modernização do ensino no Exército, com grande impacto sobre as práticas educativas na Escola. O Ensino de Matemática e Desenho recebeu influência de todos esses fatores, que somados a outros, externos, como as mudanças no perfil do candidato à EsPCEx decorrentes do contexto da educação brasileira, resultaram nas ações que aqui serão descritas. Neste artigo, pretendemos fazer uma breve reflexão, do ponto de vista de dois docentes da Seção de Ciências Matemáticas, sobre as mudanças ocorridas no ensino de Matemática e Desenho na EsPCEx nas últimas duas décadas e das perspectivas para o futuro próximo. A idéia de reunir num mesmo texto impressões de um observador privilegiado que vivenciou, na maior parte do tempo, como docente, todas essas fases, e um jovem professor que coloca sua formação acadêmica a serviço da EsPCEx, mantendo canais abertos para a inovação, simboliza, de certa forma, esta evolução, que procura sempre a convergência de esforços na busca da melhoria constante de nossa Escola. A apreciação será feita enfocando três aspectos: os currículos, as práticas e as tendências. Os currículos À época do curso de três anos (até 1990), o currículo de Matemática da EsPCEx cobria rigorosamente toda a previsão para o Ensino Médio, com o acréscimo da introdução ao estudo do cálculo. O currículo de Desenho previa o estudo das construções geométricas da Geometria Plana no primeiro ano e Geometria Descritiva no segundo e terceiro anos, proporcionando assim, para essa disciplina uma grande carga horária. Com a mudança para um ano, num primeiro momento manteve-se em Matemática o currículo básico do terceiro ano do Ensino Médio, constituído pelo estudo da geometria 26 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 analítica da reta e das cônicas, os números complexos, o estudo dos polinômios e equações polinomiais, ainda acrescido da introdução ao cálculo, em um curso com carga horária de 120 horas-aula. Nessa época, o currículo de Desenho previa 60 horas-aula de Geometria Descritiva e era composto pelo estudo descritivo do ponto, da reta, do plano e da introdução ao estudo dos métodos descritivos. Nos anos de 1996 e 1997, uma iniciativa pioneira denominada Projeto EsPCEx 2000 desencadeou um dos períodos mais fecundos de reflexão sobre as questões relativas ao ensino na EsPCEx, que foram logo acompanhadas por ações institucionais visando a modernização do ensino em todo o Exército. O ponto culminante desses dois anos de trabalho foi a elaboração de um novo currículo para a Escola, adaptado às novas propostas de práticas pedagógicas. Foi também uma época de grande interação com a AMAN no sentido de eliminar superposição de conteúdos e solução de continuidade no currículo de Matemática. A redistribuição de carga horária, face às novas necessidades levantadas para a formação do oficial, como o aumento substancial da carga horária de idiomas, fez com que a carga de Matemática fosse reduzida de 120 para 90 horas-aula, implicando na necessidade de redução do conteúdo. Assim, mediante entendimentos com a AMAN, suprimiu-se do currículo a introdução ao estudo do cálculo. Com relação ao Desenho, a disciplina foi totalmente reestruturada. A idéia de estudar apenas Geometria Descritiva na EsPCEx pressupõe que o aluno já tenha um bom embasamento das construções da Geometria Plana. Sabemos, entretanto, que essa é uma das grandes deficiências do Ensino Médio, pois o estudo das construções geométricas tem sido pouco enfatizado ou mesmo ausente nas escolas brasileiras. Para contornar o problema, o currículo de Desenho foi reestruturado de modo a resgatar o estudo da Geometria Plana num primeiro momento e posteriormente introduzir o estudo da Geometria Descritiva. Foi acrescentada também uma unidade de aplicações militares, em que são exploradas situações nas quais o uso das construções com régua e compasso é o melhor caminho para resolução de problemas práticos. Nesse período, a AMAN excluiu de seu currículo a disciplina Geometria Descritiva, cabendo à EsPCEx a responsabilidade de proporcionar a única oportunidade aos oficiais de desenvolver, em ambiente escolar, a competência de resolver problemas por meio de construções geométricas. Essa estrutura curricular, concebida em 1997, sofreu pequenas alterações, mas permanece até hoje em sua essência. As Práticas Do ponto de vista das práticas pedagógicas, o grande divisor de águas foi o projeto EsPCEx 2000. As propostas de práticas voltadas para o “aprender a aprender”, o incentivo ao trabalho em grupo e uso intenso da informática tiveram grande impacto sobre a atuação dos docentes, até então bastante conservadora. A Exploração de tópicos de Matemática e Desenho nas salas de informática, como a Geometria Analítica da reta em ambiente LOGO, utilizado entre 1997 e 2001, constituíram-se em novos desafios para alunos e docentes, tanto em relação às dinâmicas de trabalho quanto à avaliação. Três fatores foram responsáveis por seu abandono a partir de 2002: a diminuição da disponibilidade das salas de informática, a redução da carga horária de Matemática, que cedeu parte de sua carga horária para o estudo de Idiomas e as mudanças nas normas de avaliação da Escola, que passaram a exigir provas menos subjetivas. Retomando a questão da Informática, é interessante salientar que o projeto EsPCEx 2000 foi concebido no período em que a Internet iniciava sua popularização e seu potencial ainda não estava completamente reconhecido. A concepção de mobilização de 27 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 recursos de informática voltava-se para a construção de laboratórios com máquinas concentradas, próprias para atividades presenciais e uso de softwares que enfatizavam a interação aluno-computador sob mediação do professor. As atividades desenvolvidas naquela época orientavam-se segundo esses pressupostos. A Escola vive hoje um novo momento de reaparelhamento em meios de informática. A implementação de redes com alta velocidade e as imensas possibilidades oferecidas pelo acesso fácil à Intranet e à Internet mudaram o conceito de uso do computador e condicionam sua utilização com máquinas desconcentradas, possibilitando a interação onde o aluno estiver, não mais priorizando laboratórios com muitos computadores reunidos. Essa nova realidade deverá ser levada em conta no planejamento do uso dos meios de informática para o ensino de matemática. Com relação à avaliação, no período subseqüente ao Projeto EsPCEx 2000, foram testadas várias possibilidades. Na proposta inicial, aplicada nos primeiros anos após o Projeto, transferia-se para o professor a tarefa de conduzir as atividades de avaliação ao longo do ano, havendo apenas uma avaliação formal ao final do ano letivo valendo 20% do grau. Essa sistemática de avaliação foi alterada diversas vezes desde então: houve momentos em que a avaliação de atividades em grupo foi enfatizada, em outros, as provas formais foram semestrais e, em outros períodos, retomou-se a centralização total das provas, como era feito antes do Projeto EsPCEx 2000. Hoje, adota-se um sistema em que as avaliações intermediárias ficam sob responsabilidade exclusiva do professor e