XX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO INTERCOM/97 “ESCRITURAÇÃO DRAMÁTICA INTERATIVA” Autora: ANA LÚCIA MENEZES DE ANDRADE - Bolsista APA / CNPq Resumo da pesquisa em andamento intitulada: “Estratégias metodológicas para a implantação de novas tecnologias no ensino da arte na área de Imagem e Som”, fomentada pelo CNPq, que pretende verificar a possibilidade de uma dramaturgia interativa apontada desde os primórdios do cinema, repensada a partir dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente que supõem a edição não-linear de imagem e som. A organização de um discurso narrativo que atenda às potencialidades do universo digital é ainda um campo mal explorado na pesquisa acadêmica brasileira. O desenvolvimento de uma escrituração dramatúrgica específica que abranja a dramaturgia clássica, relendo-a à luz das novas tecnologias faz-se cada vez mais necessário, devido às transformações e avanços das linguagens audiovisuais. Os recursos digitais adiantaram-se em relação às experiências dramatúrgicas das imagens em movimento e o conhecimento profundo da tradição dramática clássica permite delimitar as bases de um possível diálogo com as novas tecnologias, uma vez que a herança clássica é parte integrante do inventário imagético do espectador. O cinema atual, com todo o aporte tecnológico disponível, pode prever desde sua escrituração dramática as possibilidades da edição não-linear de imagem e som, ou seja, articular o som e a imagem de forma independente, permitindo interferências digitais, como efeitos especiais e trucagens no processo da edição. O conceito de não-linearidade contrapõe-se ao processo de edição videográfica, em que os planos ou tomadas necessitam de uma articulação linear, sem a possibilidade de inserts nos trechos já editados. Para se “insertar” uma imagem é necessário retomar a edição desde seu início. Porém, verifica-se que desde seus primórdios o cinema já tentava romper a rigidez da continuidade clássica. Ainda que o conceito de não-linearidade, como hoje é entendido, não estivesse definido, percebe-se que o cinema sempre contou com esta possibilidade. No nascimento do cinema, os filmes eram muito curtos e toda a ação se dava num único plano, pelo desconhecimento da possibilidade da montagem. Dessa forma a ação contínua e linear era antes uma constante e quase uma obrigatoriedade, devido aos limites da inexistência de uma linguagem específica cinematográfica que previsse a articulação entre os planos. Filmes como A saída dos operários da fábrica (Sortie d’usine - França - 1895) dos irmãos Lumière, duravam cerca de um minuto e eram exibidos em programas juntamente com outros filmes. Apesar do pouco tempo de exibição, já se nota a preocupação em estruturar uma narrativa lógica e completa. O filme inicia-se com os portões de uma fábrica sendo abertos, no momento da saída dos operários, e termina com o seu fechamento. Pode-se dizer que já se delineava uma narrativa clássica com começo, meio e fim, em contigüidade visual e narrativa. Com o desenvolvimento da idéia da montagem, interligando planos diversos entre si, propiciando a realização de um filme com mais de um plano, a questão da continuidade narrativa adquire um outro aspecto. O surgimento do corte provoca um estranhamento no espectador de até então, acostumado a uma ação narrativa que se dava num único plano. Assim, a escrituração dramatúrgica adquire maior complexidade com a possibilidade do corte. The kiss in the tunnel (Inglaterra - 1899) de G. A. Smith, por exemplo, tem início com o plano de um trem saindo de um túnel. A câmera, a princípio estática, começa a se movimentar revelando um foco subjetivo de um segundo trem que se dirige ao túnel. Um fade out sugere o interior escuro do túnel. Dá-se um corte para o plano do interior de um dos vagões do trem, onde um homem e uma mulher encontram-se lado a lado em seus assentos. O homem dirige-se à mulher e lhe dá um beijo, retornando em seguida a seu assento. Outro fade out, desta vez para revelar o trem deixando o túnel. Neste filme, Smith conta com o imaginário do público para a compreensão do que se passa entre os cortes, uma vez que é na mente do espectador que se dá a passagem do exterior para o interior do trem. Neste sentido, pode-se dizer que o plano do interior do vagão funciona como uma espécie rudimentar de insert - um plano inserido na narrativa, que interrompe a “ação linear” do trem em movimento (entrando e saindo do túnel). Apesar de existir uma continuidade diegética, já que o beijo se dá enquanto o trem está dentro do túnel, no que se refere ao condicionamento do olhar do espectador a continuidade é aparentemente interrompida. Em outro filme de Smith, Grandma’s reading glass (Inglaterra - 1900), verifica-se uma das primeiras noções de plano-detalhe no cinema. Trata-se de um garoto que observa vários objetos através da lupa de leitura de sua avó. Para revelar o olhar subjetivo do garoto, Smith utiliza-se de uma máscara