SÍNDROME DE CUSHING - RELATO DE CASO Bizotto, 4 G.V. ; Costa, G.V.²; Reis, C.P.³; Anziliero, D.³; Alves, L.P.¹; Bondan, C.¹; Introdução A síndrome de Cushing é uma endocrinopatia diagnosticada com freqüência em equinos, decorrente de hipertrofia, hiperplasia, ou de um adenoma funcional na parte intermediaria da glândula pituitária. Caracteriza-se, pela produção excessiva do hormônio adrenocorticotrófico e de outros peptídeos causando secreção anormal de níveis elevados de glicocorticóides e por ser uma doença progressiva e lenta. A frequência dessa síndrome é mais elevada em animais idosos, com idade média variando entre 18 e 23 anos. Os sinais clínicos observados são: hirsutismo, poliúria, polidipsia, letargia, infertilidade, retardo na cicatrização de feridas, perda de massa muscular e deposição anormal de gordura, além de laminite crônica, que é uma complicação frequente associada a essa doença. Relato de caso Equino, macho castrado, com aproximadamente 15 anos de idade, sem raça definida, deu entrada no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV-UPF), apresentando como sintomas hirsutismo, relutância ao se locomover, apatia e severo comprometimento dos cascos, resultante de estágio avançado de laminite crônica. Observou-se, também, deposição anormal de gordura nas regiões supra-orbital, cervical e próximo à região da base da cauda. Amostras de sangue obtidas por venopunção da jugular, foram encaminhadas para análises hematológicas e bioquímicas no Laboratório de Analises Clinicas do HV-UPF. Os valores obtidos não apresentaram alterações, com exceção de elevação discreta da enzima AST (394,0 UI/L). O valor de glicose plasmática foi de 95,9 mg/dl, sendo considerado normal para a espécie. Diante do quadro clinico apresentado, sugestivo da síndrome de Cushing, o animal foi submetido ao teste de supressão com dexametasona em dose baixa. 1 2 3 4 Procedeu-se, a coleta de amostras de sangue para determinação dos níveis de cortisol, sendo a primeira amostra coletada no final da tarde (17 horas). Em seguida, foi administrada dexametasona (40mcg/Kg), por via intramuscular, sendo a segunda amostra coletada cerca de 19 horas após a primeira. Os valores obtidos para a primeira e segunda coleta foram 4,0 mcg/dl e 5,6 mcg/dl, respectivamente. A literatura científica menciona que a concentração normal de cortisol plasmático em equinos é superior a 2mcg/dl e menor ou igual a 1mcg/dl após a administração de dexametasona, o que conduziu a definição do diagnóstico. Discussão e conclusões Apesar de ser multifatorial, na síndrome de Cushing, a laminite crônica é atribuída às altas concentrações de glicocorticóides circulantes. A hiperglicemia é comum nesses casos, porém estudos revelam que a mesma esta presente em somente 45% dos casos. O aumento da AST, geralmente, é secundário à lesão hepática causada por hepatócitos tumefados, acúmulo de glicogênio ou interferência no fluxo sanguíneo hepático. Sendo uma doença progressiva e de tratamento oneroso e de difícil êxito, o diagnóstico deve ser realizado precocemente, o que esta diretamente relacionada com o prognostico do paciente Fig.: Equino apresentando hirsutismo e laminite crônica Professor do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (FAMV – UPF). Médica Veterinária, Residente de Clínica e Patologia de Animais de Produção (Equinos) FAMV – UPF E-mail: [email protected] Médico Veterinário autônomo. Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAMV – UPF.