são fracionadas e aplicadas ao longo do ano letivo. As avaliações semestrais são centralizadas e a Divisão de Ensino acompanha e supervisiona todo o processo. Na descrição dessa evolução, fica nítido que as decisões oscilam entre dois pólos, simbolizados por duas diferentes posturas em relação à avaliação, que têm algo de conflitante. É inegável que em todo sistema de ensino a avaliação deve ser vista como parte do processo ensino-aprendizagem, constituindo-se em mais uma oportunidade de aprender. Nesse caso, o erro e a reflexão sobre o erro têm papel importante na construção do saber. Por outro lado, o Exército tem necessidade de submeter os alunos a sistemas de avaliação rigorosamente comparáveis e equivalentes, que resultem em notas apuradas por critérios transparentes e inquestionáveis. Essas notas virão a significar vantagens para alunos, que serão hierarquizados num critério rigoroso de classificação. Em que pesem as tentativas para conciliar esses dois aspectos, o atendimento aos pressupostos de ambos ainda é um desafio a ser vencido. As tendências No que se refere às tendências do ensino da Matemática na EsPCEx, observa-se que os preceitos para uma formação holística, direcionados para o preparo do aluno, de maneira a capacitá-lo a aprender a ser, fazer, conviver e, sobretudo, conhecer, enquanto oficial em potencial e cidadão brasileiro, têm encontrado fomento não só nos trabalhos docentes atualmente desenvolvidos pela seção, como também na próprias diretrizes de modernização do Ensino que preconizam que o militar tenha, desde a fase preparatória de sua carreira, a vivência da indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa. Com efeito, a noção do aprendizado para toda a vida no aprender a aprender, circunscritos na relevância da Matemática enquanto instrumental para o entendimento 28 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 dos julgamentos que hoje veiculam com base neste saber, entre outras funcionalidades expressivas que vão além do preparo do Aluno para a Academia, tem ganhado importância nos trabalhos da Seção de Ciências Matemáticas e se afirmado como uma das tendências mais promissoras da modalidade de educação matemática a ser amalgamada nos próximos anos. A interdisciplinaridade, vetor de significativa contribuição para o protagonismo da construção do conhecimento por parte do aluno, tem ganhado espaço nestes dois últimos anos de ensino da Matemática na escola por intermédio de um conjunto de ações desengatilhadas pelo Projeto EsPCEx 2000. De fato, várias atividades extra-curriculares foram planejadas e implementadas com vistas ao fomento e a consolidação da interdisciplinaridade: os sítios das Seções de Ensino na Intranet da EsPCEx, o Desafio Militar, o Trabalho Interdisciplinar, a Educação Ambiental, para citar apenas algumas e, em todas elas, o aprender a partir da experimentação, da descoberta, da pesquisa e do estudo são privilegiados em detrimento da escolarização tradicional que tem no professor o foco do processo de ensino e na resolução repetitiva e fastidiosa de exercícios para a bruta memorização. Parte considerável dessas mudanças de atitudes e perspectivas na relação ensinoaprendizagem e suas destinações encontram raízes na renovação constante do corpo docente, o qual, além do incremento que sofreu com a chegada dos oficiais do quadro complementar nos últimos 15 anos, passou a contar também com a contratação em caráter temporário de professores e educadores oriundos do meio civil. A exemplo da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx, dois foram os professores de matemática contratados na condição de oficiais temporários que passaram a integrar o quadro docente desde 2007, os quais, pela formação recente e por estarem próximos ao mundo acadêmico, têm trazido para as práticas de sala de aula e para a educação matemática da escola, inovações e perspectivas diferenciadas de ensino e aprendizagem. As Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, iniciativa nacional de desenvolvimento nacional da literacia matemática, tem encontrado importante lócus de fomento nas escolas de Ensino Médio militar. Os resultados expressivos da EsPCEx nas últimas edições demonstram ser as olimpíadas outro diferenciado momento de aprendizado e avanço do saber matemático para o corpo discente e, sem dúvida, haverá de se consolidar como outra tendência promissora. Por último e não menos importante, são apresentadas as comunidades virtuais de aprendizagem, o ensino a distância, o aprendizado por outras fontes de consulta e a pesquisa intermediados pelo ambiente virtual da Internet. Estas novas formatações que a Educação vem sofrendo de forma globalizada e que repercutem no seio da Educação Matemática em geral irão certamente redesenhar o contorno do trabalho e da prática docente no mundo escolar. A EsPCEx, por nele estar inserido e para com ele colaborar, não deixará de ser influenciada por essas formatações e seus efeitos. 29 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 O sítio da Seção de Ciências Matemáticas na Intranet da escola é um dos sinais mais significativos de que o mundo virtual está adentrando a sala de aula de Matemática. Com efeito, as recentes propostas da oferta de aulas digitalizadas de Matemática e Desenho no portal da seção para serem posteriormente “baixadas” e (re)assistidas pelos alunos demonstram o início de novos tempos na relação professoraluno na escola e sinalizam para o fato de que a ferramenta computacional veio para ficar, fazer evoluir e direcionar o fazer pedagógico para rumos além do espaço quadrilátero da sala de aula. Conclusão À guisa de uma conclusão, evidencia-se a percepção de que nos encontramos exatamente na confluência entre as vivências do passado e as expectativas do futuro, tendo somente por base o presente, no qual se pode colocar em prática as experiências, (re)significar os aprendizados e lançar-se ao desconhecido. As reestruturações pelas quais passou a EsPCEx e suas seções de ensino nos últimos vinte anos, em especial a Matemática, ratificam essa percepção e alicerçam a premissa de que avançar na Educação é preciso, sob o risco tornar-se obsoleto frente às demandas que o atual estado de coisas apresenta nas suas evoluções. Que a Educação Matemática do aluno da EsPCEx, fundamentada nas construções de gerações de alunos e professores que por esta casa de ensino se formaram e passaram, possa continuar seu caminho colaborando para a efetiva e plena formação do que ao Exército lhe é mais caro e esperançoso: a sua briosa e promissora mocidade militar. (*) O Coronel PTTC Wilson Roberto Rodrigues é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, Engenheiro de Fortificações e Construção pelo IME, especialista em Supervisão Escolar, pelo Centro de Estudos de Pessoal e em Informática Aplicada à Educação Construtivista, pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Educação Matemática pela PUC de São Paulo, o Cel Wilson é professor e chefe da cadeira de Desenho da EsPCEx. (**) O Segundo-Tenente OTT Jefferson Biajone é licenciado em Matemática pela Universidade Estadual de Campinas, com especializações em Educação e Psicopedagogia, pela PUC de Campinas e em Instrumentação para o Ensino de Matemática, pela Universidade Federal Fluminense. Mestre em Educação Matemática, pela Universidade Estadual de Campinas, Biajone é professor de Matemática da EsPCEx e diretor da Revista SecMat. 