circular no enquadramento que dá a idéia da visão através da lupa. A continuidade da ação em plano aberto é interrompida pelo corte para o plano detalhado que aproxima o objeto observado em contigüidade visual, de forma a ser compreensível para o espectador da época, desacostumado a planos aproximados. Dessa forma, pode-se dizer que inicialmente o corte surge contendo em si uma primeira noção de não-linearidade no cinema. Ainda que, até então, este conceito não estivesse plenamente definido, já se sugeria uma narrativa que previsse a descontinuidade do olhar do espectador, desviando-o para um detalhe aparentemente oculto na estruturação visual anterior. No filme O grande roubo do trem (The great train robbery -EUA - 1903) de Edwin S. Porter, a noção de narrativa clássica como hoje é conhecida já se encontra quase que completamente delineada. Trata-se de um caso realmente acontecido de um assalto ao trem. Após o bem-sucedido roubo, os bandidos fogem, enquanto na cidade está ocorrendo um baile, com a presença de policiais que dançam animadamente. O baile é interrompido com a notícia do roubo e os policiais saem em busca dos ladrões. Tem início uma perseguição que culmina com a derrota dos bandidos. Neste filme verificam-se, ainda que de forma primária, ações que se articulam em paralelismo. A idéia de “enquanto isso” é evidenciada, tornando uma ação suspensa para que outra se desenvolva simultaneamente - o que será aperfeiçoado por D. W. Griffith mais tarde. A simultaneidade de ações faz com que uma ação seja interrompida por outra. Embora se possa sugerir uma descontinuidade no que se refere ao direcionamento do olhar do espectador, os cortes são amenizados pela continuidade dramática da história no que se refere à narrativa que segue com lógica e fluidez. No final de O grande roubo do trem encontra-se um plano que se tornou uma incógnita na história do cinema: após a derrota dos bandidos pelos policiais, surge um plano médio de um dos bandidos que olha diretamente para a câmera, aponta um revólver e atira (no espectador?). Este plano poderia ser considerado um insert. Neste caso o insert não é apenas um recurso dramático articulado entre planos, mas um elemento independente do todo narrativo que, neste sentido, poderia ser deslocado para qualquer ponto da história, uma vez que pode ser considerado um módulo não-linear completo em si. Assim pode-se dizer que ocorre uma articulação não-linear. Um contraponto entre o que foi narrado até então de forma linear e o plano “isolado” ao final, que instiga o imaginário do espectador fazendo com que ele “navegue” na narrativa, tentando decifrá-la. Assim, o espectador tem a ilusão de estar participando da construção da narrativa. Além disso, a não-linearidade permite que a impressão de realidade do cinema seja rompida, uma vez que chama a atenção para o próprio código cinematográfico. O início do cinema também revela uma preocupação em trabalhar uma estruturação dramatúrgica prevendo uma espécie de interatividade, ainda que de forma imaginária, com o espectador. Apesar da impossibilidade de uma interferência direta do espectador no discurso cinematográfico, o cinema industrial procurou desenvolver uma estratégia capaz de envolver emocionalmente o público. É este envolvimento catártico, eficaz para a construção imaginária da trama, que possibilita ao espectador uma maior ilusão de participação. O cineasta norte-americano David Wark Griffith desenvolveu uma estrutura narrativa para seus filmes, baseada na dramaturgia clássica em que através da identificação do público com seus protagonistas se daria a catarse. Assim, ao acompanhar a trajetória dos “heróis”, o espectador teria a ilusão de estar participando da narrativa. Para o cineasta, isto seria necessário para garantir o interesse e o sucesso de seus filmes junto ao grande público. Griffith pode ser apontado como um dos pioneiros a supor uma flexibilidade na linearidade dramatúrgica fílmica, ao desenvolver em sua narrativa ações que se articulam em paralelismo. Antes de Griffith, a narrativa no cinema era predominantemente linear, com uma ação principal de acontecimentos que se davam “ininterruptamente”, com começo, meio e fim. Em Viagem através do impossível (Voyage à travers l’impossible - França - 1904), de Georges Méliès, por exemplo, uma equipe de exploradores da sociedade geográfica empenha-se numa insólita jornada, atingindo o fundo do mar e até mesmo o sol. A ação desenvolve-se desde a partida do grupo até seu retorno, após diversas aventuras. Ainda não havia, porém, a idéia de simultaneidade de ações, sendo que tudo acontece sem que haja uma ação paralela enquanto ocorre a ação principal (a jornada dos exploradores). Méliès articula seu filme em módulos dramáticos, constituídos de diversas aventuras, que se sucedem desde o início até o fim da narrativa. A estrutura modular de uma narrativa episódica prevê em si a possibilidade da não-linearidade, uma vez que os módulos podem ser