30 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 O Ensino do Desenho na EsPCEx: evoluções, caminhos e impasses Maria Salute Rossi Luchetti (*) Introdução O presente ensaio centra-se nas análises do Plano de Disciplina de Desenho da Escola Preparatória de Cadetes do Exército de Campinas, EsPCEx, nas políticas públicas inseridas na Lei de Diretrizes e Bases e nos Parâmetros Curriculares Nacionais aplicados a esta disciplina. A disciplina de Desenho, como atesta a historiografia, era o centro curricular da formação dos primeiros engenheiros e artilheiros militares1. Gradativamente, com a evolução das Ciências e com a introdução de variados modelos educacionais2, a disciplina de Desenho deixou de ser o centro curricular para fazer parte das disciplinas periféricas do currículo do curso da EsPCEx. Atualmente, com a conclamada ênfase em assuntos atuais, a disciplina de Desenho está perdendo até mesmo a condição de disciplina periférica, chegando a desaparecer na maioria das instituições escolares. E em nossa escola esta tendência também teve seu impacto. O Desenho como disciplina potenciadora de trabalho O aluno da Escola Preparatória de Cadetes, se aprovado no terceiro ano do Ensino Médio oferecido pela escola, está em condições intelectuais para ingressar na Academia Militar das Agulhas Negras, escola de formação de oficiais combatentes do Exército Brasileiro. A EsPCEx, portanto, é o único portal de acesso à Academia, e neste sentido, tem autonomia para determinar o currículo que melhor possa atingir àquele ingresso. Esta autonomia, porém, se encontra consoante com o que estabelece a educação nacional relativa ao último ano da educação básica e adaptada para este universo em particular. A educação brasileira, em primeira instância, está subordinada ao que institui a Constituição de 1988 (Artigo 205). A Lei de Diretrizes e Bases, Lei 9.394/96, trata da educação, regulando-a e implementando-a, para todo cenário nacional, porém, em seu artigo 83, estabelece que: “o ensino militar é regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino”. Esses pareceres legais dão sustento para que o Sistema de Ensino Militar tenha autonomia para delimitar sua política educacional e suas estratégias. Por conta dessa autonomia, elabora os instrumentos próprios de intervenção na área educacional expressos pela Política de Ensino e Diretrizes Estratégicas3. Essa possibilidade de descentralização delegada à Instituição expressa pela autonomia relativa favorece o ajuste de algumas disciplinas a conteúdos específicos, de modo que, atendam as necessidades pedagógicas dos futuros cadetes. As disciplinas 1 Pelo Estatuto de 1810, o currículo da Academia previa sete anos de duração, e, em todos eles, a disciplina de Desenho era vista nas suas variantes de: Desenho Geométrico Plano, Geometria Descritiva e Topografia. 2 Para dirimir possíveis dúvidas, é necessário que se faça uma pequena explicação do significado que se pretende com esta expressão . O termo “modelos educacionais” deve ser entendido, neste contexto, como sendo qualquer mudança ocorrida na área educacional. Desta forma, o termo poderia ser substituído por “tendências pedagógicas”, “modelos paradigmáticos” ou “políticas públicas”. 3 Política do Ensino do Exército (2002) e Diretriz Estratégica de Ensino (2002) 31 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 regulares básicas, para este universo de alunos, estão de acordo com as propostas pelo núcleo comum nacional de disciplinas eivadas de conteúdos e objetivos particularizados. Além destas, o aluno recebe os primeiros fundamentos básicos da profissão militar. Sendo as primeiras conhecidas como básicas (ou regulares) e as segundas, como disciplinas militares. Nos objetivos4 particulares da disciplina de Desenho, consta-se que esta tem caráter formativo e instrumental. Caráter formativo no sentido do desenvolvimento da ordenação lógica do pensamento e da produção de ideias por meio de um conjunto mínimo de conhecimentos necessários e suficientes para possibilitar a formação escolar do aluno. Ainda mais, o caráter formativo deverá desenvolver o raciocínio lógico, o senso de rigor geométrico, o espírito de iniciativa e o de organização. O caráter instrumental possibilita a veiculação das ideias apreendidas no caráter formativo em realizações práticas profissionais. Desta forma, pode-se dizer, em linhas gerais5, que a formalização de ferramentas que conduzam a esses objetivos é fracionada em três unidades didáticas. As duas primeiras – Desenho Geométrico Plano e Geometria Descritiva- conduzem à concretização do caráter formativo, e, a terceira unidade, Aplicações Militares, conduz ao caráter instrumental. Observa-se que esta formalização disciplinar, mesmo em se tratando de uma unidade escolar específica, reveste-se de caráter político, social e econômico. Político porque é traçada pelo órgão diretor que orienta a realização de determinados objetivos; social porque atinge setor específico da sociedade e econômico porque seus resultados interferem nas condições de trabalho. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM6 – no seu primeiro artigo regula que este documento trata de um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei, tendo em vista vincular com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando para o exercício da cidadania e propiciando a preparação para o trabalho. O conhecimento de Desenho Geométrico Plano é aplicado para soluções de situações, interligando raciocínios matemáticos e gráficos, desenvolvendo habilidades quando do manuseio do material didático, raciocínio lógico na solução de problema, esmero nos trabalhos individuais e, também, a plena participação nos trabalhos em grupo. Trabalha com alguns métodos racionais que permitam desenvolver um raciocínio lógico e sistemático, coadunando a soluções de problemas, propostos ou ainda a concluir, e sobre todas as suas possibilidades de resoluções, desde a sua exequibilidade até a possibilidade de apresentar soluções diversas. A Geometria Descritiva utiliza-se do estabelecimento de uma relação gráfica entre o desenho geométrico plano e o espaço, portanto trata da relação dos métodos racionais sistêmicos desenvolvidos pelo Desenho Geométrico Plano com figuras tridimensionais, permitindo um diálogo entre plano e espaço. Pretende-se com o dois desdobramentos de estudos, conhecidos como unidades didáticas, o desenvolvimento intelectual cognitivo como também o afetivo enfatizando a dedicação, cooperação e persistência. O artigo 35 da Lei 9.394/96 estabelece as finalidades da educação do ensino médio, ressaltando em seu inciso II, que se deve dar prioridade as preparações básicas para o trabalho e da cidadania do educando com a finalidade de propiciar ao estudante a constante capacidade para continuar aprendendo, de modo que, seja capaz de adaptarse com flexibilidade às novas condições de ocupação ou de aperfeiçoamento posteriores. O artigo 36 versa sobre o currículo, salientando em um dos incisos que o processo 4 Os objetivos são categorizados segundo a taxonomia de Bloom. 