alterados de sua ordem entre si sem que se prejudique a continuidade lógica da trama. Méliès, porém, “costura” os módulos em uma ordem linear que é dada pela narração (em off) de sua fábula. Vale destacar que o próprio Méliès era o narrador de seus filmes, postando-se ao lado da tela durante a exibição. Assim, quando se tem o corte de um plano para outro, provocando uma mudança espaço/temporal, o espectador localiza-se devido à narração. Quando registrar a realidade através de imagens em movimento deixa de ser uma novidade no início do cinema, surge a possibilidade de se criar o impossível através da ficção. Méliès descobriu o grande poder do cinema como entretenimento e incorporou-o em seus números de mágica, como grande criador de ilusões. A utilização de diversas trucagens nos filmes de Méliès torna verossímil para o espectador acontecimentos impossíveis. Os planos estáticos, os “quadros”, compostos de muitos elementos, muitas personagens e muito movimento em cena sugerem ao espectador uma poética verossimilhança ao espetáculo. O olhar é concentrado na ação narrativa que não necessita de paralelismos que “interrompam” a continuidade das diversas peripécias pelas quais suas personagens passam. Já nos anos 10, Griffith aperfeiçoa a escrituração dramatúrgica cinematográfica de até então, desenvolvendo ações simultâneas ao conflito principal, permitindo ao espectador “navegar” pela construção da narrativa que começa a supor a idéia de suspensões dramáticas - quando uma ação é interrompida por outra ação paralela, ficando suspensa na narrativa até que seja retomada. Em The girl and her trust (EUA - 1912) Griffith utiliza-se da articulação em paralelismo como reforço dramático para envolver o espectador emocionalmente. Uma operadora de telégrafo é encarregada de resguardar uma caixa que contém uma grande soma em dinheiro. Dois vagabundos tentam apoderar-se da caixa e a moça faz de tudo para que eles não consigam seu intento, arriscando sua própria vida para isso. Paralelamente a este conflito principal, a moça é cortejada por um colega de trabalho que, ao final, tentará salvá-la dos bandidos. Griffith articula seu filme entre paralelismos dramáticos: o eixo principal da ação - o roubo; e o eixo secundário - o romance dos protagonistas que é suspenso para que a ação principal se desenvolva, sendo retomado ao final da narrativa. Embora as suspensões dramáticas interrompam a continuidade da ação principal, ajudam a criar o suspense e, conseqüentemente, ampliam o envolvimento emocional do espectador. Um exemplo complexo desta intervenção de Griffith ocorre em Intolerância (Intolerance - EUA - 1916), em que a questão da intolerância entre os homens é abordada em épocas diversas da história da humanidade: na atualidade (os anos 10); no tempo de Cristo; na antigüidade (a queda da Babilônia); e na França (em 1572), retratando o massacre conhecido como “A Noite de São Bartolomeu”. Griffith constitui seu filme em quatro episódios, distintos no tempo e no espaço, que se articulam em paralelismos cada vez mais complexos, numa estruturação dramática modular. Neste filme detecta-se, estrategicamente, uma flexibilidade maior da linearidade dramática em relação aos seus filmes anteriores. Apesar de uma ligação temática entre os episódios e da procura da catarse que, estrategicamente, ajuda a interligá-los, as várias ações são interrompidas constantemente para que outras se desenvolvam num todo narrativo. Griffith utiliza-se de uma estrutura narrativa a princípio comum aos episódios, na qual verifica-se um prólogo que apresenta as personagens, localiza a época, o local e introduz o conflito; um desenvolvimento que acirra este conflito; e um epílogo que concentra o clímax dramático para que o conflito seja resolvido. Este esquema linear básico, presente nos episódios, ajuda a familiarizar o espectador para que se possa acrescentar as relativizações narrativas entre eles. Para separar os episódios entre si, Griffith insere um mesmo plano emblemático: a imagem de uma mãe (a atriz Lillian Gish) que balança um berço. Ao final, na famosa montagem paralela em que os quatro episódios imbricam-se, relacionando-se entre si para a resolução dos acirrados conflitos, a imagem da mãe não é mais utilizada, sendo desnecessária a evidente separação entre os episódios que o cineasta propõe. Este plano de transição, atemporal e sem a lógica da fluência do olhar, funcionaria na narrativa como um insert temático, uma espécie de pequeno episódio independente do todo narrativo. Ele interrompe a continuidade de uma ação para evocar e antecipar uma próxima, servindo como um “gancho” que localiza o espectador na compreensão da trama. Pode-se dizer que trata-se de um episódio não-linear dentro da narrativa. Da mesma forma, o episódio da vida de Cristo parece funcionar como comentador do episódio moderno, o que é reforçado até mesmo nos letreiros explicativos. Em certo momento a legenda relaciona os fariseus com membros de instituições