5 Procura-se, nestas unidades, tanto os desenvolvimentos cognitivo, psicomotor e afetivo. 6 O DCNEM sistematiza os princípios contidos na Lei de Diretrizes e Bases /96, explicita os desdobramentos desses princípios no plano pedagógico e traduz-o em diretrizes que contribuam para assegurar a formação nacional; dispõe sobre a organização curricular da formação básica nacional e da formação para o trabalho. 32 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 histórico de transformação da sociedade e da cultura deva ser considerado na elaboração do plano curricular escolar. O artigo 5, inciso I do DCNEM, conclama que “os conteúdos curriculares não são fins em si mesmos, mas meios básicos para construir competências cognitivas ou sociais priorizando-as sobre as informações”, portanto, um currículo voltado para a preparação básica para o trabalho deverá integrar o plano curricular como um todo. A educação voltada para a construção do conhecimento que atenda a expectativa futura do aluno, não pode prescindir da construção do substrato dessa profissão. Os termos “preparação para o trabalho” e “preparação para o mundo do trabalho” são termos utilizados no Parecer 15/98 que caracteriza, o primeiro, como preparação para o exercício de uma profissão definida e, o segundo, como revelador de questões doutrinárias sobre o valor do mesmo numa perspectiva de visão de futuro do trabalhador. Ambos termos tratam da inserção do aluno na luta pela sobrevivência, quer na ação prática, como na ação doutrinária. Do exposto, pode-se dizer que os pontos chaves da educação para o Ensino Médio são: a preparação para o trabalho e o desenvolvimento da cidadania. Não proponho explanar sobre mérito da formulação e desdobramento da questão que envolve a cidadania, atenho-me ao meu ponto central que é a preparação para o trabalho, mais especificamente, fazer uma relação entre a disciplina de Desenho e a necessidade desta para o nosso aluno. A educação voltada para a formação integral do aluno tem sido explorada por muitos autores como uma determinante condicional para atingir o seu objetivo. Como o homem deve ser analisado dentro da sua época, tem-se como resultante dessa premissa que a educação também deva adequar-se a essas transformações. Sem fazer longas digressões teóricas atenho-me apenas em alguns autores, os quais perfeitamente justificam a postura adotada. Para tanto, tomo Luzuriaga (1959), Saviani (200) e Celso Antunes (2001)7. Lorenzo Luzuriaga (1959) remonta ao passado com o objetivo de acompanhar a ingerência do poder público na formação do homem sob os cuidados do Estado e as autoridades oficiais ao estudar a educação pública da história ocidental. Faz um estudo sobre educação percorrendo pela história de modo que para cada concepção de racionalidade histórica corresponde a um modo diferente de projeto de educação para os homens. Cabe ressaltar que este autor não fixa um parâmetro de modelo educacional, mostra que ele varia de acordo com a história de cada nação, com as influências do regime político e social, da organização administrativa do Estado e das idéias pedagógicas reinantes. Contudo, com toda sabedoria, o autor conclui que a educação atual deve ser voltada para a formação completa do homem. Formação completa significa relacionar o homem ao seu tempo e à sua história. É no contexto moderno e contemporâneo que a educação formalizou-se completamente, em forma de um conjunto de decisões e ações estruturadas, com a finalidade de prover a educação formal necessária ao homem atual. Saviani, por sua vez, considera que a educação visa a promoção do homem, e que são as “necessidades humanas que irão determinar os objetivos educacionais. E essas necessidades devem ser consideradas em concreto, pois a ação educativa será sempre desenvolvida num contexto existencial concreto” (SAVIANI, 2000, p. 39). Celso Antunes, assim como Saviani, entende que integra a dupla relação educação e trabalho em seus escritos quando atesta que: “ o aluno deve perceber o trabalho como um desafio à sua sobrevivência e também como imperiosa e insubstituível necessidade de construção pessoal e social” (ANTUNES, 2001.p.68). Nos tempos modernos a educação deixou de ser essencialmente humanística8 para acompanhar o desenvolvimento da sociedade. A assunção de novas profissões, o declínio de outras, a necessidade de ajuste à conjetura mundial têm trazido para o cenário educacional debates que nem sempre são consensuais. Cabe a cada sistema de 7 Estes autores não tratam de assuntos pedagógicos militares, mas os seus escritos podem ser aproveitados neste ensaio pela suas abrangências. 8 Refiro-me aos tempos da Escolástica e não à preparação humanística escolar dos tempos atuais. 33 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 ensino trilhar os seus caminhos a serem percorridos. Contudo, a incerteza, o medo e o turbilhão de idéias provenientes dessa situação devem ser resolvidos em atitudes educacionais baseadas na renovação dos perfis profissiográficos. Neste caso, no repensar do militar que se pretende formar. Considerações finais Todas essas contribuições, elaboradas independentemente uma das outras, atingem um grau elevado de concordância e consenso tanto na argumentação teórica quanto na elaboração empírica. Um tal consenso que nos impõe maior severidade no julgamento e mais autocrítica tanto em relação ao nosso próprio trabalho quanto em relação aos trabalhos futuros. Ao tentar modificar um currículo, que sabiamente sempre se prestou a formação militar, deve levar-se em consideração questões filosóficas e semânticas nem sempre tão explícitas. Distinções se fazem necessárias. Como, por exemplo, o termo modernizar, tão em voga neste meio, significa abolir certos conceitos ou, aproveitá-los de uma nova maneira? Num contexto capitalista marcado pela revolução tecnológica acelerada, em que a força de trabalho é uma mercadoria cujo preço depende cada vez mais de habilidades adquiridas nos bancos escolares, os nossos alunos devem encarar a educação formalizada como uma senha necessária para o ingresso e para a permanência na profissão. As habilidades adquiridas podem ser entendidas como o desenvolvimento do raciocínio, do cálculo, das capacidades de solucionar variados tipos de problemas; características estas encontradas nos objetivos particulares da disciplina de Desenho. Portanto, Desenho, neste contexto, deve ser encarado como pré-requisito que emancipa a entrada para o mundo do trabalho e, também, como uma condição que atesta o sucesso na profissão futura dos nossos alunos. No contexto da prática cotidiana, pode-se, nesse caso, conceber a educação como produtora de capacidade para exercer o trabalho e, também, como potenciadora de trabalho; e, por extensão, potencializadora de um fator de desenvolvimento social e profissional. E, como função pedagógica, a escola deve ajustar requisitos educacionais a pré-requisitos de uma ocupação no mercado de trabalho. Trata-se de transformar a prática educativa escolar às questões técnicas, à uma tecnologia educacional com o objetivo de desenvolver um determinado tipo de perfil. Como atesta a função formalista e instrumentalista de Desenho. Num contexto que privilegie a concepção teórica-crítica, a produção de conhecimento e cultura não se apóiam numa mudança radical. Transformar não significa seguir a ciência racionalista, mas sim adaptar-se, crescer a partir do que se tem. Significa estimular o ato de argumentar, o de estudar, o de produzir cada vez mais cultura para atingir o elitismo cultural. Nesse caso, não se trata de eliminar disciplinas e sim aprofundá-las cada vez mais. De modo que a partir de qualquer linha de ação que se tome, os questionamentos sobre a finalidade da disciplina de Desenho serão frutíferos. Qual é o papel da disciplina de Desenho no seio desses contextos, senão uma ferramenta útil e uma força potenciadora na preparação do futuro cadete? A formação do aluno deve ser total, unitária. O instrumento para esta formação se expressa, entre outros, pelo currículo escolar. De acordo, com o DCNEM para esta fase específica de educação escolar alguns objetivos devem ser alcançados. Celso Antunes (2001) trata-os de objetivos internacionais que devem ser pleiteados com um planejamento curricular adequado à educação básica. São eles: o desenvolvimento da Beleza, da Verdade e da Bondade. A compreensão do atributo Beleza deve partir dos fundamentos estéticos encontrado nas Artes e na Arquitetura e que também estas expressões devam ser descobertas entre todas as disciplinas, tendo o professor como mediador. A Verdade deve ser conquistada pela Ciência descriminando valores entre o falso e o verdadeiro; o modismo e o essencial; a estrutura e a forma. Por fim, a Bondade deve ser conseguida pela percepção da ética e da justiça social. A procura destes atributos 34 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 afetivos compatibiliza com os particularizados pelo sistema de ensino militar, por outras denominações. Devem ser o consenso, o estímulo ao progresso do conhecimento, o rigor da análise e a constante preocupação de aprimorá-los com inéditas investigações que podem levar a solução desse impasse. Creio que a existência de Desenho curricular na Escola ultrapassa as necessidades imediatas do nosso aluno. Poderá ser a herança para todos os nossos alunos, inclusive dos nossos dias. Referências bibliográficas ANTUNES, Celso. Trabalhando habilidade. Construindo idéias. idéias São Paulo: Scipione.2001. Coleção Pensamento e Ação no Magistério. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 06 de outubro de 1988. 1988 11a ed. São Paulo: Atlas, AS, 1998. ______. MEC. Lei 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nacional Brasília: MEC, 1996. ______. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino médio. médio Brasília: MEC, 1998. ______. MEC. Parecer 15/98 do Conselho Nacional da Educação In: Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1998. ______. Ministério da Defesa. ESPCEX: Plano de Disciplina de Desenho. Desenho 2008. ______. Ministério da Defesa. Portaria no 715, de 06 de dezembro de 2002. Política de Ensino de Exército. Exército In: Boletim do Exército n 51. p.09-14, de 20 de dezembro de 2002. ____. Ministério da Defesa. Portaria no 716, de 06 de dezembro de 2002. Diretriz Estratégica de Ensino. Ensino In: Boletim do Exército n 51. p.09-14, de 20 de dezembro de 2002. LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação Pública. Pública Tradução e notas de Luiz Damasco Penna e J. B. Damasco Penna. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1959. SAVIANI, Dermeval. Educação. Do senso Comum à Consciência Filosófica. Filosófica Campinas, SP: Editora Autores associados. 13a ed. Coleção Educação Contemporânea. (*) A Professora civil Maria Salute Rossi Lucchetti é licenciada em Educação Artística pelo Centro de UNP, especializada em Supervisão Escolar pelo Centro de Estudos de Pessoal e mestre em Educação Matemática pela Universidade Metodista. Atua como professora de Desenho Geométrico e Geometria Descritiva na EsPCEx desde 2000, tendo sido a primeira mulher a integrar o corpo docente da disciplina de Desenho da escola. Contato: [email protected]. 35 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Reflexos da Informática no Ensino e Aprendizagem da Matemática no Colégio Naval Mauro José dos Santos Flora (*) Carlos Alberto da Silva Victor (**) Luiz Amorim Goulart Amorim (***) No final dos anos noventa, o Colégio Naval, visando implementar um projeto de modernização no ensino, buscou, na Informática, a ferramenta necessária para capitanear novas políticas sobre como dinamizar o aprendizado das diversas disciplinas do Ensino Médio. Nasce, neste momento, o Projeto CN 2000, que viria impulsionar o ensino, ao adentrar no novo milênio, de forma a torná-lo compatível com as tecnologias que surgiam. Com isso, permitiram-se práticas pedagógicas condizentes com as novas propostas de ensino-aprendizagem que passaram a vigorar neste importante estabelecimento de Ensino Médio Militar da Marinha do Brasil. No início da implantação do Projeto, nem todos estavam familiarizados com o uso dos computadores, que foram instalados nas salas de aula, devido à falta de conhecimentos para trabalhar com a Informática, principalmente quanto aos programas que facilitariam, de forma producente, a aplicabilidade das aulas. Atualmente essa realidade encontra-se distante, pois, ao perceber que poderiam redimensionar a criatividade na elaboração das aulas, em situações jamais imaginadas com o uso do velho quadro de giz, os professores tornaram-se ávidos utilitários e entusiastas por conhecer mais novidades tecnológicas. No caso mais específico da Matemática, destacou-se a utilização de programas, tais como Maple®, Winplot® e Cabri®, que atendessem às necessidades dos docentes, quanto à exploração, durante as aulas, do desenvolvimento da teoria e da resolução de exercícios. Como o acesso a alguns destes recursos exigiria abertura de processos para a aquisição de softwares específicos, nossos professores buscaram nos chamados “softwares livres” uma saída mais rápida. Muitos desses programas continham limitações que impediam a aplicação deles em casos particulares, como distorções no gráfico ou resultados aproximados. Na verdade, apesar de serem utilizados os programas supracitados, ainda havia limitações. O Winplot, por exemplo, não representa qualquer figura espacial quando utilizamos o intervalo padrão para os eixos coordenados, além de exibir continuidade 36 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 (em se tratando de figuras bidimensionais) onde, por vezes, não há. O Cabri Geòmetrè II, programa francês de geometria dinâmica, não exibe o valor exato de números que são irracionais ou racionais periódicos. Vimos, com essas limitações, a possibilidade de remar contra a crença, difundida por gerações, de que o computador e a calculadora não erram. Assim, formulamos aulas específicas a respeito desse tipo de limitação ou erro, demonstrando a nossos alunos, que é necessária uma análise cuidadosa antes de se