moralistas modernas, na transição de um episódio para o outro. Entretanto, mais a frente, quando o rapaz do episódio moderno aguarda sua condenação a morte por um crime que não cometeu, tem-se um corte direto para o episódio de Cristo no momento de sua crucificação, sem a utilização de legendas ou do plano reiterativo da mãe balançando o berço evidenciando a transição. O plano de um episódio relaciona-se diretamente ao outro, criando uma contigüidade temática na mente do espectador que associa a injustiça cometida com o rapaz à injustiça sofrida por Cristo. Desse modo, uma única idéia (a intolerância entre os homens) é construída na mente do espectador, suscitada pelo envolvimento catártico - propiciado pela linearidade da estrutura clássica presente nos episódios - e, ao mesmo tempo, pelo distanciamento - propiciado pela flexibilidade na linearidade narrativa -; sendo que um episódio acaba comentando outro, estreitando tematicamente relações entre eles. Pode-se dizer que alguns episódios que apenas comentam a ação de um outro, como o episódio de Cristo por exemplo, funcionariam como “episódios-inserts” que levam o espectador a relacioná-los racionalmente - o que remete ao que será trabalhado mais tarde por Sergei Eisenstein. Ainda em outro filme de Griffith, Hearts of the world (EUA - 1918), verifica-se a utilização de planos que funcionam como inserts dramáticos na narrativa; desta vez, como elementos que antecipam emocionalmente a trama para o espectador. O filme aborda o cotidiano de um jovem casal, prestes a se casar, que têm seu casamento adiado e são separados quando estoura a Primeira Guerra Mundial. Em determinada seqüência a moça costura, alegremente, seu vestido de noiva, sentada em uma cadeira de balanço. Seu noivo entra na sala com uma carta nas mãos. A moça levanta-se rapidamente, escondendo o vestido às costas. O noivo fica curioso e ela desconversa. O rapaz então lhe mostra a carta informando que o livro escrito por ele foi premiado. Ambos mostram-se felizes. De repente, uma agitação na rua desperta a atenção do casal. Corte do plano aberto, enquadrando os dois juntos, para close-ups que detalham cada um dos noivos em planos separados - como se fossem um retrato em camafeu, com uma máscara circular no enquadramento que os recorta do fundo. O rapaz sai para ver o que está ocorrendo e a moça volta a costurar em sua cadeira de balanço. Após imagens externas que alertam sobre a convocação dos jovens para a guerra, o rapaz retorna a casa da noiva, dessa vez com tristeza, informando-lhe os fatos que, possivelmente, farão com que o casamento seja adiado. Ambos mostram-se tristes. Griffith utiliza-se do plano aberto que predomina no início da seqüência, sempre enquadrando os jovens juntos, e evita o uso de cortes - o que é feito mais a frente, quando o casal é isolado através de close-ups que prenunciam sua futura separação. Os inserts com a imagem da noiva e do noivo detalhados aparentemente saem da lógica visual das articulações anteriores, numa estratégia que, dramaticamente, sugere “agouro”, antecipando o que só será plenamente compreendido após a notícia sobre a guerra. Neste sentido, Griffith desperta a atenção do espectador, provocando-lhe uma reação quase inconsciente que o faz antecipar a narrativa, devido ao prenúncio de algo que só será esclarecido mais a frente. Percebe-se que a não-linearidade supõe uma linearidade anterior - mais familiar ao espectador - que será “rompida”, provocando um distanciamento no espectador fazendo com que ele rearticule o discurso e tente “organizá-lo” racionalmente. Neste sentido, verifica-se a possibilidade de complementação de estruturas diversas num mesmo todo narrativo. A nãolinearidade não exclui necessariamente a linearidade e vice-versa, pelo contrário: neste sentido, uma dependeria da outra. Não-linearidade não é apenas o oposto de linearidade, mas a sobreposição simultânea de discursos articulados. A pluralidade de olhares simultâneos permite ao espectador “navegar” por onde o interesse, tornando o discurso mais aberto em relação à “participação” do público. Embora de forma imaginária, a não-linearidade libertaria assim o espectador de sua condição passiva quanto à narrativa, uma vez que possui um caráter muito mais subjetivo do que objetivo, devido ao estranhamento causado no espectador - o que cria um distanciamento que acaba remetendo ao próprio discurso. De certa forma, o insert dramático também colabora para a ilusão de participação, uma vez que provoca um estranhamento no espectador que o instiga a uma racionalidade ou que o desperta para uma emoção ainda que inconsciente que o faz antecipar a narrativa - como no caso da seqüência citada de Hearts of the world -, libertando-o da passividade contemplativa. A interrupção na continuidade da narrativa causada pelo insert quebra a lógica do olhar, fazendo com que o espectador tente retomar o sentido da trama, assim como o significado desta interrupção para a narrativa.