afirmar, categoricamente, um aforismo matemático, além do desenvolvimento de uma mente bem treinada para eventualidades desta natureza. À medida que fomos amadurecendo nessas questões, pudemos usar os referidos programas para sistematizar o procedimento intuitivo de determinados fenômenos, antes de teorizá-los. Tais experimentos foram exemplificados pelo professor Carlos Alberto da Silva Victor, no I Encontro Pedagógico do Ensino Médio Militar (EPEMM), sediado pelo Colégio Naval, no ano de 2004. Na comunicação apresentada pelo professor Carlos Alberto naquele encontro, ele utilizou componentes lógicos para mostrar a quantidade de soluções de equações trigonométricas, entre outros detalhes que estimularam o interesse dos ouvintes presentes na comunicação, durante a exploração daqueles componentes lógicos, como o que foi feito com a equação a seguir. Figura 1. Gráfico representativo da equação 1 x 2 = sen x Essa prática tem proporcionado uma dinâmica muito maior no processo ensinoaprendizagem, com melhor aproveitamento por parte de nosso alunado, no que concerne à criatividade e às habilidades. As aulas tornaram-se mais agradáveis e estimulantes, obtendo-se mais facilmente a atenção dos alunos. O atual Grêmio de Matemática do Colégio Naval despertou-se para reflexões na área, solicitando ao Professor supramencionado orientações com vistas à Olimpíada Brasileira de Matemática, o que ratifica o estímulo provocado com o uso de novas ferramentas. Em nosso cotidiano de sala de aula, temos observado alunos que, cada vez mais, levantam questionamentos que não eram comuns na abordagem matemática, quando 37 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 não se utilizava o recurso multimídia. É crescente o número de alunos que abordam nossos professores, fora da sala, com perguntas sobre a matéria ministrada nas aulas, como se o que foi exibido em sala ganhasse significado no cognitivo dos alunos, gerando curiosidades, questionamentos e conclusões. O abstrato se torna concreto para o aluno. Essa é a prova real da velocidade com que a ideia está sendo transmitida e desenvolvida durante as aulas em que se utiliza o suporte tecnológico. A informática utilizada nas aulas de Matemática do Colégio Naval está predispondo seus professores numa dinâmica que os leva a pensar e repensar suas práticas; dinâmica esta que está multifacetando o que à priori parecia estar rigorosamente fixo, possibilitando novas abordagens, novos caminhos, novas indagações. Entendemos, por fim, que por mais que haja planejamento, a Educação Matemática do Colégio Naval ao futuro Aspirante da Marinha está experimentando um fenômeno que, à semelhança do “caos”, permite o nascimento do novo. (*) Mauro José dos Santos Flora é bacharel e licenciado em Matemática pela Universidade Federal Fluminense, com especialização em Matemática pela mesma universidade. Mauro é professor e coordenador da cadeira de Matemática do Colégio Naval. Ele também é integrante de bancas de concursos da Marinha e leciona para a Rede Estadual do Rio de Janeiro. (**) Carlos Alberto da Silva Victor é formando em Engenharia Mecânica pelo IME e licenciado em Física pela Universidade de Nova Iguaçu. Professor e auxiliar de coordenação da cadeira de Matemática do Colégio Naval, Carlos Alberto integra bancas de concursos da Marinha, leciona em curso preparatório e é professor da Rede Municipal de Angra dos Reis, RJ. (***) Luiz Amorim Goulart é licenciado em Matemática pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pós-graduado em Matemática pelo IMPA. Professor de Matemática do Colégio Naval, Luiz Amorim também é integrante de bancas de concursos da Marinha e é professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro Revisão do Texto por: Aureni Silva Magalhães Marvila é licenciada em Letras e mestre em Língua Portuguesa, doutoranda em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Aureni é professora e coordenadora da cadeira de Língua Portuguesa no Colégio Naval, integrando também bancas de concursos da Marinha. 38 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Aplicação do Teste t para proporções: um estudo de caso de lóbulos de orelha com alunos da EPCAr Paulo César Moraes Ribeiro (*) Lidiângela Dias VIllar (**) Especificamente, busca-se comprovar uma das conclusões dos estudos de Mendel (caso de monohibridismo na espécie humana), considerado pai da Genética e cujas pesquisas são responsáveis por enormes avanços no melhoramento de plantas, e consequentemente, no aumento da produtividade especialmente do setor agrícola. Testes Estatísticos Nesse contexto de se calcular a probabilidade de um determinado evento ter ou ter ocorrido ao acaso, surgem os testes estatísticos. O que o pesquisador em geral faz, é estabelecer uma probabilidade máxima de erro tolerável (nível de significância do teste – que em geral é de 5%) e uma regra de decisão, a partir da qual rejeitará (ou não) a hipótese nula de que o evento se deu ao acaso. Modelos Probabilísticos Em fenômenos aleatórios (que repetidos em idênticas condições, produzem resultados que não podem ser previstos com certeza) como a fecundação e o lançamento de moedas, por exemplo, utilizamos a Probabilidade para criar um modelo teórico que reproduza de maneira razoável a sua ocorrência, a partir da descrição de todos os possíveis resultados. Exemplo Sabe-se que na espécie humana, a variável X: filhos normais para o albinismo, segue a distribuição X p(x) Normal Albino 3 1 4 4 Qual a probabilidade de um casal ambos heterozigotos para o albinismo que planeja 3 filhos, gerar um filho com a característica albino (ou seja, 2 filhos normais)? 2 3 3 1 27 P(X = 2) = = 2 4 4 64 O Modelo Normal De acordo com o prof. Marcelo (UFSC), a distribuição normal representa uma das elementares “verdades acerca da natureza geral da realidade”, verificada empiricamente, e seu status pode ser comparado a uma das leis fundamentais das ciências naturais, já que em geral, grande parte das variáveis de interesse segue a distribuição normal, ou admite boa aproximação pela normal. 39 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Segundo Bussab (2006), um modelo fundamental em probabilidades e inferência estatística, que remonta às observações astronômicas de Gauss, em 1810. 2 Diz-se que a variável X segue a distribuição normal com parâmetros µ e σ se tem probabilidade (função densidade de probabilidade) dada por P(X = x) = 1 σ 2π 1 x −µ 2 − ( ) σ 2 e (2) Em particular, a variável tem distribuição normal padrão Z ~ N(0,1) Vejamos como tais informações podem ser úteis na resolução de problemas. De volta ao exemplo 1, é fácil ver que a probabilidade de o número de filhos normais ser maior que zero e menor que 3, é dada por: 3 3 P(0<X<3) = P(X=1) + P(X=2) = 8 + 8 = 0,75 Usando a aproximação normal à binomial, tem-se: 0,5 − 1,5 2,5 − 1,5 <Z< 0,866 0,866 P(0,5<X<2,5) = P = P( −1,15 < Z < 1,15 ) = 2(0,37493)=0,74986 (muito boa aproximação) De outros estudos, sabe-se que para tamanho de amostra fixo n, tem-se Z entre dois pontos simétricos os quais deixam uma área de 99%, 95% e 90% entre eles, os quais são respectivamente, -2,57 2,57 para α = 1% -1,96 1,96 - para α = 5% 1,645 para α = 10% Distribuição das Proporções Seja uma população cuja proporção de indivíduos que possui determinada característica (lóbulo da orelha na espécie humana, por exemplo) é p. assim, a proporção de indivíduos que não possui tal característica será (1 - p). Seja X a variável que conta o número de pessoas que possuem a característica de interesse em uma amostra de tamanho n. Diz-se que p̂ = x n é o estimador (de máxima p̂ − p pq verossimilhança) da verdadeira proporção e que a quantidade n , (q = 1- p) , segue distribuição normal padrão Z ~ N(0,1) 40 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Intervalo de Confiança e Teste de Hipótese Neste caso, o intervalo de confiança de amplitude p(1 − p) p(1 − p) ≤ p ≤ pˆ + zα / 2 pˆ − zα / 2 n n 2zα / 2 p(1 − p) n para uma (3) proporção, ao nível de confiança ( 1− α ), é dado por H0 : p = p 0 (4) H1 : p ≠ p 0 e o teste bilateral (uniformemente mais poderoso não viesado) para a hipótese p̂ < p0 − zα / 2 p(1− p) n ou p(1 − p) p̂ > p0 + zα / 2 n (5) é aquele cuja regra de decisão rejeita a hipótese de que os desvios ou erros ocorrem ao acaso se sendo que p é substituído pela sua estimativa de máxima verossimilhança (intervalo mais “otimista” que o chamado p= 1 2 , e o valor do percentil zα / 2 podendo ser obtido usando “conservativo”, que adota uma tabela da distribuição normal padrão e cujos valores de maior interesse foram apresentados em 2.7. Amostragem Probabilística Em conjunto com a disciplina de Biologia, executou-se pesquisa experimental, a partir de amostra realizada pela professora Lidiângela, de alunos do 3º Esquadrão, do CPCAR/2006, de tamanho n = 77, com a finalidade de confrontar as freqüências alélicas observadas com aquelas esperadas pela primeira lei de Mendel, no que diz respeito à característica (variável aleatória) do lóbulo da orelha, na qual se espera uma proporção fenotípica de 1:3, isto é, 1 indivíduo com a característica lóbulo preso ou aderido (recessivo) para 3 indivíduos com característica lóbulo solto ou não aderido (dominante), de acordo com a Figura 1. Para garantir a mesma probabilidade a cada aluno (unidade amostral) do 3º esquadrão de pertencer à amostra, os dados foram coletados a partir da informação dos alunos de 3 (A, C, D), das 6 (A, B, C, D, E e F) turmas do esquadrão, aleatoriamente. Roteiro Baseado em (4), formula-se a hipótese (a proporção de alunos do 3º ano CPCAR 2006 com a característica do lóbulo preso ou aderido é 25%) H0 : p = H1 : p ≠ Fixando-se de decisão: 1 4 1 4 α = 5% e baseando-se em (5), sob H0 , é estabelecida a seguinte regra 41 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 rejeita-se H0 p̂ < se 1 4 − 1,96 (1/ 4).(3 / 4) 77 p̂ > 1 + 1,96 (1/ 4).(3 / 4) 4 77 ou , isto é, a região crítica do teste é p̂ < 0,1533 ou p̂ > 0,3467 . Como a proporção de alunos com característica “lóbulo aderido” encontrada foi de 22 = 0,2875 p̂ = 77 , pode-se concluir, baseado no experimento, que não há evidência contra a hipótese de Mendel, com 95% de confiança. Baseado no experimento, um intervalo de confiança ao nível de 95% para a proporção p de indivíduos com a característica “lóbulo aderido” pode ser calculado como P(0,2875 − 1,96 0,2875.0,7125 77 < p < 0,2875 + 1,96 0,2875.0,7125 77 ) = 95% , ou seja, P(0,1864 < p < 0,3886) = 95% Cruzamento entre homem de lóbulo solto e mulher de lóbulo preso Geração P (homozigotos) Geração F1 Geração F2 Interpretação dos resultados Geração P Gametas Geração F1 Cruzamento hipotético com um indivíduo heterozigoto Geração F2 Proporções em F2 100% lóbulos soltos 75% de soltos e 25% de presos PP x P 100% soltos Pp x PP Pp Pp Proporção Genotípica 1:2:1 PP Pp pp pp p Pp pp Proporção fenotípica 3:1 solto preso Tabela 1. Proporção esperada da característica lóbulo da orelha na espécie humana. Conclusões A partir do teste estatístico aplicado (teste t), pode-se confirmar que as frequências fenotípicas de um alelo neutro (lóbulo da orelha), observadas em uma população de alunos do CPCAR, estão de acordo com aquelas esperadas pela primeira lei de Mendel. O presente estudo demonstra que os testes estatísticos são excelentes ferramentas que podem ser aplicadas às variáveis biológicas (genéticas, comportamentais, fisiológicas, etc.). 42 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Referências bibliográficas BUSSAB, W., MORETTIN, P. Estatística Básica. Básica São Paulo. Ed. Saraiva, 5a ed. 2006. 526 p. LINHARES, S., GEWANDSNAJDER, G. Biologia Hoje. Hoje São Paulo. Ed. Ática, 11a ed. 2003. Vol. 3, 424 p. BARBETTA, Pedro Alberto, REIS, Marcelo Menezes, BORNIA, Antônio Cezar. Estatística: para cursos de engenharia e informática. informática São Paulo: Atlas, 2004. (*) Paulo César Moraes Ribeiro é Mestre em Estatística e experimentação agropecuária pela Universidade Federal de Lavras. Paulo César é professor de Matemática da Escola Preparatória de Cadetes do Ar desde 1998. (**) Lidiângela Dias Villar é Mestre em Fisiologia pela Universidade Federal de São Carlos. Lidiângela é professora de biologia da Escola Preparatória de Cadetes do Ar desde 2005. 43 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Missão Cumprida! “Missão cumprida” trata-se de um espaço da Revista SecMat dedicado a homenagear os professores da Seção de Ciências Matemáticas - civis ou militares – que no exercício de suas atribuições docentes na EsPCEx , se sobressaíram pelo dedicado compromisso que demonstraram para com a educação matemática do futuro Cadete de Caxias. ůſǀŝƐŶƚƀŶŝŽĚĞ>ŝŵĂ Da Infantaria em Jaboatão à Matemática em Campinas Por Jefferson Biajone Nesta segunda edição da revista SecMat – Educação Matemática Militar em Revista, o professor homenageado é Clóvis Antônio de Lima, Major R/1 do Quadro Complementar de Oficiais, chefe e professor da Seção de Ciências Matemáticas da EsPCEx, onde serviu por dezessete anos, quando em 2007 passou para reserva após trinta anos de serviços prestados à Força Terrestre A 15 de Janeiro de 1976, o então soldado 1202 Clóvis ingressava nas fileiras do Exército Brasileiro, no 14º Batalhão de Infantaria Motorizado, no município de Jaboatão, PE. O jovem soldado Clóvis talvez não tivesse consciência do passo que tomava e que destinos a Força a qual passava a integrar tinha-lhe reservado nos anos vindouros, mas cônscio estava de seus dois pilares fundamentais, a disciplina e a hierarquia, e em razão de sua capacidade intelectual e vibração pelas lides castrenses, ascendeu à graduação de cabo e ingressou no Curso de Formação de Sargentos na especialidade de Manutenção de Material de Comunicações, pela Escola de Comunicações do Exército, ainda em 1976. A 15 de dezembro de 1977, conclui o curso e é promovido a terceiro-sargento, sendo classificado para guarnições do Rio de Janeiro e demais localidades, em todas salientando-se pela dedicação e constante auto-aperfeiçoamento técnico-profissional. Realiza o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento e paralelamente à exigente rotina do quartel bacharela-se em Matemática, em 1989, prestando neste mesmo ano o concurso para a Escola de Administração do Exército, no qual logrou êxito, passando a integrar o Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro como 1º Tenente professor de Matemática. Classificado por mérito na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, o então Tenente QCO Clóvis foi um dos primeiros oficiais daquele quadro à servir na EsPCEx. O corpo docente da Seção de Ciências Matemáticas da escola, nos idos de 90, era então composto de professores civis e oficiais combatentes do antigo Quadro do Magistério Militar. Integrante da cadeira de Matemática, Clóvis foi promovido à Capitão em 1995, vindo a assumir a chefia da Seção em 2003. Em 2004 atinge o posto de Major e, em 2007, deixa o serviço ativo, passando para reserva remunerada. Nos dezessete anos que serviu como professor e chefe da Seção de Ciências Matemáticas, o Major Clóvis sempre se destacou pela inteligência, dedicação, colaboração e interesse pela educação matemática do futuro Cadete de Caxias. Além das atividades inerentes ao ensino e à chefia da seção, o Major Clóvis foi também orientador das equipes que representaram a EsPCEx nas olimpíadas brasileiras de Matemática do Ensino Médio, participou da elaboração das provas para os concursos da EsPCEx e da EsSA e foi um dos idealizadores do Projeto EsPCEx 2000, projeto pioneiro que lançou as bases das diretrizes de Modernização do Ensino atualmente em vigor no Exército Brasileiro. Por estes e outros méritos que o Major Clóvis soube aquilatar em sua brilhante carreira militar, a Seção de Ciências Matemáticas lhe presta esta singela e merecida homenagem pela missão cumprida na escola que nasceu para vencer. 44 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 Personalidades matemáticas do mundo militar Este espaço de SecMat tem como finalidade divulgar aos nossos leitores personagens que ajudaram a construir a história da Educação Matemática no mundo militar. Nesta edição que inaugura o espaço, apresentamos o Marechal Roberto Trompowski, eminente professor de Matemática e Patrono do Magistério do Exército Brasileiro. ZŽďĞƌƚŽdƌŽŵƉŽǁƐŬŝ>ĞŝƚĆŽĚĞůŵĞŝĚĂ Professor de Matemática do Império e da República (*) Eduardo Gonçalves da Silva Em 8 de fevereiro de 1853, na cidade do Desterro, na província de Santa Catarina, nascia Roberto Trompowski Leitão de Almeida, filho de José Leitão de Almeida e Eva Von Trompowski. Naquela data nascia aquele que viria a ser um dos maiores expoentes do ensino da Matemática no Exército Brasileiro. Possuidor de uma devoção ímpar à profissão que abraçou muito cedo, Roberto Trompowski trilhou um caminho marcado pela dedicação, pelo sacrifício e, acima de tudo, pelo amor as lides castrenses. De fato, desde muito jovem já deixava transparecer sua aptidão para a carreira militar. Como voluntário, ingressa na legendária Escola Militar, em 29 de dezembro de 1869, aos 16 anos. Dedicado aos estudos, foi, em 15 de março de 1871, reconhecido cadete de primeira classe. Em 1874, após concluir o curso com notória distinção, foi nomeado alferes-aluno. No mesmo ano é promovido a segundo tenente, foi classificado no quinto batalhão de Artilharia a Pé. Passados dois anos, em 1876, foi promovido ao posto de primeiro tenente, tendo, além disto, pelo regulamento de 1874 – que reconhecia seus cursos de Estado-Maior e Engenharia – recebido o grau de doutor em ciências físicas e matemáticas, aos 23 anos. Homem de integridade inabalável e de incorrigível postura, Trompowski foi um militar consciente de suas funções, levando sempre como meta principal de sua vida realizar o que propunha fazer com o maior afinco possível. Ao tornar-se professor de Matemática da Escola Militar, foi sempre tido como professor de inigualável carisma por conquistar a todos que o cercavam. Dotado de exemplar conduta, serviu de exemplo tanto para seus pares como para superiores e subordinados. Sua carreira foi marcada por uma ascensão meteórica, fato que refletia seu elevado moral perante seus comandantes, alçando o posto de Oficial-General em 1910, aos 57 anos. Tendo a Matemática como a maior paixão de sua vida, fez da louça seu baluarte. Dedicou grande parte da sua vida profissional a ensinar os futuros oficiais do Exército Brasileiro, tendo ao longo de quase a totalidade de seus cinqüentas anos de serviço prestados à Força dedicados ao ensino da Matemática aos cadetes de Caxias. Homem do seu tempo, sofreu nítido reflexo dos ideários do Tenente Coronel Benjamin Constant, um dos artífices da proclamação da república, seu professor de Matemática quando cadete e posteriormente colega de cátedra na Escola Militar. Dado a repassar tudo aquilo que descobria e que aprendia em seus constantes estudos matemáticos, Trompowski foi repetidor da cadeira de cálculo da Escola Militar, foi professor da prestigiosa Escola de Estado-Maior, atingindo o comando interino do Colégio Militar do Rio de Janeiro e da própria Escola Militar. Visto como um dos grandes expoentes na política brasileira, foi mandado em várias antiga 45 SecMat – Educação Matemática Militar em Revista – Ano II Nº 02 – Dez 08 missões no exterior, destacando o período de 1905-1907, quando foi adido militar na Grã-Bretanha, Suíça e Itália. Trompowski foi também o segundo delegado da Conferência Internacional da Cruz Vermelha, em Genebra, e o delegado técnico na Conferência Internacional da Paz, em Haia, 1906, a mesma que consagrou Rui Barbosa como a “Águia de Haia”. Pela sua brilhante carreira, o General de Brigada Trompowski foi promovido a General de Divisão e atingiu o último posto da carreira militar, o de Marechal. Dentre as várias condecorações recebidas em reconhecimento ao serviço prestado à pátria, ele foi agraciado com a legendária comenda da Ordem de S. Bento de Aviz, da qual derivou a atual comenda da ordem do Mérito Militar. Por fim, o Governo da República, no Decreto n.51.429, de 13 de março de 1962, o declara Patrono do Magistério do Exército. Homenagem digna ao homem que tanto fez em prol da nação, elevando o nome dela pela intelectualidade que expressou na educação e na difusão do saber matemático em meio à sua brilhante mocidade militar. O elogio de um de seus ex-alunos, o Major Eugênio Micoli, consignado na Revista dos Docentes Militares, melhor sintetiza o perfil do humilde cadete que se fez estudioso e professor de Matemática, publicou livros didáticos na Europa e contribuiu com o melhor de suas energias na formação de várias gerações de futuros oficiais do Exército Brasileiro: “Trompowski era o tipo do lidador incansável, sereno cumpridor de seus deveres. Apresentava-se diante do trabalho como obreiro infatigável, que jamais perdia sequer um dia de aula. Sob radiante perspectiva de nossa admiração, víamos o íntegro e culto professor elevar-se como um exemplo vivo das virtudes cívicas, como um paradigma invejável, que seria um sonho imitar e um ideal atingir”. (*) O Aluno Eduardo Gonçalves da Silva, do 7º Pelotão da Segunda Companhia de Alunos, é natural de Goiânia, GO. Ingressou voluntariamente nas fileiras do Exército Brasileiro, por intermédio de concurso público, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em 2008, egresso do Colégio Militar de Brasília, onde veio a concluir o Ensino Fundamental e Médio com distinção. 46 EsPCEx: nasceste para vencer!